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Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2020 I Série – N.

º 208

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
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Dos Contratos Públicos. — Revoga a Lei n.º 9/16, de 16 de Junho.
3.ª Série……………..………….Kz: 360.529,54
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1.ª Série…………..…….……….Kz: 699.742,97
n.º 1.162 — «21 de Janeiro», sita no Distrito Urbano da Maianga,
2.ª Série………………..……….Kz: 366.364,17 Município de Luanda, Província de Luanda, com 30 salas de aulas,
3.ª Série…………………..…….Kz: 290.749,63 90 turmas, 3 turnos, e aprova o quadro de pessoal da Escola criada.
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ASSEMBLEIA NACIONAL d) À formação e execução de contratos celebrados


pelas Empresas Públicas e Empresas de Domí-
nio Público, nos termos da presente Lei, que
Lei n.º 41/20 beneficiam de subsídios operacionais ou quais-
de 23 de Dezembro
quer operações com fundos provenientes do
Havendo a necessidade de adaptar os conteúdos normati-
vos da contratação pública à nova realidade socioeconómica Orçamento Geral do Estado, cujo valor estimado
do País, precisar e reajustar normas, suprir lacunas, bem seja igual ou superior ao previsto no nível 7 do
como conferir maior eficácia e eficiência na formação e exe- Anexo I;
cução dos contratos públicos; e) Aos contratos comerciais decorrentes de financia-
Convindo proporcionar aos operadores públicos e priva- mentos.
dos uma legislação de aplicação mais fácil, célere, uniforme 2. À execução dos contratos públicos não regulados pela
e coerente, assegurando a promoção dos princípios típicos presente Lei aplica-se, subsidiariamente, as disposições pre-
da gestão dos contratos públicos; vistas nos Títulos V ou VI, conforme as especificidades do
Considerando que o cumprimento e a aplicação plena caso.
da Lei dos Contratos Públicos ainda se tem deparado com
ARTIGO 3.º
alguns constrangimentos aquando da abertura e condução de (Princípios gerais)
procedimentos concursais para a execução de empreitadas
Na formação e na execução dos contratos públicos
de obras públicas, aquisição, concessões e locação de bens
devem ser respeitados os princípios gerais decorrentes da
móveis e de serviços;
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, Constituição, do regime do procedimento e da actividade
nos termos das disposições combinadas da alínea b) do administrativa, em especial os seguintes:
artigo 161.º e do n.º 2 do artigo 165.º, todos da Constituição a) Da legalidade;
da República de Angola, a seguinte: b) Da economicidade;
c) Da probidade;
LEI DOS CONTRATOS PÚBLICOS d) Do formalismo;
e) Da prossecução do interesse público;
TÍTULO I f) Da imparcialidade;
Princípios Gerais g) Da proporcionalidade;
h) Da boa-fé;
CAPÍTULO I
i) Da sustentabilidade e da responsabilidade;
Disposições Gerais
j) Da concorrência;
ARTIGO 1.º
(Objecto)
k) Da publicidade;
l) Da transparência;
A presente Lei estabelece o Regime Jurídico da Formação
e Execução dos Contratos Públicos. m) Da igualdade;
n) Da continuidade e regularidade.
ARTIGO 2.º
(Âmbito de aplicação) ARTIGO 4.º
(Boas práticas de governo societário na formação e execução
1. A presente Lei é aplicável à formação e execução
dos contratos públicos)
de contratos de empreitada de obras públicas, locação ou
Aquisição de Bens Móveis e de Aquisição de Serviços cele- 1. Os operadores económicos que participam no processo
brados por uma Entidade Pública Contratante, bem como: de formação e ou execução dos contratos sujeitos à presente
a) À formação dos demais contratos a concluir pelas Lei devem observar os princípios e regras de governo socie-
Entidades Públicas Contratantes que não este- tário, designadamente a prestação regular de informação,
jam sujeitos a um regime legal especial; contabilidade organizada, sistemas de controlo interno e a
b) À formação e execução de contratos de concessão responsabilização social, laboral e ambiental.
administrativa, nomeadamente concessões de 2. Nos contratos que se destinem a ter um período de
obras públicas, de serviços públicos, de explo- vigência superior a três anos, os candidatos ou concorren-
ração de domínio público e à formação dos tes devem comprovar, documentalmente, no respectivo
contratos cuja concretização seja efectuada por procedimento, a adopção de práticas de bom governo socie-
intermédio de Parceria Público-Privada; tário compatíveis com os padrões recomendados em Angola
c) Aos contratos celebrados pelos órgãos de defesa, pelas instituições de referência, bem como a publicação de
segurança e ordem interna, sem prejuízo do dis- relatório anual de boas práticas de governo societário ou
posto na alínea b) do n.º 1 do artigo 7.º; documento equivalente.
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ARTIGO 5.º j) Concurso Limitado por Convite — procedimento


(Definições)
de contratação pública em que a Entidade
Para efeitos da presente Lei, entende-se por: Pública Contratante convida várias pessoas
a) Acordo-Quadro — contrato pelo qual uma ou mais singulares ou colectivas a apresentar proposta,
Entidades Públicas Contratantes disciplinam os com base no cadastro previsto no artigo 13.º da
termos e as condições aplicáveis aos contratos a presente Lei ou com base no conhecimento da
celebrar com uma ou mais entidades durante um aptidão e da credibilidade que lhes reconhece
determinado período de tempo; para a execução do contrato pretendido;
b) Adjudicação — acto pelo qual o órgão competente k) Concurso Limitado por Prévia Qualificação —
para a decisão de contratar aceita a única pro- procedimento de contratação pública em que
posta apresentada ou escolhe uma de entre as a Entidade Pública Contratante permite que
várias propostas apresentadas; qualquer interessado possa participar como
c) Aquisição de Bens Móveis — contrato pelo qual candidato, sendo convidados para apresentar
uma Entidade Pública Contratante adquire bens proposta os candidatos seleccionados na sequên-
cia da avaliação da sua capacidade técnica e
móveis, incluindo mercadorias e semoventes, a
financeira;
um fornecedor, mediante o pagamento de um
l) Concurso Público — procedimento de contratação
preço;
pública em que a Entidade Pública Contratante
d) Aquisição de Serviços — contrato pelo qual uma
permite que qualquer interessado possa partici-
Entidade Pública Contratante obtém certo
par como concorrente;
resultado do trabalho manual, intelectual ou de
m) Contratação Emergencial — procedimento de
consultoria, mediante o pagamento de um preço; contratação pública em que a Entidade Pública
e) Candidato — pessoa singular ou colectiva que par- Contratante solicita a uma pessoa singular ou
ticipa na fase de qualificação de um Concurso colectiva a apresentação de uma proposta ou
Limitado por Prévia Qualificação, mediante a factura para fazer face a situações imprevisíveis
apresentação de uma candidatura; objectivamente qualificadas como emergenciais,
f) Concessão de Exploração de Domínio Público nos termos da presente Lei;
— Contrato através do qual o parceiro público n) Contratação Simplificada — procedimento de
transfere para um particular a gestão de bens do contratação pública em que a Entidade Pública
domínio público cujo gozo e riscos correm por Contratante convida uma pessoa singular ou
sua conta e, se encarrega de proporcionar bene- colectiva para apresentar proposta;
fícios aos interessados; o) Empreitada de Obras Públicas — contrato que
g) Concessão de Obras Públicas — contrato pelo tenha por objecto quaisquer obras de construção
qual o co-contratante, concessionário, se obriga ou de concepção e construção, de reconstru-
perante uma Entidade Pública Contratante, con- ção, de ampliação, de alteração ou adaptação,
cedente, à execução ou à concepção e execução de reparação, de conservação, de limpeza, de
de uma obra pública, mediante a contrapartida restauração, de adaptação, de melhoria e de
da exploração dessa obra, por um determinado demolição de bens imóveis, a realizar por conta
de uma Entidade Pública Contratante, mediante
período de tempo e, se assim estipulado, o
o pagamento de um preço;
direito ao pagamento de um preço;
p) Locação de Bens Móveis — contrato pelo qual um
h) Concessão de Serviços Públicos — contrato pelo
locador se obriga a proporcionar a uma Entidade
qual o co-contratante, concessionário, se obriga
Pública Contratante o gozo temporário de bens
perante uma Entidade Pública Contratante,
móveis, mediante retribuição, podendo tomar
concedente, a gerir, em nome próprio e sob sua
a forma de aluguer, de locação financeira ou
responsabilidade, uma actividade de serviço de locação que envolva a opção de compra dos
público, por um determinado período de tempo, bens locados;
sendo remunerado directamente pelo concedente q) Parceria Público-Privada — relação jurídica
ou através da totalidade ou parte da actividade constituída por um contrato ou a união de con-
concedida; tratos, por via dos quais, pessoas jurídicas ou
i) Concorrente — pessoa singular ou colectiva que entes privados, designados por parceiros priva-
participa em qualquer procedimento de forma- dos, se obrigam, de forma duradoura, perante
ção de um contrato, mediante a apresentação de um parceiro público, mediante contrapartida,
uma proposta; a assegurar o desenvolvimento de uma activi-
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dade tendente à satisfação de uma necessidade c) Os contratos de locação ou aquisição de bens imó-
colectiva em que a responsabilidade pelo finan- veis;
ciamento, investimento, exploração e riscos d) Os contratos cujo procedimento de formação ou
associados incubem, no todo ou em parte ao cuja execução sejam regulados por lei especial,
parceiro privado; no tocante às matérias abrangidas por tal lei;
r) Procedimento Dinâmico Electrónico — procedi-
e) Os contratos celebrados com Empreiteiro, forne-
mento de contratação pública, desencadeado
cedor de bens ou prestador de serviços que seja,
na plataforma electrónica, em que a Entidade
ele próprio, uma Entidade Pública Contratante,
Pública Contratante permite a qualquer inte-
ressado participar na qualidade de concorrente, salvo quando na actividade económica por si
mediante apresentação de preços; desenvolvida ele se submeta à lógica do mer-
s) Proposta — documento pelo qual o concorrente cado e da livre concorrência;
manifesta à Entidade Pública Contratante a von- f) Os contratos de aquisição de serviços financeiros
tade de contratar e indica as condições em que se relativos à emissão, à compra e à venda ou à
dispõe a fazê-lo. transferência de títulos ou outros produtos finan-
ARTIGO 6.º ceiros, bem como os serviços prestados pelo
(Entidades Públicas Contratantes)
Banco Nacional de Angola.
Para efeitos da presente Lei, são Entidades Públicas 2. Ficam excluídos da presente Lei os contratos cele-
Contratantes: brados pelas Empresas Públicas e Empresas de Domínio
a) O Presidente da República, os Órgãos da Adminis- Público que não se enquadrem na alínea d) do n.º 1 do
tração Central e Local do Estado, a Assembleia artigo 2.º, excepto os contratos de concessões administrati-
Nacional, os Tribunais, a Procuradoria Geral da vas, bem como as cessões de posições contratuais ou cessões
República, as Instituições e Entidades Adminis- de direito de exploração de bens de serviços públicos.
trativas Independentes e as Representações de 3. Ficam, igualmente, excluídos quaisquer dos seguintes
Angola no Exterior; serviços jurídicos:
b) As Autarquias Locais;
a) Representação por advogado:
c) Os Institutos Públicos;
i. Numa arbitragem ou conciliação realizada em
d) Os Fundos Públicos;
território angolano ou perante uma instância
e) As Associações Públicas;
internacional de arbitragem ou conciliação;
f) As Empresas Públicas e as Empresas com Domínio
ii. Em processos judiciais perante os tribunais,
Público, conforme definidas na Lei;
autoridades públicas ou perante instituições
g) Os organismos de direito público, considerando-
internacionais.
-se como tais quaisquer pessoas colectivas que,
b) Aconselhamento jurídico prestado em preparação
independentemente da sua natureza pública
de qualquer dos processos referidos na alínea a)
ou privada, prossigam o interesse público sem
ou quando haja indícios concretos e uma grande
carácter comercial ou industrial e que na sua
prossecução sejam controladas ou financiadas probabilidade de a questão à qual o aconselha-
pelo Estado Angolano com recurso à afectação mento diz respeito se tornar o objecto desses
do Orçamento Geral do Estado. processos, desde que o aconselhamento seja
ARTIGO 7.º
prestado por um advogado.
(Exclusão de aplicação) 4. Na formação e na execução dos contratos referidos
1. Ficam excluídos do âmbito de aplicação da presente nos números anteriores, as Entidades Públicas Contratantes
Lei, quaisquer que sejam os seus valores: ficam vinculadas a observar os princípios gerais da pre-
a) Os contratos celebrados por força de regras de uma sente Lei e os que regem a actividade administrativa, salvo
organização internacional de que a República de quando tal se oponha à natureza ou ao objecto do contrato.
Angola é parte; 5. A formação e a execução dos contratos excluídos
b) Os contratos que, nos termos da Lei, sejam do âmbito de aplicação da presente Lei, conforme referi-
declarados secretos ou cuja execução deva ser dos nos números anteriores, estão sujeitos à fiscalização,
acompanhada de medidas especiais, de discrição auditoria e à supervisão de mérito, na óptica de custo bene-
e de segurança e os relativos à aquisição de fício, do Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da
armamento e técnica militar e policial relativos Contratação Pública, e demais entidades, salvo quando tal se
à defesa ou à segurança do Estado; oponha à natureza ou ao objecto do contrato.
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CAPÍTULO II c) Influenciar ou procurar influenciar qualquer acção


Ética na Formação e Execução dos Contratos Públicos ou deliberação da Comissão de Avaliação ou a
ARTIGO 8.º decisão de qualquer membro desta, para efeitos
(Conduta dos funcionários públicos) ou com a expectativa de obter qualquer paga-
1. Os funcionários e os agentes da Entidade Pública mento indevido, oferta, favor ou vantagem para
Contratante envolvidos no planeamento, preparação ou na si ou para qualquer outra pessoa ou entidade;
realização dos procedimentos de contratação pública ou na d) Solicitar ou receber, directa ou indirectamente,
execução dos contratos públicos, bem como os membros da qualquer pagamento indevido, oferta, favor ou
Comissão de Avaliação, devem: vantagem, para si ou para qualquer outra pessoa
a) Exercer as suas funções de forma imparcial; ou entidade;
b) Actuar segundo o interesse público e de acordo e) Procurar ou negociar qualquer trabalho ou contrato
com os objectivos, as normas e os procedimen- com uma pessoa ou entidade interessada no pro-
tos determinados na presente Lei; cedimento.
c) Evitar conflitos de interesse, bem como a aparência 4. O disposto na alínea e) do número anterior é também
de conflitos de interesse, no exercício das suas aplicável durante os doze meses posteriores ao termo das
funções; suas funções.
d) Evitar a prática, participação ou apoio de actos 5. Qualquer das pessoas referidas no n.º 1 deve, anual-
mente, declarar, na forma prescrita por acto normativo
fraudulentos ou subsumíveis nos crimes de cor-
específico do Presidente da República, os seus rendimentos
rupção activa ou passiva;
e os dos membros do seu agregado familiar, bem como os
e) Observar as leis, os regulamentos e as normas
seus investimentos, activos e ofertas substanciais ou bene-
relativas à conduta dos funcionários públicos e o
fícios dos quais possa resultar um conflito de interesses
Regime Geral de Impedimentos e Incompatibi-
relativamente às suas funções.
lidades em vigor para a Administração Pública; 6. As declarações previstas no número anterior são con-
f) Guardar sigilo, tratando como confidenciais todas fidenciais, não podendo ser publicamente divulgadas e
as informações obtidas no âmbito do proce- devendo ser usadas estritamente com vista à fiscalização do
dimento de que tomem conhecimento, salvo o cumprimento do disposto no presente artigo.
disposto em contrário na lei. 7. Sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal
2. As pessoas referidas no número anterior que tiverem que couber, a violação das obrigações previstas no presente
algum interesse patrimonial, directo ou indirecto, na forma- artigo sujeita o infractor, a processo disciplinar, nos termos
ção e execução dos contratos públicos devem, de imediato, da lei.
dar a conhecer ao órgão competente para a decisão de con- ARTIGO 9.º
tratar, devendo abster-se, de participar por qualquer forma, (Conduta dos interessados)
de tais procedimentos, tomando parte em discussões ou 1. Os interessados em procedimentos de contratação
deliberações. pública não podem envolver-se, participar ou apoiar:
3. Qualquer das pessoas referidas no n.º 1, durante o a) Práticas corruptas, tais como oferecer quaisquer
exercício das suas funções, está impedida de: vantagens patrimoniais, tendo em vista influen-
a) Participar de qualquer forma, directa ou indirecta, ciar, indevidamente, deliberações ou decisões a
em procedimentos de contratação pública ou em serem tomadas no procedimento;
processos de impugnação relativos a esses pro- b) Práticas fraudulentas, tais como a declaração
cedimentos, sobre os quais tenha um interesse intencional de factos falsos ou errados, tendo
financeiro ou outro, por si ou através do seu por objectivo a obtenção de deliberações ou
cônjuge, filho ou qualquer outro parente ou afim decisões favoráveis em procedimentos de con-
em linha recta ou até ao terceiro grau da linha tratação ou em sede de execução de um contrato;
colateral, pessoa com quem viva em regime de c) Práticas restritivas da concorrência, traduzidas em
união de facto ou em economia comum ou da quaisquer actos de conluio ou simulação entre
qual seja sócio ou associado comercial; interessados, em qualquer momento do procedi-
b) Praticar ou deixar de praticar qualquer acto com mento, com vista a, designadamente, estabelecer
o objectivo ou a expectativa de obter qualquer artificialmente os preços da proposta, impedir
pagamento indevido, oferta, favor ou vantagem, a participação de outros interessados no proce-
para si ou para qualquer outra pessoa ou enti- dimento ou, por qualquer outra forma, impedir,
dade; falsear ou restringir a concorrência;
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d) Práticas criminais, tais como ameaças a pessoas ou 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, são
entidades, tendo em vista coagi-las a participar puníveis, nos termos da lei, as denúncias falsas efectuadas
ou não, em procedimentos de contratação; com dolo ou grave negligência.
e) Quaisquer outras práticas, ética ou socialmente, 4. Sempre que qualquer participação se mostre infun-
censuráveis. dada, a Entidade Pública Contratante deve, logo após o
2. A Entidade Pública Contratante que tenha conheci- conhecimento da falsidade da denúncia, repor a situação que
mento de alguma das práticas previstas no número anterior existiria caso não tivesse ocorrido a denúncia.
deve:
CAPÍTULO III
a) Excluir a proposta apresentada por esse interessado Órgão Responsável pela Regulação e Supervisão
no procedimento de contratação, notificando-o da Contratação Pública, Portal da Contratação
dos exactos motivos da exclusão; Pública, Cadastro e Certificação de Fornecedores
b) Informar ao Órgão responsável pela Regulação e
ARTIGO 11.º
Supervisão da Contratação Pública, da prática (Órgão responsável pela Regulação e Supervisão
ilegal cometida e da exclusão operada. da Contratação Pública)
3. Sem prejuízo de outros procedimentos, civis, admi- 1. A operacionalidade, regulação, fiscalização, observa-
nistrativos ou criminais, a que tenha lugar, os interessados ção, auditoria e supervisão do sistema da contratação pública
que incorrerem em alguma das práticas previstas no pre- são asseguradas pelo Órgão responsável pela Regulação e
sente artigo podem, ainda, ser impedidos de participar, pelo Supervisão da Contratação Pública.
período de um a três anos, noutros procedimentos de con- 2. As regras sobre a organização, actividade e funciona-
tratação pública e sujeitam-se ao pagamento de uma multa, mento do Órgão responsável pela Regulação e Supervisão
com base nos seguintes critérios: da Contratação Pública são definidas em acto normativo
a) Gravidade da infracção; específico do Presidente da República.
b) Grau de culpabilidade do transgressor; ARTIGO 12.º
c) Prejuízos causados ao interesse público; (Portal da Contratação Pública e Sistema Nacional
da Contratação Pública Electrónica)
d) Carácter reiterado da transgressão;
e) Situação económico-financeira do transgressor. 1. O Portal da Contratação Pública é o meio privile-
4. A aplicação da sanção prevista no n.º 3 deve ser prece- giado para centralização e divulgação de informação sobre o
dida de audiência prévia, notificando-se a parte visada, para Sistema de Contratação Pública.
que no prazo de oito dias, apresente os fundamentos de facto 2. O Sistema Nacional da Contratação Pública Electrónica
para apuramento da verdade material. visa assegurar a desmaterialização da Contratação Pública
5. A instrução e decisão dos processos de aplicação do por meio da realização do processo de formação e execução
impedimento previsto no número anterior, bem como a pro- de contratos públicos, através de Plataformas Electrónicas,
moção da inclusão da entidade sancionada na lista referida podendo ser desenvolvidas e geridas pelo Estado.
no n.º 2 do artigo 57.º, é da competência do Órgão respon- 3. As regras de funcionamento, gestão e de utilização do
sável pela Regulação e Supervisão da Contratação Pública. Sistema Nacional da Contratação Pública Electrónica pelos
6. Da decisão do Órgão responsável pela Regulação e intervenientes do mercado da contratação pública, bem
Supervisão da Contratação Pública cabe recurso judicial. como as regras relativas ao modo de interligação destas com
7. São ineficazes os actos ou negócios jurídicos essen- o Portal da Contratação Públicas são reguladas em acto nor-
cial ou principalmente dirigidos, por meios artificiosos ou mativo específico do Presidente da República.
fraudulentos e com abuso das formas jurídicas, destinados à ARTIGO 13.º
violação do disposto no presente artigo. (Cadastro e certificação de fornecedores)

ARTIGO 10.º 1. O cadastro de fornecedores é um sistema centralizado


(Denúncia de práticas ilícitas) de recolha e manutenção de informação sobre Empreiteiros,
1. Aquele que, por qualquer modo, tiver conhecimento da fornecedores de bens e prestadores de serviços que celebrem
ocorrência, tentativa ou iminência de ocorrência de alguma contratos com quaisquer Entidades Públicas Contratantes.
das práticas ilícitas previstas nos artigos 8.º e 9.º deve, de 2. No âmbito do cadastro referido no número anterior,
imediato, comunicar o facto ao órgão competente para a pode proceder-se à certificação de Empreiteiros, fornece-
decisão de contratar, ao Órgão responsável pela Regulação dores de bens e prestadores de serviços, relativamente aos
e Supervisão da Contratação Pública e a quaisquer outros quais se tenha a confirmação da sua idoneidade e das suas
órgãos de fiscalização ou de inspecção em matéria de con- habilitações profissionais, para efeitos do disposto no n.º 8
tratação pública. do artigo 59.º
2. As participações de boa-fé, mesmo de factos que 3. As regras aplicáveis ao cadastro e à certificação de for-
venham a apurar-se falsos, não podem ser objecto de qual- necedores são as definidas em acto normativo específico do
quer sanção administrativa ou outra prevista na lei. Presidente da República.
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CAPÍTULO IV 2. Enquanto a impugnação administrativa não for deci-


Impugnações Administrativas dida ou não tiver decorrido o prazo para a respectiva decisão,
não se pode proceder, consoante for o caso:
ARTIGO 14.º
(Regime aplicável) a) À decisão de qualificação;
b) Ao leilão electrónico;
A impugnação administrativa de actos praticados no
c) À negociação;
âmbito da formação e execução dos contratos públicos rege-
d) À decisão de adjudicação;
-se pelo presente capítulo e, subsidiariamente, pelo disposto
e) À celebração do contrato.
nas Normas do Procedimento Administrativo.
ARTIGO 19.º
ARTIGO 15.º
(Audiência dos contra-interessados)
(Actos impugnáveis e natureza)
1. São susceptíveis de impugnação administrativa quais- Quando a impugnação administrativa tiver por objecto a
quer actos praticados pela Entidade Pública Contratante no decisão de qualificação ou a decisão de adjudicação, o órgão
âmbito dos procedimentos abrangidos pela presente Lei competente para dela conhecer deve, no prazo de cinco dias
que possam lesar os interesses legalmente protegidos dos após a respectiva apresentação, notificar os candidatos ou os
particulares. concorrentes para, querendo, se pronunciarem, no prazo de
2. Para o efeito do disposto no número anterior, são cinco dias, sobre o pedido e os seus fundamentos.
susceptíveis de impugnação directa quaisquer peças proce- ARTIGO 20.º
dimentais previstas no artigo 45.º (Impugnação da decisão)
3. As reclamações deduzidas no acto público, bem como
1. As impugnações administrativas devem ser decididas
os recursos hierárquicos interpostos das deliberações da
no prazo de cinco dias a contar da data da sua apresentação,
Comissão de Avaliação que decidam aquelas reclamações,
equivalendo o silêncio ao seu deferimento.
têm carácter obrigatório.
2. Havendo audiência de contra-interessados, o prazo
4. As impugnações administrativas não abrangidas pelo
para a decisão conta-se a partir do termo do prazo fixado
disposto no número anterior têm carácter facultativo.
para aquela audiência.
ARTIGO 16.º 3. As entidades interessadas que, de má-fé, se socorram
(Prazo de impugnação)
das impugnações administrativas, tornando inoperante qual-
A impugnação administrativa deve ser apresentada no quer fase do procedimento, ficam impedidas de participar
prazo de cinco dias a contar da notificação do acto a impug- em quaisquer procedimentos de contratação pública, durante
nar, salvo se outro prazo for estipulado na presente Lei. um período de até três anos, fixado em função, nomeada-
ARTIGO 17.º mente, da gravidade da sua conduta, do valor estimado do
(Apresentação da impugnação) contrato e dos prejuízos por si causados.
1. As reclamações devem ser dirigidas ao autor do acto 4. A competência para instruir e decidir os processos
a impugnar. de aplicação do impedimento previsto no número anterior
2. Os recursos hierárquicos e os recursos hierárquicos é do Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da
impróprios devem ser interpostos, respectivamente, para o Contratação Pública.
superior hierárquico do autor do acto ou para o órgão que ARTIGO 21.º
exerça poderes de supervisão sobre aquele. (Recurso judicial)
3. O interessado deve expor, na reclamação ou no reque- As decisões proferidas sobre as impugnações adminis-
rimento de interposição do recurso hierárquico ou ainda do
trativas são susceptíveis de recurso contencioso, nos termos
recurso hierárquico impróprio, todos os fundamentos da
da lei.
impugnação, podendo juntar os documentos que considere
convenientes. TÍTULO II
4. Os recursos hierárquicos e os recursos hierárquicos Tipos e Escolha de Procedimentos
impróprios são apresentados junto da Entidade Pública
Contratante, em suporte papel ou através da respectiva CAPÍTULO I
plataforma electrónica, sendo sempre acompanhados de Tipos de Procedimentos e Escolha do Procedimento em
duplicado destinado ao Órgão responsável pela Regulação e Função do Valor Estimado do Contrato
Supervisão da Contratação Pública.
5. Os órgãos aos quais for dirigido um recurso hierár- ARTIGO 22.º
(Procedimentos de formação de contratos)
quico ou um recurso hierárquico impróprio devem dar
conhecimento da respectiva decisão ao Órgão responsável 1. Sem prejuízo das regras especiais de contratação pre-
pela Regulação e Supervisão da Contratação Pública sobre a vistas no Capítulo VI do Título III, para a formação dos
procedência ou improcedência da impugnação apresentada. contratos sujeitos à presente Lei, as Entidades Públicas
ARTIGO 18.º Contratantes devem adoptar um dos seguintes tipos de
(Efeitos da impugnação) procedimentos:
1. A apresentação da impugnação administrativa não tem a) Concurso Público;
efeito suspensivo. b) Concurso Limitado por Prévia Qualificação;
6840 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) Concurso Limitado por Convite; 2. A escolha do procedimento de Concurso Limitado por


d) Contratação Simplificada; Convite só permite a celebração de contratos de valor esti-
e) Procedimento Dinâmico Electrónico; mado inferior ao nível 5 da Tabela de Limites de Valores
f) Procedimento de Contratação Emergencial. constante do Anexo I da presente Lei.
3. A escolha do procedimento de Contratação
2. Em qualquer dos procedimentos previstos no número
Simplificada só permite a celebração de contratos de valor
anterior, as Entidades Públicas Contratantes podem escolher
estimado igual ou inferior ao nível 1 da Tabela de Limites de
incluir uma fase de negociação de propostas. Valores constante do Anexo I da presente Lei.
3. Os procedimentos descritos nas alíneas a) a d) do 4. A escolha do Procedimento Dinâmico Electrónico
n.º 1 podem, se for tecnicamente viável, comportar uma fase permite a celebração de contratos de valores estimados pre-
de Leilão electrónico. vistos no artigo 150.º
ARTIGO 23.º 5. Nos procedimentos de contratação pública tendentes
(Valor estimado do contrato) à celebração de um contrato de concessão deve ser adop-
1. Sem prejuízo dos critérios materiais de escolha do tado o Concurso Público ou o Concurso Limitado por Prévia
Qualificação, independentemente do valor base do investi-
procedimento de Contratação Simplificada e do procedi-
mento estimado.
mento de Contratação Emergencial, previstos nos artigos
27.º a 31.º, a escolha do tipo de procedimento é feita em fun- ARTIGO 25.º
(Divisão em lotes)
ção do valor estimado do contrato.
Quando prestações do mesmo tipo, susceptíveis de cons-
2. Para efeitos da presente Lei, entende-se por valor
tituírem objecto de um único contrato, sejam divididas em
estimado do contrato o preço base, o qual corresponde ao
vários lotes, correspondendo a cada um deles um contrato
valor máximo que a Entidade Pública Contratante se dis- separado, o valor a atender, para efeitos de escolha do pro-
põe a pagar como contrapartida da execução do contrato a cedimento aplicável à formação do contrato relativo a cada
celebrar. lote, é o somatório dos valores estimados dos vários lotes.
3. O valor estimado do contrato é calculado em função
do valor económico de todas as prestações objecto do con- CAPÍTULO II
trato a celebrar. Escolha do Procedimento de Contratação Simplificada,
em Função de Critérios Materiais e do Procedimento de
4. Se um valor inferior não tiver sido fixado no caderno
Contratação Emergencial
de encargos, o preço base corresponde ao mais baixo dos
seguintes valores: ARTIGO 26.º
(Regra geral)
a) O valor máximo do contrato a celebrar permitido
pela escolha do procedimento, quando este for A escolha do procedimento de Contratação Simplificada
adoptado, nos termos do disposto nos n.os 2 e 3 e do procedimento Contratação Emergencial, nos termos do
do artigo seguinte; disposto no presente capítulo permite a celebração de con-
tratos de qualquer valor.
b) O limite da competência, fixado por lei ou por
delegação, para autorizar a despesa inerente ao ARTIGO 27.º
(Escolha do procedimento de Contratação Simplificada
contrato a celebrar. independentemente do objecto do contrato a celebrar)
5. A fixação do valor estimado do contrato deve ser fun-
1. Qualquer que seja o objecto do contrato a celebrar,
damentada com base em critérios objectivos, utilizando,
pode adoptar-se o procedimento de Contratação Simplificada
principalmente, os preços de referência do serviço a ser quando:
prestado ou do bem a ser fornecido, praticados na República
a) Por motivos de aptidão técnica ou artística, ou
de Angola, de modo a garantir a transparência e a potenciar
relativos à protecção de direitos exclusivos ou
a concorrência.
de direitos de autor, o contrato só possa ser exe-
6. Adicionalmente, e sem prejuízo de se garantir a con-
cutado por um único Empreiteiro, fornecedor ou
corrência, caso não haja no País preços do serviço a ser
prestador de serviços, consoante o caso;
prestado ou do bem a ser fornecido, pode, a fixação do
b) Em anterior Concurso Público, Concurso Limitado
valor do contrato, ser fundamento com referência aos custos
por Prévia Qualificação ou Concurso Limitado
médios unitários de prestações do mesmo tipo, tendo como
base os custos praticados no mercado interno e internacional. por Convite, nenhuma proposta tenha sido
adjudicada ou nenhum interessado se tenha
ARTIGO 24.º
(Escolha do tipo de procedimento em função do valor estimado apresentado como concorrente ou candidato
do contrato) e desde que o caderno de encargos e, no caso
1. É obrigatória a adopção do procedimento de Concurso do Concurso Limitado por Prévia Qualificação,
Público ou de Concurso Limitado por Prévia Qualificação, os requisitos mínimos de capacidade técnica e
independentemente do valor estimado do contrato, salvo o financeira não tenham sido substancialmente
disposto nos números seguintes. alterados;
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6841

c) Em caso de cessação antecipada de contrato cele- ARTIGO 29.º


(Escolha do procedimento de Contratação Simplificada
brado na sequência de um procedimento de para a formação de contratos de Aquisição de Serviços)
Contratação Pública, por razão imputável ao
Sem prejuízo do disposto no artigo 27.º, pode adoptar-se
co-contratante, tendo ficado incompleta a execu-
o procedimento de Contratação Simplificada para a forma-
ção do contrato;
ção de contratos de Aquisição de Serviços, quando:
d) Quando se trate de contratos de empreitadas de
a) Se trate de novos serviços que consistam na repe-
obras públicas, prestação de serviços, aquisições
tição de serviços similares objecto de contrato
ou locações de bens móveis a realizar ao abrigo
anteriormente celebrado com o mesmo presta-
de um Acordo-Quadro celebrado com apenas
dor de serviços, na sequência de um Concurso
uma entidade;
Público ou de um Concurso Limitado por Prévia
e) Nos casos de financiamento externo, quando em
Qualificação, desde que o contrato anterior
decorrência de negociações, não seja possível
tenha sido celebrado há menos de 3 anos e que
promover procedimentos concorrenciais entre as
a possibilidade de adopção de um procedimento
várias empresas elegíveis, e existam limitações
de Contratação Simplificada tenha sido indicada
impostas pela entidade financiadora quanto à
no anúncio ou no programa do concurso;
entidade a contratar, para a formação e execução
b) Se trate de serviços complementares dos incluí-
de contratos comerciais sujeitos à presente Lei.
dos em contrato anteriormente celebrado com
2. No caso previsto na alínea c) do número anterior, o
o mesmo prestador de serviços, na sequência
contrato pode ser adjudicado ao concorrente que apresentou
de um Concurso Público ou de um Concurso
a proposta classificada em segundo lugar, desde que o preço
Limitado por Prévia Qualificação, que, por
desta proposta não exceda em mais de 10% o preço da pro-
força de circunstâncias imprevistas, se tenham
posta adjudicada em primeiro lugar e sejam oferecidas as
tornado necessários para a execução dos servi-
mesmas garantias.
ços do contrato inicial, desde que os serviços
3. Nas situações a que se refere a alínea e) do n.º 1 do
complementares não possam ser, técnica ou
presente artigo, a celebração do contrato deve ser precedida
economicamente, separados daqueles, sem
de consulta prévia, sempre que o recurso a mais de uma enti-
grave inconveniente para a Entidade Pública
dade seja possível e compatível com o fundamento invocado
Contratante;
para a adopção deste procedimento.
c) Estando em causa serviços de natureza intelec-
ARTIGO 28.º
(Escolha do procedimento de Contratação Simplificada
tual, nomeadamente serviços de consultoria, a
para a formação de contratos de locação ou de Aquisição de Bens Móveis) natureza das respectivas prestações não permita
Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, pode adop- a elaboração de especificações contratuais sufi-
tar-se o procedimento de Contratação Simplificada para a cientemente precisas para a apresentação de
formação de contratos de locação ou de Aquisição de Bens atributos qualitativos das propostas necessários
Móveis, quando: à fixação do critério de adjudicação da proposta
a) Se trate de locar ou adquirir bens ou equipamentos economicamente mais vantajosa.
destinados à substituição parcial ou ao incre- ARTIGO 30.º
(Escolha do procedimento de Contratação Simplificada
mento de bens ou equipamentos de uso corrente para a formação de contratos de empreitadas de obras públicas)
da Entidade Pública Contratante, desde que o
Sem prejuízo do disposto no artigo 27.º, pode adoptar-se
contrato seja celebrado com o anterior locador
o procedimento de Contratação Simplificada para a forma-
ou fornecedor e a mudança deste obrigasse à ção de contratos de empreitadas de obras públicas, quando
locação ou Aquisição de Bens Móveis ou equi- se trate de novas obras que consistam na repetição de obras
pamentos de características técnicas diferentes, similares objecto de contrato anteriormente celebrado com o
originando incompatibilidades ou dificuldades mesmo Empreiteiro, na sequência de um Concurso Público
técnicas de utilização e manutenção despropor- ou de um Concurso Limitado por Prévia Qualificação, desde
cionadas; que o contrato anterior tenha sido celebrado há menos de 3
b) Se trate de adquirir bens cotados em bolsas de anos e que a possibilidade de adopção de um procedimento
matérias-primas; de Contratação Simplificada tenha sido indicada no anúncio
c) Se trate de adquirir bens ou equipamentos em ou no programa do concurso.
condições de mercado especialmente mais ARTIGO 31.º
vantajosas, decorrentes, nomeadamente, de (Contratação Emergencial)
liquidação de estoques por motivo de encer- 1. Na medida do estritamente necessário e por motivos
ramento de actividade comercial ou outros, de de emergência, resultante de acontecimentos imprevisíveis,
falência, de insolvência ou de venda forçada. não imputáveis à Entidade Pública Contratante, é adop-
6842 DIÁRIO DA REPÚBLICA

tado o procedimento de Contratação Emergencial, quando 3. Ao delegado recai o dever de informar por escrito ao
não possam ser comprovadamente cumpridos os prazos ou órgão delegante sobre as razões e os fundamentos, do acto
formalidades previstas para os restantes procedimentos de praticado ao abrigo do número anterior.
contratação pública.
ARTIGO 35.º
2. Para efeitos do número anterior, consideram-se situa- (Associação de Entidades Públicas Contratantes)
ções emergenciais, entre outras, as seguintes:
1. As Entidades Públicas Contratantes podem associar-
a) Catástrofes;
-se entre si com vista à formação de um contrato ou de um
b) Calamidade;
acordo-quadro, cuja execução seja do interesse de todas ou
c) Ravinas;
de que todas possam beneficiar.
d) Ataques cibernéticos;
2. Nos termos do número anterior, as Entidades Públicas
e) Desabamentos;
f) Inundações; Contratantes devem designar qual delas representa a asso-
g) Surtos endémicos, epidémicos ou pandémicos; ciação, através da celebração de um protocolo.
h) Tempestades; 3. Compete ao representante da associação conduzir o
i) Deslizamento de terras. procedimento de contratação que venha a ser escolhido,
ficando-lhe tacitamente cometidos todos os poderes neces-
TÍTULO III sários para esse efeito.
Formação do Contrato
4. As decisões de contratar, de escolha do procedimento,
CAPÍTULO I de qualificação dos candidatos e de adjudicação devem, con-
Disposições Comuns tudo, ser tomadas conjuntamente, pelo órgão competente de
cada uma das Entidades Públicas Contratantes associadas,
SECÇÃO I
Início do Procedimento salvo delegação expressa no representante da associação, de
todos ou de alguns destes poderes, de acordo com as normas
ARTIGO 32.º
(Decisão de contratar) aplicáveis.
1. Os procedimentos de contratação pública iniciam-se SECÇÃO II
com a decisão de contratar, proferida pelo órgão competente Autorização da Despesa
para autorizar a despesa inerente ao contrato a celebrar. ARTIGO 36.º
2. A Entidade Pública Contratante apenas pode tomar a (Competência para autorizar a despesa)
decisão de contratar quando a verba esteja inscrita no seu 1. A competência para a autorização da despesa inerente
orçamento, salvo se constar do anúncio, convite ou pro-
à formação e execução dos contratos abrangidos pelo âmbito
grama do procedimento que a adjudicação esteja dependente
de aplicação da presente Lei é determinada em acto norma-
da aprovação da correspondente inscrição orçamental.
tivo específico do Presidente da República.
3. A decisão de contratar é obrigatoriamente comunicada
pela Entidade Pública Contratante ao Órgão responsável 2. Exceptuam-se do número anterior os órgãos de
pela Regulação e Supervisão da Contratação Pública, com soberania, autarquias locais, entidades administrativas inde-
base no modelo constante do Anexo II da presente Lei. pendentes, cuja competência para autorizar a despesa deve
ARTIGO 33.º ser definida, nos termos das respectivas Leis Orgânicas ou
(Decisão de escolha do procedimento) Estatutos.
1. A decisão de escolha do procedimento de contratação ARTIGO 37.º
pública a adoptar em concreto cabe ao órgão competente (Competência para autorizar a despesa com contratos de seguros)
para a decisão de contratar. 1. Nos casos excepcionais em que seja considerado con-
2. A decisão referida no número anterior é sempre funda- veniente a celebração de contratos de seguro cuja aquisição
mentada, ainda que por remissão para estudos ou relatórios não seja legalmente obrigatória, a respectiva despesa carece
que tenham sido realizados para esse propósito.
de prévia autorização do Presidente da República ou a quem
ARTIGO 34.º delegar, sob proposta do órgão competente para autorizar a
(Delegação de competências)
despesa.
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 44.º, a
2. O disposto no número anterior não se aplica às despe-
competência para a prática de quaisquer actos previstos na
sas com a aquisição de seguros:
presente Lei pode ser delegada ou subdelegada.
2. A resolução ou rescisão dos contratos, celebrados ao a) Que, por imposição de leis locais ou do titular
abrigo do regime do número anterior, não pressupõe nova do direito a segurar, tenham de efectuar-se no
autorização pelo órgão delegante, salvo indicação expressa estrangeiro;
em contrário. b) De bens culturais.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6843

ARTIGO 38.º 3. Dentro dos sessenta dias anteriores ao fim do ano


(Competência para autorizar a despesa nos casos de procedimentos económico, podem ser celebrados contratos que impli-
de Contratação Simplificada adoptados em função de critérios materiais
e no âmbito do procedimento de Contratação Emergencial) quem a realização de despesa no começo do ano económico
imediato, desde que se verifiquem, cumulativamente, as
A competência para a autorização da despesa inerente à
seguintes condições:
formação e execução dos contratos celebrados na sequência a) A despesa seja certa e indispensável;
dos procedimentos de Contratação Simplificada adoptado b) Os encargos contraídos não excedam a importân-
em função dos critérios materiais e do procedimento de cia de dois duodécimos da verba consignada a
Contratação Emergencial é determinada em acto normativo despesas da mesma natureza no orçamento do
específico do Presidente da República e dos órgãos referidos ano em que se celebrar o contrato.
no n.º 2 do artigo 36.º 4. Qualquer encargo resultante da aplicação do dis-
ARTIGO 39.º posto no número anterior só pode ser assumido desde que
(Unidade da despesa) seja declarado pelo órgão competente do Departamento
1. Para efeitos da presente secção, a despesa a conside- Ministerial responsável pelas Finanças Públicas, que no
projecto de orçamento aplicável foi inscrita a verba para
rar é a do custo total com a execução do respectivo contrato,
suportar aquela despesa.
ainda que o preço tenha de ser liquidado e pago em fracções
5. A declaração referida no número anterior supre a
de acordo com as respectivas cláusulas contratuais ou com informação de cabimentação legalmente exigida e obedece
as disposições legais e regulamentares aplicáveis. à condição de o encargo vir a ser suportado pela correspon-
2. É proibido o fraccionamento da despesa com o intuito dente verba do orçamento do ano económico imediato.
de defraudar o disposto no número anterior. 6. O disposto nos n.os 3 a 5 deste artigo não é aplicável
ARTIGO 40.º às despesas resultantes de alterações, de variantes, de revi-
(Alteração do montante da despesa autorizada) sões de preços e de contratos adicionais, desde que os novos
1. A competência fixada nos termos dos artigos anterio- encargos tenham cabimento orçamental em vigor na data em
res mantém-se para as despesas provenientes de alterações, que a Entidade Pública Contratante ordene a realização da
de variantes, de revisões de preços e de contratos adicionais, alteração ou variante, aprove a revisão de preços ou celebre
o contrato adicional.
desde que o respectivo custo total não exceda 15% do limite
da competência inicial. SECÇÃO III
Comissão de Avaliação
2. Quando for excedido o limite percentual estabelecido
no número anterior, a autorização do acréscimo da despesa ARTIGO 42.º
(Constituição e impedimentos)
compete ao órgão que, nos termos dos artigos anteriores,
detém a competência para autorizar a despesa pelo seu mon- 1. Sem prejuízo do disposto nos artigos 144.º, 148.º e
tante total, incluindo os acréscimos. 151.º, os procedimentos de contratação pública são condu-
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, é zidos por uma Comissão de Avaliação, constituída por três
vedada a celebração de adendas decorrentes de trabalhos ou cinco membros efectivos, um dos quais preside, e dois
a mais de contratos em execução ou finalizados cujo valor membros suplentes.
exceda o montante imposto pelas regras anuais de execução 2. Os membros da Comissão de Avaliação são nomea-
do Orçamento Geral do Estado em vigor. dos por despacho do órgão competente para a decisão de
ARTIGO 41.º contratar.
(Ano económico) 3. Os membros da Comissão de Avaliação devem possuir
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3, as despesas rela- experiência em matéria de contratação pública em Angola e
tivas a contratos que dêem lugar a encargo orçamental em qualificações que satisfaçam os requisitos e as orientações
mais de um ano económico ou em ano que não seja o da emitidos pelo Executivo ou pelo Órgão responsável pela
sua realização não podem ser efectuadas sem prévia autori- Regulação e Supervisão da Contratação Pública.
zação conferida por Decreto Executivo Conjunto do Titular 4. Não podem ser nomeados membros de uma Comissão
do Departamento Ministerial responsável pelas Finanças de Avaliação pessoas relativamente às quais se verifiquem as
Públicas e do Titular do Departamento Ministerial de Tutela, situações previstas no artigo 8.º
salvo quando se verifiquem, cumulativamente, as seguintes 5. Qualquer pessoa que seja nomeada membro de uma
condições: Comissão de Avaliação e que se encontre numa das situações
a) Resultem de planos ou programas plurianuais previstas no número anterior deve informar imediatamente
legalmente aprovados; ao órgão competente para a decisão de contratar acerca da
b) O prazo de execução do contrato não exceda os 3 existência do impedimento.
anos. 6. O não cumprimento do dever previsto no número ante-
2. Os Decretos Executivos Conjuntos e os contratos a rior sujeita o infractor a procedimento disciplinar nos termos
que se refere o número anterior devem fixar o limite máximo da lei, podendo a sanção incluir o impedimento à participa-
do encargo correspondente a cada ano económico. ção futura em quaisquer outras comissões de avaliação.
6844 DIÁRIO DA REPÚBLICA

7. Através de acto normativo específico do Presidente 3. A Comissão de Avaliação deve tomar conhecimento
da República, pode ser criado um modelo administrativo de das peças do procedimento antes do exercício de qualquer
constituição de serviços técnicos especializados em procedi- das competências previstas no n.º 1.
mentos de contratação pública. SECÇÃO IV
Peças do Procedimento
ARTIGO 43.º
(Funcionamento) ARTIGO 45.º
1. Os membros da Comissão de Avaliação iniciam as (Tipos de peças)

suas funções na data indicada no despacho que determina a 1. As peças dos procedimentos são as seguintes:
sua constituição. a) No Concurso Público — o anúncio, o programa do
2. Os membros da Comissão de Avaliação exercem a sua concurso e o caderno de encargos;
actividade com independência e imparcialidade. b) No Concurso Limitado por Prévia Qualificação —
3. A Comissão de Avaliação funciona quando estiver pre- o anúncio, o programa do concurso, o caderno
sente a maioria dos seus membros efectivos. de encargos e o convite para apresentação das
4. As deliberações da Comissão de Avaliação são toma- propostas;
das pela maioria dos votos dos membros presentes, não c) No Concurso Limitado por Convite — o convite
sendo admitidas abstenções. para apresentação das propostas e o caderno de
5. A Comissão de Avaliação pode designar, de entre os encargos;
seus membros ou de entre o pessoal dos serviços da Entidade d) No procedimento de Contratação Simplificada —
Pública Contratante, um secretário a quem compete, desig- o convite para apresentação das propostas e o
nadamente, lavrar as actas. caderno de encargos;
6. Sempre que for necessário, o órgão competente para e) No Procedimento Dinâmico Electrónico — o
a decisão de contratar pode designar peritos ou consultores anúncio.
para apoiarem a Comissão de Avaliação no exercício das f) No Procedimento de Contratação Emergencial — a
suas funções, podendo aqueles participar, mas sem direito a solicitação emergencial.
voto, nas reuniões da Comissão. 2. Quando o contrato tenha por objecto a Aquisição de
7. Nas deliberações em que haja voto de vencido de Serviços de consultoria, o programa do concurso e o caderno
algum dos membros, os motivos que justificam a sua dis- de encargos são substituídos pelos Termos de Referência.
cordância devem constar da respectiva acta, sob a forma de 3. No procedimento especial de concurso para trabalhos
declaração de voto. de concepção, o programa do concurso e o caderno de encar-
ARTIGO 44.º gos são substituídos pelos Termos de Referência, nos termos
(Competência) do artigo 158.º
1. À Comissão de Avaliação compete, nomeadamente: 4. As peças dos procedimentos referidas nos números
a) Prestar os esclarecimentos necessários à boa com- anteriores são aprovadas pelo órgão competente para a deci-
preensão das peças do procedimento; são de contratar.
5. O disposto no programa do concurso prevalece sobre
b) Receber as candidaturas e as propostas;
quaisquer indicações desconformes constantes do anúncio ou
c) Conduzir o acto público do concurso, praticando,
do convite, no Concurso Limitado por Prévia Qualificação.
no seu âmbito, os actos de admissão, de admis-
6. A solicitação emergencial nos termos do disposto na
são condicional e de não admissão de propostas;
alínea f) do n.º 1 pode consistir numa mera fixação de espe-
d) Proceder à apreciação das candidaturas e das pro- cificações técnicas ou numa referência a outros aspectos
postas; essenciais tais como, preço, objecto das obrigações, quali-
e) Elaborar os relatórios de análise e de avaliação das dade, quantidade ou prazo.
candidaturas e das propostas; ARTIGO 46.º
f) Propor ao órgão competente para a decisão de (Programa do concurso)
contratar, a prática dos actos de exclusão de O programa do concurso tem a natureza de regulamento
candidaturas e de propostas, de qualificação de administrativo e define os termos a que obedece todo o pro-
candidatos e de adjudicação de propostas. cedimento até à celebração do contrato.
2. Para além de outras competências que lhe sejam ARTIGO 47.º
atribuídas pela presente Lei, cabe ainda à Comissão de (Caderno de encargos)
Avaliação exercer as competências que lhe sejam delegadas 1. O caderno de encargos é a peça do procedimento que
pelo órgão competente para a decisão de contratar, não lhe contém as cláusulas jurídicas, incluindo as relativas à maté-
sendo, contudo, delegáveis as decisões referidas na alínea f) ria de natureza técnica e financeira, que devem constar do
do número anterior. contrato a celebrar.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6845

2. Os cadernos de encargos tipo para as categorias de definidores dos projectos de especialidades, os pormenores
contratos mais frequentes são aprovados por acto norma- construtivos indispensáveis para uma exacta e pormenori-
tivo específico do Presidente da República ou de quem este zada definição da obra, os mapas de acabamentos e, quando
delegar. existirem, as plantas de sondagens e os perfis geológicos.
3. Nos casos de manifesta simplicidade das prestações 4. Se não existir estudo geológico do terreno, devem
que constituem o objecto do contrato a celebrar, as cláusulas ser, obrigatoriamente, definidas pela Entidade Pública
do caderno de encargos podem consistir numa mera fixa- Contratante as principais características do mesmo.
ção de especificações técnicas ou numa referência a outros 5. Em caso de desconformidade entre as peças escritas e
aspectos essenciais da execução do contrato, tais como o as peças desenhadas, prevalecem as desenhadas.
preço ou o prazo. 6. Em casos excepcionais, devidamente fundamenta-
4. Nos procedimentos tendentes à formação e execução dos, nos quais o adjudicatário deva assumir, nos termos do
de contratos a serem concretizados mediante Parcerias caderno de encargos, as obrigações de resultado relativas à
Público-Privadas, a Entidade Púbica Contratante pode pre- utilização da obra a realizar ou nos quais a complexidade
ver as condições para eventuais autorizações da entidade técnica do processo construtivo da obra a realizar requeira,
financiadora intervir na gestão do contrato em situações em razão da tecnicidade própria dos concorrentes, a espe-
de incumprimento grave por parte da sociedade de fim cial ligação destes à concepção daquela, a Entidade Pública
específico. Contratante pode prever, como aspecto da execução do con-
ARTIGO 48.º trato a celebrar, a elaboração do projecto de execução, caso
(Convite) em que o caderno de encargos deve ser integrado apenas por
O convite é a peça do procedimento através da qual a um programa base.
Entidade Pública Contratante solicita a apresentação de pro- ARTIGO 50.º
postas aos candidatos qualificados, no caso do Concurso (Especificações técnicas)
Limitado por Prévia Qualificação, ou às entidades por si 1. As especificações técnicas constam do caderno de
escolhidas, no caso do Concurso Limitado por Convite ou encargos e são fixadas por forma a permitir a participação
do procedimento de Contratação Simplificada. dos concorrentes em condições de igualdade e a promoção
ARTIGO 49.º da concorrência.
(Projecto nas empreitadas e nas concessões de obras públicas) 2. As especificações técnicas definem as características
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 47.º, no exigidas a um produto, nomeadamente os níveis de quali-
caso de empreitadas e de concessões de obras públicas dade ou de utilização, a segurança, as dimensões, incluindo
o caderno de encargos inclui um projecto constituído por as prescrições aplicáveis ao produto no que respeita à termi-
peças escritas e desenhadas necessárias para uma correcta nologia, aos símbolos, aos ensaios e aos métodos de ensaio,
definição da obra e execução dos trabalhos, nomeadamente à embalagem, à marcação e à rotulagem e que permitem
as relativas à sua localização, ao volume e ao tipo de traba- caracterizar objectivamente um material, um produto ou um
lhos, ao valor estimado do contrato, à natureza do terreno, ao bem a fornecer de maneira que corresponda à utilização a
traçado geral e a outros pormenores construtivos e técnicos. que é destinado pela Entidade Pública Contratante.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, das peças 3. As especificações técnicas podem ser completadas por
escritas constam, além de outros elementos reputados neces- um protótipo do material ou do elemento, devendo o mesmo
sários, os seguintes: ser expressamente identificado nas peças do procedimento.
a) A memória descritiva; 4. As especificações técnicas podem ser definidas por
b) O mapa de medições, contendo a previsão das referência às normas nacionais ou estrangeiras.
quantidades e da qualidade dos trabalhos neces- 5. As especificações técnicas são definidas por referên-
sários à execução da obra; cia a:
c) O programa de trabalhos, com indicação do prazo a) Especificações técnicas nacionais em matéria de
de execução e eventuais prazos intermédios; concepção e de utilização de produtos, se exis-
d) Os estudos de impacto ambiental, nos termos da tirem;
legislação aplicável; b) Outros documentos, designadamente e por ordem
e) Os estudos de impacto social, legal, económico e/ou de preferência, às normas nacionais que trans-
cultural, que se justifiquem, incluindo as acções põem normas internacionais já aceites, outras
de expropriação a efectuar, os bens e direitos a normas ou condições internas de homologação
adquirir e os ónus ou servidões a impor. técnica nacionais ou a qualquer outra norma.
3. Para efeitos do disposto no n.º 1, das peças desenhadas 6. Sem prejuízo do disposto no n.º 1 e na alínea d) do
constam, além de outros elementos considerados necessá- n.º 2 do artigo 53.º, não é permitido fixar especificações téc-
rios tendo em conta a natureza da obra em causa, a planta de nicas que mencionem produtos de uma dada fabricação ou
localização, as plantas, os alçados, os cortes, os elementos proveniência ou mencionar processos de fabrico particula-
6846 DIÁRIO DA REPÚBLICA

res cujo efeito seja o de favorecer ou eliminar determinadas para apresentação de propostas e de outras circunstâncias
empresas ou produtos, sendo igualmente proibido utilizar concretas, apenas possam detectar na fase de execução do
marcas, patentes, ou tipos de marca, ou indicar uma origem contrato.
ou uma produção determinada, salvo quando haja impos- 3. A apresentação por qualquer interessado, da lista refe-
sibilidade de descrição das especificações, caso em que é rida no n.º 1, suspende o prazo fixado para a apresentação
permitido o uso daqueles, acompanhados da expressão «ou das propostas desde o termo da metade daquele prazo até
equivalente». à publicitação da decisão prevista no n.º 5 ou, não havendo
ARTIGO 51.º decisão expressa, até ao termo do mesmo prazo.
(Esclarecimentos e rectificações das peças do procedimento) 4. As listas com a identificação dos erros e das
1. Os esclarecimentos necessários à boa compreensão e omissões detectados pelos interessados devem ser disponi-
interpretação das peças do procedimento devem ser solicita- bilizadas a todos aqueles que tenham adquirido as peças do
dos pelos interessados, por escrito, até ao termo do primeiro procedimento.
terço do prazo fixado para a apresentação das candidaturas 5. Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das
ou das propostas, consoante o caso, devendo ser prestados propostas, o órgão competente para a decisão de contratar
por escrito, até ao termo do segundo terço do mesmo prazo. deve pronunciar-se sobre os erros e as omissões identifica-
2. O órgão competente para a decisão de contratar pode, dos pelos interessados, considerando-se rejeitados todos os
também, por sua iniciativa, até ao termo do segundo terço que não sejam por ele expressamente aceites.
do prazo fixado para a apresentação das candidaturas ou das 6. A decisão prevista no número anterior deve ser notifi-
propostas, consoante o caso, proceder à rectificação de ele- cada a todos os interessados que tenham adquirido as peças
mentos ou dados constantes das peças do procedimento. do procedimento.
3. Quando os esclarecimentos ou as rectificações previs- SECÇÃO V
tas nos números anteriores sejam comunicados para além Regras de Participação

do prazo estabelecido para o efeito, o prazo fixado para a ARTIGO 53.º


apresentação das candidaturas ou das propostas, consoante o (Fomento do empresariado angolano)
caso, deve ser prorrogado, no mínimo, por período equiva- 1. As peças do procedimento devem conter regras
lente ao do atraso verificado. destinadas a promover a contratação preferencial das pes-
4. Os esclarecimentos e as rectificações referidas nos soas singulares ou colectivas nacionais que sejam Micro,
números anteriores devem ser de imediato juntos às peças do Pequenas ou Médias Empresas, de direito angolano, nos
procedimento que se encontrem disponíveis para consulta e, termos definidos pelo Regime Jurídico de Apoio às Micro,
quando esta seja utilizada, disponibilizados na plataforma Pequenas e Médias Empresas, de acordo com a circunscri-
electrónica da Entidade Pública Contratante, devendo todos ção territorial específica, bem como priorizar a produção
os interessados que as tenham adquirido ou descarregado ser nacional.
prontamente notificados desse facto. 2. Para efeitos do disposto no número anterior:
5. Os esclarecimentos e as rectificações referidas nos a) No que respeita à fase de negociação, o programa
números anteriores passam a ser parte integrante das peças do concurso ou o convite à apresentação de
do procedimento, prevalecendo sobre estas em caso de propostas podem fixar regras de preferência no
divergência. acesso a essa fase por parte de concorrentes que
ARTIGO 52.º sejam pessoas singulares ou colectivas nacio-
(Erros e omissões do projecto em procedimentos de formação
de contratos de empreitada ou de Concessão de Obras Públicas)
nais;
b) No que respeita à adjudicação, quando o critério de
1. Até ao termo da metade do prazo fixado para a apre-
adjudicação seja o do mais baixo preço, o pro-
sentação das propostas em procedimento de formação de
grama do concurso ou o convite à apresentação
contratos de empreitada ou de Concessão de Obras Públicas,
os interessados devem apresentar ao órgão competente para a de propostas podem estabelecer uma margem
decisão de contratar uma lista na qual identifiquem, expressa de preferência para os preços propostos por
e inequivocamente, os erros e as omissões do projecto que concorrentes que sejam pessoas singulares ou
respeitem à previsão da espécie ou quantidade dos trabalhos colectivas nacionais, a qual não pode exceder
necessários à integral execução da obra e que decorram de 10% do preço proposto por estes;
uma diferença entre as condições locais existentes e as pre- c) No que respeita à adjudicação, quando o critério
vistas no projecto ou entre os dados em que este se baseia e de adjudicação seja o da proposta economica-
a realidade. mente mais vantajosa, o programa do concurso
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior todos os ou o convite à apresentação de propostas podem
erros e omissões do projecto que os interessados, actuando estabelecer um aumento da pontuação global
com a diligência objectivamente exigível em face do prazo atribuída às propostas dos concorrentes que
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6847

sejam pessoas singulares ou colectivas nacio- ARTIGO 55.º


(Associações)
nais, a qual não pode exceder 10% daquela
pontuação; 1. Podem ser candidatos ou concorrentes, associações de
d) No que respeita à priorização da produção nacional, pessoas singulares ou colectivas, qualquer que seja a acti-
o programa do concurso ou o convite à apresen- vidade por elas exercida, sem que, entre as mesmas, exista
tação de propostas podem, nos casos em que seja qualquer modalidade jurídica de associação.
adoptado o critério de adjudicação da proposta 2. Os membros de uma associação que seja candidata ou
economicamente mais vantajosa, conter regras concorrente não podem, individualmente ou integrando uma
que prevêem a atribuição de pontuação superior outra associação, ser candidatos ou concorrentes no mesmo
procedimento.
a bens produzidos, extraídos ou cultivados em
3. Todos os membros de uma associação são, solidaria-
Angola;
mente, responsáveis pela manutenção da respectiva proposta
e) No que respeita aos procedimentos de formação de
ou, quando for o caso, da respectiva candidatura.
contratos em que o concorrente pretenda recor-
4. Em caso de adjudicação, todos os membros da asso-
rer a subcontratados, o programa do concurso
ciação devem associar-se, antes da celebração do contrato,
ou o convite à apresentação de propostas podem
na modalidade jurídica prevista no programa do concurso.
impor que uma percentagem mínima do valor
ARTIGO 56.º
das prestações subcontratadas seja reservada a (Impedimentos)
pessoas singulares ou colectivas nacionais.
1. Não podem ser candidatos ou concorrentes, ou inte-
3. Nos casos previstos nas alíneas b), c) e d) do número
grar qualquer associação candidata ou concorrente, as
anterior, podem as regras de preferência ser também estabe-
entidades que:
lecidas em benefício de propostas de concorrentes nacionais
a) Sejam objecto de um boicote por parte de orga-
de Estados que integrem o mercado comum da África
Austral, do COMESA ou da SADC ou com sede nesses nizações internacionais e regionais de que
territórios ou a favor de bens produzidos, extraídos ou culti- Angola é parte, nomeadamente a Organização
vados nesses Estados. das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário
4. Para efeitos do disposto nos números anteriores, Internacional (FMI), o Banco Internacional para
entende-se por pessoas singulares ou colectivas nacionais as a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD),
definidas como tal na legislação em vigor, sobre o Fomento a União Africana (UA), a Comunidade de
do Empresariado Nacional. Desenvolvimento da África Austral (SADC),
ARTIGO 54.º a Comunidade Económica da África Central
(Candidatos e concorrentes estrangeiros) (CEAC) e o Banco Africano de Desenvolvi-
1. As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras só mento (BAD);
podem candidatar-se ou apresentar propostas em procedi- b) Se encontrem em estado de insolvência ou falên-
mentos de formação de contratos cujo valor estimado seja cia, declarada por sentença judicial, em fase
igual ou superior ao fixado no Anexo III da presente Lei, de liquidação, dissolução ou cessação de acti-
bem como nos procedimentos de Contratação Simplificada, vidade, sujeitas a qualquer meio preventivo de
quando adoptados nos termos previstos nos artigos 27.º a liquidação de patrimónios ou em qualquer situa-
30.º ção análoga ou tenham o respectivo processo
2. As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras pendente;
podem ainda candidatar-se ou apresentar propostas em pro- c) Tenham sido condenadas por sentença transitada
cedimentos de formação de contratos cujo valor estimado
em julgado, por crime que afecte a sua hono-
seja inferior ao estabelecido no número anterior, quando,
rabilidade profissional, se, entretanto, não tiver
em virtude da especificidade técnica das prestações objecto
ocorrido a sua reabilitação, no caso de se tratar
do contrato, seja razoavelmente de prever que nenhuma
de pessoas singulares ou, no caso de se tratar
pessoa singular ou colectiva nacional o pode executar
de pessoas colectivas, tenham sido condenados
adequadamente.
3. As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras por aqueles crimes os titulares dos seus órgãos
podem ainda participar em concursos de trabalhos de con- sociais de administração, direcção ou gerência,
cepção, salvo se a Entidade Pública Contratante restringir e estes se encontrem em efectividade de funções
expressamente essa participação nos Termos de Referência. até ao cumprimento da sanção;
4. Para efeitos do disposto nos números anteriores, d) Tenham sido objecto de aplicação de sanção
entende-se por pessoas singulares ou colectivas estrangei- administrativa por falta grave em matéria pro-
ras aquelas não abrangidas pelo âmbito de aplicação da fissional, se, entretanto, não tiver ocorrido a
Legislação sobre o Fomento do Empresariado Nacional. sua reabilitação, no caso de se tratar de pessoas
6848 DIÁRIO DA REPÚBLICA

singulares ou, no caso de se tratar de pessoas Contratação Pública elabora uma lista das pessoas singula-
colectivas, tenham sido objecto de aplicação res ou colectivas que hajam incorrido na situação prevista
daquela sanção administrativa, os titulares dos no número anterior, procedendo à sua divulgação através do
seus órgãos de administração, de direcção ou de Portal da Contratação Pública e do Cadastro de Fornecedores
gerência, e estes se encontrem em efectividade do Estado, para efeitos do disposto na alínea f) do n.º 1 do
de funções, até ao cumprimento da sanção que artigo anterior.
lhes foi aplicada; 3. Compete ao Órgão responsável pela Regulação e
Supervisão da Contratação Pública manter actualizada a
e) Tenham, a qualquer título, prestado, directa ou
lista referida no número anterior, dela retirando qualquer
indirectamente, assessoria ou apoio técnico na
pessoa singular ou colectiva decorridos três anos após a sua
preparação e elaboração das peças do proce- inclusão na mesma.
dimento, susceptível de falsear as condições 4. Da lista referida no n.º 2 constam, ainda, as pessoas
normais de concorrência; singulares ou colectivas às quais haja sido aplicada a sanção
f) Constem da lista elaborada pelo Órgão responsável prevista no n.º 3 do artigo 9.º, durante todo o tempo de dura-
pela Regulação e Supervisão da Contratação ção da sanção.
Pública a que se refere o artigo seguinte. 5. Constitui circunstância agravante, para inclusão na
2. O candidato ou concorrente que se encontre numa das lista prevista no presente artigo, a reincidência na retirada da
situações referidas nas alíneas c), d) e f) do n.º 1 pode provar proposta no prazo fixado para sua manutenção, incluindo a
eventual renovação automática.
que as medidas por si tomadas são suficientes para demons-
6. Após reparação do dano causado à Entidade Pública
trar a sua idoneidade para a execução do contrato e a não
Contratante, o Órgão responsável pela Regulação e
afectação dos interesses que justificam aqueles impedimen- Supervisão da Contratação Pública pode retirar a empresa
tos, não obstante a existência abstracta de causa de exclusão, da lista de empresas incumpridoras, desde que a reparação
nomeadamente através de: seja mediante devolução dos valores ou prestação integral
a) Demonstração de que ressarciu ou tomou medidas dos serviços cujo incumprimento motivou a sua integração
para ressarcir eventuais danos causados pela na lista de empresas incumpridoras e aplicação de multa pre-
infracção penal ou falta grave; vista na presente Lei.
b) Esclarecimento integral dos factos e circunstâncias ARTIGO 58.º
por meio de colaboração activa com as autorida- (Habilitações profissionais)

des competentes; 1. No caso de um procedimento para a formação de um


c) Adopção de medidas técnicas, organizativas e de contrato de empreitada ou de Concessão de Obras Públicas,
só podem participar como candidatos ou concorrentes, as
pessoal suficientemente concretas e adequadas
empresas titulares de alvará de Empreiteiro de obras públi-
para evitar outras infracções penais ou faltas
cas de categoria ou subcategoria indicada no anúncio e no
graves. programa do concurso ou, quando for o caso, no convite
3. Tendo por base os elementos referidos no número à apresentação de propostas, da classe correspondente ao
anterior, bem como a gravidade e as circunstâncias espe- valor da proposta.
cíficas da infracção ou falta cometida, a Entidade Pública 2. No caso de um procedimento para a formação de
Contratante pode tomar a decisão de não relevar o impedi- um contrato de Aquisição de Serviços ou de Concessão de
mento, com excepção das decisões judiciais transitadas em Serviços Públicos, só podem participar como candidatos
julgado. ou concorrentes os titulares de habilitações ou autorizações
ARTIGO 57.º
profissionais específicas ou membros de determinadas orga-
(Lista de empresas incumpridoras) nizações profissionais para a execução da actividade objecto
do contrato.
1. As Entidades Públicas Contratantes remetem, anual-
mente ou sempre que necessário e solicitado, ao Órgão SECÇÃO VI
Proposta
responsável pela Regulação e Supervisão da Contratação
Pública, um relatório detalhado indicando os Empreiteiros, ARTIGO 59.º
(Documentos de habilitação)
fornecedores de bens ou prestadores de serviços, pessoas
singulares ou colectivas que hajam incorrido em incumpri- 1. Com a notificação de adjudicação o adjudicatário
mento grave ou reiterado de obrigações contratuais de que deve, no prazo não superior a quinze dias e mediante soli-
tenha resultado a resolução antecipada do contrato ou a apli- citação do órgão competente para a decisão de contratar,
cação de multas em percentagem superior a 20% do valor apresentar os seguintes documentos de habilitação:
do contrato. a) Comprovativo da regularização das contribuições
2. Após avaliação da gravidade dos factos constantes dos para a segurança social em Angola;
relatórios remetidos pelas Entidades Públicas Contratantes, b) Comprovativo da regularização da situação tribu-
o Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da tária perante o Estado Angolano.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6849

2. Juntamente com a proposta, o concorrente deve ARTIGO 60.º


(Documentos que constituem a proposta)
apresentar apenas a habilitação profissional, nos termos do arti-
go 58.º, bem como a Declaração, na qual o concorrente indica 1. A proposta é constituída pelos seguintes documentos:
o seu nome, número de contribuinte, número do bilhete de a) Declaração do concorrente de aceitação incon-
identidade e domicílio ou, no caso de se tratar de pessoa dicional do conteúdo do caderno de encargos,
colectiva, o respectivo número de identificação, denominação elaborada em conformidade com o modelo que
social, sede, nomes dos titulares dos seus órgãos de adminis- conste do programa do concurso ou do convite à
tração, de direcção ou de gerência e de outras pessoas com apresentação de propostas;
poderes para a obrigarem, bem como o registo comercial ou b) Documentos que contenham os diversos atributos
equivalente. destinados à sua avaliação, de acordo com o cri-
3. No caso de o concorrente ser estrangeiro, os documen- tério de adjudicação adoptado, nomeadamente o
tos referidos nos números anteriores devem ser comprovativos preço;
das situações neles previstas relativamente ao Estado de que c) Outros documentos relativos à execução do
ele é nacional. contrato, desde que exigidos no programa do
4. Quando, no Estado de que o concorrente é nacional, concurso ou no convite à apresentação de pro-
os documentos referidos na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 não postas.
forem emitidos, deve o concorrente juntar, em sua substitui- 2. No caso de procedimentos de formação de contratos
ção, uma declaração sob compromisso de honra, prestada de empreitada ou de Concessão de Obras Públicas, a pro-
posta é, ainda, constituída pelos seguintes documentos:
perante notário, autoridade judiciária ou administrativa ou
a) Lista dos preços unitários de todas as espécies de
qualquer outra competente, que ateste que os documentos
trabalhos previstas no projecto de execução;
em causa não são emitidos nesse Estado.
b) Programa de trabalhos, incluindo planos de
5. A declaração a que se refere o número anterior deve
trabalhos, plano de mão-de-obra, plano de equi-
ser redigida em língua portuguesa.
pamento e a lista de aluguer de equipamento;
6. Os documentos previstos na alínea b) do n.º 1 e no
c) Memória justificativa e descritiva do processo de
n.º 2 devem ser redigidos em língua portuguesa ou, no caso
execução da obra;
de não o serem em razão da sua origem, devem ser acompa-
d) Cronograma financeiro;
nhados de tradução devidamente legalizada e em relação à
e) Declaração de compromisso pela qual aquele
qual o concorrente declara aceitar a prevalência, para todos
assume a integral responsabilidade pelo cum-
os efeitos, sobre os respectivos originais.
primento de todas as obrigações inerentes à
7. Todos os documentos de habilitação que, pela sua
execução do contrato, no caso de o concorrente
própria origem, sejam emitidos no estrangeiro devem ser
pretender recorrer a subempreitadas;
reconhecidos, nos termos da lei aplicável, pelo Consulado
f) Lista dos Subempreiteiros, no caso previsto na alí-
de Angola no país de emissão desses documentos.
nea anterior, quando seja aplicável o disposto na
8. O disposto nos números anteriores não é aplicável às
alínea e) do n.º 2 do artigo 53.º;
pessoas singulares ou colectivas que se encontrem certifica-
g) Estudo prévio, nos casos previstos no n.º 6 do
das ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 13.º, desde que a
artigo 49.º
informação em que se baseie essa certificação permita com-
3. A declaração referida na alínea a) do n.º 1 deve ser
provar o cumprimento de cada uma das obrigações a que se
assinada pelo concorrente ou pelo representante que tenha
refere o artigo 58.º
poderes para o obrigar.
9. Para o efeito do disposto no número anterior, deve o
4. Quando a proposta seja apresentada por uma associa-
concorrente apresentar, como único documento de habilita-
ção concorrente, a declaração referida na alínea a) do n.º 1
ção, o documento comprovativo da sua certificação. deve ser assinada pelo representante comum dos membros
10. Sem prejuízo do número anterior, na fase de adju- que a integram, caso em que devem ser juntos à declara-
dicação, a Entidade Pública Contratante deve consultar no ção os instrumentos de mandato emitidos por cada um dos
Portal da Contratação Pública a validade dos documentos seus membros, ou, não existindo representante comum,
de habilitação. deve ser assinada por todos os seus membros ou respectivos
11. Excepcionalmente, é permitido a adjudicação de pro- representantes.
postas apresentadas por Micro, Pequenas e Médias Empresas 5. Sem prejuízo do disposto na alínea g) do n.º 1 do
que não tenham os documentos referidos na alínea b) do artigo 68.º, todos os documentos que constituem a proposta
n.º 1 do presente artigo. devem ser redigidos em língua portuguesa.
6850 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 61.º 5. O programa do concurso ou o convite à apresentação


(Propostas variantes)
de propostas podem estabelecer que os documentos, quando
1. São variantes as propostas que apresentam condi- formados por mais de uma folha, constituam fascículo ou
ções alternativas relativamente a uma ou mais cláusulas do fascículos indecomponíveis com todas as páginas nume-
caderno de encargos, nos termos expressamente admitidos radas, criados por processo que impeça a separação ou o
por este.
acréscimo de folhas, devendo a primeira página escrita de
2. A apresentação de propostas variantes, quando admi-
cada fascículo mencionar o número total de folhas.
tida pelo programa do concurso ou pelo convite, não dispensa
os concorrentes da apresentação de uma proposta base em 6. A entrega do invólucro a que se refere o n.º 4 deste
conformidade com o disposto no caderno de encargos. artigo pode fazer-se pessoalmente ou por correio registado
3. Os aspectos do caderno de encargos relativamente aos com aviso de recepção, devendo, em qualquer caso, a sua
quais sejam admitidas alternativas para efeitos da apresen- recepção ocorrer dentro do prazo fixado para a apresentação
tação de propostas variantes devem corresponder a factores das propostas.
ou subfactores de densificação do critério de adjudicação da ARTIGO 64.º
proposta economicamente mais vantajosa. (Modo de apresentação das propostas em suporte electrónico)
4. A exclusão da proposta base implica, necessariamente, 1. A Entidade Pública Contratante pode impor, nos ter-
a exclusão das propostas variantes apresentadas pelo mesmo mos previstos na e) do n.º 2 do artigo 132.º, que as propostas
concorrente. sejam apresentadas numa plataforma electrónica, desde que
5. Nos casos em que o programa do concurso ou o con- esta garanta que as mesmas só podem ser abertas depois de
vite não permitam a apresentação de propostas variantes, terminado o prazo para a sua apresentação.
cada concorrente só pode apresentar uma proposta. 2. Na hipótese prevista no número anterior, todas as pro-
ARTIGO 62.º postas são obrigatoriamente apresentadas na plataforma
(Indicação do preço) electrónica indicada pela Entidade Pública Contratante.
1. O preço da proposta é sempre indicado por extenso, 3. Os documentos que constituem a proposta são reu-
sendo a este que se atende em caso de divergência com o nidos em ficheiro próprio, identificado com a menção
«Proposta».
expresso em algarismos.
4. A data e hora de recepção das propostas são registadas
2. No preço da proposta estão incluídos todos os impos-
pela plataforma, sendo entregue aos concorrentes um recibo
tos, as taxas e os encargos legalmente aplicáveis. comprovativo dessa recepção.
3. Sempre que na proposta sejam indicados vários pre- 5. Os termos a que deve obedecer a apresentação e a
ços, em caso de divergência entre eles, prevalecem os preços recepção das propostas, nos termos do disposto nos números
parciais, unitários ou não, mais decompostos. anteriores, são definidos por acto normativo específico do
4. As propostas apresentadas nos procedimentos para Presidente da República.
formação de contratos de empreitada ou de Concessão de 6. Quando, pela sua natureza, qualquer documento que
Obras Públicas contêm, obrigatoriamente, os preços parciais constitua a proposta não possa ser apresentado nos ter-
dos diversos trabalhos a realizar. mos do disposto no n.º 1, é encerrado em invólucro opaco,
fechado e lacrado e entregue à Entidade Pública Contratante,
ARTIGO 63.º
(Modo de apresentação das propostas em suporte de papel) com observância do seguinte:
a) No rosto do invólucro é identificado o procedi-
1. No caso de a Entidade Pública Contratante optar pela mento e a Entidade Pública Contratante;
apresentação das propostas em suporte de papel, os docu- b) A entrega pode fazer-se pessoalmente ou por cor-
mentos que constituem a proposta devem ser apresentados reio registado com aviso de recepção, devendo,
em invólucro opaco e fechado em cujo rosto se deve escre- em qualquer caso, a sua recepção ocorrer dentro
ver a palavra «Proposta» e o nome ou a denominação do do prazo fixado para a apresentação das propos-
concorrente. tas.
2. No invólucro referido no número anterior deve ser ARTIGO 65.º
incluído um duplicado de cada um dos documentos que (Prazo para a apresentação das propostas)
constituem a proposta. 1. A Entidade Pública Contratante fixa, no anúncio e no
3. Em caso de apresentação de propostas variantes, programa do concurso ou no convite, a data e a hora em
cada uma delas deve ser apresentada em invólucro opaco, que termina o prazo para a apresentação de propostas, o qual
fechado e lacrado, em cujo rosto se deve escrever «Proposta deve ter em conta o tempo necessário à sua elaboração, em
Variante» e o nome ou a denominação do concorrente, sendo função da natureza, das características, do volume e da com-
ainda aplicável o disposto no n.º 2. plexidade das prestações objecto do contrato a celebrar.
4. Os invólucros referidos no número anterior devem, 2. O prazo para a apresentação de propostas é fixado com
por sua vez, ser guardados num outro invólucro opaco, razoabilidade, entre vinte a cento e vinte dias, por forma a
fechado e lacrado, em cujo rosto se identifica a designação permitir a sua elaboração em condições adequadas e de efec-
do procedimento. tiva concorrência.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6851

3. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 51.º, o c) O modo, o local e o prazo para a apresentação dos
prazo para a apresentação de propostas só pode ser prorro- documentos que constituem as propostas, nos
gado, em casos devidamente fundamentados, por decisão do termos dos artigos 63.º ou 64.º;
órgão competente para a decisão de contratar. d) A data e a hora limite de apresentação das propos-
4. Nos procedimentos tendentes à formação e execu- tas, nos termos do disposto no artigo 65.º;
ção de contratos a serem concretizados mediante Parcerias e) Os documentos de habilitação, nos termos do dis-
Público-Privadas, em função da sua complexidade, a
posto no artigo 59.º;
Entidade Pública Contratante pode fixar prazos superiores
f) Os documentos que constituem as propostas, nos
ao estabelecido no n.º 2 do presente artigo.
termos do disposto no artigo 60.º;
ARTIGO 66.º
(Prazo de manutenção das propostas)
g) Os documentos que constituem as propostas que
podem ser redigidos em língua estrangeira, com
1. Sem prejuízo da possibilidade de fixação de um prazo
menção das línguas admissíveis;
diferente no programa do concurso ou no convite à apre-
sentação de propostas, os concorrentes ficam obrigados a h) A possibilidade de apresentação de propostas
manter as suas propostas durante o prazo de sessenta dias variantes e o número máximo de variantes
contados da data do início do acto público. admitidas;
2. O prazo de manutenção das propostas considera-se i) Caso sejam admitidas propostas variantes, quais
automaticamente prorrogado, por igual período, se os con- as cláusulas do caderno de encargos que podem
correntes não requererem o contrário. ser objecto de variação e em que termos aquelas
devem ser avaliadas, nos termos previstos no
CAPÍTULO II
Concurso Público artigo 61.º;
j) O prazo da obrigação de manutenção das propostas,
SECÇÃO I
Peças do Concurso
se diferente do previsto no n.º 1 do artigo 66.º;
k) O valor da caução prevista no artigo 100.º, quando
ARTIGO 67.º
(Anúncio do concurso)
exigida, bem como os modelos relativos à sua
prestação;
1. O anúncio do Concurso Público é publicado no Diário
l) A data, a hora e o local do início do acto público do
da República, na III Série, e no Portal da Contratação
Pública, sendo elaborado em conformidade com o modelo concurso;
constante do Anexo IV da presente Lei, bem como num jor- m) Se as propostas apresentadas estão ou não sujeitas
nal de grande circulação no país podendo ainda ser dada à negociação e, em caso afirmativo, quais os fac-
publicidade ao concurso através da afixação de editais nas tores ou subfactores do critério de adjudicação
sedes dos Órgãos da Administração Local do Estado. sobre os quais a negociação incide, bem como
2. A publicação do anúncio num jornal de grande circu- se é aplicável o caso previsto na alínea a) ou na
lação no País pode incluir apenas o resumo dos elementos alínea b) do artigo 87.º;
mais importantes constantes do anexo referido no número n) Se houver lugar à realização de um leilão elec-
anterior, desde que seja indicada a data de envio para publi- trónico, as regras e outras informações de
cação no Diário da República. funcionamento do mesmo, nos termos do dis-
3. Entre os elementos a que se refere o número anterior posto no artigo 90.º;
constam obrigatoriamente a morada ou, quando aplicável, o) Caso seja prevista a adopção de uma fase de nego-
o site da internet ou a plataforma electrónica da Entidade
ciação ou de um leilão electrónico, se a mesma
Pública Contratante onde se encontram disponíveis as peças
é aberta a todos os concorrentes cujas propostas
do procedimento.
não sejam excluídas ou restringida aos con-
4. Sempre que, nos termos do disposto no artigo 54.º,
for admitida a participação de pessoas singulares ou colec- correntes cujas propostas foram ordenadas nos
tivas estrangeiras, o anúncio efectuado nos termos do n.º 2 primeiros lugares e, neste último caso, qual o
deste artigo é, também, replicado em meios que, comprova- número de propostas a seleccionar;
damente, levem a informação aos mercados internacionais. p) O critério de adjudicação, bem como quando for
ARTIGO 68.º adoptado o critério da proposta economicamente
(Programa do concurso) mais vantajosa, a explicitação dos factores e
1. O programa do Concurso Público indica: dos eventuais subfactores que o concretizam, a
a) A identificação do concurso; respectiva ponderação e os demais elementos
b) A Entidade Pública Contratante e o órgão que auto- necessários à atribuição de pontuação às propos-
rizou a despesa; tas, materializados numa grelha de avaliação.
6852 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O programa do concurso pode ainda conter quais- ARTIGO 71.º


(Sessão do acto público)
quer regras específicas sobre o procedimento de Concurso
Público consideradas convenientes pela Entidade Pública 1. A sessão do acto público é contínua, compreendendo
Contratante, desde que não tenham por efeito impedir, res- o número de reuniões necessárias ao cumprimento de todas
tringir ou falsear a concorrência. as suas formalidades.
3. Quando devidamente fundamentado, a Entidade 2. A Comissão de Avaliação pode, quando o considere
Pública Contratante pode optar por não submeter à con- necessário, reunir em sessão reservada.
corrência, o preço ou custo caso em que se, estabelecem 3. A Comissão de Avaliação limita-se, durante o acto
obrigatoriamente, um preço fixo ou um preço máximo. público, a fazer uma análise formal dos documentos que
constituem as propostas previstos no artigo 60.º
ARTIGO 69.º
(Consulta e fornecimento das peças do concurso) ARTIGO 72.º
(Regras gerais)
1. As peças do concurso devem estar disponíveis para
1. Ao acto público pode assistir qualquer interessado,
consulta pelos interessados no serviço indicado no anúncio,
apenas podendo nele intervir os concorrentes e seus repre-
dentro do respectivo horário laboral e até ao termo do prazo
sentantes, desde que devidamente credenciados.
fixado para a apresentação das propostas.
2. Os concorrentes ou os seus representantes podem, no
2. As peças do concurso devem, ainda, estar disponíveis
acto público:
para consulta na plataforma electrónica da Entidade Pública
a) Examinar todos os documentos apresentados,
Contratante, quando esta seja utilizada no procedimento.
durante um período razoável a fixar pela Comis-
3. O fornecimento das peças pode ser oneroso ou gratuito.
são de Avaliação;
4. O descarregamento das peças do concurso disponí-
b) Pedir esclarecimentos;
veis na plataforma electrónica depende da autenticação do
c) Apresentar reclamações sempre que, no próprio
interessado.
acto, seja cometida qualquer infracção aos
5. Desde que tal seja solicitado em tempo útil, e mediante
preceitos da presente Lei, demais legislação
pagamento dos respectivos custos de envio, as peças do con-
aplicável ou do programa do concurso;
curso devem ser enviadas ou entregues aos interessados logo
d) Apresentar reclamações contra a admissão de qual-
após a recepção do pedido.
quer outra proposta;
6. O Presidente da República ou quem este delegar define,
e) Apresentar reclamações contra a não admissão da
através de acto normativo específico, as taxas máximas a
sua proposta;
cobrar pelas Entidades Públicas Contratantes pelo forneci-
f) Apresentar recurso hierárquico obrigatório das
mento e pelo descarregamento das peças do concurso.
deliberações da Comissão de Avaliação.
7. A aquisição das peças do concurso não constitui, em
3. Quando os documentos tenham sido apresentados
caso algum, condição de participação no mesmo.
em suporte electrónico, a Comissão de Avaliação garante,
SECÇÃO II
para efeitos do disposto na alínea a) do número anterior, que
Acto Público do Concurso
os concorrentes tenham acesso aos mesmos durante o acto
ARTIGO 70.º público, seja por via electrónica, seja por reprodução em
(Acto público)
suporte de papel.
1. Imediatamente a seguir ao término do prazo para a 4. As reclamações dos concorrentes podem consistir em
apresentação das propostas, a Comissão de Avaliação pro- declaração ditada para a acta ou em petição escrita.
cede, em acto público, à abertura dos invólucros referidos 5. As reclamações são decididas no próprio acto público,
no artigo 63.º ou, no caso de a Entidade Pública Contratante podendo para tanto a Comissão de Avaliação reunir em ses-
ter optado pela recepção electrónica das propostas, à sua são reservada.
desencriptação, descarregamento e abertura como referido 6. Do acto público é elaborada acta, a qual é assinada
no artigo 64.º por todos os membros efectivos da Comissão de Avaliação,
2. Por motivo justificado, pode o acto público do con- podendo igualmente ser assinada pelos concorrentes ou seus
curso realizar-se dentro dos dez dias subsequentes ao representantes que nele estiveram presentes.
indicado no número anterior, em data a determinar pela ARTIGO 73.º
Entidade Pública Contratante. (Abertura do acto público)

3. A alteração da data do acto público deve ser ime- O Presidente da Comissão de Avaliação inicia a sessão
diatamente comunicada aos interessados que procedam à do acto público com as seguintes formalidades:
aquisição das peças do concurso e publicitada pelos meios a) Identificação do concurso e referência ao respec-
que a Entidade Pública Contratante entenda mais conve- tivo anúncio;
nientes, devendo ainda ser junta às peças cópia do acto da b) Leitura da lista dos concorrentes, organizada por
decisão de alteração. ordem de entrada das respectivas propostas;
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6853

c) Abertura dos invólucros exteriores, pela ordem 2. O Presidente da Comissão de Avaliação procede
referida na alínea anterior, ou, se for o caso, seguidamente à leitura da lista das propostas admitidas e das
abertura, pela mesma ordem, dos ficheiros não admitidas, indicando, neste último caso, os respectivos
electrónicos correspondentes, mantendo-se fundamentos.
inviolável os documentos ou os ficheiros elec- 3. A Comissão de Avaliação delibera sobre as eventuais
trónicos, consoante o caso, constitutivos das reclamações apresentadas pelos concorrentes relativamente
propostas. à admissão ou não admissão de propostas.
ARTIGO 74.º
4. Cumprido o disposto nos números anteriores, o
(Não admissão de concorrentes) Presidente da Comissão de Avaliação encerra o acto público,
1. Não são admitidos os concorrentes: dando cumprimento ao disposto no n.º 6 do artigo 72.º
a) Cujas propostas não tenham sido recebidas no ARTIGO 78.º
(Recurso hierárquico)
prazo fixado;
b) Que não cumpram as formalidades relativas ao 1. Das deliberações da Comissão de Avaliação sobre
modo de apresentação das propostas, nos termos as reclamações deduzidas no acto público pode o interes-
do disposto no artigo 63.º ou 64.º; sado recorrer para o Titular do Departamento Ministerial
2. Tomadas as deliberações referidas nos números ante- competente, quando o contrato se destinar a ser celebrado
riores, o Presidente da Comissão de Avaliação procede pelo Estado ou para o órgão máximo da Entidade Pública
à leitura da lista dos concorrentes admitidos, e dos não Contratante, nos restantes casos, a interpor no prazo de cinco
admitidos, indicando, neste último caso, os respectivos dias a contar da data da entrega da acta do acto público.
fundamentos. 2. Considera-se deferido o recurso se o recorrente não
3. Cumpridas as formalidades previstas nos núme- for notificado da decisão no prazo de cinco dias após a sua
ros anteriores, a Comissão de Avaliação delibera sobre as recepção pela entidade competente para decidir.
eventuais reclamações apresentadas pelos concorrentes rela- 3. Se o recurso for deferido, devem ser praticados todos
tivamente a esta fase do acto público. os actos e operações necessários à reposição da legalidade e
ARTIGO 75.º
à satisfação dos legítimos direitos e interesses do recorrente.
(Abertura das propostas) 4. Aos recursos hierárquicos é subsidiariamente aplicá-
1. A sessão do acto público prossegue com a abertura dos vel o disposto nos artigos 17.º, 18.º e 21.º
invólucros ou o descarregamento dos ficheiros electrónicos 5. Não é aplicável aos recursos previstos nos números
que contêm as propostas dos concorrentes admitidos. anteriores o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 17.º
2. Após abertura dos invólucros ou o descarregamento SECÇÃO III
dos ficheiros electrónicos podem os concorrentes assinar em Análise e Avaliação das Propostas
conjunto, todas as propostas.
ARTIGO 79.º
3. No caso de as propostas terem sido apresentadas em
(Análise das propostas)
suporte de papel, todos os originais dos documentos que as
constituem devem ser rubricados ou chancelados por, pelo Concluído o acto público, a Comissão de Avaliação pro-
menos, dois membros da Comissão de Avaliação. cede à análise das propostas a fim de verificar se as mesmas
4. Cumpridas as formalidades previstas nos núme- padecem de alguma causa de exclusão.
ros anteriores, a Comissão de Avaliação delibera sobre as ARTIGO 80.º
eventuais reclamações apresentadas pelos concorrentes rela- (Esclarecimentos sobre as propostas)
tivamente a esta fase do acto público. 1. A Comissão de Avaliação pode pedir aos concorrentes
ARTIGO 76.º quaisquer esclarecimentos sobre as propostas apresentadas
(Análise das propostas)
que considere necessários para a sua análise e avaliação.
Cumprido o disposto nos artigos anteriores, a Comissão 2. A análise das propostas incide sobre os diversos atri-
de Avaliação procede, se necessário em sessão reservada, ao butos, destinados à sua avaliação, ou que omitam outros
exame formal dos documentos que constituem as propostas, elementos exigidos no programa do concurso relativos à
deliberando sobre a admissão ou exclusão destas. execução do contrato, em violação do disposto na alínea c)
ARTIGO 77.º do n.º 1 do artigo 60.º
(Não admissão de propostas)
3. Os esclarecimentos prestados são notificados a todos
1. Não são admitidas as propostas: os concorrentes.
a) Que não sejam constituídas por todos os documen-
ARTIGO 81.º
tos exigidos na lei ou no programa do concurso; (Causas de exclusão das propostas)
b) Que não observem o disposto nos artigos 63.º ou
64.º, ou em regras específicas do programa do 1. São excluídas as propostas que:
concurso quanto ao modo de apresentação de a) Sejam apresentadas por concorrentes em violação
propostas. do disposto no n.º 2 do artigo 55.º;
6854 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) Sejam apresentadas por concorrentes ou membros ARTIGO 82.º


(Avaliação das propostas e critérios de adjudicação)
de associações concorrentes relativamente aos
quais se verifique alguma das situações previstas 1. As propostas relativamente às quais não se verifiquem
no artigo 56.º; causas de exclusão são avaliadas de acordo com o critério de
adjudicação estabelecido no programa do concurso.
c) Sejam apresentadas como variantes, quando estas
2. O critério de adjudicação pode ser:
não sejam admitidas pelo programa do concurso
a) O da proposta economicamente mais vantajosa,
ou sejam apresentadas em número superior ao
que pode ter em conta, factores objectivos, tais
máximo por ele admitido;
como:
d) Sejam apresentadas como variantes, quando não
i. Qualidade, designadamente valor técnico,
seja apresentada ou seja excluída a proposta
acessibilidade, concepção para todos os utili-
base; zadores, características sociais, ambientais e
e) Sejam constituídas por documentos falsos ou nos inovadoras e condições de fornecimento;
quais os concorrentes prestem falsas declara- ii. Serviço e assistência técnica pós-venda e con-
ções; dições de entrega, designadamente a data de
f) Se mostrem contratualmente inaceitáveis, por vio- entrega, o processo de entrega ou de execu-
larem o caderno de encargos; ção e o tempo de prestação de assistência;
g) Apresentem um preço superior ao preço base; iii. Sustentabilidade ambiental ou social do
h) Violem disposições legais ou regulamentares apli- modo de execução do contrato, designada-
cáveis; mente no que respeita ao tempo de transporte
i) Apresentem um preço total anormalmente baixo, e de disponibilização do produto ou serviço,
cujos esclarecimentos justificativos não tenham em especial no caso de produtos perecíveis, e
sido apresentados ou não permitam justificar a denominação de origem ou indicação geo-
gráfica, no caso de produtos certificados;
objectivamente o preço apresentado, quando o
iv. Número de novos empregos a criar até ao
critério de adjudicação for o mais baixo preço;
final do contrato.
j) Revelem a existência de fortes indícios de actos,
b) O do preço mais baixo.
acordos, práticas ou informações susceptíveis de
3. Sem prejuízo do disposto nas alíneas c) a e) do n.º 2 do
falsear as regras de concorrência;
artigo 53.º, os factores e eventuais subfactores que concreti-
k) Sejam apresentadas por concorrentes em violação do zam o critério da proposta economicamente mais vantajosa
disposto nas regras referidas no n.º 2 do artigo 68.º, não podem dizer respeito, directa ou indirectamente, a situa-
desde que o programa do concurso assim o preveja ções, qualidades, características ou outros elementos de
expressamente. facto relativos aos concorrentes.
2. Para o efeito do disposto na alínea i) do número ante- 4. As Entidades Públicas Contratantes podem definir, no
rior, deve o concorrente apresentar os esclarecimentos programa de concurso ou no convite, as situações em que o
justificativos do preço por si proposto, quando a Comissão preço ou o custo de uma proposta é considerado anormal-
de Avaliação considere, de modo fundamentado, que este é mente baixo, tendo em conta o desvio percentual em relação
anormalmente baixo. à média dos preços das propostas a admitir, ou outros crité-
3. A Comissão de Avaliação pode solicitar aos concor- rios considerados adequados.
rentes que, no prazo máximo de cinco dias, procedam ao 5. A Entidade Pública Contratante deve fundamentar a
suprimento das irregularidades das suas propostas causadas necessidade de fixação do preço ou do custo anormalmente
baixo, bem como os critérios que presidiram a essa fixação,
por preterição de formalidades não essenciais e que care-
designadamente os preços médios obtidos na consulta preli-
çam de suprimento, incluindo a apresentação de documentos
minar ao mercado, se tiver existido.
que se limitem a comprovar factos ou qualidades anteriores
6. A Comissão de Avaliação deve fundamentar a decisão
à data de apresentação da proposta ou candidatura, e desde
de exclusão de uma proposta com essa justificação, solici-
que tal suprimento não afecte a concorrência e a igualdade tando previamente ao respectivo concorrente que preste
de tratamento. esclarecimentos, por escrito e em prazo adequado, relativos
4. Os pedidos da Comissão de Avaliação formula- aos elementos constitutivos relevantes da proposta.
dos nos termos deste artigo, bem como as respectivas 7. Na análise dos esclarecimentos prestados pelo con-
respostas, podem ser disponibilizados em plataforma corrente nos termos do número anterior, pode tomar-se em
electrónica utilizada pela Entidade Pública Contratante, consideração justificações inerentes, designadamente:
devendo todos os concorrentes ser imediatamente noti- a) À economia do processo de construção, de fabrico
ficados desse facto. ou de prestação do serviço;
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6855

b) Às soluções técnicas adoptadas ou às condições 2. No caso previsto na parte final do número anterior,
excepcionalmente favoráveis de que o con- bem como quando do relatório final resulte uma alteração da
corrente comprovadamente disponha para a ordenação das propostas constante do relatório preliminar,
execução da prestação objecto do contrato a a Comissão de Avaliação procede à nova audiência prévia,
celebrar; nos termos previstos no artigo anterior, aplicando-se depois
o disposto no presente artigo.
c) À originalidade da obra, dos bens ou dos serviços
3. O relatório final é enviado ao órgão competente para a
propostos;
decisão de contratar para efeitos de aprovação.
d) Às específicas condições de trabalho de que bene- 4. Quando tenha sido apresentada apenas uma proposta,
ficia o concorrente; a Comissão de Avaliação procede à sua análise e, no caso de
e) À possibilidade de obtenção de um auxílio de não ser detectada qualquer causa de exclusão, prepara a pro-
Estado pelo concorrente, desde que legalmente posta de adjudicação para aprovação do órgão competente
concedido; para a decisão de contratar, não havendo lugar à elaboração
f) À verificação da decomposição do respectivo preço, do relatório preliminar e do relatório final nem à audiência
por meio de documentos comprovativos dos prévia.
preços unitários incorporados no mesmo, nomea- ARTIGO 86.º
(Sequência do procedimento)
damente folhas de pagamento e declarações de
fornecedores, que atestem a conformidade dos 1. No caso de o programa do concurso não prever a adop-
ção de uma fase de negociações ou de um leilão electrónico,
preços apresentados e demonstrem a sua racio-
o órgão competente para a decisão de contratar pondera o
nalidade económica;
teor e as conclusões do relatório final para efeitos de adju-
g) Ao cumprimento das obrigações decorrentes da
dicação, aplicando-se o disposto no artigo 96.º e seguintes.
legislação em matéria ambiental, social e labo- 2. No caso de o programa do concurso prever a adopção
ral, referidas no n.º 1 do artigo 4.º de uma fase de negociações ou de um leilão electrónico, o
ARTIGO 83.º órgão competente para a decisão de contratar pondera o teor
(Relatório preliminar) e as conclusões do relatório final para efeitos da sua selecção
1. Após a análise e a avaliação das propostas, a Comissão para a negociação ou para o leilão, aplicando-se o disposto,
de Avaliação elabora um relatório fundamentado no qual respectivamente, no artigo 87.º e seguintes ou no artigo 90.º
propõe, se for o caso, a exclusão de propostas, ordenando as e seguintes.
restantes para efeitos de adjudicação. SECÇÃO IV
Negociação de Propostas
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, no
Procedimento Dinâmico Electrónico, a acta do leilão equi- ARTIGO 87.º
para-se ao relatório preliminar. (Selecção das propostas para negociação)

ARTIGO 84.º No caso de o concurso integrar uma fase de negociação


(Audiência prévia) de propostas, são seleccionadas para essa negociação, con-
1. Elaborado o relatório preliminar, a Comissão de soante o disposto no programa do concurso:
Avaliação envia-o a todos os concorrentes, fixando-lhes um a) Todas as propostas que não padeçam de qualquer
causa de exclusão;
prazo, até cinco dias, para que se pronunciem, por escrito, ao
b) Apenas as propostas ordenadas nos primeiros
abrigo do direito de audiência prévia.
lugares, em número correspondente ao fixado
2. Gerada a acta do Leilão, nos termos do n.º 2 do artigo
no programa do concurso, salvo se o número de
anterior, no Procedimento Dinâmico Electrónico, só tem
propostas não excluídas for inferior.
lugar a audiência prévia, nos moldes e prazo previstos no
ARTIGO 88.º
número anterior, caso seja manifestada alguma intenção de
(Negociação)
impugnação, durante o fecho do leilão.
1. A Comissão de Avaliação notifica os concorrentes
ARTIGO 85.º
cujas propostas tenham sido seleccionadas para a negocia-
(Relatório final)
ção, com uma antecedência mínima de três dias, da data, da
1. Cumprido o disposto no artigo anterior, a Comissão hora e do local da primeira sessão de negociação, agendando
de Avaliação elabora um relatório final, fundamentado, no as restantes sessões, nos termos que forem convenientes.
qual pondera as observações dos concorrentes efectuadas 2. Na notificação referida no número anterior, a Comissão
na audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as de Avaliação indica o formato a seguir nas negociações,
conclusões do relatório preliminar, podendo ainda propor a nomeadamente se decorrem em separado ou em conjunto
exclusão de qualquer proposta, se verificar, nesta fase, uma com os diversos concorrentes e se decorrem parcial ou total-
qualquer causa de exclusão da mesma. mente por via electrónica.
6856 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Os concorrentes fazem-se representar nas sessões ARTIGO 91.º


(Indicações relativas ao leilão electrónico)
de negociação pelos seus representantes legais ou pelos
representantes comuns das associações concorrentes, se Quando a Entidade Pública Contratante decida utilizar
for o caso, podendo ser acompanhados por técnicos por si um leilão electrónico, o programa do concurso deve indicar
indicados. o seguinte:
4. As propostas que não sejam alteradas na sessão de a) As condições em que os concorrentes podem pro-
negociação, bem como as entregues pelos concorrentes por novos preços, nomeadamente as diferenças
que não compareçam à sessão, são consideradas, para efei- mínimas exigidas entre licitações;
tos de apreciação, nos termos em que inicialmente foram b) Outras regras de funcionamento do leilão electró-
apresentadas. nico;
5. De cada sessão de negociação é lavrada uma acta, assi- c) As informações relativas ao dispositivo electrónico
nada por todos os intervenientes, devendo fazer-se menção a utilizar e as modalidades e especificações téc-
da eventual recusa de algum dos representantes dos concor- nicas de ligação dos concorrentes ao mesmo.
rentes em assiná-la.
ARTIGO 92.º
6. As actas e quaisquer outras informações ou comu- (Convite)
nicações, escritas ou orais, prestadas pelos concorrentes à
1. Todos os concorrentes são simultaneamente convida-
Comissão de Avaliação mantêm-se sigilosas durante a fase
dos pela Entidade Pública Contratante, por via electrónica,
de negociação.
para participarem no leilão electrónico.
ARTIGO 89.º 2. O convite previsto no número anterior deve indicar o
(Tramitação subsequente)
seguinte:
1. Encerradas as negociações, a Comissão de Avaliação a) A ordenação da proposta do concorrente convi-
elabora um relatório preliminar da negociação, ordenando,
dado;
de modo fundamentado, as propostas para a adjudicação,
b) A data e a hora do início do leilão;
podendo ainda propor a exclusão de qualquer proposta se
c) O modo de encerramento do leilão.
se verificar, nesta fase, uma qualquer causa de exclusão da
ARTIGO 93.º
mesma.
(Regras do leilão electrónico)
2. Quando seja adoptada uma fase de negociação restrin-
1. Não se pode dar início ao leilão electrónico antes de
gida aos concorrentes cujas propostas sejam ordenadas nos
decorridos, pelo menos, três dias a contar da data do envio
primeiros lugares, a Comissão de Avaliação deve ainda pro-
dos convites.
por, naquele relatório preliminar, a exclusão das propostas
2. O dispositivo electrónico utilizado deve permitir
finais cuja pontuação global seja inferior à das respectivas
propostas iniciais. informar permanentemente todos os concorrentes acerca
3. Elaborado o relatório preliminar da negociação, é dos novos preços propostos e da ordenação de todas as
aplicável o disposto nos artigos 84.º e 85.º, seguindo-se a propostas.
tramitação prevista no artigo 96.º e seguintes. ARTIGO 94.º
(Confidencialidade)
SECÇÃO V
Leilão Electrónico No decurso do leilão electrónico, a Entidade Pública
Contratante não pode divulgar, directa ou indirectamente, a
ARTIGO 90.º
(Leilão electrónico) identidade dos concorrentes que nele participam.
1. A Entidade Pública Contratante pode, se tal for tecni- ARTIGO 95.º
(Modo de encerramento do leilão electrónico)
camente viável, recorrer a um leilão electrónico.
2. O leilão electrónico consiste num processo interactivo 1. A Entidade Pública Contratante pode encerrar o leilão
baseado num dispositivo electrónico destinado a permitir electrónico nos seguintes casos:
aos concorrentes melhorar progressivamente as suas propos- a) Na data e hora previamente fixadas no convite para
tas, depois de avaliadas, obtendo-se a classificação destas participação no leilão electrónico;
através de um tratamento automático. b) Quando, decorrido o prazo máximo contado da
3. A Entidade Pública Contratante só pode recorrer a um recepção da última licitação, não receber novos
leilão electrónico desde que o critério de adjudicação adop- preços correspondentes às diferenças mínimas
tado seja o do preço mais baixo. exigidas entre licitações.
4. A Entidade Pública Contratante não pode utilizar o 2. O prazo máximo referido na alínea b) do número ante-
leilão electrónico de forma abusiva ou de modo a impedir, rior deve ser fixado no convite para participação no leilão
restringir ou falsear a concorrência. electrónico.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6857

SECÇÃO VI e) Quando a Entidade Pública Contratante perca


Adjudicação
o interesse em celebrar o contrato, em virtude
ARTIGO 96.º da ocorrência de circunstâncias supervenientes
(Notificação da decisão de adjudicação) relativas aos pressupostos da decisão de contra-
1. A decisão de adjudicação, tomada na sequência do tar;
disposto no artigo 86.º, é notificada ao adjudicatário, deter- f) Nos casos a que se refere o n.º 6 do artigo 82.º,
minando-se que preste, no prazo de dez dias, a caução, cujo a Entidade Pública Contratante considere que
valor expressamente se indica nessa notificação. todos os preços apresentados são inaceitáveis.
2. A adjudicação é notificada aos restantes concorren- 2. A decisão de não adjudicação, bem como os respecti-
tes logo que se comprove a prestação da caução, sendo-lhes vos fundamentos, deve ser notificada, por escrito, a todos os
indicado o prazo, o local e a hora em que se encontra dispo- concorrentes.
nível para consulta pública todo o processo do concurso ou, 3. No caso da alínea c) do n.º 1, é obrigatório dar início
a um novo procedimento no prazo máximo de seis meses a
no caso de este ter sido tramitado em plataforma electrónica,
contar da data da notificação da decisão de não adjudicação.
sendo-lhes facultado o acesso electrónico ao mesmo.
4. No caso da alínea d) do n.º 1, na notificação a que se
3. O prazo previsto no n.º 1 pode, por motivos devida-
refere o n.º 2, a Entidade Pública Contratante fixa o prazo do
mente fundamentados, ser prorrogado por até cinco dias.
adiamento, ficando obrigada a dar início a um novo procedi-
4. No caso de não ser devida a prestação da caução, nos mento no termo desse prazo.
termos previstos no artigo 99.º, com a notificação da adju-
SECÇÃO VII
dicação é igualmente remetida ao adjudicatário a minuta do Caução
contrato, aprovada pelo órgão competente para a decisão de
ARTIGO 99.º
contratar, cumprindo-se em simultâneo o disposto no n.º 2. (Função e obrigatoriedade da caução)
5. Excepcionalmente, sempre que devidamente funda- 1. O adjudicatário deve garantir, através da prestação de
mentado, a caução pode ser prestada após a assinatura do uma caução, o exacto e pontual cumprimento das obrigações
contrato, nos prazos previstos no presente artigo, apenas que assume com a celebração do contrato.
produzindo efeitos após a apresentação do comprovativo da 2. A prestação da caução referida no n.º 1 é obrigatória
prestação da referida caução. nos casos de adjudicação de propostas para a celebração de
ARTIGO 97.º contratos de valor igual ou superior ao nível 5 do Anexo I
(Publicidade da adjudicação) da presente Lei.
1. As adjudicações de propostas para celebração de con- 3. O órgão competente para a decisão de contratar pode
ainda exigir a prestação da caução referida no n.º 1, no caso
tratos de valor igual ou superior ao nível 5 do Anexo I da
de adjudicação de proposta para a celebração de contratos
presente Lei, devem ser comunicadas ao Órgão responsável
cujo montante seja inferior ao previsto no número anterior,
pela Regulação e Supervisão da Contratação Pública, para desde que o tenha previamente indicado no convite ou no
efeitos de publicação no Portal da Contratação Pública e programa de procedimento.
para as demais finalidades legalmente previstas. ARTIGO 100.º
2. A informação referida no número anterior deve ser (Valor da caução)

prestada através do modelo constante do Anexo V da pre- 1. O valor da caução é fixado num mínimo de 5% e num
sente Lei. máximo de 15% do preço contratual, pela Entidade Pública
Contratante.
ARTIGO 98.º
(Causas de não adjudicação) 2. Quando, em contratos que não impliquem o pagamento
de um preço pela Entidade Pública Contratante, for exigida
1. Não há lugar a adjudicação nos seguintes casos: a prestação de caução, o valor desta não pode ser superior a
a) Quando não tenha sido apresentada qualquer pro- 5% do montante correspondente à utilidade económica ime-
posta; diata do contrato para a Entidade Pública Contratante.
b) Quando todas as propostas tenham sido excluídas; 3. Quando o contrato previr renovações, o valor da cau-
c) Quando, por circunstância imprevista, seja neces- ção tem por referência o preço do seu período de vigência
sário alterar aspectos fundamentais das peças do inicial e cada renovação deve ser condicionada à prestação
de nova caução, que terá por referência o preço de cada um
concurso após o termo do prazo para apresenta-
dos respectivos períodos de vigência.
ção das propostas;
4. No caso de contratos de execução duradoura superior
d) Quando o interesse da Entidade Pública Contra- a cinco anos, o valor de referência para a aplicação das per-
tante imponha o adiamento do concurso por centagens referidas no n.º 1 limita-se ao primeiro terço da
prazo não inferior a um ano; duração do contrato.
6858 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. Na falta de fixação, o valor da caução previsto no n.º 1 2. A demora na devolução da caução confere ao adjudi-
é de 5% do preço contratual. catário o direito de exigir da Entidade Pública Contratante
ARTIGO 101.º juros sobre o montante de caução retido, calculados à taxa
(Modo de prestação da caução) anual de 2%, desde o dia seguinte ao termo do prazo referido
1. A caução é prestada em dinheiro, cheque visado, títu- no número anterior.
los emitidos ou garantidos pelo Estado, garantia bancária ou SECÇÃO VIII
Celebração do Contrato
seguro-caução.
2. O programa do concurso ou o convite à apresentação ARTIGO 106.º
(Redução do contrato a escrito)
de propostas devem conter os modelos referentes à presta-
ção da caução por garantia bancária ou seguro-caução. 1. Salvo nos casos previstos no artigo seguinte, o con-
3. A caução, em qualquer das formas previstas no pre- trato deve ser reduzido a escrito.
sente artigo, é efectuada em qualquer instituição bancária ou 2. As despesas e os encargos inerentes à redução do con-
seguradora, devendo ser especificado o fim a que se destina, trato a escrito são da responsabilidade do adjudicatário, salvo
a favor do Órgão responsável pela Regulação e Supervisão disposição em contrário constante do programa do concurso.
da Contratação Pública, a quem compete exercer a função de ARTIGO 107.º
(Inexigibilidade e dispensa de redução de contrato a escrito)
fiel depositário, podendo capitalizar.
1. Salvo previsão expressa no programa do concurso,
ARTIGO 102.º
(Não prestação da caução) não é exigível a redução do contrato a escrito:
a) Quando se trate de contrato de locação ou de Aqui-
1. A adjudicação caduca se, por facto que lhe seja impu-
sição de Bens Móveis e de Aquisição de Serviços
tável, o adjudicatário não prestar, em tempo e nos termos
cujo preço não exceda o nível 1 da Tabela de
estabelecidos nos artigos anteriores, a caução que lhe seja
Limites de Valores constante do Anexo I da
exigida.
presente Lei;
2. No caso previsto no número anterior, o órgão compe-
b) Quando se trate de contrato de empreitada de
tente para a decisão de contratar deve adjudicar a proposta
obras públicas cujo preço não exceda o nível 2
ordenada em lugar subsequente.
da Tabela de Limites de Valores constante do
ARTIGO 103.º
(Accionamento da caução) Anexo I da presente Lei.
2. A redução do contrato a escrito pode ser dispensada
1. A Entidade Pública Contratante pode accionar a cau-
pelo órgão competente para a decisão de contratar, mediante
ção sem necessidade de prévia decisão judicial ou arbitral.
decisão fundamentada, quando:
2. O accionamento parcial ou total da caução implica
a) A segurança pública interna ou externa o justifique;
a renovação do respectivo valor, no prazo de 15 dias após
b) Por motivos de urgência imperiosa resultante de
a notificação pela Entidade Pública Contratante para esse
acontecimentos imprevisíveis pela Entidade
efeito.
Pública Contratante, seja necessário dar ime-
ARTIGO 104.º diata execução ao contrato.
(Cauções suplementares por adiantamentos)
3. Nos casos previstos nos números anteriores, entende-
1. A Entidade Pública Contratante só pode efectuar -se que o contrato resulta da conjugação do caderno de
adiantamentos de preço por conta de prestações contratuais encargos com o conteúdo da proposta adjudicada.
a realizar pelo adjudicatário quando: ARTIGO 108.º
a) O valor dos adiantamentos não ultrapasse 15% do (Conteúdo do contrato)
preço global do contrato; 1. O contrato deve conter, sob pena de nulidade, o
b) O adjudicatário preste uma caução de valor igual seguinte:
ao adiantamento. a) A identificação das partes e dos respectivos repre-
2. Pode a Entidade Pública Contratante, excepcional- sentantes, assim como do título em que intervêm;
mente, efectuar adiantamentos que não respeitem o disposto b) A indicação do acto de adjudicação e do acto de
na alínea a) do número anterior quando tal seja previsto nas aprovação da minuta do contrato;
regras de execução do Orçamento Geral do Estado. c) A descrição do objecto do contrato;
ARTIGO 105.º d) O preço contratual;
(Devolução da caução) e) O prazo de execução das principais prestações
1. No prazo de noventa dias, contados do cumprimento, objecto do contrato;
por parte do adjudicatário, de todas as obrigações contra- f) A referência à caução prestada ou a ser prestada
tuais, a Entidade Pública Contratante promove a devolução pelo adjudicatário quando exigida, nos termos
de todas as cauções que por aquele tiverem sido prestadas. do artigo 99.º
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6859

2. Fazem sempre parte do contrato, independentemente 2. O órgão competente para a decisão de contratar deve
da sua redução a escrito, os seguintes documentos: comunicar ao adjudicatário, com a antecedência mínima de
a) Os esclarecimentos e as rectificações relativos ao cinco dias, a data, a hora e o local em que deve ocorrer a
caderno de encargos; assinatura do contrato.
b) O caderno de encargos; ARTIGO 113.º
c) A proposta adjudicada; (Representação na assinatura do contrato)

d) Os esclarecimentos sobre a proposta adjudicada 1. Na assinatura do contrato, a representação da Entidade


prestados pelo adjudicatário. Pública Contratante prevista na alínea a) do artigo 6.º cabe
3. Sempre que a Entidade Pública Contratante consi- ao órgão competente para a decisão de contratar.
dere conveniente, o clausulado do contrato pode também 2. No caso das Entidades Públicas Contratantes referidas
incluir uma reprodução do caderno de encargos completada nas alíneas b) a f) do artigo 6.º, a representação na assinatura
por todos os elementos resultantes dos restantes documentos do contrato cabe ao órgão designado no respectivo Diploma
referidos no número anterior. orgânico ou nos respectivos estatutos.
4. A Entidade Pública Contratante pode excluir, expres- 3. Nos casos em que o órgão competente, nos termos dos
samente, do contrato quaisquer elementos constantes da números anteriores, seja um órgão colegial, a representação
proposta adjudicada que se reportem a aspectos da execu- na assinatura do contrato cabe ao Presidente desse Órgão.
ção do contrato não regulados pelo caderno de encargos e 4. A competência prevista nos números anteriores pode
que não sejam considerados estritamente necessários a essa ser delegada nos termos gerais.
execução. ARTIGO 114.º
(Caducidade da adjudicação)
5. Em caso de divergência entre os documentos referidos
no n.º 2, a prevalência é determinada pela ordem pela qual 1. Sem prejuízo do caso previsto no n.º 1 do artigo 102.º,
são indicados nesse número. a adjudicação caduca também se, por facto que lhe seja
6. Em caso de divergência entre os documentos referidos imputável, o adjudicatário não comparecer no dia, na hora e
no n.º 2 e o clausulado do contrato, prevalecem os primeiros. no local fixados para a assinatura do contrato, bem como, no
ARTIGO 109.º
caso de o adjudicatário ser uma associação, se os seus mem-
(Aprovação da minuta do contrato) bros não se tiverem associado, nos termos previstos no n.º 4
1. A minuta do contrato é aprovada pelo órgão compe- do artigo 55.º, salvo por razões de força maior.
tente para a decisão de contratar depois de comprovada a 2. A adjudicação caduca, igualmente se, por facto que
prestação da caução pelo adjudicatário. lhe seja imputável, o adjudicatário não apresentar os docu-
mentos de habilitação no prazo fixado no programa do
2. Depois de aprovada a minuta do contrato a celebrar,
procedimento, bem como quando não se cumpra com as
esta é remetida ao adjudicatário pelo órgão competente para
demais regras estabelecidas nos n.os 4, 5 e 6 do artigo 59.º
a decisão de contratar.
3. Nos casos previstos nos números anteriores, o adjudi-
ARTIGO 110.º
(Aceitação da minuta do contrato)
catário perde a caução prestada a favor da Entidade Pública
Contratante, devendo o órgão competente para a deci-
A minuta do contrato a celebrar considera-se aceite pelo
são de contratar adjudicar a proposta ordenada em lugar
adjudicatário quando haja aceitação expressa ou quando
subsequente.
não haja reclamação nos cinco dias subsequentes à sua
4. Se, por facto que lhe seja imputável, a Entidade
notificação.
Pública Contratante não assinar o contrato no prazo previsto
ARTIGO 111.º no n.º 1 do artigo 112.º, o adjudicatário pode desvincular-
(Reclamação da minuta do contrato)
-se da sua proposta, devendo aquela libertar a caução que
1. As reclamações da minuta do contrato só podem ter este haja prestado, sem prejuízo do direito a ser indemnizado
por fundamento a previsão de obrigações que contrariem ou por todas as despesas e demais encargos em que compro-
que não constem dos documentos que integram o contrato, vadamente incorreu com a elaboração da proposta e com a
nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 108.º prestação da caução.
2. No prazo de dez dias, a contar da recepção da recla- 5. A adjudicação caduca, ainda, quando o adjudicatário
mação, o órgão que aprovou a minuta do contrato notifica o não tenha apresentado qualquer documento de habilitação
adjudicatário da sua decisão, equivalendo o silêncio à rejei- ou tenha feito de modo culposo falsas declarações, sem pre-
ção da reclamação. juízo da participação à entidade competente para efeitos de
ARTIGO 112.º procedimento criminal.
(Prazo para a celebração do contrato) 6. Sem prejuízo de outras causas de caducidade previstas
1. O contrato deve ser celebrado no prazo de quinze dias na presente Lei ou resultantes de outra legislação aplicável,
contados da data da aceitação da respectiva minuta ou da determina ainda a caducidade da adjudicação a ocorrência
decisão sobre a reclamação prevista no artigo anterior. superveniente de circunstâncias que inviabilizem a celebra-
6860 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ção do contrato, designadamente por impossibilidade natural b) A Entidade Pública Contratante, o órgão que tomou
ou jurídica, extinção da Entidade Pública Contratante ou do a decisão de contratar e, no caso de esta ter sido
adjudicatário por insolvência ou falência deste. tomada no uso de delegação ou subdelegação de
7. Quando as causas de caducidade da adjudicação competência, a qualidade em que aquele decidiu,
referidas no número anterior respeitem ao adjudicatário, com menção das decisões de delegação ou sub-
a Entidade Pública Contratante deve adjudicar a proposta delegação e do local da respectiva publicação;
ordenada em lugar subsequente. c) O modo de apresentação das candidaturas, nos
8. O adjudicatário deve indemnizar a Entidade Pública termos do disposto no artigo 124.º;
Contratante, nos termos gerais da responsabilidade pré-con- d) Os documentos destinados à qualificação, que
tratual, pelos prejuízos que culposamente tenha causado. constituem as candidaturas, exigidos nos termos
do disposto nos artigos 120.º e 121.º;
CAPÍTULO III e) Os requisitos mínimos de capacidade técnica e
Concurso Limitado por Prévia Qualificação financeira a preencher pelos candidatos;
SECÇÃO I f) Se, após o convite aos candidatos qualificados, as
Disposições Gerais propostas apresentadas estão ou não sujeitas à
negociação e, em caso afirmativo, quais os fac-
ARTIGO 115.º
(Regime aplicável) tores ou subfactores do critério de adjudicação
sobre os quais a negociação incide, bem como
O Concurso Limitado por Prévia Qualificação rege-
se é aplicável o caso previsto na alínea a) ou na
-se, com as necessárias adaptações, pelas disposições que
alínea b) do artigo 87.º;
regulam o Concurso Público, em tudo o que não esteja espe-
g) Se houver lugar à realização de um leilão electró-
cialmente previsto nos artigos seguintes.
nico e, em caso afirmativo, as regras e outras
ARTIGO 116.º informações de funcionamento do mesmo, nos
(Fases do procedimento)
termos do disposto no artigo 91.º;
1. O Concurso Limitado por Prévia Qualificação desen- h) Caso seja prevista a adopção de uma fase de nego-
volve-se em duas fases: ciação ou de um leilão electrónico, se a mesma
a) Apresentação das candidaturas e qualificação dos é aberta a todos os concorrentes cujas propostas
candidatos; não sejam excluídas ou restringida aos con-
b) Apresentação, análise e avaliação das propostas e correntes cujas propostas foram ordenadas nos
adjudicação. primeiros lugares e, neste último caso, qual o
2. A fase prevista na alínea a) do número anterior tem número de propostas a seleccionar;
carácter público, nela podendo participar todos os interessa- i) O critério de adjudicação, bem como, quando for
dos através da apresentação de uma candidatura. adoptado o critério da proposta economicamente
3. Na fase prevista na alínea b) do n.º 1, apenas podem mais vantajosa, a explicitação dos factores e
participar os candidatos qualificados, os quais são convi- dos eventuais subfactores que o concretizam, a
dados pela Entidade Pública Contratante a apresentar uma respectiva ponderação e os demais elementos
proposta. necessários à atribuição de pontuação às propos-
tas, materializados numa grelha de avaliação;
ARTIGO 117.º
(Anúncio) j) O valor da caução prevista no artigo 100.º, quando
exigida, bem como os modelos relativos à sua
1. O anúncio do Concurso Limitado por Prévia Qualifi-
prestação.
cação é publicado no Diário da República, na III Série, e no
2. O programa do concurso pode ainda conter quais-
Portal da Contratação Pública, elaborado em conformidade
quer regras específicas sobre o procedimento de Concurso
com o modelo constante do Anexo VI da presente Lei, bem
Limitado por Prévia Qualificação consideradas convenien-
como num jornal de grande circulação no País, podendo
tes pela Entidade Pública Contratante, desde que não tenham
ainda ser dada publicidade ao concurso através da afixação
por efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência.
de editais nas sedes dos Órgãos da Administração Local do
ARTIGO 119.º
Estado. (Outras regras aplicáveis às peças do Concurso Limitado
2. É aplicável ao Concurso Limitado por Prévia Quali- por Prévia Qualificação)
ficação o disposto nos n.os 2 a 4 do artigo 67.º 1. É aplicável ao procedimento de Concurso Limitado
ARTIGO 118.º por Prévia Qualificação o disposto no artigo 69.º
(Programa do concurso) 2. Em simultâneo com o programa do Concurso Limitado
1. O programa de Concurso Limitado por Prévia por Prévia Qualificação, a Entidade Pública Contratante
Qualificação indica: disponibiliza aos interessados o caderno de encargos do
a) A identificação do concurso; procedimento.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6861

ARTIGO 120.º 3. Para o preenchimento dos requisitos mínimos de


(Capacidade técnica)
capacidade financeira, o programa do concurso pode exigir
1. Os requisitos mínimos de capacidade técnica a fixar a apresentação de quaisquer documentos adequados para o
no programa do concurso devem ser adequados ao objecto efeito, nomeadamente:
do contrato a celebrar, descrevendo situações, qualidades, a) Balanços, demonstrações de resultados ou quaisquer
características ou outros elementos de facto relativos aos outros documentos de natureza contabilística ou
candidatos, designadamente, em matéria de experiência cur- financeira, que demonstrem a situação patrimo-
ricular, de recursos humanos, técnicos, funcionais ou outros, nial, económica ou financeira dos candidatos;
de capacidade organizacional ou de gestão ambiental. b) Documentos de natureza fiscal;
2. Salvo disposição legal em contrário, a Entidade c) Declarações bancárias relevantes para atestar,
Pública Contratante não pode estabelecer quaisquer requi- designadamente riscos de crédito dos candida-
sitos mínimos de capacidade técnica que se revelem tos.
discriminatórios ou susceptíveis de impedir, restringir ou ARTIGO 122.º
falsear a concorrência. (Preenchimento dos requisitos mínimos por associações candidatas)
3. Para o preenchimento dos requisitos mínimos de Salvo se o programa do concurso dispuser diferentemente,
capacidade técnica, o programa do concurso pode exigir a no caso de o candidato ser uma associação, considera-se que
apresentação de quaisquer documentos adequados para o este preenche os requisitos mínimos de capacidade técnica
efeito, nomeadamente: e de capacidade financeira, desde que, relativamente a cada
a) Currículo dos candidatos; requisito:
b) Lista de obras executadas, de fornecimentos de a) Algum dos membros que o integram o preencha
bens ou de prestações de serviços, que inclua individualmente;
referências relevantes, tais como montantes, b) Alguns dos membros que o integram o preencham
datas e destinatários, a comprovar, se necessário, conjuntamente, quando tal seja possível em fun-
por declaração destes últimos; ção da natureza do requisito exigido.
c) Descrição do equipamento técnico dos candidatos; SECÇÃO II
d) Relação de recursos humanos, nomeadamente os Apresentação das Candidaturas e Qualificação dos Candidatos

técnicos integrados nas empresas candidatas, ARTIGO 123.º


que inclua referências relevantes, tais como as (Documentos da candidatura)

respectivas habilitações literárias e as profissio- 1. A candidatura é constituída pelos documentos aptos


nais; a comprovar o preenchimento dos requisitos mínimos de
e) Descrição dos processos e dos métodos adoptados capacidade técnica e de capacidade financeira exigidos pelo
pelos candidatos, nomeadamente para efeitos programa do concurso, nos termos previstos no n.º 3 do
de garantia de qualidade quanto à execução do artigo 120.º e no n.º 3 do artigo 121.º
2. A candidatura é ainda constituída por uma declaração
contrato;
na qual o candidato indica o seu nome, número de contri-
f) Certificados emitidos por entidades oficiais ou
buinte, número de bilhete de identidade e domicílio ou, no
independentes.
caso de se tratar de pessoa colectiva, o respectivo número de
4. O candidato pode sempre, sob sua responsabilidade,
identificação, denominação social, sede, nomes dos titulares
apresentar outros documentos, em alternativa aos exigidos
dos seus órgãos de administração, de direcção ou de gerên-
no programa do concurso, se considerar que são igualmente
cia e de outras pessoas com poderes para a obrigarem, bem
demonstrativos do preenchimento de determinado requisito
como o registo comercial ou equivalente.
mínimo de capacidade técnica. 3. A declaração referida no número anterior deve ser
ARTIGO 121.º assinada pelo candidato ou pelo representante que tenha
(Capacidade financeira)
poderes para o obrigar.
1. Os requisitos mínimos de capacidade financeira a fixar 4. Quando a candidatura seja apresentada por uma asso-
no programa do concurso devem ser adequados ao objecto ciação, a declaração referida no n.º 2 do presente artigo
do contrato a celebrar, reportando-se à aptidão estimada deve ser assinada pelo representante comum dos membros
dos candidatos para mobilizar os meios financeiros previ- que a integram, caso em que devem ser juntos à declara-
sivelmente necessários para o integral cumprimento das ção os instrumentos de mandato emitidos por cada um dos
obrigações contratuais. seus membros ou, não existindo representante comum, deve
2. É aplicável à avaliação da capacidade financeira o dis- ser assinada por todos os seus membros ou respectivos
posto nos n.os 2 e 4 do artigo anterior. representantes.
6862 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. Os documentos que constituem a candidatura são obri- 2. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 51.º, o
gatoriamente apresentados em português, sem prejuízo do prazo para a apresentação de propostas só pode ser prorro-
disposto nos números seguintes. gado em casos devidamente fundamentados, por decisão do
6. Os documentos que, por serem da autoria de entidades órgão competente para a decisão de contratar.
terceiras, não sejam redigidos em língua portuguesa, devem ARTIGO 126.º
ser acompanhados de tradução devidamente legalizada e em (Abertura e análise das candidaturas)
relação à qual o candidato declara aceitar a prevalência, para 1. Imediatamente a seguir ao término do prazo para a
todos os efeitos, sobre os respectivos originais. apresentação das candidaturas, a Comissão de Avaliação
7. O programa do concurso pode permitir que alguns dos reúne, em sessão reservada, para abertura das mesmas.
documentos constitutivos das candidaturas sejam redigidos 2. Por motivo justificado, pode a abertura das candidatu-
em língua estrangeira, indicando os idiomas admitidos. ras realizar-se dentro dos dez dias subsequentes ao indicado
8. A Comissão de Avaliação pode sempre exigir aos candi- no número anterior.
datos a apresentação dos originais de quaisquer documentos 3. Na sessão referida no n.º 1, a Comissão de Avaliação
das candidaturas cuja reprodução tenha sido apresentada em procede à análise das candidaturas a fim de verificar se as
suporte electrónico, em caso de fundada dúvida sobre o seu mesmas têm alguma causa de exclusão.
conteúdo ou autenticidade. ARTIGO 127.º
(Esclarecimentos sobre as candidaturas)
ARTIGO 124.º
(Modo de apresentação das candidaturas) 1. A Comissão de Avaliação pode pedir aos candidatos
1. O programa do concurso determina que as candidatu- quaisquer esclarecimentos sobre as candidaturas apresenta-
ras sejam apresentadas através de um dos seguintes meios: das que considere necessários para a sua análise e avaliação.
a) Presencialmente, mediante protocolo, no endereço 2. Os esclarecimentos prestados pelos candidatos fazem
da Entidade Pública Contratante indicado no parte integrante das suas candidaturas, desde que não con-
programa; trariem os elementos constantes dos documentos que as
b) Por carta registada, com aviso de recepção; constituem, não os alterem ou completem, nem visem suprir
c) Por correio electrónico, com avisos de recepção e omissões que determinam a respectiva exclusão.
3. Os esclarecimentos prestados são notificados a todos
leitura;
os candidatos.
d) Por plataforma electrónica usada pela Entidade
ARTIGO 128.º
Pública Contratante, com emissão de um recibo
(Causas de exclusão de candidaturas)
comprovativo da data e hora de recepção.
São excluídas as candidaturas que:
2. No caso de o programa do concurso determinar que
a) Não tenham sido recebidas no prazo fixado;
as candidaturas sejam apresentadas em suporte de papel, os
b) Não cumpram as formalidades relativas ao seu
documentos que as constituem devem ser apresentados em
invólucro opaco, fechado e lacrado, em cujo rosto se identi- modo de apresentação, nos termos do disposto
fica a designação do procedimento. no artigo 124.º, bem como nos n.os 6 e 7 do arti-
3. No invólucro referido no número anterior deve ser go 123.º;
incluído um duplicado de cada um dos documentos que c) Não sejam constituídas por algum ou alguns dos
constituem a candidatura. documentos exigidos na lei ou no programa do
4. A recepção do invólucro a que se refere o n.º 2, quer o concurso, salvo o disposto no n.º 4 do artigo 120.º;
mesmo tenha sido apresentado pessoalmente ou por correio d) Sejam apresentadas por candidatos em violação do
registado, deve, em qualquer caso, ocorrer dentro do prazo disposto do n.º 2 do artigo 55.º;
fixado para a apresentação das candidaturas. e) Sejam apresentadas por candidatos ou membros de
5. No caso de o programa do concurso determinar que as associações candidatas relativamente aos quais
candidaturas sejam apresentadas em plataforma electrónica, se verifique alguma das situações previstas no
as regras a que deve obedecer a sua apresentação e recepção artigo 56.º;
são definidos por acto normativo específico do Presidente f) Sejam constituídas por documentos falsos ou nos
da República. quais os candidatos prestem falsas declarações;
ARTIGO 125.º g) Sejam apresentadas por candidatos em violação
(Prazo para a apresentação das candidaturas) do disposto nas regras referidas no n.º 2 do arti-
1. A Entidade Pública Contratante fixa, no anúncio e no go 118.º, desde que o programa do concurso
programa do concurso, a data e a hora em que termina o assim o preveja expressamente;
prazo para a apresentação das candidaturas, o qual tem em h) Contenham qualquer referência indiciadora de
conta o tempo necessário à sua elaboração, em função dos alguma das condições contratuais a constar da
requisitos de capacidade técnica e financeira exigidos. proposta.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6863

ARTIGO 129.º ARTIGO 131.º


(Avaliação das candidaturas) (Decisão de qualificação)
1. Também em sessão reservada, as candidaturas rela- 1. O órgão competente para a decisão de contratar pon-
tivamente às quais não se verifiquem quaisquer causas de dera o teor e as conclusões do relatório final para efeitos de
exclusão são avaliadas com vista à verificação do cumpri- qualificação dos candidatos.
mento dos requisitos mínimos de capacidade técnica e de 2. A decisão de qualificação é notificada a todos os candi-
capacidade financeira. datos, sendo aplicável o disposto nos artigos 14.º e seguintes.
2. São qualificados todos os candidatos que preencham SECÇÃO III
os requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade Apresentação das Propostas e Adjudicação
financeira fixados no programa do concurso.
ARTIGO 132.º
3. O preenchimento dos requisitos mínimos a que se (Convite para a apresentação de propostas)
refere o número anterior é comprovado através da aprecia-
1. Com a notificação da decisão de qualificação, o órgão
ção dos elementos constantes dos documentos constitutivos
competente para a decisão de contratar envia aos candidatos
da candidatura.
qualificados, em simultâneo, um convite para a apresenta-
4. A Comissão de Avaliação pode solicitar a terceiras
entidades quaisquer informações que considere relevantes ção de propostas.
para a demonstração do preenchimento dos requisitos míni- 2. O convite para a apresentação de propostas indica:
mos de capacidade técnica e financeira. a) A identificação do concurso;
b) A referência ao anúncio do concurso;
ARTIGO 130.º
(Relatório preliminar da qualificação, audiência prévia c) O modo de apresentação das propostas, nos termos
e relatório final da qualificação) do disposto no artigo 63.º ou no artigo 64.º;
1. Após a análise e a avaliação das candidaturas, a d) Quando a apresentação das propostas deva ser feita
Comissão de Avaliação elabora um relatório preliminar da em suporte de papel, o endereço e a designação
qualificação, no qual propõe a exclusão de candidaturas, se do serviço de recepção das mesmas, com men-
for o caso, bem como a qualificação ou a não qualificação de ção do respectivo horário de funcionamento;
cada um dos candidatos cujas candidaturas não padeçam de e) Quando a apresentação das propostas deva ser feita
qualquer causa de exclusão.
em suporte electrónico, a plataforma electrónica
2. A Comissão de Avaliação envia a todos os candida-
usada pela Entidade Pública Contratante para o
tos o relatório previsto no número anterior, fixando-lhes um
efeito;
prazo, não inferior a cinco dias, para que se pronunciem, por
escrito, ao abrigo do direito de audiência prévia. f) A data e a hora limite de apresentação das propos-
3. Cumprido o disposto no número anterior, a Comissão tas, nos termos do disposto no artigo 65.º;
de Avaliação elabora um relatório final, fundamentado, no g) Os documentos de habilitação, nos termos do dis-
qual pondera as observações dos candidatos efectuadas na posto no artigo 59.º;
audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as con- h) Os documentos que constituem as propostas, nos
clusões do relatório preliminar da qualificação. termos do disposto no artigo 60.º;
4. No caso de o relatório previsto no número anterior i) Os documentos que constituem as propostas que
implicar a alteração da proposta de exclusão de uma ou mais podem ser redigidos em língua estrangeira, com
candidaturas ou da proposta de qualificação ou de não quali- menção das línguas admissíveis;
ficação de um ou mais candidatos, a Comissão de Avaliação j) Se é admissível a apresentação de propostas varian-
procede à nova audiência prévia, nos termos previstos no tes e o número máximo de propostas variantes
artigo anterior, aplicando-se depois o disposto no presente admitidas;
artigo.
k) Caso sejam admitidas propostas variantes, quais
5. O relatório final da qualificação é enviado ao órgão
as cláusulas do caderno de encargos que podem
competente para a decisão de contratar, para o efeito da sua
ser objecto de variação e em que termos aquelas
aprovação.
devam ser avaliadas, nos termos previstos no
6. Quando tenha sido apresentada apenas uma candi-
datura, a Comissão de Avaliação procede à sua análise e artigo 61.º;
avaliação e, no caso de não ser detectada qualquer causa de l) O prazo da obrigação de manutenção das propostas,
exclusão e de se verificar o preenchimento dos requisitos quando diferente do previsto no n.º 1 do artigo 66.º;
mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira, m) A data, a hora e o local do início do acto público
prepara a proposta de qualificação para a aprovação do órgão do concurso.
competente para a decisão de contratar, não havendo lugar à 3. Na falta das especificações a que se referem as alíneas j)
elaboração dos relatórios preliminar e final da qualificação e e k) do número anterior, não é admitida a apresentação de pro-
nem à audiência prévia. postas variantes.
6864 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. O convite à apresentação de propostas pode ainda con- f) Os documentos que constituem as propostas, nos
ter quaisquer regras específicas sobre a tramitação seguinte termos do disposto no artigo 60.º;
do procedimento, consideradas convenientes pela Entidade g) O prazo da obrigação de manutenção das propos-
Pública Contratante, desde que não tenham por efeito impe- tas, quando diferente do previsto no n.º 1 do
dir, restringir ou falsear a concorrência. artigo 66.º;
ARTIGO 133.º h) Se as propostas apresentadas estão ou não sujeitas
(Tramitação subsequente)
à negociação e, em caso afirmativo, quais os fac-
Ao acto público de abertura das propostas e à tramitação tores ou subfactores do critério de adjudicação
subsequente até à celebração do contrato é aplicável, com as sobre os quais a negociação incide, bem como
necessárias adaptações, o disposto nos artigos 70.º a 114.º quais os termos e as regras a que esta obedece,
CAPÍTULO IV bem como se é aplicável o caso previsto na alí-
Concurso Limitado por Convite nea a) ou na alínea b) do artigo 87.º;
ARTIGO 134.º
i) O critério de adjudicação, bem como, quando for
(Regime aplicável) adoptado o critério da proposta economicamente
O Concurso Limitado por Convite rege-se, com as mais vantajosa, a explicitação dos factores e
necessárias adaptações, pelas disposições que regulam o dos eventuais subfactores que o concretizam, a
Concurso Público em tudo o que não seja incompatível com respectiva ponderação e os demais elementos
o disposto nos artigos seguintes. necessários à atribuição de pontuação às propos-
ARTIGO 135.º tas, materializados numa grelha de avaliação;
(Fases do procedimento) j) O valor da caução prevista no artigo 100.º, quando
O procedimento de Concurso Limitado por Convite inte- exigida, bem como os modelos relativos à sua
gra as seguintes fases: prestação.
a) Envio do convite aos concorrentes; 4. O convite à apresentação de propostas pode ainda
b) Apresentação, análise e avaliação das propostas; conter quaisquer regras específicas sobre a tramitação do
c) Negociação das propostas, se a Entidade Pública procedimento, consideradas convenientes pela Entidade
Contratante o tiver previsto no convite; Pública Contratante, nomeadamente relativas à apresenta-
d) Adjudicação. ção de propostas variantes, à apresentação de documentos
ARTIGO 136.º em língua estrangeira ou à adopção de leilões electrónicos,
(Convite) desde que não tenham por efeito impedir, restringir ou fal-
1. O convite para a apresentação de propostas é for- sear a concorrência.
mulado a, pelo menos, três entidades, através de qualquer 5. O convite é obrigatoriamente acompanhado pelo
meio escrito, sendo ainda registado no Portal da Contratação caderno de encargos, sendo enviado em simultâneo a todas
Pública. as pessoas singulares ou colectivas a convidar.
2. As entidades a convidar são seleccionadas com base ARTIGO 137.º
nos registos do cadastro previsto no artigo 13.º ou com base (Modo de apresentação das propostas)

no conhecimento da aptidão e da credibilidade que lhes 1. O convite para a apresentação das propostas determina
reconhece para a execução do contrato pretendido. que estas sejam apresentadas através de um dos seguintes
3. O convite para a apresentação de propostas indica: meios:
a) A identificação do concurso; a) Presencialmente, mediante protocolo, no endereço
b) A Entidade Pública Contratante, o órgão que tomou da Entidade Pública Contratante indicado no
a decisão de contratar e, no caso de esta ter sido convite;
tomada no uso de delegação ou subdelegação de b) Por carta registada, com aviso de recepção;
competência, a qualidade em que aquele decidiu, c) Por correio electrónico, com avisos de recepção e
com menção das decisões de delegação ou sub- leitura.
delegação e do local da respectiva publicação; 2. No caso de o convite para a apresentação das propos-
c) O modo de apresentação das propostas, nos termos tas determinar que estas sejam apresentadas em suporte de
do disposto no artigo seguinte; papel, todos os documentos de habilitação e todos os docu-
d) A data e a hora limite de apresentação das propos- mentos que constituem as propostas a que se reterem os
tas, nos termos do disposto no artigo 138.º; artigos 59.º e 60.º, respectivamente, podem ser encerrados
e) Os documentos de habilitação, nos termos do dis- num invólucro único, opaco, fechado e lacrado, em cujo
posto no artigo 59.º; rosto se identifica a designação do procedimento.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6865

3. No invólucro referido no número anterior deve ser e) Os documentos de habilitação, nos termos do dis-
incluído um duplicado de cada um dos documentos que posto no artigo 59.º;
constituem a proposta. f) Os documentos que constituem a proposta, nos
4. A recepção do invólucro a que se refere o n.º 2, quer o termos do disposto no artigo 60.º;
mesmo tenha sido apresentado pessoalmente ou por correio g) O valor da caução prevista no artigo 100.º, quando
registado, deve, em qualquer caso, ocorrer dentro do prazo exigida, bem como os modelos relativos à sua
fixado para a apresentação das propostas. prestação.
ARTIGO 138.º 3. O convite é obrigatoriamente acompanhado pelo
(Prazo para a apresentação das propostas) caderno de encargos, podendo ambos ser agregados num
O prazo para a apresentação das propostas não pode ser único documento.
inferior a seis dias a contar da data do envio do convite. ARTIGO 143.º
ARTIGO 139.º (Impedimento ao convite)
(Esclarecimentos e rectificações das peças do procedimento) 1. Não podem ser convidadas a apresentar propostas às
1. Os esclarecimentos e as rectificações previstas no entidades às quais já tenha adjudicado, no ano económico
artigo 51.º podem ser efectuadas até ao dia anterior ao termo em curso e no anterior, na sequência de procedimentos de
do prazo para a apresentação das propostas. Contratação Simplificada adoptados nos termos do disposto
2. No caso de incumprimento do disposto no número no n.º 3 do artigo 24.º, propostas para a execução de presta-
anterior, o prazo para a apresentação das propostas deve ser ções do mesmo tipo ou idênticas às do contrato a celebrar,
prorrogado por período equivalente ao do atraso verificado. cujo valor acumulado seja superior ao constante do nível 1 da
ARTIGO 140.º Tabela de Limites de Valores constante do Anexo I da pre-
(Tramitação subsequente) sente Lei.
1. No dia útil imediatamente subsequente ao termo do 2. O disposto no número anterior não retira a possi-
prazo para a apresentação das propostas, a Comissão de bilidade da empresa poder participar em procedimento
Avaliação reúne, em sessão reservada, para a abertura das de Concurso Público ou Concurso Limitado por Prévia
mesmas. Qualificação a serem desencadeados pela Entidade Pública
2. À tramitação subsequente até à celebração do contrato Contratante para a execução das referidas prestações.
é aplicável o disposto nos artigos 79.º a 114.º ARTIGO 144.º
(Dispensa da Comissão de Avaliação)
CAPÍTULO V
O órgão competente para a decisão de contratar pode
Procedimento de Contratação Simplificada
dispensar a constituição de uma Comissão de Avaliação,
e o Procedimento de Contratação Emergencial
competindo aos serviços da Entidade Pública Contratante
ARTIGO 141.º pedir esclarecimentos sobre a proposta apresentada e sub-
(Regime aplicável)
meter àquele o projecto da decisão de adjudicação.
O procedimento de Contratação Simplificada rege-se, ARTIGO 145.º
com as necessárias adaptações, pelas disposições que regu- (Negociação)
lam o Concurso Limitado por Convite em tudo o que não 1. Os serviços da Entidade Pública Contratante ou,
seja incompatível com o disposto nos artigos seguintes. quando exista, a Comissão de Avaliação pode negociar a
ARTIGO 142.º proposta apresentada no sentido de a melhor adequar às
(Convite)
necessidades subjacentes à contratação pretendida.
1. O envio do convite para a apresentação da proposta é 2. Se, nos termos do número anterior, houver lugar à
feito através de qualquer meio escrito, devendo efectuar-se negociação, o formato, os termos e os prazos da mesma são
o seu registo no Portal da Contratação Pública. fixados livremente pela Entidade Pública Contratante.
2. O convite para a apresentação da proposta pode indi- ARTIGO 146.º
car apenas: (Tramitação subsequente)
a) A identificação do procedimento; Salvo quando se verifique uma causa de exclusão da pro-
b) A Entidade Pública Contratante e o órgão que posta apresentada, não há lugar à elaboração dos relatórios
tomou a decisão de contratar; preliminar e final nem à realização da audiência prévia.
c) O modo de apresentação da proposta, o qual pode ARTIGO 147.º
ser livremente escolhido pela Entidade Pública (Adjudicação com base em factura)
Contratante; Nos casos previstos no n.º 3 do artigo 47.º, a adjudi-
d) A data e a hora limite de apresentação da proposta, cação pode consistir numa mera aprovação de factura ou
livremente definidas pela Entidade Pública Con- documento equivalente, com referência expressa à nota de
tratante; cabimentação.
6866 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 148.º 4. Não se pode dar início a leilão antes de decorridos os


(Fases do procedimento de Contratação Emergencial)
prazos mínimos indicados nos números anteriores.
1. A tramitação consiste no envio da solicitação emer- ARTIGO 151.º
gencial, negociação, caso aplicável e adjudicação. (Dispensa da Comissão de Avaliação)
2. Para efeitos do presente procedimento deve ser consi- 1. No Procedimento Dinâmico Electrónico, dispensa-se
derado ainda o seguinte: a Comissão de Avaliação, competindo ao órgão que toma a
a) Pode ser dispensada a constituição da Comissão decisão de contratar, nomear o Gestor do Leilão.
de Avaliação; 2. Ao Gestor do Leilão compete praticar os seguintes
b) Os documentos de habilitação podem ser reduzi- actos na plataforma electrónica:
dos aos que comprovam a existência jurídica da a) Agendar o leilão;
pessoa singular ou colectiva; b) Prestar esclarecimentos técnicos aos concorrentes,
c) Pode ser dispensada a redução do contrato a quando necessário;
escrito, devendo a execução ser acompanhada c) Executar o leilão;
por termos de entrega ou autos de medição; d) Propor a adjudicação.
d) É obrigatória a publicação, no Portal da Contratação
CAPÍTULO VII
Pública, do Relatório de Formação e execução do
Regras Especiais de Contratação
contrato formado com base no procedimento de
Contratação Emergencial, 15 dias após a adjudi- SECÇÃO I
Concurso para Trabalhos de Concepção
cação.
ARTIGO 152.º
CAPÍTULO VI (Concurso para trabalhos de concepção)
Procedimento Dinâmico Electrónico 1. O concurso para trabalhos de concepção é o pro-
ARTIGO 149.º cedimento que permite à Entidade Pública Contratante
(Elegibilidade dos interessados e fases do procedimento) seleccionar um ou mais trabalhos de concepção, idealizados
1. Considera-se elegível a participar no Procedimento nos domínios artístico, do ordenamento do território, do pla-
Dinâmico Electrónico o interessado, devidamente neamento urbano, da arquitectura, da engenharia civil ou do
Cadastrado ou Certificado, no Portal da Contratação Pública, processamento de dados.
como sendo fornecedor do Estado. 2. Quando a Entidade Pública Contratante pretenda
2. O presente procedimento é aplicável à aquisição adquirir o serviço de elaboração do plano ou projecto de
de bens e serviços padronizados, através de um catálogo desenvolvimento do trabalho de concepção a que se refere o
electrónico, que deve detalhar as especificações técnicas número anterior, deve adoptar para o efeito:
essenciais e indispensáveis dos bens e serviços. a) Um Concurso Limitado por Convite, quando
3. O procedimento desenvolve-se por intermédio das tenham sido seleccionados dois ou mais traba-
seguintes fases: lhos de concepção;
a) Publicação do anúncio do leilão; b) Um procedimento de Contratação Simplificada,
b) Leilão; quando tenha sido seleccionado apenas um tra-
c) Adjudicação. balho de concepção.
ARTIGO 150.º ARTIGO 153.º
(Prazos para a realização do leilão) (Modalidade do concurso para trabalhos de concepção)
1. O Leilão do Procedimento Dinâmico Electrónico deve 1. O concurso para trabalhos de concepção segue a
iniciar no mínimo 4 horas após a publicação do anúncio, modalidade de Concurso Público ou de Concurso Limitado
quando o valor do bem ou serviço objecto do procedimento por Prévia Qualificação.
seja igual ou inferior ao nível 1 da Tabela do Anexo I da pre- 2. O concurso para trabalhos de concepção segue a
sente Lei. modalidade de Concurso Limitado por Prévia Qualificação
2. O Leilão do Procedimento Dinâmico Electrónico quando a natureza ou a complexidade do seu objecto exija
deve iniciar no mínimo 3 dias após a publicação do anúncio, a avaliação da capacidade técnica dos candidatos, nomea-
quando o valor do bem ou serviço objecto do procedimento damente experiência anterior reconhecida em domínios
seja inferior ao nível 3 da Tabela do Anexo I da presente Lei. específicos.
3. O Leilão do Procedimento Dinâmico Electrónico deve 3. Quando seja escolhida a modalidade de Concurso
iniciar no mínimo de 10 dias após a publicação do anúncio, Limitado por Prévia Qualificação, os requisitos mínimos
quando o valor do bem ou serviço objecto do procedimento de capacidade técnica devem ser adequados à natureza dos
seja igual ou superior ao disposto no nível 5 da Tabela do trabalhos de concepção pretendidos e devem ser fixados de
Anexo I da presente Lei. forma não discriminatória.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6867

ARTIGO 154.º b) Uma descrição, tão completa quanto possível, das


(Início do concurso para concepção)
características, das particularidades, das referên-
1. O concurso para concepção tem início com a decisão cias e de quaisquer outros requisitos de natureza
de seleccionar um ou mais trabalhos de concepção, a qual
estética, funcional ou técnica que os trabalhos de
cabe ao órgão competente, por lei ou por delegação, para a
decisão de autorizar a despesa relativa aos prémios ou paga- concepção apresentados devem observar;
mentos a que os concorrentes tenham direito, podendo essa c) A Entidade Pública Contratante;
decisão estar implícita nesta última. d) O órgão que tomou a decisão de seleccionar um
2. Quando o concurso de concepção não implique o ou mais trabalhos de concepção e, no caso de
pagamento de prémios aos concorrentes, a decisão de selec- esta ter sido tomada no uso de delegação ou de
cionar um ou mais trabalhos de concepção cabe ao órgão subdelegação de competência, a qualidade em
da Entidade Pública Contratante que for competente para o que aquele decidiu, com menção das decisões
efeito, nos termos da respectiva lei orgânica.
de delegação ou de subdelegação e do local da
ARTIGO 155.º
respectiva publicação;
(Decisão de escolha da modalidade do concurso de concepção)
e) As habilitações profissionais específicas de que os
1. A decisão de escolha da modalidade do concurso de
concepção cabe ao órgão competente para a decisão prevista concorrentes devem ser titulares, se for o caso;
no artigo anterior. f) Os documentos que materializam os trabalhos de
2. A decisão de escolha da modalidade do Concurso concepção a apresentar;
Limitado por Prévia Qualificação deve ser fundamentada. g) O prazo e o local para a apresentação dos docu-
ARTIGO 156.º mentos referidos na alínea anterior;
(Associação de Entidades Públicas Contratantes) h) O critério de selecção, explicitando os factores e os
As Entidades Públicas Contratantes podem associar-se eventuais subfactores que o densificam;
com vista à adopção de um concurso para trabalhos de con- i) O montante global dos eventuais prémios de partici-
cepção, sendo aplicável, com as necessárias adaptações, o pação a atribuir aos concorrentes cujos trabalhos
disposto no artigo 55.º de concepção não sejam excluídos;
ARTIGO 157.º j) O número de trabalhos de concepção apresentados
(Anúncio do concurso para concepção)
a seleccionar;
1. O concurso para trabalhos de concepção é publicado k) O valor do prémio de consagração a atribuir a cada
no Diário da República, na III Série, através de anúncio, um dos concorrentes seleccionados.
conforme modelo preparado pelo Órgão responsável pela
2. Quando for adoptada a modalidade de Concurso
Regulação e Supervisão da Contratação Pública e aprovado
Limitado por Prévia Qualificação, os Termos de Referência
por acto normativo específico do Presidente da República ou
de quem este delegar. indicam ainda:
2. O anúncio referido no número anterior ou um resumo a) Os requisitos mínimos de capacidade técnica que
dos seus elementos mais importantes deve ser posteriormente os candidatos devem preencher;
divulgado por qualquer meio considerado conveniente, b) Os documentos destinados à qualificação dos can-
nomeadamente através da sua publicação no Portal da didatos;
Contratação Pública, em plataforma electrónica utilizada c) O prazo e o local para a apresentação das candi-
pela Entidade Pública Contratante ou em jornal de ampla
daturas.
circulação no País, bem como, no caso de trabalhos de con-
3. Os Termos de Referência podem, ainda, conter quais-
cepção com relevância local, através da sua publicação em
editais na respectiva província, município ou comuna. quer regras específicas sobre o concurso para trabalhos
3. Sempre que, nos termos do disposto no n.º 3 do arti- de concepção consideradas convenientes pela Entidade
go 54.º, for admitida a participação de pessoas singulares Pública Contratante, desde que não tenham por efeito impe-
ou colectivas estrangeiras, o anúncio ou o resumo elaborado dir, restringir ou falsear a concorrência, bem como ser
nos termos previstos no número anterior deve, também, acompanhados de quaisquer documentos complementares
ser publicitado em meios que, comprovadamente, levem a necessários à cabal descrição referida na alínea b) do n.º 1 ou
informação aos mercados internacionais. indicar a entidade e o local onde esses documentos podem
ARTIGO 158.º ser obtidos directamente pelos interessados.
(Termos de Referência) 4. Os Termos de Referência podem, também, prever a
1. Nos concursos para trabalhos de concepção é previa- obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção
mente aprovado um documento, designado por Termos de através de correio electrónico ou de outro meio de trans-
Referência, que indica: missão electrónica de dados, caso em que devem definir os
a) A identificação do concurso, bem como a respec- termos a que deve obedecer essa apresentação de forma a
tiva modalidade escolhida; garantir o respectivo anonimato e segurança.
6868 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. As normas dos Termos de Referência prevalecem opaco, fechado e lacrado, no rosto do qual deve ser escrita
sobre quaisquer indicações constantes dos anúncios com apenas a palavra «Trabalho» e a designação do concurso.
elas desconformes. 2. Em invólucro com as características indicadas no
6. Aos Termos de Referência é aplicável, com as neces- número anterior, deve ser encerrado um documento com a
sárias adaptações, o disposto no artigo 51.º identificação e os contactos do concorrente, no rosto do qual
ARTIGO 159.º deve ser escrita apenas a palavra «Concorrente» e a desig-
(Comissão de Avaliação)
nação do concurso.
1. A Comissão de Avaliação designada pelo órgão com- 3. Os invólucros a que se referem os números anterio-
petente para a decisão prevista no artigo 154.º é composta, res são encerrados num outro, igualmente opaco, fechado
em número ímpar, por um mínimo de três membros efecti-
e lacrado, que se denomina «Invólucro Exterior», indi-
vos, um dos quais preside e dois suplentes.
cando-se apenas a designação do concurso e da entidade
2. Quando, nos Termos de Referência, for exigida
adjudicante.
aos concorrentes a titularidade de habilitações profissio-
nais específicas, a maioria dos membros da Comissão de 4. Os documentos que materializam os trabalhos de
Avaliação deve ser titular da mesma habilitação. concepção, bem como todos os invólucros referidos nos
3. Ao funcionamento da Comissão de Avaliação é aplicá- números anteriores, devem ser elaborados e apresentados de
vel o disposto no artigo 43.º tal forma que fique assegurado o total e absoluto anonimato
4. As deliberações da Comissão de Avaliação sobre a dos concorrentes, não podendo conter qualquer elemento
ordenação dos trabalhos de concepção apresentados ou que permita, de forma directa ou indirecta, identificar o seu
sobre a exclusão dos mesmos por inobservância da descri- autor ou autores.
ção a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo anterior têm 5. O invólucro exterior pode ser entregue directamente
carácter vinculativo para a Entidade Pública Contratante, ou enviado por correio registado, sem indicação do reme-
não podendo, em qualquer caso, ser alteradas depois de tente, devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção
conhecida a identidade dos concorrentes.
ocorrer dentro do prazo e no local fixados para a apresenta-
ARTIGO 160.º ção dos trabalhos de concepção.
(Anonimato)
6. A recepção dos invólucros exteriores deve ser regis-
1. No concurso para trabalhos de concepção, qualquer tada, anotando-se a data e a hora em que os mesmos são
que seja a modalidade adoptada, a identidade dos concor- recebidos e, no caso de entrega directa, deve ser apenas
rentes autores dos trabalhos de concepção apresentados só entregue ao seu portador um recibo comprovativo dessa
pode ser conhecida e revelada depois de elaborado o relató- entrega.
rio final do concurso. 7. Depois do termo fixado para a apresentação dos tra-
2. A Entidade Pública Contratante, a Comissão de balhos de concepção, a Comissão de Avaliação atribui
Avaliação e os concorrentes devem praticar ou abster-se de um número a cada um dos invólucros exteriores, abre-os
praticar, se for o caso, todos os actos necessários ao cumpri- e escreve esse mesmo número nos respectivos invólucros
mento do disposto no número anterior. referidos nos n.os 1 e 2.
ARTIGO 161.º 8. A Comissão de Avaliação procede, em seguida, à
(Apresentação dos trabalhos de concepção)
abertura dos invólucros que contém os documentos que
Cada concorrente pode apresentar vários trabalhos de materializam os trabalhos de concepção apresentados pelos
concepção. concorrentes, procedendo à sua apreciação e elaborando um
ARTIGO 162.º relatório final, assinado por todos os seus membros, no qual
(Fixação dos prazos para a apresentação dos documentos) deve indicar, fundamentadamente, o seguinte:
O prazo para a apresentação dos documentos destina- a) A ordenação dos trabalhos de concepção apre-
dos à qualificação, quando a modalidade escolhida for a sentados de acordo com o critério de selecção
de Concurso Limitado por Prévia Qualificação, bem como fixado nos Termos de Referência;
o prazo para a apresentação dos documentos que materia- b) A exclusão dos trabalhos de concepção:
lizam os trabalhos de concepção, são fixados livremente i. Cujos invólucros tenham sido apresentados
pela Entidade Pública Contratante, tendo em conta o tempo após o termo do prazo fixado nos Termos de
necessário à respectiva elaboração, em função da natureza, Referência;
das características e da complexidade inerentes ao concurso ii. Cujos documentos que os materializam ou os
em causa. invólucros referidos nos n.os 1 a 3 contenham
ARTIGO 163.º qualquer elemento que permita, de forma
(Regras do Concurso Público) directa ou indirecta, identificar o seu autor ou
1. Quando a modalidade escolhida for a de Concurso autores;
Público, os documentos que materializam cada um dos tra- iii. Que não observem a descrição a que se refere
balhos de concepção devem ser encerrados em invólucro a alínea b) do n.º 1 do artigo 158.º
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6869

9. A Comissão de Avaliação só pode proceder à abertura ARTIGO 165.º


(Decisão de selecção e prémios)
dos invólucros referidos no n.º 2 depois de integralmente
cumprido o disposto no número anterior. 1. O órgão competente para a decisão prevista no
10. No caso de os Termos de Referência estabelecerem a artigo 154.º, selecciona um ou mais trabalhos de concep-
ção, consoante o número fixado nos Termos de Referência
obrigatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção
do concurso, de acordo com o teor e as conclusões do
através de correio electrónico ou de outro meio de transmis-
relatório final, nomeadamente com as deliberações vincu-
são electrónica de dados, o disposto nos números anteriores
lativas tomadas pela Comissão de Avaliação.
é aplicável com as necessárias adaptações. 2. Da decisão de selecção deve também constar a atri-
ARTIGO 164.º buição dos prémios de consagração aos concorrentes
(Regras do Concurso Limitado por Prévia Qualificação)
seleccionados, bem como a atribuição dos eventuais pré-
1. Quando a modalidade escolhida for a de Concurso mios de participação.
Limitado por Prévia Qualificação, os documentos desti- 3. A decisão de selecção referida nos números anteriores
nados à qualificação devem ser encerrados em invólucro deve ser notificada simultaneamente a todos os concorren-
opaco, fechado e lacrado, no rosto do qual deve ser escrita tes e, quando a modalidade escolhida for a de Concurso
apenas a palavra «Candidatura», o nome ou a denominação Limitado por Prévia Qualificação, também aos candidatos
social do candidato, a designação do concurso e da Entidade excluídos.
Pública Contratante. 4. Os prémios de consagração têm natureza pecuniá-
ria, sendo o montante de cada um deles predeterminado nos
2. O invólucro referido no número anterior pode ser
Termos de Referência.
entregue directamente ou enviado por correio registado,
5. Os prémios de participação podem ter natureza
devendo, em qualquer caso, a respectiva recepção ocorrer
pecuniária ou consistir em menção honrosa, devendo, no
dentro do prazo e no local fixado para a apresentação das primeiro caso, os Termos de Referência indicar o seu mon-
candidaturas. tante global.
3. A recepção dos invólucros deve ser registada, ano-
ARTIGO 166.º
tando-se a data e a hora em que os mesmos são recebidos (Caducidade da decisão de selecção)
e, no caso de entrega directa, a identidade das pessoas que a 1. Quando os Termos de Referência do concurso para
efectuaram, sendo entregue a estas um recibo comprovativo concepção exigirem aos concorrentes a titularidade de
dessa entrega. habilitações profissionais específicas, os concorrentes selec-
4. Depois do termo fixado para a apresentação das cionados devem apresentar documentos comprovativos das
candidaturas, a Comissão de Avaliação procede à sua apre- mesmas no prazo de cinco dias a contar da notificação da
ciação, qualificando os candidatos que, tendo apresentado decisão de selecção.
as respectivas candidaturas tempestivamente, cumpram 2. A decisão de selecção caduca se o concorrente selec-
os requisitos mínimos de capacidade técnica fixados nos cionado não apresentar os documentos referidos no número
Termos de Referência. anterior no prazo nele fixado.
5. Efectuada a qualificação, a Comissão de Avaliação 3. No caso previsto no número anterior, deve o órgão
competente para a decisão seleccionar o trabalho de concep-
envia aos candidatos qualificados, em simultâneo, um con-
ção ordenado no lugar seguinte.
vite para a apresentação dos trabalhos de concepção de
ARTIGO 167.º
acordo com as regras fixadas nos Termos de Referência. (Prevalência)
6. Cumprido o disposto no número anterior, o concurso
As normas constantes do presente capítulo relativas ao
de concepção prossegue os seus termos de acordo com o dis-
concurso de concepção prevalecem sobre quaisquer dispo-
posto no artigo anterior. sições dos Termos de Referência e respectivos documentos
7. O relatório final do concurso deve ainda indicar, fun- complementares com elas desconformes.
damentadamente, quais os candidatos a excluir, quer por não
SECÇÃO II
preencherem os requisitos mínimos de capacidade técnica Acordos-Quadro
exigidos nos Termos de Referência, quer por terem apre-
SUBSECÇÃO I
sentado as respectivas candidaturas após o termo do prazo Celebração de Acordos-Quadro
fixado para o efeito. ARTIGO 168.º
8. No caso de os Termos de Referência preverem a obri- (Acordos-Quadro)
gatoriedade de apresentação dos trabalhos de concepção As Entidades Públicas Contratantes podem celebrar
através de correio electrónico ou de outro meio de transmis- Acordos-Quadro para regular relações contratuais futu-
são electrónica de dados, o disposto nos números anteriores ras mediante a fixação antecipada dos respectivos termos e
é aplicável com as necessárias adaptações. condições.
6870 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 169.º 2. Da celebração de contratos ao abrigo de Acordos-


(Modalidades de Acordos-Quadro)
-Quadro não podem resultar alterações substanciais das
1. Os Acordos-Quadro podem ser celebrados com um ou condições consagradas nestes últimos.
com vários Empreiteiros, fornecedores de bens ou prestado-
3. Os co-contratantes dos Acordos-Quadro obrigam-
res de serviços.
-se a apresentar proposta para a celebração de contratos ao
2. Um Acordo-Quadro celebrado com um único
Empreiteiro, fornecedor de bens ou prestador de serviços seu abrigo sempre que sejam convidados para o efeito pela
deve especificar todos os aspectos da execução dos contratos Entidade Pública Contratante, no âmbito dos procedimentos
a celebrar ao seu abrigo que sejam submetidos à concorrên- referidos nos artigos seguintes.
cia pelo caderno de encargos desse acordo. 4. Salvo disposição em contrário constante do caderno
3. Um Acordo-Quadro celebrado com vários de encargos do Acordo-Quadro, as Entidades Públicas
Empreiteiros, fornecedores de bens ou prestadores de servi- Contratantes não são obrigadas a celebrar contratos ao seu
ços não pode especificar todos os aspectos da execução dos
abrigo.
contratos a celebrar ao seu abrigo que sejam submetidos à
concorrência pelo caderno de encargos desse acordo. ARTIGO 174.º
(Contratos ao abrigo de Acordo-Quadro celebrado
4. No caso previsto no número anterior, os aspectos não
com uma única entidade)
especificados no Acordo-Quadro são definidos no âmbito
do procedimento de formação dos contratos a celebrar ao 1. Para a formação de contrato ao abrigo de Acordo-
abrigo desse Acordo-Quadro. -Quadro celebrado com uma única entidade, a Entidade
5. As Entidades Públicas Contratantes não podem recorrer Pública Contratante adopta o procedimento de Contratação
à celebração de Acordos-Quadro, em qualquer das modali- Simplificada, seguindo, com as necessárias adaptações, o
dades referidas nos números anteriores, de forma abusiva disposto nos artigos 141.º e seguintes, ressalvado o disposto
ou de modo a impedir, restringir ou falsear a concorrência. nos números seguintes.
ARTIGO 170.º 2. O conteúdo dos contratos celebrados ao abrigo do
(Procedimento de formação dos Acordos-Quadro)
Acordo-Quadro deve corresponder às condições contratuais
1. Para a formação de um Acordo-Quadro são adoptados neste estabelecidas, não sendo necessária a elaboração de
os procedimentos previstos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do
um caderno de encargos.
artigo 22.º
2. Se, nos termos previstos no número anterior, para a 3. Caso tal seja expressamente previsto no caderno de
formação de um Acordo-Quadro for escolhido o procedi- encargos do Acordo-Quadro, a Entidade Pública Contratante
mento de Concurso Limitado por Convite, só podem ser pode efectuar a mera requisição dos bens, serviços ou obras,
celebrados contratos ao seu abrigo enquanto o somatório dos sem necessidade de reduzir a escrito o contrato celebrado ao
respectivos preços for inferior ao limiar aplicável nos termos abrigo do Acordo-Quadro.
do disposto no n.º 2 do artigo 24.º 4. Caso tal se revele necessário, a Entidade Pública
3. O programa do procedimento de formação de Acordos- Contratante pode solicitar, por escrito, ao co-contratante do
Quadro na modalidade prevista no n.º 3 do artigo anterior
Acordo-Quadro que pormenorize, igualmente por escrito,
deve indicar o número de propostas a adjudicar, o qual não
pode ser inferior a três. aspectos constantes da sua proposta.
ARTIGO 171.º ARTIGO 175.º
(Prazo máximo de vigência dos Acordos-Quadro) (Contratos ao abrigo de Acordo-Quadro celebrado
com várias entidades)
O prazo de vigência dos Acordos-Quadro é de dois anos,
1. Para a formação de contrato ao abrigo de Acordo-
podendo ser prorrogado, mediante previsão no caderno de
-Quadro celebrado com várias entidades, a Entidade Pública
encargos, não podendo exceder quatro anos.
Contratante adopta o procedimento de Concurso Limitado
ARTIGO 172.º
(Regulamentação) por Convite, seguindo, com as necessárias adaptações, o dis-
posto nos artigos 134.º e seguintes, ressalvado o disposto
A definição das categorias de bens, serviços e obras que
podem ser objecto de Acordos-Quadro, bem como a regu- nos números seguintes.
lamentação dos termos da sua formação e execução, são 2. O convite a dirigir aos co-contratantes do Acordo-
determinadas por acto normativo específico do Presidente Quadro requer a apresentação de propostas circunscritas:
da República. a) Aos termos do Acordo-Quadro a concretizar, a
SUBSECÇÃO II desenvolver ou a complementar em virtude das
Celebração de Contratos ao Abrigo de Acordos-Quadro particularidades da necessidade cuja satisfação
ARTIGO 173.º se visa com a celebração do contrato;
(Regras gerais) b) Aos aspectos da execução do contrato a celebrar
1. Só podem celebrar contratos ao abrigo de um Acordo- submetidos à concorrência pelo caderno de
-Quadro as partes nesse Acordo-Quadro. encargos do Acordo-Quadro.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6871

3. O convite indica o prazo e o modo de apresentação 3. A forma de constituição, organização e funcionamento


das propostas, bem como os termos ou os aspectos referidos das Centrais de Compras são definidas em acto normativo
no número anterior e, ainda, quando for o caso, a grelha de específico do Presidente da República.
avaliação dos factores e subfactores que densificaram o cri- ARTIGO 179.º
tério de adjudicação previsto no programa do procedimento (Principais actividades das Centrais de Compras)
de formação do Acordo-Quadro.
1. As Centrais de Compras destinam-se, nomeadamente,
SECÇÃO III
a:
Contratos Reservados e Serviços Sociais
a) Adjudicar propostas de execução de empreitadas
ARTIGO 176.º
(Contratos reservados)
de obras públicas, de fornecimento de bens
móveis e de Aquisição de Serviços, a pedido e
A Entidade Pública Contratante pode reservar a possi-
bilidade de ser candidato ou concorrente às entidades cujo em representação das Entidades Públicas Con-
objecto principal seja a integração social e profissional de tratantes;
pessoas com deficiências, grupos minoritários e ou em extin- b) Locar ou adquirir bens ou adquirir serviços des-
ção, desde que tenham pelo menos 10% dos trabalhadores, tinados a Entidades Públicas Contratantes,
devidamente reconhecidos, nos termos da lei. nomeadamente de forma a promover o agrupa-
ARTIGO 177.º mento de encomendas;
(Contratos reservados para determinados serviços)
c) Celebrar Acordos-Quadro, designados contratos
1. As Entidades Públicas Contratantes podem lançar pro- públicos de aprovisionamento, que tenham por
cedimentos de formação de contratos reservados quando objecto a posterior celebração de contratos de
estejam em causa os serviços de saúde, serviços sociais,
empreitadas de obras públicas, de locação ou de
serviços de ensino e serviços culturais que se encontrem
Aquisição de Bens Móveis ou de Aquisição de
incluídos no Anexo VII da presente Lei.
Serviços.
2. Podem ser candidatos ou concorrentes aos procedi-
mentos referidos no número anterior quaisquer organizações 2. Para os efeitos do exercício das actividades previstas
que preencham, de forma cumulativa, os seguintes requisitos: no número anterior, as Centrais de Compras estão sujeitas às
a) Terem por objecto a prossecução de uma missão de disposições da presente Lei.
serviço público ligada à prestação dos serviços a 3. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1, as
que se refere o número anterior; despesas inerentes ao procedimento de formação de cada
b) Basearem a sua estrutura de gestão em princípios contrato a celebrar em concreto são da responsabilidade da
participativos que requerem o envolvimento Entidade Pública Contratante beneficiária, salvo disposição
activo dos trabalhadores, utilizadores ou partes legal expressa em contrário.
interessadas; ARTIGO 180.º
c) Não terem celebrado nos últimos dois anos, com a (Princípios orientadores)
mesma Entidade Pública Contratante, qualquer No exercício das suas actividades, além do respeito das
contrato abrangido pela presente secção. normas de formação e execução dos contratos públicos,
3. O anúncio ou convite à apresentação de propostas as Centrais de Compra orientam-se, ainda pelos seguintes
deve fazer referência ao presente artigo. princípios:
TÍTULO IV a) Segregação das funções de contratação, de com-
Centrais de Compras pras e de pagamentos;
b) Utilização de ferramentas de compras electrónicas
CAPÍTULO I com funcionalidades de catálogos electrónicos e
Disposições Gerais
de encomenda automatizada;
ARTIGO 178.º c) Adopção de práticas aquisitivas por via electrónica
(Centrais de Compras)
baseadas na acção de negociadores e especialis-
1. As Entidades Públicas Contratantes podem consti-
tas de elevada qualificação técnica, com vista à
tuir Centrais de Compras para centralizar a contratação de
redução de custos;
empreitadas de obras públicas, a locação e a Aquisição de
Bens Móveis e a Aquisição de Serviços. d) Preferência pela aquisição dos bens e serviços que
2. As entidades referidas no número anterior podem, promovam a protecção da indústria nacional e o
ainda, constituir Centrais de Compras exclusivamente desti- ambiente;
nadas a um determinado sector de actividade. e) Promoção da concorrência.
6872 DIÁRIO DA REPÚBLICA

CAPÍTULO II b) Garantia de continuidade e qualidade na execução


Constituição e Gestão das Centrais de Compras das prestações por parte do terceiro;
ARTIGO 181.º c) Definição de actividades acessórias que o terceiro
(Actos constitutivos) pode prosseguir e respectivos termos;
1. Os actos constitutivos das Centrais de Compras d) Critérios de remuneração do terceiro e modo de
Públicas regulam, nomeadamente, as seguintes matérias: pagamento;
a) Âmbito objectivo, designadamente as actividades e) Duração do contrato.
a desenvolver, o tipo ou tipos de contratos abran-
TÍTULO V
gidos e, se for o caso, identificação do sector de
Execução do Contrato de Empreitada
actividade a que se destina;
de Obras Públicas
b) Âmbito subjectivo, designadamente as entidades
abrangidas; CAPÍTULO I
c) Natureza obrigatória ou facultativa do recurso à Disposições Gerais
Central de Compras por parte das entidades
ARTIGO 185.º
abrangidas. (Noção)
2. Os actos constitutivos das Centrais de Compras 1. Entende-se por Empreitada de Obras Públicas o
podem ainda prever critérios de remuneração dos serviços contrato oneroso que tenha por objecto a execução ou a con-
prestados, designadamente nas relações contratuais com ter- cepção e execução de uma Obra Pública.
ceiros que não sejam entidades abrangidas, tendo em conta
2. Para efeitos do número anterior, entende-se por Obra
os indicadores de desempenho adequado, como o volume de
Pública qualquer trabalho de construção, concepção e cons-
compras ou a poupança gerada.
trução, reconstrução, ampliação, alteração, reparação,
3. O Estado pode criar Centrais de Compras gerais ou
conservação, limpeza, restauro, adaptação, beneficiação
destinadas apenas a um sector de actividade específico
e demolição de bens imóveis, executadas por conta de um
e vocacionadas para satisfazer necessidades especiais e
dono de obra pública.
diferenciadas.
3. Para efeitos do presente regime jurídico, entende-se
ARTIGO 182.º
por Dono de Obra Pública:
(Viabilidade e racionalidade económico-financeira)
a) Qualquer das Entidades Públicas Contratantes
A criação de Centrais de Compras é sempre precedida
enunciadas no artigo 6.º;
de um estudo que incide sobre a necessidade, viabilidade
b) Quaisquer pessoas colectivas que, independen-
económico-financeira e vantagens, designadamente na pers-
temente da sua natureza pública ou privada,
pectiva dos ganhos de qualidade e eficiência, da criação da
Central de Compras, bem como a sua conformidade com o celebrem estes contratos no exercício de funções
regime legal aplicável. materialmente administrativas.
ARTIGO 183.º ARTIGO 186.º
(Gestão por terceiros) (Partes do contrato)

1. As entidades gestoras das Centrais de Compras podem 1. São partes do contrato de Empreitada de Obras
atribuir a gestão de algumas das suas actividades a um Públicas o Dono da Obra e o Empreiteiro.
terceiro, independentemente da sua natureza pública ou pri- 2. O Dono da Obra é a pessoa colectiva que manda exe-
vada, desde que tal se encontre expressamente previsto nos cutá-la ou, no caso de serem mais do que uma, aquela a quem
respectivos actos constitutivos. pertençam os bens ou que fique incumbida da sua adminis-
2. O terceiro referido no número anterior deve oferecer tração, nos termos estabelecidos no n.º 3 do artigo anterior.
garantias de idoneidade, qualificação técnica e capacidade 3. Sempre que, na presente Lei, se faça referência a deci-
financeira adequadas à gestão das actividades da Central de sões e deliberações do Dono da Obra, entende-se que são
Compras em causa. tomadas pelo órgão que, segundo a lei ou os respectivos
3. A formação e execução dos contratos de gestão previs- estatutos, for competente para o efeito ou, no caso de omis-
tos no n.º 1 deste artigo estão sujeitas à presente Lei. são na lei e nos estatutos, pelo órgão máximo de gestão.
ARTIGO 184.º ARTIGO 187.º
(Contratos de gestão com terceiros) (Representação das partes)

O contrato de gestão celebrado para os efeitos previstos 1. Durante a execução do contrato, o Dono da Obra
no artigo anterior é reduzido a escrito e regula, designada- é representado pelo Director de Fiscalização da Obra e o
mente, as seguintes matérias: Empreiteiro pelo Director Técnico da Obra, salvo quanto às
a) Prestações especificamente abrangidas pelo matérias em que, por força de lei ou de estipulação contra-
objecto do contrato de gestão; tual, se estabeleça outra representação.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6873

2. Sem prejuízo de outras limitações previstas no con- 2. Só podem ser contratadas por preço global as obras
trato, o Director de Fiscalização da Obra não tem poderes cujos projectos permitam determinar, com pequena proba-
de representação em matéria de modificação, resolução ou bilidade de erro, a natureza e as quantidades dos trabalhos
revogação do contrato. a executar, bem como os custos dos materiais e da mão-de-
3. O Empreiteiro obriga-se, sob reserva da aceitação pelo -obra a empregar.
Dono da Obra, a confiar a direcção técnica da empreitada a ARTIGO 191.º
(Objecto da empreitada)
um técnico com a qualificação mínima e experiência indica-
O Dono da Obra deve definir, com maior precisão possí-
das no respectivo caderno de encargos.
vel, nas peças escritas e desenhadas do projecto e no caderno
4. O Director Técnico da empreitada deve acompanhar
de encargos, as características da obra e as condições técni-
assiduamente os trabalhos e estar presente no local da obra,
cas da sua execução, bem como a qualidade dos materiais
sempre que, para tal, seja convocado. a aplicar e apresentar mapas de medições de trabalhos, tão
5. A contratação do Projectista implica a disponibilidade próximos quanto possível das quantidades de trabalhos a
total para prestar assistência técnica ao Empreiteiro e ao fis- executar, nos quais assentem a análise e o ordenamento por
cal enquanto perdurar a execução da empreitada. custos globais das propostas dos concorrentes à empreitada.
ARTIGO 188.º ARTIGO 192.º
(Impedimentos) (Apresentação de projecto base pelos concorrentes)
1. Não é permitido aos funcionários, agentes ou outros 1. Quando se trate de obras cuja complexidade técnica
titulares de cargos públicos, a intervenção, a qualquer não permita a definição da solução técnica mais adequada
título, directa ou indirecta, na fiscalização de uma emprei- à satisfação da necessidade subjacente ao contrato a cele-
tada, se tiverem algum interesse pessoal, directo ou por brar, o Dono da Obra posta a concurso pode solicitar aos
interposta pessoa, singular ou colectiva, face ao respectivo concorrentes a apresentação de projecto base, devendo, para
Empreiteiro ou em empresa por este participada, sua sócia o efeito, definir, com suficiente precisão, em documento
pelo menos com o grau equivalente ao de programa base, os
ou fornecedora.
objectivos que deseja atingir, especificando os aspectos que
2. São aplicáveis à fiscalização da execução da emprei-
considera vinculativos.
tada, as regras sobre impedimentos, escusa, suspeição e 2. Escolhido no concurso um projecto base, serve este
ética, previstas nos artigos 8.º, 9.º e 10.º para a elaboração do projecto de execução.
CAPÍTULO II 3. Na hipótese prevista no presente artigo, o Dono da
Tipos de Empreitadas Obra pode atribuir prémios aos autores dos projectos melhor
classificados, caso em que deve fixar, no programa do con-
SECÇÃO I curso, os respectivos critérios de atribuição.
Disposição Geral
4. Para efeitos do número anterior deve ser estritamente
ARTIGO 189.º respeitada a ordem de classificação estabelecida pela res-
(Tipos de empreitada e modos de retribuição do Empreiteiro) pectiva Comissão de Avaliação, sendo, contudo, possível a
1. De acordo com o modo de retribuição estipulado, as não atribuição, total ou parcial, de prémio, caso os trabalhos
Empreitadas de Obras Públicas podem ser: sejam considerados não satisfatórios.
a) Por preço global; ARTIGO 193.º
(Variantes ao projecto)
b) Por série de preços;
1. O Dono da Obra posta a concurso pode autorizar,
c) Por percentagem.
mediante declaração expressa constante do respectivo pro-
2. É lícito adoptar, na mesma empreitada, diversos
grama, que os concorrentes apresentem variantes ao projecto
modos de retribuição para distintas partes da obra ou dife- ou a parte dele e com o mesmo grau de desenvolvimento,
rentes tipos de trabalho. conjuntamente com a proposta para a execução da emprei-
3. A empreitada pode ser de partes ou da totalidade da tada tal como posta a concurso.
obra e, salvo convenção em contrário, implica o forneci- 2. Depois de aprovada, a variante substitui, para todos
mento pelo Empreiteiro dos materiais a empregar. os efeitos, o projecto do Dono da Obra na parte respectiva.
SECÇÃO II ARTIGO 194.º
Empreitada por Preço Global (Elementos e método de cálculo dos projectos base e variantes)

ARTIGO 190.º 1. Os projectos base e as variantes da autoria do


(Conceito e âmbito) Empreiteiro devem conter todos os elementos necessários
1. Diz-se por preço global a empreitada cujo montante da para a sua perfeita apreciação e para a justificação do método
remuneração, correspondente à realização de todos os traba- de cálculo utilizado, podendo sempre o Dono da Obra exigir
lhos necessários para a execução da obra ou da parte da obra quaisquer esclarecimentos, pormenores, planos e desenhos
objecto do contrato, é previamente fixado. explicativos.
6874 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Nos casos em que o Ordenamento Jurídico Angolano ARTIGO 197.º


(Valor das alterações ao projecto)
não disponha de normas jurídicas para os efeitos previstos
no número anterior, o Dono da Obra pode aceitar e apro- 1. A importância dos trabalhos, a mais ou a menos, que
var outros métodos apresentados e devidamente justificados resultar de alterações ao projecto é, respectivamente, adicio-
pelo Empreiteiro. nada ou diminuída ao valor da adjudicação.
2. Só são admitidas alterações do projecto que se tradu-
ARTIGO 195.º
(Erros e omissões do projecto) zam em trabalhos a mais quando o seu valor não exceder
1. Constitui um erro do projecto a incorrecta represen- 15% do valor do contrato inicial, nos termos estabelecidos
na legislação sobre as regras de execução orçamental.
tação da espécie ou quantidade dos trabalhos necessários à
execução da empreitada, decorrente de uma diferença entre ARTIGO 198.º
(Pagamentos)
as condições locais existentes e as previstas ou entre os
dados em que aquele projecto se baseia e a realidade. 1. O pagamento do preço da empreitada pode efectuar-se
2. Constitui uma omissão do projecto a ausência de pre- em prestações periódicas fixas ou em prestações variáveis,
visão, em espécie ou quantidade, de trabalhos necessários à em qualquer dos casos, sempre em função da quantidade de
execução da empreitada, decorrente de uma diferença entre trabalho periodicamente executados.
as condições locais existentes e as previstas ou entre os 2. Quando o pagamento tenha de fazer-se em prestações
dados em que aquele projecto se baseia e a realidade. fixas, o contrato deve fixar os seus valores, as datas dos seus
vencimentos e a sua compatibilidade com o plano de traba-
3. A incorrecta representação ou ausência de previsão
lhos aprovado.
de determinado trabalho no projecto só pode ser qualificada
3. Nos casos previstos no número anterior, a correcção
como erro ou omissão, nos termos dos números anteriores,
que o preço sofrer, por virtude de rectificações ou alterações
se, à luz da diligência objectivamente exigível, em face das
ao projecto, é dividida pelas prestações que se vencerem
circunstâncias concretas, pudesse ter sido detectada pelo
posteriormente ao respectivo apuramento, salvo estipulação
autor desse projecto no momento da sua elaboração.
em contrário.
ARTIGO 196.º
4. Se o pagamento tiver de se fazer de acordo com as
(Responsabilidade pelos trabalhos de suprimento de erros
e omissões do projecto) quantidades de trabalho periodicamente executadas, realiza-
-se por medições e com base nos preços unitários contratuais,
1. Se o projecto de execução é da autoria do Empreiteiro
mas apenas até à concorrência do preço da empreitada.
ou de Projectista por este contratado, cabe-lhe suportar o
5. Se, realizados todos os trabalhos, subsistir ainda um
custo dos trabalhos de suprimento dos erros e omissões do
saldo a favor do Empreiteiro, este deve ser-lhe pago com a
projecto.
última prestação.
2. Se o projecto de execução é da autoria de Projectista
ao serviço do Dono da Obra, cumpre-lhe assumir os cus- ARTIGO 199.º
(Execução de trabalhos a mais)
tos dos trabalhos de suprimento dos erros e omissões do
projecto. 1. Consideram-se trabalhos a mais aqueles cuja espécie
3. Se o projecto de execução é da autoria do Dono da ou quantidade não esteja prevista no contrato, se destinem à
Obra, é este o responsável pelos trabalhos de suprimento de realização da mesma empreitada e se tenham tornado neces-
sários na sequência de circunstâncias imprevistas, desde que
erros e omissões, excepto:
se verifique qualquer das seguintes condições:
a) Se estiverem em causa erros e omissões cuja
a) Quando esses trabalhos não possam ser técnica
detecção era exigível ao Empreiteiro na fase
ou economicamente separados do contrato, sem
de formação do contrato, nos termos do artigo
graves inconvenientes para o Dono da Obra;
52.º, sendo que neste caso a responsabilidade do
b) Quando esses trabalhos, ainda que separáveis da
Empreiteiro corresponde a metade do preço dos
execução do contrato, sejam estritamente neces-
trabalhos de suprimentos dos erros e omissões
sários ao seu acabamento.
executados;
2. Para efeitos do número anterior, constituem circuns-
b) Se estiverem em causa erros e omissões cuja detec-
tâncias imprevistas, designadamente as circunstâncias que,
ção não era exigível ao Empreiteiro na fase de já existindo no momento da elaboração do projecto, não
formação do contrato nos termos do artigo 51.º, foram contempladas na definição da espécie e quantidade
mas também não tenham sido por ele identifi- dos trabalhos a executar, nem o poderiam ter sido à luz da
cados no prazo de trinta dias a contar da data diligência objectivamente exigível em face das particulari-
em que, pelo decurso da execução dos trabalhos, dades do caso concreto.
fosse exigível a sua detecção, nestes casos a 3. Só pode ser ordenada a realização de trabalhos a mais
responsabilidade do Empreiteiro corresponde ao quando o valor desses trabalhos, somado ao valor de ante-
referido na alínea anterior. riores trabalhos a mais e deduzido do valor de quaisquer
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6875

trabalhos a menos, não exceder 15% do valor da adjudica- ARTIGO 202.º


(Projecto ou variante do Empreiteiro)
ção, nos termos estabelecidos na legislação sobre as regras
anuais de execução orçamental. 1. Quando a adjudicação de uma empreitada resulte de
4. O Empreiteiro é obrigado a executar os trabalhos a projecto-base apresentado pelo Empreiteiro, compete a este
mais previstos no n.º 1, caso lhe sejam ordenados por escrito a elaboração do projecto de execução, nos termos estabele-
pelo Dono da Obra e o Fiscal da Obra lhe forneça os respecti- cidos para a empreitada por preço global.
vos planos, desenhos, perfis, mapa da natureza e volume dos 2. O projecto de execução de uma empreitada pode
trabalhos e demais elementos técnicos indispensáveis para a ser alterado de acordo com as variantes propostas pelo
sua perfeita execução e para a realização das medições.
Empreiteiro, nos mesmos termos estabelecidos para a
5. A obrigação cessa quando o Empreiteiro opte por
exercer o direito de rescisão ou quando, sendo os traba- empreitada por preço global.
lhos a mais de espécie diferente dos previstos no contrato, 3. Com a variante, o Empreiteiro deve apresentar a
o Empreiteiro alegue, dentro de dez dias após a recepção da previsão das espécies e quantidades dos trabalhos necessá-
ordem e a fiscalização verifique, que não possui nem o equi- rios para a execução da obra e a respectiva lista de preços
pamento nem os meios humanos indispensáveis para a sua unitários.
execução. 4. Os trabalhos correspondentes às variantes são executa-
6. O projecto de alteração deve ser entregue ao Empreiteiro dos em regime de preço global, se o Empreiteiro o propuser
com a ordem escrita de execução. e o Dono da Obra aceitar, devendo o Empreiteiro apresentar
7. Do projecto de alteração não podem constar, a não ser
um plano de pagamentos do preço global e calculando-
que haja sido estipulado em contrário, preços diferentes dos
-se este pela aplicação dos preços unitários às quantidades
contratuais ou dos anteriormente acordados para trabalhos
da mesma espécie nas mesmas condições. previstas.
8. Quando, em virtude do reduzido valor da alteração ARTIGO 203.º
ou por outro motivo justificado, não exista ou não se faça (Trabalhos não previstos)
projecto, deve a ordem de execução conter a espécie e a 1. Os trabalhos necessários à realização da empreitada,
quantidade dos trabalhos a executar e os preços unitários cuja espécie ou quantidade não tenham sido incluídos no
daqueles para os quais não existam ainda preços contratuais contrato, são executados pelo Empreiteiro como trabalhos a
ou acordados por escrito. mais, nos termos do artigo 199.º
9. Havendo acordo entre as partes, podem os trabalhos
2. Os trabalhos a mais, previstos no número anterior, só
ser executados em regime de percentagem.
10. Os trabalhos a mais devem ser objecto de forma- podem ser realizados após a emissão de uma ordem nesse
lização através da celebração de adenda ao contrato de sentido por parte do Dono da Obra, devendo ainda ter lugar
empreitada. a celebração de uma adenda ao contrato.
SECÇÃO III
3. O Dono da Obra não pode autorizar a realização de
Empreitada por Série de Preços trabalhos a mais quando o seu valor acumulado, somado ao
valor de anteriores trabalhos a mais e deduzido do valor de
ARTIGO 200.º
(Conceito) quaisquer trabalhos a menos, exceda 15% do valor do con-
A empreitada é estipulada por série de preços quando a trato inicial, sendo este calculado tendo por base a estimativa
remuneração do Empreiteiro resulta da aplicação dos preços de trabalhos necessários para a execução da empreitada a
unitários, previstos no contrato, para cada espécie de traba- que se refere no n.º 1 do artigo 201.º
lho a realizar, tendo em conta a quantidade desses trabalhos ARTIGO 204.º
(Cálculo dos pagamentos)
efectivamente executados.
ARTIGO 201.º 1. Periodicamente deve proceder-se à medição dos traba-
(Objecto da empreitada) lhos executados de cada espécie para efeitos de pagamento
1. Nas empreitadas por série de preços, o contrato tem das quantidades apuradas, às quais são aplicados os preços
sempre por base a previsão das espécies e das quantidades unitários.
dos trabalhos necessários para a execução da obra relativa 2. A periodicidade relativa à medição dos trabalhos e dos
ao projecto patenteado, obrigando-se o Empreiteiro a exe- pagamentos é obrigatoriamente expressa no contrato.
cutar pelo respectivo preço unitário do contrato todos os SECÇÃO IV
trabalhos de cada espécie. Disposições Comuns às Empreitadas por Preço Global
e por Série de Preços
2. Se, nos elementos do projecto ou no caderno de encar-
gos existirem omissões quanto à qualidade dos materiais, o ARTIGO 205.º
Empreiteiro não pode empregar materiais que não corres- (Lista de preços unitários)

pondam às características da obra ou que sejam de qualidade Os concorrentes devem apresentar com as suas propos-
inferior aos usualmente empregues em obras que se desti- tas as listas de preços unitários que lhes tenham servido de
nem a idêntica utilização e da mesma categoria. base.
6876 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 206.º ARTIGO 211.º


(Encargos do Empreiteiro) (Fixação de novos preços)

Constitui encargo do Empreiteiro, salvo o estipulado 1. O Empreiteiro pode reclamar contra os novos pre-
em contrário, o fornecimento dos aparelhos, instrumentos, ços constantes no projecto de alteração ou dos indicados na
ferramentas, utensílios e andaimes indispensáveis à boa exe- ordem de execução, apresentando, simultaneamente, a sua
cução da obra. lista de preços, no prazo de vinte dias a contar, respectiva-
ARTIGO 207.º mente, da data da recepção do projecto ou da data da ordem.
(Trabalhos preparatórios ou acessórios) 2. Quando a complexidade do projecto de alteração o
1. O Empreiteiro tem a obrigação de, salvo o estipulado justifique, o Empreiteiro pode pedir a prorrogação do prazo
em contrário, realizar à sua custa todos os trabalhos prepa- previsto no número anterior por um período não superior
ratórios ou acessórios que, por natureza ou segundo o uso
a vinte dias, salvo em casos excepcionais, devidamente
corrente, a execução da obra implique.
justificados.
2. Constitui, em especial, obrigação do Empreiteiro,
salvo estipulação em contrário, a execução dos seguintes 3. A reclamação deve ser decidida pelo Director de
trabalhos: Fiscalização da Obra no prazo de trinta dias.
a) A montagem, a construção, a desmontagem, a 4. A falta de decisão no prazo previsto no número ante-
demolição e a manutenção do estaleiro; rior tem como efeito a aceitação dos preços indicados na
b) Os necessários para garantir a segurança de todas lista do Empreiteiro, salvo se, dentro do referido prazo, o
as pessoas que trabalham na obra, incluindo o Director de Fiscalização da Obra comunicar ao Empreiteiro
pessoal dos Subempreiteiros e do público em que carece de um período de tempo superior ao legalmente
geral, para evitar danos nos prédios vizinhos e
fixado para decidir.
para satisfazer os regulamentos de segurança, de
higiene e saúde no trabalho e de polícia das vias 5. Enquanto não houver acordo sobre todos ou alguns
públicas; dos preços ou não estiverem estes fixados por arbitragem
c) O restabelecimento, por meio de obras provisórias, ou judicialmente, os trabalhos respectivos liquidam-se, logo
de todas as servidões e serventias que sejam que medidos, com base nos preços unitários constantes do
indispensáveis alterar ou destruir para a execu- projecto de alteração ou da ordem de execução.
ção dos trabalhos e para evitar a estagnação de 6. Logo que, por acordo, por arbitragem ou judicial-
águas que estes possam originar; mente, ficarem determinados os preços definitivos, são
d) A construção dos acessos ao estaleiro e das serven-
pagas ao Empreiteiro as diferenças que porventura existam
tias internas deste;
a seu favor quanto aos trabalhos já realizados.
e) A colocação de placa contendo as menções previs-
tas no artigo 233.º; 7. Se, no projecto ou na ordem de execução, não consta-
f) Outros trabalhos previstos em regulamentação rem preços unitários, o Empreiteiro apresenta a sua lista no
específica. prazo estabelecido no n.º 1, sendo por esta liquidados os tra-
ARTIGO 208.º balhos medidos, até à fixação dos preços definitivos.
(Servidões e ocupação de prédios particulares) 8. À decisão do Dono da Obra sobre a lista de preços
É da conta do Empreiteiro, salvo estipulação em con- do Empreiteiro aplica-se o disposto no n.º 3, devendo as
trário, o pagamento das indemnizações devidas pela diferenças que se apurarem relativamente aos trabalhos já
constituição de servidões ou pela ocupação temporária de medidos e pagos, entre os preços da lista e os que vierem a
prédios particulares, necessárias à execução dos trabalhos ser finalmente fixados, ser compensadas, pagando ou rece-
adjudicados e efectuados, nos termos da lei. bendo o Empreiteiro, consoante lhe couber.
ARTIGO 209.º 9. Nos casos a que se refere o presente artigo, não
(Supressão de trabalhos) havendo acordo sobre quaisquer preços, pode qualquer das
Fora dos casos previstos no artigo 199.º, o Empreiteiro partes recorrer à arbitragem por três peritos, sendo um desig-
só deixa de executar quaisquer trabalhos incluídos no con- nado pelo Dono da Obra, outro pelo Empreiteiro e o terceiro
trato desde que, para o efeito, o Fiscal da Obra lhe dê ordem por acordo entre os dois.
por escrito e dela constem especificamente os trabalhos ARTIGO 212.º
suprimidos. (Alterações propostas pelo Empreteiro)

ARTIGO 210.º 1. Em qualquer momento dos trabalhos, o Empreiteiro


(Inutilização de trabalhos já executados) pode propor ao Dono da Obra variantes ou alterações ao
Se, das alterações impostas, resultar inutilização de tra- projecto relativamente a parte ou as partes dele ainda não
balhos já feitos de harmonia com o contrato ou com ordens executadas.
recebidas, não é o seu valor deduzido do montante da 2. As variantes e as alterações previstas no número ante-
empreitada e o Empreiteiro tem ainda direito à importân- rior obedecem ao disposto sobre os projectos ou as variantes
cia despendida com as demolições a que houver procedido. apresentadas pelo Empreiteiro, mas o Dono da Obra pode
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6877

ordenar a sua execução desde que aceite o preço global ou ARTIGO 215.º
(Cálculo do valor dos trabalhos para efeito de rescisão)
os preços unitários propostos pelo Empreiteiro ou com este
chegue a acordo sobre os mesmos. 1. Para o cálculo do valor dos trabalhos a mais ou a menos
3. Se da variante ou da alteração aprovada resultar eco- consideram-se os preços fixados no contrato, os posterior-
nomia, sem decréscimo da utilidade, duração e solidez da mente alcançados por acordo ou arbitragem e os resultantes
obra, o Empreiteiro tem direito a metade do respectivo valor. das cominações estatuídas nos artigos 213.º e 214.º, con-
forme os que forem aplicáveis.
ARTIGO 213.º
(Direito de rescisão por parte do Empreiteiro)
2. Na falta de acordo em relação a preços não fixados,
aplica-se os seguintes:
1. Quando, compulsados os trabalhos a mais ou a menos
a) No caso dos n.os 5 e 6 do artigo 211.º, os indicados
resultantes de ordens dadas pelo Dono da Obra, de supres-
pelo Empreiteiro, se o Dono da Obra não se
são parcial de alguns trabalhos, de suprimento de erros e
pronunciar no prazo de 60 dias, ou os indicados
de omissões do projecto ou de alterações neste introduzidas,
pelo Dono da Obra se, na hipótese contrária, este
se verifique que há uma redução superior a 1/5 do valor da
os fixar;
adjudicação inicial, tem o Empreiteiro o direito de rescindir
b) No caso dos 5 e 6 do artigo 211.º, os indicados pelo
o contrato.
Empreiteiro, se o Dono da Obra não se pronun-
2. O Empreiteiro tem, também, o direito de rescisão
ciar sobre a reclamação no prazo de 60 dias ou
sempre que, da variante ou da alteração ao projecto, prove-
a eles se não opuser, e os indicados pelo Dono
nientes do Dono da Obra, resulte substituição de trabalhos
da Obra se, na hipótese contrária, este os fixar;
incluídos no contrato por outros de espécie diferente, embora
c) No caso do n.º 1 do artigo 211.º, não havendo recla-
destinados ao mesmo fim, desde que o valor dos trabalhos
mação do Empreiteiro, os indicados pelo Dono
substituídos represente 1/4 do valor total da empreitada.
da Obra;
3. O facto de o Empreiteiro não exercer o direito de resci-
d) Os do projecto de alteração, se este existir e os
são com base em qualquer alteração, ordem ou rectificação,
contiver;
não o impede de exercer tal direito a propósito de alterações,
e) No caso do n.º 1 do artigo 207.º, os da ordem, se
ordens ou rectificações subsequentes.
os contiver.
4. Para os efeitos do disposto no n.º 1, consideram-se
3. O Empreiteiro pode, também, para cálculo do valor
compensados os trabalhos a menos com os trabalhos a mais,
dos trabalhos, basear-se nos preços que propôs, quando
salvo se estes últimos não forem da mesma espécie dos da
sobre eles não exista acordo.
empreitada objecto do contrato.
ARTIGO 216.º
ARTIGO 214.º (Exercício do direito de rescisão)
(Prazo do exercício do direito de rescisão)
1. Verificando-se todas as condições de que depende a
O direito de rescisão deve ser exercido no prazo impror- existência do direito de rescisão, este exerce-se mediante
rogável de trinta dias, contados a partir: requerimento do Empreiteiro, acompanhado de estimativa
a) Da data em que o Empreiteiro seja notificado da do valor dos trabalhos em causa, com a exacta discriminação
decisão do Dono da Obra sobre a reclamação dos preços unitários que lhe serviram de base.
quanto aos erros e omissões do projecto identifi- 2. Recebido o requerimento, o Dono da Obra procede
cados na fase de execução da empreitada ou do à imediata medição dos trabalhos efectuados e toma em
sexagésimo dia a contar da data de apresentação seguida posse da obra.
dessa reclamação, no caso de o Dono da Obra ARTIGO 217.º
(Correcção de preços)
não se ter, entretanto, pronunciado sobre ela;
b) Da data da recepção da ordem escrita para a exe- 1. Quando a assinatura do contrato tenha lugar decor-
cução ou supressão de trabalhos, desde que essa ridos mais de 180 dias sobre a data da apresentação da
proposta, por causas não imputáveis ao Empreiteiro adjudi-
ordem seja acompanhada do projecto, se for
catário, pode este, antes de assinar o contrato, requerer que
caso disso ou da discriminação dos trabalhos a
se proceda à correcção do preço ou dos preços respectivos,
executar ou a suprimir;
com base em fórmulas que as partes para o efeito acordarem
c) Da data da recepção do projecto ou da discrimi- entre si ou, na falta de acordo, por aplicação da fórmula-tipo,
nação dos trabalhos a executar ou a suprimir, prevista na legislação especial sobre revisão de preços, con-
quando tal data não coincidir com a da ordem; siderando-se susceptível de revisão a totalidade de cada um
d) Da data da recepção da comunicação escrita em dos preços a actualizar.
que o Dono da Obra se pronuncie sobre a lista de 2. No caso de não ser admitida a correcção, o adjudicatá-
preços apresentada pelo Empreiteiro. rio pode desistir da empreitada.
6878 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 218.º aos encargos inerentes ao pessoal, a depreciação e a repa-


(Indemnização por redução do valor total dos trabalhos)
ração de instalações, de utensílios e de máquinas e a tudo
1. Sempre que, em consequência de alteração ao projecto o mais necessário para a execução dos trabalhos, desde que
ou de rectificação de erros de previsão ou, ainda, de supres- tais dispêndios sejam feitos de acordo com o Dono da Obra,
são de trabalhos, nos termos do artigo 209.º, o Empreiteiro nos termos estabelecidos no caderno de encargos.
execute um volume total de trabalhos de valor inferior em 2. Não se inclui no custo qualquer encargo administrativo.
mais de 20% aos que foram objecto do contrato, tem direito
ARTIGO 224.º
à indemnização correspondente a 10% do valor da diferença (Encargos administrativos e lucros)
verificada, se outra mais elevada não for estabelecida no
caderno de encargos ou no contrato. A percentagem para a cobertura dos encargos adminis-
2. A indemnização é liquidada na conta final. trativos e da remuneração do Empreiteiro é a que, para cada
caso, se fixar no caderno de encargos.
ARTIGO 219.º
(Esgotos e demolições) ARTIGO 225.º
(Trabalhos a mais ou a menos)
Quaisquer esgotos ou demolições de obras que houver
necessidade de fazer e que não tenham sido previstos no 1. O Empreiteiro não é obrigado a executar trabalhos
contrato são sempre executados pelo Empreiteiro em regime a mais que excedam 1/4 do valor dos trabalhos objecto do
de percentagem. contrato.
ARTIGO 220.º 2. Aplica-se ao contrato o disposto nos artigos 199.º e
(Responsabilidade por erros de execução) 209.º
1. O Empreiteiro é responsável por todas as deficiências ARTIGO 226.º
e os erros relativos à execução dos trabalhos ou à qualidade, (Pagamentos)
à forma e às dimensões dos materiais aplicados, quer nos 1. Salvo o estipulado em contrário, os pagamentos são
casos em que o projecto não fixe as normas a observar, quer feitos mensalmente, com base em factura apresentada pelo
nos casos em que sejam diferentes dos aprovados. Empreiteiro, devidamente visada pelo Fiscal da Obra, cor-
2. A responsabilidade do Empreiteiro cessa quando os respondente ao custo dos trabalhos executados durante o
erros e os vícios de execução tenham resultado de obediên- mês anterior.
cia a ordens ou instruções escritas transmitidas pelo Fiscal 2. A factura deve discriminar todas as parcelas que se
da Obra ou que tenham obtido a concordância expressa
incluem no custo dos trabalhos e deve ser acompanhada dos
deste, através de inscrição no livro de obra.
documentos justificativos necessários.
ARTIGO 221.º
(Efeitos da responsabilidade) ARTIGO 227.º
(Regime subsidiário)
Quem incorrer na responsabilidade estabelecida no
São aplicáveis subsidiariamente a este contrato e em par-
artigo anterior deve custear as obras, as alterações e as repa-
ticular à responsabilidade pela concepção e execução da
rações necessárias à adequada supressão das consequências
da deficiência ou do erro verificado, bem como indemnizar a obra as disposições respeitantes às outras modalidades de
outra parte ou a terceiros pelos prejuízos sofridos. empreitada que não forem incompatíveis com a sua natu-
reza específica.
SECÇÃO V
Empreitada por Percentagem
CAPÍTULO III
ARTIGO 222.º Execução da Empreitada
(Conceito)
SECÇÃO I
1. Diz-se Empreitada por Percentagem o contrato pelo Disposições Gerais
qual o Empreiteiro assume a obrigação de executar a obra
por preço correspondente ao seu custo, acrescido de uma ARTIGO 228.º
(Notificações relativas à execução da empreitada)
percentagem destinada a cobrir os encargos de administra-
ção e a remuneração normal da empresa. 1. As notificações da decisão do Dono da Obra ou do
2. O recurso à modalidade prevista no número anterior seu Fiscal são obrigatoriamente feitas ao Empreiteiro ou seu
depende de prévio despacho de autorização, devidamente representante por escrito e assinadas pelo Fiscal da Obra.
fundamentado do órgão competente para a autorização da 2. A notificação é feita mediante a entrega do texto da
despesa. decisão notificada em duplicado, devolvendo o Empreiteiro
ARTIGO 223.º ou o seu representante um dos exemplares com recibo.
(Custo dos trabalhos) 3. No caso de o notificado se recusar a receber a noti-
1. O custo dos trabalhos é o que resultar da soma dos ficação ou a passar recibo, o Fiscal da Obra lavra auto do
dispêndios correspondentes aos materiais, ao pessoal, à ocorrido, perante duas testemunhas que com ele assinem e
direcção técnica, aos estaleiros, aos transportes, aos seguros, considera feita a notificação.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6879

ARTIGO 229.º ARTIGO 232.º


(Ausência do local da obra do Empreiteiro ou seu representante) (Publicidade)

1. O Empreiteiro ou o seu representante não podem A afixação de publicidade no local dos trabalhos pelo
ausentar-se do local dos trabalhos sem comunicar ao Fiscal Empreiteiro depende da autorização do Dono da Obra.
da Obra, deixando um substituto aceite pelo Dono da Obra. ARTIGO 233.º
2. O Empreiteiro que não possa residir na localidade da (Menções obrigatórias no local dos trabalhos)
obra deve designar um representante com residência perma- Sem prejuízo do disposto em lei especial, o
nente nessa localidade e que disponha de poderes necessários Empreiteiro deve, para efeitos do disposto na alínea e)
para o representar, em todos os actos que requeiram a sua do n.º 2 do artigo 207.º, afixar no local dos trabalhos, de
presença e, ainda, para responder perante a fiscalização pela forma visível, a identificação da obra, do Dono da Obra e do
marcha dos trabalhos. Empreiteiro, com menção do respectivo alvará ou de outro
ARTIGO 230.º título habilitante.
(Segurança e ordem no local dos trabalhos) ARTIGO 234.º
1. O Empreiteiro é obrigado a garantir a segurança e a (Salários)

boa ordem no local dos trabalhos. 1. O Empreiteiro é obrigado a pagar ao pessoal empre-
2. Para efeitos da observância da obrigação de boa gado na obra salários não inferiores à tabela de salários
ordem no local dos trabalhos prevista no número anterior, mínimos que estiver em vigor para o respectivo sector.
o Empreiteiro deve retirar deste local, por sua iniciativa ou 2. A tabela de salários mínimos a que o Empreiteiro se
imediatamente após ordem do Dono da Obra nesse sen- encontra sujeito, depois de autenticada pela fiscalização,
tido, o pessoal que tenha tido comportamento perturbador deve estar afixada de forma bem visível no local da obra.
dos trabalhos, designadamente por menor probidade no 3. A tabela referida no número anterior é também obriga-
desempenho dos respectivos deveres, por indisciplina ou tória para os tarefeiros e Subempreiteiros.
por desrespeito aos representantes, aos agentes do Dono da 4. Sempre que se verifique que o Empreiteiro paga salá-
Obra ou aos representantes ou agentes do Empreiteiro, dos rios de montante inferior ao que está adstrito nos termos da
Subempreiteiros ou de terceiros. respectiva tabela, tal facto deve ser imediatamente comuni-
3. A ordem prevista no número anterior deve ser fun- cado pela fiscalização da obra às autoridades competentes.
damentada por escrito, quando o Empreiteiro o exija, sem ARTIGO 235.º
prejuízo da imediata suspensão do trabalhador ou pessoal (Pagamento dos salários)

em causa. 1. O Empreiteiro deve pagar os salários aos seus traba-


ARTIGO 231.º lhadores, nos termos do disposto na Lei Geral do Trabalho,
(Actos em que é exigida a presença do Empreiteiro) podendo, contudo, proceder a esse pagamento em interva-
1. O Empreiteiro ou o seu representante acompanha os los diferentes quando as circunstâncias locais o imponham,
representantes do Dono da Obra nas visitas de inspecção aos depois de previamente informados os trabalhadores e o
trabalhos, quando para tal seja convocado, bem como em Fiscal da Obra.
todos os actos em que a sua presença for exigida. 2. No decurso da execução da obra, caso o Empreiteiro
2. Sempre que, nos termos da presente Lei ou do con- manifeste a necessidade de obter pagamentos antecipados
trato, deva lavrar-se auto da diligência efectuada, o mesmo para garantir pagamentos de salários, pode excepcional-
deve ser assinado pelo Fiscal da Obra e pelo Empreiteiro ou mente solicitar ao Dono da Obra uma revisão ao plano de
seu representante, ficando um duplicado na posse deste. pagamentos do contrato, apresentando para o efeito uma
3. Se o Empreiteiro ou o seu representante se recusar a proposta de facturação antecipada, exclusivamente relativa
assinar o auto, nele se deve fazer menção disso e do motivo à componente de salários, devidamente discriminada em ter-
do facto, o que deve ser confirmado por duas testemunhas, mos de horas e custos unitários incorridos ou a incorrer.
que também o assinam. ARTIGO 236.º
(Seguros)
4. A infracção ao disposto no presente artigo, bem como
no anterior, é punida com multa no montante correspondente 1. O Empreiteiro deve efectuar, junto de seguradoras
a 1/50 do nível 1 da Tabela de Limites de Valores constan- estabelecidas na República de Angola, os seguintes seguros:
tes do Anexo I da presente Lei, elevada ao dobro em caso de a) Contra acidentes de trabalho e doenças profissio-
reincidência. nais, de todos os trabalhadores ao serviço do
5. A multa contratual referida no número anterior deve Empreiteiro ou que prestem serviço na obra;
ser cobrada pelo Fiscal da Obra e os valores depositados na b) Por danos próprios da obra, pelo valor da emprei-
Conta do Tesouro Nacional, mediante DAR — Documento tada mencionada no respectivo contrato;
de Arrecadação de Receitas, passado em nome do Dono da c) De responsabilidade civil contra terceiros;
Obra. d) De responsabilidade profissional do Empreiteiro.
6880 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O Dono da Obra pode, sempre que o entenda conve- 7. O destino dos estaleiros, dos equipamentos e dos
niente, incluir no caderno de encargos cláusulas relativas a materiais existentes na obra ou a esta destinada regulam-se
seguros de execução da obra. pelas normas aplicáveis no caso da rescisão do contrato pelo
ARTIGO 237.º Empreiteiro.
(Protecção, higiene, saúde e segurança no trabalho) 8. As quantias que, nos termos dos números anteriores,
O Empreiteiro obriga-se a cumprir e a fazer cumprir pelo se apurar serem devidas, são depositadas em instituição de
seu pessoal o disposto na legislação em matéria de protec- crédito, para serem pagas a quem se mostrar com direito.
ção, higiene, saúde e segurança no trabalho. ARTIGO 239.º
(Cessão da posição contratual)
ARTIGO 238.º
(Morte, interdição ou falência do Empreiteiro) 1. O Empreiteiro não pode ceder a sua posição contratual
1. Se, depois de assinado o contrato, o Empreiteiro fale- na empreitada, no todo ou em parte, sem prévia autorização
cer ou, por sentença judicial, for interdito, inabilitado ou do Dono da Obra.
declarado em estado de falência ou insolvência, o contrato 2. Salvo casos especiais, a cessão da posição contratual
caduca. de empreitadas só deve ser autorizada na totalidade.
3. O Dono da Obra não pode, sem a concordância do
2. O Dono da Obra pode, segundo a sua conveniência,
Empreiteiro, retirar da empreitada quaisquer trabalhos ou
aceitar que os herdeiros do Empreiteiro falecido tomem
parte da obra para os fazer executar por outrem.
sobre si o encargo do seu cumprimento, desde que se habili-
4. Se o Empreiteiro ceder a sua posição contratual na
tem, para o efeito, nos termos legais.
empreitada sem observância do disposto no n.º 1, pode o
3. O Dono da Obra pode também, de acordo com a sua
Dono da Obra rescindir o contrato.
conveniência, quando o Empreiteiro se apresente ao tribu-
5. Se o Dono da Obra deixar de cumprir o disposto no
nal para declaração de falência e tenha o acordo de credores,
n.º 3, tem o Empreiteiro o direito de rescindir o contrato.
aceitar que a execução do contrato continue com a sociedade
SECÇÃO II
formada pelos credores, a requerimento destes e conquanto Consignação da Obra
as obras não tenham sofrido interrupções.
4. Verificada a caducidade do contrato, procede-se à ARTIGO 240.º
(Conceito e efeitos da Consignação da Obra)
medição dos trabalhos efectuados e à sua liquidação pelos
preços unitários respectivos, se existirem ou, no caso contrá- Chama-se Consignação da Obra ao acto pelo qual o repre-
rio, pelos que forem fixados por acordo, por arbitragem ou sentante do Dono da Obra faculta ao Empreiteiro os locais
onde tenham de ser executados os trabalhos e as peças escri-
judicialmente, observando-se, na parte aplicável, as disposi-
tas ou desenhadas complementares do projecto que sejam
ções relativas à recepção e liquidação da obra, precedendo
necessárias para que possa proceder-se a essa execução.
inquérito administrativo.
5. Por virtude da caducidade, os herdeiros ou os credores ARTIGO 241.º
(Prazo para a execução da obra e sua prorrogação)
têm direito à seguinte indemnização:
1. O prazo fixado no contrato para a execução da obra
a) A 5% do valor dos trabalhos não efectuados, se a
começa a contar a partir da data da consignação, quando
morte ou falência ocorrer durante a execução do
outra não for especialmente expressa no contrato.
contrato;
2. Sempre que, por solicitação do Dono da Obra ou em
b) O valor correspondente às despesas comprovada-
virtude de deferimento de reclamação do Empreiteiro, tenha
mente efectuadas para a execução do contrato, lugar à execução de trabalhos a mais, o prazo contratual
de que os futuros executantes possam ter pro- para a conclusão da obra é prorrogado a requerimento do
veito e que não sejam cobertas pela aquisição Empreiteiro.
dos estaleiros, equipamentos e materiais a que 3. O cálculo da prorrogação do prazo prevista no número
se refere o n.º 7, no caso da morte ou da falência anterior é feito:
ocorrerem antes do início dos trabalhos. a) Sempre que se trate de trabalhos a mais da mesma
6. Não há, contudo, lugar a qualquer indemnização: espécie dos definidos no contrato, proporcional-
a) Se a falência for classificada culposa ou fraudu- mente ao que estiver estabelecido nos prazos
lenta; parcelares da execução constantes do plano de
b) Se se provar que a impossibilidade de solver os trabalhos aprovado e atendendo ao seu enqua-
compromissos existia já à data da apresentação dramento geral na empreitada;
da proposta; b) Quando os trabalhos forem de espécie diversa dos
c) Se os herdeiros ou os credores do Empreiteiro não que constam no contrato, por acordo entre o
se habilitarem a tomar sobre si o encargo do Dono da Obra e o Empreiteiro, considerando as
cumprimento do contrato. particularidades técnicas da execução.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6881

ARTIGO 242.º 2. Todo o retardamento das consignações que, não sendo


(Prazo da consignação)
imputável ao Empreiteiro, obste ao início da execução da
1. No prazo máximo de 30 dias contados da data da assi- empreitada ou de que resulte a interrupção da obra ou per-
natura do contrato, deve fazer-se a consignação da obra,
turbação do normal desenvolvimento do plano de trabalhos,
comunicando-se ao Empreiteiro, por carta registada com
aviso de recepção, o dia, a hora e o lugar em que deve dá ao Empreiteiro o direito de ser indemnizado pelos danos
apresentar-se. sofridos, como consequência necessária desse facto.
2. Quando o Empreiteiro não compareça no dia fixado e 3. Se, nos casos previstos nos números anteriores, o
não tenha justificado a falta, é-lhe marcado pela entidade que retardamento da consignação for devido a caso fortuito ou
deve proceder à consignação um novo prazo improrrogável, de força maior, a indemnização a pagar ao Empreiteiro limi-
para se apresentar e, se no decurso dele, não comparecer,
tar-se-á aos danos emergentes.
caduca o contrato, respondendo o Empreiteiro civilmente
pela diferença entre o valor da empreitada no contrato cadu- ARTIGO 245.º
cado e aquele por que a obra vier a ser de novo adjudicada, (Auto da consignação)

com perda definitiva da caução. 1. Da consignação é lavrado auto, no qual se deve fazer
3. Se, dentro do prazo aplicável referido no n.º 1, não referência ao contrato e nele deve mencionar-se o seguinte:
estiverem ainda na posse do Dono da Obra todos os terrenos
a) As modificações que, em relação ao projecto, se
necessários para a execução dos trabalhos, faz-se a consig-
nação logo que essa posse seja adquirida. verifiquem ou se tenham dado no local em que
os trabalhos hão-de ser executados e que possam
ARTIGO 243.º
(Consignações parciais) influir no seu custo;
1. Nos casos em que, pela extensão e importância da b) As operações executadas ou a executar, tais como
obra, as operações de consignação sejam demoradas ou não restabelecimento de traçados, implantação de
possam efectuar-se logo na totalidade por qualquer outra cir- obras e colocação de referências;
cunstância, pode o Dono da Obra proceder a consignações c) Os terrenos e as construções de que se dê posse ao
parciais, começando pelos terrenos que, com base nas peças Empreiteiro;
escritas ou desenhadas, permitam o início dos trabalhos, d) Quaisquer peças escritas ou desenhadas, comple-
desde que esteja assegurada a posse dos restantes elementos
mentares do projecto que no momento forem
em tempo que garanta a não interrupção da empreitada e o
entregues ao Empreiteiro;
normal desenvolvimento do plano de trabalhos.
2. Se se realizarem consignações parciais, a data do iní- e) As reclamações ou as reservas apresentadas pelo
cio da execução da obra é a da primeira consignação parcial, Empreiteiro, relativamente ao acto da consigna-
desde que a falta de oportuna entrega de terrenos ou peças ção e os esclarecimentos que forem prestados
escritas e desenhadas não determine qualquer interrupção da pelo representante do Dono da Obra.
obra ou não prejudique o normal desenvolvimento do plano 2. O auto da consignação deve ser lavrado em duplicado
de trabalhos. e assinado pelo representante do Dono da Obra que fizer a
3. Se, no caso do número anterior, a falta de oportuna consignação e pelo Empreiteiro ou representante deste.
entrega de terrenos ou peças escritas ou desenhadas do pro- 3. Nos casos de consignação parcial devem lavrar-se tan-
jecto determinar qualquer interrupção da obra ou prejudicar tos autos quantas as consignações.
o normal desenvolvimento do plano de trabalhos, considera-
ARTIGO 246.º
-se iniciada a obra na data da última consignação parcial, (Modificação das condições locais e suspensão do acto da consignação)
podendo, no entanto, o prazo ser alterado, por acordo entre o
Dono da Obra e o Empreiteiro, em correspondência com os 1. Quando se verifiquem, entre as condições locais exis-
volumes de trabalho a realizar a partir dessa data. tentes e as previstas no projecto ou nos dados que serviram
de base à sua elaboração, diferenças que possam determi-
ARTIGO 244.º
(Retardamento da consignação) nar a necessidade de um projecto de alteração, o acto de
1. O Empreiteiro pode rescindir o contrato: consignação é suspenso na parte relativa a tais diferenças,
a) Se não for feita a consignação no prazo de 6 meses podendo, no entanto, prosseguir quanto às zonas da obra que
contados a partir da data em que esta deve ser não sejam afectadas pelo projecto de alterações, desde que
efectuada; se verifiquem as condições estabelecidas para a realização
b) Se, tiverem sido feitas uma ou mais consignações de consignações parciais.
parciais, o retardamento da consignação ou das 2. A consignação suspensa só pode prosseguir depois de
consignações subsequentes implicar a interrup- terem sido notificadas ao Empreiteiro as alterações introdu-
ção dos trabalhos por mais de 6 meses, seguidos zidas no projecto, elaborando-se, para o efeito, o respectivo
ou interpolados. auto.
6882 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 247.º 3. O Dono da Obra deve pronunciar-se sobre o plano


(Reclamação do Empreiteiro) de trabalhos no prazo máximo de 30 dias, podendo intro-
1. O Empreiteiro deve exarar as suas reclamações no duzir-lhe as modificações que considere convenientes, mas
próprio auto de consignação, podendo limitar-se a enunciar não lhe sendo todavia permitido, salvo acordo prévio com
o seu objecto e a reservar o direito de apresentar por escrito o Empreiteiro, alterá-lo nos pontos que tenham constituído
condição essencial de validade da proposta do Empreiteiro.
exposição fundamentada no prazo de 10 dias.
4. Caso o Dono da Obra não se pronuncie sobre o plano
2. Se o Empreiteiro não proceder como se dispõe no de trabalhos proposto no prazo referido no número anterior,
número anterior, toma-se como definitivos os resultados do este considera-se definitivamente aprovado.
auto, sem prejuízo, todavia, da possibilidade de reclamar 5. Aprovado o plano de trabalhos, com ele se deve con-
contra erros ou omissões do projecto, se for caso disso. formar a execução da obra.
3. A reclamação exarada ou enunciada no auto é deci- ARTIGO 250.º
dida pelo Dono da Obra no prazo de 20 dias, a contar da (Modificação do plano de trabalhos)

data do auto ou da entrega da exposição, conforme os casos 1. O Dono da Obra pode alterar, em qualquer momento,
e com essa decisão tem o Empreiteiro de conformar-se para o plano de trabalhos em vigor, ficando o Empreiteiro com o
direito a ser indemnizado dos danos sofridos em consequên-
o efeito de prosseguimento dos trabalhos.
cia dessa alteração.
4. Atendida pelo Dono da Obra a reclamação, considera-
2. O Empreiteiro pode, em qualquer momento, propor
-se como não efectuada a consignação na parte em relação à modificações ao plano de trabalhos ou apresentar outro para
qual deveria ter sido suspensa. substituir o vigente, fundamentando a sua proposta, sendo
5. Presume-se atendida a reclamação não decidida no a modificação ou o novo plano aceites desde que deles não
prazo fixado no n.º 3. resulte prejuízo para a obra ou a prorrogação dos prazos de
execução.
ARTIGO 248.º
(Indemnização) ARTIGO 251.º
(Atraso no cumprimento do plano de trabalhos)
1. Se, no caso de o Empreiteiro querer usar o direito
de rescisão por retardamento do acto da consignação, esse 1. Se o Empreiteiro, injustificadamente, retardar a exe-
cução dos trabalhos previstos no plano em vigor, de modo a
direito lhe for negado pelo Dono da Obra e posteriormente
pôr em risco a conclusão da obra dentro do prazo resultante
se verificar, pelos meios competentes, que tal negação não
do contrato, o Fiscal da Obra pode notificá-lo para apresen-
era legítima, deve o Dono da Obra indemnizá-lo dos danos
tar, nos 15 dias seguintes, o plano dos diversos trabalhos
resultantes do facto de não haver podido exercer o seu direito
que, em cada um dos meses seguintes, conta executar, com
oportunamente. indicação dos meios de que se vai servir.
2. A indemnização deve limitar-se aos danos emergentes 2. Se o Empreiteiro não cumprir a notificação prevista
do cumprimento do contrato que não derivem de originá- no número anterior ou se a resposta for dada em termos
ria insuficiência dos preços unitários da proposta ou dos pouco precisos ou insatisfatórios, o Fiscal da Obra, quando
erros desta e só é devida quando o Empreiteiro, na reclama- autorizado pelo Dono da Obra, deve elaborar novo plano de
ção formulada no auto de consignação, tenha manifestado trabalhos, acompanhado de uma memória justificativa da
expressamente a sua vontade de rescindir o contrato, especi- sua viabilidade e deve notificar o Empreiteiro.
ficando o fundamento legal. 3. Nos casos previstos no número anterior, o plano de
SECÇÃO III trabalhos deve fixar o prazo suficiente para o Empreiteiro
Plano de Trabalhos proceder ao reajustamento ou à organização dos estaleiros
necessários à execução do plano notificado.
ARTIGO 249.º
(Objecto e aprovação do plano de trabalhos) 4. Se o Empreiteiro não der cumprimento ao plano de
trabalhos, por si próprio apresentado ou que lhe tenha sido
1. O plano de trabalhos destina-se à fixação da ordem,
notificado, nos termos dos números antecedentes, pode o
da sequência, do prazo e do ritmo de execução de cada uma
Dono da Obra requerer a posse administrativa das obras,
das espécies de trabalhos que constituem a empreitada e a
bem como dos materiais, das edificações, dos estaleiros, das
especificação dos meios com que o Empreiteiro se propõe
ferramentas, das máquinas e dos veículos nelas existentes,
executá-los e deve incluir, obrigatoriamente, o respectivo encarregando pessoa idónea da gerência e administração
plano de pagamentos, com a previsão do escalonamento e da empreitada por conta do Empreiteiro e procedendo aos
da periodicidade dos mesmos durante o prazo contratual. inventários, às medições e às avaliações necessárias.
2. No prazo estabelecido no caderno de encargos ou no 5. Cumprido o que se dispõe no número anterior, a
contrato e que não pode exceder 90 dias, contados a partir empreitada continua assim administrada até à conclusão dos
da data da consignação, o Empreiteiro deve apresentar ao trabalhos ou é posta de novo em praça, em qualquer altura da
representante do Dono da Obra, para aprovação, o seu plano sua execução, conforme for mais conveniente aos interesses
definitivo de trabalhos. do Dono da Obra.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6883

6. Em ambos os casos de que trata o número antece- ção do disposto no n.º 1 ou executados em desconformidade
dente, qualquer excesso de despesa ou aumento de preços com os elementos nele referido.
que se verifique é pago por conta das verbas que se deve- ARTIGO 254.º
rem ao Empreiteiro e pelas cauções prestadas, sem prejuízo (Demora na entrega dos elementos necessários
do direito que ao Dono da Obra assiste de se fazer pagar para a execução e medição dos trabalhos)
mediante todos os bens daquele, se as referidas quantias Se a demora na entrega dos elementos técnicos mencio-
forem insuficientes. nados no n.º 1 do artigo anterior implicar a suspensão ou a
7. Se da administração por terceiros ou do procedimento interrupção dos trabalhos ou o abrandamento do ritmo da
adoptado resultar qualquer economia, pertence esta ao Dono sua execução, procede-se segundo o disposto para os casos
da Obra e nunca ao Empreiteiro, ao qual devem ser, neste de suspensão dos trabalhos pelo Dono da Obra.
caso, restituídos o depósito de garantia e as quantias retidas
ARTIGO 255.º
logo que, decorridos os prazos de garantia, a obra se encon- (Objectos de arte e antiguidades)
tre em condições de ser definitivamente recebida.
1. Todos os objectos de arte, antiguidades, as moedas e
8. No caso previsto no número anterior, tem o Empreiteiro
quaisquer substâncias minerais ou de outra natureza, com
ainda direito a ser pago, das importâncias correspondentes à
valor histórico, arqueológico ou científico, encontrados
amortização do seu equipamento durante o período em que
nas escavações ou demolições, devem ser entregues, pelo
foi utilizado depois da posse administrativa ou do valor do
aluguer estabelecido para a utilização desse equipamento Empreiteiro, ao Fiscal da Obra, por auto, onde conste espe-
pelo novo Empreiteiro, na medida em que a economia obtida cificamente a natureza da entrega.
o permita. 2. Quando a extracção ou a desmontagem dos objectos
9. No caso previsto no n.º 4, pode também o Dono da envolverem trabalhos, conhecimentos ou processos especia-
Obra, quando o julgue preferível, optar pela rescisão pura e lizados, o Empreiteiro deve comunicar o achado ao Fiscal da
simples do contrato, com perda do Empreiteiro da caução ou Obra e suspender a execução da obra até receber as instru-
garantia prestada e das quantias retidas. ções necessárias.
SECÇÃO IV 3. O descaminho ou a destruição de objectos compreen-
Execução dos Trabalhos didos entre os mencionados no presente artigo devem ser
ARTIGO 252.º
participados pelo Dono da Obra ao Ministério Público para
(Data do início dos trabalhos) o competente procedimento criminal.
1. Os trabalhos devem iniciar na data fixada no respec- 4. De todos os achados deve o Dono da Obra dar conhe-
tivo plano. cimento à entidade competente do Executivo.
2. O Dono da Obra pode consentir que os trabalhos sejam SECÇÃO V
iniciados em data posterior, quando o Empreiteiro alegue e Materiais
prove os motivos do atraso. ARTIGO 256.º
3. Caso o Empreiteiro não inicie os trabalhos de acordo (Preferência dos produtos nacionais)
com o plano, nem obtenha adiamento, o Dono da Obra pode 1. Em caso de equivalência de preço e de qualidade, o
rescindir o contrato ou optar pela aplicação da multa contra- Empreiteiro, salvo estipulações expressas em contrário,
tual, por cada dia de atraso, correspondente a um por mil do deve dar preferência, para aplicação na obra, aos materiais
valor de adjudicação, se outro montante não estiver estabe-
produzidos pela indústria nacional.
lecido no caderno de encargos.
2. A qualidade dos materiais nacionais ou importados
4. No caso de rescisão do contrato, são aplicáveis as nor-
deve ser devidamente comprovada pelo Laboratório de
mas prescritas para a não comparência do Empreiteiro ao
Engenharia de Angola ou outra entidade indicada para o
acto de consignação.
efeito.
ARTIGO 253.º
(Elementos necessários para a execução e medição dos trabalhos)
3. Para efeitos do disposto no número anterior, o Dono
da Obra deve exigir sempre ao Empreiteiro a prévia apre-
1. Nenhum elemento da obra pode ser começado sem
sentação dos comprovativos de qualidade dos materiais
que ao Empreiteiro tenham sido entregues, devidamente
nacionais ou importados.
autenticados, os planos, os perfis, os alçados, os cortes, as
cotas de referência e as demais indicações necessárias para ARTIGO 257.º
(Especificações)
perfeita identificação e execução da obra, de acordo com o
projecto ou suas alterações e para a exacta medição dos tra- 1. Todos os materiais que se empregarem nas obras
balhos, quando estes devem ser pagos por medições. devem ter a qualidade, as dimensões, a forma e as demais
2. Devem ser demolidos e reconstruídos pelo Empreiteiro, características designadas no respectivo projecto, com as
à sua custa, sempre que isso lhe seja ordenado por escrito, tolerâncias regulamentares ou admitidas no caderno de
todos os trabalhos que tenham sido realizados com infrac- encargos.
6884 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Sempre que o Empreiteiro julgue que as características ARTIGO 259.º


(Contratação dos fornecimentos)
dos materiais fixados no projecto ou no caderno de encargos
não são tecnicamente aconselháveis ou as mais convenien- 1. Quando no projecto, no caderno de encargos ou no
tes, deve comunicar o facto ao Fiscal da Obra e elaborar uma contrato não se fixarem pedreiras, burgaleiras ou areeiros de
proposta fundamentada da alteração. onde o Empreiteiro possa extrair os materiais necessários
para a construção, este tem a obrigação de obter, utilizando
3. No caso previsto no número anterior, a proposta deve
os meios legais à sua disposição, os materiais de que neces-
ser acompanhada de todos os elementos técnicos necessá-
sita para a realização da empreitada, responsabilizando-se
rios para a aplicação dos novos materiais e da execução dos
pela extracção, transporte e depósitos dos materiais.
trabalhos correspondentes, bem como da alteração de pre-
2. No caso previsto no número anterior, o Empreiteiro
ços a que a aplicação daqueles materiais possa dar lugar e do deve apresentar, quando lhe seja exigido pelo Dono da Obra
prazo em que o Dono da Obra deve pronunciar-se. ou seus representantes, os contratos ou ajustes que, para o
4. Se o Dono da Obra não se pronunciar sobre a proposta efeito, tiver celebrado com os proprietários.
no prazo nela indicado e não ordenar por escrito a suspen- 3. Enquanto durarem os trabalhos de empreitada, os
são dos respectivos trabalhos, o Empreiteiro deve utilizar os terrenos por onde se tenha de fazer o acesso aos locais de
materiais previstos no projecto ou no caderno de encargos. exploração de pedreiras, de burgaleiras ou de areeiros, ficam
5. Sempre que o projecto, o caderno de encargos ou o sujeitos ao regime legal de servidão temporária.
contrato não fixem as características dos materiais, a esco- ARTIGO 260.º
lha dos mesmos cabe ao Empreiteiro, o qual deve, em todo o (Novos locais de exploração)

caso, respeitar as respectivas normas oficiais e as caracterís- Se, durante a execução dos trabalhos, o Dono da Obra,
ticas habituais em obras análogas. por motivos alheios a esta, tiver necessidade ou conveniên-
6. O aumento ou a diminuição de encargos resultante cia de aplicar materiais provenientes de locais diversos dos
de alteração das características técnicas dos materiais deve fixados no projecto, no caderno de encargos, no contrato
ser, respectivamente, acrescido ou deduzido ao preço da ou dos escolhidos pelo Empreiteiro, pode ordená-lo, desde
empreitada. que proceda à rectificação do custo dos trabalhos onde esses
materiais sejam aplicados.
ARTIGO 258.º
(Exploração de pedreiras, burgaleiras, areeiros e semelhantes) ARTIGO 261.º
(Materiais pertencentes ao Dono da Obra ou provenientes
1. Os materiais a aplicar na obra, provenientes da de outras obras ou demolições)
exploração de pedreiras, de burgaleiras, de areeiros ou de 1. Se o Dono da Obra julgar conveniente empregar nela
semelhantes, são, em regra, extraídos nos locais fixados no materiais que lhe pertençam, provenientes de demolições
projecto, no caderno de encargos ou no contrato e, quando ou de outras obras é o Empreiteiro obrigado a fazê-lo, des-
tal exploração não for especificamente imposta, noutros que contando-se, se for caso disso, no preço da empreitada, o
mereçam a preferência do Empreiteiro, sendo, neste caso, respectivo custo ou rectificando-se o preço dos trabalhos em
a aplicação dos materiais precedida de aprovação do Fiscal que devam utilizar-se.
da Obra. 2. O disposto no número anterior não é aplicável se o
2. Se a execução da obra tornar necessário que o Empreiteiro demonstrar já ter adquirido os materiais neces-
Empreiteiro passe a extrair todos ou alguns dos materiais sários para a execução dos trabalhos ou na medida em que
em lugares diferentes dos fixados no projecto, caderno de o tiver feito.
encargos ou contrato, deve proceder-se à rectificação dos ARTIGO 262.º
(Aprovação de materiais)
custos dos trabalhos onde esses materiais são aplicados,
aumentando-se ou deduzindo-se o acréscimo ou a redução 1. Sempre que deva ser verificada a conformidade das
características dos materiais a aplicar com as estabeleci-
de encargos consequentes da transferência dos locais de
das no projecto, no caderno de encargos ou no contrato,
extracção.
o Empreiteiro deve submeter os materiais à aprovação do
3. Quando a extracção dos materiais for feita em locais
Fiscal da Obra, que os deve submeter a exame no Laboratório
escolhidos pelo Empreiteiro, a sua transferência não deter-
de Engenharia de Angola ou outra entidade indicada para o
mina qualquer alteração do custo dos trabalhos, salvo nos efeito.
casos previstos nos artigos seguintes ou se resultar da impo- 2. Em qualquer momento, pode o Empreiteiro solicitar
sição pelo dono ou pelo Fiscal da Obra da aplicação de a aprovação referida no número anterior, a qual se con-
materiais com características diferentes das fixadas no pro- sidera concedida se o Fiscal da Obra não se pronunciar
jecto ou no caderno de encargos. nos 10 dias subsequentes, a não ser que os ensaios exi-
4. Para rectificação do custo dos trabalhos devem seguir- jam período mais longo, facto que, naquele prazo, deve ser
-se as disposições relativas às alterações do projecto. comunicado ao Empreiteiro.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6885

3. O Empreiteiro é obrigado a fornecer as amostras de ARTIGO 266.º


(Substituição de materiais)
materiais que forem solicitadas pelo Fiscal da Obra para
serem submetidas a exame no Laboratório de Engenharia de 1. Devem ser rejeitados, removidos para fora da zona
Angola ou outra entidade indicada para o efeito. dos trabalhos e substituídos por outros, com os necessários
4. A colheita e a remessa das amostras devem ser feitas requisitos os materiais que:
de acordo com as normas oficiais em vigor ou com outras a) Sejam diferentes dos aprovados;
que, porventura, sejam impostas pelo contrato. b) Não tenham sido aplicados em conformidade
5. O caderno de encargos da empreitada deve especifi- com as especificações técnicas do contrato ou,
car os ensaios, cujo custo de realização deva ser suportado na falta destas, com as normas ou os processos
pelo Empreiteiro, entendendo-se, em caso de omissão, que a observar e que não possam ser utilizados de
os encargos com a realização dos ensaios são da conta do novo.
Dono da Obra. 2. As demolições, a remoção e a substituição dos mate-
ARTIGO 263.º riais são de conta do Empreiteiro.
(Reclamação contra a não aprovação de materiais) 3. Se o Empreiteiro entender que não se verificam as
1. Se for negada a aprovação e o Empreiteiro enten- hipóteses previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1, pode pedir a
der que deveria ter sido concedida pelo facto dos materiais colheita de amostras e reclamar.
satisfazerem as condições do contrato, pode pedir a imediata ARTIGO 267.º
colheita de amostras e apresentar ao Fiscal da Obra a sua (Depósito de materiais não destinados à obra)
reclamação fundamentada, no prazo de cinco dias.
O Empreiteiro não pode depositar nos estaleiros, sem
2. Considera-se deferida a reclamação, se o Fiscal da
Obra não se pronunciar sobre ela nos 5 dias subsequentes, autorização do Fiscal da Obra, os materiais ou os equipa-
a não ser que exijam período mais longo, quaisquer novos mentos que não se destinem à execução dos trabalhos da
ensaios a realizar, facto que, naquele prazo, deve comunicar empreitada.
ao Empreiteiro. ARTIGO 268.º
3. Em caso de indeferimento pelo Fiscal da Obra, cabe (Remoção de materiais)
recurso hierárquico, para a instrução do qual se pode proce- 1. Se o Empreiteiro não retirar dos estaleiros, no prazo
der a novos ensaios. que o Fiscal da Obra fixar, de acordo com as circunstâncias,
4. O Empreiteiro tem direito a ser indemnizado pelo os materiais definitivamente reprovados ou rejeitados e os
prejuízo sofrido e pelo aumento de encargos resultante da
materiais ou o equipamento que não respeitem à obra, pode
obtenção e aplicação de outros materiais quando, pelos
o fiscal fazê-los transportar para onde mais lhe convenha,
meios competentes, venha, a final, a ser reconhecida a pro-
cedência da sua reclamação. pagando o que necessário for, tudo à custa do Empreiteiro.
5. Os encargos com os novos ensaios a que a reclamação 2. Depois de terminada a obra, o Empreiteiro é obrigado
do Empreiteiro dê origem impendem sobre a parte que não a remover do local, no prazo fixado pelo caderno de encar-
tiver razão. gos, os restos dos materiais, os entulhos, os equipamentos,
ARTIGO 264.º
os andaimes e tudo o mais que tenha servido para a execução
(Efeitos da aprovação dos materiais) dos trabalhos e, se o não fizer, o Dono da Obra deve mandar
1. Aprovados os materiais postos ao pé da obra, não proceder à remoção, à custa do Empreiteiro.
podem os mesmos ser posteriormente rejeitados, salvo se SECÇÃO VI
Fiscalização
ocorrerem circunstâncias que modifiquem a sua qualidade.
2. No acto da aprovação dos materiais, pode o Empreiteiro ARTIGO 269.º
exigir que se colham amostras de quaisquer deles. (Fiscalização e agentes)
3. Se a modificação da qualidade dos materiais for devida 1. A execução dos trabalhos é fiscalizada pelos represen-
a circunstâncias imputáveis ao Empreiteiro, deve este subs- tantes do Dono da Obra que este, para tal efeito, designe.
titui-los à sua custa mas, se for devida a caso de força maior, 2. Quando a fiscalização seja constituída por dois ou
devem as despesas ser partilhadas entre o Empreiteiro e o mais representantes, o Dono da Obra designa um deles para
Dono da Obra. chefiar, como Fiscal da Obra, e, sendo um só, a este com-
ARTIGO 265.º preende tais funções.
(Aplicação dos materiais) 3. A obra e o Empreiteiro ficam também sujeitos à fisca-
1. Os materiais devem ser aplicados pelo Empreiteiro lização que, nos termos da legislação em vigor, incumbe a
em absoluta conformidade com as especificações técnicas outras entidades.
do contrato. 4. A fiscalização referida no número anterior deve exer-
2. Na falta de especificações devem ser observadas as cer-se de modo a que:
normas oficiais em vigor ou, se estas não existirem, os pro- a) Seja dado prévio conhecimento ao Fiscal da Obra
cessos propostos pelo Empreiteiro e aprovados pelo Dono da efectivação de qualquer diligência no local de
da Obra, sob proposta do Fiscal da Obra. trabalho;
6886 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) Sejam, imediatamente e por escrito, comunicadas que surjam ou lhe sejam colocadas pelo Emprei-
ao Fiscal da Obra todas as ordens dadas e noti- teiro e providenciar, no que seja necessário, para
ficações ao Empreiteiro que possam influir no o bom andamento dos trabalhos, para a perfeita
normal desenvolvimento dos trabalhos. execução, segurança e qualidade da obra e faci-
5. O fiscal nomeado para a obra não pode, em circunstân- lidade das medições;
cia alguma, ser o Projectista da obra. n) Transmitir ao Empreiteiro as ordens do Dono da
6. As regras aplicáveis à determinação do preço para
Obra e verificar o seu correcto cumprimento;
Fiscalização das Empreitadas de Obras Públicas são as
o) Praticar todos os demais actos previstos em outros
definidas em acto normativo específico do Presidente da
preceitos da presente Lei.
República.
ARTIGO 271.º
ARTIGO 270.º
(Função da fiscalização nas empreitadas por percentagem)
(Função da fiscalização)
À fiscalização incumbe acompanhar e verificar o exacto Quando se trate de trabalhos realizados por percentagem,
cumprimento do projecto, as alterações do contrato, do a fiscalização, além de promover o necessário para que a
caderno de encargos e do plano de trabalhos em vigor, e obra se execute com perfeição e dentro da maior economia
designadamente: possível, deve:
a) Verificar a implantação da obra de acordo com as a) Acompanhar todos os processos de aquisição de
referências necessárias, fornecidas ao Emprei- materiais e tomar as providências que sobre os
teiro; mesmos se mostrem aconselháveis ou se tornem
b) Verificar a exactidão ou o erro eventual das necessárias, designadamente sugerindo ou orde-
previsões do projecto, em especial, e com a nando a consulta e a aquisição a empresas que
colaboração do Empreiteiro, no que respeita às possam oferecer melhores condições de forneci-
condições do terreno; mento, quer em qualidade, quer em preço;
c) Aprovar os materiais a aplicar, sujeitando a exame b) Vigiar todos os processos de execução, sugerindo
os que devam sê-lo, pelo Laboratório de Enge- ou ordenando, neste caso com a necessária jus-
nharia de Angola ou outra entidade autorizada; tificação, a opção pelos que conduzam a maior
d) Vigiar os processos de execução; perfeição ou economia;
e) Verificar as características dimensionais da obra; c) Visar todos os documentos de despesa, quer de
f) Verificar, em geral, o modo como são executados
materiais, quer de salários;
os trabalhos;
d) Velar pelo conveniente acondicionamento dos
g) Verificar a observância dos prazos estabelecidos;
materiais e pela sua guarda e aplicação;
h) Proceder às medições necessárias e verificar o
e) Verificar toda a contabilidade da obra, impondo a
estado de adiantamento dos trabalhos;
efectivação dos registos que considere necessá-
i) Averiguar se foram infringidas quaisquer dispo-
rios.
sições do contrato e das leis e regulamentos
aplicáveis; ARTIGO 272.º
(Modo de actuação da fiscalização)
j) Verificar se os trabalhos são executados pela ordem
e com os meios estabelecidos no respectivo 1. Para a realização das suas incumbências, a fiscalização
plano; deve dar ordens ao Empreiteiro, fazer-lhe avisos e notifica-
k) Comunicar ao Empreiteiro as alterações introduzi- ções, proceder a verificações e a medições e praticar todos
das no plano de trabalhos pelo Dono da Obra e a os demais actos necessários.
aprovação das propostas pelo Empreiteiro; 2. Os actos referidos no número anterior só podem
l) Informar da necessidade ou conveniência do provar-se, contra ou a favor do Empreiteiro, mediante docu-
estabelecimento de novas serventias ou da mento escrito.
modificação das previstas e da realização de 3. A fiscalização deve processar-se sempre de modo a não
quaisquer aquisições ou expropriações, pronun- perturbar o andamento normal dos trabalhos e sem diminuir
ciar-se sobre todas as circunstâncias que, não a iniciativa e correlativa responsabilidade do Empreiteiro.
havendo sido previstas no projecto, confiram a ARTIGO 273.º
terceiro o direito a indemnização e informar das (Reclamação contra ordens recebidas)

consequências contratuais e legais desses factos; 1. Se o Empreiteiro reputar ilegal, contrária ao contrato
m) Resolver, quando forem da sua competência ou ou perturbadora dos trabalhos qualquer ordem recebida,
submeter, com a sua informação, no caso contrá- deve apresentar ao Fiscal da Obra, no prazo de cinco dias, a
rio, à decisão do Dono da Obra todas as questões sua reclamação, em cujo duplicado é passado recibo.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6887

2. Se a ordem não tiver sido da autoria do Fiscal da Obra, ções a introduzir no projecto, o Fiscal da Obra pode, obtida
este deve encaminhar imediatamente a reclamação para a a necessária autorização, suspendê-los, temporariamente, no
entidade competente, pedindo as necessárias instruções. todo ou em parte.
3. O Fiscal da Obra deve notificar o Empreiteiro, no 2. No caso de qualquer demora na suspensão envolver
prazo de 30 dias, da decisão tomada, correspondendo o seu perigo iminente ou prejuízos graves para o interesse público,
silêncio ao deferimento da reclamação. a fiscalização pode ordenar, sob sua responsabilidade, a sus-
4. Em casos de urgência ou de perigo iminente, pode o pensão imediata dos trabalhos, informando, desde logo, do
Fiscal da Obra confirmar por escrito a ordem sobre a qual facto ao Dono da Obra.
incide a reclamação, exigindo o seu imediato cumprimento. ARTIGO 277.º
5. Nos casos previstos no número anterior, bem como (Autos de suspensão)
quando a reclamação for indeferida, o Empreiteiro é obri- 1. Tanto nos casos previstos no artigo anterior como em
gado a cumprir prontamente a ordem, tendo direito a ser quaisquer outros em que o Dono da Obra ordene a suspen-
indemnizado do prejuízo e do aumento de encargos que são, a fiscalização, com a assistência do Empreiteiro ou seu
suporte, se vier a ser reconhecida a procedência da sua representante, deve lavrar o auto no qual fiquem exaradas as
reclamação. causas que a determinaram, a decisão superior que a auto-
6. Das decisões do Fiscal da Obra sobre reclamações do rizou ou aos motivos de perigo iminente ou prejuízo grave
Empreiteiro ou do seu representante cabe sempre recurso que conduziram a actuar sem autorização, os trabalhos que
hierárquico para o órgão de que ele depender, o qual tem abrange e o prazo de duração previsto.
efeito meramente devolutivo. 2. O Empreiteiro ou o seu representante têm o direito
ARTIGO 274.º de fazer exarar, no auto, qualquer facto que reputem conve-
(Falta de cumprimento da ordem)
niente à defesa dos seus interesses.
1. Se o Empreiteiro não cumprir ordem legal, dimanada 3. O auto de suspensão deve ser lavrado em duplicado
do Fiscal da Obra, dada por escrito sobre matéria relativa à e assinado pelo Fiscal da Obra e pelo Empreiteiro ou repre-
execução da empreitada, nos termos contratuais e não hou- sentante deste.
ver sido absolutamente impedido de o fazer por caso de 4. Se o Empreiteiro ou o seu representante, se recusar a
força maior, assiste ao Dono da Obra o direito de, se assim assinar o auto, deve proceder-se de acordo com o disposto
o entender, rescindir o contrato por culpa do Empreiteiro. no artigo 274.º
2. Se o Dono da Obra não rescindir o contrato, fica ARTIGO 278.º
o Empreiteiro responsável pelos danos emergentes da (Suspensão por tempo indeterminado)
desobediência. Sempre que, por facto que não seja imputável ao
SECÇÃO VII Empreiteiro, este for notificado da suspensão ou da parali-
Suspensão dos Trabalhos
sação dos trabalhos, sem que da notificação ou do auto de
ARTIGO 275.º suspensão conste o prazo desta, presume-se que o contrato
(Suspensão dos trabalhos pelo Empreiteiro) foi rescindido por conveniência do Dono da Obra.
O Dono da Obra tem o direito a rescindir o contrato se ARTIGO 279.º
o Empreiteiro suspender a execução dos trabalhos por mais (Rescisão pelo Empreiteiro em caso de suspensão)
de 10 dias, quando tal não tenha sido previsto no plano em 1. O Empreiteiro tem o direito de rescindir o contrato se
vigor e não resulte: a suspensão for determinada ou se mantiver:
a) De ordem ou autorização do Dono da Obra ou seus a) Por período superior a 1/5 do prazo estabelecido
agentes ou de facto que lhes seja imputável; para a execução da empreitada, quando resulte
b) De caso de força maior; de força maior;
c) De falta de pagamento das prestações devidas por b) Por um período superior a 1/10 do mesmo prazo,
força do contrato ou dos trabalhos executados, quando resulte de facto não imputável ao
quando hajam decorrido três meses sobre a data Empreiteiro e que não constitua caso de força
do vencimento; maior.
d) Da falta de fornecimentos de elementos técnicos 2. Verificando-se a hipótese prevista na alínea a) do
que o Dono da Obra estivesse obrigado a fazer; número anterior, a indemnização a pagar ao Empreiteiro
e) De disposição legal em vigor. limita-se aos danos emergentes e ao lucro cessante.
ARTIGO 276.º 3. Quando não se opere a rescisão, quer por não se com-
(Suspensão dos trabalhos pelo Dono da Obra) pletarem os prazos estabelecidos no n.º 1, quer por a não
1. Sempre que circunstâncias especiais impeçam que requerer o Empreiteiro ou quando não resulte de caso de
os trabalhos sejam executados ou progridam em condições força maior, tem este o direito a ser indemnizado dos danos
satisfatórias, bem como quando imponha o estudo de altera- emergentes.
6888 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 280.º 2. Os eventuais danos causados nos trabalhos de uma


(Suspensão parcial)
empreitada por caso de força maior ou qualquer outro facto
Se, por facto não imputável ao Empreiteiro, for orde- não imputável a qualquer uma das partes, nos termos da pre-
nada qualquer suspensão parcial de que resulte perturbação
sente Lei, são suportados equitativamente pelas partes.
do normal desenvolvimento da execução da obra, de acordo
3. Considera-se caso de força maior, para efeitos da
como plano de trabalhos em vigor, tem o Empreiteiro direito
a ser indemnizado pelos danos emergentes. presente Lei, o facto de terceiro, facto natural ou situação
imprevisível e inevitável, cujos efeitos se produzam inde-
ARTIGO 281.º
(Suspensão por facto imputável ao Empreiteiro) pendentemente da vontade ou das circunstâncias pessoais de
1. Quando a suspensão ordenada pelo Dono da Obra qualquer uma das partes, tais como actos de guerra ou de
resulte de facto por este imputado ao Empreiteiro, tal se subversão, de epidemias, de ciclones, de tremores de terra,
menciona no auto, podendo o Empreiteiro reclamar, por de fogo, de raio, de inundações e quaisquer outros eventos da
escrito, no prazo de dez dias, contra essa imputação. mesma natureza que impeçam o cumprimento do contrato.
2. O Dono da Obra deve pronunciar-se sobre a reclama-
ARTIGO 286.º
ção nos trinta dias subsequentes. (Maior onerosidade)
3. Apurando-se que o facto imputado ao Empreiteiro não
é causa justificativa da suspensão, deve proceder-se segundo 1. Se ao Dono da Obra lhe for exclusivamente imputável
o disposto para a suspensão, por facto não imputável ao facto de que resulte maior dificuldade e onerosidade na exe-
Empreiteiro. cução da empreitada pelo Empreiteiro, com um substancial
4. Apurando-se que a suspensão resulta de facto imputá- agravamento dos encargos respectivos, tem o Empreiteiro
vel ao Empreiteiro, continua este obrigado ao cumprimento direito ao ressarcimento dos danos efectiva e comprovada-
dos prazos contratuais, qualquer que seja o período de sus- mente sofridos nos termos gerais do direito.
pensão necessariamente derivado do respectivo facto, mas, 2. No caso de os danos provados excederem 1/6 do valor
se o Dono da Obra mantiver a suspensão por mais tempo do
da empreitada, assiste ao Empreiteiro, além disso, o direito
que resultaria necessariamente do dito facto, o tempo de sus-
de rescindir o contrato.
pensão excedente é tratado como provocado por facto não
imputável ao Empreiteiro. ARTIGO 287.º
5. No caso previsto na primeira parte do número anterior, (Verificação do caso de força maior)
pode também o Dono da Obra, quando o julgue preferível, 1. Ocorrendo facto que deva ser considerado caso de
optar pela rescisão do contrato, com perda para o Empreiteiro força maior, a parte deve, nos oito dias seguintes àquele em
do depósito de garantia e das quantias retidas. que tome conhecimento do evento, notificar a outra parte e
ARTIGO 282.º proceder ao apuramento do facto e à determinação dos seus
(Recomeço dos trabalhos)
efeitos, notificação após a qual se suspendem temporaria-
Nos casos de suspensão temporária, os trabalhos são mente as obrigações resultantes do contrato.
recomeçados logo que cessem as causas que a determi-
2. Logo que a parte apresente a sua notificação, a fiscali-
naram, devendo, para o efeito, notificar-se por escrito o
Empreiteiro. zação deve proceder, com assistência do Empreiteiro ou do
seu representante, à verificação do evento, lavrando-se auto
ARTIGO 283.º
(Natureza dos trabalhos) do qual constem:
As disposições contidas nos artigos anteriores não são a) As causas do facto ou do acidente;
aplicáveis quando a suspensão derive necessariamente da b) O estado das coisas depois do facto ou do acidente
própria natureza dos trabalhos previstos, em condições nor- e no que difere do estado anterior;
mais de execução. c) Se tinham sido observadas as regras da arte e as
ARTIGO 284.º prescrições da fiscalização;
(Prorrogação do prazo contratual)
d) Se foi omissa alguma medida que, segundo as
Sempre que ocorra suspensão não imputável ao Empreiteiro, regras normais da prudência e da experiência, o
nem decorrente da própria natureza dos trabalhos previstos,
Empreiteiro devesse ter tomado para evitar ou
consideram-se prorrogados por período igual ao da suspensão,
os prazos do contrato e do plano de trabalhos. reduzir os efeitos do caso de força maior;
e) Se os trabalhos têm de ser suspensos, no todo ou
SECÇÃO VIII
Não Cumprimento e Modificação do Contrato em parte, definitiva ou temporariamente, espe-
cificando-se, no caso de interrupção parcial ou
ARTIGO 285.º
(Caso de força maior e outros factos não imputáveis às partes) temporária, a parte da obra e o tempo provável
1. Cessa temporariamente a responsabilidade de qual- em que a interrupção se verifica;
quer uma das partes por falta, deficiência ou atraso na f) Qualquer outra menção que se julgue de interesse
execução do contrato, quando o incumprimento resulte de ou que o Empreiteiro ou seu representante peça
caso de força maior. que se consigne.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6889

3. Se a fiscalização não proceder à verificação da ocor- 2. Se for de presumir a existência dos referidos defeitos,
rência de acordo com o disposto no presente artigo, pode o mas não puderem ser comprovados por simples observação,
Empreiteiro ou o seu representante proceder a ela, lavrando o Dono da Obra pode, quer durante a execução dos traba-
o auto em duplicado, com a presença de duas testemunhas e lhos, quer depois da conclusão dos mesmos, mas dentro do
remetendo o original, desde logo, ao Dono da Obra. prazo de garantia, ordenar as demolições necessárias, a fim
4. Sesseta dias após a suspensão das obrigações ou de apurar se ocorrem ou não tais deficiências, lavrando-se
caso esteja atestado no auto ou chegue ao conhecimento de em seguida auto, nos termos do número anterior.
qualquer uma das partes que o motivo de força maior seja 3. Correm por conta do Empreiteiro os encargos pela
indeterminado no tempo, pode qualquer uma das partes res- demolição e reconstrução se se apurar existirem defeitos
cindir o contrato, não dando direito a qualquer indemnização mas em caso contrário, correm por conta do Dono da Obra.
ou compensação, senão unicamente ao direito ao pagamento 4. Dos autos e das notificações referidos nos n.os 1 e 2,
da empreitada ou serviços efectivamente prestados até essa pode o Empreiteiro reclamar e, se os trabalhos de demoli-
data ou momento do conhecimento da sua indeterminação ção e reconstrução forem de apreciável valor ou puderem
no tempo. atrasar a execução do plano, pode requerer que a presunção
5. O mesmo procedimento, adaptado às circunstâncias, da existência dos defeitos seja confirmada por uma vistoria
deve ser seguido quando o Empreiteiro pretenda ser indem- feita por três peritos, um de sua nomeação, outro indicado
nizado, com o fundamento na prática de actos que dificultem pelo Dono da Obra e o terceiro designado pelo Laboratório
ou onerem a execução da empreitada. de Engenharia de Angola ou outra entidade indicada para o
ARTIGO 288.º efeito.
(Alteração das circunstâncias)
5. Nos termos do presente artigo o Fiscal da Obra res-
1. Quando as circunstâncias em que as partes hajam ponde solidariamente com o Empreiteiro em caso de omissão
fundado a decisão de contratar sofram alteração anormal e de defeitos na execução da obra.
imprevisível, de que resulte para uma das partes um grave
ARTIGO 291.º
aumento de encargos na execução da obra, que não caiba nos (Multa por violação dos prazos contratuais)
riscos normais, a parte afectada com a maior onerosidade
1. Se o Empreiteiro não concluir a obra no prazo con-
na sua prestação tem direito à resolução ou à modificação
tratualmente estabelecido, acrescido das prorrogações
do contrato, neste último caso conforme juízos de equidade
graciosas ou legais, pode ser-lhe aplicada, até ao fim dos tra-
e para ser compensado do aumento dos encargos efectiva-
balhos ou à rescisão do contrato, a seguinte multa contratual
mente sofridos ou se proceder à modificação dos preços e
diária, se outra não for fixada no caderno de encargos:
encargos do contrato.
a) Um por mil do valor da adjudicação, no primeiro
2. Notificada a resolução do contrato, a parte contrária
pode opor-se ao pedido, declarando aceitar a modificação do período correspondente a um décimo do referido
contrato nos termos do número anterior. prazo;
b) Em cada período subsequente de igual duração,
ARTIGO 289.º
(Revisão de preços) a multa sofre um aumento de 0,5 por mil, até
1. O contrato deve prever, obrigatoriamente, o modo atingir o máximo de cinco por mil sem, contudo,
de revisão dos preços para o caso de, decorrido o primeiro na sua globalidade, poder vir a exceder 20% do
ano de execução dos trabalhos, se verificar o agravamento valor da adjudicação.
da remuneração da mão-de-obra e do custo dos materiais 2. Se o Empreiteiro não cumprir os prazos parciais vin-
mas, neste último caso, apenas se não tiver sido efectuado o culativos, quando existam, é-lhe aplicada multa contratual
adiantamento de parte do preço dos materiais adquiridos ou de percentagem igual a metade da estabelecida no número
a adquirir para stock. anterior e calculada pela mesma forma sobre o valor dos tra-
2. No caderno de encargos podem fixar-se as fórmulas balhos em atraso.
para a revisão dos preços. 3. À requerimento do Empreiteiro ou por iniciativa do
3. As regras aplicáveis aos Mecanismos e Fórmulas para Dono da Obra, as multas contratuais podem ser reduzidas à
a Revisão de Preços são as definidas em acto normativo montantes adequados, sempre que se mostrem desajustadas
específico do Presidente da República. em relação aos prejuízos reais sofridos pelo Dono da Obra,
ARTIGO 290.º e são anuladas quando se verifique que as obras foram bem
(Defeitos na execução da obra) executadas e que os atrasos no cumprimento de prazos par-
1. Quando a fiscalização reconheça que na obra existem ciais foram recuperados, tendo a obra sido concluída dentro
defeitos de execução ou que nela não foram observadas as do prazo global do contrato.
condições do contrato, deve lavrar auto a verificar o facto e 4. Nos casos de recepção provisória de parte da emprei-
notificar o Empreiteiro para, dentro do prazo razoável que tada, as multas contratuais a que se refere o n.º 1 são aplicadas
lhe é designado, remediar os defeitos da obra. na base do valor dos trabalhos ainda não recebidos.
6890 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. A aplicação de multas contratuais, nos termos dos 2. A conta-corrente e os demais documentos que cons-
números anteriores, deve ser precedida de auto lavrado pela tituem a situação de trabalhos devem ser verificados e
fiscalização, do qual o Dono da Obra envia uma cópia ao assinados pelo Empreiteiro ou seu representante, ficando um
Empreiteiro, notificando-o para, no prazo de dez dias, dedu- duplicado na posse deste.
zir a sua defesa ou impugnação. 3. Quando se verifique que, em qualquer destes docu-
mentos, existe algum vício ou erro, o Empreiteiro deve
CAPÍTULO IV
formular a correspondente reserva ao assiná-lo.
Pagamentos
ARTIGO 296.º
SECÇÃO I (Reclamação do Empreiteiro)
Pagamentos por Medição
1. Sempre que o Empreiteiro tenha formulado reservas
ARTIGO 292.º no auto de medição ou lhe tenha sido negado o reconhe-
(Periodicidade e formalidades da medição) cimento dos erros ou das faltas que invocou, relativos a
1. Salvo disposição em contrário, a medição dos traba- autos elaborados anteriormente ou tenham sido considera-
lhos efectuados deve realizar-se mensalmente. dos outros que ele não reconheça ou, ainda, tenha formulado
2. As medições devem ser feitas no local da obra, com a reservas nos documentos que instruem as situações de traba-
lhos, deve apresentar, nos 10 dias subsequentes, reclamação
assistência do Empreiteiro ou seu representante, e delas se
em que especifique a natureza dos vícios, dos erros ou das
deve lavrar o auto, assinado pelos intervenientes, no qual
faltas e os correspondentes valores a que se acha com direito.
estes exaram tudo o que reputarem conveniente, bem como 2. Se, no prazo fixado no número anterior, o Empreiteiro
a colheita de amostras de quaisquer materiais ou produtos não apresentar reclamação, entende-se que se conforma com
de escavação. as medições dos autos e os resultados dos documentos que
3. Os métodos e os critérios a adoptar para a realização instruem a situação dos trabalhos.
das medições devem ser obrigatoriamente estabelecidos no 3. Apresentada a reclamação, a mesma considera-se
caderno de encargos e, em caso de alterações, os novos cri- deferida se o Dono da Obra não expedir a notificação da
térios de medição que, porventura, se tornem necessários, decisão no prazo de 30 dias a contar da data da apresentação,
devem ser desde logo definidos. a não ser que tenha de proceder-se a ensaios laboratoriais,
exame ou verificações que exijam maior prazo, facto que, no
ARTIGO 293.º
(Objecto da medição)
referido prazo de 30 dias, comunica ao Empreiteiro.
4. As despesas com a realização de medições especiais
Deve proceder-se, obrigatoriamente, à medição de para julgamento de reclamações do Empreiteiro são suporta-
todos os trabalhos executados, ainda que não se considerem das por este, caso se reconheça que as medições impugnadas
previstos no projecto, nem devidamente ordenados, inde- estavam certas.
pendentemente da questão de saber se devem ou não ser ARTIGO 297.º
pagos ao Empreiteiro. (Liquidação e pagamento)
ARTIGO 294.º 1. Após a assinatura, pelo Empreiteiro, dos documentos
(Erros de medição)
que constituem a situação de trabalhos promove-se a liqui-
1. Se, em qualquer altura da empreitada, se reconhecer dação do valor correspondente às quantidades de trabalhos
que houve erros ou faltas em algum ou alguns dos autos de medidos sobre as quais não haja divergências, depois de
medição anteriormente lavrados, deve fazer- se a devida deduzidos os descontos a que houver lugar nos termos con-
correcção no auto de medição que se seguir a esse reconhe- tratuais, notificando-se o Empreiteiro dessa liquidação para
cimento, caso ambas as partes estejam de acordo quanto ao efeito de pagamento.
objecto e quantidades a corrigir. 2. Quando não sejam liquidados todos os trabalhos medi-
2. Quando os erros ou as faltas tiverem sido alegados por dos, deve mencionar-se o facto mediante nota explicativa
escrito pelo Empreiteiro, mas não forem reconhecidos pela inserta na respectiva conta-corrente.
fiscalização, pode aquele reclamar. 3. Se o julgamento das reclamações conduzir ao reconhe-
3. Quando os erros ou as faltas forem alegados pela fis- cimento de que houve pagamento de quantias não devidas,
calização, mas não forem reconhecidos pelo Empreiteiro, deve deduzir-se, no primeiro pagamento a efectuar ou no
faz-se a correcção no auto de medição seguinte, podendo o depósito de garantia se a reclamação respeitar ao último
Empreiteiro reclamar dela. pagamento, a importância que se reconheça ter sido paga
ARTIGO 295.º a mais.
(Situação dos trabalhos) ARTIGO 298.º
1. Feita a medição, deve ser elaborada a respectiva (Situações provisórias)
conta-corrente, com especificação das quantidades de tra- 1. Quando, nos termos da presente Lei, em casos de força
balhos apuradas, dos preços unitários, do total creditado, maior, não for possível a realização da medição mensal, por
dos descontos a efectuar, dos adiantamentos concedidos ao parte do Fiscal da Obra, deve este comunicar ao Dono da
Empreiteiro e do saldo a pagar a este. Obra tal impossibilidade e ordena o Empreiteiro a apresen-
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6891

tar, até ao fim do mês seguinte, um mapa das quantidades ARTIGO 302.º
(Mora no pagamento)
dos trabalhos efectuados no mês anterior, com os documen-
tos respectivos. 1. O Empreiteiro só tem direito a juros pela mora no
2. Apresentado o mapa e visado pela fiscalização só para pagamento das contas liquidadas e aprovadas se essa mora
efeito de comprovar a verificação de alguma das condições exceder noventa dias a partir da notificação da liquidação
que, nos termos do número anterior, justifiquem o procedi- respectiva ou da data contratualmente fixada, caso em que
mento, é considerado como situação provisória de trabalhos se lhe abona o juro de 2% ao ano, contado desde a data da
e procede-se como se de situação de trabalhos se tratasse. notificação ou do vencimento contratual da prestação fixa.
3. A exactidão das quantidades escritas nos mapas é veri- 2. Se o atraso na realização de qualquer pagamento
se prolongar por mais de seis meses, tem o Empreiteiro o
ficada no primeiro auto de medição que se efectuar, com
direito de rescindir o contrato.
base no qual se procede às rectificações a que houver lugar.
4. Se o Empreiteiro, dolosamente, inscrever no seu ARTIGO 303.º
(Adiantamentos ao Empreiteiro)
mapa trabalhos não efectuados, pode o Dono da Obra res-
cindir o contrato e informar tal facto ao Órgão responsável 1. O Dono da Obra pode fazer ao Empreiteiro adianta-
mentos pelos materiais postos junto à obra e aprovados.
pela Regulação da Construção Civil e Obras Públicas, para
2. Salvo estipulação diversa no contrato, o adiantamento
efeito de averbamento e redução para a categoria imediata-
não deve exceder 2/3 do valor dos materiais, no estado em
mente inferior da classe do respectivo alvará, e para o Órgão
que se encontrarem, valor que é determinado pela série de
responsável pela Regulação e Supervisão da Contratação
preços simples do projecto, se nele existirem ou, em caso
Pública para efeito de inclusão na lista de empresas incum-
contrário, comprovado pela fiscalização.
pridoras, nos termos do n.º 1 do artigo 57.º
3. Nos mesmos termos, pode o Dono da Obra conceder
SECÇÃO II ao Empreiteiro adiantamentos com base no equipamento
Pagamentos em Prestações
posto na obra e cuja utilização ou aplicação tenha sido pre-
ARTIGO 299.º vista no plano de trabalhos.
(Pagamento em prestações fixas)
4. Nos casos previstos nos n.os 3 e 5, o valor do equipa-
Quando o pagamento for feito em prestações fixas, o mento é o aprovado pela fiscalização e o adiantamento não
Empreiteiro deve apresentar, para o obter, um mapa que pode exceder 50% desse valor.
defina a situação dos trabalhos efectivamente realizados, o 5. Pode, ainda, mediante pedido fundamentado e pres-
qual é verificado pela fiscalização no prazo máximo de 10 tação de garantia bancária ou seguro caução, ser facultado
dias, lavrando-se o auto da respectiva diligência. ao Empreiteiro o adiantamento da parte do custo da obra,
ARTIGO 300.º necessário para aquisição de materiais sujeitos a flutuação
(Pagamento em prestações variáveis) de preço, bem como de equipamento, cuja utilização ou apli-
Quando o pagamento for feito em prestações variá- cação tenha sido prevista no plano de trabalhos aprovado.
veis em função das quantidades de trabalhos executadas, 6. O valor global dos adiantamentos feitos com base nos
observa-se, em tudo quanto for aplicável, o regime de medi- n.os 3 e 5, não pode exceder 50% da parte do preço da obra
ção dos trabalhos nas empreitadas por séries de preços. ainda por receber.
7. O adiantamento ao Empreiteiro não pode ultrapassar
SECÇÃO III
Disposições Comuns 15% do valor global do contrato e os casos excepcionais são
regulados pelas regras anuais de execução orçamental.
ARTIGO 301.º
8. O Dono da Obra não pode fazer adiantamentos fora
(Prazos de pagamentos)
dos casos previstos no presente artigo.
1. Os contratos devem precisar os prazos em que o Dono
ARTIGO 304.º
da Obra deve proceder ao pagamento dos trabalhos e das (Reembolso dos adiantamentos)
respectivas revisões e eventuais acertos, os quais não podem
1. O reembolso dos adiantamentos previstos no n.º 1
exceder 60 dias, contados, consoante os casos:
do artigo anterior faz-se à medida que os materiais forem
a) Das datas dos autos de medição a que se refere o sendo aplicados e por dedução nos respectivos pagamentos
artigo 292.º; contratuais.
b) Das datas de apresentação dos mapas das quantida- 2. O reembolso dos adiantamentos previstos nos n.os 3 e 5
des de trabalhos previstos no artigo 298.º; do artigo anterior efectua-se deduzindo no valor de cada um
c) Das datas em que os acertos sejam decididos. dos pagamentos contratuais posteriores, uma percentagem
2. Nos casos em que os contratos não precisem os pra- igual a que tais adiantamentos representam relativamente à
zos a que se referem os números anteriores, entende-se que parte da obra que, na data da sua concessão, ainda estiver
são de 60 dias. por liquidar.
6892 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 305.º 2. Pode, o Dono da Obra, fazer a recepção provisória da


(Garantia dos adiantamentos)
parte dos trabalhos que estiver em condições de ser recebida.
1. O Dono da Obra goza de privilégio mobiliário espe- 3. Contra o conteúdo do auto e a notificação feita, pode
cial, graduado em primeiro lugar, sobre os materiais e os o Empreiteiro reclamar no próprio auto ou nos 10 dias sub-
equipamentos a que respeitem os adiantamentos concedidos,
sequentes, devendo o Dono da Obra pronunciar-se sobre a
não podendo o Empreiteiro aliená-los, onerá-los ou retirá-
-los do local dos trabalhos sem prévio consentimento escrito reclamação no prazo de 30 dias.
do Dono da Obra. 4. Caso o Dono da Obra não se pronuncie sobre a recla-
2. Nos casos previstos no n.º 5 do artigo 303.º, a garan- mação no prazo referido no número anterior, considera-se
tia prestada é extinta na parte em que o adiantamento deva que esta foi aceite.
considerar-se suficientemente assegurado pelo privilégio, 5. Quando o Empreiteiro não reclame ou seja indeferida
logo que os materiais e os equipamentos entrem na posse a sua reclamação e não faça, nos prazos marcados, as modi-
do Empreiteiro. ficações ou reparações ordenadas, assiste ao Dono da Obra
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior e à o direito de as mandar efectuar por conta do Empreiteiro,
medida que for sendo reembolsado o adiantamento, o Dono
accionando as garantias previstas no contrato.
da Obra deve libertar a parte correspondente da garantia
prestada. 6. Cumprida a notificação prevista no n.º 1, procede-se à
nova vistoria, para o efeito da recepção provisória.
CAPÍTULO V ARTIGO 308.º
Recepção e Liquidação da Obra (Recepção provisória)

SECÇÃO I 1. Quando, pela vistoria realizada, se verificar estar


Recepção Provisória a obra em condições de ser recebida, assim se declara no
ARTIGO 306.º auto, contando-se da data deste o prazo de garantia fixado
(Vistoria) no contrato.
1. Logo que a obra esteja concluída, procede-se, a pedido 2. O Empreiteiro pode deduzir reclamações relativa-
do Empreiteiro ou por iniciativa do Dono da Obra, à sua vis- mente a qualquer facto ou circunstância consignados no
toria para o efeito de recepção provisória. auto, exarando-as nele ou apresentando-as por escrito nos
2. O disposto no número anterior aplica-se, igualmente, à 10 dias subsequentes.
parte ou às partes da obra que, por força do contrato, possam 3. O Dono da Obra deve pronunciar-se sobre a recla-
ou devam ser recebidas separadamente. mação no prazo de trinta dias, salvo se, tornando-se
3. A vistoria é feita pelo representante do Dono da Obra, indispensável a realização de quaisquer ensaios, carecer de
com a assistência do Empreiteiro ou seus representantes, maior prazo para a decidir, caso em que deve comunicar o
lavrando-se o auto que deve ser assinado por todos. facto ao Empreiteiro, fixando, desde logo, o período adicio-
4. O Fiscal da Obra deve convocar, por escrito, o nal de que necessita e que não deve ser superior ao requerido
Empreiteiro para a vistoria, com a antecedência mínima de para a realização e apreciação de tais ensaios.
5 dias e, se este não comparecer nem justificar a falta, rea- 4. Se o Dono da Obra não expedir a notificação de decisão
liza-se a diligência com a intervenção de duas testemunhas nos prazos previstos nos números anteriores, a reclamação
que também assinam o auto, notificando-se de imediato ao considera-se deferida.
Empreiteiro o conteúdo deste, para os efeitos do disposto
SECÇÃO II
nos n.os 3, 4 e 5 do artigo seguinte. Liquidação da Empreitada
5. Se o Dono da Obra não proceder à vistoria nos 45 dias
subsequentes ao pedido do Empreiteiro e não for impedido ARTIGO 309.º
(Elaboração da conta)
de a fazer por causa de força maior ou em virtude da própria
natureza e extensão da obra, considera-se esta, para todos os 1. Em seguida à recepção provisória, deve proceder-se,
efeitos, recebida no termo desse prazo. no prazo de 60 dias, à elaboração da conta da empreitada.
2. Os trabalhos e os valores relativamente aos quais exis-
ARTIGO 307.º
(Deficiências de execução) tam reclamações pendentes são liquidados à medida que
1. Se, por virtude das deficiências encontradas, que aquelas forem definitivamente decididas.
tenham resultado de infracção às obrigações contratuais e ARTIGO 310.º
(Elementos da conta)
legais do Empreiteiro, a obra não estiver, no todo ou em
parte, em condições de ser recebida, o representante do A conta da empreitada integra os seguintes elementos:
Dono da Obra deve especificar essas deficiências no auto, 1. Uma conta corrente à qual são levados, por ver-
exarando ainda, neste, a declaração de não recepção, bem bas globais, os valores de todas as medições e
como as respectivas razões, notificando o Empreiteiro e revisões ou eventuais acertos das reclamações
fixando o prazo para que este proceda às modificações ou já decididas, dos prémios vencidos e das multas
reparações necessárias. contratuais aplicadas;
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6893

2. Um mapa de todos os trabalhos executados a mais preço de quaisquer trabalhos que o Empreiteiro tenha man-
ou a menos do que os previstos no contrato, com dado executar por terceiros.
a indicação dos preços unitários pelos quais se 2. A afixação pode ser substituída por duas publicações
procedeu à sua liquidação; feitas, com uma semana de intervalo, num jornal local com
3. Um mapa de todos os trabalhos e valores sobre os
expansão no município, contando-se o prazo de 10 dias para
quais hajam reclamações, ainda não decididas,
a apresentação de reclamações, a partir da data da segunda
do Empreiteiro, com expressa referência ao
mapa do número anterior, sempre que daquele publicação.
também constem. 3. Às reclamações são aplicáveis, com as devidas adap-
ARTIGO 311.º tações, as regras estabelecidas no artigo 17.º e não são tidas
(Notificação da conta final ao Empreiteiro) em conta quaisquer reclamações apresentadas fora do prazo
1. Elaborada a conta, é enviada uma cópia ao Empreiteiro, estabelecido nos editais.
por carta registada com aviso de recepção, para este assinar ou ARTIGO 314.º
deduzir a sua reclamação fundamentada, no prazo de 30 dias. (Processos das reclamações)
2. Ao Empreiteiro é facultado o exame dos documentos 1. Findo o prazo para a respectiva apresentação, a enti-
necessários à apreciação da conta. dade referida nos artigos 312.º e 313.º, deve enviar, dentro
3. Se o Empreiteiro assinar a conta e não deduzir con-
de dez dias, ao organismo que estiver encarregado da liqui-
tra ela, no prazo fixado no n.º 1, qualquer reclamação,
dação, as reclamações recebidas, com os seus comentários.
entende-se que a aceita, sem prejuízo, todavia, das reclama-
2. O serviço liquidatário deve notificar, por carta regis-
ções pendentes que tenha declarado expressamente querer
tada com aviso de recepção, ou contra recibo, o Empreiteiro
manter.
e as instituições de crédito que hajam garantido as obriga-
4. Se o Empreiteiro, dentro do prazo fixado no n.º 1, não
assinar a conta, nem deduzir contra ela qualquer reclama- ções em causa para, no prazo de 20 dias, contestarem as
ção, e de tal não houver sido impedido por causa de força reclamações recebidas, com a cominação de, não o fazendo,
maior, entende-se que a aceita, com os efeitos estabelecidos serem tidas por aceites e deferidas.
no número anterior. 3. Havendo contestação, dela é dado conhecimento aos
5. Na sua reclamação, o Empreiteiro não pode: reclamantes dos créditos contestados, avisando-os de que só
a) Fazer novas reclamações sobre as medições; são retidas as quantias reclamadas caso, no prazo de trinta
b) Fazer novas reclamações sobre as verbas que cons- dias, seja proposta acção no tribunal competente para as exi-
tituam mera e fiel reprodução das contas das gir e ao serviço liquidatário seja enviada, nos quinze dias
medições ou das reclamações já decididas; seguintes à propositura da acção, certidão comprovativa do
c) Ocupar-se de reclamações pendentes e ainda não facto.
decididas. SECÇÃO IV
6. Sobre a reclamação do Empreiteiro deve o Dono da Prazo de Garantia
Obra pronunciar-se no prazo de 60 dias. ARTIGO 315.º
SECÇÃO III (Prazo de garantia)
Inquérito Administrativo
1. O prazo de garantia deve ser estabelecido no caderno
ARTIGO 312.º de encargos, tendo em atenção a natureza dos trabalhos.
(Comunicações às autoridades locais)
2. Na falta da estipulação prevista no número anterior, o
No prazo de 60 dias contados a partir da data da recepção prazo de garantia é de 3 anos.
provisória, o Dono da Obra deve comunicar á competente
SECÇÃO V
autoridade administrativa da área em que os trabalhos foram Recepção Definitiva
executados a sua conclusão, indicando o serviço e respectivo
ARTIGO 316.º
endereço encarregado da liquidação.
(Vistoria)
ARTIGO 313.º
(Publicação de editais) 1. Findo o prazo de garantia, por iniciativa do Dono da
1. Recebida aquela comunicação, a entidade referida no Obra ou a pedido do Empreiteiro, procede-se à nova vistoria
artigo anterior, deve mandar afixar editais durante o prazo de todos os trabalhos da empreitada.
de 20 dias, chamando todos os interessados para, até 10 dias 2. Se, pela vistoria, se verificar que as obras não apresen-
depois do termo do prazo dos editais, apresentarem, na res- tam deficiências, deteriorações, indícios de ruína ou de falta
pectiva secretaria, por escrito e devidamente fundamentadas de solidez pelos quais deva responsabilizar-se o Empreiteiro,
e documentadas, quaisquer reclamações a que julguem com procede-se à recepção definitiva.
direito, nomeadamente por falta de pagamento de salário se 3. São aplicáveis à vistoria e ao auto de recepção defi-
de materiais ou de eventuais indemnizações, bem como do nitiva os preceitos correspondentes da recepção provisória.
6894 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 317.º 4. O Empreiteiro ou a instituição que a ele se tenha subs-


(Deficiências de execução)
tituído tem direito a ser imediatamente reembolsado das
1. Se, em consequência da vistoria, se verificar que exis- quantias que não tenham sido tempestivamente recebidas
tem deficiências, deteriorações, indícios de ruína ou de falta nos termos do n.º 3, bem como a requerer o levantamento
de solidez, da responsabilidade do Empreiteiro, somente se da parte do depósito correspondente a quantias reclamadas,
recebem os trabalhos que se encontrem em bom estado e que mas não exigidas judicialmente, no prazo de 30 dias con-
sejam susceptíveis de recepção parcial, procedendo o Dono tados da comunicação feita aos reclamantes de ter havido
da Obra, em relação aos restantes, nos termos previstos para contestação às suas reclamações, salvo se estes provarem
o caso análogo da recepção provisória. não o terem feito por impossibilidade legal.
2. A responsabilidade do Empreiteiro só existe desde que ARTIGO 320.º
as deficiências ou vícios encontrados lhe sejam imputáveis (Pagamento dos trabalhos posteriores à recepção provisória)
e que, se resultarem do uso para que as obras haviam sido Se, posteriormente à recepção provisória, o Empreiteiro
destinadas, não constituam depreciação normal consequente executar trabalhos que lhe devam ser pagos, aplica-se, para
desse uso. pagamentos parciais, o disposto quanto a pagamentos por
SECÇÃO VI medição e para a liquidação final deles, a fazer logo em
Restituição das Garantias e Quantias Retidas, seguida à recepção definitiva, o estabelecido para a liquida-
Extinção da Caução e Liquidações Eventuais
ção da empreitada.
ARTIGO 318.º ARTIGO 321.º
(Restituição dos depósitos e quantias retidas e extinção da caução) (Deduções a fazer)
1. Feita a recepção definitiva da totalidade da obra, são Se, por qualquer razão, legal ou contratualmente prevista,
restituídas ao Empreiteiro as quantias retidas como garantia houver de fazer-se alguma dedução nos depósitos de garan-
ou a qualquer outro título a que tiver direito e promove-se, tia ou de exigir-se responsabilidade, a satisfazer por aqueles
pela forma própria, a extinção da caução prestada. ou pelos bens do Empreiteiro, procede-se à liquidação das
2. A demora superior a noventa dias na restituição das quantias a deduzir ou do montante da responsabilidade.
quantias retidas e na extinção da caução, quando imputável SECÇÃO VII
ao Dono da Obra, dá ao Empreiteiro o direito de exigir juros Liquidação, Pagamento de Multas e Prémios
de mora das respectivas importâncias, à taxa de 2% ao ano ARTIGO 322.º
contado desde a data do pedido. (Liquidação das multas e prémios)
ARTIGO 319.º 1. As multas contratuais aplicadas ao Empreiteiro e os
(Dedução de quantias reclamadas no inquérito administrativo) prémios a que tiver direito no decurso da execução da obra
1. Quando, no inquérito administrativo, houver reclama- até à recepção provisória são descontados ou acrescidos no
ções, o montante a restituir ao Empreiteiro dos depósitos de primeiro pagamento contratual que se lhes seguir.
garantia, das importâncias eventualmente ainda em dívida 2. As multas contratuais aplicadas e os prémios conce-
e da caução é diminuído do valor das quantias reclamadas didos posteriormente à recepção provisória são liquidados
e que o Empreiteiro não prove haver, entretanto, satisfeito. e pagos nos termos estabelecidos para as deduções ou paga-
2. O valor deduzido nos termos do número anterior tem mentos nesse período.
as seguintes aplicações: 3. Nenhuma sanção se considera definitivamente apli-
a) As importâncias correspondentes a reclamações cada sem que o Empreiteiro tenha conhecimento dos motivos
confessadas pelo Empreiteiro e pelas insti- da aplicação e oportunidade de deduzir a sua defesa.
tuições garantes são directamente pagas aos 4. Feita a recepção provisória, não pode haver lugar à
reclamantes; aplicação de multas contratuais correspondentes a factos ou
b) As importâncias correspondentes a reclamações situações anteriores.
5. O prémio relativo à conclusão antecipada da obra só se
contestadas pelo Empreiteiro ou pelas institui-
paga, após a data de recepção provisória.
ções garantes são depositadas, em instituição de
crédito, à ordem do tribunal por onde esteja a CAPÍTULO VI
correr o processo respectivo, quando os recla- Rescisão e Resolução Convencional da Empreitada
mantes provem que este foi proposto no prazo ARTIGO 323.º
de 30 dias após a data da recepção da comunica- (Rescisão pelo Dono da Obra)
ção da existência da contestação. 1. Pertencendo o direito de rescisão ao Dono da Obra,
3. No caso da alínea a) do n.º 2, devem convocar-se os o Empreiteiro deve ser notificado da intenção do seu exer-
interessados, por carta registada com aviso de recepção para, cício, concedendo-lhe um prazo não inferior a 8 dias para
no prazo de 30 dias, receberem as importâncias a que tive- contestar os fundamentos apresentados, salvo se houver
rem direito. abandonado a obra ou paralisado os trabalhos.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6895

2. O Dono da Obra pode apresentar réplica a contestação 5. Se algum dos presentes apresentar inventário recente,
apresentada pelo Empreiteiro. Contudo, se as razões nela digno de crédito, é este conferido e apenso ao auto, com os
invocada forem julgadas improcedentes, o Dono da Obra aditamentos e as correcções convenientes, dispensando-se
tomará posse administrativa dos trabalhos nos termos dos uma nova inventariação.
artigos seguintes. 6. Quando o inventário não possa ficar concluído num só
ARTIGO 324.º dia, a posse é logo conferida ao representante do Dono da
(Efeitos da rescisão) Obra, prosseguindo a inventariação nos dias seguintes.
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, a 7. No auto, o Empreiteiro ou o seu representante podem
parte que der causa à rescisão incorre na obrigação de indem- formular reclamações, mas só quando considerem alguma
nizar a outra pelos prejuízos resultantes dessa rescisão. coisa indevidamente inventariada.
2. Nos casos de rescisão, por conveniência do Dono da 8. Nos 30 dias seguintes ao encerramento do auto, o
Obra, o Empreiteiro tem o direito a ser indemnizado. Dono da Obra decide sobre as reclamações, mandando ou
3. Se o Empreiteiro o preferir, quando a rescisão for por não restituir as coisas inventariadas, presumindo-se, na falta
ele requerida e de acordo com os casos previstos na pre- de decisão, o deferimento.
sente Lei, pode, em vez de aguardar a liquidação das perdas
ARTIGO 326.º
e dos danos sofridos, receber desde logo, como única indem- (Prossecução dos trabalhos pelo Dono da Obra)
nização, a quantia correspondente a 10% da diferença entre
o valor dos trabalhos executados e o valor dos trabalhos 1. Na execução dos trabalhos, o Dono da Obra pode
adjudicados. utilizar as máquinas, os materiais, as ferramentas, os utensí-
4. Se a rescisão for decidida pelo Dono da Obra a título lios, as edificações, os estaleiros e os veículos de que tomou
de sanção aplicável por lei ao Empreiteiro, este suporta posse, mediante aluguer ou compra, por preço acordado
inteiramente as respectivas consequências. ou fixado, em arbitragem ou judicialmente, o qual é depo-
5. Rescindido o contrato, o Dono da Obra deve tomar sitado como garantia adicional das responsabilidades do
logo, com a assistência do Empreiteiro, posse administra- Empreiteiro.
tiva da obra. 2. O Empreiteiro pode requerer que lhe sejam entregues
6. A rescisão não produz, em regra, efeito retroactivo. as máquinas, os materiais, as ferramentas, os utensílios, as
ARTIGO 325.º edificações, os estaleiros e os veículos que o Dono da Obra
(Posse administrativa) não quiser utilizar nos termos do número anterior, prestando
1. Sempre que, nos termos da lei, o Dono da Obra esteja caução de valor equivalente ao do inventário, por depósito
em condições de tomar a posse administrativa dos trabalhos de dinheiro ou títulos, fiança bancária, hipoteca ou penhor.
em curso, oficia o Sector das Obras Públicas competente, 3. Os materiais existentes na obra e sujeitos a deteriora-
atendendo a circunscrição administrativa, solicitando que, ção têm o seguinte destino:
nos 8 dias seguintes à recepção do ofício, seja empossado
a) Se estiverem aprovados ou em condições de
dos trabalhos e indicando desde logo, a Entidade a quem em
merecerem aprovação, são obrigatoriamente
sua representação, deve ser notificada a data da posse.
2. Havendo trabalhos em curso da mesma obra em diver- adquiridos pelo Dono da Obra pelo preço uni-
sas localidades, o Dono da Obra deve tomar as providências tário respectivo, se existir, ou o da factura, no
necessárias para que a posse seja conferida em dias suces- caso contrário, retendo-se, contudo, o seu valor,
sivos, fazendo guardar, desde logo, os locais para que deles como garantia adicional da responsabilidade do
não possam ser indevidamente desviados quaisquer bens do Empreiteiro;
Empreiteiro. b) Se não estiverem nas condições da alínea anterior,
3. Recebido o ofício, o responsável pelo Sector das podem ser levantados pelo Empreiteiro que os
Obras Públicas marca a hora, a data e manda logo notificar
remove do local da obra, no prazo que lhe for
os representantes do Dono da Obra e do Empreiteiro para
comparecerem no lugar onde estiverem situados os estalei- determinado, sob pena de essa remoção ser feita
ros da obra ou onde se encontre o material do Empreiteiro. pelo Dono da Obra, debitando-se, ao Emprei-
4. No dia e na hora fixada, comparecem no local os teiro, o custo do transporte.
representantes do sector das obras públicas e os representan- ARTIGO 327.º
tes do Dono da Obra e, esteja ou não presente o Empreiteiro, (Processo de rescisão pelo Empreiteiro)
logo os primeiros dão posse das obras, incluindo terrenos 1. Nos casos em que, na presente Lei, seja reconhecido
consignados ou ocupados, materiais, edificações próprias ao Empreiteiro o direito de rescisão do contrato, o exercí-
ou arrendadas, estaleiros, ferramentas, máquinas e veí- cio desse direito tem lugar mediante requerimento, dirigido
culos afectos à obra, inventariando-os em auto, que deve ao Dono da Obra, nos 30 dias subsequentes à verificação
ser lavrado pelo funcionário que acompanhar a autoridade do facto justificativo do direito e no qual o pedido, funda-
empossante e assinado por esta, pelo representante do Dono mentado, deve ser instruído com os documentos que possam
da Obra e pelo Empreiteiro, quando presente. comprovar as razões invocadas.
6896 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Em caso algum pode o Empreiteiro paralisar os traba- ARTIGO 330.º


(Liquidação final)
lhos ou alterar o cumprimento do plano da empreitada em
curso, devendo aguardar, para entrega da obra realizada, a 1. Em todos os casos de rescisão, resolução convencio-
resolução do requerimento. nal ou caducidade do contrato, procede-se à liquidação final,
reportada à data em que se verifiquem.
3. Se o requerimento for indeferido ou decorrerem 20
2. Havendo danos a indemnizar que não possam ser
dias sem resolução, o Empreiteiro pode requerer ao tribunal determinados imediatamente com segurança, faz-se a res-
competente que o Dono seja notificado para tomar posse da pectiva liquidação em separado, logo que o seu montante
obra e aceitar a rescisão do contrato. seja tornado certo por acordo ou por decisão judicial ou
4. Recebido o requerimento, instruído com cópia do arbitral.
requerimento da rescisão da empreitada e dos documentos 3. O saldo da liquidação deve ser retido pelo Dono da
que o acompanhavam, o juiz deve mandar, de imediato, citar Obra, como garantia, até se apurar a responsabilidade do
o Dono da Obra para, no prazo de 10 dias, responder o que Empreiteiro.
se lhe oferecer. ARTIGO 331.º
(Pagamento da indemnização devida ao Dono da Obra)
5. Se a resposta não for dada em tempo ou contiver opo-
sição ao pedido, o juiz pode, tomando em consideração a 1. Sendo a rescisão imposta pelo Dono da Obra, logo
natureza dos prejuízos que da prossecução dos trabalhos que esteja fixada a responsabilidade do Empreiteiro, o mon-
tante respectivo deve ser deduzido dos depósitos, garantias e
possam resultar para o Empreiteiro, bem como os que da
quantias devidos, pagando-se-lhe o saldo, se existir.
suspensão possam provir para o interesse público, autorizar
2. Se os depósitos, garantias e quantias devidos não che-
a suspensão dos trabalhos pelo Empreiteiro. garem para a cobertura integral das responsabilidades do
6. Autorizada pelo juiz a suspensão dos trabalhos, o Empreiteiro, este pode ser executado nos bens e direitos que
Empreiteiro fica com direito a retirar da obra as máqui- constituírem o seu património.
nas, os veículos, os utensílios e os materiais não afectos a
qualquer garantia, devendo propor a competente acção de CAPÍTULO VII
Contencioso dos Contratos
rescisão contra o Dono da Obra dentro do prazo de 3 meses.
ARTIGO 328.º ARTIGO 332.º
(Posse da obra consequente à rescisão pelo Empreiteiro) (Recurso judicial)

1. Quando a rescisão for resultante do exercício de As questões que se suscitem sobre a interpretação, a
direito do Empreiteiro, o Dono da Obra toma posse desta validade ou a execução do contrato de empreitada de obras
e dos materiais, das ferramentas, dos utensílios e das edi- públicas podem ser dirimidas pelo tribunal competente.
ficações que lhe pertencerem, mediante auto de inventário ARTIGO 333.º
(Prazo de caducidade)
dos bens, no qual devem figurar as medições dos trabalhos
executados. Quando outro não seja o prazo fixado na lei, as acções
2. Nos casos previstos no número anterior, o Dono da devem ser propostas no prazo de 180 dias contados desde a
Obra é obrigado a: data da notificação ao Empreiteiro da decisão ou da delibe-
a) Comprar, pelos preços convencionados ou que ração do órgão competente para praticar actos definitivos,
resultarem de arbitragem ou decisão judicial, as em virtude da qual seja negado algum direito ou pretensão
do Empreiteiro ou o Dono da Obra se arrogue direito que a
máquinas, ferramentas, utensílios, edificações e
outra parte não considere fundado.
estaleiros adquiridos e aprovados para a execu-
ARTIGO 334.º
ção das obras e com os quais o Empreiteiro não (Aceitação do acto)
quiser ficar;
1. O cumprimento ou o acatamento pelo Empreiteiro de
b) Comprar, pelo preço de factura, os materiais
qualquer decisão tomada pelo Dono da Obra ou pelos seus
aprovados existentes na obra, bem como os que,
representantes, não se considera aceitação tácita da decisão
embora se não achem ao pé da obra, se prove acatada.
terem sido para ela adquiridos pelo Empreiteiro, 2. Todavia, se dentro do prazo de 10 dias a contar do
desde que reúnam as qualidades necessárias para conhecimento da decisão, o Empreiteiro não reclamar ou
poderem ser aceites e não excedam as quantida- não formular reserva dos seus direitos, a decisão considera-
des precisas. -se aceite.
ARTIGO 329.º ARTIGO 335.º
(Resolução convencional do contrato) (Matéria discutível)
1. O Dono da Obra e o Empreiteiro podem, por acordo e O indeferimento das reclamações formuladas oportu-
em qualquer momento, resolver o contrato. namente pelo Empreiteiro ao Dono da Obra, não inibe o
2. Os efeitos da resolução convencional do contrato são Empreiteiro de discutir a matéria dessas reclamações, em
fixados no acordo. acção proposta para o efeito.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6897

ARTIGO 336.º oposição baseada nos mesmos fundamentos que servem de


(Tentativa de conciliação)
oposição à execução da sentença.
1. As acções a que se referem os artigos 323.º e 327.º 3. Dos autos de conciliação já homologados deve ser
devem ser precedidas de tentativa de conciliação, perante remetida uma cópia autenticada a cada uma das partes.
uma comissão cuja composição e funcionamento é definida ARTIGO 339.º
por acto normativo específico do Presidente da República. (Não conciliação)
2. Os representantes das partes devem ter qualificação Caso seja frustrada a conciliação ou, por facto imputável
técnica ou experiência profissional adequada no domínio das a qualquer das partes, não for possível realizar a diligência
questões relativas às Empreitadas de Obras Públicas. e ainda se for recusada a homologação do acordo efectuado,
ARTIGO 337.º ou esta homologação não se verificar no prazo de 45 dias,
(Procedimento de conciliação)
contados a partir da data em que tenha sido solicitada, deve
1. O requerimento para a tentativa de conciliação deve ser entregue ao requerente, para efeitos do disposto nos arti-
ser apresentado em duplicado e dirigido para a comissão gos seguintes, cópia do auto respectivo, acompanhada, se
referida no artigo anterior, devendo conter, além da iden- for caso disso, de documentos comprovativos da situação
tificação do requerido, a exposição dos factos referentes ao ocorrida.
pedido e a sua fundamentação. ARTIGO 340.º
2. O requerido deve ser notificado para, no prazo de 8 dias, (Interrupção da prescrição e da caducidade)
apresentar resposta escrita sendo-lhe, para o efeito, entregue O pedido de tentativa de conciliação interrompe o prazo
cópia do pedido. de prescrição do direito e de caducidade da respectiva acção,
3. A tentativa de conciliação deve ter lugar no prazo que voltam a correr 22 dias depois da data em que o reque-
máximo de trinta dias contados a partir do termo do prazo rente receba o documento comprovativo da impossibilidade
para o requerido responder, salvo adiamento por motivo que de realização ou da inviabilidade da diligência.
seja reputado justificação bastante, sendo as partes notifica-
ARTIGO 341.º
das para comparecer e indicar, no prazo de 5 dias, os seus (Tribunal arbitral)
representantes para a comissão.
1. O recurso à arbitragem ou a outros meios de resolução
4. Os representantes das partes que devem integrar a
alternativa de litígios é permitido, para resolução de litígios
comissão são convocados com uma antecedência não infe-
emergentes da execução de contratos, nos termos da pre-
rior a 5 dias em relação à data designada para a tentativa de
sente Lei e demais legislação.
conciliação.
2. Quando opte pela sujeição dos litígios à arbitragem, a
5. A comparência dos representantes das partes deve
Entidade Pública Contratante prevê obrigatoriamente:
verificar-se pessoalmente ou através de quem se apresente,
a) A necessidade de aceitação, por parte do co-con-
munido de procuração ou credencial que contenha pode-
tratante, da jurisdição de centro de arbitragem
res expressos e bastantes para as obrigar, na tentativa de
institucionalizado para a resolução de quaisquer
conciliação.
conflitos relativos ao contrato, de acordo com
6. Na tentativa de conciliação, a comissão deve proceder
o modelo previsto no Anexo VIII, a incluir no
a um exame cuidado da questão, nos aspectos de facto e de
direito que a caracterizam, devendo, nessa base, em seguida, caderno de encargos e no contrato;
tentar a obtenção de um acordo justo entre as partes. b) O modo de constituição do tribunal e o regime pro-
7. Todas as notificações e as convocatórias para o efeito cessual a aplicar, por remissão para as normas do
de tentativa de conciliação ou que lhe sejam subsequentes, regulamento do centro de arbitragem institucio-
devem ser feitas por carta registada com aviso de recepção nalizado competente, de acordo com o modelo
ou qualquer outro meio de, comprovadamente, fazer chegar previsto no Anexo VIII.
as notificações e convocatórias às partes interessadas. 3. A resolução de litígios por meio de arbitragem em
ARTIGO 338.º
tribunais arbitrais não integrados em centros de arbitra-
(Acordo) gem institucionalizados só pode ser determinada numa das
1. Havendo conciliação, é lavrado o auto, do qual devem seguintes situações:
constar todos os termos e condições do acordo e a comis- a) Quando, face à elevada complexidade das
são que para o efeito tiver sido designada, tem de submeter, questões jurídicas ou técnicas envolvidas, ao
no prazo de 5 dias, à homologação do Órgão responsá- elevado valor económico das questões a resol-
vel pela Regulação da Construção Civil e Obras Públicas, ver, ou à inexistência de centro de arbitragem
com conhecimento do Órgão responsável pela Regulação e institucionalizado competente na matéria, seja
Supervisão da Contratação Pública. aconselhável a submissão de eventuais litígios à
2. Os autos de conciliação, devidamente homologados, jurisdição de tribunal arbitral não integrado em
constituem título executivo e só lhes pode ser deduzida centro de arbitragem institucionalizado;
6898 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) Quando se demonstre que a utilização de um cen- 2. O disposto no número anterior aplica-se quer às
tro de arbitragem institucionalizado teria como subempreitadas que resultem de contrato entre o Empreiteiro
consequência uma resolução mais morosa do adjudicado da obra pública e o seu Subempreiteiro, quer às
litígio; efectuadas entre um Subempreiteiro e um terceiro.
c) Quando se demonstre que a utilização de um cen- 3. O Empreiteiro de Obras Públicas adjudicatário de uma
tro de arbitragem institucionalizado teria como obra pública não pode subempreitar mais de 75% do valor
consequência um custo mais elevado para as da obra que lhe foi adjudicada.
4. O regime previsto no número anterior é, igualmente,
Entidades Públicas Contratantes.
aplicável às subempreitadas subsequentes.
4. Se se optar pela submissão de litígio a tribunal arbitral
5. O Empreiteiro não pode proceder à substituição dos
não integrado em centro de arbitragem institucionalizado,
Subempreiteiros que figurem no contrato sem obter, previa-
a Entidade Contratante deve elaborar uma avaliação de
mente, autorização do Dono da Obra.
impacto dos custos que tal opção importa, designadamente
6. O Dono da Obra não pode opor-se à escolha do
quanto aos honorários de árbitros e advogados, taxas, custas
Subempreiteiro pelo Empreiteiro de Obras Públicas, adju-
e outras despesas.
dicatário da obra, salvo se aquele não dispuser de condições
5. Nos litígios sobre questões de legalidade, os árbi-
legais para a execução da obra que lhe foi subcontratada.
tros decidem estritamente segundo o direito constituído,
ARTIGO 344.º
não podendo pronunciar-se sobre a conveniência ou opor-
(Contrato de subempreitada)
tunidade da actuação administrativa, nem julgar segundo a
1. Para efeitos do disposto na presente Lei, entende-se
equidade.
por Subempreitada o contrato de empreitada emergente,
6. A resolução de conflitos em contratação pública resul-
mediata ou imediatamente, de um contrato administrativo
tantes da execução de contratos previstos na presente Lei
de empreitada de obras públicas.
é assegurada por um centro com competência institucio-
2. O contrato referido no número anterior consta de
nalizada para garantir o tratamento, gestão e promoção de
documento particular outorgado pelas partes contratantes.
formas alternativas de solução, cuja organização e funcio-
3. Do contrato devem constar, necessariamente, os
namento é determinada em acto normativo específico do
seguintes elementos:
Presidente da República.
a) A identificação das partes outorgantes, indicando o
ARTIGO 342.º seu nome ou denominação social, número fiscal
(Processo arbitral)
de contribuinte ou pessoa colectiva, estado civil
1. O processo arbitral é simplificado, nos seguintes e domicílio ou, no caso de ser uma sociedade,
termos: a respectiva sede social e, se for caso disso, as
a) Há unicamente dois articulados: a petição e a con- filiais que interessam à execução do contrato,
testação; os nomes dos titulares dos corpos gerentes ou
b) Só podem ser indicadas duas testemunhas por cada de outras pessoas com poderes para obrigar no
facto contido no questionário; acto;
c) A discussão é escrita. b) A identificação dos títulos de que constem as
2. Proferida a decisão e notificada às partes, o pro- autorizações para o exercício da actividade de
cesso é entregue ao Órgão responsável pela Regulação da Empreiteiros de obras públicas;
Construção Civil e Obras Públicas, com conhecimento c) A especificação técnica da obra que for objecto do
do Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da contrato;
Contratação Pública, onde fica arquivado, competindo a este d) O valor global do contrato;
serviço decidir tudo quanto respeite aos termos da respec- e) A forma e os prazos de pagamentos, os quais
tiva execução por parte das entidades administrativas, sem devem ser estabelecidos em condições idênticas
prejuízo da competência dos tribunais para a execução das às previstas no contrato entre o Dono da Obra
obrigações do Empreiteiro, devendo ser remetida ao juiz Pública e o Empreiteiro.
competente cópia da decisão do tribunal arbitral, para efei- 4. A não observância integral do disposto nos n.os 2 e 3
tos do processo executivo. determina a nulidade do contrato.
5. O Empreiteiro não pode, porém, opor ao Subempreiteiro
CAPÍTULO VIII a nulidade prevista no número anterior.
Subempreitadas
ARTIGO 345.º
ARTIGO 343.º (Direito de retenção)
(Princípios gerais) 1. Os Subempreiteiros podem reclamar, junto do Dono
1. Não podem executar trabalhos em obras públicas, da Obra, pelos pagamentos em atraso que sejam devidos
como Subempreiteiros, as entidades referidas no artigo 56.º pelo Empreiteiro, podendo o Dono da Obra exercer o direito
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6899

de retenção de quantias, no mesmo montante, devidas ao ARTIGO 348.º


(Prestações de serviço)
Empreiteiro e decorrentes do contrato de empreitada de obra
pública. 1. Para além das Subempreitadas, ficam proibidas todas
2. As quantias retidas nos termos do número anterior as prestações de serviço para a execução de obras públicas.
devem ser pagas directamente ao Subempreiteiro, caso 2. O disposto no número anterior não se aplica aos téc-
o Empreiteiro, notificado para o efeito pelo dono de obra, nicos responsáveis pela obra nem aos casos em que os
não comprove, nos 15 dias imediatos à recepção de tal serviços a prestar se revistam de elevada especialização
notificação: técnica ou artística e não sejam enquadráveis em qualquer
a) Haver procedido à liquidação das mesmas; das subcategorias previstas para o exercício da actividade
b) Haver facto legalmente atendível para o não paga- de Empreiteiro de Obras Públicas, nos termos da legislação
mento. aplicável.
3. A violação ao disposto no presente artigo confere ao
ARTIGO 346.º
(Obrigações do Empreiteiro) Dono da Obra o direito de rescindir o contrato, sem prejuízo
do disposto no artigo 213.º
São obrigações do Empreiteiro, sem prejuízo das respon-
sabilidades que lhe cabem perante o Dono da Obra: ARTIGO 349.º
(Responsabilidade do Empreiteiro)
a) Assegurar-se de que o Subempreiteiro possui as
Não obstante a celebração de um ou de mais contratos de
autorizações de Empreiteiro de Obras Públicas
Subempreitada, ainda que sem a intervenção do Empreiteiro,
necessárias à execução da obra a subcontratar;
este é sempre responsável perante o Dono da Obra pelas
b) Zelar pelo escrupuloso cumprimento do disposto
obrigações decorrentes do contrato de Empreitada de Obras
na legislação e regulamentação aplicável;
Públicas, bem como pelos actos ou omissões praticados por
c) Depositar cópias dos contratos de subempreitada
qualquer Subempreiteiro, em violação daquele contrato.
que efectue, junto do Dono da Obra, previamente
ARTIGO 350.º
à celebração do contrato do qual emergem, (Derrogação e prevalência)
quando se trate de autorizações necessárias para
1. Para efeitos do disposto no presente capítulo, é aplicá-
a apresentação a concurso;
vel às Subempreitadas o Regime Geral das Empreitadas de
d) Depositar cópias dos contratos de subempreitada Obras Públicas.
que efectue, junto do Dono da Obra, previa- 2. Em qualquer caso, o regime constante do presente
mente ao início dos trabalhos, quando se trate de capítulo prevalece sobre o Regime Geral das Empreitadas
outras autorizações; de Obras Públicas, na parte em que, com o mesmo, se não
e) Efectuar os pagamentos devidos aos Subemprei- conforme.
teiros e fornecedores em prazos e condições que
não sejam mais desfavoráveis do que os estabe- TÍTULO VI
Execução dos Contratos de Locação e Aquisição
lecidos nas relações com o Dono da Obra.
de Bens Móveis e de Aquisição de Serviços
ARTIGO 347.º
(Obrigações do Dono de Obra)
CAPÍTULO I
No âmbito do disposto no presente título, incumbe ao Disposições Comuns
Dono de Obra Pública:
SECÇÃO I
a) Assegurar-se do cumprimento da lei por parte das Princípios Gerais
entidades que executam trabalhos em obras
ARTIGO 351.º
públicas sob sua responsabilidade; (Partes)
b) Comunicar o incumprimento do disposto no São partes do contrato a Entidade Pública Contratante e
presente capítulo à comissão referida no artigo o seu co-contratante, o qual assume a designação de locador,
336.º e ao Órgão responsável pela Regulação da fornecedor ou prestador, consoante se trate, respectiva-
Construção Civil e Obras Públicas; mente, de Locação de Bens Móveis, de Aquisição de Bens
c) Comunicar às autoridades competentes da saúde, Móveis ou de Aquisição de Serviços.
protecção e higiene no trabalho as irregularida- ARTIGO 352.º
des verificadas em matérias da sua competência; (Execução pessoal)
d) Participar ao Órgão responsável pela Regulação da Sem prejuízo do disposto em matéria de cessão da posição
Construção Civil e Obras Públicas os casos em contratual e de subcontratação, incumbe ao co-contratante
que detecte o exercício ilegal da profissão por a exacta e pontual execução das prestações contratuais, em
parte de Subempreiteiro ou autorização por este cumprimento do convencionado, não podendo este trans-
de pessoal em violação do disposto no artigo mitir a terceiros as responsabilidades assumidas perante a
seguinte. Entidade Pública Contratante.
6900 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 353.º 2. As partes podem atribuir eficácia retroactiva ao con-


(Colaboração recíproca) trato quando exigências imperiosas de direito público o
1. As partes estão vinculadas pelo dever de colaboração justifiquem, desde que a produção antecipada de efeitos:
mútua na execução do contrato. a) Não seja proibida por lei;
2. O co-contratante deve prestar à Entidade Pública b) Não lese direitos e interesses legalmente protegi-
Contratante todas as informações que esta lhe solicitar e que dos de terceiros;
c) Não impeça, restrinja ou falseie a concorrência
sejam necessárias à fiscalização da execução do contrato.
garantida pelo disposto na presente Lei relativa-
3. A Entidade Pública Contratante deve satisfazer os mente ao procedimento de formação do contrato.
pedidos de informação formulados pelo co-contratante que 3. O contrato que constitui obrigações para terceiros ou
respeitem a elementos técnicos na sua posse cujo conheci- do qual resulte efeitos modificativos, impeditivos ou extin-
mento se mostre necessário à execução do contrato. tivos de direitos de terceiros só se torna eficaz nessa parte
ARTIGO 354.º mediante consentimento dos visados.
(Protecção do co-contratante pela Entidade Pública Contratante) ARTIGO 359.º
A Entidade Pública Contratante deve exercer as respecti- (Suspensão e recomeço da execução do contrato)

vas competências de autoridade a fim de reprimir ou prevenir 1. A execução das prestações que constituem o objecto
a violação por terceiros de vínculos jurídico-administrativos do contrato pode ser, total ou parcialmente, suspensa com os
de que resulte a impossibilidade ou grave dificuldade de se seguintes fundamentos:
alcançar o fim visado com a celebração do contrato. a) Impossibilidade temporária de cumprimento das
ARTIGO 355.º
obrigações contratuais, designadamente em vir-
(Sigilo e direito à informação) tude de mora da Entidade Pública Contratante
1. A Entidade Pública Contratante e o co-contratante na entrega ou na disponibilização de meios ou
guardam sigilo sobre quaisquer matérias sujeitas a segredo bens necessários à execução das prestações con-
nos termos da lei às quais tenham acesso no âmbito da exe- tratuais;
cução do contrato. b) Excepção de não cumprimento, nos termos do
2. Compete à Entidade Pública Contratante a satisfa- disposto no artigo 378.º
ção do direito à informação por parte de particulares sobre 2. A suspensão da execução das prestações contratuais
o teor do contrato e sobre quaisquer aspectos da respectiva determina a prorrogação do respectivo prazo de execução
execução. por período igual ao da duração da suspensão, acrescido do
prazo estritamente necessário à organização de meios e exe-
ARTIGO 356.º
(Princípios da boa-fé, da prossecução do interesse público cução de trabalhos preparatórios ou acessórios com vista ao
e da proporcionalidade) recomeço da execução.
1. O contrato constitui, para as partes, direitos e obriga- 3. A prorrogação referida no número anterior não pode
ções que devem ser exercidos e cumpridos de boa-fé e em ser invocada pela parte a quem sejam imputáveis os factos
conformidade com os ditames do interesse público, nos ter- geradores da suspensão.
mos da lei. 4. A execução das prestações que constituem o objecto do
2. A Entidade Pública Contratante não pode assumir contrato recomeça logo que cessem as causas que determi-
direitos ou obrigações manifestamente desproporcionadas naram a suspensão, devendo a Entidade Pública Contratante
ou que não tenham uma conexão material directa com o fim notificar por escrito o co-contratante para o efeito.
do contrato. ARTIGO 360.º
(Prazo de pagamento)
ARTIGO 357.º
(Direito aplicável) 1. Sempre que do contrato não conste data ou prazo de
pagamento, a obrigação pecuniária vence-se, sem necessi-
Em tudo quanto não estiver regulado na presente Lei ou
dade de novo aviso, 30 dias após a data em que a Entidade
em lei especial, são subsidiariamente aplicáveis à execução
Pública Contratante tiver recebido a factura ou documento
dos contratos regulados pelo presente Título, as restantes
equivalente ou, no caso de a factura ser emitida antes do
normas de direito administrativo e, na falta destas, o direito
fornecimento ou da locação dos bens ou da prestação dos
civil.
serviços, 30 dias após a data de recepção efectiva ou do
SECÇÃO II termo da locação dos bens ou do termo da prestação dos
Eficácia e Execução do Contrato
serviços.
ARTIGO 358.º 2. Constando do contrato data ou prazo de pagamento,
(Eficácia do contrato) os pagamentos devidos pela Entidade Pública Contratante
1. A plena eficácia do confrato depende da emissão dos são efectuados no prazo de 30 dias após a entrega das res-
actos de aprovação ou de outros actos integrativos exigidos pectivas facturas, as quais só podem ser emitidas após o
por lei. vencimento da obrigação a que se referem.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6901

3. O contrato pode estabelecer prazo diverso do fixado 4. Salvo disposição em contrário prevista em lei espe-
no número anterior, não podendo este exceder, em qualquer cial, a execução forçada das prestações contratuais em falta
caso, 60 dias. só pode ser obtida através de decisão judicial.
4. São nulas as cláusulas contratuais que, sem motivo 5. Quando, na sequência da decisão judicial a que se
atendível e justificado face às circunstâncias concretas, esta- refere o número anterior, o Tribunal condenar o co-contra-
beleçam prazos superiores a 60 dias para o vencimento das tante à prestação de um facto ou à entrega de coisa certa,
obrigações pecuniárias. pode a Entidade Pública Contratante promover a execução
5. No caso previsto no número anterior, a cláusula tem-se coerciva da sentença através de acto administrativo.
por não escrita e a obrigação considera-se vencida de acordo ARTIGO 364.º
com as regras do presente artigo. (Poderes de direcção e de fiscalização)

ARTIGO 361.º 1. A Entidade Pública Contratante assegura, mediante


(Revisão de preços) o exercício de poderes de direcção e de fiscalização, que
1. Só há lugar à revisão de preços se o contrato o determi- o contrato é executado de modo a prosseguir o interesse
nar e fixar os respectivos termos, nomeadamente o método público visado pela decisão de contratar.
de cálculo, a periodicidade e as fórmulas. 2. O exercício dos poderes de direcção e de fiscalização
2. As regras aplicáveis aos Mecanismos e Fórmulas para deve salvaguardar a autonomia do co-contratante, limitando-
a Revisão de Preços são as definidas em acto normativo -se ao estritamente necessário para assegurar a prossecução
específico do Presidente da República. do interesse público e processando-se de modo a não per-
ARTIGO 362.º
turbar a execução do contrato, com observância das regras
(Prémios por cumprimento antecipado) legais ou contratuais aplicáveis e sem diminuir a iniciativa e
1. Salvo quando a natureza do contrato ou a lei não o a correlativa responsabilidade do co-contratante.
permitam, a Entidade Pública Contratante pode atribuir ao ARTIGO 365.º
(Direcção do modo de execução das prestações)
co-contratante prémios por cumprimento antecipado das
prestações objecto do contrato. 1. Para além das acções tipificadas no contrato, a direc-
2. A possibilidade de atribuição de prémios a que se ção pela Entidade Pública Contratante consiste na emissão
refere o número anterior, as condições da sua atribuição e o de ordens, directivas ou instruções sobre o sentido das
respectivo valor devem constar do contrato. escolhas necessárias nos domínios da execução técnica,
financeira ou jurídica das prestações contratuais, consoante
SECÇÃO III
Conformação da Relação Contratual o contrato em causa.
2. As ordens, directivas ou instruções são emitidas por
ARTIGO 363.º
(Poderes da Entidade Pública Contratante)
escrito ou, quando as circunstâncias impuserem a forma
oral, reduzidas a escrito e notificadas ao co-contratante no
1. Salvo quando o contrário resultar da natureza do con-
prazo de 5 dias, salvo justo impedimento.
trato ou da lei, a Entidade Pública Contratante pode, nos
ARTIGO 366.º
termos do disposto no contrato e na presente Lei: (Fiscalização do modo de execução do contrato)
a) Dirigir o modo de execução das prestações;
1. A Entidade Pública Contratante dispõe de poderes de
b) Fiscalizar o modo de execução do contrato;
fiscalização técnica, financeira e jurídica do modo de exe-
c) Modificar unilateralmente as cláusulas respeitan-
cução do contrato, com vista a determinar as necessárias
tes ao conteúdo e ao modo de execução das correcções às prestações contratuais do co-contratante e a
prestações previstas no contrato por razões de aplicação das devidas sanções.
interesse público; 2. Sem prejuízo da garantia do segredo profissional ou
d) Aplicar as sanções previstas para a violação de comercial e do regime aplicável a outra informação pro-
obrigações contratuais; tegida por lei, a fiscalização limita-se a aspectos que se
e) Resolver unilateralmente o contrato. prendam imediatamente com o modo de execução do con-
2. Os actos administrativos que interpretem cláusulas trato, podendo realizar-se, designadamente, através de
contratuais ou que se pronunciem sobre a respectiva vali- inspecção de locais, equipamentos, documentação, registos
dade não são definitivos e executórios, pelo que, na falta de informáticos e contabilidade, mediante medições do estado
acordo do co-contratante, a Entidade Pública Contratante só de adiantamento dos trabalhos ou pedidos de informação.
pode obter os efeitos pretendidos através de decisão judicial. 3. O exercício do poder de fiscalização deve ficar docu-
3. O disposto no número anterior não prejudica a aplica- mentado em autos, relatórios ou livros próprios.
ção das disposições gerais da lei civil relativas aos contratos 4. As tarefas de fiscalização podem ser parcial ou
bilaterais, a menos que tais preceitos tenham sido afastados totalmente delegadas em comissões paritárias de acompanha-
por vontade expressa das partes. mento ou em entidades públicas ou privadas especializadas.
6902 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO IV 3. Na falta de estipulação contratual, a reposição do


Modificação Objectiva do Contrato
equilíbrio financeiro é efectuada, alternativa ou cumulati-
ARTIGO 367.º vamente, através da prorrogação do prazo de execução das
(Fundamentos e forma da modificação) prestações ou de vigência do contrato, da revisão de preços
1. A modificação do contrato pode ter os seguintes ou da assunção, por parte da Entidade Pública Contratante,
fundamentos: do dever de prestar à contraparte o valor correspondente ao
a) Alteração anormal e imprevisível das circunstân- decréscimo das receitas esperadas ou ao agravamento dos
cias em que as partes fundaram a decisão de encargos previstos com a execução do contrato.
contratar, desde que não esteja coberta pelos 4. A reposição do equilíbrio financeiro não pode colo-
riscos próprios do contrato e que a exigência car qualquer das partes em situação mais favorável do que
de manutenção das obrigações assumidas seja aquela que resultava do equilíbrio financeiro inicialmente
contrária à boa-fé; estabelecido, não podendo cobrir eventuais perdas que já
b) Por acordo entre as partes, que não pode revestir decorriam desse equilíbrio ou eram inerentes ao risco pró-
forma menos solene do que a da formação do prio do contrato.
contrato. 5. A reposição do equilíbrio financeiro produz os seus
2. O contrato pode ser modificado: efeitos desde a data da ocorrência do evento que lhe deu
a) Por acordo entre as partes, que não pode revestir origem.
forma menos solene do que a do contrato; 6. Os casos não abrangidos pelo n.º 1 conferem direito à
b) Por decisão judicial ou arbitral. modificação do contrato ou a uma compensação financeira,
3. Quando o fundamento da modificação do contrato segundo critérios de equidade.
seja o previsto na alínea b) do n.º 1, o contrato pode ainda ARTIGO 370.º
ser modificado por acto administrativo da Entidade Pública (Publicitação das modificações contratuais)
Contratante. 1. Os actos administrativos da Entidade Pública
ARTIGO 368.º Contratante ou os acordos entre as partes que impliquem
(Limites) modificações objectivas do contrato e representem um valor
1. A modificação do contrato não pode conduzir à alte- acumulado superior a 15% do preço contratual devem ser
ração das prestações principais abrangidas pelo seu objecto imediatamente comunicados ao Órgão responsável pela
nem configurar uma forma de impedir, restringir ou falsear a Regulação e Supervisão da Contratação Pública, para efeitos
concorrência garantida pelo disposto na presente Lei relati- de publicitação no Portal da Contratação Pública, devendo
vamente ao procedimento de formação do contrato. a publicidade ser mantida até seis meses após a extinção do
2. Para efeitos do disposto no número anterior, salvo contrato.
quando a natureza duradoura do vínculo contratual e o 2. A notificação referida no número anterior é condi-
decurso do tempo o justifiquem, a modificação só é permitida ção de eficácia dos actos administrativos ou dos acordos
quando seja objectivamente demonstrável que a ordenação modificativos, nomeadamente para efeitos de realização de
das propostas avaliadas no procedimento de formação do quaisquer pagamentos.
contrato não seria alterada se o caderno de encargos tivesse SECÇÃO V
contemplado essa modificação. Cessão da Posição Contratual e Subcontratação

ARTIGO 369.º ARTIGO 371.º


(Consequências) (Âmbito)
1. O co-contratante tem direito à reposição do equilíbrio Na falta de estipulação contratual ou quando outra coisa
financeiro, sempre que o fundamento para a modificação do não resultar da natureza do contrato, são admitidas a cessão
contrato seja: da posição contratual e a subcontratação, nos termos do dis-
a) A alteração anormal e imprevisível das circuns- posto nos artigos seguintes.
tâncias imputável a decisão da Entidade Pública ARTIGO 372.º
Contratante, ainda que adoptada fora do exercí- (Limites à cessão e à subcontratação pelo co-contratante)
cio dos seus poderes de conformação da relação 1. O contrato pode proibir a subcontratação de deter-
contratual, desde que tal alteração se repercuta minadas prestações contratuais ou de prestações cujo valor
de modo específico na situação contratual do acumulado exceda uma percentagem do preço contratual.
co- contratante; 2. A cessão da posição contratual e a subcontratação são
b) Razões de interesse público. sempre vedadas:
2. Na falta de estipulação contratual, o valor da reposi- a) Quando a escolha do co-contratante tenha sido
ção do equilíbrio financeiro corresponde ao necessário para determinada num procedimento de Contratação
repor a proporção financeira em que assentou inicialmente Simplificada, nos casos em que só possa ser
o contrato. convidada uma entidade;
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6903

b) Às entidades abrangidas pelas causas de impedi- ARTIGO 375.º


(Cessão da posição contratual pela Entidade Pública Contratante)
mento previstas no artigo 56.º;
c) Quando existam fortes indícios de que a cessão da A cessão da posição contratual pela Entidade Pública
posição contratual ou a subcontratação resultem Contratante só pode ser recusada pelo co-contratante
de actos, acordos, práticas ou informações sus- quando haja fundado receio quanto ao aumento do risco de
incumprimento das obrigações emergentes do contrato pelo
ceptíveis de falsear as regras de concorrência.
potencial cessionário ou quanto à diminuição das garantias
3. Sempre que se trate de subcontratação, o limite
do co-contratante.
constante da alínea a) do número anterior restringe-se às
prestações objecto do contrato que tiverem sido determi- SECÇÃO VI
Incumprimento do Contrato
nantes para a escolha do procedimento de Contratação
Simplificada. ARTIGO 376.º
(Incumprimento por facto imputável ao co-contratante)
4. Nos casos previstos na alínea c) do n.º 2, a Entidade
Pública Contratante, de imediato, comunica ao Órgão res- 1. Se o co-contratante não cumprir de torna exacta e pon-
ponsável pela Regulação e Supervisão da Contratação tual todas ou alguma das obrigações contratuais por facto que
Pública os indícios dos actos, acordos, práticas ou informa- lhe seja imputável, a Entidade Pública Contratante notifica-
ções susceptíveis de falsear as regras da concorrência. -o para cumprir dentro de um prazo razoável, salvo quando
o cumprimento se tenha tornado impossível ou a Entidade
ARTIGO 373.º
(Autorização à cessão e à subcontratação pelo co-contratante) Pública Contratante tenha perdido o interesse na prestação.
2. Mantendo-se a situação de incumprimento após o
1. A cessão da posição contratual e a subcontratação pelo
decurso do prazo referido no número anterior, a Entidade
co-contratante carecem de autorização da Entidade Pública
Pública Contratante pode optar pela execução das prestações
Contratante.
de natureza fungível em falta, directamente ou por intermé-
2. Para efeitos da autorização prevista no número anterior,
dio de terceiro, ou por resolver o contrato com fundamento
o co-contratante deve apresentar uma proposta fundamen-
em incumprimento definitivo, nos termos do disposto no
tada e instruída com todos os documentos comprovativos da
artigo 397.º
verificação dos requisitos aplicáveis nos termos dos núme-
3. Se a Entidade Pública Contratante optar pela execução
ros seguintes.
das prestações fungíveis por terceiro, a formação do contrato
3. A autorização da cessão da posição contratual ou
com este sujeita-se aos procedimentos aplicáveis nos termos
da subcontratação pelo subcontratante depende da prévia do disposto no Título III.
apresentação dos documentos de habilitação relativos ao 4. O disposto nos números anteriores não prejudica
potencial cessionário ou subcontratado que hajam sido exi- a aplicação pela Entidade Pública Contratante de sanções
gidos ao cedente ou ao subcontratante no procedimento de previstas no contrato para o caso de incumprimento pelo
formação do contrato em causa. co-contratante, nem a aplicação das disposições relativas à
4. No caso da cessão da posição contratual, a autoriza- obrigação de indemnização por mora e incumprimento defi-
ção depende ainda do preenchimento, por parte do potencial nitivo previstas no Código Civil.
cessionário, dos requisitos mínimos de capacidade técnica e
ARTIGO 377.º
de capacidade financeira exigidos ao cedente para efeitos de (Atrasos nos pagamentos)
qualificação, quando esta tenha tido lugar no procedimento 1. Em caso de atraso da Entidade Pública Contratante
de formação do contrato em causa. no cumprimento de obrigações pecuniárias, tem o co-contra-
5. A Entidade Pública Contratante pronuncia-se sobre a tante direito aos juros de mora sobre o montante em dívida
proposta do co-contratante no prazo de 30 dias a contar da à taxa de 2% ao ano.
respectiva apresentação, desde que regularmente instruída. 2. A obrigação de pagamento de juros de mora vence-se
6. Observados os limites previstos no artigo anterior automaticamente, sem necessidade de novo aviso.
e cumpridos os requisitos previstos no presente artigo, a 3. São nulas as cláusulas contratuais que, sem motivo
Entidade Pública Contratante apenas pode recusar a ces- atendível e justificado face às circunstâncias concretas, limi-
são da posição contratual ou a subcontratação quando haja tem ou excluam a responsabilidade pela mora.
fundado receio de que estas aumentem o risco de incumpri- 4. Em caso de desacordo sobre o montante devido, a
mento das obrigações emergentes do contrato. Entidade Pública Contratante efectua o pagamento sobre a
ARTIGO 374.º importância em que existe concordância do co-contratante.
(Responsabilidade do co-contratante) 5. Quando as importâncias pagas nos termos previstos no
No caso de subcontratação, o co-contratante perma- número anterior forem inferiores àquelas que sejam efecti-
nece integralmente responsável perante a Entidade Pública vamente devidas ao co-contratante, em função da apreciação
Contratante pelo exacto e pontual cumprimento de todas as de reclamações deduzidas, tem este direito a juros de mora
obrigações contratuais. sobre essa diferença, nos termos do disposto no n.º 1.
6904 DIÁRIO DA REPÚBLICA

6. Na falta de disposição contratual, o atraso em um ou SECÇÃO VII


Extinção do Contrato
mais pagamentos não determina o vencimento das restantes
obrigações de pagamento. ARTIGO 380.º
(Causas de extinção)
ARTIGO 378.º
(Excepção de não cumprimento invocável pelo co-contratante)
1. São causas de extinção do contrato:
a) O cumprimento, a impossibilidade definitiva e
1. Quando o incumprimento seja imputável à Entidade as restantes causas de extinção das obrigações
Pública Contratante, o co-contratante, independentemente reconhecidas pelo direito civil;
do direito de resolução do contrato que lhe assista nos ter- b) O acordo revogatório;
mos do disposto no artigo 382.º, pode invocar a excepção c) A resolução.
de não cumprimento desde que a sua recusa em cumprir 2. A resolução do contrato pode ter lugar:
não implique grave prejuízo para a realização do interesse a) Por declaração do co-contratante, nos casos previs-
tos no n.º 4 do artigo 382.º;
público subjacente à relação jurídica contratual.
b) Por decisão da Entidade Pública Contratante, nos
2. Se a recusa de cumprir pelo co-contratante impli- casos previstos nos artigos 383.º e 384.º;
car grave prejuízo para a realização do interesse público, a c) Por decisão judicial ou arbitral, nos demais casos.
excepção de não cumprimento só pode ser invocada quando
ARTIGO 381.º
a realização das prestações contratuais coloque manifes- (Acordo revogatório)
tamente em causa a viabilidade económico-financeira 1. As partes podem, por acordo, revogar o contrato em
do co- contratante ou se revele excessivamente onerosa, qualquer momento.
devendo, nesse último caso, ser devidamente ponderados os 2. Os efeitos da revogação são os que tiverem sido vali-
interesses públicos e privados em presença. damente fixados no acordo.
3. A invocação da excepção de não cumprimento pelo 3. O acordo revogatório não pode revestir forma menos
co-contratante depende de prévia notificação, à Entidade solene do que a do contrato.
Pública Contratante, da intenção de exercício desse direito ARTIGO 382.º
(Resolução do contrato por iniciativa do co-contratante)
e dos respectivos fundamentos, com a antecedência mínima
de 15 dias, se outra não for estipulada no contrato. 1. Sem prejuízo de outros casos de grave violação das
obrigações assumidas pela Entidade Pública Contratante
4. Considera-se que a invocação da excepção de não
especialmente previstos no contrato, e independentemente
cumprimento não implica grave prejuízo para a realização
do direito de indemnização, o co-contratante tem o direito
do interesse público quando a Entidade Pública Contratante, de resolver o contrato nos seguintes casos:
no prazo de 15 dias contado da notificação a que se refere a) Alteração anormal e imprevisível das circunstân-
o número anterior não reconhecer, mediante resolução fun- cias, desde que não esteja coberta pelos riscos
damentada, que a recusa em cumprir seria gravemente próprios do contrato e a subsistência das obriga-
prejudicial para o interesse público. ções contratuais seja contrária à boa-fé;
5. O disposto nos números anteriores é aplicável, com as b) Incumprimento definitivo do contrato por facto
necessárias adaptações, à invocação do direito de retenção imputável à Entidade Pública Contratante;
pelo co-contratante. c) Incumprimento de obrigações pecuniárias pela
ARTIGO 379.º Entidade Pública Contratante por período supe-
(Aplicação das sanções contratuais) rior a 6 meses, bem como atraso no pagamento
1. Nos termos previstos na presente Lei, a Entidade de montantes superiores a 25% do preço contra-
Pública Contratante pode, a título sancionatório, resolver o tual, excluindo juros;
contrato e aplicar as sanções previstas no contrato ou na lei d) Exercício dos poderes de conformação da relação
contratual, atribuídos à Entidade Pública Con-
em caso de incumprimento pelo co-contratante.
tratante pela presente Lei, que torne contrária à
2. Quando as sanções a que se refere o número anterior
boa-fé à manutenção do contrato;
revistam natureza pecuniária, o respectivo valor acumulado
e) Incumprimento pela Entidade Pública Contratante
não pode exceder 20% do preço contratual, sem prejuízo do
de decisões judiciais ou arbitrais respeitantes ao
poder de resolução do contrato previsto na Secção seguinte.
contrato.
3. Nos casos em que seja atingido o limite previsto no 2. No caso previsto na alínea a) do n.º 1, apenas há direito
número anterior e a Entidade Pública Contratante decida de resolução quando esta não implique grave prejuízo para
não proceder à resolução do contrato, por dela resultar grave a realização do interesse público subjacente à relação jurí-
dano para o interesse público, aquele limite é elevado para dica contratual ou, caso implique tal prejuízo, quando a
30%. manutenção do contrato ponha manifestamente em causa
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6905

a viabilidade económico-financeira do co-contratante ou se 3. Nos casos de resolução sancionatória, havendo lugar


revele excessivamente onerosa, devendo, nesse último caso, à responsabilidade do co-contratante, o montante respectivo
serem devidamente ponderados os interesses públicos e pri- é deduzido das quantias devidas, sem prejuízo de a Entidade
vados em presença. Pública Contratante poder executar as garantias prestadas
3. O direito de resolução é exercido por via judicial ou pelo co-contratante.
mediante recurso a arbitragem. ARTIGO 384.º
4. Nos casos previstos na alínea c) do n.º 1, o direito de (Resolução por razões de interesse público)

resolução pode ser exercido mediante declaração à Entidade 1. A Entidade Pública Contratante pode resolver o
Pública Contratante ou requerimento acompanhado de contrato:
estimativa do valor dos trabalhos em causa, com a exacta a) Por razões de interesse público, devidamente
discriminação dos preços unitários que lhe serviram de base, fundamentadas, e mediante o pagamento ao co-
produzindo efeitos 30 dias após a recepção dessa declaração -contratante de justa indemnização;
ou do requerimento, salvo se a Entidade Pública Contratante b) Por alteração anormal e imprevisível das circuns-
cumprir com as obrigações em atraso nesse prazo, acresci- tâncias, nos termos do disposto na alínea a) do
das dos juros de mora a que houver lugar. n.º 1 do artigo 367.º
ARTIGO 383.º 2. No caso previsto na alínea a) do número anterior, a
(Resolução sancionatória) indemnização a que o co-contratante tem direito corres-
1. Sem prejuízo de outros casos de grave violação das ponde aos danos emergentes e aos lucros cessantes, devendo,
obrigações assumidas pelo co-contratante especialmente quanto a estes, ser deduzido o benefício que resulte da ante-
previstos no contrato, a Entidade Pública Contratante pode cipação dos ganhos previstos.
3. A falta de pagamento da indemnização prevista no
resolver o contrato, a título sancionatório, nos seguintes
número anterior no prazo de noventa dias, contados da data
casos:
em que o montante devido se encontre definitivamente apu-
a) Incumprimento definitivo do contrato por facto
rado, confere ao co-contratante o direito ao pagamento de
imputável ao co-contratante;
juros de mora sobre a respectiva importância.
b) Incumprimento grave ou reiterado, por parte do co- 4. No caso previsto na alínea b) do n.º 1, o co-contratante
-contratante, de ordens, directivas ou instruções tem também direito ao pagamento de justa indemnização,
transmitidas no exercício do poder de direcção fixada nos termos previstos nos n.os 2 e 3, quando a alteração
sobre matéria relativa à execução das prestações anormal e imprevisível das circunstâncias seja imputável à
contratuais; Entidade Pública Contratante, ainda que resulte de decisão
c) Oposição grave ou reiterada do co-contratante ao adoptada fora do exercício dos seus poderes de conformação
exercício dos poderes de fiscalização da Enti- da relação contratual.
dade Pública Contratante; 5. Em qualquer dos casos, não há lugar a indemniza-
d) Cessão da posição contratual ou subcontratação ção quando o contrato tenha sido originado, nomeadamente,
realizadas com inobservância dos termos e limi- por actos de improbidade pública, fraude, restrição da con-
tes previstos na presente Lei ou no contrato; corrência, facilitação em negócios e corrupção, nos termos
da legislação aplicável, salvo se o co-contrante estiver de
e) Aplicação de sanções contratuais com natureza
boa-fé.
pecuniária, cujo valor acumulado exceda o
SECÇÃO VIII
limite previsto no n.º 2 do artigo 379.º;
Invalidade do Contrato
f) Incumprimento pelo co-contratante de decisões
ARTIGO 385.º
judiciais ou arbitrais respeitantes ao contrato; (Invalidade consequente de actos procedimentais inválidos)
g) Não renovação do valor da caução pelo co-con-
1. Os contratos são nulos se a nulidade do acto procedi-
tratante, nos termos previstos no n.º 2 do artigo
mental, em que tenha assentado a sua celebração, tenha sido
103.º;
judicialmente declarada ou possa ainda sê-lo.
h) Falência ou insolvência do co-contratante; 2. Os contratos são anuláveis se tiverem sido anulados
i) Pela declaração de invalidade do contrato que ou se forem anuláveis os actos procedimentais em que tenha
resulte de factos imputáveis ao co-contratante. assentado a sua celebração.
2. O disposto no número anterior não prejudica o direito 3. Para o efeito do disposto no número anterior, os con-
de indemnização nos termos gerais, nomeadamente pelos tratos são anuláveis, designadamente quando tenham sido
prejuízos decorrentes da adopção de novo procedimento de celebrados na sequência de um procedimento de formação
formação de contrato e da celebração de novo contrato ou da de contrato sem publicação prévia de anúncio do respectivo
inutilização de prestações executadas ao abrigo do contrato procedimento, quando esta fosse exigida nos termos da pre-
objecto de resolução. sente Lei.
6906 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. O disposto no n.º 2 não é aplicável quando o acto pro- ARTIGO 389.º


(Prazo)
cedimental anulável, em que tenha assentado a celebração
do contrato, se consolide na ordem jurídica, se convalide 1. O prazo de vigência do contrato não pode ser superior
ou seja renovado, sem reincidência nas mesmas causas de a quarenta e oito meses, incluindo quaisquer prorrogações
invalidade. expressas ou tácitas do prazo de execução das prestações,
5. O efeito anulatório previsto no n.º 2 pode ser afas- que constituem o seu objecto, salvo se tal se revelar neces-
sário ou conveniente em função da natureza das prestações,
tado por decisão judicial ou arbitral, quando, ponderados os
objecto do contrato ou das condições da sua execução.
interesses públicos e privados em presença e a gravidade da
2. O disposto no número anterior não é aplicável a
ofensa geradora do vício do acto procedimental em causa,
obrigações acessórias que tenham sido estabelecidas ine-
a anulação do contrato se revele desproporcionada ou con-
quivocamente em favor da Entidade Pública Contratante,
trária à boa-fé ou quando se demonstre, inequivocamente,
designadamente obrigações de sigilo, de conformidade dos
que o vício não implicaria uma modificação subjectiva no
bens adquiridos e de garantia dos mesmos.
contrato celebrado, nem uma alteração do seu conteúdo
ARTIGO 390.º
essencial. (Acompanhamento do fabrico)
6. Quando o efeito retroactivo da anulação de um con-
1. Na falta de estipulação contratual, nos contratos de
trato, com fundamento nos vícios previstos nos números Aquisição de Bens Móveis a fabricar, a Entidade Pública
anteriores, se revele desproporcionado ou contrário à boa- Contratante pode manter nas instalações do fabricante dos
-fé, ou quando a esse efeito retroactivo obste a existência de bens, objecto do contrato, missões de acompanhamento,
uma situação de impossibilidade absoluta ou razões impe- cuja composição, competências e modo de funcionamento
riosas de interesse público, o tribunal pode circunscrever o devem ser definidos por acordo das partes.
respectivo alcance para o futuro. 2. No caso de, num prazo razoável, as partes não che-
ARTIGO 386.º garem a acordo quanto aos aspectos referidos no número
(Invalidade própria do contrato) anterior, os mesmos são definidos pela Entidade Pública
Contratante, em obediência a critérios de proporcionalidade
1. Os contratos celebrados com ofensa de normas impe-
e razoabilidade.
rativas são anuláveis.
3. Em qualquer caso, o acesso dos membros das mis-
2. Os contratos são, todavia, nulos quando se verifique
sões de acompanhamento às instalações do fabricante deve
algum dos fundamentos de nulidade, previstos nas Normas ser feito de forma a evitar qualquer interferência nociva na
do Procedimento e da Actividade Administrativa, ou quando gestão e operação das instalações e no processo de fabrico
o respectivo vício determine a nulidade nos termos de lei dos bens, devendo os referidos membros cumprir as nor-
especial. mas de segurança aplicáveis às instalações a que tenham
3. São aplicáveis as disposições do Código Civil relati- acesso, bem como as instruções para o efeito impostas pelo
vas à falta e vícios da vontade. fabricante.
ARTIGO 387.º
4. Quando o fornecedor não seja o fabricante dos bens,
(Regime de invalidade) aquele tem a obrigação de assegurar o acesso e o desenvol-
vimento dos trabalhos das missões de acompanhamento nas
1. Aos contratos previstos no presente Título é aplicável
instalações do fabricante.
o regime de invalidade consagrado no Código Civil.
5. O desempenho das funções da missão de acompa-
2. Todos os contratos são susceptíveis de redução e con-
nhamento não exime o fornecedor de responsabilidade por
versão, nos termos do disposto nos artigos 292.º e 293.º do quaisquer defeitos dos bens objecto do contrato ou pela não
Código Civil, independentemente do respectivo desvalor conformidade destes com as características, especificações e
jurídico. requisitos estabelecidos no contrato.
6. O disposto no presente artigo é aplicável, com as
CAPÍTULO II
necessárias adaptações, aos contratos que tenham por
Disposições Específicas Relativas a Contratos
objecto a adaptação ou a modificação de bens.
de Aquisição de Bens Móveis
ARTIGO 391.º
ARTIGO 388.º (Entrega dos bens)
(Objecto)
1. Na falta de estipulação contratual, o fornecedor
O contrato de Aquisição de Bens Móveis pode ter por entrega os bens objecto do contrato na sede da Entidade
objecto a Aquisição de Bens Móveis já existentes ou de bens Pública Contratante.
a fabricar ou a adaptar em momento posterior à celebração 2. Conjuntamente com os bens objecto do contrato, o
do contrato, de acordo com as características, especifica- fornecedor entrega todos os documentos que sejam neces-
ções e requisitos técnicos, funcionais ou outros fixados pela sários para a boa e integral utilização, funcionamento ou
Entidade Pública Contratante no caderno de encargos. consumo daqueles.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6907

3. Até à entrega dos bens objecto do contrato, a Entidade c) A realização de todas as diligências necessárias ou
Pública Contratante é obrigada a cooperar com o fornecedor convenientes à obtenção de quaisquer licenças
para que sejam criadas as condições de segurança dos bens de exportação e de importação exigidas pelos
que o fornecedor considere necessárias, suportando este os países envolvidos na execução do contrato e a
custos daí resultantes. esta respeitante, bem como o pagamento das
ARTIGO 392.º
taxas ou demais encargos a que houver lugar.
(Conformidade dos bens a entregar) ARTIGO 395.º
(Continuidade de fabrico)
1. O fornecedor está obrigado a entregar todos os bens
objecto do contrato em conformidade com os termos estabe- Na falta de estipulação contratual e salvo quando outra
coisa resultar da natureza do bem a fornecer, o fornecedor
lecidos no mesmo, tendo em conta a respectiva natureza e o
deve assegurar a continuidade do fabrico e do fornecimento
fim a que se destinam. de todas as peças, componentes e equipamentos que inte-
2. Na falta de estipulação contratual, todos os bens grem os bens objecto do contrato pelo prazo estimado da
objecto do contrato, bem como as respectivas peças, compo- respectiva vida útil.
nentes ou equipamentos, devem ser novos e iguais entre si. ARTIGO 396.º
ARTIGO 393.º (Direitos de propriedade intelectual)
(Obrigações do fornecedor em relação aos bens entregues) 1. Na falta de estipulação contratual, correm inte-
1. Aos contratos regulados no presente capítulo é apli- gralmente por conta do fornecedor os encargos ou a
cável, com as necessárias adaptações, o disposto no regime responsabilidade civil decorrente da incorporação em qual-
quer dos bens objecto do contrato ou da utilização nesses
relativo à compra e venda previsto no Código Civil, às
mesmos bens, de elementos de construção, de hardware, de
garantias que respeitam à responsabilidade e obrigações do software ou de outros que respeitem a quaisquer patentes,
fornecedor e do produtor e aos direitos do consumidor. licenças, marcas, desenhos registados e outros direitos de
2. O prazo das obrigações de reposição da conformidade propriedade industrial ou direitos de autor ou conexos.
dos bens fornecidos conta-se a partir de cada entrega indivi- 2. Se a Entidade Pública Contratante vier a ser deman-
dualmente considerada ou da data em que ocorrer a entrega dada por ter infringido, na execução do contrato ou na
dos últimos bens fornecidos, consoante esteja em causa um posterior utilização dos bens objecto do mesmo, qualquer
contrato que estabeleça entregas faseadas de bens com ou dos direitos referidos no número anterior, tem direito de
regresso contra o fornecedor por quaisquer quantias pagas,
sem autonomia funcional entre si, respectivamente.
seja a que título for.
3. As obrigações do fornecedor abrangem todos os encar-
3. Os encargos e a responsabilidade civil perante terceiros
gos com os testes, a realizar pelo fornecedor, que a entidade decorrentes dos factos mencionados nos números anteriores
pública contratante considere, justificadamente, necessá- não correm por conta do fornecedor se este demonstrar que
rios efectuar para verificação funcional dos bens objecto do os mesmos são imputáveis à Entidade Pública Contratante
contrato. ou a terceiros que não sejam seus subcontratados.
4. Para além das obrigações que resultam para o forne- ARTIGO 397.º
cedor, do disposto nos números anteriores, pode o contrato (Resolução pela Entidade Pública Contratante)
estipular obrigações adicionais de garantia dos bens objecto 1. Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do
do contrato, sendo aplicável, nesta matéria, o disposto na Lei contrato e de outros neste previstos, bem como do direito de
a que se refere o n.º 1. indemnização nos termos gerais, pode a Entidade Pública
Contratante resolver o contrato no caso de o fornecedor vio-
ARTIGO 394.º
lar de forma grave ou reiterada qualquer das obrigações que
(Encargos gerais)
lhe incumbem, nomeadamente quando a entrega de qualquer
Na falta de estipulação contratual, constituem obriga- bem objecto do fornecimento se atrase por mais de 3 meses
ções do fornecedor: ou o fornecedor declare por escrito que o atraso na entrega
a) O pagamento de quaisquer impostos, taxas, direitos excede esse prazo.
de qualquer natureza ou outros encargos exigi- 2. A resolução do contrato nos termos do presente artigo
dos pelas autoridades competentes e relativos à abrange a repetição das prestações já realizadas pelo for-
necedor se assim for determinado pela Entidade Pública
execução do contrato nos territórios do país ou
Contratante.
países do fornecedor, dos seus subcontratados
ARTIGO 398.º
ou de passagem em transporte; (Resolução pelo fornecedor)
b) A obtenção de quaisquer autorizações e o paga- Na falta de estipulação contratual, a resolução do contrato
mento de quaisquer emolumentos exigidos pelas pelo fornecedor não determina a repetição das prestações já
autoridades competentes relativamente ao cum- realizadas, cessando, porém, todas as obrigações do forne-
primento das obrigações que impendem sobre o cedor previstas no contrato, com excepção das obrigações a
fornecedor no âmbito do contrato; que se refere o artigo 393.º
6908 DIÁRIO DA REPÚBLICA

CAPÍTULO III b) Não possam ser técnica ou economicamente


Disposições Específicas Relativas a Contratos separados do objecto do contrato, sem graves
de Locação de Bens Móveis inconvenientes para a Entidade Pública Contra-
ARTIGO 399.º tante ou, embora separáveis, sejam estritamente
(Remissão) necessários à conclusão do objecto do contrato.
Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, é apli- 2. Não pode ser ordenada a execução de serviços a mais
cável aos contratos de Locação de Bens Móveis, com as quando:
necessárias adaptações, o disposto, na presente Lei, sobre os a) Tendo o contrato sido celebrado na sequência de
Contratos de Aquisição de Bens Móveis. procedimento de Contratação Simplificada,
ARTIGO 400.º o somatório do preço contratual e do preço
(Obrigações de reparação e manutenção)
atribuído aos serviços a mais, incluindo o de
1. Na falta de estipulação contratual, o locador tem obri- anteriores serviços a mais, seja igual ou superior
gação de manter o bem locado em perfeitas condições de ao valor referido, no n.º 3 do artigo 24.º;
utilização, efectuando as reparações e os trabalhos de manu- b) O preço atribuído aos serviços a mais, incluindo o
tenção que se tornarem necessários num prazo razoável. de anteriores serviços a mais, ultrapasse 15% do
2. Quando as reparações e os trabalhos de manuten-
preço contratual.
ção se tornarem necessários por facto imputável à Entidade
3. Caso não se verifique alguma das condições previstas
Pública Contratante, esta deve suportar as despesas ineren-
no número anterior, os serviços a mais devem ser objecto de
tes, na medida em que tenha concorrido para a deterioração
contrato celebrado na sequência do procedimento adoptado
do bem.
nos termos do disposto no Título III da presente Lei.
ARTIGO 401.º 4. Aos serviços a mais e aos serviços a menos é aplicável,
(Resolução pela Entidade Pública Contratante)
com as necessárias adaptações, o disposto nos no artigo 214.º,
Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do nos artigos 205.º a 207.º e nos artigos 209.º a 215.º
contrato e de outros neste previstos, bem como do direito de
indemnização nos termos gerais, pode a Entidade Pública TÍTULO VII
Contratante resolver o contrato quando o cumprimento de Concessões de Obras Públicas e de Serviços Públicos
qualquer obrigação de reparação ou de manutenção do bem SECÇÃO I
se atrasar por mais de três meses ou o locador declarar por Disposições Gerais
escrito que o atraso excede esse prazo.
ARTIGO 405.º
(Exercício de poderes e prerrogativas de autoridade)
CAPÍTULO IV
Disposições Específicas Relativas a Contratos 1. As Entidades Públicas Contratantes podem conceder a
de Aquisição de Serviços execução ou a concepção e execução de obras públicas ou a
gestão de serviços públicos.
ARTIGO 402.º
(Remissão) 2. Mediante estipulação contratual, o concessioná-
Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, é apli- rio pode exercer os seguintes poderes e prerrogativas de
cável aos Contratos de Aquisição de Serviços, com as autoridade:
necessárias adaptações, o disposto, na presente Lei, sobre os a) Expropriação por utilidade pública, no caso de ser
Contratos de Aquisição de Bens Móveis. empresa de domínio público;
ARTIGO 403.º
b) Utilização, protecção e gestão das infra-estruturas
(Instalações e equipamentos) afectas ao serviço público;
Na falta de estipulação contratual, as instalações, os equi- c) Licenciamento e concessão, nos termos da legisla-
pamentos e quaisquer outros meios necessários ao exacto e ção aplicável à utilização do domínio público, da
pontual cumprimento das obrigações contratuais são da res- ocupação ou do exercício de qualquer actividade
ponsabilidade do prestador de serviços. nos terrenos, edificações e outras infra-estruturas
ARTIGO 404.º que lhe estejam afectas.
(Serviços a mais) ARTIGO 406.º
1. São serviços a mais aqueles cuja espécie ou quanti- (Prazo)
dade não esteja prevista no contrato e que: 1. O prazo de vigência do contrato é fixado em função do
a) Se tenham tornado necessários à prestação dos ser- período de tempo necessário para amortização e remunera-
viços objecto do contrato na sequência de uma ção, em normais condições de rentabilidade da exploração,
circunstância imprevista; do capital investido pelo concessionário.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6909

2. Na falta de estipulação contratual, o prazo a que se 2. O concessionário deve ter por objecto social exclu-
refere o número anterior é de 30 anos, nele se incluindo a sivo, ao longo de todo o período de duração do contrato, as
duração de qualquer prorrogação contratualmente prevista, actividades que se encontram integradas na concessão.
sem prejuízo de lei especial que fixe prazo supletivo dife- ARTIGO 409.º
rente, ou prazo máximo. (Outras actividades)
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o prazo inicial da 1. Mediante autorização do concedente, o concessioná-
concessão pode ser prorrogado com fundamento na neces- rio pode exercer actividades não previstas no contrato desde
sidade de assegurar a amortização e a remuneração, em que complementares ou acessórias das que constituem o
normais condições de rendibilidade da exploração, do capi- objecto principal do mesmo.
tal investido pelo concessionário. 2. A autorização referida no número anterior pressupõe a
ARTIGO 407.º apresentação pelo concessionário de uma projecção econó-
(Valor do contrato de concessão)
mico-financeira da actividade ou actividades a desenvolver e
1. O valor de um contrato de concessão corresponde ao de uma proposta de partilha da correspondente receita entre
total do volume de negócios do concessionário gerado ao as partes.
longo da duração do contrato, conforme estipulado no con- 3. Mediante acordo do concedente, a partilha de receita
trato, em contrapartida das obras e dos serviços que foram entre as partes pode ser substituída, total ou parcialmente,
objecto da concessão, bem como dos fornecimentos relacio-
pela redução do valor das tarifas aplicadas pelo concessioná-
nados com tais obras e serviços.
rio ou por outras contrapartidas, com expressão financeira,
2. O valor do contrato deve ter em conta, nomeadamente,
que beneficiem os utilizadores da obra ou dos serviços con-
o seguinte:
cedidos ou o próprio concedente.
a) O valor de qualquer tipo de opção e eventuais pror-
ARTIGO 410.º
rogações da duração da concessão; (Partilha de riscos)
b) As receitas provenientes do pagamento de taxas
1. O contrato deve implicar uma significativa e efectiva
pelos utilizadores das obras ou dos serviços,
transferência para o concessionário do risco de exploração
distintas das cobradas em nome da Entidade
dessas obras ou serviços, que se traduz no risco ligado à pro-
Pública Contratante;
cura ou à oferta, ou a ambos.
c) Os pagamentos ou qualquer vantagem financeira,
2. Para efeitos do disposto no número anterior, consi-
independentemente da forma, que a Entidade
dera-se que o concessionário assume o risco de exploração
Pública Contratante ou qualquer outra autori-
quando:
dade pública proporcione ao concessionário,
a) Em condições normais de exploração, não há
incluindo a compensação pelo cumprimento de
garantia de que recupere os investimentos efec-
uma obrigação de serviço público e os subsídios
tuados ou as despesas suportadas no âmbito da
ao investimento público;
exploração das obras ou dos serviços que são
d) O valor das subvenções ou de quaisquer outras
objecto da concessão;
vantagens financeiras, independentemente da
b) A parte do risco transferido para o concessionário
forma, provenientes de terceiros pela execução
envolve uma exposição real à imprevisibilidade
da concessão;
do mercado, o que implica que quaisquer perdas
e) A receita da venda de activos que façam parte do
estabelecimento da concessão; potenciais por ele incorridas não sejam mera-
f) O valor de todos os fornecimentos e serviços postos mente nominais ou insignificantes.
à disposição do concessionário pelas Entidades ARTIGO 411.º
(Obrigações do concessionário)
Públicas Contratantes, desde que sejam neces-
sários à execução das obras ou à prestação dos Constituem obrigações do concessionário:
serviços; a) Informar o concedente de qualquer circunstância
g) Os prémios ou pagamentos a candidatos ou pro- que possa condicionar o normal desenvolvi-
ponentes. mento das actividades concedidas;
ARTIGO 408.º b) Fornecer ao concedente, ou a quem este designar
(Concessionário) para o efeito, qualquer informação ou elaborar
1. Na falta de estipulação contratual, o concessionário relatórios específicos sobre aspectos relacio-
deve manter a sua sede em Angola e a forma de sociedade nados com a execução do contrato, desde que
anónima. solicitados por escrito;
6910 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) Obter todas as licenças, certificações e autoriza- 2. Para efeitos do disposto no número anterior, conside-
ções necessárias ao exercício das actividades ram-se afectos à concessão todos os bens existentes à data da
integradas ou, de algum modo, relacionadas com celebração do contrato, assim como os bens a criar, construir,
o objecto do contrato, salvo estipulação contra- adquirir ou instalar pelo concessionário em cumprimento do
mesmo, que sejam indispensáveis para o adequado desen-
tual em contrário;
volvimento das actividades concedidas, independentemente
d) Quaisquer outras previstas na lei ou no contrato.
de o direito de propriedade pertencer ao concedente, ao con-
ARTIGO 412.º cessionário ou a terceiros.
(Direitos do concessionário)
3. O concessionário só pode onerar bens do domínio
Constituem direitos do concessionário: público afectos à concessão mediante autorização, que deve
a) Explorar, em regime de exclusividade, a obra acautelar a compatibilidade daquela oneração com o normal
pública ou o serviço público concedido; desenvolvimento das actividades concedidas.
b) Receber a retribuição prevista no contrato; 4. O concessionário só pode alienar ou onerar bens
c) Utilizar, nos termos da lei e do contrato, os bens próprios essenciais ao desenvolvimento das actividades
do domínio público necessários ao desenvolvi- concedidas mediante autorização do concedente, que deve
mento das actividades concedidas; salvaguardar a existência de bens funcionalmente aptos à
d) Quaisquer outros previstos na lei ou no contrato. prossecução daquelas actividades.
ARTIGO 413.º 5. O concessionário pode alienar ou onerar bens próprios
(Viabilidade económico-financeira do projecto) não essenciais ao desenvolvimento das actividades concedi-
O contrato só pode atribuir ao concessionário o direito a das desde que garanta a existência de bens funcionalmente
prestações económico-financeiras desde que as mesmas não aptos à prossecução daquelas actividades.
violem as regras da concorrência, sejam essenciais à viabi- 6. Tratando-se de bens abrangidos, nos termos do con-
lidade económico-financeira da concessão e não eliminem a trato, por cláusula de transferência, à respectiva alienação ou
efectiva e significativa transferência do risco da concessão oneração é aplicável o disposto no n.º 4.
para o concessionário. 7. O concessionário pode tomar de aluguer, por locação
ARTIGO 414.º financeira ou por figuras contratuais afins bens e equipa-
(Cedência de elementos ao concedente) mentos a afectar à concessão desde que seja reservado ao
1. O concessionário deve disponibilizar ao concedente concedente o direito de, mediante contrapartida, aceder ao
todos os projectos, planos, plantas e outros elementos, de uso desses bens e suceder na respectiva posição contratual
qualquer natureza, que se revelem necessários ou úteis ao em caso de sequestro, resgate ou resolução da concessão,
exercício dos direitos ou ao desempenho de funções atribuí- não devendo, em qualquer caso, o prazo de vigência do res-
das pela lei ou pelo contrato ao concedente. pectivo contrato exceder o prazo de vigência do contrato de
2. O disposto no número anterior é aplicável aos ele- concessão a que diga respeito.
mentos adquiridos ou criados no desenvolvimento das ARTIGO 417.º
actividades concedidas, seja directamente pelo concessioná- (Direitos do concedente)
rio seja por terceiros por aquele subcontratado. Constituem direitos do concedente, a exercer nos termos
ARTIGO 415.º e condições do contrato ou da lei e com os efeitos que des-
(Indicadores de acompanhamento e avaliação tes resultem:
do desempenho do concessionário)
a) Estabelecer as tarifas mínimas e máximas pela
1. Salvo quando incompatível ou desnecessário em face utilização das obras públicas ou dos serviços
da natureza da obra pública ou do serviço público concedido, públicos;
o contrato deve estabelecer indicadores de acompanhamento b) Sequestrar a concessão;
e de avaliação do desempenho do concessionário, da pers- c) Resgatar a concessão;
pectiva do utilizador e do interesse público, bem como d) Exigir a partilha equitativa do acréscimo de bene-
procedimentos de cálculo para a sua aferição periódica, fícios financeiros;
designadamente no que respeita ao número de utilizadores e) Quaisquer outros previstos na lei ou no contrato.
e seus níveis de satisfação. ARTIGO 418.º
(Modificações ao contrato)
2. O concedente pode, nos termos do contrato e em fun-
ção dos resultados da aplicação dos indicadores referidos no 1. O concedente apenas pode ampliar a quantidade de
número anterior, atribuir vantagens económicas ou aplicar obras ou serviços abrangidos pelo contrato, com funda-
penalizações económicas ao concessionário. mento em circunstâncias não previstas, se:
ARTIGO 416.º a) As mesmas não puderem ser técnica ou economi-
(Bens afectos à concessão) camente separáveis do objecto do contrato sem
1. À concessão corresponde um estabelecimento, que inconvenientes graves ou que impliquem um
integra os bens móveis e imóveis afectos àquela e os direi- aumento considerável de custos para o concedente;
tos e obrigações destinados à realização do interesse público b) O valor dessas obras ou serviços não exceder 10%
subjacente à celebração do contrato. do valor do contrato.
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6911

2. Quando a modificação do contrato se fundar em cir- 2. O resgate é comunicado ao concessionário no prazo


cunstâncias imprevisíveis, o valor da modificação não pode previsto no contrato ou, na sua falta, com pelo menos 6
ultrapassar 50% do valor do contrato. meses de antecedência.
3. Em caso de resgate, o concedente assume auto-
ARTIGO 419.º
(Sequestro) maticamente os direitos e obrigações do concessionário
directamente relacionados com as actividades concedidas
1. Em caso de incumprimento grave pelo concessionário
desde que constituídos em data anterior à da notificação
de obrigações contratuais, ou estando o mesmo iminente, o referida no número anterior.
concedente pode, mediante sequestro, tomar a seu cargo o 4. As obrigações assumidas pelo concessionário após a
desenvolvimento das actividades concedidas. notificação referida no n.º 2 apenas vinculam o concedente
2. O sequestro pode ter lugar, designadamente, nas quando este haja autorizado, prévia e expressamente, a sua
seguintes situações: assunção.
a) Quando ocorra ou esteja iminente a cessação ou 5. Em caso de resgate, o concessionário tem direito a
suspensão, total ou parcial, de actividades con- uma indemnização correspondente aos danos emergentes e
cedidas; aos lucros cessantes, devendo, quanto a estes, deduzir-se o
benefício que resulte a antecipação dos ganhos previstos.
b) Quando se verifiquem perturbações ou deficiências
6. A indemnização referida no número anterior é deter-
graves na organização e regular desenvolvimento minada nos termos do contrato ou, quando deste não resulte
das actividades concedidas ou no estado geral o respectivo montante exacto, nos termos do disposto no
das instalações e equipamentos que comprome- n.º 3 do artigo 566.º do Código Civil.
tam a continuidade ou a regularidade daquelas 7. Cessa o direito à indemnização previsto no n.º 5
actividades ou a integridade e segurança de quando o resgate resulte da declaração de invalidade deri-
pessoas e bens. vada de vícios que sejam imputáveis ao concessionário, sem
3. Verificada a ocorrência de uma situação que pode prejuízo de responsabilidade disciplinar, civil e criminal dos
agentes envolvidos.
determinar o sequestro da concessão, o concedente notifica
8. O resgate determina a reversão dos bens do conce-
o concessionário para, no prazo que lhe for razoavelmente
dente, afectos à concessão, bem como a obrigação de o
fixado, cumprir integralmente as suas obrigações e corrigir concessionário entregar àquele os bens abrangidos, nos ter-
ou reparar as consequências dos seus actos, excepto tra- mos do contrato, por cláusula de transferência.
tando-se de uma violação não sanável. 9. A caução e as garantias prestadas são liberadas um ano
4. Nos casos em que esteja previsto, em acordo entre após a data do resgate, mediante comunicação dirigida pelo
o concedente e as entidades financiadoras, o direito des- concedente aos respectivos depositários ou emitentes.
tas de intervir na concessão nas situações de iminência de ARTIGO 421.º
sequestro, este apenas pode ter lugar depois de o concedente (Resolução pelo concedente)
notificar a sua intenção às entidades financiadoras. 1. Sem prejuízo dos fundamentos gerais de resolução do
5. Em caso de sequestro, o concessionário suporta os contrato e de outros neste previstos e do direito de indem-
encargos do desenvolvimento das actividades concedidas, nização nos termos gerais, o concedente só pode resolver o
bem como quaisquer despesas extraordinárias necessárias contrato quando se verifique:
ao restabelecimento da normalidade da execução ou explo- a) Desvio do objecto da concessão;
ração da obra pública ou da normalidade da exploração do b) Cessação ou suspensão, total ou parcial, pelo con-
serviço público. cessionário da execução ou exploração de obras
6. O sequestro mantém-se pelo tempo julgado necessá- públicas ou da gestão do serviço público, sem
rio pelo concedente, com o limite máximo de 1 ano, sendo que tenham sido tomadas medidas adequadas à
o concessionário notificado pelo concedente para retomar o remoção da respectiva causa;
desenvolvimento das actividades concedidas, na data que c) Recusa ou impossibilidade do concessionário em
lhe for fixada. retomar a concessão na sequência de sequestro;
7. Se o concessionário não puder ou se se opuser a reto- d) Repetição, após a retoma da concessão, das situa-
mar o desenvolvimento das actividades concedidas ou se, ções que motivaram o sequestro;
tendo-o feito, continuarem a verificar-se os factos que deram e) Ocorrência de deficiência grave na organização
origem ao sequestro, o concedente pode resolver o contrato. e desenvolvimento pelo concessionário das
ARTIGO 420.º actividades concedidas, em termos que possam
(Resgate) comprometer a sua continuidade ou regularidade
1. O concedente pode resgatar a concessão, por razões nas condições exigidas pela lei e pelo contrato;
de interesse público ou legalidade, após o decurso do prazo f) Obstrução ao sequestro;
fixado no contrato ou, na sua falta, decorrido um terço do g) Sequestro da concessão pelo prazo máximo permi-
prazo de vigência do contrato. tido pela lei ou pelo contrato.
6912 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Nos casos em que esteja previsto, em acordo entre o SECÇÃO II


Concessão de Obras Públicas e de Serviços Públicos
concedente e as entidades financiadoras, o direito destas de
intervir na concessão nas situações de iminência de reso- ARTIGO 424.º
(Remissão)
lução da concessão pelo concedente, esta apenas pode ter
Em tudo quanto respeite às empreitadas de obras públicas
lugar depois de o concedente notificar a sua intenção às enti-
cuja execução seja necessária para a realização do objecto da
dades financiadoras.
concessão e não seja regulado pela presente secção ou pelo
3. A resolução do contrato determina, além dos efeitos contrato de concessão, é aplicável, com as necessárias adap-
previstos no contrato, a reversão dos bens do concedente e a tações, o regime substantivo dos contratos administrativos.
obrigação de o concessionário entregar àquele, no prazo que ARTIGO 425.º
lhe seja fixado na notificação a que se refere o número ante- (Conservação e uso da obra e dos bens afectos à concessão)
rior, os bens afectos à concessão abrangidos por eventual 1. O concessionário deve manter a obra em bom estado
cláusula de transferência. de conservação e em perfeitas condições de utilização, rea-
ARTIGO 422.º
lizando todos os trabalhos necessários para que a mesma
(Responsabilidade perante terceiros) satisfaça, cabal e permanentemente, o fim a que se destina.
2. Caso se revele necessário e na impossibilidade de
1. O concedente responde por danos causados pelo con-
intervenção atempada da autoridade pública competente,
cessionário a terceiros no desenvolvimento das actividades o concessionário pode adoptar as medidas necessárias com
concedidas por facto que ao primeiro seja imputável. vista à utilização da obra pública, devendo, nesse caso, dar
2. O concedente responde ainda por facto que não lhe imediato conhecimento deste facto à autoridade pública
seja imputável, mas neste caso só depois de exercidos competente.
quaisquer direitos resultantes de contrato de seguro que 3. O concessionário apenas pode impedir o uso da obra
no caso caibam e de executados os bens do património do pública nas situações previstas no contrato, sem prejuízo do
concessionário. que, a este respeito, se estabeleça em legislação especial.
ARTIGO 426.º
ARTIGO 423.º
(Zonas de exploração comercial)
(Efeitos da extinção do contrato no termo previsto)
1. Para além dos espaços que integram as obras públi-
1. No termo do contrato, não são oponíveis ao conce- cas por natureza, estas podem incluir, quando previsto no
dente os contratos celebrados pelo concessionário com contrato, outras zonas ligadas funcionalmente à conces-
terceiros para efeitos do desenvolvimento das actividades são destinadas a actividades comerciais ou industriais que
concedidas, sem prejuízo do disposto no número seguinte. sejam susceptíveis de um aproveitamento económico dife-
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 414.º, os renciado, designadamente estabelecimentos de hotelaria,
direitos de propriedade intelectual sobre os estudos e pro- estações de serviço, zonas de lazer, estacionamentos e cen-
jectos elaborados para os fins específicos das actividades tros comerciais.
2. O desenvolvimento das actividades previstas no
integradas na concessão, bem como os projectos, planos,
número anterior não dispensa o cumprimento das normas
plantas, documentos e outros elementos referidos no mesmo
aplicáveis, designadamente em matéria de instalação comer-
artigo, são transmitidos gratuitamente e em regime de exclu-
cial ou industrial e, bem assim, em matéria ambiental.
sividade ao concedente no termo do prazo de vigência do 3. As zonas ou espaços ligados funcionalmente à conces-
contrato, cabendo ao concessionário adoptar todas as medi- são são sujeitos ao princípio de unidade de gestão e controlo
das para o efeito necessárias. pelo concedente e são explorados conjuntamente com a obra
3. No termo da concessão, revertem gratuitamente para pública pelo concessionário, directamente ou por intermédio
o concedente todos os seus bens que integram o estabele- de terceiros, nos termos previstos no contrato.
cimento da concessão, obrigando-se o concessionário a 4. Os bens e instalações incluídos na zona de actividades
entregá-los em bom estado de conservação e funciona- complementares da obra concedida são entregues ao conce-
dente no termo da concessão nos mesmos termos em que o
mento, sem prejuízo do normal desgaste resultante do seu
são os bens afectos à concessão.
uso para efeitos de execução do contrato.
ARTIGO 427.º
4. No caso de o contrato prever a transferência, gratuita (Princípios gerais e regime especial)
ou onerosa, para o concedente de bens do concessionário 1. Na exploração de uma actividade de serviço público, o
afectos à concessão, este é obrigado, no termo do prazo de concessionário está sujeito aos seguintes princípios:
vigência do contrato, a entregá-los livres de quaisquer ónus a) Continuidade e regularidade;
ou encargos, nos termos referidos na parte final do número b) Igualdade;
anterior. c) Adaptação às necessidades.
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2. Sem prejuízo da aplicação subsidiária do disposto na c) A não remessa do contrato assinado electronica-
presente Lei, o regime das concessões de serviços públicos, mente, no prazo fixado pelo órgão competente
designadamente o de concessões portuárias, é definido em para a decisão de contratar;
legislação especial. d) No caso de o adjudicatário ser um agrupamento,
TÍTULO VIII o facto de os seus membros não se associarem,
Regime Sancionatório antes da celebração do contrato, na modalidade
jurídica prevista no programa do procedimento.
ARTIGO 428.º
(Restrição do âmbito de aplicação) ARTIGO 431.º
(Transgressões simples)
As Entidades Públicas Contratantes devem partici-
par ao Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da Constitui transgressão punível com multa de 2% a 6%
Contratação Pública, logo que tomem conhecimento da ou 10% a 34% do valor corresponde ao nível 1 da tabela de
ocorrência de quaisquer factos susceptíveis de constituírem limites de valores constante do Anexo I da presente Lei, con-
transgressão previstas na presente na Lei e na demais legis- soante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva,
lação aplicável à contratação pública. a violação do disposto no n.º 2 do artigo 55.º
ARTIGO 429.º ARTIGO 432.º
(Transgressões muito graves) (Critério subsidiário para aplicação de multas)

Constitui transgressão punível com multa de 6% a 12% Quando o candidato, concorrente ou adjudicatário tiver
ou 24% a 56% do valor corresponde ao nível 1 da tabela de obtido um benefício económico superior à multa aplicável,
limites de valores constante do Anexo I da presente Lei, con- os limites mínimo e máximo previstos nos artigos 429.º a
soante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva: 431.º passam a ser o valor desse benefício e o seu dobro,
a) A participação de candidato ou de concorrente que respectivamente.
se encontre em alguma das situações previstas ARTIGO 433.º
no artigo 56.º no momento da apresentação da (Tentativa e negligência)

respectiva candidatura ou proposta, da adjudica- 1. A tentativa e a negligência são puníveis.


ção ou da celebração do contrato; 2. Em caso de negligência, os limites mínimos e máxi-
b) A não apresentação pelo adjudicatário, no prazo mos das multas previstas nos artigos anteriores são reduzidos
fixado para o efeito, de quaisquer documentos para metade.
de habilitação exigidos na presente Lei ou pelo ARTIGO 434.º
órgão competente para a decisão de contratar; (Sanção de proibição de participação)

c) A não apresentação de documentos comprovativos 1. Pode ser aplicada ao infractor a sanção de proibição
da titularidade de habilitação profissional espe- de participar, como candidato, como concorrente ou como
cífica pelo adjudicatário; membro de agrupamento candidato ou concorrente, em
d) A apresentação de documentos falsos de habilita- qualquer procedimento adoptado para a formação de contra-
ção, de documentos que constituem a proposta e tos públicos, quando a gravidade da infracção e a culpa do
de documentos destinados à qualificação; agente o justifiquem.
e) A prestação de falsas declarações no decurso da 2. A sanção a que se refere o número anterior deve ser
fase de formação do contrato por qualquer can- fixada segundo a gravidade da infracção e a culpa do agente
didato ou concorrente. e não pode, em caso algum, exceder três anos.
ARTIGO 430.º ARTIGO 435.º
(Transgressões graves) (Competência para o processo de transgressão)

Constitui transgressão punível com multa de 8% a 10% A instauração e arquivamento dos processos, bem como
ou 16% a 50% do valor corresponde ao nível 1 da tabela de a aplicação de multas e sanções acessórias, cabem ao Órgão
limites de valores constante do Anexo I da presente Lei, con- responsável pela Regulação e Supervisão da Contratação
soante seja aplicada a pessoa singular ou a pessoa colectiva: Pública.
a) A não prestação da caução pelo adjudicatário no ARTIGO 436.º
tempo e nos termos previstos na presente Lei; (Responsabilidade criminal)

b) A não comparência do adjudicatário no dia, na hora O desrespeito, pelo infractor, da sanção prevista no
e no local fixados para a outorga do contrato pelo artigo 434.º constitui crime de desobediência nos termos do
órgão competente para a decisão de contratar; Código Penal.
6914 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 437.º tramitação do procedimento, com vista a suprir os vícios,


(Proibição de participação decorrente de incumprimento contratual)
irregularidades e ilegalidades inerentes ao processo de for-
1. Pode ser aplicada sanção de proibição de participação mação dos contratos.
em procedimentos de formação de contratos públicos, pelo ARTIGO 441.º
prazo de um ano, às entidades que se encontrem em qual- (Regulação e supervisão)
quer das seguintes situações: A operacionalidade, regulação, fiscalização, obser-
a) Incumprimento contratual que tenha dado origem, vação, auditoria e supervisão do mercado da contratação
nos três últimos anos, à aplicação de sanções que pública, incluindo a conformidade dos respectivos mecanis-
tenham atingido os valores máximos aplicáveis; mos de actuação com a lei, cabe ao Órgão responsável pela
b) Incumprimento contratual que tenha sido objecto Regulação e Supervisão da Contratação Pública, nos termos
de duas resoluções sancionatórias nos três últi- do artigo 11.º e do respectivo Estatuto Orgânico.
mos anos com fundamento no incumprimento ARTIGO 442.º
definitivo do contrato por facto imputável ao (Elaboração e publicação dos Planos Anuais de Contratação)
co-contratante, em qualquer das situações de 1. As Entidades Públicas Contratantes devem elaborar os
resolução do contrato pelo Dono da Obra ou planos anuais de contratação referentes aos tipos de contra-
pelo concedente. tos objectos da presente Lei.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, os con- 2. Os planos anuais de contratação devem ser comunica-
traentes públicos devem comunicar ao Órgão responsável dos ao Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da
pela Regulação e Supervisão da Contratação Pública as Contratação Pública para efeitos de publicação no Portal da
situações aí referidas, no prazo de 30 dias a contar da sua Contratação Pública.
ocorrência. ARTIGO 443.º
3. A aplicação da sanção referida no presente artigo (Equivalência da utilização de meios físicos ou de meios electrónicos)

cabe ao Órgão responsável pela Regulação e Supervisão da O Estado deve assegurar a efectiva equivalência entre a
Contratação Pública e é objecto de publicitação no Portal da tramitação electrónica dos procedimentos e a sua tramitação
Contratação Pública. em suporte físico ou papel.
ARTIGO 438.º ARTIGO 444.º
(Procedimento de cobrança e destino das multas) (Notificações e comunicações)

O procedimento para cobrança e destino de todas as 1. Todas as notificações e comunicações entre a Entidade
multas previstas na presente Lei, são definidos em acto nor- Pública Contratante ou a Comissão de Avaliação do
mativo específico do Presidente da República. Procedimento e os interessados, os candidatos, os concor-
rentes e o adjudicatário devem ser escritas e redigidas em
TÍTULO IX português e efectuadas através de correio electrónico ou de
Disposições Finais e Transitórias outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados,
ARTIGO 439.º no caso de a Entidade Pública Contratante optar pelo modo
(Fornecimento de obras) de apresentação de candidaturas e propostas em suporte
A presente Lei é aplicável, com as devidas adaptações, electrónico.
aos contratos de fornecimento de obras, entendendo-se como 2. Caso a Entidade Pública Contratante opte pelo modo
tal, os contratos em que uma das partes se obriga em relação de apresentação de propostas em suporte de papel, as notifi-
à outra ao fornecimento de bens móveis que se destinem a cações e comunicações referidas no número anterior podem
ser incorporados ou a complementar uma obra mediante um ser efectuadas por via postal, mediante registo com aviso de
preço e em determinado prazo. recepção, por telecópia ou por qualquer outro meio de, com-
ARTIGO 440.º provadamente, fazer chegar as notificações e comunicações
(Auditoria e fiscalização) às partes interessadas.
1. As actividades da contratação pública estão sujeitas 3. Para efeito do disposto no número anterior, as comu-
aos mecanismos de auditoria e fiscalização estabelecidos na nicações dos candidatos ou concorrentes podem ainda ser
lei. entregues directamente no departamento indicado pela
2. Todas as Entidades Públicas Contratantes e os seus Entidade Pública Contratante, contra recibo.
funcionários e agentes, assim como outros participantes nos ARTIGO 445.º
(Data das notificações e das comunicações)
procedimentos de contratação devem, de acordo com a lei,
promover a cooperação integral com os órgãos de auditoria, As notificações e as comunicações consideram-se feitas:
fiscalização e inspecção do sector público. a) Na data da respectiva expedição, quando efectua-
3. No caso de inobservância das regras e princípios da das através de correio electrónico ou de outro
contratação pública, o Órgão responsável pela Regulação meio de transmissão escrita e electrónica de
e Supervisão da Contratação Pública pode suspender a dados;
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b) Na data constante do relatório de transmissão 2. As remissões para a legislação revogada, nos termos
bem-sucedido, quando efectuado através de do número anterior, consideram-se feitas para as correspon-
telecópia; dentes disposições da presente lei.
c) Na data da assinatura do aviso, quando efectuadas ARTIGO 452.º
por carta registada com aviso de recepção; As omissões resultantes da interpretação e da aplicação
d) Na data da entrega, quando entregues nos serviços da presente Lei são resolvidas pela Assembleia Nacional.
da Entidade Pública Contratante, no caso pre- ARTIGO 453.º
visto no n.º 3 do artigo anterior. (Entrada em vigor)

ARTIGO 446.º A presente Lei entra em vigor 30 dias após a data da sua
(Contagem dos prazos) publicação.
1. Os prazos estabelecidos na presente Lei contam-se em Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
dias úteis, suspendendo-se nos sábados, domingos e feria- aos 22 de Julho de 2020.
dos nacionais. O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
2. Os prazos fixados para a apresentação de candidaturas Piedade Dias dos Santos.
e propostas são contínuos, não se suspendendo nos sábados, Promulgada aos 10 de Dezembro de 2020.
domingos e feriados.
Publique-se.
ARTIGO 447.º
(Transgressões administrativas) O Presidente da República, João Manuel Gonçalves
A previsão de factos ilícitos e a respectiva punibilidade, Lourenço.
a título de transgressão administrativa, por infracção ao dis-
posto no presente Diploma, é regulada pela legislação geral
aplicável. ANEXO I
ARTIGO 448.º Tabela a que se referem a alínea d) do artigo 2.º, os
(Direito subsidiário) n.os 2 e 3 do artigo 24.º, o n.º 1 do artigo 97.º, o n.º 2 do
Em tudo quanto não esteja regulado na presente Lei, artigo 99.º, as alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 107.º,
aplica-se, subsidiariamente, as restantes normas do direito o artigo 143.º, os n.os 1, 2 e 3 do artigo 150.º, o n.º 4 do
artigo 231.º, o artigo 429.º, o artigo 430.º, artigo 431.º e
administrativo e, na falta destas, as do direito civil.
o artigo 449.º da presente Lei.
ARTIGO 449.º
(Actualização dos valores) Nível Valor Limite (Kz)

1. Compete ao Presidente da República modificar os ane- 1 18 000 000,00


xos de actos administrativos da presente Lei.
2 36 000 000,00
2. O disposto no número anterior não se aplica ao con-
teúdo do Anexo I, cuja modificação pode ser feita na Lei que 3 72 000 000,00
aprova o Orçamento Geral do Estado. 4 146 000 000,00
ARTIGO 450.º
(Aplicação no tempo) 5 182 000 000,00

A presente Lei é aplicável aos procedimentos de contra- 6 300 000 000,00


tação pública iniciados após a data da sua entrada em vigor,
7 500 000 000,00
bem como à execução dos contratos a eles subsequentes.
8 1 000 000 000,00
ARTIGO 451.º
(Revogação de legislação) 9 2 000 000 000,00
1. É revogada a Lei n.º 9/16, de 16 de Junho, Lei dos
10 3 000 000 000,00
Contratos Públicos.
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6922 DIÁRIO DA REPÚBLICA
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6923
6924 DIÁRIO DA REPÚBLICA
I SÉRIE — N.º 208 — DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020 6925
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