Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


PROGRAMA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
PROFESSORA SHIRLEI FLORENZANO
CURSO DE DIEITO TRIBUTÁRIO II
Exercício

Exercício de DTII - Aula 1

1. Lei Complementar n. 104/2001, ao permitir a dação em pagamento de bens imóveis,


como forma de extinção do crédito tributário, promoveu a derrogação do art. 3.o do
CTN, que confere ao tributo uma prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir”.
Certo (. ). Errado (X )

Comentário: Inicialmente adotando uma interpretação bastante restritiva do art. 141


do CTN, o Supremo, no julgamento da Medida Cautelar na ADI 1.917, considerou
inconstitucional lei do Distrito Federal que permitia o pagamento de débitos das
microempresas, das empresas de pequeno porte e das médias empresas, mediante
dação em pagamento de materiais destinados a atender a programas de Governo do
DF. Um dos fundamentos da decisão foi a reserva de lei complementar para tratar de
extinção do crédito tributário (Pleno, ADI 1.917-MC, rel. Min. Marco Aurélio, j.
18.12.1998, DJ 19.09.2003, p. 15).
Posteriormente, no julgamento da ADI 2.405-MC o Tribunal, por maioria de votos,
afirmou ser possível a criação de novas hipóteses de extinção do crédito tributário na
via da lei ordinária local (Pleno, ADI 2.405-MC, rel. Min. Carlos Britto, j. 06.11.2002, DJ
17.02.2006, p. 54). Os principais fundamentos para o julgado foram os seguintes:
a) o pacto federativo, que permite ao ente estipular a possibilidade de receber algo do
seu interesse para quitar um crédito de que é titular; e
b) a diretriz interpretativa segundo a qual “quem pode o mais pode o menos”, uma vez
que se o ente pode até perdoar o que lhe é devido, mediante a edição de lei concessiva
de remissão (o mais), pode, também, autorizar que a extinção do crédito seja feita de
uma forma não prevista no Código Tributário Nacional (o menos).
No julgamento do mérito da ADI 1.917 (Pleno, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
26.04.2007, DJ 24.08.2007, p. 22), o STF reafirmou seu entendimento relativo à
inconstitucionalidade da previsão, em lei local, de extinção do crédito tributário
mediante dação em pagamento de bens móveis, só que desta feita apenas em virtude
da reserva de lei federal para estipular regras gerais de licitação (se um ente recebe em
pagamento um bem, está, na prática, adquirindo tal bem sem licitação). Repise-se que
a dação em pagamento em bens imóveis somente é possível porque está prevista em
lei nacional (o CTN).
Pelo exposto, nas provas de concurso público, deve-se manter o tradicional
entendimento de que o crédito tributário não pode ser extinto mediante dação em
pagamento de bens móveis tendo em vista a reserva de lei nacional para dispor sobre
regras gerais de licitação. Não obstante, em algumas questões já tem sido abordada a
evolução do entendimento do STF ao admitir a previsão em lei local de novas hipóteses
de extinção do crédito tributário. A título de exemplo, o CESPE, no concurso para
provimento de cargos de Juiz Federal do TRF da 1.a Região, com provas realizadas em
2009, considerou correta a seguinte assertiva “O STF passou a entender que os Estados
e o DF podem estabelecer outros meios não previstos expressamente no Código
Tributário Nacional de extinção de seus créditos tributários, máxime porque podem
conceder remissão, e quem pode o mais pode o menos”.
Perceba-se que a banca adotou expressamente o segundo fundamento apontado
acima, defendido pelo tributarista Luciano Amaro e expressamente encampado por
alguns Ministros do Supremo nas razões dos seus votos
Não obstante tal raciocínio, entende-se que a expressão “ou cujo valor nela se possa
exprimir” possui também a utilidade de permitir a fixação do valor dos tributos por
meio de indexadores (como a UFIR – Unidade Fiscal de Referência, hoje extinta). Nesse
caso, a justificativa adotada é bastante razoável, pois com uma mera operação
aritmética é possível a conversão imediata entre o indexador utilizado e a moeda
corrente adotada no País, o que prova que o indexador é algo “cujo valor pode ser
expresso em moeda”.
Há discussões também sobre a possibilidade de “pagamento” de tributo com títulos da
dívida pública. Tal hipótese de extinção configura, a rigor, compensação tributária
prevista no art. 156, II, do CTN. O raciocínio é simples: se o contribuinte possui um
título da dívida pública contra determinado ente federado e deve tributo a este mesmo
ente, as obrigações se extinguem até o montante em que se compensarem. Da
caracterização da hipótese como compensação decorre a necessidade de lei
autorizativa para a utilização dos títulos da dívida pública na extinção do crédito
tributário.

2. O STF passou a entender que os Estados e o DF podem estabelecer outros meios não
previstos expressamente no Código Tributário Nacional de extinção de seus créditos
tributários, máxime porque podem conceder remissão, e quem pode o mais pode o
menos”
Certo (. ) errado (X )

No julgamento do mérito da ADI 1.917 (Pleno, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.


26.04.2007, DJ 24.08.2007, p. 22), o STF reafirmou seu entendimento relativo à
inconstitucionalidade da previsão, em lei local, de extinção do crédito tributário
mediante dação em pagamento de bens móveis, só que desta feita apenas em virtude
da reserva de lei federal para estipular regras gerais de licitação (se um ente recebe em
pagamento um bem, está, na prática, adquirindo tal bem sem licitação). Repise-se que
a dação em pagamento em bens imóveis somente é possível porque está prevista em
lei nacional (o CTN).

3. São identificáveis no conceito legal de tributo, previsto no art. 3.o do CTN, os princípios
da legalidade e da vedação ao efeito de confisco. Ora, obviamente o princípio da
legalidade salta aos olhos quando o Código afirma que o tributo é prestação instituída
em lei;
Certo (X). Errado (. )

4. O princípio da não utilização de tributo com efeito de confisco dá-se, principalmente,


pela falta de correspondência entre a punição de um ato ilícito e a cobrança de um
tributo”.
Certo (X) errado (. )

Regra non olet


Um dos mais bem-sucedidos imperadores romanos, Vespasiano, instituiu um tributo –
semelhante à atual taxa – a ser cobrado pelo uso dos mictórios públicos (latrinas). Seu
filho, Tito, não concordou com fato gerador tão “malcheiroso”. Ao tomar conhecimento
das reclamações do filho, Vespasiano segurou uma moeda de ouro e lhe perguntou:
Olet? (Cheira?). Tito respondeu: Non olet (Não cheira).
Não importava, portanto, se o “fato gerador”, lá na latrina, cheirava mal, o dinheiro de
lá proveniente não mantinha o cheiro da origem. A sabedoria popular explicaria o
pensamento de Vespasiano de outra forma: “dinheiro é dinheiro”.
Aplicando a lição histórica neste estudo, é possível afirmar que não importa se a
situação é “malcheirosa” (irregular, ilegal ou criminosa): se o fato gerador ocorreu, o
tributo é devido.
Assim, a título de exemplo, para evitar o que aconteceu a Al Capone (condenado e
preso por sonegação fiscal), o criminoso teria de informar os rendimentos do crime na
declaração entregue à Receita Federal, sob pena de responder também pela sonegação
fiscal.

5. No Sistema Tributário Nacional, para efeitos didáticos, os tributos são divididos em


duas classes: tributos que têm natureza de impostos, ou seja, não vinculados a uma
contraprestação estatal e tributos que têm natureza de taxa, composta pelos tributos
vinculados a uma contraprestação estatal.
Certo (. ) errado (X)

6. De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), não é causa de extinção do crédito
tributário a dação em pagamento em bens móveis, na forma e nas condições
estabelecidas em lei.
Certo (X). Errado (. )
Em provas de concurso público, é essencial ter em mente que a regra continua a ser
considerar como forma de extinção do crédito tributário apenas as hipóteses previstas
no CTN, dentre as quais não figura a dação em pagamento em bens móveis.

Você também pode gostar