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“O MISTÉRIO QUE ESTIVERA

OCULTO DOS SÉCULOS”

Por Tadeu Parreira Coelho

i
ÍNDICE

Número
CAP. TÍTULO PAG. de
páginas

I Prefácio II 2
II Introdução IV 5
1. O Criador E A Criação 1 10
2. A Multiplicação Da Criação E A Evolução Do Relacionamento 11 10
Com O Criador
3. As Petições Em Forma De Oração. 21 16
4. O Dízimo E A Lei Mosaica Não Têm Nenhuma Validade Para Nós 37 15
5. O Batismo 52 16
6. Os Destinados Para A Ira 68 15
7. Um Psicopata Dentro De Nós 83 8
8. O Inferno 91 13
9. A Criação Do Mal 104 12
10. Iluminação E Salvação 116 11
11. O Iluminado São Paulo 127 14
12. A Luta De São Paulo Contra Os Rituais 141 14
13. Como Cheguei A Essas Conclusões 155 7
14. Distorções Da Bíblia 162 11
15. Sinopse Da História Bíblica 173 13
16. Do Leite Para O Alimento Sólido Ministrado Pelo Discípulo Que 186 12
Jesus Amava
17. Jesus Cristo E Seu Espírito 198 7
18. A Criação Do Homem E Sua Estrutura Transcendental 205 6
19. Quem É Jesus Cristo? 211 11
20. As Manifestações Do Espírito (Anjos) De Jesus Cristo Não São 222 9
Criaturas
21. Os Irmãos De Jesus Cristo E As Influências Judaizantes 231 13
22. A Compreensão Da Vida 244 4
23 A Condenação De Jesus Cristo 248 8
24. Religiões 256 5
25. Um Modelo Da Igreja Do Primeiro Século Nos Dias De Hoje 261 11
Epílogo A Única E Verdadeira Igreja De Jesus Cristo 272

ii
PREFÁCIO

“O MISTÉRIO QUE ESTIVERA OCULTO DOS SÉCULOS” é um compêndio


destinado a trazer uma interpretação real e concreta das Sagradas Escrituras do cris-
tianismo, que é a Bíblia, com o fim de não continuarmos a sermos manipulados por
uma minoria, que faz uso Dela da forma em que o Apóstolo São Paulo se referiu:
“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a pa-
lavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com
sinceridade e da parte do próprio Deus.”
(Segunda Epístola aos Coríntios, Capítulo 2, Versículo 17)

Resolvi referir-me aos Leitores deste compêndio de uma maneira bem singu-
lar; pois a forma com que São Lucas se referiu aos leitores de seus dois livros do Novo
Testamento foi a de: “Excelentíssimo Teófilo”.
Os livros, do Novo Testamento, escritos por São Lucas foram: “O Evangelho
segundo São Lucas” e “Atos dos apóstolos”.
Alguns teólogos acreditam que “Teófilo”, seria uma ilustre personalidade da
época, porém nunca foi identificada tal pessoa, em nenhum registro histórico.
Em minha concepção, esta designação foi uma forma de dirigir-se à comunida-
de dos escolhidos de Jesus Cristo.
A palavra Teófilo significa: aquele que ama a Deus e/ou é amado de Deus; por
este motivo, resolvi tratar por “Amado Teófilo”, às pessoas, que ao lerem este com-
pêndio, se identifiquem com seu conteúdo.
O título deste compêndio, “O MISTÉRIO QUE ESTIVERA OCULTO DOS SÉ-
CULOS” é inspirado pelos: versículo 26, do capítulo 1, da epístola (carta) de São Pau-
lo aos Colossenses e também do versículo 9, do capítulo 3, da epístola do mesmo
apóstolo, aos Efésios.
O trabalho que aqui quero desenvolver, é o de soltar as amarras das tradições
antigas, que trouxeram interpretações indevidas e que ainda têm grande influência
sobre o entendimento da Bíblia até aos dias de hoje.
Na Carta ou Epístola de São Paulo aos Hebreus, em seu Capítulo 9, versículo
10, o Apóstolo refere-se a um “Tempo Oportuno de Reforma”, o qual acredito que es-
tejamos vivendo hoje.
O objetivo deste compêndio é despir-nos completamente dos conceitos que ou-

iii
trora serviram para manter os seguidores da cristandade presos às suas associações,
chamadas de seitas ou religiões, através dos complexos de culpa; e/ou dos medos: do
inferno, da morte, do diabo e etc.
Jesus Cristo, ao inspirar-nos nas suas verdades, trará à realidade este Tempo
Oportuno de Reforma, revestindo-nos do entendimento real e incontestável da Bíblia,
que nos traz: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio, que são os frutos do Espírito Santo de Jesus Cristo em
nós, conforme o Apóstolo São Paulo afirma em sua Epístola aos Gálatas, capítulo 5,
Versículo 22.
Os intérpretes da Bíblia, erroneamente, acreditam que as virtudes descritas no
parágrafo anterior são requisito indispensável para nos relacionarmos com Deus, e
que devem ser desenvolvidos por nós, através de esforços e rigor ascético, desta for-
ma elas deixam de ser frutos e passam a ser requisitos condicionais (exigências).
Rigor ascético, vem da pessoa que vivem na prática um ascetismo exagerado, e
ascetismo vem de asceta, que é a pessoa que vive em prática de devoção e penitência;
e, por sua vez, penitência significa sacrifício que a pessoa aplica a si mesma, para ob-
ter perdão de pecados, ou um benefício divino.
Temos como exemplo de penitência: subir nos montes a pé, as vezes até carre-
gando cruz; Jejum; ficar de joelhos nas orações até ficar com muita dor; vigílias, ou
seja, passar noites inteiras acordados em oração; fazer votos de praticar algo que de-
testa; e etc
Tais pessoas, na verdade, estão na contramão da realidade dos ensinamentos
de Jesus Cristo, e este compêndio trará fundamentação bíblica para alcançarmos a
Iluminação em Cristo Jesus e possuirmos tais virtudes naturalmente, pois elas são
inerentes ao nosso espírito, que foi criado à imagem e semelhança do Próprio Espírito
de Jesus Cristo (que os teólogos e os tradutores da Bíblia preferem chamar de:
“Deus”, “Senhor” ou “O Pai”, e este último seria uma das pessoas da chamada san-
tíssima trindade).

iv
INTRODUÇÃO

O amado Teófilo que não estiver familiarizado com a leitura da Bíblia encon-
trará, ao longo deste Compêndio, explicações sobre suas origens, assim como a ordem
cronológica dos acontecimentos, com o fim de melhor entendê-la.
Isto será feito de forma resumida, pois se fizermos um estudo completo da Bí-
blia, teríamos que escrever vários volumes, devido a sua complexidade.
O Amado Teófilo deve estar surpreso, devido ao fato de eu me referir ao “Es -
pírito de Jesus Cristo” em todas as frases, em que outros escreveriam: “Senhor”,
“Deus” ou “O Pai”.
Para explicar isto, começo com uma passagem:
“Por isso, o meu povo saberá o meu nome; portanto, naquele dia,
saberá que eu sou quem fala: Eis-me aqui.
Que formosos são os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ou-
vir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião:
O teu Deus reina!
(Profeta Isaías, Capítulo 52, versículos 6 e 7)

Esta passagem foi escrita pelo profeta Isaías, há pouco mais de setecentos anos
antes do nascimento de Jesus Cristo.
O Profeta Isaías, em seu livro, faz inúmeras profecias sobre o nascimento do
Messias (Jesus Cristo), e sobre o sacrifício do Servo do Senhor (que também é Jesus
Cristo), e eu não tenho dúvidas de que “Este Nome”, que está referido nesta passa-
gem, é o Nome de “Jesus Cristo”.
E se eu já O conheço por um Nome que é um substantivo próprio, composto e
inaplicável a nenhum outro ser, por que o chamarei por um substantivo simples e co -
mum (deus)? Apenas utilizando a primeira letra maiúscula? Ou qualquer outra deno-
minação usada por qualquer outro ser existente ou ídolo?
Por isto é que eu O chamarei de “Jesus Cristo”, sempre que me referir a um
tempo posterior ao Seu nascimento.
Ou “Espírito de Jesus Cristo”, quando as palavras sugeridas pela Bíblia forem:
“Deus”, “Pai” ou “Senhor”; exceto nas citações da Bíblia, onde usarei a forma em que
estiver escrito na fonte citada, que em consonância com as épocas dos relatos, os tra-
dutores assim o preferiram denominar.

v
A Bíblia é uma coletânea de 66 livros que foram escritos em separado, num pe-
ríodo de aproximadamente 1600 anos, teve 40 autores em suas versões protestantes;
e 73 livros nas versões Católicas, pois possuem 7 livros a mais, chamados apócrifos.
Vamos ver a definição de “apócrifo”, por Aurélio Buarque de Holanda:
Apócrifo, (apocromo), adjetivo. Sem autenticidade (obra, fato), ou cuja
autenticidade não está provada; qualificativo que os católicos dão a todos
os escritos de assunto sagrado não incluídos pela Igreja no Cânon das Es-
crituras autênticas e divinamente inspiradas.

Agora vamos à definição de “apócrifo”, contida na Bíblia de Estudos Almeida:


APÓCRIFOS: Livros que o consílio de Trento (da Igreja Católica), em 1546,
declarou inspirados, embora não fizessem parte do CÂNON DO ANTIGO
TESTAMENTO estabelecido pelos judeus da Palestina. Os Católicos cha-
mam esses livros de “deuterocanônicos”, isto é, pertencentes ao “segundo
cânon”. “Protocanônicos” (pertencentes ao primeiro cânon) são os livros
do Antigo Testamento que os judeus da Palestina consideravam inspira-
dos, e esses são aceitos tanto pelos Católicos como pelos Evangélicos (Pro-
testantes da atualidade)…. ….Além desses existem outros livros que não
são considerados inspirados, os quais os Evangélicos chamam de PSEU-
DEPÍGRAFOS, e os Católicos, de “apócrifos”
(Bíblia de Estudo Almeida, Segunda Edição / Auxílios para o Leitor / Dici-
onário da Bíblia de Almeida, Página 10)

O critério que os conselhos canônicos utilizaram para a anexação dos livros à


sagrada coletânea é a existência de fatos e profecias que se completam em perfeita
harmonia entre os livros.
São chamados apócrifos os sete livros da coletânea católica, que o conselho ca-
nônico protestante não considerou; e pseudepígrafos os que nem mesmo o conselho
canônico católico aceitou, os Católicos não utilizam a palavra “pseudepígrafo”, pois,
para eles, todos os livros que não estão em seu Cânon, ou seja, em sua Bíblia, são
apócrifos.
Não encontrei a definição de pseudepígrafo no Dicionário de Aurélio Buarque
de Holanda mas esta definição, está contida na Bíblia de Estudos Almeida:
PSEUDEPÍGRAFO – Livro religioso, judeu ou cristão, não pertencente ao
CÂNON, escrito entre o ano duzentos antes do nascimento de Jesus Cristo
e o ano duzentos depois do nascimento de Jesus Cristo por autor anônimo

vi
ou por autor que, para ver a obra aceita, usava como pseudônimo (nome
falso) o nome de algum personagem bíblico. A literatura pseudepigráfica é
abundante. Os Católicos chamam os pseudepígrafos de apócrifos.

Recentemente, historiadores acharam vários escritos, um deles apresentou o


título de evangelho de Judas, mas pelo que foi divulgado quanto ao seu conteúdo, não
precisa ser doutorado em cânon sagrado, para se verificar que o conteúdo é totalmen-
te discrepante da harmonia bíblica, além disso, todo o novo testamento foi escrito dé-
cadas depois da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo, e pelo que eu saiba, Judas
cometeu suicídio durante a crucificação.
Estes não são os primeiros escritos que tentam desacreditar a idoneidade da
Bíblia, muitos embusteiros, naquela época, tentaram alcançar notoriedade escreven-
do heresias, mas os conselhos canônicos; tanto os judeus, como os católicos e os pro-
testantes, usaram de apurado e respeitável critério para escolha do que é autêntico.
Nota-se também que os três conselhos, aqui citados, são bem heterogêneos em
suas doutrinas e ideologias, mas em muito pouco discordam dos livros escolhidos
como autênticos, havendo a exceção dos sete apócrifos, que não são pseudepígrafos,
que somente a Igreja Católica anexou.
A base ética de todos os conselhos canônicos é a verdade histórica.
A comprovação de que a Bíblia é inspirada por Deus, está no fato em que mui-
tas profecias são proferidas em toda a Bíblia.
As profecias não se limitam somente aos livros proféticos, e são comprovados
os seus cumprimentos, em livros subsequentes, com o intervalo de dezenas ou cente-
nas de anos.
Os autores que contam o cumprimento das profecias em fatos históricos, não
se pode precisar, se eles tinham ou não conhecimento das respectivas profecias.
Ao longo da história sagrada, os rolos de livros foram guardados, mas mudan-
do sempre de lugar, e nem sempre permaneceram juntos em sua totalidade, tendo em
vista as guerras e perseguições sofridas pelo povo judeu ao longo de sua história, ha-
vendo também, a produção de várias cópias, com o fim de protegê-los.
Os seguidores de Jesus Cristo, também começaram a ser perseguido pelo im-
pério romano nos anos 80 DC.
Anteriormente a isso, nos primeiros 70 anos depois do nascimento de Jesus

vii
Cristo, a maior perseguição que os ensinamentos de Jesus Cristo sofreu, foi do pró-
prio povo judeu, que por sorte, não se interessou em destruir seus escritos (o Novo
Testamento), talvez até por desconhecer sua existência.
Além disso, a partir do ano 70 depois do nascimento de Jesus Cristo, os ju-
deus, se ocuparam com as incursões romanas sobre Jerusalém, e com isso foram
obrigados a deixar os seguidores de Jesus Cristo em paz.
Sugiro ao Teófilo que adquira uma Bíblia, de preferência, na versão brasileira
em português de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada, pois é a versão da
qual tirei as citações, com o fim de acompanhar este estudo, e também para sempre
conferir o contexto. Desta forma, vocês protegerão suas convicções da verdade.
Não será incomum que o Amado Teófilo, quando ler minhas citações bíblicas,
neste compêndio, em algumas delas, tenha a sensação de nunca ter lido tal passagem
na Bíblia, ou que nunca tenha ouvido falar do que está contido nelas.
Isto poderá suceder, porque muitas das passagens que vou citar são evitadas
pelos pregadores, e também, eles não as leem em público, pelo simples fato de não sa-
berem explicá-las, ou a passagem demonstra verdades que não interessa a eles, que o
Amado Teófilo desvende ou apresente curiosidade.
Por isto insisto para que o Amado Teófilo tenha em mãos a Bíblia ao ler este
compêndio, de preferência, como já disse e repito, na versão brasileira em português
de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada.
Ao longo deste Compêndio, pretendo mostrar a Bíblia como ela realmente é, e
com certeza, o Amado Teófilo terá um conceito bem diferente sobre as Sagradas Es-
crituras.
Eliminaremos muitos conceitos errados, que, a partir do quarto século depois
do nascimento de Jesus Cristo, foram disseminados, levando, à tão Sublime Escritu-
ra, ao descrédito ou a uma interpretação mistificada e fanática, ensejando um funda-
mentalismo, na verdade, infundado, por ser interpretada de forma errada.
Farei citações da Bíblia numa ordem determinada, que funcionará como uma
verdadeira chave, para abrir o entendimento correto.
Isto dará ao Teófilo uma linha correta de raciocínio, e para que eu desenvolves-
se esse método, precisei lê-la completamente, de capa a capa: tanto na ordem em que
os livros se apresentam, como na ordem cronológica, pelo menos 4 vezes.
Fiz isso com uma disposição crítica que adquiri da segunda leitura em diante,

viii
pois, foi quando passei a ler, me despindo de todos os conceitos que recebi oralmente
nas pregações da cristandade, desta forma descobri, como a minha mente estava con-
taminada por conceitos que já tinham deturpado todo o seu entendimento.
O mais grave de tudo é que esses conceitos deturpadores, já estão enraizados
no inconsciente coletivo da sociedade.
Livrar as pessoas desta influência é muito difícil.
Não é somente o senso comum que está contaminado por esse fenômeno, não
são poucos os homens e mulheres que, mesmo tendo adquirido uma graduação como
bacharel em teologia, estão seguindo algo que está sendo aceito pela massa.
Quero inclusive, deixar claro, que quando me refiro aos líderes e pregadores
que nos passam esses conceitos errados, não estou afirmando que os façam dolosa-
mente.
Os que corroboraram com os sofismas citados neste Compêndio, estão na raiz
histórica da teologia do quarto século. Acredito até que possa existir alguém da atua-
lidade que já tenha percebido que a verdade não está sendo aplicada, mas não se ma-
nifesta, por medo ou por lhe ser conveniente.
Resumindo o que disse São João, O Verbo, que é a verdadeira luz, e também é
o Espírito de Jesus Cristo encarnado, veio ao mundo para Iluminar a todo homem.
Amado Teófilo, haverão algumas passagens ou citações aqui colocadas que se
repetirão ao longo do compêndio, mas isto acontece, devido ao fato em que a explica-
ção da passagem não tenha sido totalmente tratada em apenas um capítulo.
O meu desejo é de que o Amado Teófilo alcance a Iluminação em Cristo Jesus.
Boa leitura.

ix
Capítulo 1

O CRIADOR E A CRIAÇÃO

Sugiro ao Amado Teófilo que não deixe de ler o prefácio e a introdução, para
que não perca a sequência de raciocínio.
As explicações deste começo de capítulo nos colocam num limiar, onde o mun-
do em que vivemos carnalmente, e conhecemos, tem que cruzar narrações com o
Mundo do Espírito de Jesus Cristo, do qual ainda não temos consciência.
Na própria Bíblia, diretamente proporcional à idade dos livros, existe muita
aplicação de antropomorfismos (formas humanas), ou seja, características humanas,
que são apenas emprestadas à escrita, nas descrições de características do nosso Cria-
dor, para que o povo de cada época pudesse entender o nosso Criador, que, em todos
os aspectos, é indescritível.
Como por exemplo de antropomorfismo temos: a ira do Senhor; o Espírito de
Jesus Cristo não possui sentimentos inerentes às fraquezas humanas como a ira.
Usa-se muito dizer que Deus se arrependeu, mas a perfeição Dele não permite
que Ele tenha arrependimento, pois, para Ele, a criação já está consumada, e nada
mais há que se modificar, como veremos mais à frente.
Somente uma coisa é impossível para o Espírito de Jesus Cristo, voltar atrás
em seus próprios desígnios.
Somente nós, em nossa visão circunstancial e limitada, é que achamos que as
coisas podem ser mudadas pela nossa interferência.
O fato de Jesus Cristo se referir ao Pai, quando na verdade está se referindo ao
seu próprio Espírito, ainda será muito bem explicado neste compêndio.
Vou dar, agora, uma pequena referência, muitas outras serão dadas ainda:
“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.
Eu e o Pai somos um.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos 29 e 30)

A maioria das pessoas impõem limitações ao Espírito de Jesus Cristo, que é so-
berano e perfeito.
Vamos a uma análise da criação.

1
Precisamos para isto, de um pouco de imaginação, mas sem abusar de antro-
pomorfismos.
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.
A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo,
e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.
Disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.
Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite.
Houve tarde e manhã, o primeiro dia.
(Gênesis, Capítulo 1, Versículos do 1 ao 5)

Na citação do começo da criação, observem que eu a levei até o versículo 5,


para justamente mostrar que a primeira coisa criada foi o tempo, o que significa que o
tempo ainda não existia antes disto, pois ouve tarde e manhã, ou seja, “o primeiro
dia”.
“E disse Deus: haja firmamento no meio das águas e separação en-
tre águas e águas.
Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo
do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez.
E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o se-
gundo dia.
(Gênesis, Capítulo 1, Versículos do 5 ao 8)

Agora continuei do versículo 6 ao 8, onde o Espírito de Jesus Cristo cria o es-


paço, o que significa que o espaço também não existia antes disto.
No começo da primeira citação é dito que a terra estava sem forma, ou seja,
não existia no mundo físico, alguns querem entender que não ter forma é ser torto,
amassado e etc., mas a realidade é que não ter forma, é não existir no espaço físico.
Continuemos, então, o raciocínio.
Onde Deus existia e existe para sempre?
Pois antes de criar a terra, Ele não se situava em nenhum espaço e tempo, que
pudéssemos conceber ou concluir em nosso raciocínio limitado.
Será que antes de criar a terra, ele estava, ou está, no vazio?
Para ilustrar este raciocínio bem complicado vou falar de São Paulo:
“Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às
visões e revelações do Senhor.

2
Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado
até ao terceiro céu [se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe] e
sei que o tal homem [se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe]
foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito
ao homem referir.
(Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 12, Versículos do 1
ao 4)

Podemos observar que este homem, que é o próprio São Paulo, teve dificulda-
de de exprimir o que ele viu no Paraíso.
Entendamos, que, quando falarmos do Paraíso; ou dos Céus; ou do Mundo Es-
piritual; ou do Reino do Espírito de Jesus Cristo, que muitos preferem chamar de
Reino de Deus; todas estas denominações são sinônimas e se referem ao Mundo Espi-
ritual.
E quando falamos de Mundo Espiritual; constataremos que este Mundo Espi-
ritual é o sétimo dia da criação, que está descrito no livro de Gênesis, Capítulo 2, Ver-
sículos do 1 ao 3; o qual, para nós, como ainda veremos, é tempo futuro.
Para o Amado Teófilo não dizer que eu é que estou inventando isto, observem
a próxima passagem:

Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.


Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fun-
dação do mundo.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 4, versículo 3)

“Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fun-


dação do mundo”.
Podemos assim concluir, que, para o Espírito de Jesus Cristo, a criação está
concluída, mas para nós, o homem ainda está sendo criado, estamos no meio do pro-
cesso de nossa criação, ou seja, vivemos no passado do Espírito de Jesus Cristo, mais
precisamente entre o sexto e o sétimo dia da criação.
Por isto, temos que ter bastante paciência e cautela para tratar destes assuntos,
tendo humildade, pois o máximo que conseguiremos é adquirir noções hipotéticas.
Pudemos observar, também, que o autor de Gênesis diz que a terra era sem
forma e vazia, ou seja, ela era uma concepção do pensamento do Espírito de Jesus

3
Cristo; não existia ainda no mundo físico, e o próprio mundo físico neste começo nar-
rativo também não existia, pois o tempo e o espaço estavam por serem materializa-
dos.
Este Mundo Espiritual não está em paralelo com o mundo físico, ou seja, os
acontecimentos de nosso mundo não estão acompanhando os acontecimentos do
Mundo Espiritual de forma paralela, pois não há compatibilidade de espaço e tempo
entre estes dois mundos, alguns autores de ficção costumam fazer relações entre uni-
versos paralelos, mas, como o próprio nome diz, é ficção.
Pode ser difícil de entender, mas quando eu me referir a um espírito, não que -
ro dizer que ele esteja vagando invisivelmente pelo nosso mundo.
Estou deixando isto bem claro, para que não pensem que eu esteja conduzindo
nosso raciocínio para o kardecismo.
No Salmo 90, temos uma identificação, de que o tempo para Deus, é uma úni-
ca eternidade.
Eu estou certo de que onde quer que o espírito de Jesus Cristo se posicione,
coisa que também é complicada de se imaginar, pois Ele é Onipresente, Ele tem a vi-
são sobre toda a história da humanidade, do início ao fim, por isto é que ele diz: Eu
sou o Alfa e o Ômega; o Princípio e o fim; considerando tanto o espaço como o tempo;
Alfa é a primeira letra do alfabeto grego e Ômega é a última, daí o simbolismo de
princípio e fim:
“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo,
de eternidade em eternidade, tu és Deus.
Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens.
Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e
como a vigília da noite.”
(Salmos, capítulo 90, Versículos do 1 ao 4)

O primeiro capítulo de Gênesis, indo até o versículo 3 do segundo capítulo, é


uma narrativa, onde o narrador está no mundo espiritual, o mundo dos pensamentos,
das ideias e das vontades do Espírito de Jesus Cristo, o narrador está no âmago do
Espírito de Jesus Cristo.
Esta parte da narração somente pode ter sido transmitida oralmente, ou por
inspiração, pelo Espírito de Jesus Cristo ao narrador, pois a humanidade foi criada

4
somente no sexto dia, portanto, até o quinto dia não havia homem que fosse testemu-
nha dos acontecimentos.
Já a partir do versículo quatro, do segundo capítulo, o narrador sai do interior
do Espírito de Jesus Cristo e vai se situar dentro da caixa de tempo e espaço que o Es-
pírito de Jesus Cristo acabara de criar, a isto eu chamo de Fundação do Mundo.
Peço ao Amado Teófilo que guarde bem este marco do parágrafo anterior, pois
este é o marco da Fundação do Mundo (Gênesis, Capítulo 2, Versículo 4 ao 17).
O narrador sai de um vazio sem tempo e sem espaço e ingressa nos primórdios
do mundo físico.
Em meus estudos para desenvolver este compêndio, li a Bíblia, profundamente
concentrado, para detectar as informações subliminares existentes nela.
Eu comparo a criação como um longo tapete que o Espírito de Jesus Cristo de-
senrolou, e Ele tem a visão do seu começo e do seu fim, e a criação caminha por ele,
enxergando apenas o próximo passo a ser dado, no decorrer desta leitura o Amado
Teófilo vai ver muitas fundamentações bíblicas para esta minha tese.
Como ainda veremos, cada escolhido e predestinado que morre, no mesmo
instante, ressuscita no sétimo dia, o dia do descanso do Espírito de Jesus Cristo, o dia
da ressurreição, que, na verdade, não é descanso para o Espírito de Jesus Cristo, pois
ele não se cansa, este dia de descanso é para nós, e este dia é também o dia da restau-
ração do Paraíso.
A queda (o pecado da desobediência) do Homem, não foi imprevisível para o
Espírito de Jesus Cristo, e sim o início de uma modelação ou lapidação, para sermos
preparados para vivermos no Paraíso.
O conhecimento Onisciente do Espírito de Jesus Cristo, já enxerga a conclusão
desta maravilhosa obra, ele enxerga toda a história da humanidade, e se ela tem um
fim eu não sei, mas tenha fim, ou seja, infinita, a Onisciência do Espírito de Jesus
Cristo a criou, a vê, a governa e a ama.
Embora não haja paralelo de tempo entre estes dois mundos, a única evidência
que temos, é que o sétimo dia, ou seja, o descanso de nosso Criador ainda não existe
para nós, pois nesta caixa de tempo e espaço, aos nossos olhos, ou seja, em nosso ân -
gulo de visão, existe muito a fazer ainda.
Pois todos os espíritos criados no sexto dia, têm que passar pela condição de
encarnados, se o número de espíritos criados não for infinito, então esta terra amaldi-

5
çoada, vai existir até a encarnação do último dos espíritos criados.
Como já foi referido, temos o sétimo dia descrito em Gênesis, mas para nós, ele
ainda não existiu, é futuro, pois estamos sendo criados ainda, estamos no meio de
nossa gestação.
Nos sete dias da criação o nosso Criador está em sua eternidade.
A partir do versículo quatro do capítulo dois de Gênesis, inicia-se a materiali-
zação do plano divino, este momento, como já foi dito, trata-se da Fundação do Mun-
do.
Mas os teólogos e historiadores acham que entre os versículos quatro e dezes-
sete do segundo capítulo de Gênesis, há uma repetição do processo da criação de for-
ma resumida, mas se o Amado Teófilo ler com atenção poderá constatar que não é
uma repetição e sim uma continuação.
Esta concepção dos teólogos e historiadores, se prende ao fato de que, em ver-
sículos anteriores, que seriam o dois e o três, o autor declara que a obra estava con-
cluída, pois é declarado o descanso do Criador.
É bem evidente que é uma afirmação simbólica, pois um Ser Onipotente, Oni-
presente e Onisciente, não haveria de ficar cansado para que tivesse que descansar.
E esta figuração é para simplesmente, determinar a conclusão do plano espiri-
tual, pois a condição de que a terra estava sem forma não foi desconfigurada em ne-
nhum dos sete dias.
Vamos agora à passagem em que o criador traz forma, ou seja, projeta o plano
espiritual no espaço físico, que como eu já afirmei, não há uma contagem paralela de
tempo, o qual é mostrado a partir do quarto versículo do segundo capítulo, ou seja, “A
Fundação do Mundo”:
“Esta é a gênese dos Céus e da terra quando foram criados, quando
o Senhor Deus os criou.
Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda ne-
nhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera
chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.
Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.
Então, formou (deu forma) o Senhor Deus ao homem do pó da terra e
lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vi-
vente.
(Gênesis, Capítulo 2, Versículo 4)

6
Se o homem passou a ser alma vivente, então ele era alguma coisa antes
disto, ou seja, já existia seu espírito, assim como o de todos nós.
E repetindo o que já foi dito: não há um paralelismo entre o mundo espiritual e
o físico e nesta última passagem, entramos no cenário do mundo físico.
Observem também, que foi dito, o Espírito de Jesus Cristo formou, ou seja,
deu forma, o que seria o mesmo que tornar manifesto no espaço físico.
A criação dos nossos espíritos acontece antes, ou seja, no sexto dia da criação:
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e seme-
lhança; ele tenha domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus,
sobre os animais domésticos sobre toda a terra e sobre todos os répteis
que rastejam sobre a terra.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o cri-
ou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves
dos céus, sobre todo animal que rasteja pela terra.”
(Gênesis, Capítulo 1, Versículos do 26 ao 28)

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”; esta forma plural,


de referir-se ao Espírito de Jesus Cristo não determina que haja uma trindade, e isto
será devidamente explicado à frente.
Também será explicado que o Criador é Espírito, e se ele criou alguém à sua
imagem e semelhança, logicamente que, esse alguém, somente poderá ser espírito.
“Ele tenha domínio sobre....”, o homem é a única criatura que domina so-
bre o restante da criação, os Anjos do Espírito de Jesus Cristo são suas múltiplas ma-
nifestações, não são criaturas.
Quando há referência a anjo ou anjos, sem apontar que sejam do Espírito de
Jesus Cristo, trata-se de referência ao espírito de algum ou alguns homens.
Quando se faz referência ao diabo e seus anjos, estes não são espíritos e sim
sombras ou demônios, que ainda será muito bem explicado.
Para ratificar que nosso espírito foi criado antes da fundação do mundo, São
Paulo nos deixou esta mensagem:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoa-
do com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, as-

7
sim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele,
para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito
de sua vontade,”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, versículos do 3 ao 5)

Observemos uma assertiva do Salmos Capítulo 139:


“Os teus olhos me viram a substância ainda informe (sem forma, ou
seja, o espírito) e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um de -
les escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda.”
(Salmos, Capítulo 139, Versículo 16)

Nosso espírito, por não ser manifesto no mundo físico, ele não tem forma, e a
palavra usada por Davi, o salmista, foi “informe”, que é o mesmo que não ter forma.
O Espírito de Jesus Cristo é Onipotente (tem poder absoluto e infinito), Oni-
presente (tem presença absoluta e infinita) e Onisciente (tem conhecimento absoluto
e infinito, não envolvendo apenas espaço, mas tempo também), por este motivo, a de-
sobediência do homem ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal, não foi surpresa para o Espírito de Jesus Cristo, e acrescento, todos os fatos da
história são planejados por Ele.
Vejamos agora o Salmo da soberania absoluta do Espírito de Jesus Cristo:
“Senhor, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras
os meus pensamentos.
Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os
meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces
toda.
Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão.
Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo
elevado, não o posso atingir.
Para onde me ausentarei do teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face?
Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo
abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos
confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra
me susterá.

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Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de
mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a
luz são a mesma coisa.
Pois tu formaste meu interior (Espírito), tu me teceste no seio de mi-
nha mãe (Corpo físico).
Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso
me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma (centro das von-
tades e das emoções) o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encober-
tos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da
terra.
Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro
foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado,
quando nenhum deles havia ainda.”
(Salmos, Capítulo 139, Versículos do 1 ao 16)

A leitura da Bíblia é aparentemente confusa para muitas pessoas, pois os líde-


res da cristandade, passam por passagens como esta, e fingem que não veem.
Também pelo fato de haver uma resistência no homem para aceitar a predesti-
nação, quem lê, inconscientemente acha que é uma alegoria, por não admitirem que o
homem não seja autônomo.
Para nós, deveria ser, ou melhor, é, uma honra, termos um espírito que é a
imagem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo e fazermos parte de um todo com
ele.
É impossível para o nosso espírito se destacar do Espírito de Jesus Cristo.
Sofremos porque vivemos um falso livre arbítrio, que é representado pelo fruto
proibido que Eva comeu e o deu a seu marido.
Desde então, desenvolveu-se o nosso Ego, que é representado pela serpente
que enganou à Eva, e demos continuidade ao ato de Adão e Eva e vivemos a preferir
dar ouvidos para esta serpente, que é o nosso Ego, e que nos causa cegueira, e não nos
deixa aceitar à verdade que está à nossa frente em toda a Bíblia.
Vou apresentar duas passagens que as lideranças costumam ignorar:
“Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte
do Pai; por qual delas me apedrejais?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedreja-
mos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a

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ti mesmo.
Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei:
Eu disse: sois deuses?
Se Ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a Palavra de
Deus, e a escritura não pode falhar, então, daquele a quem o Pai santificou
e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: Sou Filho de
Deus?”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos do 31 ao 36)

Quero avisar ao Amado Teófilo que existe um capítulo só para explicar o que
seria a descendência de Caim, que tem o título de “OS DESTINADOS PARA A IRA”.
A passagem da Escritura a que Jesus Cristo se refere, é o Salmo 82:
“Deus assiste (mora) na congregação divina; no meio dos deuses, es-
tabelece o seu julgamento.
Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa
dos ímpios? (a descendência de Caim)
Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o
aflito e o desamparado.
Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios (a
descendência de Caim).
Eles, nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam to-
dos os fundamentos da terra (referência à descendência de Caim)
Eu disse: sois deuses (nossos espíritos; dos escolhidos e predestinados, que
somos a imagem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo), sois todos filhos do Al-
tíssimo.
Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes,
haveis de sucumbir.”
(Salmos, Capítulo 82, Versículos do 1 ao 7)

Fica difícil de entender a Bíblia, enquanto não entendermos com clareza, que
estas frases estão se referindo ao nosso espírito: “sois deuses, sois todos filhos
do Altíssimo”.
Quanto à afirmação: Todavia, como homens, morrereis e, como qual-
quer dos príncipes, haveis de sucumbir, esta assertiva se refere ao corpo carnal
dos escolhidos, trata-se do desígnio da maldição da terra donde adveio a morte física,
que não haverá na ressurreição, pois nossa imortalidade será restaurada.

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Capítulo 2

A MULTIPLICAÇÃO DA CRIAÇÃO
E A EVOLUÇÃO DO RELACIONAMENTO COM O CRIADOR

Existe uma questão que é muito polêmica, que traz incredulidade, a qual, é ge-
rada por puro tabu social.
A questão é que a reprodução da raça humana, partindo de um só casal, seria
impossível e/ou pecaminosa, ou provocaria uma série de mal formações, devido a
prática do incesto, ou seja, casamentos consanguíneos, ou entre irmãos.
Quero primeiro desmistificar a parte do pecado, pois o incesto só foi instituído
legalmente como pecado, nas leis de Moisés, no capítulo 18 de Levítico; por volta do
décimo sexto século antes do nascimento de Jesus Cristo.
Estima-se que a criação ocorrera, pelo menos, há três milênios antes disto,
desde então vários relacionamentos incestuosos foram registrados na própria Bíblia,
vou relacionar alguns:
O primeiro que eu destaco é o de Abraão e Sara, pois Sara era irmã de Abraão
por parte de pai, isto pode ser visto em Gênesis, Capítulo 20, Versículo 12.
Outro é o das duas filhas de Ló, sobrinho de abraão, que engravidaram do pró-
prio pai para manter suas linhagens, que foram a formação de dois povos: os moabi-
tas e os amonitas, que está relatado em Gênesis, capítulo 19, Versículos do 30 ao 38;
temos também o caso de Isaque e Jacó que se casaram com primas, ou seja, a relação
consanguínea era cultural.
Outra questão é a da consanguinidade provocar mal formações.
Eu fui cinófilo, ou seja, criei cães de raça, e em meus estudos conheci as técni-
cas para a formação de novas raças, elas normalmente são feitas através da seleção,
ou seja, retirando do canil os indivíduos com características não desejáveis e manten-
do os de características desejáveis; a isto chamamos de seleção.
Porém o método da seleção só apresenta sucesso com o decorrer de muitas ge-
rações, mas para acelerar os resultados, se utiliza o cruzamento consanguíneo de ma-
neira moderada, ou seja, em gerações alternadas, pois os cruzamentos consanguíneos
ressaltam as qualidades, mas também ressaltam os defeitos.
Os problemas de mal formação e o aparecimento de doenças genéticas somen-

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te ocorre quando há consanguinidade em mais de três gerações consecutivas.
Com certeza, na primeira geração dos filhos de Adão e Eva, teve que haver ca-
samento entre irmãos, mas na segunda geração já havia a possibilidade de casamen-
tos entre primos de primeiro grau, reduzindo assim o grau de consanguinidade para
50%.
Na terceira geração já passaram a ser possíveis, os casamentos entre primos de
segundo grau, reduzindo assim o grau de consanguinidade para 25%.
Na quarta geração, os casamentos entre primos de terceiro grau, passaram, por
sua vez, a serem possíveis, reduzindo assim o grau de consanguinidade para 12,5%, e
assim sucessivamente, afastando cada vez mais a possibilidade de mal formações e
doenças genéticas.
Mesmo que uma ou outra mal formação ou doença genética vieram a aconte-
cer, teria de ser esperado, pois na queda do homem, o Espírito de Jesus Cristo amal-
diçoou a terra, que por certo, trouxe muitas tribulações aos homens.
Espero que o Amado Teófilo, não tenha se chocado com o parágrafo anterior,
pelo emprego do verbo amaldiçoar, pois uma característica de nossas sociedades reli-
giosas é a de preservar uma imagem branda do Espírito de Jesus Cristo.
Mas vamos à fundamentação bíblica:
“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste
da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua cau-
sa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida”
(Gênesis, Capítulo 3, Versículo 17)

Quando algo de ruim acontece, é muito comum se dizer a seguinte expressão:


“aconteceu porque Deus permitiu!”.
Como uma forma de não atribuir a criação de males ao Espírito de Jesus Cris-
to, mas essa não é a realidade bíblica, Jesus Cristo é soberano.
Veja o que o Espírito de Jesus Cristo falou a Moisés há dezesseis séculos antes
do nascimento de Jesus Cristo:
“Disse o Senhor a Moisés: Farei também isto que disseste (que seria
acompanhar o povo de Israel em sua jornada no deserto); porque achaste graça
aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome.
Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.
Respondeu-lhe: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te

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proclamarei o nome do Senhor (no original hebraico em lugar de Senhor está o
tetragrama YHWH, que significa “Eu Sou”); terei misericórdia de quem eu tiver
misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer.”
(Êxodo, Capítulo 33, Versículos do 17 ao 19)

Esta é a realidade bíblica, “terei misericórdia de quem eu tiver miseri-


córdia”, esta é a soberania, que é: Onipotente, Onipresente e Onisciente; o Todo po-
deroso.
Vejamos o que o profeta Isaías ouviu do Espírito de Jesus Cristo, isto há oito
séculos antes do nascimento de Jesus Cristo:
“O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a
sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de
mim, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens,
que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no
meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento (que é sinônimo de
maravilhoso, trata-se de uma figuração pleonástica); de maneira que a sabedoria
dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.
Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor, e
as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos
conhece?
Que perversidade a vossa! Como se o oleiro (pessoa que fabrica objetos
de barro) fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me
fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe.”
(Profeta Isaías, Capítulo 29, versículos do 13 ao 16)

Ilusão nossa, achar que temos o controle sobre nossas vidas, e que a moldamos
ao nosso Jeito.
Certa vez, ouvi numa entrevista, com o famoso cantor e compositor Gilberto
Gil, e quando o repórter perguntou alguma coisa sobre o sucesso dele, ele respondeu:
“quando a gente é jovem, não somos nós quem fazemos as coisas, e sim a vida que
existe dentro de nós”.
Embora eu não conheça as origens de sua filosofia, esta frase, em particular,
me pareceu muito significativa, só que em minha concepção, não é só na juventude
que isto ocorre, mas em toda a nossa vida.
Não podemos saber o Tamanho do Espírito de Jesus Cristo, mas temos que
imaginar que é infinitamente mais do que imaginamos, portanto não podemos discu-

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tir com Jesus Cristo: Como se o oleiro (pessoa que fabrica objetos de barro) fosse
igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa
feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe.
Nós, porém, não podemos criar, em nossa imaginação, um deus a nossa ima-
gem e semelhança, é lógico que seria uma inversão de papel, se pensarmos desta for-
ma.
Vejamos uma passagem da epístola de São Paulo aos Romanos, que foi escrito
algumas décadas depois da ressurreição e ascensão de Jesus Cristo.
Notem que São Paulo faz menção de várias passagens do Antigo Testamento:
“E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem
todas as pessoas israelitas são, de fato, israelitas; nem por serem descen-
dentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a
tua descendência.
Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas
devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
Porque a palavra da promessa é esta:
Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
E não somente ela, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isa-
que, nosso pai.
E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o
bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevaleces-
se, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela:
O mais velho será servo do mais moço.
Como está escrito:
Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú.
Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo ne-
nhum!
Pois Ele diz a Moisés:
Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compa-
decer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de
usar Deus a sua misericórdia.
Porque a Escritura diz a Faraó:
Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para
que o meu nome seja anunciado por toda a terra.
Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a
quem lhe apraz.

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(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 9, versículos do 6 ao 18)

Peço ao Amado Teófilo que não se preocupe se não conhecer alguns persona-
gens citados, porque ao longo deste compêndio eles serão apresentados.
Vamos ver as passagens do Antigo Testamento, escrito há, pelo menos, dezes-
seis séculos antes do nascimento de Jesus Cristo que São Paulo citou na passagem an-
terior, que foi escrita meio século depois do nascimento de Jesus Cristo:
“Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do
moço e por causa de tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser;
porque por Isaque será chamada a tua descendência”
(Gênesis, Capítulo 21, Versículo 12)
_____________________________________________________
“Então, lhe perguntaram: Sara, tua mulher, onde está? Ele respon-
deu: Está aí na tenda.
Disse um deles: Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara,
tua mulher, dará à luz um filho. Sara o estava escutando, à porta da tenda,
atrás dele.
Abraão e Sara eram já velhos, avançados em idade; e a Sara já lhe
havia cessado o costume das mulheres.
Riu-se, pois, Sara no seu íntimo, dizendo consigo mesma: Depois
de velha, e velho o meu senhor, terei ainda prazer?
Disse o Senhor a Abraão: porque se riu Sara, dizendo: Será verdade
que darei a luz, sendo velha?
Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um
ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho.
Então, Sara, receosa, o negou, dizendo: Não me ri. Ele, porém, dis-
se: Não é assim, é certo que riste.”
(Gênesis, Capítulo 18, Versículos do 9 ao 15)
_____________________________________________________
“São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão. Abraão gerou a
Isaque; era Isaque de quarenta anos, quando tomou por esposa a Rebeca,
filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu.
Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o
Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu.
Os filhos lutavam no ventre dela; então. Disse: Se é assim, por que
vivo eu? E consultou ao Senhor.
Respondeu-lhe o Senhor:
Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividi -

15
rão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá o
mais moço.
Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos
no seu ventre.
Saiu o primeiro (por isto foi considerado primogênito), ruivo, todo re-
vestido de pelo; por isso, lhe chamaram Esaú.
Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú;
por isso, lhe chamaram Jacó.
Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz.”
(Gênesis, Capítulo 25, Versículos do 19 ao 26)

A próxima é uma profecia do profeta Malaquias, que viveu no sexto século an -


tes do nascimento de Jesus Cristo, ele reproduz a profecia da inversão da primogeni-
tura entre Jacó e Esaú, e os desígnios de Edom, que era o povo descendente de Esaú,
muito depois do cumprimento desta profecia:
“Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio
de Malaquias.
Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens
amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? Disse o Senhor; todavia amei a Jacó,
porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua he-
rança aos chacais do deserto.”
(Profeta Malaquias, Capítulo 1, Versículos do 1 ao 3)
_____________________________________________________
“Disse o Senhor a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, apresenta-
te a Faraó e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixa ir o
meu povo, para que me sirva.
Pois desta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração,
e sobre os teus oficiais, e sobre o teu povo, para que saibas que não há
quem me seja semelhante em toda a terra.
Pois já eu poderia ter estendido a mão para te ferir a ti e ao teu
povo com pestilência, e terias sido cortado da terra; mas, deveras, para
isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o
meu nome anunciado em toda a terra.”
(Êxodo, Capítulo 9, Versículos do 13 ao 16)

Isto não é uma particularidade apenas da história de Faraó, mas em todos os


setores da sociedade e em todos os tempos, o Espírito de Jesus Cristo manteve e man-
tém pessoas assim como Faraó, prepotentes e arrogantes e desobedientes; com o fim

16
de nos causar tribulação.
É assim que o Espírito de Jesus Cristo nos mostra seus atributos de glória e vi-
tória sobre os inimigos da criação.
Estes inimigos da criação foram gerados junto com a maldição da terra (depois
da fundação do mundo) e a existência do Espírito de Jesus Cristo em todos os tem -
pos, de eternidade, à eternidade, com seu poder, glória e direito de propriedade sobre
nós, sempre se confirmou através disto.
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, an-
tes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcan-
çado misericórdia, mas, agora alcançastes misericórdia.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículos 9 e 10)

Nesta última passagem, São Pedro está falando da integração do povo não ju-
deu aos eleitos e predestinados, filhos do Espírito de Jesus Cristo.
Mas, São Pedro se inspirou em uma revelação profética de nosso Criador a
Moisés em Êxodo:
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes
a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos
os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e
nação santa...”
(Êxodo, Capítulo 19, Versículos 5 e 6a)

Esta afirmação do nosso criador, foi para o povo judeu, que ainda estava no
antigo pacto, ou antiga aliança, ou antiga dispensação que veio a se tornar a nova ali-
ança em Cristo Jesus, que é o Verbo Encarnado.
Esta profecia é para os dias de hoje, pois naquele tempo, o povo necessitava de
sacerdotes, o que não é o nosso caso, pois já somos reino de sacerdotes, como foi pro-
fetizado, ou seja, somos, cada um de nós, sacerdotes de nós mesmos, e tendo o Espíri-
to de Jesus Cristo como sumo sacerdote, a quem devemos obediência.
Esta propriedade, também é demonstrada por São Paulo aos Efésios:
“....nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados se-
gundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o concelho da
sua vontade, a fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que de

17
antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes
a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também
crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor
da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua
glória.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, versículos do 11 ao 14)

Vamos ver o testemunho de João Batista a respeito de Jesus Cristo:


“João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o que eu disse: o
que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia an-
tes de mim.
Porque todos nós temos recebido de sua plenitude e graça sobre
graça.
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo.
Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou.”
(Evangelho Segundo São João (não o batista, mas sim o evangelista), Capítulo 1,
Versículos do 15 ao 18)

Ninguém jamais viu a Deus: esta condição do Criador, de ser invisível, faz
com que muitas pessoas, abusando de antropomorfismos, acabam por inverter o pa-
pel, fazendo com que o homem crie um deus, que é a sua imagem e semelhança.
O Deus unigênito, não podemos ter dúvida que é Jesus Cristo, como já havia
dito São João (evangelista), pois Ele é o Verbo que se fez carne, que ainda será citado
neste compêndio.
A palavra graça, quando usada pelo senso comum, tem a conotação de qual-
quer dádiva recebida do Espírito de Jesus Cristo, como: um carro novo, uma casa, um
emprego e etc.
Mas o sentido correto desta palavra é: benignidade imerecida, ou seja, o mes-
mo que gratuito, pois pelo sofrimento, pela morte e pela ressurreição de Jesus Cristo,
tivemos a gratuidade dos perdões de nossos pecados, que como trataremos em outro
capítulo, basta-nos apenas o arrependimento sincero.
Mas, “a lei foi dada por Moisés”: pelo menos um milênio e meio antes do
nascimento de Jesus Cristo, a lei aplicava-se aos judeus, e eles seguiam os preceitos
dados pelo Criador a Moisés, que são 613 mandamentos.

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Promoviam a purificação de pecados através dos holocaustos e sacrifícios de
animais, cujo animal mais usado nestes sacrifícios eram cordeiros sem defeito, para
que houvesse perdão, e isto se repetia em vários tipos cerimoniais, e como o homem é
pecador por natureza, isto se repetia consecutivamente, enquanto que o sacrifício de
Jesus Cristo é definitivo, pelo que João Batista proferiu:
“No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois de
seus discípulos e vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus!”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, Versículos 35 e 36)

Então já entendemos que Jesus Cristo assume o lugar dos cordeiros que eram
sacrificados em perdão de pecados, ritual este que foi instituído por Moisés, quando
os judeus saíram do Egito, ao que se deu o nome de Páscoa, que vem da palavra he-
braica Pessach.
É impossível ao homem carnal conceber uma forma para o nosso Criador, ape-
nas sabemos que ele é independente, e ao mesmo tempo soberano, sobre esta caixa
de tempo e espaço em que habitamos:
Os budistas, os filósofos estoicos e os panteístas afirmam que toda a natureza é
Deus, ou Deus está em toda a natureza, isto é em virtude da limitação do homem em
visualizar a infinitude do Espírito de Jesus Cristo.
Temos uma visão limitada para concebermos nosso Criador, pois todos os cor-
pos da natureza são criaturas Dele, e ele está acima da concepção infinita do nosso es-
paço sideral.
Se está além do nosso alcance, então devemos usar a percepção dada pela fé:
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos
que não se veem.
Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.
Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de
Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 11, Versículos do 1 ao 3)

Continuando com nosso assunto transcendental, pois está indo além da nossa
imaginação, vejam a próxima passagem:
“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso
homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova
de dia em dia.

19
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas
coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são
temporais, e as que se não veem são eternas.”
(Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 4, Versículos do 16
ao 18)

O Criador é invisível, mas o Verbo se fez carne e habitou entre nós, como disse
São João, e isto nos deu a possibilidade de ter um contato consciente com alguém que
se tornou igual a nós, confirmando assim, que o Criador, Jesus Cristo, é um Ser pes-
soal:
“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o
reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pe-
cados.
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados,
quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.”
(Epístola de São Paulo aos Colossenses, Capítulo 1, Versículos do 13 ao 17)

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“Lembrai-vos disto e tende ânimo, tomai-o a sério, ó prevaricado-
res.
Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que Eu Sou Deus,
e não há outro, que Eu Sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que
desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as
coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá
de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Ori-
ente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho . Eu o disse, eu
também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei.”
(Profeta Isaías, Capítulo 46, Versículos do 8 ao 11)

20
Capítulo 3

AS PETIÇÕES EM FORMA DE ORAÇÃO

Antes de iniciar este capítulo, quero cientificar o Amado Teófilo que a finalida-
de não é desacreditar a oração, muito pelo contrário, ao final do capítulo, será de-
monstrado que nenhuma oração é inútil.
Vamos a duas passagens em que São Paulo recomenda a oração:
“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente (de coração) uns aos outros.
No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo
ao Senhor; regozijai-vos na esperança sede paciente na tribulação, na ora-
ção, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a
hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiço-
eis.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 12, Versículos do 9 ao 14)
______________________________________________________
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam co-
nhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração, com ações de
graça (agradecimento).
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 4, Versículos 6 e 7)

A seguir reescrevo dois parágrafos do capítulo 1, para uma reflexão:


“O conhecimento Onisciente do Espírito de Jesus Cristo, já enxerga
a conclusão desta maravilhosa obra, que é a sua criação.”
“Ele enxerga toda a história da humanidade, e se ela tem um fim eu
não sei; mas tenha fim, ou, seja infinita, a Onipotência, a Onipresença e
em especial a Onisciência do Espírito de Jesus Cristo a criou, a vê, a gover-
na e a ama.”

Estes dois parágrafos do Primeiro capítulo produzem imediato questionamen-


to.
Por que devemos orar?
Se os desígnios já estão predeterminado e são imutáveis.

21
Orar é conversar com o Espírito de Jesus Cristo, que é nosso Criador e nosso
Pai; o homem Iluminado faz isto constantemente, independente da necessidade de
pedir alguma coisa, pois é um contato consciente com o Pai.
A principal função da oração, é a adoração; é lógico que em nossos momentos
de sofrimento recorremos ao Espírito de Jesus Cristo, em forma de desabafo, mas se
os fatos tenderem à solução do problema, pode ter certeza de que não foi pela oração,
mas esta solução já fazia parte do plano meticuloso da criação.
....assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para ser-
mos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para
ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o bene-
plácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça que ele nos con-
cedeu gratuitamente no amado, no qual temos a redenção, pelo seu san-
gue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus
derramou abundantemente sobre nós em toda sabedoria e prudência, des-
vendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que
propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude
dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo,
no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o concelho da sua vontade, a fim
de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos
em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verda-
de, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes sela-
dos com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa heran-
ça, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, versículos do 4 ao 14)

Quando iniciei minha busca pelos mistérios da espiritualidade, muitas vezes


me perguntei, qual é o motivo de existirmos?
Para que fomos Criados?
Mas o primeiro capítulo da Epístola de São Paulo aos Efésios, citada acima, já
tinha esta resposta e eu um dia a encontrei.
Esta passagem, nos demonstra, e agora, sei, convictamente, qual o sentido da
vida, pois é o que está escrito no Versículo 6: “para louvor da glória de sua graça
que ele nos concedeu gratuitamente no amado”.
E no Versículo 12: “a fim de sermos para o louvor da sua glória”; este é
o verdadeiro propósito da oração, adorar ao nosso Criador.

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Existem entrelinhas que nos mostram a planificação, de antemão, dos fatos
que nos cercam:
“Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença.
E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou
seus pais, para que nascesse cego?
Respondeu-lhes Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para
que se manifestem nele as obras de Deus.
É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquan-
to é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Dito isto, cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-os
aos olhos do cego, dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer
dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 9, versículos do 1 ao 7)

A simbologia de Jesus Cristo ter utilizado terra para restaurar a visão do cego,
foi pela necessidade de serem criados olhos; a exemplo da criação de Adão, a partir
do pó da terra; pois o homem já havia nascido cego; e provavelmente não existiam
ainda os globos oculares.
Mas eu citei esta passagem por causa da frase: “Nem ele pecou, nem seus
pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”, desde antes da
fundação do mundo, este dia estava criado, onde Jesus Cristo o encontraria e o cura-
ria.
Nos Salmos, Capítulo 118, diz:
“A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal
pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.
(Salmos, Capítulo 118, Versículos do 22 ao 24)

Tanto para o dia da cura do cego, assim como para o nosso dia de Hoje, pode-
mos dizer: “Este é o dia que o Senhor fez”; assim como Agora, podemos dizer:
“Este é o momento que o Senhor fez”.
O amado Teófilo pode pensar: Não conseguimos compreender, que embora se-
jamos escolhidos, tenhamos que passar por provações!
Como ainda vou referir neste compêndio, a desobediência de Adão e Eva, não
foi nenhuma surpresa para o Espírito de Jesus Cristo, toda a obra da criação foi meti-

23
culosamente planejada por Ele.
O Espírito de Jesus Cristo não é sádico, portanto, as nossas provações, com
certeza têm um motivo nobre e importante. Que nós ainda não conseguimos enxer-
gar.
Apresentarei à frente uma passagem da Epístola de São Paulo aos Romanos,
Capítulo 12, que diz que a Vontade do Espírito de Jesus Cristo é boa, agradável e per-
feita.
Mais à frente, também teremos a história de José, que perseguido pelos ir-
mãos, foi vendido como escravo, mas acabou chegando ao governo do Egito e pôde
ajudar sua família, incluindo seus irmãos, num período de sete anos de fome na terra.
José perdoou a seus irmãos e atribuiu o mal que lhe fizeram, como um ato da
providência do Espírito de Jesus Cristo.
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos,
nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque assim
como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos
que os vossos pensamentos.
Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não
tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e façam brotar,
para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra
que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me
apraz e prosperará naquilo para que a designei.”
(Profeta Isaías, Capítulo 55, Versículos do 8 ao 11)

“Prosperará naquilo para que a designei”, a palavra do Espírito de Jesus


Cristo é criadora, como pudemos ver em Gênesis, e esta frase que sublinhei, atesta
que há desígnio em Sua Palavra, e desígnio é o mesmo que predestinação.
Vejamos o verbo designar, e do substantivo desígnio, no dicionário Aurélio Bu-
arque de Holanda:
Designar, verbo transitivo = Indicar; apontar; mostrar; dar a conhecer;
ser o sinal, o símbolo de; fixar; determinar; /transitivo relativo = nomear
(para cargo ou emprego); marcar; assinalar; fixar; determinar; /transitivo
predicativo = classificar; considerar.

Desígnio, substantivo masculino = Intento; plano; projeto

24
O Espírito de Jesus Cristo afirma que os desígnios, ou seja, Seus Intentos;
Seus planos; Seus projetos, asseverados pela sua palavra, estão destinados a
prosperar.
“Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa li-
vrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?
(Profeta Isaías, Capítulo 43, Versículo 13)

O que vemos, nem sempre é o que se nos aparenta:


“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em ca-
minhos de morte.”
(Provérbios, Capítulo 14, Versículo 12)

O que pode nos ajudar muito a nos consolarmos com nossas tribulações são as
bem-aventuranças do capítulo cinco do evangelho segundo São Mateus.
Vou pegar como exemplo uma das bem-aventuranças para que possamos en-
tender:
“Bem-aventurados os que choram (Hoje), porque serão consolados
(na Eternidade da Ressurreição).”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 5, versículo 4)

Todas as bem-aventuranças, podem ser analisadas pelo mesmo prisma desta


que usei como exemplo, e em todas elas caberão as palavras que inseri entre parênte-
ses.
Por que, então, não sentirmos o regozijo desta vitória garantida para nós os es-
colhidos, já no presente, e sermos felizes em toda e qualquer situação, em meio a este
mundo tenebroso? A isto é que chamamos de Iluminação.
Como veremos ainda, o Espírito de Jesus Cristo criou nossos espíritos a sua
imagem e semelhança no sexto dia da criação, depois ele modela o corpo carnal de
Adão Primeiro e logo em seguida Eva, que foi tirada de sua costela e lhes coloca seus
espíritos.
Nossos espíritos já estavam todos prontos, mas precisamos esperar a nossa vez
de sermos alma vivente, no mundo espiritual, como já vimos, o tempo é indefinível,
então, podem sete milênios aqui do mundo físico, representar frações de segundos no
mundo espiritual.
Fez-se necessário sermos individuais, e a terra amaldiçoada se tornou em uma

25
escola para nós formarmos nossa individualidade, mas que, desagradavelmente, não
sei o motivo, as nossas lições, em muitos casos, têm que ser em forma de tribulações.
Mas tenho certeza, que todos os espíritos que foram criados à imagem e seme-
lhança do Espírito de Jesus Cristo, serão aprovados e se encontrarão no Paraíso.
A descrição que a bíblia nos demonstra, nos primeiros capítulos de Gênesis,
ser o Paraíso um lugar de semelhança física com este mundo, mas sem os infortúnios
produzidos por Satanás e sem as sombras da descendência de Caim a nos molestar.
Sobre Satanás e a descendência de Caim, veremos em capítulo posterior.
Pois eles estarão destruídos, porque foram criados para existência temporária
e somente ocupam o mundo de Ayon, como é no original grego o mundo da perdição
em que se tornou esta terra ao ser amaldiçoada.
Embora eu não goste de polemizar opiniões sobre a reencarnação, mas eu te-
nho a opinião, de que, se alguém merece uma devida punição por algo que tenha fei-
to, ela teria obrigatoriamente que lembrar dos fatos, caso contrário, teremos ineficá-
cia no processo educacional do indivíduo, mas no princípio defendido pelos seus sec-
tários, ao reencarnar-se, a pessoa não se recorda de suas vidas passadas.
E quando nós formos Iluminados?
Não haverá término das provações quando o Amado Teófilo alcançar a Ilumi-
nação, mas sim uma profunda compreensão e esperança na ressurreição, e os sofri-
mentos se vos tornarão, como foi dito em uma citação anterior, uma leve e momentâ-
nea tribulação:
“Que diremos, pois, a vista destas coisas? Se Deus é por nós quem
será contra nós?
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coi-
sas?
Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica.
Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angús-
tia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: (citação do Profeta Isaías, Capítulo 44, Versículo 22)
Por amor de ti, somos entregues a morte o dia todo, fomos conside-
rados como ovelhas para o matadouro. (fim da citação)

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Em todas estas coisas, porém, somos mais do que vencedores, por
meio daquele que nos amou.
Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem
os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatu-
ra poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor.
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, Versículos do 31 ao 39)

Durante este contato consciente com o Pai, temos uma indescritível sensação
de êxtase, isto se orarmos com a consciência no nosso espírito.
Mas se oramos através de uma mera manifestação de pensamentos de nossa
mente carnal, que é o nosso Ego, além de não haver este êxtase, teremos expectativas
que aumentarão nossa ansiedade e sofrimento.
Algumas pessoas querem fazer petições para os desígnios de sua vida, mas eu
afirmo que somente funcionará se as petições coincidirem com a Vontade do Espírito
de Jesus Cristo, ou seja, com o que já está determinado.
O Espírito de Jesus Cristo não é maldoso, muito pelo contrário, como o Após-
tolo São Paulo diz, em sua Epístola aos Romanos, Capítulo 8, Versículo 28: “sabemos
que todas as coisas cooperam para bem daqueles que amam a Deus”, mesmo que os
fatos tenham aparência desagradável ou até mesmo, catastróficas.
As pessoas que conseguem fazer petições em consonância com a Vontade do
Espírito de Jesus Cristo, são pessoas Iluminadas, e que sabem o que podem pedir.
São João, o discípulo mais próximo de Jesus Cristo, e que tem grande intimi-
dade com ele, nos ensina isto:
“Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eter-
na, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos algu-
ma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.
E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos
certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 5, Versículos do 13 ao
15)

A oração de uma pessoa Iluminada é o mesmo que uma profecia, pois ela pede
o que já está designado.

27
Porque o que não for desígnio do Espírito de Jesus Cristo, desde antes da fun-
dação do mundo, não se cumprirá.
Quando vemos que nossos pedidos são atendidos, é porque estamos vivendo
com a consciência no espírito e não no Ego, e isto é um sinal de que estamos alcan-
çando a Iluminação.
A principal finalidade da oração, é estabelecermos um contato consciente com
o Espírito de Jesus Cristo, mas algumas pessoas, têm que ser motivadas por uma ca-
rência, uma necessidade ou um sofrimento, pois estão vivendo na carne, na mente
carnal, ou seja, no Ego.
Em muitos casos esta oração parte de nossa mente carnal que é o Ego e não da
mente do espírito, por isto não tem nenhum respaldo nos desígnios do Espírito de Je-
sus Cristo, pois a mente carnal, não tem a sensitividade da vontade do Espírito de Je-
sus Cristo.
O Amado Teófilo pode se perguntar, que história e essa de mente da carne e do
espírito? Este assunto será bem desenvolvido neste compêndio, mas vou adiantar o
que São Paulo diz a respeito disto:
“Também o espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fra-
queza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo espírito in-
tercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.
E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do espírito,
porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, Versículos 26 e 27)

A mente do espírito é oponente do Ego, que é a nossa mente carnal, e vice-ver-


sa.
Tiago demonstra, quais são os que oram pedindo contra a vontade do Espírito
de Jesus Cristo, num discurso extremamente duro:
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De
onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? (podemos entender
carne, como Ego, ou mente carnal).
Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; vi-
veis a lutar e a fazer guerras.
Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de

28
Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo
de Deus.”
(Epístola Universal de Tiago, Capítulo 4, Versículos do 1 ao 4)

Mas Tiago, também nos revela um grande segredo. Existe uma coisa que se pe-
dirmos com fé, é certo de nós obtermos:
“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus,
que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é
como a onda do mar, impelida e agitada pelo vento.
Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.”
(Epístola Universal de Tiago, Capítulo 1, Versículos do 5 ao 8)

A sabedoria age em nosso interior, não mudando nenhum dos fatos que já fo-
ram designados pelo Espírito de Jesus Cristo, muito pelo contrário, nós, com a sabe-
doria, que é peculiar à pessoa Iluminada, tornamo-nos compreensíveis com os fatos,
sejam eles confortáveis ou desconfortáveis para nós.
Vejamos algumas situações ocorridas com São Paulo:
“Levantou-se a multidão, contra eles, e os pretores, rasgando-lhes
as vestes, mandaram açoitá-los com vara.
E, depois de lhes darem muitos açoites, os lançaram no cárcere, or-
denando ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança.
Este, recebendo tal ordem, levou-os para o cárcere interior e lhes
prendeu os pés no tronco.
Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantando louvores a
Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam.
De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces
da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 16, Versículos do 22 ao 26)

O texto não diz, que nas suas orações, eles haviam pedido o livramento, porém,
com certeza, tanto o terremoto como o livramento fazem parte da história escrita pelo
Espírito de Jesus Cristo desde antes da fundação do mundo, não ocorreu pelas ora-
ções.
O mais importante a ser observado, e que o Amado Teófilo pode constatar, é
que para eles, não estava havendo sofrimento, pois sua Iluminação e Sabedoria, esta-

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vam antevendo sua ressurreição no Paraíso.
“Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela
provisão do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segun-
do a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergo-
nhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cris-
to engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.
Porquanto, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já
não sei o que haverei de escolher.
Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tenho o desejo de par-
tir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne
(vivo).
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 1, Versículos do 19 ao 24)

Pudemos observar a atitude que um homem Iluminado toma perante a morte,


pois tem certeza da ressurreição.
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma
vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tí-
nheis antes, mas vos faltava oportunidade.
Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver conten-
te em toda e qualquer situação.
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de
fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me
fortalece.
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 4, Versículos do 10 ao 13)

O homem Iluminado tem uma alegria inexplicável:


“Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e lamentareis,
e o mundo se alegrará (com a morte de Jesus Cristo); vós ficareis tristes, mas a
vossa tristeza se converterá em alegria.
A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua
hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da afli-
ção, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.
Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; e
o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 16, versículos do 20 ao 22)

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A ressurreição de Jesus Cristo nos traz a convicção de que os aguilhões da
morte foram quebrados:
“E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra
que está escrita: (citações do Profeta Isaías, Capítulo 25, Versículo 8; e do Profeta
Oseias, Capítulo 13, Versículo 14)
Tragada foi a morte pela vitória.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu agui-
lhão. (fim das duas citações)
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (dada a
Moisés).
Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 15, versículos do
54 ao 57)

Nós, Amado Teófilo, temos um Redentor, que é Jesus Cristo, e isto foi dito por
Jó, lá no Antigo Testamento:
“Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras!
Quem me dera fossem gravadas em livro!
Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na
rocha!
Porque eu sei que o meu redentor vive e no final se levantará sobre a terra.
Depois, revestindo este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a
Deus.”
(Jó, Capítulo 19, Versículos do 23 ao 26)

Colhi uma parte de uma citação que ainda vai ser mostrada neste compêndio,
para que o Amado Teófilo enxergue o cumprimento dos desígnios do Espírito de Je-
sus Cristo na vida de São Paulo:
Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um nome es-
colhido para levar meu nome perante os gentios e reis, bem como perante
os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo
meu nome.
Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, di-
zendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te
apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques
cheio do Espírito Santo.”

31
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 9, Versículos do 15 ao 17)

Observem que, o que estava acontecendo com São Paulo, já estava determina-
do “eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”.
Em toda a Bíblia, são mostradas profecias; é como se tivéssemos um lençol
todo furado, o qual, nós só podemos enxergar algumas coisas, através dos furos, mas
a maior parte está velada em mistério.
Em cada profecia em que vemos ela se cumprindo, é uma informação de que
acontecimentos estavam preparados para acontecer daquela forma.
É inquietante ver os profetas anunciando castigos para o povo errante, e o
povo nunca atende aos apelos dos profetas e o castigo sempre se cumpre, qual seria a
finalidade destes profetas? Que nunca conseguem demover tanto os reis como o povo
a agir corretamente.
Eu diria que estas histórias existem para nós chegarmos à conclusão de que os
fatos predeterminados vão se cumprir, independente de qualquer apelo ou rogo.
Um exemplo é quando São Pedro jura fidelidade na defesa de Jesus Cristo e é
avisado por Jesus Cristo, de que ele o negaria três vezes, por sua fraqueza humana, e
para abater a sua soberba.
Se São Pedro conseguisse se lembrar do aviso e não o negasse, Jesus Cristo se -
ria tomado como falso profeta, pois já existia um preceito dado por moisés:
“Porém o profeta que presumir falar no meu nome, que eu não lhe
mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será
morto.
Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Se-
nhor não falou?
Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a pala-
vra dele não se cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é a palavra
que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas te-
mor dele.”
(Deuteronômio, Capítulo 18, Versículos do 20 e 22)

Em cada furo do lençol vemos uma parte dos desígnios, cada furo é um profe-
ta, mas eles não tinham consciência de que não seriam acatados e que o que tinha que
acontecer, certamente, viria a acontecer.
Como exemplo temos o Profeta Jeremias, que lutou com todas as suas forças

32
para orientar o povo para que ele não fosse exilado em Babilônia, mas Moisés, um
milênio antes, já havia profetizado de que isto aconteceria:
“O Senhor vos espalhará entre os povos, de uma até a outra extre-
midade da terra. Servirás ali a outros deuses que não conheceste, nem tu,
nem teus pais; servirás à madeira e à pedra.”
(Deuteronômio, Capítulo 28, Versículo 64)

Como um desenho que se faz unindo pontos através de linhas retas, constata-
mos que tudo tem um prévio desígnio.
Eu sempre fui fascinado por filmes de viagens no tempo, mas a cada filme que
eu assistia, meu raciocínio lógico ficava cada vez mais cético quanto a probabilidade
das viagens no tempo.
Em parte, meu raciocínio se assemelha ao efeito borboleta da teoria do caos,
“Pois as ondas transmitidas pelo agito das asas de uma borboleta,
que sejam do outro lado do mundo, influenciam nos fatos presentes, aqui
e agora.”
()
Vamos a uma passagem, que embora será citada também em outro capítulo,
porém, ainda terá a nos acrescentar, que nos mostra que nem o passado nem o futuro
podem ser mudados:
“Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e
adorando-o, pediu-lhe um favor.
Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu
reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro a tua
esquerda.
Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber do
cálice que eu estou para beber (seu sofrimento e morte)? Reponderam-lhe:
Podemos.
Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha
direita e a minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para
aqueles a quem está preparado por meu Pai.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 20, versículos do 20 ao 23)

Neste compêndio é defendida a deidade de Jesus Cristo, se Jesus Cristo disse


que não poderia atender ao pedido da mãe de Tiago e João, sendo ele Criador; com
toda a autoridade sobre a criatura; é importante ressaltar que ele não disse que não

33
queria, e Jesus Cristo não é mentiroso; mas ele disse que era incompetente para tal.
Qual a explicação para este fato?
A resposta a esta pergunta é: Ele não poderia desfazer algo que ele próprio já
tinha feito, pois como já foi dito, as obras estão concluídas desde antes da fundação
do mundo.
É por isto que ele diz: “mas o assentar-se à minha direita e a minha es-
querda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está
preparado por meu Pai”.
Então as orações não atendidas são inúteis?
A resposta é: Não.
Vejamos a fundamentação:
“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os
anciãos, de pé, um Cordeiro (o corpo glorificado de Jesus Cristo) como tendo
sido morto. Ele tinha sete chifres (Onipotência), bem como sete olhos (Onis-
ciência), que são os sete espíritos (Onipresença) de Deus enviados por toda a
terra.
Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava assen-
tado no trono; e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte
e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles
uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos san-
tos, e entoavam novo cântico dizendo:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste mor-
to e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tri-
bo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacer-
dotes; e reinarão sobre a terra.
Vi e ouvi uma voz de muitos Anjos ao redor do trono, dos seres vi-
ventes e dos anciãos, cujo número era milhões de milhões e milhares de
milhares, proclamando em alta voz:
Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e
sabedoria e força, e honra, e glória, e louvor.
Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debai-
xo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo:
Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a
honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos
prostraram-se e adoraram.”
(Apocalipse, Capítulo 5, versículos do 6 ao 14)

34
Atentem para a frase: “que são as orações dos santos”.
Vejamos para que servirão as orações não atendidas:
“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cer-
ca de meia hora.
Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus (que sim-
boliza a Onipresença do Espírito de Jesus Cristo), e lhes foram dadas sete trom-
betas.
Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de
ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de to-
dos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão
do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com a oração dos
santos.
E o Anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou
na terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.
Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se
para tocar.”
(Apocalipse, Capítulo 8, versículos do 3 ao 6)

O número sete, simboliza a infinitude: “Ele tinha sete chifres, chifre repre-
senta poder (Onipotência), bem como sete olhos, olhos representa conhecimento,
ciência (Onisciência), que são os sete espíritos, espírito, aqui, representa presen-
ça (Onipresença) de Deus enviados por toda a terra”, e a infinitude é represen-
tada pelo prefixo [Oni] nas palavras: Onipotência, Onisciência e Onipresença.
Então as orações que nós fizermos sob o sofrimento que nos é imposto pelos
inimigos da criação, que são: Satanás e Caim e sua descendência, que também é de-
nominado como diabo e seus anjos, servirão para a condenação destes inimigos.
Isto também é representado pelos versículos antitéticos das bem-aventuran-
ças:
“Bem-aventurado os humildes de espírito, porque deles é o reino
dos céus.
Bem-aventurado os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurado os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque serão
fartos.
Bem-aventurado os misericordiosos, porque alcançarão misericór-
dia.

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Bem-aventurado os limpos de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurado os pacificadores, porque serão chamados filhos
de Deus.
Bem-aventurado os perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o reino dos céus.
Bem-aventurado sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e
vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus;
pois assim perseguiram aos profetas que vieram antes de vós.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 5, versículos do 3 ao 12)

MENSAGEM PARA REFLEXÃO:


“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e excla-
mou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água-viva.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 7, versículos 37 e 38)
______________________________________________________
“O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em luga-
res áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como
um manancial cujas águas jamais faltam.”
(Profeta Isaías, Capítulo 58, Versículo 11)
______________________________________________________
“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde ás águas; e vós, os que
não tende dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem di-
nheiro e sem preço, vinho e leite.”
(Profeta Isaías, Capítulo 55, Versículo 1)

Nota: Água simboliza a alma, vinho simboliza alegria e leite simboliza os primeiros
passos no aprendizado da Palavra do Espírito de Jesus Cristo.

36
Capítulo 4

O DÍZIMO E A LEI MOSAICA NÃO TÊM


NENHUMA VALIDADE PARA NÓS

Qual é a definição de dízimo, segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Ho-


landa?
Dízimo, substantivo masculino. A décima parte.

Qual é a definição de dízimo, segundo a Bíblia de Estudo Almeida?


Dízimo- A décima parte, tanto das colheitas como dos animais, que os Is-
raelitas ofereciam a Deus (Levítico, Capítulo 27, Versículos do 30 ao 32;
Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 7, Versículos do 1 ao 10). O
dízimo era usado para o sustento dos LEVITAS (Descendentes de Levi, segun-
do, dos doze filhos de Jacó) (Números, Capítulo 18, Versículos do 21 ao 24),
dos estrangeiros dos órfãos e das viúvas (Deuteronômio, Capítulo 14, Ver-
sículos 28 e 29)

Agora vamos começar pela primeira vez em toda a Bíblia, onde se menciona o
dízimo:
“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do
Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse:
Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que entregou os teus ad-
versários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.”
(Gênesis, Capítulo 14, Versículos do 18 ao 20)

Abrão foi o primeiro patriarca, pelo qual o Espírito de Jesus Cristo começou
uma seleção para chegar à escolha de um povo, que viria a ser Israel, nome dado pelo
Espírito de Jesus Cristo a Jacó.
Jacó era neto de Abrão, e filho de Isaque, tornando-se Jacó patriarca do povo
de Israel, tendo doze filhos, que foram os patriarcas das doze tribos de Israel, os quais
são os judeus de hoje. Isto será melhor explanado na sinopse da história bíblica.
O nome de Abrão foi mudado para Abraão:
“Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-
lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo Poderoso; anda na minha
presença e sê perfeito.

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Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinaria-
mente.
Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou:
Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numero-
sas nações.
Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de nu-
merosas nações te constituí.
Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis
procederão de ti.”
(Gênesis, Capítulo 17, Versículos do 1 ao 6)

Isto aconteceu entre o terceiro e segundo milênio antes do nascimento de Je-


sus Cristo, e Abraão, aos noventa e nove anos, ainda não tinha filhos e sua esposa Sa-
rai, que veio a se chamar Sara, também era avançada em idade, mas por um milagre
tiveram um único filho, que é Isaque.
Depois da morte de Sara, Abraão teve mais filhos com uma mulher chamada
Quetura e também já havia tido a Ismael que veio à luz por sua mãe Agar, escrava de
Sara, com o consentimento desta, mas nenhum destes foi contado na escolha do povo
eleito de Israel, pois a herança da promessa ficou com Isaque.
Vamos à segunda vez em que é mencionada a palavra dízimo na Bíblia, e re-
fere-se a Jacó, que é filho de Isaque e neto de Abraão:
“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me
guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa
que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, en-
tão o Senhor será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a casa
de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízi-
mo.
(Gênesis, Capítulo 28, Versículos do 20 ao 22)

A designação “casa de Deus” em hebraico traduz-se por “Bethel”, que aportu-


guesando fica como “Betel”.
Era cultura de todos os povos da época; e algumas religiões primais, até nggg-
gos dias de hoje continuam a dar oferendas a seus deuses; quanto ao Espírito de Je -
sus Cristo, naquela época, o seu povo fazia o mesmo.
Pudemos observar que Abrão, que se tornou Abraão, deu o dízimo por gratidão
e Jacó faz um voto, que tem aparência de negociata, mas isto era em virtude de Jacó

38
estar totalmente sem espiritualidade, ele, porém, sofreu muito, para ter uma outra
posição espiritual.
Em ambos os casos o dízimo foi inteiramente voluntário, não era lei; mas, pe-
los idos do décimo sexto século antes do nascimento de Jesus Cristo acabou se tor-
nando lei, através de Moisés:
“Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo
serviço que prestam, serviço da tenda da congregação.
E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congrega-
ção, para que não levem o pecado sobre si e morram.”
(Números, Capítulo 18, versículos 21 e 22)

Levi foi um dos doze filhos de Jacó, e também patriarca da tribo que o Espírito
de Jesus Cristo escolheu para servir ao sacerdócio com dedicação exclusiva, sem po-
derem trabalhar para seu sustento, por isto havia a necessidade do dízimo, para sus-
tentá-los.
O Amado Teófilo terá melhor explicação da formação das doze tribos na sinop-
se da história bíblica.
Mas o dízimo não era somente para os Levitas, conforme o tópico da definição
da Bíblia de Estudo Almeida, que foi citado no começo deste capítulo, era também
para os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, pois o Espírito de Jesus Cristo não
admitia que em seu povo tivessem pessoas que passassem penúria, nem que fossem
estrangeiros:
“Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do ter-
ceiro ano e os recolherás na tua cidade.
Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o
estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e
se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras
que as tuas mãos fizerem.”
(Deuteronômio, Capítulo 14, Versículos 28 e 29)

Vemos que o dízimo daquela época também cumpria um papel social, não ha-
vendo custeios de mordomias. Pelo menos foi a forma da prescrição, mas os ricos de
épocas posteriores não cumpriram este mandamento como deviam:
“Eis que os príncipes de Israel, cada um segundo o seu poder, nada
mais intentam, senão derramar sangue.

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No meio de ti, desprezam o pai e a mãe, praticam extorsões contra
o estrangeiro e são injustos para com o órfão e a viúva.”
(Profeta Ezequiel, Capítulo 22, Versículos 6 e 7)

Esta última passagem acontece no sexto século antes do nascimento de Jesus


Cristo.
Vamos apresentar uma passagem, onde São Paulo relê as promessas feitas a
Abraão e define o cumprimento dela em nossos tempos, posteriormente ao nascimen-
to de Jesus Cristo:
“Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha
ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo:
Certamente, te abençoarei e te multiplicarei.
E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promes-
sa.
Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, ser-
vindo de garantia, para eles, é o fim de toda contenda.
Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdei-
ros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com jura-
mento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível
que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refú-
gio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora
da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como pre-
cursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, se-
gundo a ordem de Melquisedeque.
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 6, versículos do 13 ao 20)

Vamos rapidamente explicar o que seria: “penetrar além do véu”.


Segundo as leis dadas a Moisés, existia um lugar no mais interior da tenda da
congregação, chamado Santo dos Santos, ou Lugar Santíssimo, o qual era separado
do resto da tenda por um véu.
Era onde o sumo sacerdote se comunicava com o Espírito de Jesus Cristo. Os
templos também seguiram o mesmo modelo.
Havia uma só pessoa, em cada geração, que podia entrar neste recinto, o qual
seria o sumo sacerdote, e este encargo, no começo, era passado de pai para filho.
Se outra pessoa tentasse entrar morria instantaneamente.
Este ritual, era para que, por meio de sacrifícios de animais, e aspersão de san-

40
gue, fossem perdoados os pecados do povo e do próprio sumo sacerdote.
Neste Lugar Santíssimo, ficava guardada a Arca da Aliança, que em sua tampa,
que também era chamada de propiciatório, existia a figura de dois Querubins, um de
frente para o outro.
Entre estes Querubins, manifestava-se a presença do Espírito de Jesus Cristo,
e no interior desta arca estavam: o decálogo, que seriam os dez mandamentos; a vara
de Arão; e uma amostra do maná. Quanto a estes três elementos explicaremos em
momento oportuno.
Na sequência nós veremos que Jesus Cristo assumiu esta posição de sumo sa-
cerdote eternamente, e nós somos reino de sacerdotes:
“Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos
pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a gló-
ria e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!”
(Apocalipse, Capítulo 1, versículos 5 e 6)

Portanto não existe mais sacerdócio entre nós e o Espírito de Jesus Cristo, so-
mos sacerdotes de nós mesmos, pois temos acesso direto ao Santo dos Santos, através
de Cristo Jesus, portanto não precisamos mais sustentar nenhum sacerdócio através
de dízimos:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de
Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, ten-
do o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água
pura.
Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem
fez a promessa é fiel.
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras.
Não deixemos de nos congregar, como é de costume de alguns; an-
tes, façamos admoestações e tanto mais quando vedes que o dia se aproxi-
ma.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, versículos do 19 ao 25)

“Não deixemos de nos congregar, como é de costume de alguns”;


esta congregação estimulada nesta passagem, para tornar-se realidade, hoje, temos

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que reformular todas as congregações que devem ter os seguintes requisitos míni-
mos:
Não ter poder governante, pois nosso governante é Jesus Cristo, que se mani-
festa em sua Palavra, que é a Bíblia.
Não ter organização hierárquica.
Ter como ato constitutivo a própria Bíblia, mas interpretada de forma correta,
trazendo o ensino da Palavra de Jesus Cristo para a verdade, pois as congregações de
hoje, não tem nenhuma autenticidade, por estarem totalmente fora da verdade.
Não recolher, o que já ficou patente que é ilegal, que são as ofertas e dízimos
anonimamente, para interrompermos o enriquecimento ilícito de vários líderes.
Em caso de haver necessidade de donativos para se alugar ou comprar um lu-
gar próprio, ou qualquer outra despesa, que as contribuições sejam de maneira trans-
parente.
Onde houverem duas ou mais pessoas que concordem com este compêndio,
ali, poderá ser formado um grupo, e, os grupos, comunicando-se entre si, remontarão
a verdadeira Igreja de Jesus Cristo sobre a face da terra.; e para isto, não precisa ne-
nhum fundador, liderança ou líder supremo humano, nem registro algum, que nos
tornem uma instituição humana.
Agora vamos passar a Melquisedeque, que foi a mais memorável das manifes-
tações do Espírito de Jesus Cristo em forma humana, que foi referido na passagem do
encontro com Abrão, que veio a se chamar Abraão, esta referência está na antepenúl-
tima passagens, onde São Paulo reafirma a promessa de Abraão.
O Apóstolo São Paulo tem uma boa narração para nos ilustrar sobre Melquise-
deque, em sua epístola aos hebreus, escrita no primeiro século depois do nascimento,
morte e ressurreição de Jesus Cristo:
“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus al-
tíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos
reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo
(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém,
ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princí-
pio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho
de Deus), permanece sacerdote perpetuamente.
Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca,
pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.

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Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm o
mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou
seja, dos seus irmãos, embora tenham estes, descendido de Abraão; entre-
tanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de
Abraão e abençoou o que tinha as promessas.
Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoa-
do pelo superior.
Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali,
aquele de quem se testifica que vive.
E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na
pessoa de Abraão.
Porque aquele (Levi) ainda não tinha sido gerado por seu pai (Jacó),
quando Melquisedeque saiu ao encontro deste (Abraão).
Se, portanto, a perfeição houvera sido pelo sacerdócio levítico (pois
nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que
se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que
não fosse contado segundo a ordem de Arão? (Arão era da tribo de Levi e irmão
de Moisés, ele foi o primeiro ancestral dos sumo sacerdotes).
Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há mudança
de lei.
Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tri-
bo, da qual ninguém prestou serviço no altar; pois é evidente que nosso
Senhor (Jesus Cristo) procedeu de Judá (outra das doze tribos de Israel), tribo à
qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
E isto é ainda mais evidente, quando, à semelhança de Melquisede-
que, se levanta outro sacerdote, constituído não conforme a lei de manda-
mento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.
Porquanto se testifica:
Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
(Salmos Capítulo 110, Versículo 4)
Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma),
e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos
a Deus.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 7, versículos do 1 ao 19)

Prosseguindo no capítulo oito da Epístola aos Hebreus, São Paulo finaliza,


mostrando que a lei de Moisés não é para ser acatada por nós, em consequência, o
dízimo, que é proveniente desta mesma lei, também não:

43
“Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em
superiores promessas.
Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de ma-
neira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
E, de fato, repreendendo-os, diz: (aqui começa uma citação do
Profeta Jeremias, Capítulo 31, Versículos do 31 ao 34)
Eis que ai vem dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança
com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança
que fiz com seus pais, no dia em que os, tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na
minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor.
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, de-
pois daqueles dias, diz o Senhor; na sua mente imprimirei as mi-
nhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o
seu Deus, e eles serão, o meu povo.
E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada
um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até o maior.
Pois, para com suas iniquidades, usarei de misericórdia e
dos seus pecados jamais me lembrarei. (fim da citação do Profeta Jere-
mias, Capítulo 31, Versículos do 31 ao 34)
Quando ele Diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que
se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 8, versículos do 6 ao 13)

A lei conduziu o homem a Jesus Cristo:


“Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a
fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem.
Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela en-
cerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, a
fim, de que fôssemos justificados por fé.
Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes batizados (purificados) em Cristo de Cristo vos
revestistes.
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liber-
to; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

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E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdei-
ros segundo à promessa”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 3, versículos do 22 ao 29)

Quero mostrar mais uma referência quanto à eliminação do véu, que separava
todos nós do Lugar Santíssimo, que também é chamado de Santo dos Santos, pois só
o sumo sacerdote era autorizado a entrar.
Antes também quero informar que os judeus contam o início de um dia, com
nascer do sol, ou seja, a primeira hora é ao raiar do dia:
“Já era quase a hora sexta (por volta de meio dia), e, escurecendo-se o
sol, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.
E rasgou-se pelo meio o véu do santuário.
Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito (vida carnal)! E, dito isto, expirou.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 23, versículos do 44 ao 46)

Existem paralelos desta passagem nos Evangelhos Segundo São Mateus, Capí-
tulo 27, Versículos do 45 ao 56; e São Marcos, Capítulo 15, Versículos do 33 ao 41.
Este foi o momento simbólico em que o nosso acesso ao Santo dos Santos tor-
nou-se direto: “E rasgou-se pelo meio o véu do santuário”.
São Paulo diz algo sobre isto também:
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e tendo derriba-
do a parede de separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua
carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois
criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse am-
bos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela
a inimizade.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 2, versículos do 14 ao 16)

São Paulo, nesta última passagem, refere-se aos judeus e os gentios, ambos
convertidos aos ensinamentos de Jesus Cristo, mas a frase que ilustra o assunto em
questão é: “aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de orde-
nanças”.
Existe uma passagem, no Evangelho segundo São Mateus, em que Jesus Cristo
faz umas observações, que, necessita-se de um conhecimento global da Bíblia, para
não haver um entendimento contraditório. Vamos a ela:

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“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para re-
vogar, vim para cumprir.
Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem
um “i” ou um “til” jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos
menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino
dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus.
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 5, versículos do 17 ao 20)

Com relação a assertiva: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Pro-
fetas; não vim para revogar, vim para cumprir”, é devido ao fato, de que Jesus
Cristo nasceu, foi circuncidado (remoção do prepúcio que é a pele que envolve a glan-
de no pênis do homem) no oitavo dia após seu nascimento, e também, aos doze anos
foi à Jerusalém para começar o cerimonial da passagem de sua adolescência, que é
um costume judaico, ou seja, viveu toda a sua vida cumprindo as leis de Moisés, até
mesmo o seu sepultamento seguiu as normas de Moisés.
Com relação à assertiva: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos
céus”, os “escribas e fariseus” eram ortodoxos com relação ao cumprimento da
lei, porém, interpretavam-na erroneamente, por isto é que nossa justiça tem que “ex-
ceder em muito a dos escribas e fariseus”.
Certas pessoas ao lerem esta passagem, entendem que devemos continuar a
cumprir a lei, mas como eu já disse; a Bíblia tem que ser considerada no seu todo.
Agora com relação a assertiva seguinte: “Porque em verdade vos digo: até
que o céu e a terra passem, nem um “i” ou um “til” jamais passará da Lei,
até que tudo se cumpra”, esse cumprimento, inclui também, como é dito; “a Lei
ou os Profetas”, existem nos livros proféticos, abundância de profecias, que predi-
zem uma nova e eterna aliança, determinando o fim dos rituais; que é anunciada por
Jesus Cristo na última ceia, a qual, se cumpriu no rasgar do véu em Sua morte na
cruz:
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o
Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o Pão; e, tendo dado gra-

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ças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em
memória de mim.
Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o
cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, to-
das as vezes que o beberdes, em memória de mim.
Porque, todas as vezes que comerdes este pão ou beberdes o cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 11, versículos do
23 ao 26)

Esta última passagem é uma versão do Apóstolo São Paulo, mas vamos ver
também nos Evangelhos:
“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o par-
tiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu a seus discí-
pulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da
[nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de peca-
dos.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 26, versículos do 26 ao 28)

Peço ao Amado Teófilo, que observe a seguinte frase: “derramado em favor


de muitos”, Jesus Cristo se refere a muitos e não a todos, em outro capítulo será ex-
plicado o porquê.
Existe um paralelo desta passagem no evangelho segundo São Lucas, capítulo
22, versículos do 14 ao 20.
Nesta nova aliança, as leis são substituídas pelos mandamentos de Jesus Cris-
to, vamos ver algumas passagens que nos mostram os mandamentos que temos que
seguir, os quais foram instituídos pelo próprio Jesus Cristo em suas pregações:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-
o também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 7, versículo 12)
_____________________________________________________
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor
uns pelos outros.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 13, versículos 34 e 35)

47
Toda aquela complexidade da lei de Moisés, com seiscentos e treze manda-
mentos, se tornou tão simples como é apresentada.
Os judeus, para saberem se estão, ou não, cumprindo corretamente os 613
mandamentos, têm que consultar doutores intérpretes da lei, como hoje em dia eles
fazem através dos Rabinos, que seria como o sacerdote em uma sinagoga, a qual é
uma pequena representação do templo da antiguidade.
Quanto a nós, seguidores de Jesus Cristo, basta que observemos se estamos fa-
zendo aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem conosco, e também a forma
negativa: que observemos se não estamos fazendo aos outros aquilo que não gostarí-
amos que fizessem conosco.
Sem esquecermos do primeiro grande mandamento, que é amarmos ao Espíri-
to de Jesus Cristo sobre todas as coisas, se colocamos alguma coisa ou pessoa acima
do amor ao Espírito de Jesus Cristo, estamos cometendo idolatria.
Vejamos o que diz São João em sua primeira epístola universal.
“Todo aquele que crê que Jesus Cristo é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.
Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos
a Deus e praticamos os seus mandamentos.
Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamen-
tos; ora, os seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nas-
cido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa
fé.
Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Fi-
lho de Deus?”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 5, Versículos do 1 ao 5)

O Novo Testamento, não nos coloca sob a obediência da lei, o amor e a fé em


Jesus Cristo são o cumprimento da lei:
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que
vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.
Pois isto:
Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há
qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumpri-

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mento da lei é o amor.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 13, Versículos do 8 ao 10)

Estes mandamentos nos estimulam a autoestima:


“Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Respondeu-lhe Jesus:
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhantemente a este, é:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 22, versículos do 36 ao 40)

Observem que para amarmos ao próximo temos que nos amar também, senão
não teremos o referencial, “como a ti mesmo” para amarmos ao próximo.
Quem não ama ao próximo, não ama ao Espírito de Jesus Cristo:
“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso;
pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a
quem não vê.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 4, Versículo 20)

Começamos este capítulo com o dízimo e voltando à parte financeira, a forma


de se utilizar os recursos financeiros na Igreja do primeiro século era outra; havia
como se fosse uma teocracia socialista.
Primeiro vejamos como foram os primeiros dias da Igreja, após a manifestação
do Espírito Santo de Jesus Cristo em pentecostes; como os judeus procederam em
sua vida social e financeira:
Isto ocorreu nas imediações de Jerusalém na atual palestina:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações.
Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos
por intermédio dos apóstolos.
Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.
Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre
todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de

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casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de cora-
ção, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (Ilumi-
nados).”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 2, versículos do 42 ao 47)

Existe um paralelo desta passagem em Atos dos Apóstolos, Capítulo 4, versícu-


los do 32 ao 35.
Como veremos em outro capítulo, foi o apóstolo São Paulo quem levou as ver-
dades de Jesus Cristo para o povo não judeu, ou seja, os gentios.
Vimos como se comportaram os judeus convertidos, agora vejamos fatos simi-
lares que aconteceram entre os gentios; das regiões da ásia menor, atual Turquia;
Macedônia; e Acaia, atual Grécia.
Estes gentios eram ensinados, nos ensinamentos de Jesus Cristo, através do
Apóstolo São Paulo, que foi comissionado pelo próprio Espírito de Jesus Cristo para
levar seus ensinamentos para fora de Israel. São Paulo era o mesmo Saulo de Tarso,
perseguidor da Igreja, e que se converteu no capítulo nove de Atos dos Apóstolos.
Esta passagem foi de uma epístola (carta) escrita por São Paulo a Corinto que
era uma cidade que ficava na região da Acaia, atual Grécia:
“Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela dili-
gência de outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós,
para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.
E nisto dou minha opinião; pois a vós outros, que, desde o ano pas-
sado, principiaste não só a prática, mas também o querer, convém isto.
Completai, agora, a obra começada, para que, assim como revelas-
tes prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas posses.
Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem
tem e não segundo o que ele não tem.
Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga;
mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância, no presente, a
falta daqueles, de forma que a abundância daqueles venha suprir a vossa
falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito:
O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.”
(Segunda Epístola aos Coríntios, Capítulo 8, Versículos do 8 ao 15)

Podemos observar em ambos os casos, tanto entre os judeus convertidos e os

50
gentios, também convertidos aos ensinamentos de Jesus Cristo, as doações de recur-
sos financeiros cumpriam um papel social: “O que muito colheu não teve de-
mais; e o que pouco, não teve falta”.
Não era o caso de se custear verdadeiras máquinas administrativas, como se
fossem empresas, com salários registrados em carteira de trabalho, custeio de passa-
gens aéreas, hospedagens em hotéis, compra de aviões executivos particulares, man-
sões, emissoras de televisão e outras aberrações, como é o caso dos dias de hoje.
De todo conhecimento do Antigo Testamento podemos utilizar, mas não pode-
mos nem devemos utilizar seus preceitos, regras e normas de procedimento.
Tudo o que se tratar de exigência, só podemos, e devemos cumprir, se tiver a
concordância do Novo Testamento.

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
PALAVRAS DE JESUS CRISTO:
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e
eu o ressuscitarei no último dia.
Está escrito nos profetas:
E serão todos ensinados por Deus.
Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido,
esse vem a mim.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 6, versículos do 41 ao 45)

PALAVRAS DO ESPÍRITO DE JESUS CRISTO ATRAVÉS DO PROFETA ISAÍAS:


“Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor; e será grande a
paz de teus filhos.”
(Profeta Isaías, Capítulo 54, Versículo 13)

PALAVRAS DO ESPÍRITO DE JESUS CRISTO ATRAVÉS DO PROFETA JEREMIAS:


“Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao
seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão,
desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas ini-
quidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
(Profeta Jeremias, Capítulo 31, Versículo 34)

51
Capítulo 5

O BATISMO

O ritual das águas, que é o nome que eu aplico para àquilo que o sistema da
cristandade de hoje chama de batismo, é uma forma de fazer com que as pessoas as-
sumam um compromisso moral e social com uma sociedade religiosa, e diga-se de
passagem, não têm nenhum valor espiritual.
No grego contemporâneo a palavra batismo é batismós, que significa mergu-
lhar.
Tive o cuidado de consultar um dicionário de grego arcaico, no setor de assun-
tos religiosos da biblioteca da Universidade Gama Filho, que era o grego da época da
igreja primitiva, e não encontrei esta palavra, mas encontrei uma, com o mesmo radi-
cal, que seria a palavra “bapto”, digo o mesmo radical, pois há pouco tempo a palavra
batismós era baptismós.
A palavra bapto significa tintureiro, que provavelmente derivou na palavra
baptismós e logo após a batismós.
Se nós verificarmos o trabalho do tintureiro, observaremos que ele mergulha
um tecido em um líquido corante e ao retirar o tecido, ele está com a sua nova cor, en-
tão tem realmente alguma coisa a ver com mergulhar.
Mas o sentido figurado aplicado mais significativo, seria a da transformação
que há na mudança de cor, pois a pessoa que recebe o batismo de Jesus Cristo e tem
manifesto em seu interior o Espírito Santo de Jesus Cristo, nasce de novo, nova cria-
tura é.
Vamos a passagem em que Jesus Cristo se encontra com Nicodemos:
“Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos
principais dos judeus.
Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais
que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se al-
guém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?

52
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não
nascer da água e do espírito não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é es -
pírito.
Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabe de onde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 3, versículos do 1 ao 8)

Esta água que é referida na frase que eu sublinhei, não é a água do ritual das
águas, mas sim o símbolo da alma, que é o centro das vontades e emoções, como ve-
remos em outro capítulo que explica que alma e espírito são duas palavras de signifi-
cados diferentes.
São Paulo nos deixou algo que ajuda a ilustrar a passagem acima:
“Rogo vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresen-
teis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional.
E não vos conformeis com este século (nosso mundo físico), mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 12, Versículos 1 e 2)

Até aqui ficou definido um dos dois sentidos figurados da palavra batismo, que
seria: nascer de novo ou transformação.
Agora vamos a João chamado batista.
Os escritores do novo testamento, que escreveram décadas depois da existên-
cia de João, o chamaram de João Batista, pois baptismós foi um neologismo da épo-
ca, ou seja, criada entre eles, a partir do radical “bapt”.
Mas quando João (chamado batista) ainda vivia, não havia nenhuma possibili-
dade dele ter sido chamado assim, pois além da palavra batismo ainda não existir,
João, que, concluímos, por ele viver no deserto, que convivesse entre os essênios, os
quais eram ortodoxos e utilizavam o hebraico.
Se a palavra batismós do grego ainda não existia, muito menos uma equivalen-
te no idioma hebraico.
Existia e existe até os dias de hoje, a prática dos judeus de se lavarem com

53
água, toda a vez que praticam um ato que os torne imundos, que seriam pecados, e
este ritual é chamado de Micvá, que em nosso idioma significa “purificação”.
Os judeus pobres da época, não possuíam, em suas casas, um tanque apropria-
do para a prática da purificação, então, toda a vez que praticavam algo imundo, iam
para o rio Jordão para purificarem-se.
Os atos que tornavam as pessoas imundas era uma relação bem extensa.
Como por exemplo: a mulher que menstruasse se tornava imunda por sete
dias; as pessoas que tocassem em mulher neste período de sete dias, também ficavam
imundas; a pessoa que tocasse um cadáver, seja de animal ou humano; os homens
que tinham ejaculação, aliás, o contato com o esperma e a menstruação, fosse direto
ou indireto, em qualquer situação, tornava a pessoa imunda; estar leproso, tocar em
alguém leproso ou tocar em alguém que tocou em alguém leproso; e daí por diante;
ou seja, quem tocasse em uma pessoa ou objeto imundo, se tornava imundo.
Todo o referido no parágrafo anterior, é prescrição da Thorá judaica, escrita
por Moisés, que tem o mesmo conteúdo do Pentateuco, que são os cinco primeiros li-
vros do Antigo Testamento da nossa Bíblia, que são: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Nú-
meros e Deuteronômio.
Assim como muitas profecias sobre Jesus Cristo estão no livro do Profeta Isaí-
as, também o anúncio daquele que pregaria, preparando o seu caminho, que é João
Purificador (Batista), também está lá:
“Voz do que clama do deserto: Preparai o caminho do Se-
nhor; endireitai no ermo a vereda a nosso Deus (Jesus Cristo).
Todo vale será aterrado, e nivelado, todos os montes e outeiros; o
que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos aplanados.
A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne verá, pois a boca
do Senhor o disse.”
(Profeta Isaías, Capítulo 40, Versículos do 3 ao 5)

Jesus Cristo também faz comentários sobre a missão de João Purificador.


“Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas
ser necessário que Elias venha primeiro?
Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as
coisas.
Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; an-
tes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do ho-

54
mem há de padecer nas mãos deles.
Então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João
Batista (Purificador).”

Muita gente gosta de usar esta passagem para justificar a reencarnação, mas
não é esta a finalidade desta passagem.
Quem previu a volta de Elias foi o profeta Malaquias, e Elias tinha o mesmo es-
tereótipo de João Purificador, o qual, tinha os mesmos votos que Elias e se trajava
como Elias, diferentemente de qualquer outro personagem da Bíblia.
Esta foi a forma que o Profeta Malaquias usou para que João fosse reconhecido
inconfundivelmente, não foi reconhecido por quem não era para a Iluminação (Salva-
ção), mas foi reconhecido por quem era escolhido, pois bastou a explicação de Jesus
Cristo, para que os discípulos soubessem de quem se falava.
Vamos à passagem do Profeta Malaquias, que viveu há aproximadamente qui-
nhentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo:
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e
terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o co-
ração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com mal-
dição.”
(Profeta Malaquias, Capítulo 4, Versículos 5 e 6)

Os judeus, mesmo não acreditando em reencarnação, achavam que Elias volta-


ria em seu próprio corpo físico, uma vez que a história conta que ele não morreu, mas
foi arrebatado aos céus.
A forma excessivamente literal que os judeus interpretam a Bíblia, até aos dias
de hoje, é a causa de eles não reconhecerem Jesus Cristo como o Messias.
O Antigo Testamento que é idêntico à Escritura dos judeus, não é uma literatu-
ra espiritualista, pois eles sempre acharam, e ainda acham, que o Messias será da des-
cendência de Davi, como Jesus Cristo foi, mas, segundo a concepção deles, seu reino
será terreno, transformando Israel num grande império que dominaria o mundo.
Há uma tese de que Judas quando traiu Jesus Cristo, teria sido porque ele dis-
se que seu reino não era deste mundo.
Ele o traiu, pois achava que estando a beira da morte, Jesus Cristo usaria os
seus poderes para assumir o reino terrestre, quando ele viu que Jesus Cristo não re-

55
sistiu à prisão e à pena de morte, houve o arrependimento tardio e o suicídio, as trin -
ta moedas tinham um valor irrisório naquela época, não valia a vida de uma pessoa.
João tinha a comissão de pregar anunciando a vinda de Jesus Cristo, mas nin-
guém, pela lei, podia ouvir nenhum trecho da Escritura, estando imundo, então, João
servia de sacerdote aplicando o micvá ou purificação nas pessoas, e em seguida as en-
sinava, mas ele deixava uma coisa bem clara:
“Eu vos batizo (purifico) com água, para arrependimento; mas aque-
le que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não
sou digno de levar. Ele vos batizará (purificará) com o Espírito Santo e com
fogo.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 3, versículo 11)

Certamente, são as palavras que estão entre parênteses, que João Purificador
usou, eu digo João Purificador, porque este deveria ser o sobrenome ou apelido dele,
e não batista, que era uma palavra que ainda não existia.
Existem paralelos desta passagem em todos os quatro Evangelhos, além do
que foi citado, temos mais três: Segundo São Marcos, capítulo 1, versículos 7 e 8; São
Lucas, capítulo 3, versículos do 15 ao 17 e São João, capítulo 1, versículos do 19 ao 28.
Existe uma justificativa para se continuar com o ritual das águas, que é a de Je-
sus Cristo ter se submetido ao ritual da purificação, que figuradamente é usada a pa-
lavra batismo, nos induzindo a seguir seu exemplo, mas vamos ver a passagem e de-
pois mostraremos a nossa justificativa:
“Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o Jordão, a fim
de que João o batizasse (purificasse).
Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu, é que preciso ser batizado
(purificado através do Espírito Santo e com fogo) por ti, e tu vens a mim?
Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim nos
convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu.
Batizado (purificado) Jesus, saiu logo da água, e eis que se abriram
os céus, e (João) viu o Espírito de Deus (o Espírito do próprio Jesus Cristo) des-
cendo como pomba, vindo sobre ele.
E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 3, versículos do 13 ao 17)

A voz que é ouvida, é em virtude da Onipresença, ou será que alguém achou

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que enquanto encarnado, o Espírito de Jesus Cristo deixaria de estar presente em to-
dos os lugares? É absolutamente certo que não, mesmo encarnado, ele também esta-
va nos céus e produziu a própria voz.
Como vimos no capítulo anterior, Jesus Cristo cumpriu toda a lei de Moisés,
antes de sua morte e ressurreição, e não foi diferente com o ritual da purificação e
veja o que ele diz: “Deixa por enquanto, porque, assim nos convém cumprir
toda a justiça”, mas uma nova aliança com novo mandamento foi instituída na últi-
ma ceia, que entrou em vigor na sua morte, quando o véu do templo se rasgou.
Este é o marco do fim da ritualidade.
Havia também, uma profecia revelada ao coração de João o purificador (batis-
ta), de que ele teria a visão da pomba ao aplicar a purificação em Jesus Cristo:
“E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como
pomba e pousar sobre ele.
Eu não o conhecia; aquele, porém, quem me enviou a batizar (purifi-
car) com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o (seu)
Espírito, esse é o que batiza (purifica) com o Espírito Santo.
Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 1, versículos do 32 ao 34)

Já vimos que todos os evangelhos indicam que o verdadeiro batismo, não é


com água, mas sim pelo Espírito Santo e com fogo, agora São Lucas atesta que o Pró -
prio Jesus Cristo disse a mesma coisa:
“Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que
Jesus começou a fazer e ensinar até ao dia em que, depois de haver dado
mandamento por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhe-
ra, foi elevado às alturas.
A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com
muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes por quarenta dias e falan-
do as coisas concernentes ao reino de Deus.
E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de
mim ouvistes.
Porque João, na verdade, batizou (purificou) com água, mas vós se-
reis batizados (purificados) com o Espírito Santo, não muito depois destes
dias”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 1, versículos do 1 ao 5)

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Agora, narrado ainda por São Lucas, vamos ver uma defesa de São Pedro, onde
ele leva os ensinos de Jesus Cristos às pessoas não judias (gentios), e a instituição do
batismo com Espírito Santo é reafirmada:
“Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam
na Judeia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus.
Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o ar-
guiram, dizendo:
Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles.
Então, Pedro passou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizen-
do:
Eu estava na cidade de Jope orando e, num êxtase, tive uma visão
em que observei descer um objeto como se fosse um grande lençol baixado
do céu pelas quatro pontas e vindo até perto de mim.
E, fitando para dentro dele os olhos, vi quadrúpedes da terra, feras,
répteis e aves do céu.
Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro! Mata e
come. Ao que eu respondi: de modo nenhum, Senhor; porque jamais en-
trou em minha boca qualquer coisa comum ou imunda.
Segunda vez, falou a voz do céu: Ao que Deus purificou não consi-
deres comum.
Isto sucedeu por três vezes, e, de novo, tudo se recolheu para o céu.
E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que estáva-
mos três homens enviados de Cesareia para se encontrarem comigo.
Então, o Espírito me disse que eu fosse com eles, sem hesitar. Fo-
ram comigo também estes seis irmãos; e entramos na casa daquele ho-
mem (o centurião Cornélio).
E ele nos contou como vira o Anjo em pé em sua casa e que lhe dis-
sera: Envia a Jope e manda chamar Simão, por sobrenome Pedro, o qual
te dirá palavras mediante as quais será salvo (Iluminado), tu e toda a tua
casa.
Quando, porém, comecei a falar; caiu o Espírito Santo sobre eles,
como também sobre nós, no princípio.
Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na
verdade, batizou (purificou) com água, mas vós sereis batizados (purificados)
com o Espírito Santo.
Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou
quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a
Deus?
E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus,

58
dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependi-
mento para a vida.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 11, versículos do 1 ao 18)

Este episódio, onde São Pedro fazia sua defesa, justificando a causa de ele ter
entrado na casa de gentios; apenas pelo fato de São Pedro ter que justificar a estadia
dele em casa de gentios, nos demonstra o quanto os judeus convertidos estavam relu-
tantes com as novidades da nova aliança e apegados aos rituais judaicos.
Vou citar uma parte da passagem em que São Pedro praticou o que os judeus
convertidos de Jerusalém achavam ser heresia, da qual teve que se justificar.
Vou relatar o que ocorreu no interior na casa do centurião cornélio, quando ele
estava narrando a história das profecias e terminando de narrar a história de Jesus
Cristo, que havia sido prevista pelos profetas.
Não vou repetir o que já foi narrado na defesa de São Pedro, pois a maioria dos
detalhes estão no capítulo 11 de Atos dos apóstolos:
“Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo so-
bre todos os que ouviram a palavra.
E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admira-
ram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito
Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então
perguntou Pedro:
Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam bati-
zados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?
E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então,
lhe pediram que permanecesse com eles por alguns dias.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 10, Versículos do 44 ao 48)

Muitos episódios há, em que os nazarenos se confundem com os antigos rituais


judeus e cometem estes deslizes; nazareno era o nome do novo partido religioso que
recém estava se formando no meio judaico, liderado pelos apóstolos.
Inclusive, houve até um atrito entre São Paulo e São Pedro, por causa destes
assuntos, e São Paulo foi muito enfático no combate às obras da lei (rituais), que os
doze apóstolos insistiam em cumprir.
Por tanto, esta frase: “Porventura, pode alguém recusar a água, para
que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito

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Santo?” Aconteceu, na época em que eles ainda não haviam se desgarrado do micvá
ou purificação.
Concluindo: o segundo significado da palavra batismo é purificação.
Como o próprio João Purificador (batista) disse, o batismo agora não é mais
com água.
Como posso saber se estou batizado pelo Espírito Santo?
Resposta:
“Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espíri-
to de Deus afirma: Anátema (amaldiçoado), Jesus! Por outro lado, ninguém
pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 12, Versículo 3)

Se o Amado Teófilo confessar, do fundo do seu coração, que Jesus Cristo é seu
único Senhor e Salvador (fonte de Iluminação), já está batizado e não precisa a parti-
cipação de uma terceira pessoa para este batismo acontecer, é tudo entre Jesus Cristo
e o Amado Teófilo.
Logicamente que nós, após sentirmos que passamos por esta iniciação, a qual
nos faz mergulhar numa profunda paz, e nos tornamos Iluminados, fazemos questão
de revelar a todos os irmãos para glorificarmos ao Criador, o Espírito de Jesus Cristo.
Há mais de setecentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo, temos o co-
meço das profecias anunciando o fim dos rituais:
“De que serve a multidão de vossos sacrifícios? Diz o Senhor. Estou
farto dos holocaustos de carneiro e da gordura de animais cevados e não
me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu
o só pisardes os meus átrios?
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abomina-
ção, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das con-
gregações; não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento sole-
ne.
As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma
as aborrece; já me são pesadas; estou, cansado de as sofrer.
Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim,
quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas
mãos estão cheias de sangue.
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante

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dos meus olhos; cessai de fazer o mal.
Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor;
defendei o direito do órfão, pleiteia a causa das viúvas.”
(Profeta Isaías, Capítulo 1, versículos do 11 ao 17)

Vamos a uma passagem onde a mensagem do Espírito de Jesus Cristo, através


do profeta Isaías, mostra uma forma mais branda de anunciar o fim dos rituais:
“Naquele dia, olhará o homem para o seu Criador, e os seus olhos
atentarão para o santo de Israel.
E não olhará para os altares, obra de suas mãos, nem atentará para
o que fizerem os seus dedos, nem para os postes ídolos, nem para os alta -
res de incenso.”
(Profeta Isaías, Capítulo 17, versículo 7 e 8)

Vamos ver uma do profeta Oseias:


“Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao
Senhor; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de
novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios.”
(Profeta Oseias, Capítulo 14, Versículo 2)

O jejum tem grande representatividade nos rituais, vejamos o que o Espírito de


Jesus Cristo diz através do Profeta Isaías:
“Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras
da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos
e despedaces todo jugo?
Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e
recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não
te escondas do teu semelhante?
Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem de-
tença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua reta -
guarda; então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e
ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o
falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartardes a alma-aflita,
então, a luz nascerá das trevas, e a tua escuridão será como o meio dia.”
(Profeta Isaías, Capítulo 58, versículos do 6 ao 10)

Existem muito mais passagens que predizem e instituem o fim dos rituais, mas
não dá para pô-las todas aqui.

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Agora vamos ver no período do Novo Testamento a afirmação do fim dos ritu-
ais, numa repreensão que São Paulo faz àqueles que resistem a graça de Jesus Cristo
e querem persistir nos rituais, que ele chama de “obras da lei”:
“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos
olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras
da lei (rituais) ou pela pregação da fé?
Sois assim insensatos que, tendo começado no espírito, estejais,
agora, vos aperfeiçoando na carne?
Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram
em vão.
Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre
vós, porventura, o faz pelas obras da lei (rituais) ou pela pregação da fé?
É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça.
Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria por fé os genti-
os, preanunciou o evangelho a Abraão:
Em ti, serão abençoados todos os povos.
De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
Todos quantos, pois, são das obras da lei (dos rituais) estão debaixo
de maldição; porque está escrito:
Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas
no Livro da lei, para praticá-las.
E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,
porque o justo viverá pela fé.
Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio mal-
dição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos genti-
os, em Cristo Jesus, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prome-
tido.”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 3, Versículos do 1 ao 14)

O ritual das águas prova ser uma maldição, simplesmente pelo fato das conse-
quências que ele gerou no sistema da cristandade, vamos por partes.
O memorial da última ceia de Jesus Cristo, que também é chamada de Santa

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Ceia não é um ritual, como o nome diz é um memorial, uma lembrança e é autentica -
mente bíblico.
Absolutamente, nenhum ritual pode existir na verdadeira Igreja de Jesus Cris-
to sobre a face da terra.
A cristandade atual, não permite uma pessoa que, não tenha passado pelo ritu-
al das águas, receba os elementos da Santa Ceia, além de não ter fundamento bíblico,
eu diria que é uma heresia.
O memorial da Santa Ceia é como se fosse uma festa, um banquete, agora vo-
cês já imaginaram haver um banquete onde algumas pessoas são proibidas de comer?
“Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que
faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém e honra, e
paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao gre-
go.
Porque para com Deus não há acepção de pessoas.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 2, Versículos do 9 ao 11)

Existem muitas restrições para que a pessoa possa passar pelo ritual das águas,
a bíblia não prescreve nenhuma restrição para o batismo, mesmo para os apóstolos
que persistiram com o micvá, ou seja, o ritual das águas:
Uma destas restrições é: se um casal viver maritalmente, precisam estar casa-
dos civilmente, senão, não podem passar pelo ritual das águas.
A Bíblia, além de não contar isto para restrição do batismo, também a institui-
ção do casamento não é condicionada a nenhum rito ou registros cartoriais:
“Ora, Isaque vinha de caminho de Beer-Laai-Roi, porque habitava
na terra do Neguebe.
Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde; erguendo os
olhos, viu, e eis que vinham camelos.
Também Rebeca levantou os olhos, e vendo a Isaque, apeou do ca-
melo, e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo
ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então, ela tomou o véu e
se cobriu.
O servo contou a Isaque todas as coisas que havia feito.
Isaque conduziu-a até a tenda de Sara, mãe dele, e tomou Rebeca, e
esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da
morte de sua mãe.”
(Gênesis, Capítulo 24, Versículos do 62 ao 67)

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Este é um casamento bíblico.
Nem nas leis de moisés; que apregoa 613 mandamentos com muitos rituais,
houve prescrição para um cerimonial religioso ou cartorial para a união de um casal,
e nada sobre isto é visto em toda a Bíblia.
A justificativa que os lideres apresentam, quando lhes é argumentado o que eu
acabo de mostrar, consta das seguintes passagens:
“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer
seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviada por ele,
tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o
bem.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículos 13 e 14)
_____________________________________________________
“Todo homem esteja sujeito ás autoridades superiores; porque não
há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem fo-
ram por ele instituídas.
De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação
de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem e
sim quando se faz o mal.
Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,
visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 13, Versículos do 1 ao 4)

Estas duas passagens visam o cumprimento de deveres, mas a instituição do


casamento não é um dever e sim um direito, falo isto de cátedra, porque estudei ciên-
cias jurídicas, sem falar que agora temos a união estável.
A verdadeira Igreja de Jesus Cristo reconhece como casamento, toda associa-
ção familiar, onde o homem e a mulher se tornam uma só carne, e haja amor e fideli-
dade, respeitando-se a regra de ouro, que afirma, não faças aos outros o que não gos-
taríeis que fizessem para você.
“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei,
estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escritu-
ras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressus-
citar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arre-

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pendimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de
Jerusalém.
Vós sois testemunhas destas coisas.
Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois,
na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 24, versículos do 44 ao 49)

Observando o texto que sublinhei: “em seu nome se pregasse arrependi-


mento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jeru-
salém”, a palavra arrependimento no original grego é “metanoia”, que também é si-
nônimo de transformação; ou a mudança de cor, feita pelo tintureiro; concluímos, en-
tão, que este texto é uma referência ao batismo com o Espírito Santo.
Existem nas recomendações finais o seguinte:
“Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e
censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não deram
crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.
E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda cria-
tura.
Quem crer e for batizado (nascido de novo, transformado, arrependido)
será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”
(Evangelho Segundo São Marcos, Capítulo 16, versículos do 14 ao 16)

Será que, se um escolhido, que estiver no deserto, arrepender-se, estiver só, ou


seja, não houver um sacerdote com ele, não tendo água disponível, em consequência
ele vem a morrer de sede, terá sido seu arrependimento em vão?
Para mostrar como o ritual das águas é fonte de maldição e iniquidade, vou
contar a história de um conhecido meu, que passou por um problema de discrimina-
ção.
Este colega, que eu prefiro omitir o nome, um dia me encontrou no início de
nossa jornada de trabalho, apresentando um cheiro característico de quem havia be-
bido muito na véspera, coisa que não lhe era peculiar.
Como ele sabia que eu sou um teólogo autodidata, veio me perguntar se ele iria
para o inferno, e desenvolveu o assunto que o levara a esta pergunta.
Ele era natural de uma cidade há 700 Quilômetros de onde nós estávamos ra-
dicados.

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Ele disse que em sua juventude a virgindade da mulher era muito valorizada
pela sociedade, e ele havia deflorado uma moça, que segundo ele não engravidou.
O pai da moça, como era influente em sua cidade, conseguiu fazer um casa-
mento obrigatório, e ele, como não gostava da moça, fugiu para a cidade onde estáva-
mos.
Já haviam decorridos 20 anos deste acontecimento, e ele demonstrava-se arre-
pendido de seus atos, estava vivendo maritalmente com uma mulher que havia lhe
dado uma filha, que estava com 9 anos na época, segundo eles a união era muito har-
mônica.
A mulher e ele passaram a frequentar uma certa denominação evangélica, mas
eles sofriam muita pressão para regularizarem sua situação matrimonial, pois eles es-
tavam sem se batizarem (ritual das águas) e se eles morressem iriam para o inferno.
Eles frequentaram esta denominação por um bom tempo, mas sempre na con-
dição de agregados, não podendo participar da maioria dos ministérios, não podiam
sequer se apresentarem como voluntário para limpeza, havendo no caso aquilo que já
foi dito, que é a acepção de pessoas.
Ele ganhava salário-mínimo, e ela era dona de casa, ele estava com uma causa
na justiça, utilizando-se de defensoria pública, pois para ele se casar com sua compa-
nheira, teria que antes se divorciar.
Ele não sabia sequer o paradeiro daquela que era legalmente casada com ele,
neste caso o divórcio tinha que ser por edital, e isto já se arrastava por aproximada-
mente 8 anos.
Resumindo, estando eles fartos de tanta cobrança dos irmãos da denominação,
resolveram não frequentar mais.
Na noite anterior ele recebeu a visita do pastor, que lhe disse que se ele não
voltasse imediatamente a frequentar a congregação, o diabo o ia matar, daí ele foi en-
cher a cara, para morrer bêbado.
Eu o confortei com este entendimento que vos apresento, o que graças ao Es-
pírito de Jesus Cristo, houve uma melhor aceitação dele depois de minhas explica-
ções.
Quando tudo já estava sob controle, estava já presente, um homem que era de
outra denominação, que havia se aproximado e estava a ouvir a nossa conversa, me
contradizendo disse que o nosso irmão realmente não podia continuar em concubina-

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to.
Ele achava, que o rapaz tinha que destruir a felicidade dele e da atual família,
separando-se, para poder se batizar (receber o ritual das águas).
Eu me lembrei que este homem intrometido, era noivo há 6 anos, e em tom se-
vero eu lhe perguntei: Você nunca teve relações sexuais com sua noiva? Ao que ele
descaradamente respondeu que sim. Então eu lhe asseverei: a tua situação sim, é pe-
caminosa, mas este rapaz está sem nenhuma culpa para que esteja tão contristado!
Termino com um desabafo de São Paulo:
“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o
evangelho; não com sabedoria de palavra, para que não se anule a cruz de
Cristo”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 1, versículo 17)

MENSAGEM PARA REFLEXÃO:


“Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram
no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados;
mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano, não
sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do povo,
querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho
do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo con-
tinua erguido.
É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se ofe-
recem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante a consciên-
cia, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais
não passam de ordenanças da carne, baseado somente em comidas, e be-
bidas, e diversas abluções, impostas até o tempo oportuno de reforma.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 9, Versículos do 6 ao 10)

Nota: O termo; “e diversas abluções”; esta ligado à lavagem com água de diversas
partes do corpo, assim como de objetos, o Micvá é considerado uma ablução, onde
todo o corpo é imerso em água; aí está a causa da confusão que criou o ritual das
águas, que erradamente é chamado de batismo.

67
Capítulo 6

OS DESTINADOS PARA A IRA

“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para


sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou
para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo.
“Porquanto aos que de antemão conheceu (desde antes da fundação do
mundo), também os predestinou para serem conformes a imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
Estes dois últimos parágrafos em negrito são respectivamente extraído de cita-
ções do primeiro capítulo da Epístola aos Efésios, e do capítulo oito da Epístola aos
Romanos.
O Espírito de Jesus Cristo é Onisciente, ou seja, sabe de todos os fatos, consi-
derando também o fator tempo, então, sua Onisciência é de eternidade a eternidade.
O Espírito de Jesus Cristo sabia que Adão e Eva comeriam o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal antes de criar o homem.
Eu não diria só que sabia, como produziu o roteiro da história como autor.
Vejamos uma parte do diálogo da serpente com Eva:
“Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comer se vos abrirão os
olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.”
(Gênesis, Capítulo 3, Versículos 4 e 5)

A serpente não mentiu para Eva, pois, embora o Espírito de Jesus Cristo tenha
estabelecido a morte física, Ele não alterou o espírito do homem, que é sua imagem e
semelhança, e o espírito do homem não perdeu sua eternidade, pois a sentença profe-
rida foi apenas com relação à carne.
Quanto à sugestão que a serpente faz, que é a de sermos iguais a Deus, se ob-
servarmos bem profundamente nosso Ego, é ele quem tem este desejo, pois ao fazer-
mos questão do livre arbítrio, estamos negando nossa dependência do Espírito de Je-
sus Cristo.
Não foi o Espírito de Jesus Cristo que nos deu o livre arbítrio, como muitos di-
zem, mas Eva o tomou, ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do

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mau; e daí por diante o ser humano passou a ter a falsa sensação de possuir livre arbí-
trio.
Nós só teríamos o genuíno livre arbítrio, não só quando decidíssemos nossos
destinos, mas se pudéssemos controlá-los.
Não há necessidade, de que, ninguém externo a nós sugira isto, o próprio Ego
já o faz, nós vivemos a nos iludir, achando que a vida pode ser controlada por nós, e
que não dependemos do Espírito de Jesus Cristo para nada.
Vamos fundamentar o fato de não ser mentira, a afirmação feita pela serpente,
de que eles não morreriam ao comer o fruto, com palavras do Próprio Jesus Cristo:
“E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés indicou no trecho da
sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó.
Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos, porque para ele to-
dos (os escolhidos e predestinados) vivem”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 20, Versículos 37 e 38)

Agora vamos fundamentar a afirmação, feita pela serpente, de que o homem se


tornaria igual a Deus ao comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o
que também não era mentira como é dito pelo Próprio Espírito de Jesus Cristo:
“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um
de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tam-
bém tome da árvore da vida, e coma e viva eternamente.”
(Gênesis, Capítulo 3, Versículo 22)

Preciso, antes de continuar nosso assunto justificar a aplicação de plural nesta


passagem.
Moisés inicia seu primeiro livro, no original hebraico, chamando o Criador de
Elohim, que significa Deus, mas esta palavra, por receber o sufixo [im], torna-se o
plural de Eloha, que é deus no singular.
Grafar um nome no plural, na expressão idiomática Hebraica, era uma forma
de dar máxima reverência, e até afirmo ser por causa das múltiplas manifestações do
Criador, que nós trataremos mais adiante em outro capítulo.
Os tradutores da Bíblia, nos cinco primeiros dias da criação, onde o criador é
tratado na terceira pessoa, ignoraram a condição de plural para não conflitar com os
demais idiomas, pois já começando pela primeira frase do livro, ficaria assim: “No

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princípio, Criaram os deuses o céu e a terra”, caracterizando assim um polite-
ísmo.
Os tradutores da Bíblia são todos trinitaristas, ou seja, acreditam na trindade,
e por este motivo aproveitaram que no sexto dia da criação a referência ao Criador é
na primeira pessoa, então, não omitiram o plural e ainda fizeram concordância ver-
bal, e ficou assim: “Façamos o homem a nossa imagem” e isso acaba por pare-
cer que as três pessoas da trindade confabularam quanto à criação do homem e isto é
improcedente.
Esta pluralização ocorre no sexto dia da criação, assim como nesta última pas-
sagem citada, e também no episódio da torre de Babel, mas ao longo deste compêndio
teremos várias provas de que a trindade é uma denominação inapropriada para o Es-
pírito de Jesus Cristo, que é uma única pessoa, e possui um único centro de vontade.
Não há nenhuma fundamentação bíblica dizendo que a serpente seja satanás.
No livro de Apocalipse, capítulo 12, versículo 9 e capítulo 20, versículo 2; é
mencionada “a antiga serpente” como sendo o dragão ou o diabo; afirmo que esta an-
tiga serpente não tem nenhuma relação com a serpente de Eva.
O que temos certeza é que ela não passava de uma simbologia alegórica, por-
que serpentes não falam.
A serpente simboliza o conhecimento e a curiosidade, além disto, na anatomia,
ela tem o formato semelhante ao nosso sistema nervoso central (encéfalo e medula
raquidiana).
O nosso sistema nervoso, associado a uma produção harmoniosa de hormô-
nios, motivam nossas vontades.
Nós temos uma alma que é o centro de nossas vontades e emoções, que na Bí-
blia também é chamada de coração.
Em nossa mente carnal, temos um componente chamado Ego, que é responsá-
vel por administrar a realização de nossas vontades, o Ego é antagônico ao nosso es-
pírito.
Para cumprir sua missão o Ego não leva em conta valores espirituais, quando
muito, é inibido por valores sociais.
Concluo que a serpente simbolizava o Ego de Eva.
Se observarmos o capítulo dois de Gênesis, veremos que o Espírito de Jesus
Cristo transmitiu a ordem somente para Adão, enquanto que Eva ainda não tinha

70
sido formada.
E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim co-
merás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
(Gênesis, Capítulo 2, Versículos 16 e 17)

Nada é demonstrado no sentido de que Adão tivesse transmitido tal ordem


para eva, a não ser quando ela é questionada pela serpente, e que demonstra de que
sabia da ordem.
“Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos
comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus:
Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.”
(Gênesis, Capítulo 3, Versículos 2 e 3)

De que forma será que Adão passou esta ordem para Eva? Será que ele deu a
ênfase necessária?
Observa-se que Eva menciona que não poderia nem tocar, o que Deus não dis-
se para Adão.
Vamos verificar um fato ocorrido no deserto enquanto o povo hebreu (judeus)
estava cumprindo os quarenta anos de peregrinação determinados pelo Espírito de
Jesus Cristo:
“então, o senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que
mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel.

Disse o Senhor a Moisés, faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre
uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhasse para a
de bronze, sarava”
(Números, Capítulo 21, versículos 6 e 8)

Se a serpente tivesse uma simbologia maligna, o Espírito de Jesus Cristo não


mandaria Moisés usá-la para a cura do povo.
Observem outra passagem relacionada a esta, com palavras de Jesus Cristo, no
Evangelho de São João:
“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele
crê tenha a vida eterna.”

71
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 3, Versículos 14 e 15)

Quando a cruz foi levantada com Jesus Cristo pregado nela, houve uma seme-
lhança na maneira que Moisés ergueu o mastro onde foi colocada a serpente de bron-
ze, ou como também é dito serpente abrasadora.
Quem, na verdade, mentiu pela primeira vês na história bíblica foi Caim, o pai
da malignidade, assim como cometeu o primeiro homicídio.
Passagens que demonstram a presciência do Espírito de Jesus Cristo:
“Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado
(medida de comprimento) ao curso da sua vida?”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 6, Versículo 27)
_____________________________________________________
“Não se vendem dois pardais por um asse (moeda corrente, 16 asses era
igual a um denário)? E nenhum deles cai em terra sem o consentimento de
vosso Pai.
E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão conta -
dos.
Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 10, versículos do 29 ao 31)
_____________________________________________________
“....nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um (fio de) cabelo
branco ou preto.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 5, Versículo 36)

Existe uma frase de Fernando Sabino, jornalista e filósofo brasileiro, que diz o
seguinte: “No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou o fim.”
Antes de continuar este assunto, quero comunicar ao Amado Teófilo, que na
psicologia e psiquiatria forense, recentemente, foi identificado um fenômeno, que,
serve muito bem para ilustração deste capítulo.
Existe um grupo de pessoas, não se sabe ao certo em que proporção, mas que
alguns psicólogos e psiquiatras já divulgaram sua estatística, uma delas diz: que há
uma proporção de um caso a cada vinte e três pessoas da população mundial.
Eu, particularmente, acho que o número deve ser bem maior, pois esta esta-
tística se baseia em casos identificados.
São, no caso, pessoas que tem um comportamento prejudicial às pessoas ao
seu derredor e à sociedade, sem sentirem nenhum grau de culpa ou remorsos; não

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aceitam cumprir leis, regras ou acatar e respeitar autoridades, e se divertem em usar
sua argúcia para burlá-las.
Essas pessoas são incapazes de terem qualquer sentimento, alimentam seus
egos, divertindo-se com a manipulação das pessoas, e da sociedade, e o êxtase delas
está em exercer poder por suas faculdades intelectuais ou por sua simples esperteza.
O Amado Teófilo deve achar que por suas características, estas pessoas sejam
fáceis de ser identificadas, mas não é bem assim, por sua perspicácia, são verdadeiros
atores e atrizes e dissimulam muito bem o nosso comportamento, como se fossem
pessoas normais, conseguem chorar fingindo sentimentos, mas totalmente falso. São
autores dos chamados crimes perfeitos.
Na novela “Caminho das Índias”, a autora Glória Peres retratou muito bem es-
tas pessoas; através do personagem Dr. Castanho, que era um médico psiquiatra, re-
presentado por Estênio Garcia, ele em certo capítulo da novela disse: “o gato está
para o rato, assim como o psicopata está para a sua vítima”, a vantagem do rato é que
ele sabe quem é o gato.
Apresentam, ou um alto coeficiente de inteligência, e quando não, apresentam
um alto nível de coeficiente emocional, exatamente por não terem emoções, eu diria
que são frios.
Em alguns casos mais graves, assumem até a posição de matadores em série; e
nos casos mais brandos, manipulam pessoas através de histórias fictícias, que levam e
trazem, adaptando a versão da história ao emocional de cada pessoa, provocando in-
trigas que os beneficiam material e financeiramente falando, entre vários grupos, en-
quadram-se os estelionatários.
Eles sabem que as outras pessoas, têm um ponto fraco em relação a eles, pois
as pessoas normais têm emoções, sentimentos, remorsos e arrependimento.
Neles o ponto forte é que eles não têm nenhum destes sentimentos, por isto sa-
bem muito bem usar os sentimentos de quem tem, como se fossem cordinhas de ma-
rionetes.
Estas pessoas são chamadas de psicopatas ou sociopatas, mas a psiquiatria fo-
rense já determinou, que não se trata de doença, pois os criminosos examinados em
suas pesquisas, apresentam um sistema nervoso central perfeitamente sadio, não são
loucos.
Existe, neles, um desvio de caráter, e por não serem doentes, não existe a míni-

73
ma esperança de cura.
A reeducação já foi experimentada por inúmeras vezes em inúmeros casos,
com zero por cento de resultado.
São pessoas destinadas para a ira, vejamos algumas passagens onde são men-
cionadas estas pessoas:
“Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulações, os
quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciado para esta conde-
nação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de Nos-
so Deus e negam o nosso único soberano e Senhor, Jesus Cristo.”
(Epístola Universal de Judas (não o escariotes), Capítulo único, Versículo 4)
_____________________________________________________
“Pois isto está na Escritura:
Eis que ponho em Sião uma pedra angular(Jesus Cristo), eleita e pre-
ciosa; e quem nela crer não será de modo algum, envergonhado.(texto cita-
do do Profeta Isaías, Capítulo 28, Versículo16).
Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas,
para os descrentes,
A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal
pedra, angular e:
Pedra de tropeço e rocha de ofensa.(Texto citado do Profeta Isaí-
as, Capítulo 8, Versículo 14)
São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o
que também foram postos.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículos do 6 ao
8)
_____________________________________________________
“Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me des-
te, e protegi-os, e nenhum se perdeu, exceto o filho da perdição, para que
se cumprisse a Escritura.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 17, Versículo 12)
_____________________________________________________
“Falais verdadeiramente justiça, ó juízes?
Julgais com retidão os filhos dos homens?
Longe disso; antes, no íntimo engendrais iniquidades e distribuís
na terra a violência de vossas mãos.
Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desen-
caminham, proferindo mentiras.
Têm peçonha semelhante a peçonha da serpente; são como a víbora

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surda, que tapa os ouvidos, para não ouvir a voz dos encantadores, do
mais fascinante em encantamentos.”
(Salmos, Capítulo 58, Versículos do 1 ao 5)

Apenas quatro passagens, mas depois que o Amado Teófilo aprende a localizar
estas passagens, não escapará uma de seus olhos, durante a leitura, pois são muitas.
Mas por que Deus faria tamanha maldade?
Nós não temos a mínima condição de julgar, e muito menos de compreender o
nosso Criador. Existe uma passagem que nos faz ver a Onisciência temporal e tam-
bém, que Nele não há maldade:
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mun-
do, passareis por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 16, versículo 33)

Existe um motivo para que ele, durante a nossa criação, nos tenha feito passar
por um mundo atribulado, mas, pode ser que venhamos a saber o porquê, quando
ressuscitarmos, que é quando a nossa criação se concluirá.
“Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mes-
mo descansou de suas obras, como Deus das suas.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 4, versículos 9 e 10)

Observem que na penúltima passagem, ele diz que venceu o mundo, mas todo
teólogo que se preza, sabe que a vitória de Jesus Cristo, foi a sua ressurreição, e quan-
do ele proferiu esta passagem, a ressurreição ainda não havia ocorrido, mas ele usa o
verbo vencer no passado, como se a ressurreição já tivesse ocorrido, ou seja, para o
Espírito de Jesus Cristo, toda a história da humanidade já transcorreu, e Ele fala uma
frase bem significativa na cruz, quando expira e adormece, “Tudo está consumado”.
É isto mesmo que o Amado Teófilo entendeu, nós ainda estamos sendo cria-
dos.
Se a história da humanidade tem um fim ou não, eu não sei, mas eu tenho cer-
teza de que o Espírito de Jesus Cristo nos espera lá.
Quando dormirmos (morrermos), nós também estaremos lá, sem lapso de
tempo, para desfrutarmos a ressurreição na eternidade, e mesmo estando na eterni-
dade, ele também está conosco também agora, graças a sua Onipresença.

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Agora vamos à Bíblia, Caim foi o primeiro psicopata da história:
“Coabitou o homem com Eva, sua mulher.
Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão
com o auxílio do Senhor.
Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e
Caim, lavrador.
Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra
uma oferta ao Senhor.
Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordu-
ra deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de
Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e
descaiu-lhe o semblante.
Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e porque descaiu o
teu semblante?
Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, proce-
deres mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti
cumpre dominá-lo.
Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no
campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou
(eis o primeiro homicídio da criação).
Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, seu irmão? Ele respondeu:
Não sei (eis a primeira mentira da criação); acaso, sou eu tutor de meu irmão?
E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da
terra a mim.
És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca abriu para rece-
ber de tuas mãos o sangue do teu irmão.”
(Gênesis, Capítulo 4, Versículos do 1 ao 11)

Pode-se observar que o Espírito de Jesus Cristo amaldiçoa Caim: “És agora,
pois, maldito por sobre a terra”.
Mas com relação a Adão, percebam que ele amaldiçoa a terra e não a Adão: “E
a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvo-
re que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa ”.
O Espírito de Jesus Cristo, jamais amaldiçoaria um homem que possui um es-
pírito que é a sua imagem e semelhança, mas Caim não era possuidor de um espírito
semelhante ao Dele, mas sim uma sombra, que é um dos produtos da maldição da
terra.

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O profeta Isaías fala destas sombras:
“A vereda do justo é plana; tu, que és justo, aplanas a vereda do jus-
to.
Também através dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu
nome e na tua memória está o desejo de nossa alma.
Com a minha alma suspiro de noite por ti e, com o meu espírito
dentro de mim, eu te procuro diligentemente; porque, quando os teus juí-
zos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.
Ainda que se mostre favor ao perverso, nem por isso aprende a jus-
tiça; até na terra da retidão ele comete iniquidade e não atenta para a ma-
jestade do Senhor.
Senhor, a tua mão está levantada, mas nem por isso a veem; porém
verão o teu zelo pelo povo e se envergonharão; e o teu furor, por causa dos
teus adversários, que os consuma.
Senhor, concede-nos a paz, porque todas as nossas obras tu as fa-
zes por nós.
Ó Senhor, Deus nosso, outros senhores tem tido domínio sobre
nós; mas graças a ti somente é que louvamos o teu nome.
Mortos [o mesmo que: “uma vez mortos”] não tornarão a viver, sombras
não ressuscitam; por isso, os castigaste, e destruíste, e lhes fizeste perecer
toda a memória.”
(Profeta Isaías, Capítulo 26, Versículos do 7 ao 14)

Observem que sombras não ressuscitam; por isso, os castigaste, e


destruíste, e lhes fizeste perecer toda a memória; são pessoas que não tem
eternidade, foram criadas para atuarem maliciosamente, e dificultar nossa vida.
Em face da maldição da terra, é que eles existem, para serem figurantes des-
cartáveis, causando tribulação aos filhos de Deus em suas provações.
Eles fazem parte deste mundo amaldiçoado e atribulado, mas não da eternida-
de.
Agora vamos ver o que Jesus Cristo, após o seu nascimento tem a dizer sobre
isto:
“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É
porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.
Vós sois do diabo, que é vosso pai, e queres satisfazer-lhes os dese-
jos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, por-
que nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é

77
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 8, Versículos 43 e 44)

Não é difícil concluirmos que Jesus Cristo se referiu a Caim; portanto Caim é o
Diabo.
Jesus Cristo não criou nada imprevisível para Ele, e nada Lhe é surpresa.
De onde o Amado Teófilo acha que se originou a máxima de que o bem sempre
vence o mal?
Pois se Jesus Cristo tivesse criado algo imprevisível para Ele, matematicamen-
te, não poderíamos ter a certeza de sua vitória final.
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em
vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 1, Versículo 6)

O Espírito de Jesus cristo sabia, mesmo antes de criar o homem, que Caim ma-
taria Abel: “Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e porque des-
caiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito?
Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo
será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.
Percebamos que Caim não dá a mínima atenção para a advertência do Espírito
de Jesus Cristo, levando a cabo suas intenções malignas.
Os escolhidos por sua vez, não necessitam dominar os seus desejos, através de
seu Ego e de seus pensamentos da mente carnal, pois uma vez Iluminados, existe o
nono fruto do Espírito Santo, que é o domínio próprio.
É fruto, o recebemos naturalmente, não cumpre a nós dominarmos os nossos
desejos, basta que entreguemos nossas vidas e nossas vontades ao Espírito de Jesus
Cristo.
Apesar de toda esta revelação, nós não estamos autorizados a julgar nem de-
terminar quem é ou não “filho da ira”, até porque, mesmo nós, escolhidos, nos porta-
mos mal em certas fases de nossa vida.
Portanto existem muitos escolhidos que ainda não conheceram a verdade e es-
tão desviados como ovelhas desgarradas e agindo conforme os “filhos da ira”.
“Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também
Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os

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seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua
boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando mal-
tratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados,
para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas
chagas fostes sarados.
Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos con-
vertestes ao pastor e bispo da vossa alma.
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículos do 21 ao
25)

Atentem para a assertiva “Porque estáveis desgarrados como ovelhas”


“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da de-
sobediência; entre os quais também, todos nós andamos outrora, segundo
as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensa-
mentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor,
e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente, com
Cristo, pela graça sois salvos, e, juntamente, com ele, nos ressuscitou, e
nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar nos
séculos vindouros, a suprema riqueza de sua graça, em bondade para co-
nosco, em Cristo Jesus.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de voz;
é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glorie.
Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras,
as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 2, versículos do 1 ao 10)

Vou apresentar duas passagens de Jesus Cristo que além de ilustrar este capí-
tulo, vai servir para os próximos também:
Primeiro vamos à parábola do Joio:
“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é seme-
lhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquan-
to os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do tri-
go e retirou-se.
E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio.
Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não

79
semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?
Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe
perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio?
Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis tam-
bém com ele o trigo.
Deixai-os crescer junto até a colheita; e, no tempo da colheita, direi
aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado;
mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 13, versículos do 24 ao 30)

Agora vamos à explicação desta parábola pelo próprio Jesus Cristo:


“Então, despedindo as multidões, foi Jesus para casa. E, chegando-
se a ele os seus discípulos, disseram: Explica-nos a parábola do joio do
campo.
E ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem;
o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os fi-
lhos do maligno (filhos de Caim); o inimigo que semeou é o diabo (a sombra de
Caim); a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os Anjos (mani-
festação da Onipresença do Espírito de Jesus Cristo).
Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na
consumação do século.
Mandará o Filho do Homem os seus Anjos, que ajuntarão do seu
reino os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na forna-
lha acessa; ali haverá choro e ranger de dentes.
Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.
Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 8, versículos do 36 ao 43)

O diabo é Caim; sua descendência de sombras são o joio, os filhos do maligno.


O trigo somos nós, os escolhidos, predestinados desde antes da fundação do
mundo.
Esta parábola não é para amedrontar ninguém.
Não temais, pois a parábola não diz que joio se transforma em trigo e vice e
versa.
Não existe injustiça nisto, pois as sombras não tem memória, são descartáveis,
foram criadas para serem figurantes em nossas vidas, submetendo-nos à prova, são
psicopatas, não têm sentimentos, nem remorsos.

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São malignos irrecuperáveis e não têm espíritos, como se diria num adágio po-
pular são desalmados, quando alma e espírito eram considerados sinônimos, mas
como veremos neste compêndio, cada uma destas palavras (alma e espírito) têm um
significado diferente.
As tribulações não são para que o Espírito de Jesus Cristo conheça nossos limi-
tes, pois ele já sabe de todas as coisas, mas para nós nos conhecermos e sermos cons-
cientes de nossas virtudes.
Nós sim, temos o espírito que é a imagem e semelhança do Espírito de Jesus
Cristo.;
Vejamos mais algumas características dos psicopatas, os destinados para a ira:
“....é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob
castigo, os injustos para o Dia do juízo, especialmente aqueles que, seguin-
do a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer gover-
no. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao
passo que anjos (manifestações do Espírito de Jesus Cristo), embora maior em
força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do
Senhor.
Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para a
presa e destruição, falando mal daquilo em que são ignorantes, na sua
destruição também ão de ser destruídos, recebendo injustiça por salário
da injustiça que praticam. Considerando como prazer a sua luxúria carnal
em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas pró-
prias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco; tendo os olhos
cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstan-
tes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos; abandonando o
reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de
Beor, que amou o prêmio da injustiça (recebeu, porém, castigo da sua
transgressão, a saber, um mudo animal de carga, falando com voz huma-
na, refreou a insensatez do profeta)
Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por
temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; porquanto pro-
nunciando palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões car-
nais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que
andam no erro, prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são es-
cravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.”
(Segunda Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículos do 9 ao
19)

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***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“Porque desci do céu, não para fazer a minha própria vontade (seu
Ego), e sim a vontade daquele que me enviou (Seu Próprio Espírito).
E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de to-
dos os que me deu (os escolhidos e predestinados); pelo contrário, eu o ressus-
citarei no último dia (em nossa morte física).
De fato, a vontade de meu Pai (Seu Próprio Espírito) é que todo ho-
mem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no
último dia.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 6, Versículos do 38 ao 40)

Nota: Os psicopatas jamais crerão, mas os escolhidos e predestinados desde antes da


fundação do mundo, todos crerão.

“que nenhum eu perca de todos os que me deu (os escolhidos e


predestinados)”.
O Espírito de Jesus Cristo nunca perdeu, não perde e
nunca perderá ninguém, nem absolutamente nada.

82
Capítulo 7

UM PSICOPATA DENTRO DE NÓS

A finalidade deste capítulo, é ajudar o Amado Teófilo a identificar dentro de si


as manifestações do seu Ego, nós os predestinados, temos uma consciência espiritual
para se contrapor ao Ego, o que não é o caso dos destinados para a ira.
Não tendo eles a contraposição da consciência espiritual, eles põem em prática
os pensamentos do Ego, sem nenhum sofrimento, enquanto que nós sofremos muito
se permitirmos a execução dos pensamentos do Ego, pois nos arrependemos.
A estratégia para se destruir o Ego, é observá-lo, sem deixá-lo nos convencer a
praticar suas artimanhas.
O título deste capítulo, prende-se ao fato de que a única coisa que temos em
comum com os destinados para a ira, ou seja, os psicopatas, é o Ego; o Ego, seja de
quem for é um psicopata.
Por isto, nossa missão em toda a nossa vida, é a de anulá-lo, destruí-lo, não
nos identificarmos com ele, não atribuir seus atos e pensamentos ao diabo ou demô-
nio, pois esta é uma forma de você fugir dele e torná-lo mais forte, se você reconhecê-
lo dentro de você, garanto que vai ser muito mais fácil vencê-lo.
Mas existe um conselho de São Paulo que é muito bom usar nestas horas:
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o
Senhor.
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam co-
nhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica,
com ações de graça (agradecimentos).
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitá-
vel, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que
é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o
que ocupe o vosso pensamento.
O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em
mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 4, Versículos do 4 ao 9)

83
O filme “Revolver”, escrito e dirigido por “Guy Ritchie” e adaptado por “Luc
Besson”, cujo protagonista é representado pelo ator Jason Staton: afirma que nosso
Ego é nosso oponente, quando não estamos conscientes.
Mas o nosso objetivo tem que ser o de transformar nosso consciente no opo-
nente, anulando desta forma a influência do Ego.
A vitória desta guerra é que corrobora com o que estamos estudando, que é a
Iluminação.
Este filme inicia com uma frase de Júlio César, e em seguida uma de Maquia-
vel:
“O inimigo se esconderá no último lugar em que você o procuraria”
***
“Não se evita uma guerra, ela somente pode ser adiada, em benefí-
cio de seu inimigo (consideremos ser o nosso Ego o nosso inimigo).”

O último lugar para nós procurarmos um inimigo, é dentro de nós mesmos.


Logo me lembrei dos princípios de São Paulo:
“Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir,
pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado (Ego) que ha-
bita em mim.
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne (Ego), não habita
bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
Porque não faço o que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz. E sim o
pecado (Ego), que habita em mim.
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em
mim.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 7, Versículos 15 ao 21)

Este “mal” que “reside em mim”, é nada mais, nem nada menos que o Ego.
Continuando com a sinopse do filme Revolver.
A primeira cena é um monólogo do protagonista em pensamentos, ao sair de
uma condenação de 7 anos de reclusão.
E ele diz:

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“Uma coisa eu aprendi nos últimos sete anos:
Em cada jogo ou golpe, tem sempre um oponente, e tem sempre
uma vítima.
O truque é saber se a vítima vai ser você, assim você se torna o opo-
nente.”

Em cenas posteriores ele descreve conceitos que nos lembram São Paulo.
“Por que um homem tem que fazer o que não quer fazer?”
***
“Quanto mais ouvir, mais doce a melodia fica (voz do Ego).”
***
Quem pensa em perder, quando está ganhando?

Quando nosso Ego nos desafia para um jogo, a melhor decisão e recusar o de-
safio.
“Um fato que gostamos de ignorar: o de que é possível perder.
O único prêmio que se garante, quando se joga este jogo, é que você
vai perder, é só uma questão de tempo”

Nós somos seres, ou seja, o Amado Teófilo é um ser e habita no mundo do ser,
mas o ordenamento jurídico do estado é o mundo do dever ser.
Mas existe o que Émile Durkheim, um dos pais da sociologia, nos ensina, que é
um conjunto de regras, que embora não fazendo parte do direito positivo, ou seja, o
direito escrito por legisladores, mas sim de conceitos sociais; a este fenômeno ele cha-
ma de Fato Social.
Nas ciências jurídicas, este mesmo Fato Social é chamado de direito consuetu-
dinário ou jusnaturalismo.
O nosso Ego é guiado por estes conceitos, que nem sempre tem uma conotação
compatível com a espiritualidade, pois o fato social, pode até ser atribuído às organi-
zações criminosas, as quais tem suas próprias leis e regras.
Como exemplo podemos citar: em nossa sociedade machista o adultério é con-
siderado normal para o gênero masculino, e reprovado para o gênero feminino.
Este conceito, em particular, é completamente antagônico a uma consciência
espiritual.
No próximo monólogo de nosso protagonista, ele fala em leis e regras, mas

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quero crer que ele se refere às leis e regras do “Fato Social”.
“Se há uma regra ela pode ser quebrada, se há uma lei, ela pode ser
violada. E a partir de agora eu vou quebrar todas as regras.
Para um homem desesperado, medidas desesperadas.”

Neste monólogo o protagonista está saturado pelo envolvimento com o Ego.


Muitas vezes nós precisamos estar encurralado pelos reveses da vida, para rea-
girmos contra nosso Ego, mas contra o Ego, mais vale a entrega espiritual, do que o
confronto direto.
A trama do filme “Revolver”, se desenvolve com uma comparação do Ego com
dois coadjuvantes: um mestre em xadrez, e um trapaceiro mestre.
Vamos ver uma analogia que o protagonista faz, através de um tabuleiro de xa-
drez, quando ele acha que está ensinando como se ganha uma partida de xadrez, para
aquele que era o mestre em xadrez, sem que ele ainda soubesse de quem se tratava:
“É muito simples:
Você faz o trabalho duro e eu só te ajudo.
O segredo é eu te dar as peças, e faço você acreditar que tomou es-
tas peças, porque você é o esperto e eu sou o burro.
Em todo jogo e todo golpe há sempre um oponente e há sempre
uma vítima, quanto mais a vítima pensa que tem o controle, menos con-
trole a vítima tem.
Na verdade, com o tempo, ela se enforca, eu, como oponente, só
ajudo.
A fórmula tem uma profundidade infinita na sua eficácia e aplica-
ção, mas é extremamente simples e totalmente coerente.
REGRA NÚMERO UM: Em qualquer jogo ou golpe, você só fica
mais esperto jogando contra alguém mais esperto.
REGRA NÚMERO DOIS: Quanto mais sofisticado o jogo mais sofis-
ticado é o oponente.
Se o oponente for muito bom, ele vai colocar a vítima em um ambi -
ente que ele controla. Quanto maior o ambiente, mais fácil de controlar.
Jogue um osso para o cachorro, descubra suas fraquezas, dê só um
pouco do que a vítima acha que quer; então o oponente simplesmente dis-
trai a vítima deixando que ela se consuma pelas suas próprias convicções
(este é um princípio maquiavélico).
Você só fica mais esperto jogando contra cobras; quanto maior o
lance ou mais antigo que ele seja, mais fácil de aplicar.

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Baseia-se em dois princípios:
a) Pensam que não deve ser tão antigo assim, ou não deve ser tão
grande, para que tanta gente tenha caído nele.
b) No final, quando o oponente é desafiado ou questionado, signifi-
ca que o investimento da vítima, e logo, sua inteligência é questionada, e
ninguém admite isto, nem para si mesmo.
Você sempre vai encontrar um bom oponente, no lugar onde você
jamais procuraria (seu Ego em seu interior).”

Vamos a mais um monólogo do protagonista:


“Há algo sobre você mesmo que você não sabe, algo que você, até
mesmo nega existir, até ser tarde demais para se fazer alguma coisa a res-
peito.
É o único motivo pelo qual você levanta toda manhã, o único moti-
vo pelo qual você aguenta o chefe intragável, o sangue, o suor e as lágri-
mas.
É porque você quer que as pessoas saibam o quanto você e bom,
atraente, generoso, engraçado, maluco e inteligente.
Tenha medo de mim! Ou me reverencie! Mas por favor, me consi-
dere especial.
Compartilhamos um vício: a necessidade de aprovação, todos nós
queremos um tapinha nas costas.
E o relógio de ouro?
E o grito da torcida?
Olha só! O garoto inteligente com o brasão, polindo o troféu!
Continue brilhando diamante maluco, afinal somos macacos de ter-
no, implorando pela aprovação dos outros.
Se soubéssemos disso (do envolvimento do Ego em nossos atos e pala-
vras), não faríamos isso tudo, alguém está escondendo isso da gente.
E se você tivesse uma segunda chance, você perguntaria: Por que
estou vivo?

Esta última pergunta, prende-se ao fato de sobrevivermos às artimanhas do


Ego, pois ele nos coloca em situações muito perigosas e delicadas.
Quando e onde o jogo termina?

A nossa reposta para isto, seria, quanto passarmos a ignorar os pensamentos


do Ego e entregarmos nossas vidas e nossas vontades nas mãos do Espírito de Jesus

87
Cristo.
Vou apresentar várias frases de efeito que constam de diversos monólogos de
nosso protagonista:
“Você escuta essa vós a tanto tempo, que acredita ser sua.”
“O Ego nos faz acreditar que o oponente é nosso amigo.”
“Ele está por trás de toda a dor que já existiu.”
“O Ego diz que nem sequer existe.”
“O Ego se esconde atrás da dor.”
“Quanto mais poder você pensa que tem, menos poder você tem no
mundo real.
“Lá onde você não quer ir é que você vai encontrá-lo”
“A consciência é a observação do Ego”
“O Ego tenta convencer-nos que não há vida sem ele”
“O maior golpe é você acreditar que o Ego é você, seu melhor ami-
go”
“Você tem que controlar o Ego, e não ele a você.”
“Imperativamente o Ego nos ordena que tenhamos medo.”
“Não enxergamos o que está a nossa frente.”

Agora vou apresentar frases de profissionais e escritores que aparecem ao final


do filme, apresentando suas opiniões:
“O Ego é o maior trapaceiro em quem podemos pensar ou imagi-
nar. Porque você não o vê.”
(Dr. Yoav Dattilo)

“O segundo maior golpe é: [Eu sou você].”


(Dr. Steven C. Hayes)

“O problema é que o Ego se esconde no último lugar em que você


pode procurar, em si mesmo.”
(Dr. Peter Fonazy)

“Ele disfarça os pensamentos dele com os seus pensamentos, os


sentimentos dele com os seus sentimentos, você acha que é você.”
(Leonard Jacobson)

“A necessidade das pessoas de proteger seus próprios Egos não co-


nhece limite: elas mentem, enganam, roubam, matam; fazem o que for

88
preciso para manter o que chamamos de fronteiras do Ego.”
(Andrew Samurts)

“As pessoas não tem ideia de que estão numa prisão, não sabem
que há um Ego, não conhecem a diferença.”
(Leonard Jacobson)

“Primeiro é muito difícil para a mente aceitar que há algo; algo


além dela, algo mais valioso e mais capaz de discernir a verdade em si.”
(Dr. David Hawkins)

Esta última frase está se referindo à nossa consciência espiritual.


“Na religião, o Ego se manifesta como o demônio, e claro, ninguém
percebe o quanto o Ego é esperto, porque ele criou o demônio para que
você culpe o outro.”
(Dr. Deepak Chopra)

“Ao criarmos esse inimigo externo imaginário, criamos um inimigo


de verdade para nós mesmos, e isto se torna uma ameaça real para o Ego,
mas isso é também criação do Ego.”
(Dr. Peter Fonazy)

“Não existe nenhum inimigo externo não importa o que a voz da


tua cabeça te diga, pois toda a percepção do inimigo é a projeção do Ego
como inimigo.
(Dr. Deepak Chopra)

Temos uma afirmação de São João que confirma esta última frase:
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em peca-
do; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o maligno não lhe toca.
Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Malig-
no.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 5, Versículos 18 e 19)

Vamos ver qual era a concepção de Maligno para São João:


“Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos
amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassi-
nou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más,
e as de seu irmão justas.

89
Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia.
Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque ama-
mos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.
Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que
todo assassino não têm a vida eterna permanente em si.
Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a vida por nós; e deve-
mos dar nossa vida pelos irmãos.
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 3, Versículos 11 e 16)

Vamos aos dois últimos comentários do filme:


“Nesse sentido podemos dizer que cem por cento dos nossos inimi-
gos externos são nossa criação.”
(Dr. Peter Fonazy)

“Seu maior inimigo é sua própria percepção, sua ignorância, seu


Ego.”
(Dr Obadiah D Harris)

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando
der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e pro-
longará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito;
o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, por-
que as iniquidades deles levará sobre si.”
(Profeta Isaías, Capítulo 53, Versículos 10 e 11)

90
Capítulo 8

O INFERNO

Vamos ver a definição de inferno por Aurélio Buarque de Holanda:


Inferno, Segundo a mitologia, lugar subterrâneo onde estão as almas dos
mortos; lugar que, segundo o cristianismo, é destinado ao suplício eterno
das almas dos condenados; lugar dos demônios; Sentido Figurado: vida de
martírio; tormento; grande desordem; confusão; ___ verde (brasileiro):
denominação literária da amazônia, da grande baixada que vai dos arre-
dores de Nauta, no Peru, às plagas do Atlântico.
(AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA)

O dicionarista colhe informações das fontes de origem da palavra e os termos


sublinhados serão comentados:
“Segundo a mitologia”, podemos constatar que a primeira origem é mitoló-
gica.
Então vejamos o significado da palavra mitologia, segundo o mesmo diciona-
rista e suas derivações.
Mitologia (mythologia) substantivo feminino; História fabulosa dos deu-
ses, semideuses e heróis da antiguidade; a ciência dos mitos; conjunto de
fábulas; explicação de mitos.

Mito, (mytho) substantivo masculino; Fato, passagem dos tempos fabulo-


sos; tradição que, sob forma de alegoria, deixa entrever um fato natural
histórico ou filosófico; (figurativo) coisa inacreditável, sem realidade.

Fábula, substantivo feminino; Narração alegórica, cujas personagens são


geralmente animais e que encerra uma lição moral; mitologia; ficção;
mentira; enredo de poema, romance ou drama; (figurativo) assunto de
crítica ou mofa. (Diminutivo irregular: fabela. Conforme fabula do verbo
fabular.)

Então podemos parcialmente observar verossimilhança, ou seja, uma mentira


com aparência de verdade no uso da palavra inferno.
A segunda origem é “suplício eterno das almas dos condenados”, quan-

91
to a esta origem, vou dedicar algumas linhas para explicá-la:
Primeiramente quero dizer que a alma é o centro das vontades e emoções e
nela não há eternidade, mas sim no espírito que herdou a eternidade por ter sido cria-
do à imagem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo.
Existem as pessoas que são predestinadas para a vida eterna e as demais, des-
tinadas para a morte eterna.
Com relação aos não escolhidos, já tratamos deste assunto no capítulo seis.
Tenho certeza de que o Amado Teófilo concorda que estas pessoas não podem
mesmo serem escolhidas, pois são incorrigíveis, e não há injustiça no fato delas não
serem escolhidas.
Se elas foram criadas para nos causar tribulação, qual seria a necessidade delas
no mundo da ressurreição, se lá não existirá mais o sofrimento?
Estas pessoas não irão para o inferno, e quando se menciona fogo, é para se -
rem destruídas e deixarem de existir e não para o suplício eterno.
Eles foram criados para este fim, para depois de cumprir o desígnio de tornar
nossas vidas sofridas, serem extintos, pois como já foi dito, eles não têm um espírito e
sim uma sombra, são descendentes da malignidade de Caim e como é dito em Apoca-
lipse serão lançados no lago de fogo para sua destruição.
Vamos raciocinar com base em afirmações de Jesus Cristo, o Verbo Encarna-
do:
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim ainda que morra viverá; e todo o que vive e crê
em mim não morrerá eternamente. Crês isto?”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 11, Versículos 25 e 26)

Se olharmos para o inverso desta proposição, o que ocorre com quem não crê?
É lógico que não viverá, mas sim morrerá, será extinto para sempre.
Vejamos agora a definição de inferno pela Bíblia de Estudo Almeida:
INFERNO Lugar e estado de castigo em que os perdidos estão eternamen-
te separados de Deus (Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 18, Versí-
culos 8 e 9; e Capítulo 25, Versículo 46; Evangelho Segundo São Lucas, Ca-
pítulo 16, Versículos do 19 ao 31; Segunda Epístola Universal de São Pe-
dro, Capítulo 2, Versículo 4; Apocalipse, Capítulo 20, Versículo 14). “infer-
no”, no Novo Testamento, traduz as palavras hades (uma vez) e geena (ver
Hinom).

92
HINOM Vale situado a sudoeste de Jerusalém, entre a estrada que vai
para Belém e a que vai para o mar morto. Estava na divisa entre os territó-
rios de Judá e Benjamim (Livro de Josué, Capítulo 15, Versículo 8). Ali se
queimavam crianças no culto a MOLOQUE (Segundo Livro de Reis, capítu-
lo 23, Versículo 10). Mais tarde era lugar onde se queimava lixo. Geena é a
forma grega do hebraico ge-hinom, que quer dizer “Vale do Hinom”, Ver
GEENA.

GEENA Lugar de castigo para os mortos. Ver HINOM, SHEOL E HADES.

SHEOL Palavra hebraica traduzida de várias maneiras no Antigo Testa-


mento. Na ordem decrescente do número de ocorrências; a Versão de
João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, traduz sheol por inferno, o
além, sepultura e cova, abismo, morte, reino dos mortos; a Versão de João
Ferreira de Almeida Revista e Corrigida, traduz por inferno, sepulcro, ter-
ra, Sheol. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje QUASE SEMPRE TRA-
DUZ Sheol por mundo dos mortos, algumas poucas vezes traduz por mor-
te e outras vezes por sepultura. Ver MUNDO DOS MORTOS

HADES Palavra grega que designa a morada dos mortos, bons e maus. Em
quase todos os contextos, HADES é equivalente a SHEOL (Atos dos Após-
tolos, Capítulo 2, Versículo 31). Possivelmente no seu Evangelho, Lucas
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 16, Versículo 23) tenha emprega-
do hades como GEENA, num contexto de castigo e tormento, visto que
essa era a visão típica dos gregos e romanos quanto à situação das pessoas
depois de sua morte.

MUNDO DOS MORTOS [Hebraico Sheol] De acordo com o pensamento


dos israelitas (judeus) antigos, um abismo escuro e silencioso situado nas
profundezas da terra, para onde todas as pessoas iam depois de morrer.
Ver SHEOL e REINO DOS MORTOS.

REINO DOS MORTOS Ver SHEOL (Profeta Isaías, Capítulo 14, Versículo
15; e Provérbios, Capítulo 2, versículo 18, da versão de João Ferreira de Al-
meida Revista e Atualizada)

Nós, Amado Teófilo, nem sequer precisaríamos nos preocupar com isto, pois
somos escolhidos e predestinados para a vida eterna, mas precisamos ler a Bíblia com
clareza, para não ficarmos com dúvidas.

93
O Amado Teófilo pode se perguntar, como este escritor sabe que todos os que
lerem este compêndio, são escolhidos?
É fácil saber, pois os destinados para a ira nunca se interessaram pela Bíblia, e
não vai ser agora que se interessarão, se algum deles ler, será com o intuito de dene-
grir e desacreditar.
Não pensem que entre os líderes da cristandade não hajam destinados para a
ira, pois os psicopatas podem se utilizar de qualquer meio para manipular as pessoas,
e uma destas ferramentas, pode ser a religião.
“Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os
quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta con-
denação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de
nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.

Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só
contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autori-
dades superiores (características dos psicopatas).
(Epístola Universal de Judas, Capítulo único, Versículos 4 e 8)

Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só


contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autori-
dades superiores (características dos psicopatas).
Essas referências da Bíblia de Estudo Almeida dão a impressão de que os não
escolhidos ou os destinados para a ira, terão uma vida eterna em sofrimento e suplí-
cio, mas este é um dos maiores mitos da cristandade, e serve muito bem, para manter
pessoas aprisionadas pelo medo.
Estas pessoas, que também desconhecem a predestinação, fazem tudo o que os
líderes mandarem fazer, com medo do inferno e do horror eterno.
Os destinados para a ira, jamais crerão no Espírito de Jesus Cristo, nem na En-
carnação do Verbo e não sou eu quem está dizendo isto, mas o próprio Jesus Cristo
na passagem seguinte:
“Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos
deixará a mente em suspenso? Se tu és o Cristo dize-o francamente.
Respondeu-lhes Jesus: já vo-lo disse, e não credes. As obras que
faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.
Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.

94
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me se-
guem.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arreba-
tará da minha mão.
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.
Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte
do Pai; por qual delas me apedrejas?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedreja-
mos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a
ti mesmo.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos do 24 ao 33)

Quem não crê não terá vida eterna, conforme o raciocínio da penúltima passa-
gem, não é dito que haverá vida eterna em eterno sofrimento.
Nos Evangelhos, onde os tradutores resolveram usar a palavra inferno, no ori-
ginal, seriam: a “geena ardente”, ou o vale do Hinom, ou o Sheol, ou Hades, ou Mun-
do, ou Reino dos Mortos.
As definições que foram mostradas não tem muito a haver com a concepção de
inferno da cristandade atual.
O vale do Hinom era onde descartavam tanto o lixo; assim como os leprosos,
ou iam para lá para morrerem, ou seus corpos eram descartados neste vale; assim
como criminosos; amaldiçoados; animais e etc.
Existe uma afirmação no Evangelho Segundo São Marcos, Capítulo 9, Versícu-
los 44 e 46; onde se diz que neste inferno (geena ardente), o verme não morre e o
fogo não se apaga.
A explicação para isto é que devido ao grande acúmulo de restos mortais, tanto
de animais, como de humanos, assim como lixo; existiam gazes resultantes de sua de-
composição.
Estes gazes são altamente inflamáveis, e com o sol quente daquela região, exis-
tiam vários focos de incêndio por ignição espontânea, e nos lugares onde não tinha
fogo, ficavam as larvas de insetos a se alimentar daquela podridão.
Alguns cientistas constataram vestígios de enxofre nesta região, que provavel-

95
mente teriam sido acrescentado para acelerar o processo de queima, com o intuito de
diminuir a parte infestada de larvas.
Esta é a explicação do porquê do verme não morrer e o fogo não se apagar.
Não é dito, em nenhum momento ou passagem bíblica, que algum espírito fi-
que neste local, num suplício eterno.
A palavra inferno vem de sheol ou seol no hebraico, e hades no grego, que sim-
plesmente é o mesmo que sepultura ou morada dos mortos, existiam lendas judaicas
que falavam de um lugar subterrâneo, onde os espíritos delituosos aguardavam um
julgamento, mas como foi dito, é lenda, talvez esta lenda tenha dado origem a versão
Católica do purgatório.
Agora apreciando os detalhes da Bíblia de Estudo Almeida, começamos com a
seguinte asseveração: “Lugar e estado de castigo em que os perdidos estão
eternamente separados de Deus”, é impossível que alguma coisa exista, tanto no
espaço físico como no mundo espiritual, separado do Espírito de Jesus Cristo.
Vamos analisar algumas das citações que nos foram dadas nas definições da
Bíblia de estudos Almeida.
Vamos à primeira citação da definição de inferno da Bíblia de Estudos Almei-
da:
“Portanto, se a tua mão ou pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora
de ti; Melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas
mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.
Se um dos teus olhos te faz tropeçar; arranca-o e lança-o fora de ti;
melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, se-
res lançado no inferno de fogo.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 18, Versículos 8 e 9)

Vamos ver uma passagem de São Mateus, que é o mesmo autor da passagem
acima, e esta passagem além de estar no mesmo livro, é também uma afirmação re-
dundante, ou seja repetitiva desta acima e que mostra que não o espírito, mas o corpo
será lança do no inferno:
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com in-
tenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Se o teu olho direto te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te
convém que se perca um dos seus membros, e não vá todo o teu corpo

96
para o inferno.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 5, versículos 27 e 29)

Se é mencionado o corpo, somente pode tratar-se de castigos aplicados nesta


vida, pois um castigo para ser eterno teria que ser no espírito, e com certeza o Espíri-
to de Jesus Cristo não aplicaria castigo a quem é sua imagem e semelhança.
Vamos à segunda citação da definição de inferno da Bíblia de Estudos Almei-
da:
“E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida
eterna.”
(Segundo São Mateus, Capítulo 25, Versículo 46)

São mateus, assim como outros devem ter encontrado referência em uma pas-
sagem do Antigo Testamento, no livro do Profeta Daniel:
“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a
vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.”
(Profeta Daniel, Capítulo 12, Versículo 2)

Estas duas passagens apenas nos trazem um problema de interpretação, mas


como a Bíblia a si mesmo se confirma, leiamos ela toda, para observar a clareza de
certos conceitos em passagens de interpretação mais acessível.
O castigo eterno e a vergonha e horror eterno, são nada mais nada menos que
a extinção eterna.
Vamos à terceira citação da definição de inferno da Bíblia de Estudos Almei-
da:
“Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho fi-
níssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente.
Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de cha-
gas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que
caiam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras.
Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos Anjos ao seio de
Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.
No Inferno (no sepulcro), estando (ainda) em tormentos (aguardando a
destruição eterna), levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu
seio.
Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E
manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a lín-

97
gua, porque estou atormentado nesta chama.
Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus
bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele
está consolado; tu, em tormentos.
E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de
sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os
de lá passarem para nós.
Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa pa-
terna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de
não virem também para este lugar de tormento.
Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
Mas ele insistiu: Não, Pai Abraão; se alguém dentre os mortos for
ter com eles, arrepender-se-ão.
Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profe-
tas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre
os mortos.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 16, Versículos do 19 ao 31)

Esta citação é tematicamente folclórica, esta passagem é uma parábola, que


aproveita elementos da cultura judaica citada por Jesus Cristo, e a finalidade é a de
trazer ilustração para as bem-aventuranças, pois o mendigo que sofria em vida teve
consolo em sua morte.
Na cultura judaica, os bons ao morrerem iam para o seio de Abraão: “Aconte-
ceu morrer o mendigo e ser levado pelos Anjos ao seio de Abraão”, e os
maus para o sheol, que os tradutores chamam de inferno, mas, na verdade, é a sepul-
tura tanto que é dito sobre a morte do rico: “morreu também o rico e foi sepul-
tado”.
As chamas que menciona o rico é o paralelo da Geena, que está na citação da
Bíblia de Estudos Almeida.
Esta passagem também deixa claro a predestinação, pois declara que os paren-
tes de Lázaro, nem com o testemunho de um ressuscitado se arrependeriam.
É isto que sempre acontece com os destinados para a ira, pois não se arrepen-
dem nem com o testemunho da ressurreição de Jesus Cristo.
Vamos à quarta citação da definição de inferno da Bíblia de Estudos Almeida:
“Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes, precipi-
tando eles no inferno (sepulcro), os entregou a abismos de trevas, reser-

98
vando-os para juízo;”
(Segunda Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 2, Versículo 4)

No antigo testamento, muitas mortes, foram aplicadas como castigo coletivo


ao povo de Israel.
Houve o dilúvio, que antes mesmo de existir o povo escolhido, que seria o povo
de Israel, onde morreram, tanto os da descendência de Caim como muitos predesti-
nados, que tiveram seus espíritos criados no sexto dia da criação.
Assim estes como todos os justos que morreram antes da libertação trazida
pela encarnação do Verbo, ou seja, Jesus Cristo, estes também tinham que receber os
benefícios da existência abençoada, em carne, de nosso Criador.
A próxima citação traz a passagem onde São Pedro explica o que foi feito para
que se confirmasse eternidade destes espíritos, que são os anjos da citação anterior:
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo
pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivifi-
cado no Espírito, no qual também foi e pregou para os espíritos em prisão,
os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de
Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual
poucos, a saber, oito pessoas, foram salvas, através da água, a qual, figu-
rando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imun-
dícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus,
por meio da ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu,
está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e po-
deres.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 3, Versículos do 18 ao
22)
______________________________________________________
“Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles
ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele
que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o
evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne
segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 4, Versículos do 4 ao
6)

Há uma grande confusão com relação à palavra anjo.


No hebraico, anjo, além de seu significado ser mensageiro, também significa

99
espírito, existem os Anjos do Espírito de Jesus Cristo, que são mencionados em toda
a Bíblia e os anjos que são os espíritos dos indivíduos da humanidade, que foram cri -
ados no sexto dia da criação.
Em Apocalipse é referido aos sete Espíritos de Deus, que é sua Onipresença
manifesta através de Anjos.
Sete simboliza o infinito, na verdade está se referindo às múltiplas aparições
do Espírito de Jesus Cristo em forma humana, que em virtude de sua Onipresença,
ele pode torná-las reais, em qualquer parte da terra ao mesmo tempo, como seu único
Espírito fossem milhares, milhões ou um valor infinito.
Os sete anjos das sete trombetas, também, são a manifestação múltipla do Es-
pírito de Jesus Cristo.
Os anjos que são referidos como criatura, são os espíritos dos homens; “Deus
não poupou a anjos quando pecaram”.
Não sei de onde tiraram esta ideia de que anjos são criaturas fantásticas e su-
periores aos homens. Da Bíblia eu tenho certeza que não foi.
Isto é um grande equívoco!
Existem posições teológicas que colocam os Anjos numa espécie de hierarquia,
entre nós e o Espírito de Jesus Cristo.
Mas nenhuma outra criatura pode ter importância maior do que o homem,
pois o homem é primícia da criação, ou seja, não há nenhuma outra criatura de Deus
que supere a importância do homem na criação, pois o espírito do homem foi criado a
imagem e Semelhança do Espírito de Jesus Cristo, o que fundamentaremos agora:
Vejamos o que disse Tiago:
“Não vos enganeis, meus amados irmãos.
Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai
das luzes em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.
Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade,
para que fôssemos como primícias das suas criaturas.”
(Epístola Universal de Tiago, Capítulo 1, versículos do 16 ao 18)

Observem a assertiva: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criatu-
ras”.
Vejamos também o que São Paulo disse:

100
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo
presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de
Deus.
Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por
causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será
redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos
de Deus.
Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo geme e suporta
angústias até agora.
E não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito,
igualmente gememos em nosso intimo, aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo.
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, Versículos 18 ao 23)

Nesta passagem de São Paulo aos Romanos, também tem a mesma assertiva:
“mas também nós, que temos as primícias do Espírito”.
Vamos à quinta citação da definição de inferno da Bíblia de Estudos Almeida:
“Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de
fogo.
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado
para dentro do lago de fogo.”
(Apocalipse, Capítulo 20, Versículos 14 e 15)

Vamos verificar a origem deste Livro da Vida, que é onde estão relacionados
todos os espíritos dos homens que foram criados no sexto dia da Criação:
“Foi-lhe dado, também que pelejasse contra os santos e os vences-
se. Deu-se lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo e nação; e a adora -
rão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram es-
critos no Livro da Vida, do Cordeiro que foi morto, desde a fundação do
mundo.”
(Apocalipse, Capítulo 13, Versículos 7 e 8)

Nas traduções que eu li há algumas décadas, a expressão: “, do Cordeiro que


foi morto,”, sempre esteve entre vírgulas, mas nos dias de hoje sumiram com estas
duas vírgulas.
O que nos dá a impressão de que o Cordeiro foi morto antes da fundação do

101
mundo, alguns preletores já arrumaram uma maneira de justificar este erro.
Dizendo que o Espírito de Jesus Cristo teve que matar um cordeiro para usar
sua pele para vestir a Adão e Eva, realmente Ele os vestiu com pele de animais, mas
não sabemos de que animal, e este fato ocorreu depois da Fundação do Mundo.
Esta última configuração, sem a expressão entre vírgulas, desconfigurou o real
significado, pois o Livro da Vida é que foi escrito antes da fundação do mundo.
A fundação do mundo é considerada, quando o Espírito de Jesus Cristo, no
versículo quatro do segundo capítulo de Gênesis, faz a bruma regar a terra e a partir
dali cria o corpo físico de Adão.
Portanto o sexto dia da criação é antes da fundação do mundo quando foram
criados todos os nossos espíritos (dos eleitos, escolhidos ou predestinados).
Quem foi criado depois da fundação do mundo, além do corpo físico de Adão e
Eva, foram as sombras de Caim (Diabo) e seus “anjos” (sombras).
Muitos pregadores querem apresentar a imagem de um deus bonachão, o que
não é o caso do Espírito de Jesus Cristo:
“Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até
o sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre con-
vosco:
Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem
desmaies (o mesmo que desanimeis) quando por ele és reprovado; porque o
Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois
que filho há que o pai não corrige?”
Mas, se estais sem correção, de que todos têm se tornado partici-
pantes, logo, sois bastardos e não filhos.
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 12, versículos do 5 ao 8)

O Espírito de Jesus Cristo não é vingativo, pois os pecados passados, onde


houve arrependimento sincero ele esquece, mas tribulações são impostas àquele esco-
lhido que se desvia do caminho.
“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim
também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimula-
damente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o soberano
Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos, repentina destruição.
E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles,
será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, fa-

102
rão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há
longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.”

“E muitos seguirão as suas práticas libertinas”, muitos escolhidos e


predestinados para a vida eterna, se deixam levar pelos filhos da ira.
O resultado é uma disciplina em forma de tribulação, que nos obriga a manter-
mos o caminho, a exemplo do boi do arado, que é machucado pelos aguilhões, quan-
do sai da trilha.
Vou adiantar uma frase de uma citação que ainda será apresentada neste com-
pêndio dita pelo Espírito de Jesus Cristo a São Paulo em sua conversão: “Dura coisa é
o recalcitrares contra os aguilhões”.

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho
para retribuir a cada um segundo as suas obras.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.
Bem-aventurado aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue
do Cordeiro], para que lhe assista o direito à árvore da vida, e entrem na
cidade pelas portas.
Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idó-
latras e todo aquele que ama e pratica a mentira.
Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas ás Igre-
jas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante estrela da manhã.
O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve diga vem! Aquele
que tem sede venha, quem quiser receba de graça a água da vida.”
(Apocalipse, Capítulo 22, Versículos do 12 ao 17)

Nota: Estou plenamente certo de que os escolhidos e predestinados, entrarão na cida-


de pela porta que é a fé no Espírito de Jesus Cristo.
Quanto ao galardão, maior será quanto maior tiverem sido os dias de Ilumina -
ção em que vivermos neste mundo amaldiçoado.

Nota 2: Galardão = Recompensa de serviços valiosos; prêmio; glória.


(Aurélio Buarque de Holanda)

103
Capítulo 9

A CRIAÇÃO DO MAL

Antes de mais nada, vamos desmistificar a lenda de que satanás foi um anjo
criado por Deus e que se tornou mau.
Quero lembrar ao Amado Teófilo que no livro de Gênesis, que trata da criação,
não está relatado que o Espírito de Jesus Cristo tenha Criado Anjos.
Se faz necessário, que seja explanado um assunto muito importante, antes de
prosseguirmos com o tema deste capítulo.
Jesus Cristo está acima do bem e do mal, não só isto, mas ele é o Único Cria-
dor, pois ninguém mais tem Onipotência para criar, Ele é quem criou absolutamente
tudo, inclusive o bem e o mal:
“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Se-
nhor, faço todas estas coisas”
(Profeta Isaías, Capítulo 45, Versículo 7)

Vejamos outra passagem, para que tenhamos uma visão mais madura, sobre o
poder ilimitado do Espírito de Jesus Cristo:
“Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas do fogo e produz
arma para o seu devido fim; também criei o assolador para destruir.
Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar
contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor
e o seu direito que de mim procede, diz o Senhor.”
(Profeta Isaías, Capítulo 54, Versículos 16 e 17)

Quando é que o Espírito de Jesus Cristo criou o bem e o mau?


“Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis
à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim
e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim co-
merás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (fisi-
camente).”
(Gênesis, Capítulo 2, Versículos 9, 16 e 17)

104
Neste momento, tanto o bem quanto o mal já estavam criados, e logicamente,
criados pelo único Criador, que é o Espírito de Jesus Cristo, somente faltava que o ho-
mem tivesse conhecimento deles.
O mal tem duas faces, a que está relatada na passagem anterior, que é o mal
existente dentro da natureza carnal do homem, e que a psicologia veio a chamar de
Ego, muito bem explanada por São Paulo a seguir:
“Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo con-
trário, o pecado (Ego), para revelar-se como pecado (Ego), por meio de uma
coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mos-
trasse sobremaneira maligno.
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal,
vendido à escravidão do pecado (Ego).
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois
não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado (Ego) que ha-
bita em mim.
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne (Ego), não habita
bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse
faço.
Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o
pecado (Ego) que habita em mim.
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal (Ego) resi-
de em mim.
Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando com a lei da mi-
nha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado (Ego) que está nos meus
membros.
Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo (Ego)
desta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu,
de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, Segundo a
carne (Ego), da lei do pecado (Ego).

Com relação à passagem anterior, observando o estudo que será feito nos
próximos capítulos sobre a estrutura transcendental do homem, o Amado Teófilo en-

105
tenderá os termos que eu assinalei com a palavra Ego entre parênteses.
Quero ressaltar, que esta passagem anterior, se refere aos escolhidos do Espíri-
to de Jesus Cristo.
O espíritos dos escolhidos e predestinados foram criados a imagem e seme-
lhança do Espírito de Jesus Cristo, no sexto dia da criação, antes da fundação do
mundo:
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem fei-
tos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nas-
ceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, versículos 12 e 13)

O que nos diferencia dos descendentes de Caim?


Temos duas respostas:
1) Eles não reconhecem que Jesus Cristo é o nosso Criador e só se interessam pelas
coisas terrestres e tudo isto é em consequência deles não possuírem a condição de fi-
lhos: “Mas, a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”;
2) A origem não é a mesma: “os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus ”.
Pois a descendência de Caim, por possuírem sombras em lugar do espírito
agem completamente em função do Ego, não havendo a possibilidade de arrependi-
mento para elas, como já vimos em capítulo anterior, que estes são os psicopatas.
A outra face do mal, é a que viria a causar tribulações ao homem, e que foi ins-
tituída quando o Espírito de Jesus Cristo amaldiçoou a terra e também a Caim.
Existe uma evidência bíblica que Satanás e a ira do Senhor são a mesma coisa.
O Espírito de Jesus Cristo, perfeito, como é, não possui fraquezas humanas
como a ira, portanto estamos diante de um antropomorfismo; e esta ira, trata-se de
um elemental criado no momento da maldição da terra, e não é de se estranhar que
seja o próprio Satanás.
As duas próximas citações são narrações que tratam do mesmo episódio narra-
dos por duas pessoas diferentes, em épocas diferentes:
“Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar
o censo de Israel.

106
Disse Davi a Joabe e aos chefes do povo: Ide, levantai o censo de Is-
rael, desde Berseba até Dã; e trazei-me a apuração para que eu saiba o seu
número.”
(Primeiro Livro de Crônicas, Capítulo 21, Versículos 1 e 2)

Este episódio é contado por Esdras, no livro de Crônicas, por volta do ano 520
antes do nascimento de Jesus Cristo, sendo que o senário do episódio ocorre por volta
do décimo século antes do nascimento de Jesus Cristo.
Este mesmo episódio na visão do segundo livro de Samuel, cujos autores foram
Natã e Gade, foi escrito por volta do décimo século antes do nascimento de Jesus
Cristo, ou seja a narrativa é contemporânea do fato:
“Tornou a ira do Senhor a acender-se contra os Israelitas, e ele in-
citou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá.
Disse, pois, o rei a Joabe, comandante do seu exército: Percorre to-
das as tribos de Israel, de Dã a Berseba, e levanta o senso do povo, para
que eu saiba o seu número.”
(Segundo Livro de Samuel, Capítulo 24, Versículos 1 e 2)

Antes quero fundamentar o porquê de ser uma transgressão o fato de Davi ter
feito o recenseamento:
“Disse mais o Senhor a Moisés: Quando fizeres recenseamento dos
filhos de Israel, cada um deles dará ao Senhor o resgate de si próprio,
quando os contares; para que não haja entre eles praga nenhuma, quando
o arrolares.”
(Êxodo, Capítulo 30, Versículos 11 e 12)

Observem a comparação da narrativa do mesmo episódio, Esdras diz: “Sata-


nás se levantou contra Israel”; já Natã ou Gade dizem: “Tornou a ira do Se-
nhor a acender-se contra os Israelitas”.
Torno a dizer que Satanás foi criado no momento que o Espírito de Jesus Cris-
to amaldiçoou a terra, exclusivamente para trazer todas as tribulações ao homem du-
rante o tempo em que o homem estiver dentro desta caixa de tempo e espaço, que é
este mundo físico e amaldiçoado em que vivemos.
Porém estaremos livres de Satanás em nossa ressurreição, pois ele não estará
lá.
O livro de Jó, mostra-nos como o relacionamento do Espírito de Jesus Cristo

107
com Satanás não era hostil:
“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o
Senhor, veio também Satanás entre eles.
Então, perguntou o Senhor a Satanás: Donde vens? Satanás res-
pondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela.
Pergunta ainda o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó?
Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, te-
mente a Deus e que se desvia do mal.
Então, respondeu Satanás ao Senhor: Porventura, Jó debalde teme
a Deus?
Acaso, não o cercaste de sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem?
A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.
Estende, porém a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se
não blasfema contra ti na tua face.
Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu
poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença
do Senhor”
(Livro de Jó, Capítulo 1, Versículos do 6 ao 12)

Antes de comentar o foco principal desta citação, quero adiantar para o Amado
Teófilo, que os filhos de Deus, descritos nesta passagem, são os espíritos dos eleitos e
predestinado, que são a Sua imagem e semelhança, assim como nós o somos.
Jó, não deixando de ser um dos filhos de Deus, estava na condição de encarna-
do, portanto passava por suas lições da escola da vida, neste mundo amaldiçoado.
O que o Espírito de Jesus Cristo faz neste momento, é passar uma das lições a
que todos nós, escolhidos e predestinados, estamos sujeitos, nesta escola da vida, até
alcançar a Iluminação e adquirirmos, por fé, a esperança no mundo vindouro da res-
surreição e estes sofrimentos, quando Iluminados estivermos, não passarão de uma
leve e momentânea tribulação.
Quanto ao relacionamento do Espírito de Jesus Cristo com Satanás, o que con-
sigo entender desta narração, é que há uma relação de patrão e empregado, e quando
este empregado não for mais necessário, ou seja, no sétimo dia da criação, que é o dia
de nossa ressurreição, será demitido, ou seja, deixará de existir.
Observemos no início do livro de Jó, que ele era íntegro e fiel, mas lhe faltava a
Iluminação, mas a provação encomendada para ele surtiu efeito, pois declara que ele
atingiu a Iluminação ao fim da história:

108
“Então, respondeu Jó ao Senhor:
Bem sei que tudo podes, e nenhum de seus planos podem ser frus-
trados.
Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o
conselho?
Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais
para mim, coisas que eu não conhecia.
Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me
ensinarás.
Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”
(Livro de Jó, Capítulo 42, Versículos do 1 ao 6)

Numa passagem em que Jesus Cristo se retira por quarenta dias no deserto, o
diabo (seu ego), tentou corrompê-lo:
“E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos da ter-
ra.
Disse-lhe o diabo (Ego): Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória
destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser.
Portanto, se prostrado me adorares, toda será tua.
Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adora-
rás e só a ele darás culto.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 4, versículos do 5 ao 8)

Qual criatura teria o poder de elevando-o, mostrar-lhe o que quer que fosse,
pois ele é o próprio Criador, somente o seu próprio ego poderia ter feito isto.
Mas como já foi dito, Jesus Cristo, neste retiro de quarenta dias, resistindo a
três investidas do ego anulou-o, preferindo adorar seu próprio Espírito (O Pai); por
isto, o nosso ego projeta o diabo, para atribuir culpa a alguém que não sejamos nós.
Como vimos, o próprio Jesus Cristo declara o primeiro e o maior mandamen-
to: Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás
e só a ele darás culto, que foi estabelecido pelo Espírito de Jesus Cristo a Moisés,
um milênio e meio antes do nascimento de Jesus Cristo, no livro do Êxodo, capítulo
20, versículos 5 e 6; e também no livro Deuteronômio, capítulo 6, versículo 13.
As criaturas, como Satanás, que é o que nos torna a vida cheia de dificuldades
e o Diabo e seus Demônios, que alguns chamam de anjos, que é Caim e sua descen-

109
dência, foram criados para ficarem somente aqui, neste mundo atribulado, eles não
fazem parte da eternidade, quando este mundo limitado por tempo e espaço, deixar
de existir, eles deixarão de existir juntamente, com ele.
Nosso Criador Jesus Cristo já disse que não somos deste mundo, mas perten-
cemos ao mundo que viveremos na ressurreição:
“Aqueles a quem o Senhor abençoa possuirão a terra; e serão exter-
minados aqueles a quem amaldiçoa.

Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos; serão
preservados para sempre. Mas a descendência dos ímpios será extermina-
da.

O perverso espreita o justo e procura tirar-lhe a vida.
Mas O Senhor não o deixará nas suas mãos, nem o condenará
quando for julgado.
Espera no Senhor, segue o seu caminho, e ele te exaltará para pos -
suíres a terra; presenciará isto quando os ímpios forem exterminados.”
(Salmos, Capítulo 37, Versículos 22, 28 e do 32 ao 34)

Passamos, agora, a mostrar uma passagem que alguns costumam deturpar sua
interpretação, que é a do capítulo 6 de Gênesis:
“Como se foram multiplicando os homens na terra, lhes nasceram
filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas,
tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhe agradaram.
Então, disse o Senhor: O meu espírito não agirá para sempre no ho-
mem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.
Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois,
quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhe de-
ram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade.
Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então,
se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no
coração (este parágrafo tem dois antropomorfismos).”
(Gênesis, Capítulo 6, Versículos do 1 ao 6)

Existem dois antropomorfismo na passagem anterior, são para justificar o ex-


termínio que estava para acontecer, logicamente pela vontade divina, haveria de ter

110
um motivo que estivesse presente no juízo de valores dos povos da antiguidade.
O primeiro é quanto ao arrependimento, pois, como já foi dito a perfeição do
Espírito de Jesus Cristo não possui atributos emocionais humanos como o arrependi-
mento.
O segundo é: “e isso lhe pesou no coração”, ao Espírito de Jesus Cristo,
não há razão para nenhum pesar, pois ele está ciente de todos os seus desígnios e que
a obra de sua criação já se conclui em um final glorioso.
Temos que amadurecer e saber que o ferreiro até criar uma ferramenta perfeita
necessita de pô-la em brasa e açoitá-la, mas ao fim vem os frutos de uma boa ferra -
menta fabricada.
“....mas como está escrito: (citação do Profeta Isaías, Capítulo 64, Versículo 4)
Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o
amam.(fim da citação do Profeta Isaías, Capítulo 64, Versículo 4)
Mas Deus nos revelou-o pelo espírito; porque o espírito a todas as
coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 2, versículos 9 e
10)

Na verdade o dilúvio, assim como tudo o que acontece, faz parte do processo
da criação, já estipulado pelo Criador, que já tem todos os fatos que aconteceram,
acontecem e ainda vão acontecer, em seu conhecimento ilimitado.
Voltando a comentar a passagem de Gênesis, que é a penúltima.
Há insinuações de que estes filhos de Deus seriam Anjos, existem intérpretes
que dão uma conotação até mitológica para isto.
Os únicos filhos do Espírito de Jesus Cristo que havia naquela época eram os
homens descendentes de Sete, filho de Adão, porque os descendentes de Caim eram
os filhos do maligno, pois Caim foi a semente do mal como vimos em capítulo anteri -
or.
Agora quanto a força de expressão, de referir-se aos homens como filhos de
Deus, e às mulheres como filhas dos homens, podemos comparar com uma passagem
de São Paulo que usa uma semelhante forma de se expressar, alguns milênios depois:
“Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser
ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e

111
sim a mulher, por causa do homem.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 11, Versículos do 7
ao 9)

O gigantismo pode muito bem ser proveniente de alterações genéticas, devido


a existência de muitas relações consanguíneas consecutivas, pois a sequência, que di-
minuiria progressivamente a consanguinidade, não deve ter sido observadas por al-
gumas pessoas.
Agora quanto à maldade do homem se multiplicar, o fator preponderante para
isto não é genético, e sim a presença da descendência de Caim, com suas sombras,
que estavam a se misturar com os descendentes de Sete, filho de Adão.
Como vimos no capítulo anterior, Caim e sua descendência, não são possuido-
res de um espírito que sejam à imagem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo, mas
sim sombras que não ressuscitam.
Com relação à passagem do capítulo 6 de Gênesis; “Viu o Senhor que a
maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continua-
mente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o Senhor
de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”; a isto, como já
foi dito, nós chamamos de antropomorfismo (forma humana), pois o Espírito de Je-
sus Cristo, Onisciente e conhecedor da história de eternidade a eternidade, e que
nada para ele pode ser surpresa, jamais se arrependeu, jamais se arrepende e jamais
se arrependerá de alguma coisa.
Existem, ainda duas passagens, que são usadas, erroneamente, para se afirmar
a existência de anjos caídos: Uma está no capítulo 14 do Livro do profeta Isaías e a
outra no capítulo 28 do Livro do profeta Ezequiel:
Vamos primeiro ao do Profeta Isaías:
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitavas as nações!
Tu dizia no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei seme-
lhante ao Altíssimo.
Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais pro-
fundo do abismo.”
(Profeta Isaías, Capítulo 14, Versículos do 12 ao 15)

112
Quem vê parece, mas não é, se o Amado Teófilo ler todo o capítulo 14 verá que
o contexto é outro.
A temática deste capítulo é o hino triunfal sobre a queda da Babilônia, é neste
caso que se tira proveito da alegorização, pois o texto deste capítulo é totalmente ale-
górico.
Os atributos proclamados nesta passagem são referentes ao próprio Ego do ho-
mem.
O homem soberbo esquece que existe um Criador e se julga um deus, só do ho-
mem julgar que não necessita do Espírito de Jesus Cristo, já está se julgando maior
do que Ele.
Ignorarmos a Soberania do Espírito de Jesus Cristo é pura tolice.
Como disse São Paulo, no capítulo 17, de Atos dos Apóstolos:
“Então, Paulo, levantando-se no meio do areópago (colina rochosa
onde era adorado Ares [para os gregos] ou Marte [para os romanos], deus grecoroma-
no da guerra, e também nela funcionava um tribunal de Atenas), disse: Senhores
atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passan-
do e observando os objetos do vosso culto, encontrei um altar no qual está
inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer
é precisamente aquele que vos anuncio.
O Deus que fez o mundo e tudo que nele existe, sendo ele Senhor do
céu e da terra, não habita em santuários feito por mãos humanas.
Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa preci-
sasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de
um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, ha-
vendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites de sua ha-
bitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar,
bem que não está longe de cada um de nós (no nosso interior); pois nele vive-
mos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas (filósofos)
têm dito: Porque dele também somos geração.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 17, Versículos do 22 ao 28)

Vamos à passagem do Profeta Ezequiel que é usada como justificativa para a


existência dos anjos caídos:
“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Filho do homem, levanta uma lamentação ao rei de Tiro e dize-lhe:
Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e

113
formosura.
Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te
cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira,
o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os orna-
mentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados.
Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias
no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado
até que se achou iniquidade em ti.
Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de vio-
lência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e
te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras.”
(Profeta Ezequiel, Capítulo28, Versículos do 11 ao 16)

Esta quase convence, mas também não é, o profeta Ezequiel é hiperbólico em


suas alegorias, mas a temática deste texto é uma lamentação contra o rei de Tiro, uma
cidade portuária da Fenícia.
Na descrição geográfica do Jardim do Éden, há muitas coincidências com a lo-
calização do porto de Tiro.
Como na passagem do Profeta Isaías, todas estas hipérboles são referências
aos desvios de caráter provocados pelo Ego, logicamente os filhos da ira têm isto mais
exacerbado, devido o comportamento deles serem somente conduzidos pelo Ego e
sem freio nenhum.
Enquanto que nós também somos possuidores de Ego, mas temos freio para
suas artimanhas, que é a nossa consciência no espírito.
Temos que ter o máximo cuidado com as revelações destes capítulos, para que
não comecemos a ficar classificando quem é filho da ira ou filho de Deus
Vou passar agora, uma série de textos, que nos orientam no porquê, de não po-
dermos tentar identificar os filhos da ira, nós devemos viver sem julgar ou condenar
quem quer que seja:
“Tu, porém, me dirás: de que se queixa ele ainda? Pois quem jamais
resistiu a sua vontade?
Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura,
pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro (pessoa que fabrica objetos de barro) direito sobre a
massa, para do mesmo barro fazer um vaso para a honra e outro, para de-

114
sonra?
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar sua ira e dar a co-
nhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira,
preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as ri-
quezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou
de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre
os judeus, mas também dentre os gentios?”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 9, Versículos do 19 ao 24)

Se o Espírito de Jesus Cristo “suportou com muita longanimidade os va-


sos de ira”, não seríamos nós que os iríamos julgar, até porque, poderemos, estar
condenando uma ovelha desgarrada.
Não podemos nem ofender as pessoas por achar que elas sejam “filhos da ira”.
“Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até
os pecadores amam aos que os amam.
Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recom-
pensa? Até os pecadores fazem isso.
E, se emprestais àqueles de quem esperas receber, qual é a vossa
recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para rece-
berem outro tanto.
Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem es-
perar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Al-
tíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso pai.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 6, versículos do 32 ao 36)

Não é dito se são filhos da ira ou não, mas nós temos que amar: Amai, po-
rém, os vossos inimigos.

Muito cuidado com as revelações tanto deste capítulo como do capí-


tulo seis. Não julgueis.

115
Capítulo 10

ILUMINAÇÃO E SALVAÇÃO

A palavra Iluminação é vista pelos teólogos e líderes religiosos, carregada do


estigma de ser uma palavra usada nas ceitas e religiões exotéricas e ocultistas, mas
esta palavra é empregada em muitas passagens bíblicas.
Por isto não podemos ignorá-la.
Temos que remover esta forma estereotipada e preconceituosa de analisarmos
a Bíblia, caso contrário, nunca a entenderemos.
O Espírito de Jesus Cristo se fez homem para nos trazer a Iluminação:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez.
A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela.
Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João (purificador
ou batista).
Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a
fim de todos virem a crer por intermédio dele.
Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a
verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 1, versículos do 1 ao 9)

Vejamos mais algumas passagens que falam de Iluminação:


“Busquei o Senhor, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus
temores.
Contemplai-o e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá
vexame.
Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas
tribulações.”
(Salmos Capítulo 34, Versículos do 4 ao 6)

A passagem anterior, mostra como a Iluminação faz com que passemos pelos

116
infortúnios da vida, e deste mundo, mantendo a paz que excede todo o entendimento.
“Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de Ilumi-
nados, sustentastes grande luta e sofrimentos; ora expostos como espetá-
culo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora tornando-vos copartici-
pantes com aqueles que desse modo foram tratados.
Porque não somente compadecestes dos encarcerados, como tam-
bém aceitastes com alegria o espólio dos seus bens, tendo ciência de pos-
suirdes vós mesmos, patrimônio superior e durável.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, versículos do 32 ao 34)

Observem nesta passagem anterior, que as pessoas Iluminadas, são dotadas de


uma alegria interior, que não é afetada por nenhum acontecimento ao seu redor.
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Porquanto aos que de antemão conheceu (desde antes da fundação do
mundo), também os predestinou para serem conformes a imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou,
a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorifi-
cou.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, Versículos do 28 ao 30)

O sistema da cristandade prega que o motivo de nos congregarmos e preocu-


parmo-nos com a Bíblia, hora é para que conquistemos a nossa salvação eterna e ou-
tras ocasiões é para que tenhamos prosperidade e curas.
Nem uma coisa nem outra, estas pregações não são verdades bíblicas.
A verdadeira necessidade de congregarmo-nos é para que desenvolvamos a
nossa Iluminação que também é referida como salvação.
O Iluminado tem a visão da glória de Jesus Cristo através de seu espírito:
“Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, po-
rém, a sabedoria deste século (deste mundo), nem a dos poderosos desta
época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em misté-
rio, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a
nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século co-
nheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Se-
nhor da glória; mas como está escrito: (citação do Profeta Isaías, Capítulo 64,
Versículo 4)

117
Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o
amam.(fim da citação do Profeta Isaías, Capítulo 64, Versículo 4)
Mas Deus nos revelou-o pelo espírito; porque o espírito a todas as
coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 2, versículos do 6
ao 10)

Existe a estrutura psicanalítica do homem, que está limitada às manifestações


da nossa mente residente em nosso cérebro, ou seja, a mente carnal.
Existe também a estrutura transcendental do homem, que abrange a esfera es-
piritual que envolve a psicanalítica, ou seja a psicanalítica está contida na transcen-
dental.
Vamos desenvolver este assunto, mas, primeiro, observem a seguinte parábola:
“E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um ho-
mem rico produziu com abundância.
E arrazoava consigo mesmo (seu Ego), dizendo: Que farei, pois não
tenho onde recolher os meus frutos?
E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei
maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.
Então, direi a minha alma (centro das vontades e emoções): tens em de-
pósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.
Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a alma; e o que
tens preparado, para quem será?
Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com
Deus.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 12, versículos do 16 ao 21)

Esta parábola tem o intuito de mostrar-nos, como temos que nos preocupar
mais com a espiritualidade do que com os bens materiais.
Mas eu quero aproveitar esta parábola para mostrar um pouco da estrutura in-
terior do homem.
Como podemos observar, o personagem da parábola, dialoga com o que eu
chamaria de “Ego”, que é um componente da estrutura psicanalítica.
Aos profissionais da área da psicologia que lerem este compêndio, quero escla-
recer, que toda a estrutura psicanalítica: “Id”, “Ego” e “Alter Ego”, está resumida na

118
palavra “Ego”, pois neste compêndio procuro ao máximo, levá-lo a uma linguagem
acessível ao senso comum.
A estrutura interior transcendental do homem é assim: nosso consciente,
quando pensamos, forma um diálogo com três elementos de nossa estrutura trans-
cendental, que são: a nossa alma (que é o centro de nossas vontades e emoções), o
nosso ego (que pertence à nossa estrutura psicanalítica e é o administrador de nossa
vida material, encarregado de buscar prazer, segurança, destaque social e etc), e por
fim o nosso espírito (que foi criado pelo nosso Criador, a sua imagem e semelhança).
As pessoas materialistas ignoram o espírito e dialogam apenas com a alma e
com o ego; e as pessoas Espiritualizadas ou Iluminadas, ignoram o ego e dialogam
apenas com a alma e com o espírito; evidentemente, no desenvolvimento da Ilumina-
ção, existe uma progressão, onde gradativamente, vamos dando mais atenção ao es-
pírito e reduzindo nossa atenção ao ego.
Vamos ilustrar com uma passagem de São Paulo:
“Poque os que se inclinam para a carne (ego) cogitam das coisas da
carne (ego); mas os que se inclinam para o espírito, das coisas do espírito.
Porque o pendor da carne (ego) dá para a morte, mas o do espírito,
para a vida e paz.
Por isso, o pendor da carne (ego) é inimizade contra Deus, pois não
está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
Portanto, aos que estão na carne (ego) não podem agradar a Deus.
Vós, porém, não estais na carne (ego), mas no espírito, se, de fato, o
Espírito de Deus habita em vós.
E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Se porém, Cristo está em vós, o corpo (ego), na verdade, está morto
por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, versículos do 5 ao 10)

Quando não somos iluminados, não temos a consciência de ter um espírito,


mas como já vimos, o espírito é quem tem a visão da eternidade e da glória do Espíri -
to de Jesus Cristo, estabelecendo um contato com Ele.
É no diálogo, que temos com o nosso espírito, que estendemos este diálogo
com o Espírito de Jesus Cristo, ao que chamamos de oração e/ou meditação.
O Antigo Testamento não é uma literatura espiritualista; exceto em algumas
passagens dos livros sapienciais, que são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânti-

119
co dos Cânticos.
No Antigo Testamento, todas as vezes em que aparece a palavra salvação, não é
uma referência à salvação eterna, como os pregadores de hoje exploram muito, mas
refere-se ao livramento de mortes, inimigos, guerra, catástrofes e etc.
No antigo Testamento existem várias passagens que demonstram que os ju-
deus acreditavam em vida após a morte, mas era uma eternidade garantida, não havia
preocupação em perdê-la:
“Foram os dias da vida de Abraão sento e setenta e cinco anos.
Expirou Abraão; morreu em ditosa velhice, avançado em anos; e foi
reunido ao seu povo.”
(Gênesis, Capítulo 25, Versículos 7 e 8)
_____________________________________________________
“E os anos da vida de Ismael foram cento e trinta e sete; e morreu e
foi reunido ao seu povo.”
(Gênesis, Capítulo 25, Versículo 17)
_____________________________________________________
“Velho e farto de dias, expirou Isaque e morreu, sendo recolhido ao
seu povo, e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram.”
(Gênesis, Capítulo 35, Versículo 29)
_____________________________________________________
“Tendo Jacó acabado de dar determinações a seus filhos, recolheu
os pés na cama, e expirou, e foi reunido ao seu povo.”
(Gênesis, Capítulo 49, Versículo 33)
_____________________________________________________
“Naquele mesmo dia, falou o Senhor a Moisés, dizendo:
Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de
Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que aos filhos de Israel
dou em possessão.
E morrerás no monte, ao qual terás subido, e te recolherás ao teu
povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte Hor e se recolheu ao seu
povo, porquanto prevaricaste contra mim no meio dos filhos de Israel, nas
águas de Meribá de Cades, no Deserto de Zim, pois me não santificastes no
meio dos filhos de Israel.
Pelo que verás a terra defronte de ti, porém não entrarás nela, na
terra que dou aos filhos de Israel.”
(Deuteronômio, Capítulo 32, Versículos do 48 ao 52)

Como podemos constatar, O Espírito de Jesus Cristo condena Moisés à morte

120
por um malfeito, mas morte física somente, se não fosse; Moisés não se encontraria
com Jesus Cristo no episódio da transfiguração, por volta de mil e quinhentos anos
depois:
“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago
e João e os levou, em particular, a um alto monte.
E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o
sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
E eis que lhe apareceram Moisés e Elias, falando com ele.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 17, versículos do 1 ao 4)

Com relação às leis de Moisés, a maior pena era a morte, mas em nenhuma
página do antigo testamento, fala que essa morte não passe de uma morte física:
“Ou se alguém ferir a outrem, com pedra na mão, que possa causar
a morte, e este morrer, é homicida; o homicida será morto.”
(Números, Capítulo 35, versículo 17)

No Antigo Testamento não se falava nem em inferno nem em morte eterna, a


palavra ressurreição, vem aparecer somente no livro do Profeta Isaías, capítulo 26 e
Profeta Daniel, capítulo 12; e mesmo assim eram profecias que viriam à luz do enten-
dimento, depois do nascimento de Jesus Cristo.
Já no Novo Testamento a palavra salvação, não é como muitos dizem, o alcan-
çar de uma salvação eterna.
A vida eterna já está reservada para todos os escolhidos.
Quando eu digo: “escolhidos” estou baseado nas seguintes passagens:
“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso
fruto permaneça; a fim de que quando pedirdes ao Pai em meu nome, ele
vo-lo conceda
Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me
odiou a mim.
Se fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia,
não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos
odeia.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 15, versículos do 16 ao 19)

Esta passagem não se refere apenas aos discípulos presentes, ela alcança nossa

121
geração, pois ele diz: “vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fru-
to permaneça”.
Se esta última passagem não for suficiente para que saibamos que nossa gera-
ção também é contemplada por esta escolha, apresento outra, que eliminará qualquer
dúvida:
“Eles não são do mundo, como também eu não sou.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao
mundo.
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles tam-
bém sejam santificados na verdade.
Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a
crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam
um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós;
para que o mundo creia que tu me enviaste.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 17, versículos do 16 ao 21)

Se eu já sei que sou um escolhido e predestinado, por que me preocuparia em


entender a Bíblia e me congregar?
A resposta é: para desenvolver a Iluminação ou Salvação.
A palavra Salvação tem relação com a palavra Iluminação, porque, quem está
sem iluminação, está conduzido pelo Ego, não visualiza eternidade e vê apenas este
mundo limitado, ou seja, está nas trevas.
Estando nas trevas somos conduzidos a fazer coisas inconvenientes, que tam-
bém podem ser chamadas de pecados, esta condição é produtora de muito sofrimen-
to, ou seja, quem é Iluminado, é salvo deste sofrimento e também tem um comporta-
mento sadio e que traz paz a todos ao redor.
Quando o Amado Teófilo ver a palavra salvação neste compêndio, em muitas
delas eu coloco a palavra Iluminação entre parêntese, pois todas as vezes que os auto-
res do Novo Testamento se referem à salvação, estão se referindo a uma vida Ilumi-
nada.
O que seria esta vida Iluminada?
“Ora a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos
que não se veem.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 11, versículo 1)

122
______________________________________________________
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação.
Não atentando nas coisas que se veem, mas nas que se não veem;
porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.
(Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 4, Versículos 17 e
18)

Até as lentes com que olhamos para as nossas tribulações, com a Iluminação,
são atenuadoras.
A Iluminação é a peregrinação que fazemos por este mundo, tendo a certeza de
que não somos dele, tendo a certeza da Glória proposta por Jesus Cristo, vivendo com
a paz que excede todo entendimento.
Sabendo que a Vontade de Jesus Cristo é boa, agradável e perfeita.
A Iluminação nos tira a ansiedade, pois os olhos de Jesus Cristo viram o nosso
Espírito, que é a sua imagem e semelhança, e no seu livro foram escritos todos os nos-
sos dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda
(Alusão ao Salmo 139).
O sistema da cristandade ensina a todos, que nós não temos condições de atin-
girmos o mesmo patamar espiritual dos Apóstolos, acusando-nos até de presunção se
nos compararmos a eles.
Também atribuem a necessidade de muito sofrimento e martirização para al-
guém alcançá-los, mas isto não é verdade, o que temos que passar passaremos, quer
nós queiramos ou não, sejamos santos ou não.
Quanto aos Apóstolos, eles se submeteram a tudo para que nós tenhamos a
Iluminação, assim como o Senhor Jesus Cristo se humilhou até a morte e morte de
cruz.
Agora vamos dizer que não somos dignos desta Iluminação e santidade!?
Isto pode ser visto até como uma heresia, pois estaríamos desprezando tama-
nho trabalho e sofrimento.
O Espírito de Jesus Cristo já considera seus escolhidos como santos:
“Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus
Cristo.
Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis

123
anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aque-
le que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vos-
so procedimento, porque escrito está:
Sede santos, porque eu sou santo.”
(Primeira Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 1, Versículos do 13 ao
16)

A medida que somos iluminados vamos nos tornando mais espirituais, ou ten-
do consciência de nosso espírito que é a imagem e semelhança do Espírito de Jesus
Cristo, e, logicamente, se ele é Santo, consequentemente seremos santos também.
Para sermos santos não é através de esforços de nosso ser carnal e muito me-
nos do nosso Ego, basta que deixemos o conhecimento de Jesus Cristo entrar em nos-
so interior e subjugar o Ego e negá-lo, fazê-lo calar-se, e estar apenas ciente de que
ele, o Ego, não tem domínio sobre nós, e esta Iluminação ou santidade será emergida
naturalmente de nosso interior.
Vou citar a passagem onde Saulo de Tarso recebe sua Iluminação e passa a ser
chamado de São Paulo, embora ela ocorra no capítulo nove de Atos dos Apóstolos,
mas agora, eu considero mais oportuno, citar quando ele próprio narra sua experiên-
cia ao rei Agripa no capítulo 26:
“Ao meio dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais
resplandescente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam co-
migo.
E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em lín -
gua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitra-
res contra os aguilhões.
Então eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor me res-
pondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
Mas levanta-te e firma-te sobre os teus pés, porque por isto te apa-
reci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me
viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do povo e
dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os con-
verteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim
de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santi-
ficados (ou Iluminados) pela fé em mim.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 26, versículos do 13 ao 18)

Quanto à frase: “Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões”, agui-

124
lhões são um dispositivo colocados no boi do arado, para que quando ele tenta se des-
viar do caminho reto, suas patas se machucam, fazendo, desta forma, as trilhas do
arado ficarem bem retas.
Esta analogia serve para que tenhamos conhecimento da predestinação de São
Paulo, ele a vivenciou e prega esta predestinação em todos os seus escritos, que são
suas quatorze epístolas.
As pessoas que não aceitam a predestinação e a graça de Jesus Cristo, não con-
seguem entender as epístolas paulinas.
Aceite a predestinação e a graça e verás como as epístolas de São Paulo são cla-
ras como cristal.
A graça nos revela Jesus Cristo como perdoador de todas as nossas transgres-
sões passadas, e os aguilhões simbolizam a correção.
“Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até
o sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre con-
vosco:
Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem
desmaies (ou desanimeis) quando por ele és reprovado; porque o Senhor
corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois
que filho há que o pai não corrige?”
Mas, se estais sem correção, de que todos têm se tornado partici-
pantes, logo, sois bastardos e não filhos.
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 12, versículos do 4 ao 8)
_____________________________________________________
“Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do ho-
mem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus
maus desígnios.”
(Salmos, Capítulo 37, Versículo 7)

Esta correção é para quem está no erro presente, ou que tenha algum erro pas-
sado, mas sem arrependimento, em casos contrários, com arrependimento e seguindo
o bom caminho o que vale é o seguinte:
“E a vós outros, que andáveis mortos pelas vossas transgressões e
pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente, com ele, per-
doando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que
era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial,

125
removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os princi-
pados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando
dele na cruz.”
(Epístola de São Paulo aos Colossenses, Capítulo 2, Versículos do 13 ao 15)

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe.
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém , que descia do céu, da
parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo
de Deus com os homens. Deus habita com eles. Eles serão povos de Deus, e
Deus mesmo estará com eles.
E lhe enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá,
já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas pas-
saram.
E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço nova todas
as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verda-
deiras.
Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princí-
pio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será
filho.
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos
assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os menti-
rosos, a parte que lhes cabe será no lago de fogo e enxofre, a saber, a se -
gunda morte.”
(Apocalipse, Capítulo 21, Versículos do 1 ao 8)

Nota: O Amado Teófilo não deve entender que este grupo relacionado no último versí-
culo, seja para nos advertir da possibilidade de estarmos dentre eles, mas é para que
nos regozijemos, pois ficaremos livres deles.
Não é para nos assustar e sim para exultarmos.
“Pois eis que crio novos céus e nova terra; e não haverá lembranças
das coisas passadas, jamais haverá memória delas.
Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; por-
que eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo.”
(Profeta Isaías, Capítulo 65, Versículos 17 e 18)

126
Capítulo 11

O ILUMINADO SÃO PAULO

Desde os meus dezesseis anos de idade, no ano de 1973, que foi quando eu co -
mecei a estudar religiões, as quatorze epístolas ou cartas de São Paulo não faziam o
menor sentido para mim.
Foi a partir do ano de 1994, que eu comecei a entendê-las, o mais importante
para o Amado Teófilo saber, é o porquê delas não me fazerem sentido.
O discurso dos teólogos e líderes da cristandade sempre foi incongruente e in-
coerente com o conteúdo das epístolas de São Paulo.
Porque eles fogem da concepção da predestinação e não aceitam a graça em
sua totalidade, mas estes dois conceitos são o foco de São Paulo, por isto temos a ten -
dência de achar que suas epístolas são uma literatura ininteligível, pois temos a ten-
dência de acreditar nas pregações.
Muitos lideres sabem do contexto da predestinação e da graça, estes lideres,
porém, acham que se os escolhidos souberem que seus pecados já estão perdoados a
partir do arrependimento pela graça, e que não perdem a salvação, todo mundo de-
bandaria das igrejas.
E como eles captariam recursos para o salário deles?
A graça é mal interpretada por algumas pessoas que acham que graça é a con-
cessão do Espírito de Jesus Cristo de bens materiais em forma de milagres.
Graça na verdade é a benignidade imerecida ou perdão imerecido, que fica so-
mente dependente do arrependimento, não sendo necessário pagar nenhum preço,
pois como a palavra diz, é de graça, é gratuito, pois Jesus Cristo já pagou este preço
por nós.
São Paulo inicialmente era Saulo natural da cidade chamada Tarso, que fica
numa região chamada Silícia, que fica entre a Ásia Menor, que hoje é a Turquia e a Sí-
ria.
Vamos ver o que a Bíblia de estudo Almeida diz a respeito de Saulo de Tarso:
SAULO – Significado do nome: “Pedido a Deus” - Nome Hebraico de PAU-
LO (Atos dos Apóstolos, Capítulo 13, Versículo 9). De (Atos dos Apóstolos,
Capítulo 13, Versículo 13) em diante ele é chamado de PAULO.

127
(Bíblia de Estudo Almeida, Segunda Edição / Auxílios para o Leitor / Dici-
onário da Bíblia de Almeida, Página 98)

Agora vamos ver o que a Bíblia de estudo Almeida diz a respeito de São Paulo:
PAULO – Significado do nome: “Pequeno” - Nome romano de SAULO,
APÓSTOLO dos GENTIOS, o maior vulto da Igreja primitiva (Atos dos
Apóstolos, Capítulo 13, Versículo 9). Israelita da tribo de Benjamim (Epís-
tola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 3, Versículo 5) e FARISEU (Atos
dos Apóstolos, Capítulo 23, Versículo 6), era cidadão romano por ter nas-
cido em TARSO. Foi educado em Jerusalém aos pés de GAMALIEL (Atos
dos Apóstolos, Capítulo 22, Versículo 3; e Atos dos Apóstolos, Capítulo 26,
Versículos 4 e 5). De perseguidor dos cristãos (Atos dos Apóstolos, Capítu-
lo 8, Versículo 3), passou a ser pregador do evangelho, a partir de sua con-
versão (Atos dos Apóstolos, Capítulo 9). De Damasco foi à Arábia (Epístola
de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 1, Versículo 17). Voltando para Damas-
co, teve de fugir (Atos dos Apóstolos, Capítulo 9, Versículos do 23 ao 25).
Em Jerusalém os cristãos tinham receio dele (Atos dos Apóstolos, Capítu-
lo 9, Versículos do 26 ao 28), mas Barnabé o levou aos apóstolos. Foi envi-
ado a Tarso (Atos dos Apóstolos, Capítulo 9, Versículo 30), e dali Barnabé
o levou a Antioquia da Síria (Atos dos Apóstolos, Capítulo 11, Versículos
do 19 ao 30). Com vários companheiros Paulo realizou três viagens missi-
onárias (Atos dos Apóstolos, do Capítulo 13 ao Capítulo 20). Em Jerusa-
lém enfrentou a fúria dos opositores (judeus, mesmo os convertidos, mas que fa-
ziam questão de permanecerem nos rituais), indo parar em Cesareia (Atos dos
Apóstolos, Capítulo 21, Versículo 17 ao Capítulo 23, Versículo 35), onde
compareceu perante Félix, Festo e Herodes Agripa II (Atos dos Apóstolos,
do Capítulo 24 ao Capítulo 26). Tendo apelado para o Imperador, viajou
para Roma, onde permaneceu preso durante 2 anos (Atos dos Apóstolos,
do Capítulo 27 ao Capítulo 28). Ali escreveu as epístolas: aos Efésios, aos
Filipenses e a Filemom. Além disso escreveu mais nove cartas. Diz a tradi-
ção que foi libertado e realizou trabalhos missionários por mais 3 anos.
Foi preso novamente e executado em Roma, provavelmente no ano 67 de-
pois do nascimento de Jesus Cristo, no tempo de Nero.
(Bíblia de Estudo Almeida, Segunda Edição / Auxílios para o Leitor / Dici-
onário da Bíblia de Almeida, Página 84)

O Amado Teófilo deve ter estranhado, pois o total das cartas que eu menciono
é quatorze e o total de cartas mencionadas na citação é de doze, isto é porque a maio-
ria dos teólogos não atribuem a carta aos hebreus como autoria de São Paulo.

128
A explicação para mais uma falta, deve se prender ao fato de algumas das car-
tas nas quais existem dois volumes, ter sido contada como uma apenas.
Quando a frase da citação não é acompanhada da indicação do texto bíblico, é
porque foram usadas fontes extrabíblicas.
Fiz esta citação para que o Amado Teófilo tenha o resumo da história de São
Paulo, pois eu quero me prender mais no São Paulo pensador, que nos traz a verda-
deira filosofia de Jesus Cristo.
Para entendermos a Bíblia, primeiro temos que entender São Paulo e São João,
este último é o discípulo que Jesus Cristo tinha bem perto de si.
São Paulo, embora não tivesse convivido com Jesus Cristo ele tinha um conta-
to espiritual muito íntimo com Ele, através da Iluminação.
Ele lutou uma vida inteira, tendo uma morte por martírio, por proclamar o
acesso direto a Jesus Cristo, com o único propósito de transmitir a Iluminação para
os escolhidos.
São Paulo era fariseu, o farisaísmo era um partido religioso dos judeus, que era
fiel à lei, mas à lei judaica, que foi a lei dada pelo Espírito de Jesus Cristo a Moisés no
monte Horebe (monte Sinai).
Estas leis eram muito complexas e davam margem para interpretações verossí-
meis (o que tem aparência de verdade mas não é verdade), gerando muitos sofismas
(o que não tem aparência de mentira mas é mentira).
Como também já foi explanado, as pessoas acham que ser igualado a São Paulo
seja algo impossível, mas a grande luta dele era justamente para que alcancemos a
Iluminação que ele alcançou.
Ele inicia uma forma de vermos o mal como algo que está em nós mesmos, o
qual ele chama de carne, porque naquela época, ainda não existia a psicologia, mas a
carne a que ele se refere, é o nosso Ego.
A primeira aparição dele na Bíblia, foi no apedrejamento de Estêvão, no capí-
tulo sete de Atos dos Apóstolos, no versículo 58, quando ele foi testemunha do ape-
drejamento, fazendo parte dos que condenavam.
Eu já citei a conversão de Saulo, mas usei uma passagem onde ele discursava
para o rei Agripa II, mas aqui vou citar a do capítulo nove, pois tem detalhes impor-
tantes:
“Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do

129
Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas
de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, as-
sim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.
Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subita-
mente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
Ele perguntou: Quem és tu Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus,
a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que
convém fazer.
Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a
voz, não vendo, contudo, ninguém.
Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia
ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco.
Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu.
Ora, havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o
Senhor numa visão: Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui Senhor!
Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua chamada Direi-
ta, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso, pois ele
está orando e viu entrar um homem, chamado Ananias, e impor-lhe as
mãos, para que recuperasse a vista.
Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a res-
peito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusa-
lém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para pren-
der a todos os que invocam o teu nome.
Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um nome es-
colhido para levar meu nome perante os gentios e reis, bem como perante
os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo
meu nome.
Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, di-
zendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te
apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques
cheio do Espírito Santo.
Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e
tornou a ver. A seguir levantou-se e foi batizado.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 9, versículos do 1 ao 19)

“A seguir levantou-se e foi batizado”. Observem que este batismo, não foi
pelo ritual das águas, pois eles estavam dentro de uma residência, o que ele recebeu
foi o batismo do Espírito Santo de Jesus Cristo, conforme Ananias havia dito: “para

130
que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”.
Existe uma terceira versão da conversão de Saulo, que está em Atos dos Após-
tolos, e é importante nesta passagem a forma que Ananias se refere ao batismo:
“Um homem, chamado Ananias, piedoso conforme a lei, tendo bom
testemunho de todos os judeus que ali moravam, veio procurar-me e,
pondo-se junto a mim, disse: Saulo, irmão, recebe novamente a vista. Nes-
sa mesma hora, recobrei a vista e olhei para ele.
Então ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu
para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires uma voz de sua
própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os ho-
mens, das coisas que tens visto e ouvido.
E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os
teus pecados, invocando o nome dele.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 22, versículos do 12 ao 16)

Observem que Ananias não o mergulha em água, mas diz: “Levanta-te, rece-
be o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele”.
E de que forma?
Invocando o nome de Jesus Cristo.
“Vai, porque este é para mim um nome escolhido para levar meu
nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel”, isto
foi profetizado pelo Profeta Isaías, oito séculos antes:
“Eu, o Senhor, te chamarei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te
guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios;
para abrir-lhes os olhos aos cegos, para tirardes da prisão o cativo e do
cárcere, os que jazem em trevas.”
(Profeta Isaías, Capítulo 42, Versículos 6 e 7)

Observem que na profecia não fala em conceder vida eterna, e sim luz que tam-
bém pode ser entendida por Iluminação, em contrapartida tirar das trevas, que é a
ausência de luz ou Iluminação.
“Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos
de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei
como luz para os gentios, para, seres a minha salvação até, à extremidade
da terra.”
(Profeta Isaías, Capítulo 49, Versículo 6)

131
O Amado Teófilo deve conhecer aquela velha expressão: “você está botando
palavras em minha boca!”.
Pois bem, esta história de que a salvação é a vida eterna, e quem a perde vai
para o suplício eterno, são palavras que em toda a nossa vida, colocaram em nossas
bocas, e o pior, é que eles conseguem nos convencer de que isto está escrito na Bíblia.
A única passagem em que eu li a expressão salvação eterna, não estava se refe-
rindo a nada espiritual, vamos ver:
“Israel, porém, será salvo pelo Senhor com salvação eterna; não se-
reis envergonhados, nem confundidos em toda a eternidade.”
(Profeta Isaías, Capítulo 45, Versículo 17)

Como pudemos observar, o Espírito de Jesus Cristo está falando de um povo;


nada de individual, e esta salvação eterna é: da vergonha e da confusão, que aqui ga-
nha a conotação de engano.
Vamos ver o prefácio da epístola aos romanos:
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado
para o evangelho de Deus, o qual foi por Deus, outrora, prometido por in-
termédio dos seus profetas nas Sagradas escrituras, com respeito a seu Fi-
lho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado
Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurrei-
ção dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor, por intermédio de
quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a
obediência por fé, entre todos os gentios, de cujo número sois também
vós, chamados para serdes de Jesus Cristo.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 1, versículos do 1 ao 6)

É importante que o Amado Teófilo tenha conhecimento da palavra dispensa-


ção, então vamos verificar o significado da palavra:
Segundo Aurélio Buarque de Holanda:
Dispensação, substantivo feminino. Ato de dispensar; dispensa; entre os
protestantes, período de tempo em que o homem é experimentado quanto
a sua obediência a alguma revelação especial da vontade de Deus.
(AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA)

Agora segundo a Bíblia de Estudos Almeida:


DISPENSAÇÃO - PRIMEIRA DEFINIÇÃO - Da parte de Deus, o plano de

132
salvação da humanidade (Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1,
versículo 10; e Capítulo 3, versículo 9). Esse plano, que consiste numa
ALIANÇA baseada na graça de Deus, se realiza em duas etapas, que costu-
mamos chamar de “dispensações”. A antiga dispensação está registrada
no Antigo Testamento e pode ser dividida em quatro períodos: a) a criação
e a promessa; b) a aliança de Noé; c) a aliança de Abraão; d) a aliança do
Sinai (monte Horebe). Na antiga dispensação o evangelho foi apresentado
em forma de sombras e figuras (tabernáculo [tenda da congregação], Templo,
sacrifícios) e na obediência a lei. A nova dispensação é a cristã. Jesus Cris-
to é o divisor da história (Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, Versí-
culo 17) e cumpre a Lei e as figuras da antiga dispensação (como já foi expos-
to, foi o próprio Jesus Cristo quem quis cumprir) (Epístola de São Paulo aos He-
breus, do Capítulo 9, versículo 1, ao Capítulo 10, versículo 18; e Capítulo
12, versículo 24). Os dispensacionalistas ensinam que há sete dispensa-
ções. Para eles, “dispensação” é um período de tempo em que o ser huma-
no é provado quanto à sua obediência a alguma revelação específica da
vontade de Deus (ver L. Berkhof, Teologia Sistemática).
SEGUNDA DEFINIÇÃO - Da parte do ser humano, “dispensação” é traba-
lho ou missão que visa à aplicação do plano divino em favor da humanida-
de (Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 9, versículo 17
[da versão de João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida]; Epístola de
São Paulo aos Efésios, Capítulo 3, versículo 2; e Epístola de São Paulo aos
Colossenses, Capítulo 1, Versículo 25).
(Bíblia de Estudo Almeida, Segunda Edição / Auxílios para o Leitor / Dici-
onário da Bíblia de Almeida, Página 34)

Estas definições trazem o raciocínio do sistema da cristandade atual, porém,


de muitos destes conceitos, este compêndio já demonstrou, e ainda vai demonstrar
discordâncias.
Os escritos de São Paulo mantém sempre na nossa memória, de que temos
acesso direto ao Espírito de Jesus Cristo:
“A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pre-
gar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifes-
tar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus,
que criou todas as coisas, para que, pela Igreja, a multiforme sabedoria de
Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares
celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus,
nosso Senhor, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante

133
a fé nele.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 3, versículos do 8 ao 12)

Isto reforça o que tenho escrito, de que não há ninguém entre nós e o Espírito
de Jesus Cristo, nossa relação com Ele é autônoma, não necessitamos de nenhuma
instituição ou pessoa, para receber a Iluminação Dele.
Basta que tenhamos fé em Jesus Cristo, e fé não é o mesmo que acreditar ou
crer, pois a palavra fé significa a crença com fidelidade, que nos dá condição de nos
entregarmos totalmente aos seus princípios.
Isto não é possível fazermos, utilizando nosso Ego.
Temos que, através do conhecimento em Jesus Cristo, aprendermos a identifi-
car em nosso interior, o ego e o espírito, para, mesmo que progressivamente, tenda-
mos a viver cada vez mais segundo o espírito.
Assim, conseguiremos ter um comportamento segundo os princípios ou man-
damentos de Jesus Cristo naturalmente, pois se estivermos em sintonia com o nosso
espírito, que é imagem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo, isto acontece sem
lutas ou esforços, mas com uma profunda paz.
O próprio São Paulo, assim que recebeu seu batismo e com ele sua Iluminação,
passou a viver em espírito, sendo dependente única e exclusivamente de Jesus Cristo,
não devendo explicações a ninguém mais, e temos uma fundamentação para isto:
“Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens? Ou procuro
agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cris-
to.
Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anuncia-
do não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem aprendi de ho-
mem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.
Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo,
como sobremaneira perseguia eu a Igreja de Deus e a devastava.
E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da
minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.
Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me cha-
mou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pre-
gasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem
subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti
para as regiões da arábia e voltei, outra vez para Damasco.”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 1, Versículos do 10 ao 17)

134
Esta liberdade e autonomia espiritual não é só para São Paulo, pois ele mesmo
se anuncia como modelo, para que sejamos igual a ele:
“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores (pecadores, mas escolhidos), dos quais eu
sou o principal.
Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia (por ele
ser escolhido e predestinado), para que, em mim, o principal, evidenciasse Je-
sus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quan-
tos hão de crer nele para a vida eterna.
Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória
pelos séculos dos séculos. Amém!”
(Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo, Capítulo 1, Versículos do 15 ao
17)

Observem a frase: “e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele


para a vida eterna”, os que hão de crer, são os escolhidos e predestinados.
Vamos a mais uma passagem que mostra, que nós temos independência e au-
tonomia, com acesso direto ao Espírito de Jesus Cristo:
“E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz
também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao
Pai em um Espírito.
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos
santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos após-
tolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual
todo o edifício bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor,
no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de
Deus no Espírito.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 2, versículos do 17 ao 22)

Mais uma:
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na es-
perança da glória de Deus.
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribu-
lações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança,
experiência; e a experiência, esperança.
Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derrama-

135
do em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 5, Versículos do 1 ao 5)

Vejo muitas pessoas se sentindo culpadas por não terem fé suficiente, mas nós
não produzimos fé, por isto não podemos nos culpar:
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da de-
sobediência; entre os quais também, todos nós andamos outrora, segundo
as inclinações da nossa carne (Ego), fazendo a vontade da carne e dos pen-
samentos (Ego); e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os de-
mais.
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor,
e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente, com
Cristo, pela graça sois salvos, e, juntamente, com ele, nos ressuscitou, e
nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar nos
séculos vindouros, a suprema riqueza de sua graça, em bondade para co-
nosco, em Cristo Jesus.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de voz;
é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glorie.
Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras,
as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 2, versículos do 1 ao 10)

Observem a frase: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto
não vem de voz; é dom de Deus; não das obras, para que ninguém se glo-
rie”, quem produz a nossa fé é o Espírito de Jesus Cristo, ao saber disto fiquei curado
do meu complexo de ter pouca fé.
Mas, onde encontramos esta fé?
“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos
que praticam a iniquidade.
Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão
como a erva verde.
Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da ver-
dade.
Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.
Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol

136
ao meio-dia.
Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do ho-
mem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus
maus desígnios.”
(Profeta Isaías Capítulo 37, Versículos do 1 ao 7)

Com relação à frase: “Agrada-te do Senhor”, muitas pessoas desapercebida-


mente, entendem que a frase diz: Agrade ao Senhor, mas é o contrário, nós, é quem
precisamos estar agradados do Espírito de Jesus Cristo, ou seja, satisfeitos, ou mais,
agradecidos, e isto é conseguido através da total entrega de nossa vontade e nossa
vida aos cuidados Dele.
O homem, naturalmente tem a tendência de não aceitar a predestinação, pois
acham que seriam marionetes, ou mesmo robotizados, mas é esta dependência incon-
dicional do Espírito de Jesus Cristo é que nos traz: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Somos escravos da liberdade.
Observem que foi este o grande erro de Eva, o de almejar conhecer o bem e o
mal, que é a representação do livre arbítrio.
Muitos dizem que o Espírito de Jesus Cristo nos deu o livre arbítrio, mas esta
concessão não está escrita em nenhuma parte da Bíblia, pois todas as coisas estão su-
bordinada a vontade do espírito de Jesus, que é irrevogável, mesmo que ele queira,
não pode contradizer a obra da criação que já está consumada:
A contagem de tempo entre o nosso mundo manifesto e o mundo espiritual
não é paralela, como já foi dito, onde quer que o Espírito de Jesus Cristo se posicione,
ele tem a visão sobre toda a história da humanidade, do início ao fim.
A única coisa que o Espírito de Jesus Cristo não pode fazer, é ir contra suas
verdades e fazer mudanças em seus desígnios.
Podemos constatar isto na seguinte passagem, que embora esteja sendo repeti-
da, mas acha-se necessário, pois há muitos pontos ainda não comentados:
“Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e
adorando-o, pediu-lhe um favor.
Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu
reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro a tua
esquerda.
Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber do

137
cálice que eu estou para beber (seu sofrimento e morte)? Reponderam-lhe:
Podemos.
Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha
direita e a minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para
aqueles a quem está preparado por meu Pai.
Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governantes dos
povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles.
Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se gran-
de entre vós, será esse o que sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós
será vosso servo; tal como o Filho de Homem, que não veio para ser servi-
do, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 20, versículos do 20 ao 28)

“E adorando-o, pediu-lhe um favor”, se ela o adorou, e ele permitiu esta


adoração, é porque ela o considerava o Criador e ele consentindo nisto ou seria, como
é, ele mesmo o Criador; ou um herege, pois existe um mandamento de Moisés que
não é permitido adorar ninguém senão ao Espírito de Jesus Cristo.
E a resposta de Jesus Cristo ao diabo, quando, ofereceu-lhe o mundo em troca
de sua adoração foi: “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás e só a ele darás culto”, Jesus usou a passagem de Êxodo, Capí-
tulo 20, Versículos do 4 ao 6.
“Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice”, isto significava que eles mor-
reriam martirizados, como Jesus morreu.
“Mas o assentar-se à minha direita e a minha esquerda não me
compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por
meu Pai”, mas se Jesus Cristo é o próprio Criador, por que não teria autoridade para
atender o pedido desta mãe?
Isto é, como já foi dito, na citação da Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capí -
tulo 4, Versículo 3: “Embora, certamente, as obras estivessem concluídas
desde a fundação do mundo”.
Quanto a frase: “Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os go-
vernantes dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade
sobre eles”, mostra que Jesus cristo preconizava uma Igreja sem governo humano,
ou seja, sem hierarquia, pois o governo é dele, através de sua palavra.

138
O modelo da Igreja de Jesus Cristo sobre a face da terra teria que ser o seguin-
te: “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande
entre vós, será esse o que sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós
será vosso servo; tal como o Filho de Homem, que não veio para ser ser-
vido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”; por falta de
cumprir estes princípios todo o sistema da cristandade, que está hierarquizado e seus
lideres vivendo com opulência e ostentação, por este motivo, está espiritualmente de-
sautorizada a utilizar o nome de “Igreja de Jesus Cristo”.
Mas milagres estão acontecendo! Serão eles impostores?
“Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventu-
ra, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de
mim, os que praticais a iniquidade.
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 7, versículos 22 e 23)

Quem cura, não é quem fica tagarelando em um palco, mas o Espírito de Jesus
Cristo, através da fé de sua ovelha, mesmo que ela esteja ouvindo inocentemente a
pregação de um falso profeta.
O homem vive na ilusão de um falso livre arbítrio, e pensa que está tendo o po -
der de decidir todas as coisas de sua vida, mas, se observar atentamente, constatará
que tudo acontece em uma ordem predeterminada, e o Espírito de Jesus Cristo é
quem comanda o nosso querer.
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na
minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvol-
vei a vossa salvação (Iluminação) com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
Fazei tudo sem murmuração nem contendas, para que vos torneis
irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma ge-
ração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mun-
do, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie
de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.
Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacri-
fício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós me congratulo.
Assim, vós também, pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-
vos comigo.

139
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 2, Versículos do 12 ao 18)

Até quando vamos fingir que não estamos vendo o que lemos? “porque Deus
é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade”, não há com o que contestarmos isto.
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro
foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado,
quando nenhum deles havia ainda.”
(Salmos, Capítulo 139, Versículo 16)
______________________________________________________
“E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem ope-
ra tudo em todos.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 12, versículo 6)
______________________________________________________
“Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus,
nosso Senhor, o grande pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança,
vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando
em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a gló-
ria para todo sempre. Amém!”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 13, versículos 20 e 21)

***
MENSAGEM PARA REFLEXÃO:
“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os es-
píritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora.
Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: Todo espírito que confessa
que Jesus veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Je-
sus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mun-
do.
Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, por-
que maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.
Eles procedem do mundo; por esta razão, falam da parte do mun-
do, e o mundo os ouve.
Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele
que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito
da verdade e o espírito do erro.

140
Capítulo 12

A LUTA DE SÃO PAULO CONTRA OS RITUAIS

Como já foi mostrado no Capítulo 5 deste compêndio, que trata do batismo,


através da citação do profeta Isaías, Capítulo 1, versículos do 11 ao 17.
Oito séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, já se iniciara as predições da
invalidação dos rituais e da lei mosaica.
Como vimos também, Jesus Cristo disse: “Não penseis que eu tenha vindo re-
vogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” e também: [Por-
que em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um “i” ou um “til” ja-
mais passará da Lei (e dos Profetas), até que tudo se cumpra].
Jesus Cristo deixa bem claro, vim para cumprir, não há nenhuma verbalização
nesta passagem asseverando que nós tenhamos que cumprir.
Jesus Cristo realmente cumpriu toda a lei de Moisés, com o fim de, simbolica-
mente, cumpri-las em nosso lugar, e este compromisso, ele o levou do seu nascimento
até a sua morte.
No mesmo discurso, Jesus Cristo refere-se à lei e aos profetas, e estes profetas
vêm trazendo profecias de reforma, as quais, aboliriam os rituais:
“Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de
Deus, mais do que holocaustos.”
(Profeta Oseias, Capítulo 6, Versículo 6)
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“Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça a sua palavra? Eis que
o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gor-
dura de carneiros.”
(Primeiro Livro de Samuel, Capítulo 15, Versículo 22)
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“Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holo-
caustos e ofertas pelo pecado não requeres.
Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu
respeito; agrada-me fazer a tua vontade ó Deus meu; dentro do meu cora-
ção, está a tua lei.”
(Salmos, Capítulo 40, Versículos do 6 ao 8)

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“Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus
louvores.
Pois não te comprazes em sacrifício; do contrário, eu tos daria; e
não te agrada de holocaustos.
Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração
compungido e contrito (arrependimento), não o desprezarás, ó Deus.”
(Salmos, Capítulo 51, Versículos do 15 ao 17)
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“Para que, pois, me vem o incenso de Sabá e a melhor cana aro-
mática de terras longínquas? Os vossos holocaustos não me são aprazí-
veis, e os vossos sacrifícios não me agradam.”
(Profeta Jeremias, capítulo 6, Versículo 20)
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“Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias
solenes não tenho nenhum prazer.
E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manja-
res, não me agradarei deles, nem atentei para as ofertas pacíficas de vos-
sos animais cevados.
Afasta de mim o estrépito dos teus cantos, porque não ouvirei a me-
lodia das tuas liras.
Antes, corra o juízo como águas; e a justiça, como ribeiro perene.”
(Profeta Amós, Capítulo 5, Versículos do 21 ao 24)
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“Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus
excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribei-
ros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto
do meu corpo, pelo pecado da minha alma?
Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede
de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemen-
te com o teu Deus.”
(Profeta Miqueias, Capítulo 6, Versículos do 6 ao 8)

Existem, também no capítulo 5 do Evangelho Segundo São Mateus, outras pas-


sagens que também dão a ideia de que Jesus Cristo veio tornar a lei mais severa, mas
seu objetivo era outro:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar está
sujeito a julgamento.

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Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar con-
tra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a
seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar:
Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 5, versículos 21 e 22)

O que está escrito na lei (Pentateuco) é bem mais direto, não fala nem em jul-
gamento:
“Ou se alguém ferir a outrem, com pedra na mão, que possa causar
a morte, e este morrer, é homicida; o homicida será morto.”
(Números, Capítulo 35, versículo 17)
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“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com in-
tenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Se o teu olho direto te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te
convém que se perca um dos seus membros, e não vá todo o teu corpo
para o inferno.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 5, versículos 27 e 29)

Jesus Cristo apenas quis demonstrar, que a origem do pecado está nos cora-
ções, que não se extingue apenas com o cumprimento de leis, e não há ser humano al-
gum que não tenha pecado.
Isto se deve ao caráter do nosso Ego, que administra a nossa vida para que te -
nhamos prazer e aprovação da sociedade visando exclusivamente nossos interesses,
embora algumas vezes o Ego nos engana, fazendo-nos acreditar que estamos concili-
ando nossos interesses com causas nobres.
Os princípios morais que o Ego segue, é com a única finalidade de não sermos
desaprovado pela sociedade, o que o poria em risco.
Vou citar um exemplo: digamos que exista uma pessoa sem nenhum grau de
Iluminação ou espiritualização, cujo Ego está no comando, e se, uma outra pessoa,
tendo em seu testamento, uma grande herança, destinada a esse primeiro persona-
gem em trevas, ou sem iluminação.
Quando um dia esta pessoa passa mal de um problema de saúde grave, qual-
quer ser humano, em seu Ego estará em regozijo, mas, ele próprio, o Ego, sabe que
não pode demonstrar isto para a sociedade, então vai fazer todo o esforço para so-

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corrê-la, mas isto apenas para a vista da sociedade.
Para mostrar a antítese disto, ou seja, a atitude da pessoa Iluminada, vou apre-
sentar uma citação:
“E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver
amor, serei como bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os misté-
rios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transpor-
tar montes, se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ain-
da que entregue o próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor,
nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não pro-
cura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; tudo sofre,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; ha-
vendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, co-
nhecemos e, em parte, profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será
aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino,
pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino.
Porque, agora, vemos como por espelho, obscuramente; então ve-
remos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como tam-
bém sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; po-
rém o maior destes é o amor.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 13, versículos do 1
ou 13)

O nosso Ego não se importa com o que somos, mas com o prestígio e a fama
que temos, varrendo o lixo para debaixo do tapete. Para o Ego vale mais o ter do que
o ser.
Os fariseus achavam que por cumprirem a lei a risca, estavam puros, e se os-
tentavam por esta condição.

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Como os rituais careciam de razoável recursos financeiros, somente os ricos
estavam limpos.
Por este motivo é que a missão de Jesus Cristo, começa lá no rio Jordão com
João Purificador (batista), e a maior audiência das pregações Dele, era dos pobres,
pois, Jesus Cristo, queria mostrar que o reino de Deus não é para uma classe privile-
giada.
Os ricos que quisessem buscar a Jesus Cristo, tinham que se infiltrar entre os
pobres e não gozavam de nenhuma regalia, muitos, de duro coração, preferiram cri-
ticá-lo a buscá-lo entre os pobres.
Se o Amado Teófilo observar as hipérboles, onde se utiliza a palavra inferno,
nas citações utilizadas neste capítulo, elas se referem a sofrimentos físicos.
Jesus Cristo não diz o teu espírito irá para o inferno, e sim o corpo, então logi -
camente, trata-se de punições físicas, pois como eu já escrevi, a maior punição de
Moisés era a morte física.
“De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno
aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança
com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
Ora, nós conhecemos aquele que disse:
A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor
julgará o seu povo.
Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, Versículos do 29 ao 31)

O Espírito de Jesus Cristo nesta passagem, não falaria de castigo eterno, infer-
no ou perda da eternidade, se referindo ao seu povo: “O Senhor julgará o seu
povo”, o castigo, resultante deste julgamento referido aqui, é durante a vida carnal.
A próxima passagem é mais fácil de compreender:
São Paulo foi o guardião dos princípios anti ritualistas de Jesus Cristo, pois ele
enfrentou muita oposição tanto dos judeus, como dos judeus convertidos, que não
queriam se desapegar da ritualidade, vamos a uma passagem que mostra isto:
“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, le-
vando também a Tito.
Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que
prego entre os gentios, mais em particular aos que pareciam de maior in-
fluência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão.

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Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi
constrangido a circuncidar-se.
E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim
de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à
escravidão; aos quais nem ao menos por uma hora nos submetemos, para
que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais te-
nham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do ho-
mem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescenta-
ram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircunci-
são me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão (pois aquele que ope-
rou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também ope-
rou eficazmente em mim para com os gentios) e, quando conheceram a
graça que me foi dada, Tiago (irmão de Jesus Cristo), Cefas (o nome hebraico de
São Pedro) e João, que eram reputados como colunas, me estenderam, a
mim e a Barnabé, a destra (mão direita) de comunhão, a fim de que nós fôs-
semos para os gentios, e eles, para a circuncisão; recomendando-nos so-
mente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por
fazer.”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 2, Versículos do 1 ao 10)

Embora os judeus convertidos fossem designados como: “os da circuncisão”,


isto não significa que a ordenança da circuncisão estava imposta a eles.
Com o simbólico rasgar do véu do templo, na morte de Jesus Cristo, esta orde -
nança, assim como todas, foram reformadas para os mandamentos de Jesus Cristo,
esta era apenas uma maneira de diferenciá-los dos gentios.
Os da circuncisão eram também chamados de nazarenos, a denominação “cris-
tão”, só foi usada décadas mais tarde.
“Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi
constrangido a circuncidar-se”, observem, que São Paulo, que pregava para os
gentios, e não só isto, ele pregava um evangelho de liberdade onde nenhum ritual fos-
se praticado.
Quando falamos de Santa Ceia já dissemos que pode ter aparência de ritual,
mas é um memorial, porém, se alguém fizer questão de classificá-la como ritual, en-
tão esteja certo que, neste caso, seria o único ritual aceito.
“Falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa

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liberdade que temos em Cristo Jesus” era comum que judeus fingissem terem
se convertido para espionarem.
Mas alguns, por serem escolhidos e predestinados, ao se defrontarem com a
verdade, se converteram realmente, os destinados para a ira, porém, causaram mui-
tos problemas para a Igreja e para São Paulo.
“Reduzir-nos à escravidão”, uma vez que Jesus Cristo nos libertou da lei,
retornar a ela, é submeter-se à escravidão, tornando o sacrifício de Jesus Cristo em
vão.
Vamos esclarecer alguns pontos, antes de continuarmos com o estudo de São
Paulo.
A Bíblia basicamente é dividida em Antigo e Novo Testamento.
Antes de apresentar uma sinopse da estrutura da Bíblia, quero esclarecer um
fato que é gerador da maioria dos problemas de interpretação da Bíblia.
O Antigo Testamento foi inspirado pelo Espírito de Jesus Cristo, escrito por
um povo, que hoje são chamamos de judeus e que são originários dos antigos he-
breus.
O Antigo Testamento foi inicialmente dirigido exclusivamente para eles.
Embora as literaturas generalizam o nome cristãos, este nome no começo nem
sequer era cogitado.
O primeiro movimento que houve de conversão, eram praticamente apenas ju-
deus que se convertiam.
Em princípio eles acharam que somente o judaísmo seria contemplado com a
novidade de vida que Jesus trouxera, porém, como ainda será exposto, Jesus Cristo
não fundou nenhuma religião.
Seus doze discípulos, foram denominados Apóstolos por Jesus Cristo no Evan-
gelho Segundo São Lucas, Capítulo 6, Versículo 13.
Apóstolo não é nenhum cargo hierárquico, mas sim a pessoa que peregrina
para divulgar os ensinamentos de Jesus Cristo. Seria o mesmo que missionário.
Os doze apóstolos foram enviados exclusivamente a pregar para o povo judeu
como podemos constatar, pela ordenança de Jesus Cristo, na seguinte passagem:
“A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções:
Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos;
mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à

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medida que seguirdes, pregai que está próximo o Reino de Deus.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 10, versículos do 5 ao 7)

Durante seu ministério secular (o mesmo que mundo físico), Jesus Cristo se
auto determinou a cumprir as leis de Moisés, e uma das exigências da lei mosaica era
o não se misturar com os gentios, por este motivo ele se limitou a pregar para o povo
de Israel.
Após sua ressurreição, Jesus Cristo, ficando livre do seu compromisso, que ele,
a si mesmo impôs, que era o de cumprir a lei, designou São Paulo para levar seus en-
sinamentos aos gentios, mas manteve os doze apóstolos em sua missão de buscarem
as ovelhas perdidas (escolhidas e predestinadas) da casa de Israel.
Paulo pregava para os gentios as novidades de Jesus Cristo sem lhes impor ri-
tuais, o que não foi difícil, pois eles não estavam acostumados com rituais rigorosos, e
o ritual aos seus deuses, quando o coração deles se abriu para Jesus Cristo, não tive-
ram dificuldade em deixá-los.
Mas o povo israelita estava acostumado aos seus rituais ao único e verdadeiro
Deus, mas não aceitaram muito bem esta revolução, para a qual São Paulo foi desig-
nado.
“Quando, porém, Cefas (nome hebraico de Pedro) veio a Antioquia, re-
sisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível.
Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago (Irmão de Je-
sus), comia com os gentios; quando, porém, chegaram afastou-se e, por
fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão.
E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o
próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles.
Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a ver-
dade do evangelho, disse a Cefas (nome hebraico de são Pedro), na presença
de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que
obrigas os gentios a viverem como judeus?
Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, saben-
do, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (rituais), e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei (rituais),
pois, por obras da lei (rituais), ninguém será justificado.
Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos
também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pe-

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cado? Certo que não!
Porque se torno a edificar aquilo que destruí (os rituais da lei), a mim
mesmo me constituo transgressor.
Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver
para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu (meu Ego)
quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na car-
ne (subjugada ao espírito), vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e a si
mesmo se entregou por mim.
Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-
se que morreu Cristo em vão.”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 2, Versículos do 11 ao 21)

Alguns anos mais tarde, temos uma retratação, e uma manifestação favorável a
São Paulo, por parte de São Pedro, em sua segunda Epístola Universal:
“Por esta razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-
vos por serdes achado por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e ten-
de por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o
nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi
dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em to-
das as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que
os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais
Escrituras, para a própria destruição deles.
Vós, pois, amados prevenido como estais de antemão, acautelai-
vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descai-
ais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como
no dia eterno.”
(Segunda Epístola Universal de São Pedro, Capítulo 3, Versículos do 14 ao
18)

Verificando o conteúdo da penúltima citação, “Já não sou eu (meu Ego)


quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na car-
ne (subjugada ao espírito), vivo pela fé no Filho de Deus”, este é o cerne, a essên-
cia da Iluminação, que não foi só para São Paulo, como podemos ver na próxima cita-
ção:
“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu
próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, nin-
guém as conhece, senão o Espírito de Deus.

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Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito
que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gra -
tuitamente.
Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com
espirituais.
Ora, o homem natural (carne ou Ego) não aceita as coisas do Espírito
de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.
Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo
não é julgado por ninguém.
Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós,
porém, temos a mente de Cristo.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 2, versículos do 11
ao 16)

O Amado Teófilo pode observar que estamos incluídos: “Nós, porém, temos
a mente de Cristo”.
Para entendimento melhor do restante deste capítulo, vamos ao significado da
Palavra ablução:
Conforme Aurélio Buarque de Holanda:
Ablução, substantivo feminino. Lavagem; banho de todo o corpo ou parte
dele, com esponja embebida em água ou com toalha molhada; purificação
por meio de água; ação de lavar-se antes de uma prece.
(AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA)

Conforme a Bíblia de Estudos Almeida:


ABLUÇÃO – Cerimônia de purificação por meio de água (Epístola de São
Paulo aos Hebreus, Capítulo 9, Versículo 10).
(Bíblia de Estudo Almeida, Segunda Edição / Auxílios para o Leitor / Dici-
onário da Bíblia de Almeida, Página 3)

Este tópico vem a corroborar com a justificação da invalidade espiritual do ri-


tual das águas, chamado batismo.
Vamos mostrar uma experiência de Jesus Cristo com as abluções:
“Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de
Jerusalém.
E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam pão com as mãos

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impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e todos os judeus, observando a
tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas ou-
tras coisas que receberam para observar, como lavagem de copos, jarros e
vasos de metal [e camas]), interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por
que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos an-
ciãos, mas comem com a mão por lavar?
Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócri-
tas, como está escrito: (citação do Profeta Isaías, Capítulo 29, Versículo 13)
Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de
mim.
E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de ho-
mens. (fim da citação)
Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos
homens.
E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para
guardardes a vossa própria tradição.
Pois Moisés disse:
Honra teu pai e a tua mãe; e:
Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.
Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe:
Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Se-
nhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou
de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição,
que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas coisas semelhantes.
Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e
entendei.
Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar,
mas o que sai do homem é o que o contamina.
[Se alguém tem ouvidos para ouvir ouça].
Quando entrou em casa, deixando a multidão, os seus discípulos o
interrogaram acerca da parábola.
Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não com-
preendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso?
E, assim, considerou, ele, puro todos os alimentos.
E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina.
Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os
maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a

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avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a
loucura.
Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.”
(Evangelho Segundo São Marcos, Capítulo 7, Versículos do 1 ao 23)

Existe um paralelo desta passagem no Evangelho Segundo São Mateus, Capí-


tulo 15, Versículos do 1 ao 20.
Este é o “o micvá”, que os judeus praticavam várias vezes em sua vida, sempre
que algo lhe tornasse impuro ou imundo, e que os convertidos judeus fizeram perma-
necer como ritual de iniciação, sendo aplicado uma única e primeira vez, chamando-o
de batismo.
Vamos ver o que São Paulo pensa a este respeito:
“Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram
no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados;
mas, no segundo (o Santo dos santos ou Santíssimo Lugar), o sumo sacerdote,
ele sozinho, uma vez por ano (Yom Kipur), não sem sangue, que oferece por
si e pelos pecados de ignorância do povo, querendo com isto dar a enten-
der o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifes-
tou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido.
É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se ofe-
recem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante a consciên-
cia, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais
não passam de ordenanças da carne (Ego), baseados somente em comidas,
e bebidas, e diversas abluções, imposta até o tempo oportuno de reforma.
Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já reali-
zados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos,
quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezer-
ros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez
por todas, tendo obtido eterna redenção.
Portanto, se o sangue de bodes e touros e cinzas de uma novilha,
aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da
carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mes-
mo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de
obras mortas (rituais), para servirmos ao Deus vivo!
Por isto mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, in-
tervindo a morte para remissão das transgressões que havia sobre a pri-
meira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm
sido chamados (escolhidos e predestinados).”

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(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 9, Versículos do 6 ao 15)

São Paulo muitas vezes tolerou os rituais dos judeus, com o fim de ganhar a
confiança deles e ter a oportunidade de lhes mostrar a verdade:
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ga-
nhar o maior número possível.
Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os ju-
deus; para os que vivem no regime da lei, como se eu mesmo assim o vi-
vesse, para ganhar os que vivem no regime da lei, embora não esteja eu
debaixo de lei.
Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do
regime da lei.
Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos.
Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar (ilu-
minar) alguns.
Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de tornar-me coope-
rador com ele.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 9, versículos do 19
ao 23)

Mas houve casos onde ele teve que moderar nesta paciência:
“Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa
de Cloe, de que há contendas entre vós.
Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de
Apolo, e eu, de Cefas, e eu de Cristo.
Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?
Dou graças a Deus porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e
Gaio; para que ninguém diga que fostes batizado em meu nome.
Batizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se
batizei algum outro.
Porque não me enviou Cristo para batizar; mas para pregar o evan-
gelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cris-
to.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 1, versículos do 10
ao 17)

“Não me enviou Cristo para batizar”, esta era a realidade de São Paulo,

153
mas ele teve que ser tolerante com alguns rituais, “Procedi, para com os judeus,
como judeu, a fim de ganhar os judeus”, mas em sua sabedoria, soube estabele-
cer um limite.
Assim como São Paulo não foi enviado para batizar, ninguém o foi, na dispen-
sação da nova aliança, onde o batismo é com/e no Espírito Santo de Jesus Cristo, que,
como já foi dito basta que confessemos que o Espírito de Jesus Cristo é o nosso único
Senhor, e isto basta para sermos batizados, e também nos dá a Iluminação.

MENSAGEM PARA REFLEXÃO:


“Traze o povo que, ainda que tem olhos, é cego e surdo, ainda que
tem ouvidos.
Todas as nações, congreguem-se; e, povos, reúnam-se; quem den-
tre eles pode anunciar isto e nos fazer ouvir as predições antigas? Apre-
sentem as suas testemunhas e por elas se justifiquem, para que se ouça e
se diga: Verdade é!
Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem
escolhi; para que o saibais, e me creias, e entendais que sou eu mesmo, e
que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum ha-
verá.
Eu sou o Senhor e fora de mim não há Salvador.
Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não
houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, Diz o Senhor; eu
sou Deus.
(Profeta Isaías, Capítulo 43, Versículos do 8 ao 12)

Nota: Jesus Cristo é o servo de que se falou há sete séculos antes do seu nascimento:
“o meu servo a quem escolhi;”/ “que sou eu mesmo;” / “Eu sou o Senhor e
fora de mim não há Salvador”

“Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e


guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite.
E um Anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Se-
nhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor.
O Anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova
de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na
cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 2, Versículos do 8 ao 11)

154
Capítulo 13

COMO CHEGUEI A ESSAS CONCLUSÕES

Primeiramente gostaria de dizer ao Amado Teófilo, que embora eu tenha tido


muitos conhecimentos de religiões e ceitas esotéricas e também as exotéricas, eu não
permaneço nas ideias delas e muito menos em seus princípios ocultistas, pois minha
vida espiritual, hoje, é totalmente estruturada na Bíblia.
A diferença da palavra ex(s)otérico, com “x” ou com “s”: é que se usa “x”, quan-
do a filosofia da ceita não é secreta e “s”, quando é.
Conhecer diversidades religiosas, mesmo sem tê-las praticado, me serviu em
muito, para ter uma maior sensibilidade do que significa uma convicção religiosa e
doutrinária na psiquê humana.
Aos 16 anos, fui aprovado e classificado na Escola de Especialistas de Aeronáu-
tica, onde me formei na especialidade de eletrônica.
Durante o tempo em que lá permaneci, conheci três pessoas que eram mem-
bros da Antiga Mística Ordem Rosa Cruz, em nossas conversas eu lhes fazia muitas
perguntas, pois o fato de ter características orientais e ligação com o antigo Egito,
despertou em muito, o meu interesse.
Alguns princípios esotéricos, eu acabei por vir a conhecer, do pouco que eles
podiam falar, os quais me foram muito úteis.
Para que o Amado Teófilo, seguindo advertências de seus pastores, não venha
achar que isto é pecado, cito uma passagem de São Paulo:
“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Je-
sus para convosco.
Não apagueis o espírito.
Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é
bom; abstendo-se de toda forma de mal.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses, Capítulo 5, versícu-
los do 18 ao 22)

Quando o Amado Teófilo está alicerçado nos conhecimentos da Bíblia, não


precisa temer nenhuma leitura, muito pelo contrário, com a Iluminação em Cristo Je-
sus o Amado Teófilo estará credenciado para julgar todas as coisas permissíveis às

155
suas ações, palavras e entendimento.
Quando o pregador ou líder pressiona suas ovelhas a não lerem nada que se re-
lacione com espiritualidade, é porque é inseguro, por sua própria falta de conheci-
mento da Bíblia ou pela consciência de que ele não está transmitindo o que deveria,
ou seja, o ensino correto, que seria o alimento sólido de que falaremos mais adiante.
“O meu povo está sendo destruído, porque lhes falta o conhecimen-
to.”
(Profeta Oseias, Capítulo 4, Versículo 6)

Esta passagem é do profeta Oseias, que foi contemporâneo do profeta Isaías,


ou seja, viveu por volta de oito séculos antes do nascimento de Jesus Cristo.
Após minha formatura fui classificado para servir em Santos, estado de São
Paulo.
Na Base Aérea de Santos, conheci um membro Rosa Cruz, que também era do
“Ciclo Exotérico da Comunhão do Pensamento”, entidade essa, que não era secreta,
então pude ter acesso a várias literaturas e estudar muitas coisas sobre induísmo, bu-
dismo e etc.
Meu interesse era apenas estudar religiões, sem me tornar membro, pois na
verdade, eu estava mergulhando em uma fase de autoconhecimento, e também, que-
ria entender a parte psíquica que envolve o homem e as religiões.
A primeira conclusão que cheguei, foi de que o homem quer ter a certeza de
sua eternidade:
“Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mor-
tos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de
mortos?
E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;
e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado
contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é
certo que os mortos não ressuscitam.
Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressusci-
tou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis
nos vossos pecados.
E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.
Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos

156
os mais infelizes de todos os homens.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 15, versículos do
12 ao 19)

A expressão “e ainda permaneceis nos vossos pecados” é porque a res-


surreição de Jesus Cristo, além de derrotar a morte, traz o triunfo sobre seu sofrimen-
to vicário, concedendo gratuidade ao perdão de nossos pecados.
Como já havia sido profetizado pelo profeta Isaías, por volta do oitavo século
antes do nascimento de Jesus Cristo, que Ele, Jesus Cristo, traria a Graça, ou seja, o
perdão imerecido dos pecados passados, que passaram a depender apenas do arre-
pendimento, reforçando a ideia do sacrifício único de Jesus Cristo, abolindo-se os ri-
tuais de sacrifício, para perdão de pecados.
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados.”
(Profeta Isaías, Capítulo 53, versículo 5)

A palavra arrependimento é do original grego “metanoia” que significa trans-


formação, ou novo nascimento, que é explicado por Jesus Cristo a Nicodemos no Ca-
pítulo 3 do Evangelho segundo São João.
“A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo, se al-
guém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 3, Versículo 3)

Com relação à passagem da epístola de São Paulo aos Coríntios, que é a ante-
penúltima passagem, eu destaco a frase: “E ainda mais: os que dormiram em
Cristo pereceram”, esta forma de tratar este assunto, tanto Jesus Cristo, como seus
discípulos, costumavam, ao se referir à morte, tratá-la como se fosse o ato de dormir;
para quem tem a certeza da ressurreição, isto é absolutamente natural.
Mas o foco da antepenúltima citação é: “Se a nossa esperança em Cristo
se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.
Em todas as religiões existem conceitos que determinam a eternidade. Muitos
apelam por acreditar em reencarnações. De tudo o homem faz e em qualquer coisa
acredita, desde que sua eternidade esteja garantida.
Mas a ressurreição de Jesus Cristo é a única prova cabal disto e antes de sua

157
crucifixão, em suas pregações, em especial no evangelho segundo São João, Jesus
Cristo faz esta assertiva várias vezes, prometendo a vida eterna aos seus escolhidos,
assim como, é repetido em vários versículos de todo o Novo Testamento.
Todos os conceitos de eternidade que examinei, foram baseados em: mitologia,
lendas, opiniões filosóficas e etc; mas a existência de Jesus Cristo tem comprovação
histórica.
No Antigo Testamento, temos uma assertiva em Eclesiastes (um dos cindo li-
vros sapienciais ou poéticos do antigo Testamento) que confirma minha conclusão:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eter-
nidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que
Deus fez desde o princípio até o fim.”
(Eclesiastes, Capítulo 3, Versículo 11)

O autor do livro “Mais que um Carpinteiro”, Josh McDowel, era ateu, e duran-
te seu curso de graduação em história, caçoava de seus colegas cristãos, e dizia que
dedicaria sua carreira universitária para provar que Jesus Cristo era um mito.
Em suas pós-graduações, tentou por todas as formas provar a inexistência de
Jesus Cristo e não conseguiu, logo depois, passou a tentar provar que embora tivesse
existido era um farsante, lunático ou psicopata, mas chegou à conclusão de que nin-
guém morreria comido por leões cantando louvores e com sorrisos nos lábios por al-
guém que fosse psicopata, lunático ou que não tivesse realmente ressuscitado.
Era desta forma que os cristãos do primeiro século morriam; na certeza de sua
própria ressurreição.
Conclusão, Josh McDowel tornou-se Cristão.
Ao longo de minhas pesquisas fui saindo de minha posição Dogmática (que faz
dos escritos e interpretações de uma sociedade religiosa uma perfeita verdade) e tor-
nei-me Zetético, (que é o antônimo, ou oposto de Dogmática), ou seja, passei a ser um
pesquisador em busca da verdade, que em se tratando de Jesus Cristo e sua criação,
ainda não é possível se chegar à perfeita verdade, tanto histórica, como teológica,
pelo simples fato de que Jesus Cristo ainda não completou sua revelação:
“porque, em parte, conhecemos e, em parte profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será
aniquilado.

158
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, ve-
remos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei como tam-
bém sou conhecido.
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 13, Versículos 10 e
12)

Também não podemos nos considerar sabedores da plena verdade.


Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ain-
da como convém saber.
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele.
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 8, Versículos 2 e
3)

Minha ex-sogra, do primeiro casamento, que, na época era Católica, deu-me


uma Bíblia Católica:
Então ela me disse: Meu filho, já que você está estudando religiões, estou te
dando essa Bíblia, para que você também estude a sua própria.
A partir deste momento, foi que comecei a ler a Bíblia em busca da minha pró-
pria interpretação, e não das fábulas profanas que se prega por aí.
Pude ver que o sistema da cristandade está enveredado por um caminho bem
distante da verdade, o que tem levado as Sagradas Escrituras ao descrédito popular,
porque a maioria das pessoas percebem haver contradições entre os pregadores, e de-
les com o próprio texto bíblico, o que nos trouxe muita confusão.
Muitos que buscam as religiões, estão atrás de milagres e prosperidade, não se
importando muito com as pregações, se estão corretas ou não, quando muito, preocu-
pam-se em morrer e não ir para o inferno.
Por estas razões é que a bíblia, parece, para alguns, uma literatura incom-
preensível ou até mesmo contraditória ao longo de seu texto.
Quando que na verdade, muitas passagens que estou lhes apresentando atra-
vés deste Compêndio, podem ser entendidas claramente, e então, passarão a com-
preendê-la, da mesma forma cristalina que eu já consegui compreender, através do
raciocínio que adquiri, e que vos passo através deste compêndio.
A grande importância de eu conhecer outras religiões, conferiu-me a possibili-
dade de fazer comparações e também de constatar que todas as religiões, aparente-
mente tem uma mesma origem, tendo sido, todas elas, corrompidas por conceitos hu-

159
manos, em consequência disto, é que existe essa diversidade de religiões.
A fragmentação, de uma única religião em várias, tem seu começo no episódio
da “Torre de Babel”.
Babel seria uma cidade que após alguns séculos passou a chamar-se Babilô-
nia”.
A citação a seguir é situada, cronologicamente, algumas gerações após ao dilú-
vio, onde a terra estaria sendo repovoada pelos filhos de Noé: “Sem”, “Cam ou Cão” e
“Jafet”, e suas esposas.
Uma das coisas que nos levam a conclusão de que as religiões teriam uma mes-
ma origem, é o fato de que, muitas delas, mencionam um histórico dilúvio, mas cada
uma a sua maneira; e também existem certos traços que as põem em semelhança en-
tre si.
Passemos agora à passagem que nos mostra o fato histórico da “Torre de Ba-
bel”:
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só manei-
ra de falar.
Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma planície na
terra de Sinar, e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Vinde, façamos
tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume,
de argamassa.
Disseram: Vinde e edifiquemos para nós uma cidade e uma torre
cujo topo chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que
não sejamos espalhados por toda a terra.
Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos
dos homens edificavam; e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos
têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restri-
ção para tudo que intentam fazer.
Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um
não entenda a do outro.
Destarte, o Senhor os dispersou dali pela superfície da terra; e ces-
saram de edificar a cidade.
Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu o
Senhor a linguagem de toda a terra e dali o Senhor os dispersou por toda a
superfície da terra.
(Gênesis, Capítulo 11, versículos do 1 ao 9)

160
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só manei-
ra de falar”, havia também uma só religião, ou seja, todos se relacionavam com o
Espírito de Jesus Cristo de única forma, concebendo um único Criador.
Daí por diante houve diversidade de idiomas, e de religiões sobre a terra.
“Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um
não entenda a do outro” Quero lembrar ao Amado Teófilo, que no Capítulo 6, “OS
DESTINADOS PARA A IRA”, na página 69, expus a razão do Espírito de Jesus Cristo
estar referindo-se a si próprio utilizando o plural, a questão é de tradução e não que
houvesse uma trindade a confabular seus feitos.
Antes de confessar Jesus Cristo como autor da minha vida eterna, eu via em
religiões como o induísmo por exemplo, me apresentarem um Deus Onipotente, Oni-
presente e Onisciente, ou seja, total e absolutamente Soberano.
Mas na Cristandade, quando eu visitava vários cultos, de várias denominações,
eu via um Deus que se permite ser manipulado pelo homem, ou seja, que depende da
aceitação do homem, isso para mim era inconcebível.
Se vocês observarem, na cristandade atual, existem vários fatores e conceitos;
que nos apresentam um Deus totalmente limitado.
Então passei a concentrar meus estudos exclusivamente na Bíblia e pude ver
que a Bíblia me descreve esse mesmo Deus Onipotente, Onipresente e Onisciente,
que é o Espírito de Jesus Cristo.
O Espírito de Jesus Cristo é como o que eu via nas filosofias orientais, mas com
algo especialíssimo, apesar de toda essa grandeza e infinitude, Ele também é um Ser
Pessoal, e trata cada um de nós com exclusividade, o que lhe é possível por ser Oni-
presente, foi desta forma que cheguei a perceber que eu não estava lendo a Bíblia com
“olhos iluminados”.
Eu estava bitolado por conceitos que o Homem perverteu e eu estava mais ba-
seado em tradições do que na verdade.
Passei a ver, também, que a Bíblia não é tão complicada como dizem, eu ape-
nas estava hipnotizado por conceitos puramente humanos.

161
Capítulo 14

DISTORÇÕES DA BÍBLIA

Este compêndio é o desvendar de vários mistérios que foram perpetrados, com


o intuito de preservar uma casta clerical que nunca deveria ter existido, pois os líde-
res do cristianismo do primeiro século, tinham apenas a função de transmitir seus co-
nhecimentos, sem nenhuma autoridade para governar. Mas a inebriante sede de po-
der provocou as distorções que serão expostas neste capítulo.
Estas distorções começaram, assim que o Imperador romano “Constantino” re-
solveu cessar a perseguição e estatizar o cristianismo no século IV DC, tornando toda
a Igreja subordinada ao bispado romano, hierarquizando-a.
A hierarquia na Igreja é expressamente reprovada pelo Espírito de Jesus Cris-
to, quando Ele aparece ao Apóstolo São João em Apocalipse.
“Ao anjo da Igreja em Éfeso escreve:
Estas coisas diz aquele que conserva na mão as sete estrelas e que
anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Conheço as tuas obras, tanto o teu labor quanto a tua perseverança,
e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si
mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens
perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te dei-
xaste esmorecer.
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeei-
ro, caso não te arrependas.
Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as
quais eu também odeio.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vence-
dor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraí-
so de Deus.”
(Apocalipse, Capítulo 2, versículos do 1 ao 7)

A Igreja em Éfeso foi elogiada por odiar as obras dos nicolaítas, mas a Igreja
em Pérgamo, pelo contrário, foi exortada por sustentarem a doutrina dos nicolaítas:
“Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a

162
doutrina dos nicolaítas.”
(Apocalipse, Capítulo 2, Versículo 15)

Todo o texto de Apocalipse é alegórico, e em toda a minha vida já, apreciei lite-
raturas, que se diziam traduções e interpretações do Apocalipse, mas nenhuma das
que eu conheci eram concordes entre si.
Mas com relação às frases: “odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu
também odeio”, é bem clara pois a palavra nicolaíta, é uma palavra grega que signi-
fica: [Nikao] que é conquistar, e [laíta] é uma derivação de laikos que vem de laos que
significa: os leigos, povo, a massa, a plebe, aquele que não tem conhecimento apro-
fundado em determinada área, o nome significa conquistando os leigos.
Vejamos o significado de conquistar no Dicionário de Aurélio Buarque de Ho-
landa:
Conquistar, verbo transitivo Tomar (terras) à força de armas; adquirir,
subjugar pela força; alcançar; vencer; granjear; ganhar; (família) obter a
simpatia de (alguém); ser correspondido no amor.
(Aurélio Buarque de Holanda)

O espírito de Jesus Cristo não faz acepção de pessoas, mas o homem, como já
não bastasse a discriminação entre as pessoas que passam pelo ritual das águas e as
que são impedidas, formando uma classe de agregados internamente à Igreja.
Agora temos a diferenciação entre o clero (padres, pastores, bispos e etc) e o
restante, que é tratado por leigo.
Estes, na verdade, não são leigos por serem neófitos (novo convertido), mas
sim pela ausência de ensino, pois as classes de catecúmenos recebem um conheci-
mento muito rudimentar e falso, com o fim de cumprirem determinações do clero,
que por sua vez, alegam ser dadas pelo Espírito de Jesus Cristo.
Observem o contraste destas realidades citadas, com a verdadeira posição do
Espírito de Jesus Cristo:
“Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos
povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles.
Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se gran-
de entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre
vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (os escolhi-

163
dos e predestinados).”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 20, versículos do 25 ao 28)

Existe paralelo desta passagem no Evangelho Segundo São Marcos Capítulo


10, Versículos do 42 ao 45.
Sem falar de outras passagens, como por exemplo: em que Jesus Cristo lava os
pés dos discípulos e etc.
São Paulo ratifica isto:
“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de
amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e miseri-
córdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa,
tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.
Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade,
considerando cada um os outros superiores a si mesmo.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 2, Versículos do 1 ao 3)

O Amado Teófilo, precisa estar atento, pois as versões que os pseudopais da


Igreja apresentam para o nicolaísmo, com o intuito de desviar a atenção do verdadei-
ro significado, são completamente distorcidos.
Eles anunciam o nicolaísmo como uma ceita que prevaricava, praticando peca-
dos sexuais, atribuindo, inclusive, um descarado falso testemunho contra Nicolau,
que foi um dos sete diáconos escolhidos, em Atos dos Apóstolos, Capítulo 6, Versículo
5, acusando-o de ser o fundador desta ceita.
Estêvão foi um destes sete homens; homem de grande espiritualidade e que
nos deu grande testemunho no capítulo 7 de Atos dos apóstolos.
As interpretações da Bíblia foram, inicialmente impostas pela força, tanto na
idade das trevas, como no período medieval, sem que o povo tivesse acesso a ela.
Logo após sua liberação, foram manipuladas as suas interpretações, com o in-
tuito de provocar o maior sectarismo possível.
É, também importante colocar para o Teófilo, que o assunto relacionado à par-
te ética, ou seja, o “pecado”, está sendo tratado com toda a seriedade e respeito, con-
duzido pelo princípio da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas antes, estamos
expondo toda a parte Espiritual, pois não há nenhum princípio ético que possa ser es-
tabelecido sem a força da espiritualidade.
O comportamento ético (sem pecados) ocorre naturalmente, com a presença

164
da Espiritualidade (Iluminação) e, o pecado, não pode, em nenhuma hipótese, ser
usado para manipular consciências, criando um turbilhão de complexos de culpa, os
quais, com certeza atrapalham o desenvolvimento da espiritualidade e o alcance da
Iluminação.
Os problemas de consciência impedem a Iluminação (Espiritualização), sem a
Iluminação não se consegue viver livre das concupiscências (desejos desenfreados) da
carne, conduzindo-nos a uma vida pecaminosa, a qual pesa mais na consciência,
como já foi dito, os problemas de consciência impedem mais ainda a Iluminação e
prosseguimos num verdadeiro ciclo vicioso, ou reação em cadeia.
Tenho certeza de que o Amado Teófilo, após concluir a leitura deste Compên-
dio, terá total capacidade de compreender a Bíblia, e sua leitura se tornará prazerosa
e inteligível.
Quando recém-nascido, fui batizado na Igreja Católica. Meu pai sempre me
disse que a vontade de seu avô era que ele fosse padre, chegou, por alguns anos, ten-
tar cumprir este desejo de seu avô em mim, mas antes dos meus dez anos desistiu
dessa ideia.
Quando eu completei 12 anos, minha mãe matriculou, a mim, a minha irmã
Bárbara e meu irmão caçula José Maurício, no curso de catecismo para fazermos a
primeira comunhão na Igreja Católica.
No decorrer do curso, minha professora sempre dizia que era um grande peca-
do sequer entrar em um templo de outra religião.
Eu permaneci fiel a todos os dogmas da Igreja Católica, frequentando à Missa,
no mínimo, todos os domingos.
Além disso, sempre era dito que poderíamos ler a Bíblia, mas que era uma lite-
ratura de muito difícil interpretação e que somente os membros do clero (padres e
bispos), teriam a autorização de Deus para interpretá-la.
Esse conceito sofista, foi, e é uma forma de manter os princípios teológicos não
compatíveis com as verdades Bíblicas; que o clero da idade das trevas e idade média
(entre os séculos V e XV), mantiveram o povo com o entendimento que lhe era conve-
niente, entendimento este, formado por seus concílios, suas tradições, algumas parci-
al, outras totalmente incoerentes com a Bíblia,
No primeiro milênio DC e até a metade do segundo, eles conseguiam fazer dos
costumes religiosos, o que lhes era conveniente, proibindo o povo de ler as Sagradas

165
Escrituras, para que o povo não se desse conta de que estava sendo enganado.
Após a liberação da Bíblia para o povo, por ocasião da reforma protestante,
num primeiro momento, ela foi publicada em latim, que era uma forma de tentar
mantê-la velada, mas com o passar do tempo, ela foi sendo traduzida para outros idi-
omas.
Além de quaisquer motivos que pudessem ter sido alegados pelos líderes da
cristandade em sua defesa, é muito difícil admitir, de uma hora para outra, que todos
os conceitos sempre estiveram errados e que eles transmitiram ao longo de muitos sé-
culos, princípios enganosos.
O mais importante é que Deus protegeu os textos da Bíblia, fiéis aos originais,
e ninguém teve coragem de alterá-los.
Eu comprovei isto, porque as nossas versões em português se originaram de
duas vertentes diferentes, uma delas é a católica que se originou da Vulgata, que foi
uma tradução feita por São Jerônimo, dos originais para o latim, entre os anos 382 e
404 depois do nascimento de Jesus Cristo.
E a outra é a protestante, que se originou da Septuaginta (que quer dizer seten-
ta tradutores), que foi uma tradução do Antigo Testamento, feita, também dos origi-
nais, só que para o grego, entre os anos 285 e 150 antes do nascimento de Jesus Cris-
to, para uso dos judeus da dispersão (judeus que viviam fora da Palestina em virtude
das guerras e perseguições), porque eles faziam uso corrente do idioma grego.
A Septuaginta ou “LXX”, como também é conhecida, não tinha o Novo Testa-
mento, até porque foi uma tradução feita antes do nascimento de Jesus Cristo.
A Septuaginta, traz uma certa controvérsia, com relação ao nome que o Espíri-
to de Jesus Cristo era chamado no antigo testamento, pois eles traduziram o tetragra-
ma YHWH que significava “Eu Sou”, para o grego Kyrios, que no hebraico é Adonai e
em português é Senhor.
Mas na tradução de São Jerônimo, como as vogais do tetragrama estavam es-
quecidas, em outro capítulo eu explico o porquê, ele usou as duas primeiras vogais do
alfabeto romano e traduziu como Javé.
O Nome Jeová é a combinação das consoantes do tetragrama (YHWH) com as
vogais da palavra hebraica Adonai, e Adonai traduz-se por Senhor (este arranjo foi
adotado no século XVI).
O Novo Testamento foi escrito pelos Apóstolos, diretamente no Idioma grego.

166
Algumas, ou uma cópia encontrada(s), não sabemos bem ao certo, referente ao
Evangelho segundo São Mateus, foi ou foram as únicas versões do evangelho (Livro
do Novo Testamento) escritos em hebraico.
Nenhuma das versões apresentam contradições entre si.
Sem contar que o Antigo Testamento pode ser conferido com os registros ju-
daicos que são: a Torah (Lei), o Nebiim (Profetas) e o Ketubim (Escritos históricos e
poéticos), pois o Antigo Testamento é, nada mais, nada menos, que, com fiel seme-
lhança, toda a história dos judeus, incluindo suas leis e profecias, apenas com uma di-
visão diferente, pois os judeus classificam os livros em três coletâneas.
Quanto ao Novo Testamento, tenho a certeza de que foi respeitada uma profe-
cia do final do livro do Apocalipse (Revelação):
“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, tes-
tifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os
flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras
do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cida-
de santa e das coisas que se acham escritas neste livro.”
(Apocalipse, Capítulo 22, versículos 18 e 19)

Estes são: o penúltimo e antepenúltimo versículos de toda a Bíblia. É certo que


esta profecia se refere apenas ao livro do Apocalipse; mas acredito que tenha funcio-
nado para toda a Bíblia, pois há referência de profecia semelhante, no Antigo Testa-
mento: em Deuteronômio, Capítulo 4, Versículo 2 e no Capítulo 12, Versículo 32.
Conclusão, o texto não foi alterado.
Mas os líderes “religiosos” manipulam com sofismas e conduzem para inter-
pretações tais, que fazem com que os fiéis fiquem escravos dessas organizações religi-
osas, que têm registros de CNPJ (cadastro de pessoa jurídica do imposto de renda),
embora isentos de tributação, e uma boa circulação de dinheiro de doações.
O que é pior; conseguem manter a frequência das pessoas aos seus templos,
mantendo suas contribuições, aprisionam-nas pelas suas consciências, com medo do
inferno e do diabo, e recentemente apregoa-se a teologia da prosperidade, ou seja,
quem mais contribuir com a “obra”, mais prosperidade terá.
Vejamos o que a Bíblia tem a dizer sobre a prosperidade:
“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento.
Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma pode-

167
mos levar dele.
Tendo sustento e com que nos vestir. Estejamos contentes.”
(Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo, Capítulo 6, versículos do 6 ao
8)
_____________________________________________________
“Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: afasta
de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-
me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando farto, te
negue e diga: Quem é o Senhor?
Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus.”
(Provérbios, Capítulo 30, Versículos do 7 ao 9)

Ao se interpretar corretamente os escritos bíblicos entendi que são diametral e


paradoxalmente opostos a tudo o que tentam nos dizer, e uma das muitas passagens
que nos confirmam isto, é a seguinte:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregado, e eu
vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 11, versículos do 28 ao 30)

Estas são palavras de Jesus Cristo, mas os líderes da cristandade de hoje são
como os Fariseus, que na época de Jesus Cristo, aprisionavam as pessoas através de
complexos de culpa e de pecado, mas ao contrário disso, somos livres:
“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade”
(Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 3, Versículo 17)

Como já dissemos, os movimentos de reforma impuseram a liberação de tão


Preciosa Literatura ao povo.
Em face da população mundial passar a ter acesso direto à verdade, restou-
lhes, através de suas interpretações tendenciosas, confundir aos seus sectários, dis-
torcendo a interpretação: evitando comentar certos trechos ou passagens, ou se utili-
zando de versículos isolados, interpretados completamente fora da contextualidade
dos capítulos completos.
Também abusam da alegorização de textos que na verdade têm significado lite-

168
ral e que não necessitam de interpretações alegóricas.
Aproveitando que uma boa parte da Bíblia é alegórica, então eles generalizam
essa alegorização, com o fim de confundir e obscurecer-lhes a real interpretação.
Hoje se utilizam de falácias, que agem psicologicamente no inconsciente coleti-
vo, de forma que quando alguém lê a Bíblia, está totalmente atrelado aos princípios
que os líderes semearam durante suas homilias (Discursos de aconselhamento basea-
dos nas “Sagradas Escrituras”), que apresentam versões bem inconsistentes com a
verdade.
Por isso não conseguíamos entender ou perdíamos o raciocínio lógico ou até
conseguíamos conviver com conceitos contraditórios, como por exemplo: que o ho-
mem foi criado a imagem e semelhança de Deus e ao mesmo tempo é cheio de imper-
feições, sem explicarem a razão disto.
No desenvolvimento deste compêndio estou a explicar estes confusos concei-
tos, que, com a nossa leitura individual e nosso próprio discernimento, podemos
constatar com clareza, isolando muitos trechos que são bem claros e concisos.
Também inserem, por muitas vezes, em sua oratória, a condicionante “se”, sem
que ela apareça no texto, manipulando nosso raciocínio. Vou citar um simples exem-
plo, mas acredite o Teófilo, que ocorrem muitos mais:
Se na Bíblia está escrito: “O justo viverá pela fé”.
Eles pregam: “Se for fiel à autoridade pastoral da igreja, o justo viverá pela fé”
As religiões protestantes, embora dissidentes da Igreja Católica, aboliram mui-
tas tradições, como por exemplo, a veneração de imagens, também chamada Icono-
clastia, ou seja, os protestantes são contrários à idolatria, o que é correto, pois é uma
prática condenada em toda a Bíblia.
Muito embora, esses mesmos dissidentes, também estejam mantendo muitas
outras tradições, como por exemplo, o ritual das águas, também chamado de batismo
que é a purificação pelo lavar com água, o qual é um ritual judaico até os dias de hoje,
chamado micvá, o qual já foi tratado no Capítulo 5 deste compêndio, sob o título: “O
BATISMO”.
Quero acentuar que o Batismo é bíblico, mas não é ritualístico.
Neste Compêndio estamos chegando a conclusão de que Jesus Cristo aboliu to-
dos os rituais, Ele pregou uma filosofia espiritualista e anti ritualística.
Podemos ver a posição anti ritualística de Jesus Cristo em uma das muitas pas-

169
sagens em que Ele se posiciona desta forma, que é a passagem da samaritana:
“Nossos pais adoraram neste monte; vós, entretanto, dizeis que em
Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando
nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos;
porque a salvação vem dos judeus.
Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai pro-
cura para seus adoradores.
Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em es-
pírito e em verdade.
Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cris-
to; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.
Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 4, versículos do 20 ao 26)

Muitos valores não coerentes com a Bíblia foram disseminados: Um deles é a


fábula dos três reis magos, que visitaram Jesus Cristo logo após seu nascimento, que
a Igreja Católica chegou até a atribuir-lhes nomes e canonizá-los como santos.
Mas a bíblia, em todas as versões de tradução, refere-se; no Evangelho segun-
do São Mateus, Capítulo 2, Versículo 1; a alguns magos vindos do oriente, não diz que
são três, nem que são reis e muito menos atribui-lhes nomes, alguém pode deduzir
aleatoriamente que seriam três pessoas, pelo fato de haverem três tipos de presentes:
ouro, incenso e mirra; mas estas três categorias de presentes pode muito bem ter sido
dada por qualquer número de pessoas a partir de duas, pois o texto está no plural.
Lendas como esta, atribuída por homens, sem base bíblica, existem muitas,
que o Amado Teófilo no decorrer deste Compêndio irá se inteirar.
Antes de concluir este capítulo, eu vou fazer uma revelação muito importante
para nosso entendimento dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Jesus Cristo não fundou nenhuma religião, muito menos seus discípulos.
Jesus Cristo nasceu e morreu judeu, cumprindo todos os mandamentos da lei
mosaica (de Moisés).
Jesus Cristo deixou para seus escolhidos, ensinamentos que são únicos, singu-
lares e universais, que estão disponíveis a todos que se identifiquem com eles.

170
Se o Amado Teófilo sentir em seu coração, total identificação com os ensina-
mentos de Jesus Cristo, é esta a forma de se ter a certeza de que és um escolhido e
predestinado por Jesus Cristo.
Jesus Cristo diz em uma passagem, o seguinte: minhas ovelhas conhecem a
minha voz, e também disse: eu as conheço, e elas ouvem a minha vós e me seguem.
Quem ousa dar títulos e denominações para grupos e corporações, está com-
pletamente fora do contexto destes ensinamentos, pois cria sociedades hierarquiza-
das, e Jesus Cristo disse: que aquele que quiser ser o primeiro, seja aquele que sirva a
seus irmãos.

MENSAGEM PARA REFLEXÃO:


“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma
o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a
riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, me-
diante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso
coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de
poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o compri-
mento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que exce-
de todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de
Deus.
Ora,àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em
nós, a Ele seja a glória, na Igreja em Cristo Jesus, por todas as gerações,
para todo o sempre. Amém!
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 3, Versículos do 14 ao 21)

171
Capítulo 15

SINOPSE DA HISTÓRIA BÍBLICA

O primeiro autor da Bíblia foi Moisés, ele Escreveu cinco livros que formam a
coletânea chamada Torah, que no hebraico significa “Lei”, que é o livro da lei dos ju-
deus.
Toda a sequência histórica e profética, que nos levam à encarnação do Verbo,
que é o próprio Jesus Cristo, está em todas as entrelinhas do Antigo Testamento.
A Bíblia é totalmente entrelaçada em seus fatos históricos, o que nos mostra
que ela é inspirada por Deus:
“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste in-
teirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as
Sagradas Letras, que podem te tornar sábio para a salvação pela fé em
Cristo Jesus.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o ho-
mem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.”
(Segunda Epístola de São Paulo a Timóteo, Capítulo 3, versículos do 14 ao
17)

É a própria Bíblia que nos diz que a lei que o Espírito de Jesus Cristo deu a
Moisés não é para nós, por isto temos que enxergar o todo da Bíblia, para determinar-
mos algum preceito.
Muitos pregadores abrem a Bíblia no Antigo Testamento e nos obrigam a fazer
coisas que o próprio Espírito de Jesus Cristo já nos isentou.
Em nossa Bíblia os cinco livros da Torah, são integrados em uma única coletâ-
nea com todos os outros livros, inclusive o Novo Testamento, e eles formam um gru-
po chamado Pentateuco, e os livros são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deute-
ronômio.
Portanto são considerados os escritos mais antigos da Bíblia, e Moisés somente
começa a narrar fatos presenciados por ele no terceiro capítulo de Êxodo, que é o
segundo livro escrito por ele, e cronologicamente falando, isto ocorre aproximada-
mente no décimo sexto século antes do nascimento de Jesus Cristo.

172
No seu primeiro livro, que foi Gênesis, ele faz a narração desde a criação, até os
dias dele, que seria até o segundo capítulo de Êxodo.
Ele baseou-se, provavelmente, em três etapas de transmissão oral, que será
demonstrada mais adiante.
Para quem não quiser crer que ele escreveu por pura inspiração, e presumindo
que pelo menos quinhentos anos antes dele, já existia a escrita, ele poderia ter tido
acesso a papiros que traziam estes registros, como o papiro é degradável, nossos his-
toriadores não tiveram a chance de conhecê-los.
Tanto é, que os historiadores seculares, por serem céticos, acreditam que os li-
vros de Moisés teriam sido produzidos aproximadamente três ou quatro séculos antes
de Jesus Cristo, não considerando, em contrapartida, a autoria de Moisés. Pois, o que
eles acharam, foram as últimas cópias que foram possíveis serem encontradas, as an-
teriores se degradaram.
Na verdade, o que encontraram, era o produto de muitas cópias sequenciadas.
Esse problema de ter que ficar fazendo cópias, se tornou menos frequente com
o aparecimento dos pergaminhos, que é muito mais durável que o papiro.
Moisés, devido a pouca duração do papiro institui em suas leis, a produção
contínua de cópias, verifique este fato no livro Deuteronômio, Capítulo 17, Versículos
18 e 19; e Josué, Capítulo 8, versículos do 30 ao 35.
A árvore genealógica dos primeiros seres humanos, Adão e Eva, como toda dis-
seminação, multiplicou-se em progressão geométrica.
A Bíblia, porém, vem relacionando em destaque apenas os primogênitos do
sexo masculino, os quais recebiam a designação de patriarcas, mantendo a atenção
em linhagens interessantes à compreensão da história.
De Adão até Noé houve nove gerações, os homens daquela época tinham lon-
gevidade que alcançavam vários séculos.
Tendo Adão vivido novecentos e trinta anos, ele sobreviveu até oito gerações,
sendo contemporâneo de Matusalém, avô de Noé; e Lameque, pai de Noé, tendo as-
sim a oportunidade de transmitir oralmente a história da Criação, dando-se assim a
primeira etapa da transmissão oral.
Tanto o avô como o pai de Noé, tiveram a oportunidade de transmitir oralmen-
te, a história desde a Criação, para Noé e seus três filhos: Sem, Cam e Jafet, aconte-
cendo assim a segunda etapa da transmissão oral.

173
Houve nove gerações de Sem, filho de Noé, até Abraão, que teve como filho a
Isaque, que tomou Rebeca, sua prima, por esposa, e que lhe deu à luz a Jacó, que
por sua vez teve doze filhos e todos eles são os patriarcas de cada uma das doze tribos
de Israel, que são: Rubem, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebu-
lom, José e Benjamim.
Por sua vês, Sem, filho de Noé, deu origem à etnia semita, sobrevivendo seis-
centos anos, ou seja, até a época da criação dos filhos de Jacó, acontecendo assim a
Terceira etapa da transmissão oral.
Não há nenhum indício de que a partir de Abraão, esta história tivesse começa-
do a ser registradas em papiro, mas os historiadores seculares determinam o encon-
tro do primeiro idioma escrito, que seriam em pedra, pelos antigos sumérios, o qual é
datado em aproximadamente dois mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo, que
seria, provavelmente, uma época contemporânea de Abraão.
Os cinco livros de Moisés, tem o mesmo conteúdo da Torah, como já foi expos-
to, que é o livro das leis dos judeus até os dias de hoje, apesar de tudo os judeus não
acreditaram na deidade de Jesus Cristo, e acreditam que o Messias prometido pelos
profetas ainda está por vir.
No parágrafo seguinte, vou apresentar os nomes dos cinco livros de Moisés,
que compõem a Torah, que seriam os mesmos do Pentateuco de nossa Bíblia, ressal-
tando uma curiosidade, os judeus atribuíam como nome do livro, a primeira palavra
escrita nele, as quais tem sua tradução entre parênteses.
O Gênesis chama-se Bereshit (no princípio), Êxodo chama-se Shempth (no-
mes), Levítico chama-se Wayiqrá (e chamou), Números chama-se Bemidbar (no de-
serto) e Deuteronômio chama-se Debarim (palavras).
Gênesis é uma palavra grega, que significa origem, onde ele conta a história:
desde a fundação do mundo até a migração do povo hebreu para o Egito, seguindo al-
gumas décadas depois, ou seja, até a morte de Jacó.
Do capítulo trinta e sete, até o cinquenta, e último, de Gênesis; é contada a his-
tória onde os filhos de Jacó vendem seu irmão José como escravo, sua deportação
para o Egito; acontecendo o milagre de sua ascensão política, se tornando o segundo
homem na soberania do Egito, tendo somente acima dele a Faraó. Esta é uma belíssi-
ma história, que eu recomendo ao Amado Teófilo que leia.
Vou citar o trecho onde José se dá a conhecer e perdoa seus irmãos, pois quan -

174
do houve sete anos de fome na terra, seus irmãos precisaram ir em busca de alimento
no Egito, mas não haviam reconhecido José, embora José os reconheceu:
“Então, José, não se podendo conter diante de todos que estavam
com ele, bradou: Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou
com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.
E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviram e
também a casa de Faraó.
E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus ir-
mãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados perante
ele.
Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se.
Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mes-
mos por haveres me vendido para aqui; porque, para conservação da vida,
Deus me enviou adiante de vós.
Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco
anos em que não há lavoura nem colheita
Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na
terra e para vos preservar a vida por um grande livramento.
Assim, não fostes vós que me enviastes, para cá, e sim Deus, que me
pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em
toda a terra do Egito.”
(Gênesis, Capítulo 45, versículos do 1 ao 8)

Mesmo algo que nos tenha aparência de mal, muitas vezes nos leva ao que é
bom, como nos escreveu o Iluminado São Paulo, meio século depois do nascimento
de Jesus Cristo:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, Versículo 28)

Em toda a Bíblia, há inúmeras passagens como esta, onde percebemos a ativi-


dade da presciência do Espírito de Jesus Cristo.
Com esses princípios, aprendi que não devo atribuir culpa de nada, nem a mim
e nem ao meu próximo.
Em minhas leituras da Bíblia, sempre senti que todas as histórias bíblicas tive-
ram um pré estabelecimento, ou seja, nossas histórias já estão escritas.

175
Esta foi uma predestinada forma em que o Espírito de Jesus Cristo pôde pro-
ver de alimentos a jovem nação escolhida, que era Israel, no período de fome em toda
a Terra.
Os irmãos terminam a história em paz, e com Israel asilado no Egito, com
aproximadamente setenta pessoas.
Mas, pouco menos de quatro séculos após a morte de José; já não estavam
mais na condição de asilados, passaram a ser escravos, devido a mudança de governo
do Egito, governo este, que não tinha nenhum comprometimento com José; nessa
época a nação israelita já contava mais de um milhão de pessoas, o que assustava aos
governantes egípcios.
No começo de Êxodo, ocorre uma tentativa de Faraó de controlar a procriação
do povo de Israel, mandando matar as crianças do sexo masculino, mas Moisés que
havia nascido naquela época, foi colocado num cesto flutuante no rio Nilo e foi resga-
tado pela filha de faraó.
Quando Moisés cresceu, resolveu unir-se a seu povo e quando viu um egípcio
maltratar um hebreu, matou-o, o que o levou a fugir para o deserto do Sinai.
No Capítulo três de Êxodo, Moisés se encontra com uma manifestação Angeli-
cal do Espírito de Jesus Cristo, através de uma sarça que ardia sem se consumir. (Sar-
ça é o mesmo que matagal)
Em face de Moisés estar acostumado com o politeísmo do Egito, ele questiona
ao Criador, pedindo-lhe que dissesse o seu nome, e o Criador lhe deu uma resposta
que se analisarmos, é de uma profundidade muito grande, pois Ele disse: “Eu Sou o
que Sou …
Assim dirás ao povo de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros”, a qual é a ex-
pressão “Eu Sou” que é representada pelo tetragrama (YHWH), como veremos na
continuação desta sinopse.
Se Moisés não tivesse misturado sua cultura educacional com a dos egípcios,
ele provavelmente não faria esta pergunta, pois para os hebreus esta era uma pergun-
ta para uma resposta única e obvia, pois Deus só existe um.
Este tetragrama (“YHWH” = “EU SOU”) ficou sendo o Nome do Criador, que
até aquela época era chamado de Elohim, que é o plural de Eloha, que significa o
Todo Poderoso ou Altíssimo.
A forma plural era usada, como sinal de respeito e reverência, que seria uma

176
expressão idiomática cultural dos hebreus, mas o significado, embora no plural, defi-
ne a existência de um único Deus.
A forma plural também era por causa de haverem não poucas manifestações
múltiplas em formas Angelicais, em virtude de Sua Onipresença, como veremos a
frente.
Na época em que estava proibido pronunciar seu nome (YHWH), se referiam a
Ele, como: “O Nome”, que é “HaShem” no Hebraico.
Isto se deu por uma interpretação ortodoxa do segundo mandamento:
“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Se-
nhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”
(Êxodo, Capítulo 20, Versículo 7)

Como pudemos observar, nenhuma dessas formas de se nominar o Criador é


um substantivo próprio.
Todos nós, como pessoas de direito temos um substantivo próprio como nome,
assim como as localidades: países, estados, municípios e bairros.
Um substantivo composto e próprio, enfim, foi aplicado ao Nosso Amado Cria-
dor e Pai, que é o Nome: “Jesus Cristo”.
Este é singular; como ele não há outro; concretizando um objetivo de nosso
Criador; que Ele demonstrou desde o Antigo Testamento; que é a de assumir a forma
pessoal no relacionamento com os homens.
Chamá-lo de Jesus somente; ainda não é uma forma singular, pois é um nome
muito comum, mas “Jesus Cristo”, é o único que pode dizer: “Eu Sou o Alfa e o
Ômega, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo Pode-
roso”, este é o Versículo 8, do Primeiro Capítulo do Livro do Apocalipse (Revelação).
O Nome Jesus quer dizer “Javé é Salvador”; sendo a forma grega de “Josué”,
que em hebraico é grafado como Yeshua, que se pronuncia [IÊCHUA], e Cristo quer
dizer “Ungido”, que em hebraico significa “Messias”.
O hebraico tinha, naquela época, uma grafia consonantal; ou seja, as vogais
eram pronunciadas, mas na escrita eram omitidas; e devido ao mandamento de não
usar seu santo nome em vão, como já vimos, passaram séculos sem pronunciá-lo, e
com isso, esqueceram as vogais sugeridas nas sílabas do tetragrama (“YHWH”).
A pronuncia: “Javé” foi possível, quando resolveram usar as duas primeiras vo-

177
gais do alfabeto romano, em lugar das esquecidas, pelo qual o Espírito de Jesus Cris-
to, pelo menos na Vulgata de São Jerônimo, passou a ser chamado a partir de Moisés
no Antigo Testamento.
Abraão tinha um contato íntimo com o Espírito de Jesus Cristo, ou seja, con-
versava com ele; em toda a história, foram poucos os homens que tiveram esse conta-
to tão íntimo.
Não foram todos os descendentes de Abraão que se tornaram povo escolhido,
pois Abraão teve um filho com a escrava de Sara, que se chamavam: a escrava Agar, e
seu filho Ismael; e, também, depois da morte de Sara, ele teve vários filhos com uma
mulher chamada Quetura.
A descendência que contemplava a promessa de serem os escolhidos, e que
está registrada na história bíblica, foi a de Isaque, que tomou à Rebeca, sua prima
por esposa, a qual lhe deu à luz dois filhos Gêmeos não idênticos: Jacó e Esaú, este úl-
timo vendeu seu direito de primogenitura para Jacó e saiu da linhagem dos escolhi-
dos, durante o parto Esaú veio à luz primeiro, por isto é que ele tinha o direto de ser
primogênito.
Ficando o privilégio da escolha com Jacó, que numa luta travada com uma ma-
nifestação angelical do Espírito de Jesus Cristo, teve seu nome mudado para Israel,
que significa príncipe de Elohim, que alguns chamam de Deus, formando a nação de
Israel que conhecemos hoje.
Abraão e seus descendentes foram denominados: “hebreus”.
Moisés, após ter lançado dez pragas contra os egípcios, afinal, consegue liber-
tar seu povo atravessando o mar vermelho através de um milagre, onde o mar se
abriu para a passagem deles.
Devido a incredulidade do povo o Espírito de Jesus Cristo, fez com que eles an-
dassem em círculos no deserto por quarenta anos, e isto foi para que toda a geração
incrédula morresse no deserto.
Por fim o povo atravessa o rio Jordão, e iniciaram por derrubar as muralhas de
Gericó e destruíram e despojaram a cidade e assim foi com o restante do território da
atual palestina.
Moisés não acompanhou isto pois o Espírito de Jesus Cristo, determinou que
ele não entrasse na terra prometida, devido, em determinado episódio, onde ele per-
de a paciência com a reclamação do povo, e não glorifica o Espírito de Jesus Cristo.

178
Na partida do povo de Israel, para atravessar o rio Jordão e iniciar a ocupação
da terra prometida, Moisés sobe ao monte Nebo, mas ninguém viu sua morte, e nem
sabem onde foi sepultado.
Inicia-se a história de Josué que comandou a nação de Israel na tomada da ter-
ra prometida, após os livros do pentateuco, nós temos o livro de Josué, que foi o pri-
meiro dos juízes.
A figura do juiz em uma nação teocrática, ou seja, governada pelo Espírito de
Jesus Cristo; é a de fazer sua comunicação com o Espírito de Jesus Cristo, aplicando
Suas decisões ao povo, e também resolvendo problemas judiciais entre os indivíduos
do povo.
Logo após o livro de Josué teremos o livro da História dos Juízes, que narra to-
das as ações de todos aqueles que julgaram Israel, durante o período de alguns sécu-
los o último juiz foi Samuel, que iniciou a escrever um livro que leva o seu nome.
Em dado momento da história, o povo de Israel pede a Samuel um rei; e Samu-
el unge o primeiro rei de Israel, que foi Saul da tribo de Benjamim, que permaneceu
no poder por quarenta anos, e isto foi profetizado por Moisés:
“..estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o Senhor,
teu Deus, escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus irmãos,
não estabelecerás sobre ti, e sim um dentre eles.”
(Deuteronômio, Capítulo 17, Versículo 15)

Esta profecia foi feita com seis séculos de antecedência.


Devido a vários erros de Saul o Espírito de Jesus Cristo manda o profeta Sa-
muel ungir um dos filhos de Jessé da tribo de Judá como rei, tendo escolhido Davi,
mas Davi não usurpou o trono de Saul em respeito ao óleo da unção derramado sobre
a cabeça de Saul (ungir a cabeça com óleo era um sinal de atribuição de autoridade).
Davi assume o trono quando Saul morre em batalha, e governa também por
quarenta anos.
Então após o livro dos juízes, temos os: primeiro e segundo livros de Samuel,
logo em seguida temos os: primeiro e segundo livros dos Reis, e logo após temos os:
primeiro e segundo livros das Crônicas.
Continuemos com o resumo da origem dos livros que contam a história da pas-
sagem da era dos juízes para a monarquia, indo até o exílio em Babilônia, o lapso de
tempo foi do século XI antes do nascimento de Jesus Cristo, até o ano 520 antes do

179
nascimento de Jesus Cristo.
Samuel escreveu a maior parte do Primeiro livro de Samuel, mas devido a sua
morte, o final do primeiro, e todo o segundo livro de Samuel foram escritos pelos pro-
fetas Natã e Gade.
O Profeta Jeremias foi o autor dos dois livro de Reis, e escreveu, por volta do
ano 587 antes do nascimento de Jesus Cristo, o que aconteceu antes do exílio; já os
Livros de Crônicas foram escritos por Esdras, depois do exílio.
Os dois livros de Crônicas, são a história somente da monarquia do reino de
Judá, desde quando Israel era um só reino, pelos idos do décimo segundo século, an-
tes do nascimento de Jesus Cristo, naquela época Israel tinha como capital, a cidade
de Hebrom e começou pelo rei Saul, que era da tribo de Benjamim.
O Primeiro Livro de Crônicas, do capítulo 1 até o 9, faz uma retrospectiva das
genealogias desde Adão, e a partir do capítulo 10 conta a história da morte de Saul, o
reinado de Davi, depois de Salomão, seu filho. Dentre seus feitos Davi tomou Jerusa-
lém dos jebuseus e transferiu a capital de Hebrom para Jerusalém.
Após a sucessão de Salomão, filho de Davi, por volta do ano 931 antes do nasci-
mento de Jesus Cristo, houve uma cisão entre os reinos do sul que permaneceu com a
dinastia originária em Davi, e do norte que permaneceu sendo governado, inicial-
mente por Jeroboão, funcionário da corte de Salomão, e depois houve uma série de
conspirações, havendo várias dinastias.
Roboão, filho e sucessor de Salomão, teve domínio apenas no reino do sul no
território de duas das doze tribos, que seriam Judá e Benjamim, com a capital em Je-
rusalém e a história do reino do norte é omitida nos livros de Crônicas, mas continua
sendo contada paralelamente à história de Judá, nos livros de Reis (1ª e 2ª).
A história do reino unificado inicia a ser contada nos livros de Samuel; e a par-
tir do final do reino de Davi e início do reinado de Salomão, os relatos estão nos livros
de Reis (1ª e 2ª)
Embora tenha havido esta divisão, houve um grande número de pessoas das
outras dez tribos que fugiram para o sul, pois reconheciam a promessa do Espírito de
Jesus Cristo de que a descendência de Judá seria eternizada; e o culto ao único Deus
só era válido no templo de Jerusalém.
Jeroboão, com o fim de conter e migração, começa a prática de culto a falsos
deuses.

180
Como o Espírito de Jesus Cristo havia prometido; o trono de Judá, com sede
em Jerusalém; permaneceu com a descendência de Davi, até ao exílio.
Nos livros de Reis (primeiro e segundo), mesmo com a divisão, como já foi
dito, continua sendo contadas em paralelo as histórias dos dois Reinos.
Os dois livros de crônicas foram escritos por Esdras depois dos setenta anos de
exílio, por volta do ano 520 antes do nascimento de Jesus Cristo.
Conforme foi profetizado pelo profeta Jeremias, que o exílio duraria setenta
anos, pouco antes de haver o exílio; profecia esta que foi feita em seu livro Profético e
não nos de Reis, no capítulo 25, versículo 11; e capítulo 29, versículo 10.
Após o exílio em Babilônia, aproximadamente no sexto século antes do nasci-
mento de Jesus Cristo, o povo da nação Israelita se transformou numa etnia religiosa
chamada de judaísmo.
A denominação “judeu” é devido ao nome de Judá, o quarto filho de Jacó (Is-
rael).
A tribo de Judá, deu origem a uma única dinastia no reino do sul.
Após a divisão do reino em dois, na sucessão do Rei Salomão, filho de Davi,
sendo esta dinastia desempossada pelo exílio em Babilônia, pelo rei Nabucodonosor,
no ano 587 antes do nascimento de Jesus Cristo.
O povo israelita continuou o registro da descendência real de Judá, na espe-
rança de que em alguma geração, um herdeiro reassumiria o trono, que para eles se-
ria o Messias mencionado pelos profetas.
O povo judeu, foi liberado do exílio em babilônia pelo rei persa Ciro, ele permi-
tiu que eles voltassem para sua terra, que é a região que atualmente é chamada de Pa-
lestina.
Para mostrar como e porque, nós temos a certeza de que a Bíblia é um livro
inspirado por Deus, vou apresentar a profecia que o Profeta Isaías fez, pelo menos um
século antes do profeta Jeremias.
O Profeta Jeremias profetizou o tempo de setenta anos do exílio, mas o Profeta
Isaías menciona o nome do soberano que faria a liberação do povo, quando o povo ju-
deu sequer cogitava que haveria um exílio, e o rei Persa Ciro nem sonhava em nascer:
“Assim diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel: Por amor
de vós, enviarei inimigos contra a Babilônia e a todos os de lá farei embar-
car como fugitivos, isto é, os caldeus, nos navios com os quais se vanglori-

181
avam.
Eu sou o Senhor, o vosso santo, o Criador de Israel, o vosso Rei.
(Profeta Isaías, Capítulo 43, Versículo 14)

Na época desta profecia citada, os judeus tinham problemas com a Assíria, mas
ainda não havia nenhuma adversidade contra Babilônia.
“...que digo de Ciro: ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me
apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será
fundado.”
(Profeta Isaías, Capítulo 44, Versículo 28)

Na época desta última profecia citada, os judeus estavam com sua cidade intac-
ta, assim como o templo.
“Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão
direita, para abater as nações ante sua face, e para descingir os lombos
dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão.”
(Profeta Isaías, Capítulo 45, Versículo 1)

A história do retorno a sua terra pelo povo de Israel, é contada tanto no livro
de Esdras, como no de Neemias.
Entre estes livros ainda existe dois: O livro de Ester, que mesmo sendo judia,
casou-se com o rei Assuero tornando-se rainha da Pérsia; e o livro de Rute, que foi bi-
savó do rei Davi.
Permaneceram, assim, no domínio do império persa, que foi tomado pelos gre-
gos e depois pelos romanos, que no ano 70 depois do nascimento de Jesus Cristo des-
truíram Jerusalém, em repressão a uma tentativa de emancipação do povo judeu (Is-
rael).
Como poderemos constatar, ninguém assumiu trono algum no mundo físico,
porém, José e Maria, Pais não biológicos de Jesus Cristo, eram contados nessa des-
cendência.
Quando ouso dizer que José e Maria não foram pais biológicos de Jesus Cristo,
é porque foi anunciado pelo Anjo Gabriel, que Maria ficaria grávida sem a participa-
ção masculina.
Com o conhecimento biológico que nós temos hoje, sabemos que se fosse utili-
zada uma célula de Maria para que se gerasse o “Ente Santo”, como disse o Anjo Ga-

182
briel, a criança seria um clone de Maria, ou seja, seria uma mulher com todas as ca-
racterísticas genéticas de Maria, e seriam como se fossem gêmeas.
Eu não acredito que o nosso criador teria criado um espermatozoide que fe-
cundasse um óvulo de Maria.
Além de considerar essa concepção profana, acredito que para que se gerasse
um Ser com atributos genéticos de perfeição, o Criador tenha criado, uma célula-ovo
(resultado da fecundação do óvulo pelo espermatozoide e que origina o embrião), já
pronta, com todas as características genéticas desejáveis e necessárias ao corpo hu-
mano que ele habitaria.
A ancestralidade da família que concebeu e criou Jesus Cristo, encontra-se re-
gistrada no primeiro capítulo do Evangelho Segundo São Mateus e no terceiro capítu-
lo do Evangelho Segundo São Lucas.
METAMORFOSE DA ÉTICA BÍBLICA - Podemos chamar de ética bíblica, as
leis, preceitos e mandamentos; contidos nela.
Vamos mostrar as transformações que sofreu esta ética ao longo do tempo,
houve por certo uma evolução das leis rígidas, e punições coletivas, para mandamen-
tos que são praticados por uma consciência própria de cada um de nós.
É necessário estabelecer uma diferença entre o Antigo e o Novo Testamento.
O Antigo Testamento mostra o relacionamento do homem judeu com seu Cria-
dor, mas o Novo Testamento mostra o relacionamento universal do homem com o
seu Criador.
Nós neste compêndio, já vimos que a preocupação com a salvação eterna é des-
necessária, uma vez que o Novo Testamento traz, com mais clareza que no Antigo,
que a salvação, ou a vida eterna dos eleitos ou escolhidos é certa, podem existir textos
que demonstrem o contrário, mas trata-se de leite, ao invés, de alimento sólido. São
escritos da forma em que algumas pessoas precisam, pois não conseguem entender a
predestinação.
É muito comum, quando alguém defende a tese da predestinação, chamarem
estas pessoas de calvinista, pois, não só João Calvino, mas vários reformistas enxer-
garam a predestinação na Bíblia.
Mas, por outros interesses, vinculados a poder, preferiram esconder este con-
ceito bíblico, que é amplamente comentado na Bíblia, e que o Amado Teófilo está ten-
do a chance de conferir junto comigo.

183
Quem enxerga a predestinação, fica independente de qualquer tipo de despo-
tismo ou tirania religiosa. Se todos já tivessem com o entendimento da predestinação,
muitos poderosos eclesiásticos já estariam há muito tempo falando sozinhos.
Outra característica do Antigo Testamento é a sequência de genocídios
ocorridos sob a instrução do Próprio Espírito de Jesus Cristo.
O primeiro foi o dilúvio, depois a morte dos primogênitos do Egito, depois a
morte dos judeus que fizeram o bezerro de ouro, depois os dissidentes judeus na re-
volta de Corá; e, por fim, a ordem, dada pelo Espírito de Jesus Cristo, que ao ocupar a
terra prometida, era a de exterminar todos os povos que ocupavam aquelas terras.
Todas estas mortes eram mortes físicas sem nenhuma menção de castigos após
a morte.
Defendo como tese que estes genocídios objetivavam diminuir a quantidade de
seres humanos com a descendência maligna de Caim, ou seja, os que tinham sombras
em lugar de espírito, melhor dizendo, os psicopatas.
Como eu já disse e vou repetir; o Antigo Testamento, em todas as suas páginas
e nas entrelinhas autenticam o Novo Testamento, mas nós não podemos seguir seus
preceitos e muito menos suas leis, grandes máximas filosóficas podem ser extraída
dele para se utilizar no ensino, mas não como regra comportamental.
Existe uma passagem que São Paulo escreve aos hebreus, inclusive fazendo ci-
tação do Profeta Jeremias que mostram a profecia da nova aliança:
“Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia a exercer o serviço
sagrado e a oferecer muitas vezes o mesmo sacrifício, que nunca jamais
podem remover pecados.
Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício
pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante,
até que seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.
Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos
estão sendo santificados.
[“E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; por-
quanto, após ter dito:
Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz
o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente
as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me lembra-
rei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre.] (Profeta
Jeremias, Capítulo 31, Versículos 33 e 34)

184
Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, Versículo de 11 ao 18)

Vamos a uma do Profeta Isaías:


“Porque eu, o Senhor, amo o juízo e odeio a iniquidade do roubo;
dar-lhes-ei fielmente a sua recompensa e com eles farei aliança eterna.
A sua posteridade será concebida entre as nações, os seus descen-
dentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como
família bendita do Senhor.”
(Profeta Isaías, Capítulo 61, Versículos 8 e 9)

MENSAGEM PARA REFLEXÃO:


“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o
reino do filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pe-
cados.
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
pois nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados,
quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
Ele é o cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
dentre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve
a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo
sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as
coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
E a vós outros também que, outrora éreis estranhos e inimigos no
entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou
no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante
ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, ali-
cerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho
que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu,
Paulo me tornei ministro....
….Cuidado que ninguém vos venha enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do
mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita corporalmente, toda
a plenitude da Divindade.”
(Epístola de São Paulo aos Colossenses, Capítulo 1, Versículos do 13 ao 23 ;
e Capítulo 2, Versículos 8 e 9)

185
Capítulo 16

DO LEITE PARA O ALIMENTO SÓLIDO


MINISTRADO PELO DISCÍPULO QUE JESUS AMAVA

Os Apóstolos São Paulo e São Pedro usaram, uma analogia didática para o cri-
tério de ministração dos conhecimentos bíblicos, comparando os conhecimentos com
a alimentação.
Existem as pessoas que são como crianças que necessitam de leite, e as que
tendo maturidade suficiente para receber e compreender os mistérios bíblicos, po-
dem, e devem, receber alimento sólido.
Esta analogia, não trata de se ter maturidade ou não, trata-se de que as pessoas
consigam entender a chave que decodifica do que está codificado, e isto começa pela
fé em Jesus Cristo.
As pessoas iniciantes nos estudos bíblico, só conseguem entender as partes da
bíblia que são preparadas para elas, mas as que já descobriram a sequência certa, que
lhes dá o entendimento correto, passam a estar preparadas para receberem o alimen-
to sólido.
As pessoas precisam conhecer os mistérios codificados na Bíblia, assim como
as razões e os motivos desta codificação.
Compreendendo as dificuldades que os autores da bíblia tiveram, passam a
ver que a Bíblia é realmente codificada, e qual é a chave para decodificar.
Passaremos a entendê-la, e isto acontecerá, como quando andamos de bicicleta
pela primeira vez.
Passamos a ver que a Bíblia não é uma literatura difícil, e nem contraditória,
era apenas a forma que a víamos quando não sabíamos que ela é codificada.
São João era o discípulo mais próximo de Jesus Cristo, eu diria até que o mais
íntimo, acredita-se que ele tenha se juntado aos discípulos de Jesus Cristo, com apro-
ximadamente 16 anos de idade, o que teria feito com que Jesus Cristo o adotasse e o
mantivesse bem perto de si.
Em seu Evangelho, São João não menciona o nome dele nenhuma vez, mas re-
fere-se a si mesmo, como o discípulo que Jesus amava.
O Evangelho Segundo São João, dos quatro, é o que descreve a personalidade

186
de Jesus Cristo mais intimamente, com certeza, a proximidade, é um dos motivos
pelo qual ele exprimiu conceitos muito mais profundos, ou seja, alimento sólido.
Outro motivo para São João escrever os assuntos espirituais com mais profun-
didade, foi o fato de ele ter sido o único que escreveu seus livros, quando os judeus
não tinham mais condições de perseguir aos seguidores de Jesus Cristo, por estarem
sendo perseguidos pelo império romano.
Para os outros perseguidores, como os romanos, não existia nenhuma contro-
vérsia para com a deidade ou divindade de Jesus Cristo, os perseguiam por outros
motivos.
Seus livros foram: o Evangelho Segundo São João; as Primeira, Segunda e Ter-
ceira Epístolas Universais de São João; e, por fim, o livro Apocalipse, que, por alguns,
também é chamado de Revelação de São João.
Por este motivo é que Jesus Cristo, no final do Evangelho de São João estando
ele já ressuscitado, e em uma de suas aparições aos discípulos, disse:
“Então, pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o discí-
pulo que Jesus amava (São João), o qual na ceia se reclinara sobre o peito
de Jesus e perguntara: Senhor, Quem é o traidor?
Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este?
Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu ve-
nha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 21, versículos do 20 ao 23)

O Apóstolo São João, foi o único que morreu de morte natural, provavelmente
aos 98 anos, e foi o único que sobreviveu além da época em que os judeus começaram
a ser perseguido, os demais foram martirizados, ou seja, morreram por pena de mor-
te.
Quando Jesus Cristo diz a São Pedro: “Quanto a ti, segue-me”, significa que
São Pedro teria uma morte martirizada como a de Jesus Cristo.
Acredito que isto estava nos planos de Jesus Cristo, para que ele, São João,
conseguisse escrever sem a perseguição dos judeus, e ter a liberdade de escrever as
verdades mais claramente como escreveu; porque como eu já disse, os princípios filo-
sóficos mais profundos não eram incômodos para os outros perseguidores.
Todos os outros escritos do novo testamento, apresentam uma forma destaca-
da, de se referir às três manifestações de Jesus Cristo: o “Pai”, “o Filho” e o “Espírito

187
Santo”; isso era, para provocar menos a ira dos judeus.
Mas mesmo assim, eles escreviam de uma forma codificada, que nas entreli-
nhas nós podemos ver que as três manifestações são a mesma Pessoa.
Com relação à vinda de Jesus Cristo: “Se eu quero que ele permaneça até
que eu venha”, realmente, em vários evangelhos, Jesus fala de sua volta, inclusive
deixando a entender, que pessoas daquela geração, a presenciariam:
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que isto
aconteça.

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém o sabe, nem os anjos
dos céus, nem o Filho, senão o Pai.
Assim pois como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho
do Homem.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 24, versículos 34, 36 e 37)

Esta assertiva deixa as pessoas confusas, pois, muitas gerações já passaram e


Jesus Cristo ainda não voltou, esta também é uma forma codificada de revelação.
As pessoas pensam que esta vinda será vista coletivamente, mas não será, pois
eu tenho duas passagens que comprovam que a visão desta volta é individual.
Cada um de nós, em separado, verá a vinda do Filho do Homem, que é Jesus
Cristo, no momento em que “adormecermos”; que é a forma usada por Jesus Cristo e
seus discípulos, para se referir à morte.
Isto aconteceu na geração de cada um dos escolhidos desde a ressurreição de
Jesus Cristo, e vai acontecer na minha geração também, como na do Amado Teófilo.
Por isto é que, em todas as gerações, podemos afirmar: “Em verdade vos
digo que não passará esta geração sem que isto aconteça”.
Até neste momento, Jesus Cristo nos será um Deus pessoal, em sua Onipresen-
ça.
O primeiro foi Estêvão:
“Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a
glória de Deus e Jesus, que estava a sua direita, e disse: Eis que vejo os
céus abertos e o Filho do homem, em pé à destra de Deus.
Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unâni-
mes, arremeteram contra ele.
E lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixa-

188
ram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe
o meu espírito!
Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes impu-
tes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.
E Saulo consentia na sua morte.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 7, versículos do 55 ao 60)

Tenho vários pontos a comentar: primeiro é este personagem chamado Saulo,


que é o mesmo São Paulo, que depois de ter perseguido os seguidores de Jesus Cristo,
acaba por se converter e servir a Jesus Cristo (a conversão de Saulo, que passou a se
chamar Paulo, é descrita no capítulo nove do livro dos Atos dos Apóstolos), sendo-lhe
confiada a tarefa de levar o Evangelho para os gentios (gentio é toda pessoa que não é
judeu).
Os doze Apóstolos foram enviados somente às ovelhas perdidas da casa de Is-
rael, que seriam os judeus:
“A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções:
Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos;
mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à
medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 10, versículos do 5 ao 7)

O Amado Teófilo pode se perguntar, porque o irmão, e autor deste compêndio,


não se refere aos “cristãos” e sim aos “seguidores de Jesus Cristo”.
A resposta é simples: nem Jesus Cristo, nem seus discípulos, fundaram o Cris-
tianismo.
Os judeus convertidos aos ensinamentos de Jesus Cristo eram chamados de
nazarenos, e os seguidores de Jesus Cristo somente foram chamados de Cristão algu-
mas décadas após a ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, em uma congregação de
gentios de Antioquia, que era uma cidade localizada na Síria, gentios estes, discipula-
dos por São Paulo:
“E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo (São Paulo); tendo-
o encontrado, levou-o para Antioquia. E por todo um ano, se reuniram na-
quela igreja e ensinaram numerosa multidão.
Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez chamados de
cristãos.”

189
(Atos dos apóstolos, Capítulo 11, do versículo 26)

Eu evito usar títulos denominacionais, por causa do que já escrevi em capítulo


anterior, e vou citá-lo, para rememorar:
“Jesus Cristo não fundou nenhuma religião, muito menos seus dis-
cípulos.
Jesus Cristo nasceu e morreu judeu, cumprindo todos os manda-
mentos da lei mosaica (de Moisés).
Jesus Cristo deixou para seus escolhidos, ensinamentos que são
únicos, singulares e universais, que estão disponíveis a todos os que se
identifiquem com eles.
A forma, para o Amado Teófilo ter a certeza de que é escolhido por
Jesus Cristo, é sentir em seu coração, total identificação com seus ensina-
mentos.
Jesus Cristo diz em uma passagem: minhas ovelhas conhecem a mi-
nha voz, e também disse: eu as conheço, e elas ouvem a minha vós e me se-
guem, mais a frente esta passagem será citada.
Quem ousa dar títulos e denominações para grupos e corporações,
está completamente fora do contexto destes ensinamentos, pois cria socie-
dades hierarquizadas, e Jesus Cristo disse que aquele que quiser ser o pri-
meiro, seja aquele que sirva a seus irmãos.”
(Conteúdo deste compêndio, Capítulo 2, Página 23, Título: Distorções Da
Bíblia)

Os apóstolos eram líderes, mas não tinham nenhum poder para governar,
eram apenas mestres.
É muito comum usarem, nos dias de hoje, os nomes: bispo, pastor, presbítero
e apóstolo como grau de hierarquia, mas isso é um sofisma.
O único líder governante dos escolhidos de Jesus Cristo é o próprio Jesus Cris-
to, que nos constituiu um reino de sacerdotes, ou seja, cada escolhido de Jesus Cristo
é sacerdote de si mesmo, tendo Jesus Cristo como Sumo Sacerdote:
Voltando ao comentário da última passagem.
A visão de Estêvão é de Jesus Cristo de pé à destra (à mão direita ou do lado
direito) de Deus.
É preciso que se entenda, que para os judeus, estar sentado à direita de um tro-
no, significa a existência de igualdade de autoridade, ao que está assentado no trono.

190
Eles consideravam blasfêmia, pois Estêvão estava afirmando que Jesus Cristo é
Deus, além do fato de que Jesus Cristo estava de pé, o que o colocava em maior auto -
ridade ainda, e esta afirmação é que era a causa de todos os problemas de perseguição
dos judeus aos seguidores de Jesus Cristo, inclusive foi o ponto máximo da condena-
ção de Jesus Cristo, quando ele, o próprio Jesus Cristo fez a mesma afirmação que
Estêvão:
“Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio (um tribunal religioso)
procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem
à morte.
E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemu-
nhas falsas. Mas, afinal, compareceram duas, afirmando:
Este disse: Posso destruir este santuário de Deus e reedificá-lo em
três dias [isto realmente aconteceu, mas só que Jesus Cristo estava se referindo ao
santuário do seu corpo que ressuscitaria em três dias e pode ser visto no Evangelho de
São João, Capítulo 2, Versículos do 19 ao 22].
E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada res-
pondes ao que estes depõem contra ti?
Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te
conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que,
desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo Pode-
roso e vindo sobre as nuvens do céu.
Então, o sumo sacerdote rasgou as vestes [um sinal de repúdio a um
malfeito, contra o que é sagrado], dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais
temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!
Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 26, versículos do 59 ao 66)

Esta última passagem possui paralelos nos Evangelhos Segundo São Marcos,
Capítulo 14, Versículos do 57 ao 64; e São Lucas, Capítulo22, Versículos do 66 ao 71.
Estou devendo mais uma passagem para fundamentar a assertiva de que cada
um de nós, em separado, verá a vinda do Filho do Homem, vejam o ensino de São
Paulo:
“Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o
reino de Deus, nem a corrupção [decomposição do corpo carnal] herdar a in-
corrupção.
Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas trans-

191
formados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao
ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão in-
corruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incor-
ruptibilidade, e o que é mortal se revista da imortalidade.
E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra
que está escrita:
Tragada foi a morte pela vitória.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu agui-
lhão?
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo.
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre
abundante na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho
não é vão.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 15, versículos do
50 ao 58)

Atentem para a expressão “num abrir e fechar de olhos”, há apenas uma


inversão nas ações, primeiro fechamos os olhos ao adormecermos (morrermos) e
abrimos na ressurreição.
Quando os escolhidos de Jesus Cristo morrem, eles tem o seu reflexo no mun-
do espiritual, que é seu espírito, e este mundo espiritual não conta tempo da mesma
forma que no mundo físico, pois existe uma assertiva nos Salmos, Capítulo 90, Versí-
culo 4, que diz: Pois mil anos, aos teus olhos [de Jesus Cristo], são como o dia
de ontem que se foi e como a vigília da noite, por isto quando fecharmos os
olhos, quase que imediatamente acordaremos no mundo da ressurreição, no Paraíso,
na Jerusalém Celestial, onde há novo céu e nova terra, este lugar, está bem claro que
será um mundo físico, porém com as propriedades da eternidade, com relação ao
tempo.
No capítulo vinte e um de Apocalipse, a partir do versículo nove, é descrito este
lugar:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe.
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da

192
parte de Deus, ataviada como noiva adornada para seu esposo.

Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus
Todo Poderoso, e o Cordeiro.
A cidade não precisa nem de sol, nem da lua, para lhe darem clari-
dade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.
As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem
a sua glória.
As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não
haverá noite.
E lhe trarão a glória e a honra das nações.
Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o
que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da
Vida do Cordeiro (seus escolhidos desde antes da fundação do mundo).”
(Apocalipse, Capítulo 21, versículos 1, 2 e do 22 ao 27)

Antes, quero informar para quem não conhece a história, que Jesus Cristo foi
crucificado entre dois malfeitores.
E para reforçar isto vamos ao que Jesus Cristo disse ao bom ladrão, que estava
sendo crucificado junto com ele, que com certeza é um escolhido:
“Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo:
Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
Respondendo-lhe, porém o outro, repreendeu-o, dizendo: nem ao
menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os
nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
E acrescentou: Jesus. Lembra-te de mim quando vieres no teu rei-
no (houve arrependimento sincero e fé em Jesus Cristo).
Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 23, Versículos do 39 ao 43)

Quando o bom ladrão fechou os olhos em sua morte, imediatamente acordou


no paraíso.
No ano 66 depois do nascimento de Jesus Cristo, os romanos viram que os âni-
mos dos que queriam a independência de Israel estavam exaltados, o que os levou a
reprimir o povo.

193
No ano 70 depois do nascimento de Jesus Cristo, a cidade de Jerusalém foi to-
mada e seu templo posto abaixo pelo exército Romano, e todo o povo, de todo o Israel
acabou por fugir, e, mais uma vez se dispersou pela terra, e com isso, não tiveram
mais tempo e moral para perseguir os ensinamentos de Jesus Cristo.
Em face disto, São João ficou mais à vontade, para declarar mais abertamente,
que “Jesus Cristo” e “O Pai” são a mesma pessoa.
“Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber
o caminho?
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim.
Se vós me tivésseis conhecido, conhecerias também a meu Pai. Des-
de agora o conheceis e o tendes visto.
Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.
Disse-lhe Jesus: Filipe há tanto tempo estou convosco, e não me
tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o
Pai?
Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras
que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece
em mim, faz as suas obras.
Creia-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por
causa das mesmas obras.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 14, versículos do 5 ao 11)

Observe mais esta próxima passagem, para verificar o reconhecimento mútuo


de Jesus Cristo em relação ao seu Espírito (“O Pai”).
Na passagem anterior, ninguém vai ao Pai se não for através de Jesus Cristo, e,
em contrapartida, na que se segue, ocorre o inverso, ninguém se achega a Jesus Cris-
to, se pelo Pai não for concedido.
“Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princí-
pio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair.
E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém pode-
rá vir a mim, se, pelo Pai não lhe for concedido”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 6, Versículos 64 e 65)

Além de sublinhar a frase que relacionam as duas últimas passagens, sublinhei


também uma importante afirmação que nos comprova ser Jesus Cristo o Criador, a
frase é: Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e

194
quem o havia de trair, pois Jesus Cristo possui Onisciência, que é um dos três atri-
butos exclusivos, ou seja, que pertence unicamente ao nosso Criador.
Vamos a mais um fato que comprova a onisciência de Jesus Cristo:
“Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem
moisés escreveu na lei, e a quem se referiam os profetas: Jesus o Nazare-
no, filho de José.
Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?
Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê.
Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um ver-
dadeiro israelita, em quem não há dolo!
Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Je-
sus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi quando estavas debaixo da figueira.
Então exclamou Natanael: mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei
de Israel!
Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da fi-
gueira, crês? Pois maiores coisas verás.
E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu
aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, versículos do 45 ao 51)

Apresentei apenas dois exemplos da onisciência de Jesus Cristo, existem mui-


tos outros em todo o Novo Testamento.
Resta-nos apresentar exemplos dos outros dois atributos exclusivos do Cria-
dor, e que é Manifesto por Jesus Cristo, que são: A Onipotência e a Onipresença.
Quanto à Onipresença, começo com o final do episódio onde Jesus Cristo
ressuscitado aparece para os discípulos que iam pelo caminho de Emaús, os discípu-
los não o haviam reconhecido, mesmo ele tendo discorrido a respeito das escrituras e
a repeito Dele, e ainda os repreendeu dizendo: não convinha que o Cristo padecesse e
entrasse na sua glória? Porém, quando entraram em casa:
“E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão,
abençoou-o e, tendo partido lhes deu; então se lhe abriram os olhos, e o
reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 24, Versículos 30 e 31)

Assim como Ele desaparece na passagem anterior, na próxima ele aparece em


um recinto trancado.
“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as

195
portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Je-
sus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, por-
tanto, os discípulos ao verem o Senhor.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 20, Versículos 19 e 20)

Existem mais passagens que comprovam isto, mas eu tenho que ser moderado
em minhas citações senão este compêndio será enorme.
Com respeito à Onipotência, podemos compará-lo com todos os outros per-
sonagens bíblicos, que operaram milagres, mas sempre dirigindo orações ao Espírito
de Jesus Cristo, ou sendo dirigidos por Ele:
Primeiro vejamos a passagem do povo de Israel pelo Mar Vermelho, liderados
por Moisés:
“Disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de
Israel que marchem.
E tu, levanta o teu bordão, estende a mão sobre o mar e divide-o,
para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco.”
(Êxodo, Capítulo 14, Versículos 15 e 16)

Agora vejamos como Jesus Cristo lida com os fenômenos da natureza:


“Então, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o
barco era varrido pelas ondas. Entretanto Jesus dormia.
Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos!
Perecemos!
Perguntou-lhes, então, Jesus: Porque sois tímidos, homens de pe-
quena fé? E levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande
bonança.
E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os
ventos e o mar lhe obedecem?
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 8, versículos do 23 ao 27)

Em Gênesis, capítulo 1, versículo 3, nosso Criador diz apenas: Haja luz e a luz
se fez.
Podemos notar que Jesus Cristo sempre atuou com muita autoridade, especial-
mente em relação ao sobrenatural, ou seja, nos milagres, sem pedir, rogar ou suplicar
a ninguém que tivesse autoridade sobre Ele.

196
Houve três episódios onde Jesus Cristo orou ao Pai, mas isto será explicado no
próximo capítulo.

197
Capítulo 17

JESUS CRISTO E SEU ESPÍRITO

Existem três episódios em que Jesus Cristo ora ao seu Espírito (o Pai), que são:
na oração sacerdotal, que é todo o capítulo dezessete do Evangelho de São João;
na ressurreição de Lázaro; e, no Getsêmani, quando ele pede ao Pai, se possí-
vel que afastasse dele aquele cálice, que seria o sofrimento dos últimos momentos an-
tes de sua morte.
Provavelmente Ele já estava a sentir tudo o que ia se passar nos mínimos deta-
lhes, em virtude de sua Onisciência, o sofrimento que ele sentia neste momento,
acho, que é muito difícil para nós avaliarmos, pois os nossos sofrimentos, nós só te-
mos conhecimento deles quando acontecem, e por não conhecer o momento do alí-
vio, paira em nós sempre a esperança do alívio estar próximo.
Quero, antes de mais nada, comparar, Jesus Cristo Homem, a nós mesmos,
que quando pensamos, parece que estamos dialogando com alguém no nosso íntimo,
isto será melhor explicado algumas linhas a frente.
Quando pensamos alto, ou seja, quando falamos enquanto pensamos, nos su-
jeitamos a que outras pessoas saibam o que estamos pensando, revelando assim, nos-
sa intimidade para os outros.
Estes pensamentos altos podem ser acidentais, o que não é o caso de Jesus
Cristo em suas orações.
Mas podem, também, ser intencionais, ou seja, quando queremos que as ou-
tras pessoas saibam nossa intimidade.
Esta última colocação é o que eu vejo em Jesus Cristo, pois ele nas suas ora-
ções, propositalmente transmitiu mensagens para nós.
Na oração sacerdotal, o Apóstolo São João, no capítulo dezessete de seu
Evangelho; escreve uma longa oração, onde Jesus Cristo dialoga com seu Espírito (o
Pai), e ao lermos, sentimos que existe ali, uma grande mensagem reveladora, trans-
mitida para nós, mostrando o amor e a consideração que Jesus Cristo tem por nós,
este diálogo (ou oração) cumpre esta finalidade.
No Getsêmani, vemos uma demonstração de como Jesus Cristo embora fos-
se cem por cento Deus, Ele era também cem por cento Homem, com seus sentimen-

198
tos peculiares aos nossos, que apresentamos situações de sofrimento, mas como eu já
disse, o dele foi por antecedência.
Como já foi dito, nós quando sofremos, temos um lenitivo, que é a esperança
do sofrimento acabar no próximo momento, mas no caso de Jesus Cristo, ele tinha
certeza de cada ultraje, de cada humilhação, de cada injúria que ele passaria, sabendo
que a vontade de seu Próprio Espírito é soberana.
Na ressurreição de Lázaro, eu prefiro citar a passagem porque ela já se ex-
plica por si mesma:
“Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu,
disse: Pai, graças te dou porque me ouviste.
Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 11, Versículos 41 e 42)

Observemos que ele diz: “Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas as-
sim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me en-
viaste”, como já vimos esta é uma intimidade, que ele nos transmite para que o co -
nheçamos melhor.
“Vós, porém, não estais na carne (ego), mas no espírito, se, de fato,
o Espírito de Deus habita em vós.
E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Se porém, Cristo está em vós, o corpo (ego), na verdade, está morto
por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 8, versículos do 5 ao 10)

Vou aproveitar esta passagem para mostrar como São Paulo colocava a Mani-
festação do Pai e do Filho em igualdade, pois ele menciona neste mesmo versículo 9,
e diz: Vós, porém, não estais na carne (ego), mas no espírito, se, de fato, o
Espírito de Deus habita em vós. E se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele.
Observem que “O Espírito de Deus”, está em sinonímia com “O Espírito de
Cristo”.
Em raros casos, ocorre um despertar espiritual, quase que instantâneo.
O nosso Criador, ao encarnar-se como Jesus Cristo, por ter-se tornado alma vi-
vente como nós, passou a ter uma estrutura transcendental semelhante à nossa, mas

199
logo de início anulou seu ego, quando se retirou para o deserto por quarenta dias, e,
daí em diante, desenvolveu uma vida dialogando com seu Espírito, que ele sempre
chamou de “O Pai”.
Imaginem se Jesus Cristo no início do seu ministério já tivesse divulgado aos
sete ventos que Ele era, e é, o Criador, Elohim, Javé ou Jeová que o seja. Será que se-
ria acreditado?
O Pai, O Filho e o Espírito Santo de Jesus Cristo são três das mais importantes
e definitivas manifestações do Espírito de Jesus Cristo na história bíblica, outras ma-
nifestações foram através de Anjos, que será visto mais a frente neste compêndio.
Segue-se algumas passagens que podem explicar isto:
“A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de expli-
car, porquanto vos tendes tornados tardios em ouvir.
Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo
decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de
novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim,
vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.
Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra
da justiça, porque é criança.
Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, tem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o
bem, mas também o mal.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 5, versículos do 11 ao 14)

Esta passagem é para os judeus que não conseguiam entender a Deidade de Je-
sus Cristo, que é o grande mistério da piedade.
O senso comum confunde piedade com pena ou misericórdia, mas, na verdade,
significa o respeito pelas coisas da espiritualidade com devoção e reverência; segue
uma passagem que explica o mistério da piedade:
“Evidentemente, grande é o mistério da piedade:
Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo (ou pelo
mundo) e recebido na glória.
(Primeira Epístola a Timóteo, Capítulo 3, Versículo 16)

Existe também um fundamento para a iluminação:


“Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor

200
Jesus Cristo e o amor para com todos os santos (todos os seguidores de Jesus
Cristo), não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas
orações, para que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento
Dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a espe-
rança do seu chamamento, qual a riqueza da sua herança nos santos e
qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a
eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressusci-
tando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar a sua direita nos lugares ce-
lestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que possa referir não só no presente século, mas também no
vindouro.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, versículos do 15 ao 21)

Observem a codificação desta passagem; São Paulo menciona o Deus de Nosso


Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, depois ele afirma que Jesus Cristo está sentado a
sua direita, mas logo em seguida afirma: “acima de todo principado, e potesta-
de, e poder, e domínio, e de todo nome que possa referir não só no pre-
sente século, mas também no vindouro”.
Se Jesus Cristo está acima de tudo isso, compartilhando uma posição com o
Pai da glória, e se eu não conceber que esse Pai da glória e Jesus Cristo são a mesma
pessoa; eu diria que nesta passagem, São Paulo, estaria a adorar dois deuses.
Combinando esta passagem anterior, com o Evangelho Segundo São João:
“Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o re-
construirei.
Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este
santuário, e tu, em três dias o levantará?
Ele se referia ao santuário do seu corpo.
Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se
os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na pala-
vra de Jesus.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 2, versículos do 19 ao 22)

Nota-se que nesta passagem descrita por São João, o Próprio Jesus Cristo se
intitula, como sendo o autor de sua ressurreição, e esta foi uma das motivações para
sua pena de morte.
São Paulo na passagem anterior a esta, diz que, Deus o “Pai da Glória”, foi

201
quem o ressuscitou, logicamente, São Paulo estava usando a forma codificada, para
os necessitados de leite, e por causa da presença dos judeus, mas São João apresen-
tou o alimento sólido.
Conclusão: O Pai da Glória e Jesus Cristo são a mesma pessoa e não duas pes-
soas distintas, pois cada pessoa tem um centro de vontade, mas a vontade de Jesus
Cristo é única e irrevogável.
Temos mais duas passagens que comprovam isto:
Nesta primeira São Pedro se refere a Jesus Cristo, em seu primeiro discurso no
templo, após a ressurreição de Jesus Cristo.
“Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou den-
tre os mortos, do que nós somos testemunha”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 3, Versículo 15)

A seguinte ocorreu a pelo menos mil e quinhentos anos antes da passagem an-
terior e os personagens eram Moisés e Arão:
“Mas eles se prostraram sobre o seu rosto e disseram: Ó Deus
(Javé), Autor e Conservador de toda a Vida, acaso, por pecar um só ho-
mem, indignar-te-ás contra toda esta congregação?”
(Números, Capítulo 16, Versículo 22)

Para complementar, mostro mais uma passagem em que São Paulo fala da pre-
paração para o recebimento da verdade.
“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim
como a carnais, como a crianças em Cristo.
Leite vos dei de beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda
não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois car-
nais.”
(Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 3, Versículos 1 e 2)

A razão para São Paulo não ministrar alimento sólido, naquela ocasião é por-
que os discípulos não tinham os olhos Iluminados, ou seja, a Iluminação, pois ainda
eram carnais, sujeitos às paixões carnais.
Mas, na segunda epístola aos coríntios, ele marca uma visita para lhes minis-
trar o alimento sólido:
“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência,
de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana,

202
mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para
convosco.
Poque nenhuma outra coisa vos escrevemos, além das que ledes e
bem compreendeis; e espero que o compreendereis de todo, como tam-
bém já em parte nos compreendestes, que somos a vossa glória, como
igualmente sois a nossa no Dia de Jesus, nosso Senhor.
Com esta confiança, resolvi ir, primeiro, encontrar-me convosco,
para que tivésseis um segundo benefício; e, por vosso intermédio, passar à
Macedônia voltar a encontrar-me convosco, e ser encaminhado por vós
para a Judeia.”
(Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 1, Versículos do 12
ao 16)

“Para que tivésseis um segundo benefício”, este segundo benefício seria


o alimento sólido que lhes ministraria.
A designação “trindade” não tem nenhuma fundamentação bíblica, como já co-
meçamos a demonstrar.
A humildade de Jesus Cristo é o máximo, em se tratando de um sentido de
vida, o qual Jesus Cristo quis transmitir-nos, e em sua suprema sabedoria, ele não
podia se revelar para qualquer pessoa como sendo o Próprio “Javé”.
No Evangelho Segundo São João, ele faz essa revelação em várias passagens,
para aqueles, escolhidos por ele, e que eram os únicos que podiam, naquela época, co-
nhecer esta revelação sem se sentirem privilegiados ao ponto de corromperem-se em
soberba, ou deturpá-la, ou sujeitá-la ou descrédito.
Mas nós temos esta revelação a nossa mão para lermos, mas somente conse-
guimos entender quando temos a chave para decodificar.
Jesus Cristo já tinha despertado a consciência espiritual deles, estando eles,
desta forma, prontos para receber esta revelação sem nenhum prejuízo para a grande
obra que estava para ser consumada.
E em nosso caso quando nos espiritualizamos (Iluminamos), anulando nosso
Ego, passagens como estas nos trazem muito refrigério, ou seja, a paz que excede
todo o entendimento, e também o gozo que Jesus Cristo Menciona:
“Tenho vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 15, versículo 11)
_____________________________________________________

203
“Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles
tenham o meu gozo completo em si mesmos.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 17, versículo 13)
_____________________________________________________
“E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso
crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 15, versículo 13)

Esta revelação foi muito mal digerida por Judas Escariotes, o qual foi posto por
divino desígnio para trair a Jesus Cristo.
Existem teses que defendem a ideia de que Judas, por ter uma visão carnal, e
possuidor de mente política e revolucionária, querendo ver sua pátria livre dos roma-
nos, esperava que entregando Jesus Cristo, o obrigaria a usar seus poderes para se li-
vrar da morte e com isso estabelecesse um reino terrestre.
Judas, como muitos, era incapaz de desenvolver uma postura espiritual interi-
or, ele esteve todo o tempo com Jesus Cristo, mas jamais havia entendido o cerne da
fé, existem pessoas destinadas a isto, este assunto já foi explorado em capítulo anteri-
or.
Na redação do Novo testamento, existe uma forma enigmática de relatos que
particularizam as três Manifestações, mas elas serão explicadas a cada tempo.
Desta forma são citados: O Pai, que é o Espírito de Jesus Cristo, O Filho que
seria Jesus Cristo Feito Homem e nascido de mulher, e o Espírito Santo, que é a ma-
nifestação do Espírito de Jesus Cristo no interior dos homens que são seus escolhi-
dos.
Mas em meu profundo estudo da Bíblia, consegui chegar ao verdadeiro:
“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado en-
tendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro,
em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 5, Versículo 20)

Este entendimento que está sublinhado na citação, é a capacidade e o prepa-


ro para recebermos alimento sólido.

204
Capítulo 18

A CRIAÇÃO DO HOMEM E SUA ESTRUTURA TRANSCENDENTAL

Este capítulo requer atenção, pois o Amado Teófilo, vai se defrontar com deter-
minados conceitos que vão sugerir uma mudança radical em seus conceitos religio-
sos, que, como eu já disse, é uma área muito preciosa para a psiquê humana.
A primeira correção que temos que fazer em nosso entendimento, é a história
da criação do homem, que eu farei uma exposição em raciocínio sequencial para que
haja entendimento:
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, confor-
me a nossa semelhança; tenha, ele domínio sobre os peixes do mar, sobre
as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre
todos os répteis que rastejam pela terra.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o cri-
ou; homem e mulher os criou.”
(Gênesis, Capítulo 1, Versículos 26 e 27)

Este é o momento em que o Espírito de Jesus Cristo cria o espírito do homem.


Podemos constatar isto, revendo um trecho duma passagem de Jesus Cristo
que já expusemos, que é com a samaritana:
“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai pro-
cura para seus adoradores.
Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em es-
pírito e em verdade.”
(Evangelho segundo São João, Capítulo 4, Versículos 23 e 24)

Podemos constatar que o próprio Jesus Cristo diz ser Ele Um Espírito, logo, se
o homem é a sua imagem e semelhança, então o homem também é um espírito, até
porque, para que o adoremos em espírito, é necessário que tenhamos um espírito.
Será, que no momento da criação do homem, o Espírito de Jesus Cristo criou
apenas os espíritos de Adão e Eva? Pois o texto diz, que Ele os criou homem e mulher.
Agora vou mostrar uma assertiva feita por São Paulo, que é um Iluminado em
Cristo Jesus:

205
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou
para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o be-
neplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos
concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu
sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus
derramou abundantemente sobre nós em toda sabedoria e prudência, des-
vendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que
propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude
dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo,
no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o concelho da sua vontade, a fim
de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos
em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verda-
de, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes sela-
dos com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa heran-
ça, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, Versículos do 3 ao 14)

Esta expressão, “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do


mundo”, nos deixa claro que o espírito de todos os escolhidos, foi criado antes da
fundação do mundo.
Temos também uma passagem no livro de provérbios que a maioria atribui sua
autoria a Salomão, que foi o terceiro rei de israel, sendo o sucessor de seu pai Davi, e
que viveu aproximadamente um milênio antes do nascimento de Jesus Cristo.
No texto a seguir, a narrativa é feita pela sabedoria, que é uma tipificação do
Espírito de Jesus Cristo:
“O Senhor me possuía no início de sua obra, antes de suas obras
mais antigas.
Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do co-
meço da terra.
Antes de haver abismos, eu nasci, e antes de haver fontes carrega-
das de águas.
Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu
nasci.
Ainda Ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o

206
princípio do pó do mundo.
Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o hori-
zonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando
estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para
que as águas não ultrapassassem os seus limites; quando compunha os
fundamentos da terra, então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia
após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo, re-
gozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com
os filhos dos homens.
Agora, pois, filhos, ouvi-me, porque felizes serão ao que guardarem
os meus caminhos.
Ouvi o ensino, sede sábios e não o rejeiteis.
Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas por-
tas, esperando às ombreiras da minha entrada.
Poque o que me acha, acha a vida e alcança favor do Senhor.
Mas o que peca contra mim violenta a própria alma.
Todos os que me aborrecem amam a morte.”
(Provérbios, Capítulo 8, Versículos do 22 ao 36)

Muito profundo e de difícil descrição, é a essência da existência de nosso Cria-


dor.
Nesta narrativa temos a impressão que o narrador (a Sabedoria), é um ser des-
tacado do nosso Criador, não esquecendo que o texto foi escrito por um homem em
um momento de inspiração profunda, escrevendo de forma alegórica, com o fim de
descrever o indescritível.
Muito embora a Sabedoria seja o narrador, e apresenta uma forma destacada
do Criador, consideremos que o texto é rico em figuras de linguagem, consideremos
que na frase, “Desde a eternidade fui estabelecida”, torna-nos impossível des-
tacá-la do Criador, pois Ele é o único Ser eterno, não nos esquecendo de que adora-
mos a um único Criador, que é Jesus Cristo.
O espírito do homem é semi eterno pois teve um início em sua criação, e daí é
que ele passa à eternidade, ou seja, teve começo, mas não tem fim; mas o Espírito de
Jesus Cristo é de eternidade a eternidade, não teve começo e nem fim.
E quanto a criação de nossos espíritos serem desde antes da fundação do mun-
do, fica em evidência, na frase: “e achando as minhas delícias com os filhos
dos homens”.

207
“Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos
deixará a mente em suspenso? Se tu és o Cristo dize-o francamente.
Respondeu-lhes Jesus: já vo-lo disse, e não credes. As obras que
faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.
Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me se-
guem.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arreba-
tará da minha mão.
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.
Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte
do Pai; por qual delas me apedrejas?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedreja-
mos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a
ti mesmo.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos do 24 ao 33)

Esta última passagem, assim como existem outras, responde muito bem a esta
pergunta pois, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem”, se o Amado Teófilo tem um sentimento de amor, alegria e paz ao
ler as palavras de Jesus Cristo, em especial no evangelho segundo São João, é desta
forma que o Amado Teófilo ouve a voz de Jesus Cristo, como na próxima passagem:
“Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas.
Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama
pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora.
Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e
elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum segui-
rão o estranho, antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estra-
nhos.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos do 2 ao 5)

Quanto à afirmativa: “Mas vós não credes, porque não sois das minhas
ovelhas”, estes são os filhos da ira, que já tivemos a oportunidade de estudar.
São João escreveu em sua primeira epístola universal o seguinte:

208
“Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele
que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito
da verdade e o espírito do erro.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 4, Versículo 6)

Neste momento, as pessoas que ouvem este ensinamento, costumam ter um


bloqueio, por achar que teriam que conceber um Deus injusto, que não dá oportuni-
dade para todos.
Mas como já vimos no capítulo seis: “OS DESTINADOS PARA A IRA”, não
existe nenhuma possibilidade de recuperação para os psicopatas.
Em consequência de Jesus Cristo ter se tornado homem, São João apresentou
as simbologias da encarnação do Verbo, que em parte se assemelha a nossa estrutura
transcendental:
“Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo;
não somente com água, mas também com água e sangue. E o Espírito é o
que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.
Pois há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra e o Es -
pírito Santo; e estes três são um.
E três são os que testificam na terra]: o Espírito, a água e o sangue,
e os três são unânimes num só propósito.”
(Primeira Epístola Universal de São João, Capítulo 5, Versículos do 6 ao
8)

Quando ele fala: “E três são os que testificam na terra, daí para frente ele
começa a definir a nossa estrutura transcendental.
Nesta passagem João coloca um paralelo das manifestações de Jesus Cristo,
com a do homem carnal, posição que Jesus Cristo assumiu ao se tornar homem:
Os que dão testemunho no céu são: O Pai que é a manifestação do Espírito de
Jesus Cristo; a Palavra que é o mesmo que Verbo que é a manifestação do Filho do
Homem nascido de mulher; e o Espírito Santo que é a manifestação do Espírito de
Jesus Cristo no interior de seus escolhidos; e ele afirma que estes três são um Único
Criador.
Os que testificam na terra são os componentes do homem que o Espírito de Je-
sus Cristo teve que ter para ter um corpo carnal.
Os três componentes transcendentais do homem são: o Espírito que é a ima-

209
gem e semelhança do Espírito de Jesus Cristo, que no caso de Jesus Cristo é o seu
próprio Espírito; a água que é a nossa alma, centro de nossas vontades e emoções; e o
sangue que representa a vida do corpo, e São João faz questão de dizer que os três são
unânimes num só propósito, pois compõem um só indivíduo.
O Ego faz parte de nossa mente carnal, ele é o administrador da aquisição de
uma vida prazerosa.
Nos exige segurança material e financeira; posição social; nos incute medo
para nos defender, não somente da morte, mas também da execração social; sustenta
nosso orgulho; é o agente da inveja e da competitividade social, para ele o importante
é só vencer, e quando há derrota ele nos pune com a frustração.
O Ego está programado por um código de ética que adquirimos na nossa infân-
cia, ou seja, a ética social apenas, a ética espiritual para o Ego de nada vale.
O nosso espírito quer que vivamos em amor, alegria, paz, longanimidade, be-
nignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Quando nossa alma se deixa ser convencida pelo Ego, ela entra em ebulição,
pois ela é comparada ou simbolizada pela água, ou seja, o seu componente emocional
oscila do extremo eufórico para o extremo melancólico, e também, toma a forma do
recipiente que a contém e pode se tornar gelo, ficar em ebulição ou serena.
Quando nossa alma se deixa ser convencida pelo espírito, o seu componente
emocional fica sereno como a lagoa que se parece com um espelho.
Aproveito para lembrar do capítulo cinco, que fala sobre o batismo, na página
53, Jesus Cristo diz a Nicodemos que se não nascermos da água e do espírito; naquela
ocasião eu escrevi que a água não era a água do ritual das águas, mas a simbologia de
nossa alma, o que ficou explicado aqui.
Outro fator importante é a vontade.
Se o atributo “vontade”, deixasse de existir, todo o mundo em que vivemos dei-
xaria de ser movimentado, que é o mesmo que animado (ânimum que dá origem à
palavra alma), pararia seu movimento através no tempo, e por certo, deixaria de exis-
tir, pois o que nos move é a vontade, se eu não tiver vontade de comer, por exemplo,
morrerei, se não tivéssemos a vontade do sexo, nossa espécie se extinguiria, e daí por
diante.

210
Capítulo 19

QUEM É JESUS CRISTO?

A melhor carta de apresentação que a Bíblia nos dá de Jesus Cristo, está no


primeiro capítulo do Evangelho Segundo São João, nesta apresentação, São João se
refere a Ele, como: “O Verbo” que em outras traduções usava-se um sinônimo, que é:
“A Palavra”.
Mas, eu prefiro, não levar em conta somente o vocábulo “Verbo” como subs-
tantivo, mas também como a classe morfológica das palavras que determinam uma
ação ou um estado de coisas.
O verbo ser, quando usado na primeira pessoa do indicativo “Eu Sou”, é o sig-
nificado do tetragrama “YHWH” no hebraico, e foi o nome provisório pelo qual o Es-
pírito de Jesus Cristo se identificou a Moisés, ao convencê-lo a liderar a fuga do povo
hebreu (judeus de hoje) do Egito.
Quando estava no deserto, fugido do Egito, história que vimos resumidamente
no capítulo da Sinopse da história bíblica, ele viu uma sarça que queimava sem se
consumir, e da sarça Moisés pôde ouvir a voz do Espírito de Jesus Cristo.
Mas agora vou mostrar a passagem completa.
Moisés foi criado pela filha de Faraó e estava acostumado com o politeísmo do
Egito, por este motivo ele quis saber o nome da Divindade que falava com ele:
“Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de israel e
lhes disser: o Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me per-
guntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
Disse Deus a Moisés: Eu Sou O Que Sou. Disse mais: Assim dirás
aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros.
Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O
Senhor, o Deus de vossos Pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome (que quer dizer de-
nominação) eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.”
(Êxodo, Capítulo 3, versículos do 13 ao 15).

Eu Sou, é uma oração nominal sem predicativo, que, por não ter predicativo,
passa a ser a autodenominação da existência de um “Ser”, que no caso é um substan-
tivo que determina o que nós somos.

211
O Espírito de Jesus Cristo é o Ser Criador e nós os seres criaturas, mas este
substantivo pode ser usado para qualquer ser, seja: do reino mineral, do reino vegetal
ou do reino animal.
Também entendo o “Verbo” como ação e movimento, porque pela Vontade do
Espírito de Jesus Cristo o mundo foi Criado, e a manifestação da vontade nas criatu-
ras é que anima e movimenta este mundo, como já expusemos.
Por ser o verbo animar derivado de alma, e que também expressa movimento;
em consequência disto, somos almas viventes, dando ensejo às nossas ações que deri-
varam da ação Criadora, através da emissão da Palavra Criadora.
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na
minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvol-
vei a vossa salvação (Iluminação) com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 2, Versículos 12 e 13)

Toda ação parte de uma vontade.


Como já vimos na passagem da Samaritana, onde Jesus Cristo afirma que
Deus é Espírito, e como Espírito ele está no âmbito espiritual, que é um mundo que
nós ainda não conhecemos, o qual não é paralelo com o nosso, em relação ao tempo.
Quando lá foi criado nosso espírito, não sabemos o porquê, de nós não lembra-
mos, o que me traz uma nova teoria. A de que o Espírito de Jesus Cristo nos fez tor -
nar almas viventes, ou seja, nos fez carne neste mundo atribulado, para que a nossa
consciência seja desenvolvida.
A desobediência de Eva foi previamente calculada, assim como os irmãos de
José o venderam para o Egito, mas o objetivo que o próprio José veio a constatar era
o de preservar a descendência de Jacó.
Outra teoria é de que o tempo transcorrido da criação do nosso espírito, até
que fôssemos concebidos e nascidos neste mundo, pela contagem infinitesimal de
tempo, realmente não daria para que sentíssemos ou sequer entendêssemos o que
ocorria.
Embora toda a história de Adão e Eva, assim como muitas outras, transcorre
de uma maneira bem circunstanciada, mas o que na verdade está acontecendo na
Mente de Jesus Cristo não está sendo revelado na íntegra, pois talvez, como crianças,
não conseguiríamos entender.

212
Nosso processo de criação ainda não se concluiu.
“E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão
contra os que foram desobedientes?
Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade.
Temamos, porquanto, que, sendo-nos deixada a promessa de en-
trar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado.
Porque a nós também foram anunciadas as boas novas, como se
deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não
ser acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.
Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus
tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fun-
dação do mundo.
Porque, em certo lugar, assim disse no tocante ao sétimo dia:
E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 3, versículos do 17 ao 19; e
Capítulo 4, Versículo do 1 ao 4)

Como já tratamos em capítulos anteriores, não podemos estabelecer uma rela-


ção temporal entre o mundo espiritual e o físico, então, concluo, que só estaremos
completamente criados quando ressuscitarmos; e, somente aí, o sétimo dia nos será
contemporâneo, o que ocorrerá na eternidade.
São João inicia o primeiro capítulo de seu Evangelho, com a mesma expressão
que é iniciado o livro de Gênesis, que, como já vimos é: “No princípio”.
A seguir vou citar o primeiro versículo da Bíblia que é o primeiro versículo de
Gênesis, e em seguida citarei o primeiro capítulo do Evangelho segundo São João:
Este primeiro aconteceu há aproximadamente quatro milênios e meio antes do
nascimento de Jesus Cristo:
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.”
(Gênesis, Capítulo1, Versículo 1)

E este outro, foi escrito há quase cem anos depois no nascimento de Jesus
Cristo:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada

213
do que foi feito se fez.
A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela.
Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João (Purificador
ou Batista).
Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a
fim de todos virem a crer por intermédio dele.
Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a
verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.
O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele,
mas o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem fei-
tos filhos de Deus, a saber aos que creem no seu nome; os quais não nasce-
ram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
de Deus.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de ver-
dade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, versículos do 1 ao 14)

O Amado Teófilo, deve atentar para a seguinte assertiva: “os quais não nas-
ceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus”, nesta assertiva está encerrada a comissão da criação do nosso espíri-
to, que na verdade não é nascido da carne, mas sim do Espírito de Jesus Cristo, pois é
sua imagem e semelhança.
Conclusão, somente os escolhidos, predestinados e imagens do Espírito de Je-
sus Cristo é que crerão em Jesus Cristo, absolutamente todos eles.
Os destinados para a ira, porém, jamais crerão em Jesus Cristo, absolutamente
nenhum deles, podem até fingir como é peculiar aos psicopatas.
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem fei-
tos filhos de Deus, a saber aos que creem no seu nome”, este poder de ser-
mos filhos do Espírito de Jesus Cristo é inato; é antes da fundação do mundo, como
na Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, Versículo 4, que já foi citada.
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para

214
sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou
para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o be-
neplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça...

A vida e a obra de Jesus Cristo é apresentada nos quatro primeiros livros do


Novo Testamento, que são, na ordem em que estão colocados: Evangelhos Segundo:
São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João, os três primeiros são classificados
como Evangelhos sinóticos, que, segundo os teólogos, significa visão simultânea, mas
no dicionário encontramos como sendo o mesmo que resumo.
Repetindo para que não fique dúvidas, toda a vida de Jesus Cristo, aqui na ter-
ra, é relatada nos quatro primeiros livros do Novo Testamento, na verdade, Jesus
Cristo não escreveu nenhum livro, mas estes quatro autores que mencionamos, foram
comissionados para isto.
Evangelho significa “boa nova” ou “boa notícia”.
Há vários motivos para se acreditar que o Evangelho Segundo São Marcos te-
nha sido o primeiro Evangelho a ser escrito, um deles, é que quase a totalidade de seu
conteúdo compõe o arcabouço dos outros dois Evangelhos sinóticos.
Dos autores dos quatro evangelhos, somente São Mateus e São João conheci-
am Jesus Cristo pessoalmente, pois eram contados entre os doze apóstolos que foram
escolhidos e seguiram a Jesus Cristo.
Vou apresentar os Evangelhos na ordem em que foram escritos:
O primeiro foi o de São Marcos, São Marcos era o mesmo João Marcos, pri-
mo de Barnabé, que aparece na história de Atos dos Apóstolos, acompanhando São
Paulo em parte de sua primeira viagem missionária. Atos dos Apóstolos é a narração
da história da igreja primitiva após a ascensão do Senhor Jesus Cristo aos céus, este
livro teve como autor São Lucas como já expusemos.
São Marcos não conheceu Jesus Cristo pessoalmente, por isto, acredita-se que
ele escreveu baseado em depoimentos de pessoas que testemunharam a peregrinação
de Jesus Cristo, ou tenha transcrito anotações de pessoas do mesmo ambiente, por
este motivo, seu evangelho está muito influenciado por costumes da lei de Moisés,
pois seus depoentes provavelmente eram todos judeus.
O segundo foi o de São Mateus, embora contado entre os doze Apóstolos es-
colhidos por Jesus Cristo, não apresentou características filosóficas mais personaliza-

215
das como foi o caso do Evangelho de São João, que não é considerado sinótico, e que
demonstra grande intimidade e revelações espirituais, que não ocorrem nos três
Evangelhos sinóticos.
São Mateus não desenvolveu uma história própria, mas seu livro é uma cópia
do de São Marcos com alguns acréscimos, acredita-se que a intenção dele não tenha
sido a de ser o autor deste Evangelho, mas sim o tradutor do já existente (Segundo
São Marcos) para o hebraico, já que algumas, ou todas as cópias de seu livro foram
encontradas neste idioma.
O terceiro foi o de São Lucas, que também não conheceu Jesus Cristo pesso-
almente, e também tem base no de São Marcos, com acréscimos, alguns coincidentes
com o de São Mateus e outros não, o seu prólogo é bem elucidativo:
“Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coorde-
nada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os
que desde o princípio foram deles testemunha oculares e ministros da pa-
lavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação
de tudo desde sua origem, dar-te-ei por escrito, excelentíssimo Teófilo,
uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em
que foste instruído.
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 1, versículos do 1 ao 4)

O Amado Teófilo pode se perguntar: por que o título deste capítulo é: “QUEM
É JESUS CRISTO?” No lugar de: “QUEM FOI JESUS CRISTO?”.
Não podemos esquecer que no final histórico, atestado nos Evangelhos Segun-
do São Marcos, e Segundo São Lucas, Jesus Cristo ascendeu aos céus em seu próprio
corpo físico, ressuscitado e glorificado, ou seja, seu corpo existe até os dias de hoje, só
que transmutado para o seu Reino.
Vamos ver o que Davi disse, um milênio antes do nascimento de Jesus Cristo,
no salmo 16:
“Alegra-se, pois, o meu coração e o meu espírito exulta; até o
meu corpo repousará seguro.
Pois não deixarás minha alma na morte, nem permitirás que o teu
Santo veja corrupção (decomposição do corpo carnal).”
(Salmos, Capítulo 16, Versículos 9 e 10)

Quase cem anos após, Jesus Cristo glorificado, foi manifesto ao Apóstolo São

216
João, manifestação esta, que é descrita no livro do Novo Testamento chamado Apoca-
lipse ou Revelação, escrito há quase um século depois do nascimento de Jesus Cristo,
pelo mesmo Apóstolo, sendo o último livro da bíblia, tanto levando em conta a ordem
dos livros, como a ordem cronológica:
“Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de
mim, grande voz, como de trombeta, dizendo: O que vês escreve em livro e
manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia
e Laodiceia.
Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeei-
ros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem,
com vestes talares (vestes utilizada por sacerdotes para ministrarem diversos ceri-
moniais) e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.
A sua cabeça e cabelos eram brancos como a alva lã, como neve; os
olhos, como chama de fogo; os pés, semelhante ao bronze polido, como
que refinado em fornalha; a voz, como voz de muitas águas.
Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada es-
pada de dois gumes (alegoria que representa a Palavra de Jesus Cristo). O seu
rosto brilhava como o sol na sua força.
Quando vi, caí aos seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim
a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele
que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e
tenho a chave da morte e do inferno (sepulcros).”
(Apocalipse, Capítulo 1, versículos do 10 ao 17)

Sublinhei quatro expressões da passagem, que nos dão a prova de que Jesus
Cristo é o nosso Criador.
Na primeira, um semelhante a filho de homem, a designação de: “Filho
do Homem” foi muito usada por Jesus Cristo, referindo-se a si próprio em algumas
passagens dos Evangelhos.
Na segunda, o primeiro e o último, leve em consideração o seguinte: o Apo-
calipse foi escrito cem anos depois do nascimento de Jesus Cristo, mas há oito séculos
antes do nascimento de Jesus Cristo o profeta Isaías, transmitiu a seguinte profecia
do Criador:
“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu redentor, o Senhor dos
exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, além de mim não há Deus”
(Profeta Isaías, Capítulo 44, Versículo 6)

217
Esta última passagem, sem dúvida, demonstra que o Criador e Jesus Cristo são
a mesma pessoa.
Na terceira, estive morto, dispensa qualquer comentário, pois esta afirmação
é a prova mais cabal da identidade de Jesus Cristo, na manifestação ao Apóstolo São
João.
Na quarta, estou vivo pelos séculos dos séculos, por fim completa a razão
de eu não ter usado o título: “QUEM FOI JESUS CRISTO?”. Pois Ele Foi, É e Será
Eternamente.
Nos primeiros consílios da Igreja Católica, houve muitas polêmicas para que
fosse aceito o princípio da trindade, e na grande maioria deles estavam presentes as
ideias de um homem chamado Árius.
Árius defendia a ideia de que “O Pai” criou “O Filho”, com prerrogativas divi-
nas e criadoras; e em sequência, “O Filho” teria criado “O Espírito Santo”; o que da
mesma forma que o trinitarismo, nos tornaria politeístas.
A concepção semiariana é que “O Pai” criou “O Filho”, “O Filho” não cria nada;
e O Espírito Santo é o Espírito do Pai.
Seja como for, Jesus Cristo foi o personagem mais emblemático da história
universal.
Eu, como comecei minha vida estudando seitas e religiões, primeiramente pe-
las orientais, constatei que em todas é mencionado o nome de Jesus Cristo, mas
numa concepção próxima da semiariana.
Eu digo próxima, porque nessas ceitas e religiões, não Lhe é atribuída divinda-
de, inclusive o Islamismo, considera que Jesus Cristo teria sido um dos maiores pro-
fetas da história, tendo ao seu lado Mohamed (Maomé).
Somente na cristandade Ele é denominado: “O Filho” que seria uma das pesso-
as da chamada trindade.
Desta forma, acabei por aderir o conceito destas ceitas e religiões, por não con-
seguir ver sentido no trinitarismo.
Ser trinitarista, ou seja, acreditar que existem três pessoas divinas, tornar-nos-
ia politeístas, pois cada pessoa, necessariamente tem de possuir uma alma (ou mente
se preferir), ou seja, um centro de vontades e emoções individual, porém nosso Cria-
dor possui uma única linha de soberana vontade.
O cantor Renato Russo, do conjunto Legião Urbana, em sua música feita em

218
homenagem aos índios, tem uma estrofe que diz:
“Quem me dera ao menos uma vez.
Entender como um só Deus é três.
E esse mesmo Deus foi morto por vocês.
Sua maldade, então, deixar Deus tão triste assim.
(Russo, Renato; ÍNDIOS)

Renato russo tem razão em achar que os índios, por ocasião de sua catequese,
ficaram confusos com este princípio, pois, talvez, ele mesmo possuísse esta dúvida
com relação ao Criador.
Falta entendimento às pessoas que pregam a trindade; tornando-se em uma
influência negativa para o prestígio da Bíblia, dando à tão respeitável literatura uma
conotação de fábula ou lenda mitológica; que este compêndio está desmistificando.
Converso sobre este assunto com vários religiosos, e nota-se que o princípio da
trindade, não foi aceito de coração, as pessoas se sentem na obrigação de aceitar, por-
que é defendido por uma classe de pessoas que possuem graduação em teologia, e não
querem correr o risco de estarem praticando algum tipo de heresia ao contradizê-los,
talvez nem eles mesmos saibam porque preservam estes princípios.
Outro princípio que nos dá a certeza de que o Criador é o Espírito de Jesus
Cristo é o da “adoração”.
Vamos primeiro rememorar uma coisa que já foi estudada:
Como vimos, o próprio Jesus Cristo declara o primeiro e o maior
mandamento: Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás e só a ele darás culto, que foi estabelecido por Moisés, um
milênio e meio antes do nascimento de Jesus Cristo, no livro do Êxodo, ca-
pítulo 20, versículos 5 e 6; e também no livro Deuteronômio, capítulo 6,
versículo 13.
(Capítulo 8 deste compêndio na página 101)

Agora vamos a algumas passagens onde Jesus Cristo é adorado, comprovando


ser ele o próprio Criador:
“Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Pros-
trando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas
ofertas: ouro incenso e mirra.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 2, Versículo 11)

219
Esta é a passagem da visita dos magos, eles não estavam obrigados a cumprir
as leis de Moisés, por não serem judeus, mas José e Maria não os deixariam adorá-lo
em respeito a seus mandamentos, mas como eles tinham a certeza de que ele é a ma -
nifestação do Criador, desta forma o permitiram.
Vamos a outra passagem:
“Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter conti-
go, por sobre as águas.
E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as
águas e foi ter com Jesus.
Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a
submergir, gritou: Salva-me, Senhor!
E, prontamente, Jesus, estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: Ho-
mem de pequena fé, por que duvidaste?
Subindo ambos para o barco, cessou o vento.
E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente
és Filho de Deus.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 14, versículos do 28 ao 33)

Como podemos constatar, esta é a passagem em que Jesus Cristo caminha por
sobre as águas, mas, e quanto à adoração dos discípulos?
Jesus Cristo os teria repreendido se Ele não fosse o próprio Criador.
Vejamos mais uma de muitas:
“Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe per-
guntou: Crês tu no Filho do Homem?
Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que nele creia?
E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo.
Então, afirmou ele: Creio, Senhor, e o adorou.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 9, versículos do 35 ao 38)

Esta é a passagem em que ele cura o cego de nascença, e novamente permite-se


ser adorado.
Vejamos a próxima passagem, que é de Apocalipse, ela é bem alegórica, mas
como eu já prometi, apresentarei, no capítulo seguinte, as manifestações múltiplas,
assim como a manifestação da glória de Jesus Cristo em manifestações compostas.
Existe nesta passagem, a figuração Daquele que está assentado no trono, e
também a manifestação do Cordeiro, que é a figuração do Cordeiro sacrificado em

220
perdão dos nossos pecados, que é o mesmo Jesus Cristo.
As visões são deslumbrantes e tem seu significado alegórico, e não podemos
nos basear nesta figuração composta, para afirmar que o Pai, que está assentado no
trono, e O Filho, na forma de Cordeiro, não sejam a mesma pessoa.
Existe ai uma adoração que se nós desmembrarmos as figurações, concordare-
mos que a adoração é para dois deuses, então, estaria ai estabelecido um politeísmo,
em lugar da adoração a um único Ser Criador.
Observem também, quanto a localização do Cordeiro, pois está no meio do tro-
no.
“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os
anciãos, de pé, um Cordeiro (o corpo glorificado de Jesus Cristo) como tendo
sido morto. Ele tinha sete chifres (onipotência), bem como sete olhos (onis-
ciência), que são os sete espíritos (onipresença) de Deus enviados por toda a
terra.
Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava assen-
tado no trono; e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte
e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles
uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos san-
tos, e entoavam novo cântico dizendo:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste mor-
to e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tri-
bo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacer-
dotes; e reinarão sobre a terra.
Vi e ouvi uma voz de muitos Anjos ao redor do trono, dos seres vi-
ventes e dos anciãos, cujo número era milhões de milhões e milhares de
milhares, proclamando em alta voz:
Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e
sabedoria e força, e honra, e glória, e louvor
Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debai-
xo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo:
Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra,
e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos
prostraram-se e adoraram.”
(Apocalipse, Capítulo 5, versículos do 6 ao 14)

221
Capítulo 20

AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO DE JESUS CRISTO


NÃO SÃO CRIATURAS

Muitas confusões existem, na interpretação do texto bíblico, com relação aos


Anjos. Para tornar bem mais simples o entendimento, traduza a palavra Anjo por Es-
pírito.
Vamos a um fato interessante, que nos ilustra a respeito desta assertiva:
Após a ressurreição e ascensão de nosso senhor Jesus Cristo, houve uma per-
seguição, por parte de Herodes, onde alguns discípulos foram presos, tendo sido Tia-
go morto.
Pedro permanecia no cárcere e os discípulos que se escondiam desta persegui-
ção, não sabiam o que havia ocorrido com os demais presos, talvez julgassem estives-
sem todos mortos.
E para provar que o significado da palavra anjo, usada como espírito, estava na
expressão idiomática dos judeus da época, vejam este trecho:
“Quando ele bateu ao postigo do portão, veio uma criada, chamada
Rode, ver quem era; reconhecendo a voz de Pedro, tão alegre ficou, que
nem o fez entrar, mas voltou correndo para anunciar que Pedro estava
junto ao portão.
Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar
que assim era. Então, disseram: É o seu anjo.
Entretanto Pedro continuava batendo; então, eles abriram, viram-
no e ficaram atônitos.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 12, versículos do 13 ao 16)

Podemos observar que os que estavam presentes, acharam que Rode teve uma
visão do espírito de Pedro, uma vez que julgavam, pudesse estar morto: “Então, dis-
seram: É o seu anjo”.
Volto a afirmar; passagens como esta, nós não podemos virar a página e es-
quecê-las, e depois seguir interpretações contraditórias, eis que a Bíblia pode até ser
codificada, mas ela nunca foi e nunca será contraditória.
Vejamos quando Jesus Cristo é questionado pelos saduceus, que não acredita-

222
vam nem em espíritos nem na ressurreição; segundo o versículo 8, do capítulo 23 de
Atos dos Apóstolos; com relação ao levirato que é prescrito na lei de Moisés em; Deu-
teronômio, capítulo 25, versículos do 5 ao 10; que é a obrigação legal dos irmãos des-
posarem as viúvas de seus irmãos para lhes garantirem descendência:
“Naquele dia, aproximaram-se dele alguns saduceus, que dizem
não haver ressurreição, e lhe perguntaram:
Mestre, Moisés disse:
Se alguém morre, não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva e
suscitará descendência ao falecido.
Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro, tendo casado, mor-
reu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; o mesmo
sucedeu com o segundo, com o terceiro, até o sétimo; depois de todos eles,
morreu também a mulher.
Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Porque
todos a desposaram.
Respondeu-lhes: Errais, não conhecendo as escrituras nem o poder
de Deus.
Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento;
são, porém, como os anjos no céu.
E quanto a ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos
declarou:
Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele
não é Deus de mortos, e sim de vivos.”
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 22, versículos do 23 ao 32)

Está sublinhada uma assertiva da resposta de Jesus Cristo: “são, porém,


como os anjos no céu”.
Estendi a citação até o versículo de número 32, somente para dar ênfase à eter-
nidade de nossos espíritos, que embora não seja o tema deste capítulo, mas sempre é
bom repetir e ressaltar: E quanto a ressurreição dos mortos, não tendes lido
o que Deus vos declarou: Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos.
Os membros do sinédrio, também tiveram uma visão angelical humana:
“Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos de
Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 6, Versículo 15)

223
Quando a Bíblia quer se referir à manifestação do Espírito de Jesus Cristo, dei-
xa bem claro, como: “Anjo do Senhor” ou “Anjo de Deus”.
Logo, temos os Anjos de Jesus Cristo que são o Espírito Onipresente Dele e
que pode se manifestar até em formas múltiplas.
Nós podemos nos referir ao nosso espírito como anjo, só que nossas manifesta-
ções são singulares, em forma de seres humanos, pois não possuímos Onipresença.
Segue-se uma passagem que apresenta uma manifestação múltipla:
“Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele
estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia.
Ele levantou os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente
dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-se em
terra e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que
não passes de teu servo; traga-se um pouco de água, lavai os pés e repou-
sai debaixo desta árvore; trarei um bocado de pão; refazei as vossas for-
ças, visto que chegaste até vosso servo; depois, seguireis avante. Respon-
deram: Faze como disseste.
(Gênesis, Capítulo 18, Versículos 1, 5)

Nesta passagem os teólogos raciocinam de forma lógica e matemática, costu-


mam afirmar que um era o Espírito de Jesus Cristo, o qual eles preferem chamar por:
“Deus”, “Senhor” ou “Pai”, e os outros dois seriam anjos, mas nesta passagem temos
uma manifestação tríplice.
O Amado Teófilo pode comprovar, que os três respondem em uníssono às su-
gestões de Abraão, como se fossem um.
Na passagem seguinte eles também fazem a pergunta, também como se fossem
um.
E no versículo 10: “Disse um deles”, havia uma equivalência de valor entre
eles, porque se não fora, este que disse, seria anunciado: “Disse o Senhor”.
“Então, lhe perguntaram: Sara, tua mulher, onde está? Ele respon-
deu: Está aí na tenda.
Disse um deles: Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara,
tua mulher, dará à luz um filho. Sara o estava escutando, à porta da tenda,
atrás dele.”
(Gênesis, Capítulo 18, Versículos 9 e 10)

As três manifestações estavam ali para executarem três tarefas: a de comunicar

224
a concepção de Sara esposa de Abraão dando ela um filho a Abraão e que viria a ser
Isaque, e as outras duas manifestações destruiriam Sodoma e Gomorra, deixando,
porém Abraão ciente desta destruição, onde Abraão tem a oportunidade de interceder
pelos justos, já que seu sobrinho Ló se encontrava em Sodoma.
Como Diz o Espírito de Jesus Cristo através do profeta Isaías no Capítulo 55,
Versículo 9: “Os meus pensamentos são mais altos que os vossos pensamentos”.
A não ser quando se referir ao espírito do homem, a palavra Anjo trata de uma
manifestação do Espírito de Jesus Cristo.
“Disse-lhe mais o Anjo do Senhor: Multiplicarei sobremodo a tua
descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada.”
(Gênesis, Capítulo 16, Versículo 10)

Quem, neste caso, tem autoridade suficiente para multiplicar?


Resposta: Somente o Criador, e não uma simples criatura.
Outra das manifestações foi para Jacó:
“E o Anjo de Deus me disse em sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me
aqui! … Eu Sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste
um voto; levanta-te agora, sai desta terra e volta para a terra de tua paren-
tela”
(Gênesis, Capítulo 31, Versículos 11 e 13)

Em Gênesis, Capítulo 32, versículos do 22 ao 32, outra manifestação acontece:


Jacó luta com um homem, que ao fim do episódio, se identifica como Deus, inclusive
mudando o nome de Jacó para Israel, que significa Príncipe de Deus.
Outra das muitas passagens que nos demonstram a assertiva deste conceito é a
seguinte:
“Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo, no meio de
uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se
consumia. … Vendo o Senhor que ele se voltava para ver, Deus, do meio da
sarça, o chamou e disse: Moisés! Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui!
(Êxodo, Capítulo 3, Versículos 2 e 4)

Estou certo que a concepção da trindade é improcedente, mas considero a ma-


nifestação do Mesmo “Jesus Cristo” em várias formas; não só como “O Pai”, “O Filho”
e “O Espírito Santo de Jesus Cristo”; mas incluem-se também várias outras manifes-

225
tações Angelicais.
A Bíblia é clara; os Anjos não são criaturas e sim manifestações do Espírito de
Jesus Cristo, fruto de sua Onipresença.
Torno a repetir, nos relatos da criação, não está registrado que O Espírito de
Jesus Cristo, nosso Criador, tenha criado Anjos, mas sim nossos espíritos, que tam-
bém podem ser chamados de anjos.
Vou apresentar, mais passagens que demonstram que os Anjos não são criatu-
ras:
“Mas do céu lhe bradou o Anjo do Senho: Abraão! Abraão! Ele res-
pondeu: Eis-me aqui!
Então, lhe disse: não estendais a mão sobre o rapaz e nada lhe faça;
pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu
único filho.
***
Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do Senhor a Abraão e
disse: Jurei, por mim mesmo, diz o Senhor, porquanto fizeste isso multi-
plicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia da
praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos,
nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à mi-
nha voz.”
(Gênesis, Capítulo 22, Versículos 11 e 12, e também de 15 ao 18)

Não há dúvidas, neste texto, observando-se as frases sublinhadas, de que o


Anjo é o Próprio Espírito de Jesus Cristo.
Vejamos a passagem seguinte:
“Subiu o Anjo do Senhor de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos
fiz subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos
pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco.”
(Juízes, Capítulo 2, Versículo1)

É lógico que, quem fez o povo de Israel subir do Egito foi o Espírito de Jesus
Cristo.
“Então, o Senhor abriu os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do Senhor,
que estava no caminho, com sua espada desembainhada na mão; pelo qual
inclinou a cabeça e prostrou-se com o rosto em terra.
Então, o Anjo do Senhor lhe disse: Por que já três vezes espancaste
a jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque teu caminho é per-

226
verso diante de mim; a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante
de mim; na verdade, eu, agora, te haveria matado e a ela deixaria com
vida.
Então, Balaão disse ao Anjo do Senhor: Pequei, porque não soube
que estavas neste caminho para te opores a mim, agora, se parece mal aos
teus olhos, voltarei.
Tornou o Anjo do Senhor a Balaão: Vai-te com estes homens; mas
somente aquilo que eu te disser, isso falarás. Assim, Balaão se foi com os
príncipes de Balaque.”
(Primeiro livro de Crônicas, Capítulo 22, versículos do 31 ao 35)

Observem o que ele fala: “mas somente aquilo que eu te disser, isso fa-
larás”, se o anjo fosse criatura, poderia falar em nome do Espírito de Jesus Cristo, eu
digo que não, este Anjo é manifestação do próprio Espírito de Jesus Cristo.
Não há dúvidas de que Balaão está dialogando com o Espírito de Jesus Cristo.
“Então, veio o Anjo do Senhor, e assentou-se debaixo do carvalho
que está em Ofra, que pertencia a Joas, abiezrita; Gideão, seu filho, estava
malhando trigo no lagar, para o por a salvo dos midianitas.
Então, o Anjo do Senhor lhe apareceu e lhe disse: O Senhor é conti-
go, homem valente.
Respondeu-lhe Gideão: Ai, Senhor meu! Se o Senhor é conosco, por
que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que
nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito?
Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos mi-
dianitas.
Então, se virou o Senhor para ele e disse: Vai nessa tua força, e li-
vra Israel da mão dos midianitas; por ventura não te enviei eu?
E ele disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a mi-
nha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu
pai.
Tornou-lhe o Senhor: Já que estou contigo, ferirás os midianitas
como se fosse um só homem.”
(Juízes, Capítulo 6, versículos do 11 ao 16)

Será que uma criatura teria a autoridade de dizer: Vai nessa tua força, e li-
vra Israel da mão dos midianitas; por ventura não te enviei eu? Eu só con-
sigo conceber que esta é mais de uma de Suas manifestações Angelicais.
Aqui apresentei várias passagens, mas existem muitas outras no texto bíblico.

227
O Apóstolo São Paulo na epístola aos filipenses, afirma o seguinte:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação
o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e
morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome
que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que
Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 2, versículos do 5 ao 11)

Como existem muitos conceitos errados, colocando, o que acham ser criatura,
em superioridade à importância do homem na criação, passaremos a demonstrar ci-
tações, que se referem ao nosso Criador, de maneira composta, ou seja, com apresen-
tações deslumbrantes, com várias figurações, que não podem ser desmembradas do
todo.
Começaremos por uma visão do profeta Ezequiel, que teve uma visão do Cria-
dor composta de várias figuras, mas que juntas representam o Único Criador.
A diferença da visão de São João no capítulo anterior que podemos observar é
que na visão de São João já existia a Presença da manifestação do Filho, que naquela
visão apareceu em duas figurações, a do que estava assentado no trono e a do Cordei-
ro:
“Vi os seres viventes, e eis que havia uma roda na terra, ao lado de
cada um deles.
O aspecto das rodas e as suas estruturas eram brilhantes como o
berilo; tinha as quatro a mesma aparência, cujo aspecto e estrutura eram
como se estivera uma roda dentro da outra.
Andando elas podiam ir em quatro direções; e não se viravam
quando iam.
As suas cambotas eram altas, e metiam medo; e, nas quatro rodas,
as mesmas eram cheias de olhos ao redor.
Andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; ele-
vando-se eles, também elas se elevavam.
Para onde o espírito queria ir, iam, pois o espírito os impelia; e as
rodas se elevavam juntamente, com eles, porque nelas havia o espírito dos

228
seres viventes.
Andando eles, andavam elas e, parando eles, paravam elas, e, ele-
vando-se eles da terra, elevavam-se as rodas juntamente, com eles; porque
o espírito dos seres viventes estava nas rodas.
Sobre a cabeça dos seres viventes havia algo semelhante ao firma-
mento, como cristal brilhante que metia medo, estendido por sobre a sua
cabeça.
Por debaixo do firmamento, estavam estendidas as suas asas, a de
um em direção à de outro; cada um tinha outras duas asas com que cobria
o corpo de um e de outro lado.
Andando eles, ouvi o tatalar das suas asas, como o rugido de muitas
águas, como a voz do Onipotente; ouvi o estrondo tumultuoso, como o tro-
pel de um exército. Parando ele, abaixavam as asas.
Veio uma voz de cima do firmamento que estava sobre a sua cabe-
ça. Parando eles, abaixavam as asas.
Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo
semelhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, es-
tava sentada uma figura semelhante a um homem.
Vi-a como metal brilhante, como fogo ao redor dela, desde os seus
lombos e dai para cima; e desde os seus lombos e dai para baixo, vi-a como
fogo e um resplendor ao redor dela.
Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, as-
sim era o resplendor em redor.
Esta era a aparência da glória do Senhor; vendo isto, caí com o ros-
to em terra e ouvi a voz de quem falava.
(Profeta Ezequiel, Capítulo 1, versículos do 15 ao 28)

“Porque o espírito dos seres viventes estava nas rodas”. Até parece
que existe um erro de concordância, mas não há erro algum.
Mas por que o substantivo “espírito” está no singular e o substantivo composto
“seres viventes” está no plural?
Sim, pois o Espírito de Jesus Cristo é um, é singular, mas as manifestações são
plurais, em virtude de Sua Onipresença.
Estas figurações, como: seres viventes, rodas, estrelas, candeeiros, Anjos e etc;
não são criaturas mas sim a forma que o profeta teve para descrever a glória do Es-
pírito de Jesus Cristo, por este motivo, é redigida uma visão tão magnífica, e elas fa-
zem parte, de um todo indivisível, e com significação simbólica ou alegórica.

229
Não são poucas as pessoas que tentam decifrar a simbologia destas visões,
cada uma acaba desenvolvendo uma versão diferente da outra, mas todo este deslum-
bre, todo este brilho, é uma forma de expressar a grandeza do Criador, que é o Espíri-
to de Jesus Cristo, apenas isto.
Esta é a forma que certos personagens da bíblia, têm para descrever, aquilo
que tem que se aproximar o máximo, da descrição de um Ser que nos é indescritível.
As pessoas que estão interpretando a Bíblia, costumam desmembrar estas figu-
rações simbólicas e colocar uma infinidade de seres entre nós e Jesus Cristo.
Não há nada mais simples do que o nosso relacionamento com Jesus Cristo,
que é direto:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez, para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de
Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, ten-
do o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água
pura.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, versículos do 19 ao 22)

O Santo dos Santos é o lugar mais central e mais sagrado do tabernáculo,


separado por um véu, do restante do recinto de uma tenda, que por sua vez, era a im-
provisação de um templo durante os quarenta anos em que o povo de Israel peregri-
nou pelo deserto, após serem libertos da escravidão no Egito e o templo construído
por Salomão, assim como os outros, tinha a planta baixa bem semelhante.
No Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote podia entrar, mas tinha
que preencher uma série de requisitos de ascetismo e purificação, para isto, pois se
algum requisito deste ascetismo não fosse cumprido, ou o sacerdote estivesse consi-
derado imundo ou em pecado, ao entrar ele morria. (Veja a definição de rigor ascéti-
co, no prefácio deste compêndio, que é o mesmo que ascetismo)
Nosso acesso a Jesus Cristo é direto.

230
Capítulo 21

OS IRMÃOS DE JESUS CRISTO E AS INFLUÊNCIAS JUDAIZANTES

Vamos, primeiramente, apresentar os irmãos de Jesus Cristo e mostrar como


era o relacionamento deles:
“Tendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus discípulos
o acompanharam.
Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ou-
vindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde vem a este estas coisas? Que
sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas em
suas mãos?
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Ju-
das e Simão? E não vivem aqui suas irmãs? E escandalizavam-se nele.
Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra. Senão na sua
terra, entre os seus parentes e na sua casa.”
(Evangelho segundo São Marcos, Capítulo 6, versículos do 1 ao 4)

Existe paralelo desta última passagem no Evangelho Segundo São Mateus, ca-
pítulo 13, versículos do 53 ao 58.
“Não há profeta sem honra / entre os seus parentes e na sua casa”,
Jesus Cristo já preanunciava uma possível divergência familiar.
Sinagoga, Amado Teófilo, são pequenos templos judeus que substituíram o
templo de Jerusalém, primeiro no exílio, as quais se espalharam por toda a terra, e
depois, em motivo da própria destruição do segundo templo.
Como podemos constatar, Jesus Cristo possuía irmãos e irmãs. Mas são arrola-
dos somente os irmãos: “irmão de Tiago, José, Judas e Simão”.
Agora vamos ver como era o relacionamento deles:
“Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este
lugar e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as
obras que fazes.
Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contu-
do, realize seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-o ao
mundo.
Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.
Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vos-

231
so sempre está presente.
Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou
testemunho a seu respeito de que as suas obras são más.
Subi vós outros à festa; eu, por enquanto, não subo, porque o meu
tempo ainda não está cumprido.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 7, versículos do 3 ao 8)

Esta asseveração que Jesus Cristo faz: Não pode o mundo odiar-vos, mas
a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas
obras são más”, preanuncia que ele está falando de pessoas não predestinadas, ou
seja, destinadas para a ira.
Vimos posição oposta na oração sacerdotal: Eles não são do mundo, como
também eu não sou”, onde Jesus Cristo se refere aos escolhidos e predestinados.
Vamos a mais um incidente de relacionamento:
“Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos e não podiam se aproxi-
mar por causa da concorrência do povo.
E lhe comunicaram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem
ver-te.
Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles
que ouvem a palavra de Deus e a praticam.”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 8, versículos do 19 ao 21)

Existem paralelos desta última passagem, nos Evangelhos de São Mateus, ca-
pítulo 12, versículos do 46 ao 50; e São Marcos, capítulo 4, versículos do 10 ao 20.
Em Atos dos Apóstolos, capítulo 12; Tiago, filho de Zebedeu, e irmão de João;
que era um dos doze, foi morto perseguido por Herodes.
Até aqui não se fala mais de Tiago, filho de Alfeu.
A Epístola Universal de Tiago, não foi escrita por nenhum dos Tiago(s), os
quais faziam parte dos doze Apóstolos, e sim, trata-se do irmão de Jesus Cristo.
Os Irmãos de Jesus Cristo: Tiago e Judas, portanto, se integraram ao grupo
dos apóstolos e pode ser confirmado a participação de Tiago, na Epístola de São Pau-
lo aos Gálatas, capítulo 1, versículo 19; tendo eles escrito, cada um, uma Epístola Uni-
versal, e na Epístola de Judas, capítulo único, versículo 1; ele se identifica como irmão
de Tiago.
Ninguém sabe ao certo, quando e onde os irmão de Jesus Cristo, se juntaram

232
aos apóstolos.
Mas no primeiro capítulo de Atos dos Apóstolos, após a ascensão de Jesus
Cristo aos céus, eles; os irmãos de Jesus Cristo, os mesmos que não acreditavam nele;
se reuniram aos discípulos no mesmo cenáculo onde houvera a última comemoração
pascal.
No mesmo local onde foi celebrada a última ceia com a presença de Jesus Cris-
to, na qual é anunciada a promessa da libertação do jugo das leis mosaicas, na nova e
eterna aliança.
“Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres,
com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 1, Versículo 14)

No episódio onde a criada Rode atende a São Pedro à porta e os irmão dedu-
zem ser o anjo dele, pois acreditavam estar morto, São Pedro demonstra em suas pa-
lavras, que Tiago, um dos irmãos de Jesus Cristo, já exercia uma posição de liderança
entre os nazarenos.
Quero lembrar de que não havia cristianismo ainda, por isto é que os chamo de
nazarenos.
“Ele, porém, fazendo-lhes sinal com a mão para que se calassem,
contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e acrescentou: Anunciai isto
a Tiago e aos irmãos. E, saindo, retirou-se para outro lugar.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 12, Versículo 17)

Não podemos esquecer de que havia uma expectativa de Jesus reassumir o rei-
no terrestre e Tiago seria um possível sucessor uma vez que era filho de Maria e ir -
mão consecutivo de Jesus Cristo, e Maria era descendente de Davi, sendo assim, per-
tencente à linhagem real.
Concluímos, então, que Tiago era o próximo na sucessão.
Esta aparição em cena, após a morte de seu irmão mais velho, pode ser inter-
pretado como ambição pelo possível estabelecimento de um reino terrestre; como ve-
remos à frente, Tiago assume atitudes deliberativas no partido religioso dos nazare-
nos, contrariando os princípios teocráticos de seu irmão Jesus Cristo.
Assumir um governo terrestre, nunca foi cogitado por Jesus Cristo, já vimos
inclusive que o possível motivo para Judas Escariotes ter traído Jesus, tenha sido

233
para obrigá-lo a reagir e assumir o reino de Israel.
Em passagem que já citamos, houve reprovação dos membros da cúpula dos
nazarenos, por causa do episódio de São Pedro entrar em casa de incircuncisos; na-
quele fato, o Espírito Santo de Jesus Cristo se manifestou em todos os membros da
casa do centurião Cornélio.
Só pelo fato de ter uma cúpula governante, já estavam fora da conformidade
que Jesus Cristo havia preconizado para seus seguidores, ou seja, já aflorava a hierar-
quia.
Em apocalipse, como nós já vimos, a hierarquização chamou-se de nicolaísmo,
o qual, quando da manifestação de Jesus Cristo glorificado, foi determinou por Ele a
São João o fato de Ele abominar esta posição.
Embora neste texto não seja mencionado o nome de Tiago, ele já fazia parte
desta cúpula.
Em princípio os judeus achavam que a novidade de vida trazida por Jesus Cris-
to seria exclusivamente deles, por isso é que eles pediram explicações sobre a visita de
São Pedro ao centurião Cornélio.
O episódio em que os Apóstolos são ungidos pelo Espírito Santo de Jesus Cris-
to, foi no dia de pentecostes, o qual era uma comemoração judaica que ocorria apro-
ximadamente 50 dias após a páscoa.
Era comum virem judeus de todas as partes do mundo para esta comemora-
ção, os quais tiveram a oportunidade de presenciar o milagre de todos ouvirem as
pregações de São Pedro em seu próprio idioma.
Para que o Amado Teófilo entenda, os judeus, depois do exílio em babilônia,
passaram a residir em assentamentos por toda a parte da terra, absorvendo os idio-
mas locais:
“Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos,
vindos de todas as nações debaixo do céu.
Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se pos-
suiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar em sua própria
língua.
Estavam, pois atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são,
porventura, galileus todos esses que aí estão falando?
E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua mater-
na?

234
Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, ju-
deia, Capadócia, ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões
da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto ju-
deus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nos-
sas próprias línguas as grandezas de Deus?
Todos, atônitos e perplexos, interpelam uns aos outros: Que quer
isto dizer?
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 2, Versículos do 5 ao 12)

Como é mostrado no começo desta última citação, nesta festa só compareciam


judeus.
Os prosélitos, “como prosélitos, cretenses e arábios”, são gentios que re-
ceberam ensinamento das leis de Moisés e por isso podiam conviver no meio dos ju-
deus, mas com a condição de cumprirem todas as suas tradições, inclusive a circunci-
são, que era obrigatória para eles.
Com isto eles ganhavam a regalia de não serem mais chamados de gentios,
mas também não eram considerados judeus, mas sim estrangeiros, ao se referir a eles
não os chamavam mais de gentios, nem incircuncisos, porém referiam-se a eles como
estrangeiros, ou mesmo prosélitos.
Muitas pessoas ao lerem esta passagem no segundo capítulo de Atos dos Após-
tolos, acham que naquele momento os ensinamentos de Jesus Cristo já estariam
abertos a todos os seres da humanidade, quando na verdade, continuou em um ciclo
fechado da religião judaica.
O que foi bem complexo, é que os seguidores judeus, estiveram muito confusos
com relação ao seu comportamento em face desta novidade de vida, muitos acredita-
vam que precisavam continuar com sua ritualística e/ou sua liturgia.
Quando os ensinamentos de Jesus Cristo foram levados aos gentios, ou seja,
não judeus, houve severas e fortes reações à abolição de todos os rituais por parte dos
judeus, até mesmo dos convertidos.
Como diz um velho ditado: o costume do cachimbo deixa a boca torta; pois foi
muito mais fácil para os gentios se adaptarem aos ensinamentos de Jesus Cristo, que
seu próprio povo, pois estavam ainda escolhendo os rituais que continuariam prati-
cando ou não.
Somente após a conversão de São Paulo é que os gentios, ou não judeus, come-

235
çaram a ser ensinados nos princípios de Jesus Cristo.
Os pregadores da atualidade referem-se aos opositores da pregação de São
Paulo como sendo os pagãos ou gentios que não aceitaram os ensinos de Jesus Cristo,
alguns fatos de perseguição pagã ou gentílica realmente ocorreram.
Mas a maior perseguição que a pregação de São Paulo encontrou, foi do povo
judeu, tanto dos não convertidos como de alguns convertidos.
“Alguns indivíduos que desceram da judeia ensinavam aos irmãos:
Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser
salvos.
Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não peque-
na discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre
eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a
esta questão.
Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela Igreja, atra-
vessaram as províncias da Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos
gentios, causaram grande alegria a todos os irmãos.
Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela Igreja,,
pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com
eles.
Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam
crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que sigam
as leis de Moisés.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 15, versículos do 1 ao 5)

O apóstolo São Paulo, que já havia posto em prática a profecia de que ninguém
ensinará a seu irmão, porque eles serão ensinados pelo Espírito de Jesus Cristo.
Lembremos que ele disse: “Quando, porém, ao que me separou antes
de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em
mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei
carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos an-
tes de mim, mas parti para as regiões da arábia e voltei, outra vez para
Damasco”.
Naquela época, São Paulo estava a estabelecer uma autonomia para os filhos
do Espírito de Jesus Cristo.
Agora ele estava tendo que consultar um poder central, verificamos desta for-
ma haver uma regressão, pois a Palavra de Jesus Cristo deve suplantar todos os ritu-

236
ais e fetiches que haviam.
Mas esta supremacia acabou quando Jerusalém foi sitiada pelos romanos.
Tendo a hierarquia voltado no final do quarto século, pelo Imperador Constan-
tino.
A partir de Jesus Cristo, o homem tem autonomia, e o próprio São Paulo nos
diz isto:
“A fé que tens, tem para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é
aquele que não se condena naquilo que aprova.
Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque o que faz
não provém de fé; e tudo o que não provém de fé e pecado.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 14, versículos 22 e 23)

Vamos continuar com a questão do cumprimento da circuncisão e das leis de


Moisés, no que o Catolicismo de hoje, chamam de “O Primeiro Consílio (ou Sínodo)
da História da Igreja”, “O Primeiro Concílio de Jerusalém”:
“Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para exa-
minar a questão.
Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Ir-
mãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para
que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e
cressem.
Ora, Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, conce-
dendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera.
E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-
lhes pela fé o coração.
Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discí -
pulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?
Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como
aqueles também o foram.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 15, versículos do 6 ao 11)

O apóstolo São Pedro já disse tudo que tinha que dizer nesta última passagem,
mas Tiago teve que apresentar sua deliberação com ares de autoridade:
“E toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo,
que contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre
os gentios.
Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos, atentai

237
nas minhas palavras: Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os
gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome.
Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito:
Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído
de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei.
Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os
gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Se-
nhor. Que faz estas coisas conhecidas desde séculos.
Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os
gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da car-
ne de animais sufocados e do sangue.
Porque Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o
pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados.”
(Atos dos Apóstolos, Capítulo 15, versículos do 12 ao 21)

Totalmente desnecessária e inútil, foi a retórica de Tiago; e se o Amado Teófilo


observar, verá que ele se refere a Deus sem nenhuma reverência ao nome de seu ir-
mão carnal, Jesus Cristo, que é o Rei dos Reis e Senhor de Senhores.
Vou repetir uma citação, onde verificamos como os apóstolos temiam a Tiago:
“Quando, porém, Cefas (nome hebraico de Pedro) veio a Antioquia, resisti-lhe
face a face, porque se tornara repreensível.
Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago (Irmão de Je-
sus), comia com os gentios; quando, porém, chegaram afastou-se e, por
fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão.
E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o
próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles.
Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a ver-
dade do evangelho, disse a Cefas (nome hebraico de são Pedro), na presença
de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que
obrigas os gentios a viverem como judeus?
Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, saben-
do, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (rituais), e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei (rituais),
pois, por obras da lei (rituais), ninguém será justificado.”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 2, Versículos do 11 ao 16)

238
Além disto, Tiago declara uma antítese aos princípios da fé pregado por São
Paulo em sua Epístola Universal, como veremos abaixo:
“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas
não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessi-
tados de alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz,
aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo,
qual é o proveito disso?
Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua
fé sem obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.”
(Epístola Universal de Tiago, Capítulo 2, Versículos do 12 ao 14)

Tiago falou como um autêntico fariseu, que gosta de anunciar seus feitos.
Em primeiro lugar, eu digo, como disse São Paulo em sua Epístola aos Efésios,
Capítulo 2, Versículo 8, que a fé não vem de nós, mas é dom do Espírito de Jesus
Cristo, logo nenhuma fé depende de quem a possui.
Em segundo lugar, não há nada debaixo destes céus que supere a fé em Jesus
Cristo, e para referir-se a ela da forma em que Tiago referiu, é porque nunca a sentiu,
pois ela é inconfundivelmente renovadora; somente os escolhidos e predestinados,
criados antes da fundação do mundo a podem sentir; somente os destinados para a
ira não a conhecem.
Somente a fé em Jesus Cristo é que faz fluir de nosso interior rios de água-viva,
sob o efeito desta fé, nos embriagamos do Espírito Santo de Jesus Cristo, sob o efeito
dela, naturalmente, passamos a praticar exclusivamente o bem e rejeitamos o mal.
Certamente que São Paulo quando falava em obras, ele se referia às obras da
lei, que seriam os rituais, outra, quem tem fé é Iluminado e, uma pessoa Iluminada,
sempre fará o possível para acudir até seu inimigo, quanto mais a um irmão.
Mais uma vez Tiago fala o que não é necessário, e também o que é inútil.
Isto me faz lembrar Judas Escariotes:
“Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui
precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e en-
cheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo.
Mas Judas escariotes, um dos seus discípulos, o que estava para
traí-lo, disse:

239
Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não
se deu aos pobres?
Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque
era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.
Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! Que ela guarde isto para o dia que
me embalsamarem; porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a
mim nem sempre me tendes.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 12, Versículos do 3 ao 8)

Inocular-nos a culpa pelos necessitados é uma estratégia para deixar nossas


consciências empedernidas e não alcancemos a Iluminação, pois por mais boa vonta-
de que nós tenhamos em ajudar a quem precise, nós nunca saciaremos a todos.
Selecionei uma das muitas passagens que São Paulo fala da justificação pela fé;
em antagonismo com a afirmação de Tiago:
“Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a car-
ne?
Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar,
porém não diante de Deus.
Pois que diz a Escritura?
Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim
como dívida.
Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio,
a sua fé lhe é atribuída como justiça.
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a
quem Deus atribui justiça, independente de obras: (citação de Salmos, Capítu-
lo 32, Versículos 1 e 2)
Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos
pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor
jamais imputará pecado. (fim da citação)”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 4, Versículos do 1 ao 8)

Não estou defendendo a retirada das Epístolas universais, tanto de Tiago, co-
mode Judas do cânon, mas mostro que temos de analisá-las sob estes conceitos críti-
cos e acho que desvendar estes fatos é importante para que avancemos em nossa Ilu-
minação.
Não é por acaso que estas epístolas estão no cânon sagrado, pois decifrando-

240
as, assim como outras partes da Bíblia, nós podemos alcançar o mistério oculto dos
séculos.
Adianto para o Amado Teófilo, que o contexto em geral das duas Epístolas cita-
das é proveitoso, apenas apresento trechos que não se coadunaram com o restante da
Bíblia.
Agora vou passar aos comentários sobre a Epístola Universal de São Judas.
Da epístola de Tiago discordei apenas de sua antítese com os princípios básicos
da fé em Jesus Cristo, mas na de Judas, discordo apenas da parte onde ele demonstra
ter se baseado na lenda judaica dos anjos caídos:
“Quero, pois, lembrar-vos, embora já estejais cientes de tudo uma
vez por todas, que o Senhor, tendo libertado um povo, tirando-o da terra
do Egito, destruiu, depois, os que não creram; e a anjos, os que não guar-
daram seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele
tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia;
como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se
entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são
postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição.”
Epístola Universal de Judas, Capítulo único, Versículos do 5 ao 7)

A cultura judaica é cheia de lendas, vou citar uma, para que vocês vejam como
são absurdas: Os judeus acreditam numa lendária criação de uma mulher, antes de
Eva, cujo nome era Líliti, sendo utilizado o mesmo processo de Adão.
Mas ela quis ter precedência sobre o marido Adão, e por isto Deus a destruiu, e
daí teria retirado a costela de Adão para que sua nova mulher lhe fosse submissa. Na
crendice popular deles é comum dizer de uma mulher que gosta muito de mandar no
marido, que está possuída pelo espírito de Líliti. Pura lenda, nada bíblico.
Judas deixa indícios que tenha escrito sua epístola baseado em lendas, como
veremos abaixo.
“Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois
de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades.”
(Epístola Universal de Judas, Capítulo único, Versículo 14)

Se não for uma lenda, acredito que esta profecia anunciada por Judas, tenha
sido passada por transmissão oral.
Mas, por que, em toda a Bíblia, somente Judas se refere a esse Enoque?

241
Este personagem chamado Enoque, é aquele que não experimentou a morte e
foi trasladado para o céu em seu próprio corpo, assim como o Profeta Elias.
O personagem Enoque foi trasladado há mais de três mil anos antes do nasci-
mento de Jesus Cristo, e como já vimos, a história registra as primeiras escritas em
dois mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo.
Portanto, não podemos considerar que Enoque tenha escrito alguma coisa.
Existe, dentre documentos históricos, um achado, na Etiópia, que afirmam ser
o livro de Enoque, mas tanto os judeus, como os católicos, e também os protestantes
não, não incluíram tal livro em seus cânons sagrados.
Os católicos o chamam de apócrifo e os protestantes de pseudepígrafos.
Já apresentamos muitas citações bíblicas que provam fundamentadamente,
que os anjos não são criaturas e sim manifestações do Criador.
São muito mais provas de que os Anjos são manifestações do Espírito de Jesus
Cristo do que sendo criaturas.
Os defensores deste tal livro de Enoque, alegam que Jesus Cristo tenha se ba-
seado neste livro para aplicar seus ensinamentos.
Alegação extremamente absurda.
Quero apenas lembrar que os conhecimentos de Jesus são inatos, tanto é que
aos doze anos de idade, ele dava aula para os doutores da lei no templo de Jerusalém:
“Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a festa da Pás-
coa.
Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o
costume da festa.
Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o meni-
no Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem.
Pensando, porém, estar ele entre os companheiros de viagem, fo-
ram caminho de um dia e, então, passaram a procurá-lo entre os parentes
e os conhecidos; e, não o tendo encontrado, voltaram à Jerusalém à sua
procura.
Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos dou-
tores, ouvindo-os e interrogando-os.
E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e
das suas respostas.
Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe
disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos a

242
tua procura.
Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me
cumpria estar na casa de meu Pai?”
(Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 2, versículos do 41 ao 49)

A coisa mais lógica do mundo é que, absolutamente tudo que existe foi criado
pelo Espírito de Jesus Cristo, e também, ele não criou um anjo que tivesse uma alte-
ração comportamental imprevisível.
Se fosse assim não poderíamos garantir a eternidade, pois se todas as criaturas
forem imprevisíveis, existiria uma chance matemática de todas se bandearem para o
lado do mal.
Pessoas que aceitam estes conceitos, simplesmente, não sabem, ou esqueceram
de que o Espírito de Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, sabe de to -
das as coisas de eternidade a eternidade.
Nenhuma outra criatura pode ter importância maior do que a do homem, pois
o homem é primícia da criação, ou seja, não há nenhuma outra criatura de Deus que
supere a importância do homem na criação; conforme o versículo 23, do capítulo 8,
da Epístola de São Paulo aos Romanos; e, conforme o versículo 18, do capítulo 1, da
Epístola Universal de Tiago.
Vocês puderam constatar, neste último parágrafo que existe coerência em boa
parte destes livros, somente nas que apontei é que prefiro não considerá-las, senão
entrarei em contradição com o restante da Bíblia.

243
Capítulo 22

A COMPREENSÃO DA VIDA

Uma base de raciocínio; primordial, para o entendimento da história transcen-


dente da Bíblia e os Mistérios Ocultos dos Séculos, é a de que Jesus Cristo é Oniscien-
te.
Ele sabe de todas as coisas.
Além de conhecer todos os acontecimentos de todo o nosso espaço físico, tam-
bém tem ciência dos acontecimentos através dos tempos, tanto no passado, como no
presente e também no futuro; e isto, de eternidade a eternidade.
O Amado Teófilo pode até ficar um pouco confuso, pois a Bíblia relata determi-
nados fatos como se nosso Criador se surpreendesse com eles, mas isto é uma forma
antropomórfica (forma de homem) de fazer os povos das respectivas épocas entende-
rem, por isto, assim escreviam, segundo sua capacidade de entender. E isto acontece
só no Antigo Testamento, que foi escrito para os judeus.
Nós, porém, estamos no século XXI, já é hora de começarmos a decodificar e
adaptar esta forma didática da Bíblia ao nosso entendimento.
Algumas coisas ficaram bem claras, agora que sabemos que não há absoluta-
mente nada que se possa esconder do Espírito de Jesus Cristo, tanto nos aconteci-
mentos externos a nós, como até mesmo nos nossos pensamentos, assim como em
toda a nossa história de vida, tanto do presente, quanto do passado como no futuro.
Quanto aos nossos atos e pensamentos pecaminosos do passado, eu tenho uma
profecia do Profeta Jeremias que prevê a redenção que Jesus Cristo nos trouxe pelo
seu sacrifício:
“Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis,
também no coração as inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu
irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o
maior até o menor deles, diz o Senhor.
Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me
lembrarei”

244
(Profeta Jeremias, Capítulo 31, Versículos 33 e 34)

Embora o profeta refira-se à casa de Israel, está se referindo a nós também,


pois neste compêndio, está sendo mostrado que todos os que creem em o Nome de
Jesus Cristo, se tornam cidadãos da Israel celestial.
Como veremos, o perdão dos pecados fica condicionado apenas a um arrepen-
dimento sincero.
O interessante é que sentimos em nosso íntimo, que todas estas frases são ver-
dades profundas, mas em nossa vida carnal, temos dificuldade de alinhar nossos pen-
samentos, nossas atitudes e nossas palavras a estas verdades.
O Amado Teófilo deve se perguntar: E os sofrimentos que certas pessoas pas-
sam muitas vezes sem merecer? Será que isto também está na agenda de Jesus Cris-
to?
Antes quero frisar que enquanto não atingimos a iluminação, estamos sujeitos
a cometermos injustiças, por isso é impossível afirmar que não mereçamos.
Estamos neste mundo como peregrinos, ele nos é hostil, não é a toa que o
Apóstolo Paulo disse que para ele o viver é Cristo e o morrer é lucro. É infinitamente
melhor irmos para Cristo.
Observem um trecho da oração sacerdotal de Jesus Cristo, onde Ele ora por
nós:
“É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que
me deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas
coisas são minhas; e, neles, sou glorificado.
Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo
que eu vou para junto de ti.
Pai Santo, guarda-os no teu nome, que me deste, para que eles se-
jam um, assim como nós.
Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me des-
te, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para
que se cumprisse a Escritura.
Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles
tenham o meu gozo completo em si mesmos.
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles
não são do mundo, como também eu não sou.
Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal.
Eles não são do mundo, como eu também não sou.

245
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao
mundo.
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles tam-
bém sejam santificados na verdade.
Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a
crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam
um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós;
para que o mundo creia que tu me enviaste.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 17, versículos do 9 ao 21)

Quando sofremos provação não é para Jesus Cristo saber até onde suporta-
mos, até porque ele já sabe, e sim para que nós saibamos o que podemos suportar.
Uma grande revelação do mistério que a conclusão deste compêndio dará, fa-
zendo-nos entender a Bíblia, é que aprenderemos a passar pelo sofrimento sem so-
frer, compreendendo-o, esta é apenas uma das faces da Iluminação.
Mas este compêndio vai nos ensinar a sermos espirituais, através da Bíblia e
absorveremos estas verdades.
E quanto a expressão que eu sublinhei, tenho passagens para mostrar de onde
deriva este gozo completo:
“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma
o nome toda família, tanto no céu quanto na terra, para que, segundo a ri-
queza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecido com poder, medi-
ante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso co-
ração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de po-
derdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o compri-
mento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que exce-
de todo entendimento, para que sejais tomados de toda plenitude de Deus.
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em
nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações,
para todo o sempre.
Amém!”
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 3, versículos do 14 ao 21)
______________________________________________________
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Seja vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o
Senhor.

246
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam co-
nhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica,
com ações de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 4, versículos do 4 ao 7)

Nessas passagens, normalmente, os pregadores da atualidade costumam ante-


cedê-las com a condicionante “se”, para que, supostamente, as assertivas destas pas-
sagens tenham efeito, como: Se o irmão não faltar aos cultos; Se o irmão pagar o dízi-
mo; Se o irmão não ficar só no dízimo, mas der ofertas também; Se o irmão se subme-
ter à autoridade pastoral; Se o irmão não se debandar para outra “igreja”; e etc; etc; e
etc.
Existem pregadores que se utilizam disto apenas por imitação, ou seja, por ver
outros o fazerem, mas os que tem consciência de que são mentiras, estes tem muito a
prestar contas.

247
Capítulo 23

A CONDENAÇÃO DE JESUS CRISTO

Os judeus puniam com a morte, quem afirmasse que Jesus Cristo é O Deus
Único e Soberano; sendo onipotente, onipresente e onisciente.
O primeiro a sofrer esta pena injusta, por esta afirmação, foi o próprio Jesus
Cristo.
Umas passagens que o levaram à condenação foram as seguintes:
“Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusa-
lém.
E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e
também os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, ex-
pulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou chão o
dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pom-
bas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negó-
cio.
Lembraram-se os deus discípulos de que está escrito: “O zelo da tua
casa me consumirá”.
Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para faze-
res estas coisas?
Jesus respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o recons-
truirei.
Replicaram os judeus: em quarenta e seis anos foi edificado este
santuário, e tu, em três dias, o levantarás?
Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo.
Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se
os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na pala-
vra de Jesus.”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 2, versículos do 13 ao 22)

Embora, em muitas passagens é dito, que “Deus” ressuscitou a Jesus Cristo,


nesta, o próprio Jesus Cristo disse que ele seria o autor da reconstrução de seu san-
tuário, logo este “Deus” a quem se referem, é o próprio “Jesus Cristo”.
Santuário ou templo é a forma que, genericamente, tanto a história bíblica,
como a teologia se refere ao corpo físico, seja o de Jesus Cristo, ou mesmo o nosso.

248
É importante ressaltar que os escritores da bíblia, muitas vezes, escreviam de
forma codificada, em face das perseguições que sofriam.
Nos outros três evangelhos (os sinóticos), há uma maior distinção entre: “O
Pai”, “O Filho” e “O Espírito Santo”, pois tinham que escrever de uma forma, que não
desse o título de “Pai” e “Criador” para Jesus Cristo.
A primeira passagem da Bíblia que profetiza o nascimento de Jesus Cristo está
no primeiro e mais antigo livro da Bíblia Sagrada, cujo autor foi Moisés, quando o Es-
pírito de Jesus Cristo proferiu a sentença contra a serpente que havia tentado à Eva:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o
seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirá o calcanhar”
(Gênesis, Capítulo 3, Versículo15)

Pode-se observar que Jesus Cristo não se refere à descendência da mulher,


mas sim ao seu descendente, que seria quando Ele nasceria de mulher, para ser o
Verbo encarnado, ou seja, o próprio Jesus Cristo se fez carne e habitou entre nós e vi-
mos sua Glória, Glória como do Unigênito do “Pai” (O Espírito de Jesus Cristo), isto
está escrito no Evangelho Segundo São João, Capítulo 1, Versículo 14.
A criação e a queda do homem, aconteceu há pouco mais de quatro mil anos
antes do nascimento de Jesus Cristo, mas depois de Seu nascimento, o apóstolo São
Paulo faz a seguinte assertiva:
“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente.
Não diz: E aos seus descendentes, como se falando de muitos, porém como
de um só: E ao teu descendente, que é Cristo”
(Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 3, Versículo 16)

No oitavo século antes do nascimento de Jesus Cristo o profeta Isaías, fez vá-
rias predições com relação a Jesus Cristo:
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está
sobre seus ombros; e o seu nome será: “Maravilhoso Conselheiro”, “Deus
forte”, “Pai da Eternidade”, “Príncipe da Paz”;
(Profeta Isaías, Capítulo 9, Versículo 6)

Os seguidores de Jesus Cristo não são politeístas, portanto só há um único Cri-


ador que é o Verbo encarnado e denominado, por ordem da manifestação divina do
Anjo Gabriel, o qual disse que seu nome seria Jesus Cristo:

249
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem
conceberá e dará a luz um filho e lhe chamará Emanuel
(Profeta Isaías, Capítulo 7, Versículo 14)

Esta profecia do profeta Isaías é mencionada no Evangelho Segundo São Ma-


teus, que seria a revelação do Anjo Gabriel:
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua
mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado (relação sexu-
al), achou-se grávida pelo Espírito Santo.
Mas José, seu esposo, sendo justo e não querendo infamar, resol-
veu deixá-la secretamente.
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho,
um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria,
tua mulher, porque o que foi nela gerado é do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele sal-
vará o seu povo dos pecados deles.
Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo
Senhor por intermédio do profeta:
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chama-
do pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 1, versículos do 18 ao 23)

O profeta Isaías, sobreviveu além de três reis: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.
O Rei Ezequias, reinou entre 716 e 687 anos antes do nascimento de Jesus
Cristo.
Além de profetizar o nascimento de Jesus Cristo, o profeta Isaías, também des-
creve com detalhes, o sofrimento vicário e a morte de Jesus Cristo:
“Eis que o meu Senhor procederá com prudência; será exaltado e
elevado e será mui sublime.
Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui
desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do
que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações,
e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes
foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.
Quem creu em nossa pregação? E a quem foi elevado o braço do Se-
nhor? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma
terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma
beleza havia que nos agradasse.

250
Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de do-
res e sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o
rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas
dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e opri-
mido.
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se des-
viava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós
todos.
Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores,
ele não abriu a boca.
Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela co-
gitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da trans-
gressão do meu povo, foi ele ferido.
Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico este-
ve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou
em sua boca.
Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando
der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e pro-
longará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele
verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Se-
nhor, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as
iniquidades deles levará sobre si.
Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos
repartirá ele o despojo, porque derramou a sua alma na morte; foi conta-
do com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e
pelos transgressores intercedeu.”
(Profeta Isaías, do Capítulo 52, versículo3 ao Capítulo 53, Versículo 12)

O que sabemos é que no Novo Testamento são apresentadas passagens como


já lhes mostramos, que demonstram que o Criador e o servo de que fala o profeta, são
a mesma pessoa.
Como podemos imaginar que o nosso próprio Supremo Criador, tenha se sub-
metido a tamanho sofrimento por Amor de suas criaturas, as quais, ele fez à sua ima-

251
gem e semelhança.
Alguns séculos antes da profecia do Profeta Isaías, o rei Davi compôs um sal-
mo, é o de número 22 nas bíblias protestantes. Vamos ver o que ele profere há mais
de mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo:
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se
acham longe de minha salvação as palavras do meu bramido? Deus meu,
clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sos-
sego.
Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel.
Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste.
A ti clamaram, e se livraram; confiaram em ti e não foram confun-
didos.
Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e despreza-
do do povo.
Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e me-
neiam a cabeça: Confiou no Senhor! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem pra-
zer.
Contudo, tu é quem me fez nascer; e me preservastes, estando eu
ainda no seio de minha mãe.
A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de mi-
nha mãe, tu és meu Deus.
Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não
há quem me acuda.
Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam.
Contra mim abrem a boca, como faz o leão que despedaça e ruge.
Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjunta-
ram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.
Secou-se o meu vigor, como um caco de barro. E a língua se me apega ao
céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.
Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassa-
ram-me as mãos e os pés.
Posso contar todos os meus ossos; eles estão me olhando e enca-
rando em mim.
Repartem entre si as minhas vestes e sobre minha túnica deitam
sortes.
Tu, porém, Senhor, não te afastes de mim; força minha apressa-te
em socorrer-me.
Livra a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida.
Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me

252
respondes.
Aos meus irmãos declarei o teu nome; cantar-te-ei louvores no
meio da congregação; vós que temes ao Senhor, louvai-o; glorificai-o, des-
cendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel.
Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou
dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro.
De ti vem o meu louvor na grande congregação; cumprirei os meus
votos na presença dos que o temem.
Os sofredores hão de comer e fartar-se; louvarão ao Senhor os que
o buscam.
Viva para sempre o vosso coração.
Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se converterão os confins da terra;
perante ele se prostrarão todas as famílias das nações.
Pois do Senho é o reino, é ele quem governa as nações.
Todos os opulentos da terra hão de comer e adorar, e todos os que descem
ao pó se prostrarão perante ele, até aquele que não pode preservar a pró-
pria vida.
A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.
Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, conta-
rão que foi ele que o fez.
(Salmos, Capítulo 22, Versículos do 1 ao 31)

Há uma passagem no Evangelho Segundo São João onde Jesus Cristo se decla-
ra ser Javé (Deus na concepção dos judeus), Este evangelho foi escrito quando os ju-
deus foram dispersos e estavam sem condições de perseguir ninguém.
“Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-
se.
Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e
viste a Abraão?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes
que Abraão existisse, Eu Sou (esta afirmação é o significado do tetragrama
“YHWH”, que se pronuncia Javé).
Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas se ocultou e
saiu do templo”
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 8, versículos do 56 ao 59)
______________________________________________________
“Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos
deixará a mente em suspenso? Se tu és o Cristo dize-o francamente.
Respondeu-lhes Jesus: já vo-lo disse, e não credes. As obras que

253
faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.
Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me se-
guem.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arreba-
tará da minha mão.
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.
Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte
do Pai; por qual delas me apedrejas?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedreja-
mos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a
ti mesmo.
(Evangelho Segundo São João, Capítulo 10, Versículos do 24 ao 33)

“Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas”, esta frase
faz parte da predestinação, o que vale também para as frases: “eu as conheço” e
também: “ninguém as arrebatará da minha mão”.
“Eu lhes dou a vida eterna”, Quem é o único que pode dar vida eterna para
alguém, senão o nosso Criador.
“Eu e o Pai somos um”, sei que a linguagem é fonte de muitos enganos e de-
senganos, mas esta frase não é o mesmo que dizer: somos a mesma pessoa?
Os judeus acabaram por levar Jesus Cristo ao sinédrio por esta concepção:
“Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia,
pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”.
No interrogatório que Jesus Cristo sofreu no sinédrio (tribunal dos judeus),
após ser preso ocorreu o seguinte:
“Jesus porém guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse. Eu te
conjuro pelo Deus vivo que nos diga se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que,
desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do todo podero-
so e vindo sobre as nuvens do céu.
Então, o sumo sacerdote rasgou as vestes (gesto de repúdio a uma pro-
fanação), dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemu-
nhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!”

254
(Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 26, versículos do 59 ao 65)

Nesta passagem Jesus Cristo declara que é o próprio Javé, pois o profeta Dani-
el, no capítulo 7, versículo 13; declara o que Jesus falou:
“Eu estava olhando nas minhas visões na noite, e eis que vinha com
as nuvens do céu um como filho do homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias,
e o fizeram chegar até ele.
Foi lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações
e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eter-
no, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.”
(Profeta Daniel, Capítulo 7, Versículos 13 e 14)

Por este motivo Jesus Cristo, foi condenado por blasfêmia, por se considerar
“Deus”.

255
Capítulo 24

RELIGIÕES

A palavra Religião não condiz com a realidade dos ensinamentos de Jesus Cris-
to, pois ela é equívoca e incoerente com a nossa existência.
Jesus Cristo não é fragmentado e nem tem vários conjuntos de princípios dife-
rentes, pois Ele é Único e Verdadeiro.
Pretendo me referir a um único Corpo, que é a Igreja de Jesus Cristo ao redor
da terra, mas sem nenhum vínculo humano, material, ou seja, secular. Que Ela seja
Universal e Única.
A palavra religião está fora do contexto Espiritual, pois esta palavra vem do la-
tim “re-ligare”, que significa ligar outra vez, certamente ela se refere à nossa ligação
com o Espírito de Jesus Cristo, mas na verdade, não podemos religar algo que nunca
esteve desligado.
Podemos ter passado grande parte de nossa vida não tendo consciência da pre-
sença Dele em nosso interior, mas sempre estivemos ligados, como disse o apóstolo
Paulo em seu discurso no areópago em Atenas, atual capital da Grécia:
“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor
do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.
Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa preci-
sasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de
um só fez toda raça humana para habitar toda a face da terra, havendo fi-
xado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação;
para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que
não está longe de cada um de nós (em nosso interior).
Pois nele vivemos e nos movemos, e existimos, como alguns de vos-
sos poetas (filósofos) têm dito: porque dele também somos geração.”
(Atos dos apóstolos, Capítulo 17, do versículos do 24 ao 28).

Pelo exposto, digo que não é correto sermos religiosos, nem nos organizarmos
como tal, embora a espiritualização é concomitante ao bom relacionamento com o
próximo, e requer que formemos grupos para o estudo da Palavra de Jesus Cristo,
rendamos louvores e adoração a Ele e pratiquemos o amor.
Mas isso pode ser feito sem precisar registro em cartórios, acumulação de

256
bens, movimento de grandes quantias em dinheiro; tudo isso é corrompedor para o
homem, que acaba deixando a espiritualidade em segundo plano.
Certa época estive examinando as literaturas da Irmandade de “Alcoólicos
Anônimos”, e constatei que essa irmandade pratica todos os seus 36 princípios; reali-
zam reuniões, e muitos dos grupos têm reunião todos os dias, os 36 princípios se re-
sumem a 12 passos, 12 tradições, e 12 conceitos.
Em sua segunda tradição sugere que: “Somente uma autoridade preside, em
última análise, o nosso propósito comum–um Deus Amantíssimo, que se manifesta
em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não
tem poderes para governar.” Isso é uma evidência clara de que se pratica uma Teocra-
cia, um governo Divino, sem nenhuma hierarquia a nível humano.
Em sua terceira tradição diz: “Para ser membro de A.A., o único requisito é o
desejo de parar de beber.”. Nos Princípios que estou tentando passar, o requisito se-
ria o desejo de Buscar a Iluminação.
No terceiro passo diz: “Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos
Cuidados de Deus, na forma em que nós O concebíamos.”. Nos Princípios que estou
tentando passar, já temos a concepção de Deus, que é Jesus Cristo. Temos até uma
passagem na epístola de São Paulo aos romanos, que nos mostra isso:
“Rogo vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresen-
teis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional.
E não vos conformeis com este século (nosso mundo físico), mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 12, Versículos 1 e 2)

No décimo primeiro passo diz: “Procuramos, através da prece e da medita-


ção, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que nós O concebía-
mos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para
realizar essa vontade.”
Alcoólicos Anônimos, se utiliza desses termos, como: “Poder Superior” e “Deus
na forma em que o concebíamos”, para poder tratar de Espiritualidade, sem excluir
ninguém em face de sua crença e isso tem funcionado até para Alcoólicos ateus e ag-
nósticos.

257
Essa irmandade (A.A.), nos dias de hoje, é representada na grande maioria dos
países em todo o mundo e possui milhares de membros, que em sua sétima tradição
diz: “Todos os Grupos de A.A. Deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando
quaisquer doações de fora.”
Em sua sexta tradição diz: “Nenhum Grupo de A.A. Deverá jamais sancionar,
financiar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendi-
mento alheio à Irmandade, para que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio
não nos afastem do nosso objetivo primordial.”.
Agora eu ouso perguntar ao Amado Teófilo: Espiritualidade, combina com di-
nheiro e bens?
Quem nos responde é São Paulo:
“Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs pala-
vras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade (en-
tenda como obediência a Jesus Cristo), é enfatuado, nada entende, mas tem ma-
nia por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provoca-
ção, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens,
cuja mente é pervertida e privado da verdade, supondo que a piedade é
fonte de lucro.
De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento.
Porque, nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma pode-
mos levar dele.
Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em
muitas concupiscências (desejos desenfreados) insensatas e perniciosas, as
quais afogam os homens na ruína e perdição.
Poque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmo se atormentaram com muitas do-
res.”
(Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo, Capítulo 6, versículos do 3 ao
10)

Por alguma razão, o nosso Criador preparou a Irmandade de Alcoólicos Anôni-


mos, para ser o modelo da Igreja que Ele quer que venha a existir.
Que fique bem claro; não estou querendo substituir a irmandade de A. A. pela
Igreja de Jesus Cristo, quem tem problema com o álcool, deve continuar nesta irman-
dade maravilhosa, que tem suas atividades num formato específico para o problema

258
do álcool.
Um membro de A. A. pode até juntar-se a nós, mas não é, em hipótese alguma,
recomendável que ele deixe suas atividades em A. A., pois o risco de recaída se torna
muito alto para quem se afasta da programação de A. A.
No livro DOZE PASSOS E DOZE TRADIÇÕES existe uma declaração, que no
desenvolvimento da explicação da primeira tradição diz: “Aquele que se afasta demais
adoece e morre”.
Portanto, Alcoólicos Anônimos é Alcoólicos Anônimos; e Igreja de Jesus Cristo
é Igreja de Jesus Cristo, não podemos confundir suas finalidades primordiais, apenas
reitero que é o único e perfeito modelo, para o renascimento da Igreja nestes dias de
Reforma.
Não deveríamos nos apercebermos de tão significativo desígnio?
A necessidade de purificações e expiações, para o homem se tornar digno da
presença divina, é o maior dos erros praticados pela esmagadora maioria das religi-
ões.
A Bíblia nos mostra exatamente o oposto, se procurarmos passar a interpretá-
la e não ficar acreditando em tudo o que dizem por aí, veremos que primeiro Jesus
Cristo habita em nós e daí em diante trabalhamos a nossa jornada para a “Ilumina-
ção”, somente com a ajuda Dele isto é possível.
Mas líderes de muitas das religiões, para poderem estar sempre em primazia e
evidência, invertem este sentido para poderem exercer poder sobre os fieis, através de
sua consciência, por: egolatria, sede de poder e dinheiro.
Mas nenhum de nós depende de quem quer que seja para termos nosso conta-
to consciente com Jesus Cristo (Deus), pois Ele nos abriu um caminho direto a Ele.
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne...
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, versículos 19 e 20)
______________________________________________________
“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o
medo. Ora, o medo produz tormento; logo aquele que teme não é aperfei-
çoado no amor.
Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.”
( Primeira Epístola de São João, Capítulo 4, Versículos 18 e 19

259
______________________________________________________
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.”
(Profeta Isaías, Capítulo 7, versículo 14)

O Evangelho (biografia de Jesus Cristo) escrito por São Mateus confirma isto:
O Profeta Isaías também descreve a morte de Jesus:
“Certamente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nos-
sas dores levou sobre Si; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e
oprimido.
Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se des-
viava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós
todos.
(Profeta Isaías, Capítulo 53, versículos do 4 ao 6)

260
Capítulo 25

UM MODELO DA IGREJA DO
PRIMEIRO SÉCULO NOS DIAS DE HOJE

Embora; no capítulo anterior, que trata do significado da palavra religião; eu já


tenha tratado de forma abreviada da irmandade de Alcoólicos Anônimos, eu resolvi
dedicar um capítulo exclusivamente para mostrar suas características exemplares.
Em abril de 2012, resolvi estudar a história de uma Irmandade mundial, por
observar que embora não sendo uma religião, muitos de seus membros não adotam
uma religião, por se sentirem espiritualmente realizados através de suas reuniões.
Trata-se da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, criada na década de 30, que
teve como precursor um corretor da bolsa de valores de Nova York, seu nome era
William Wilson, também conhecido como Bill Wilson, estando esta Irmandade, hoje,
espalhada por todo o mundo.
Antes de terem lançado a tradição de não aceitar doações externas, Bill e seus
primeiros companheiros, que formavam o grupo pioneiro de A.A., tentaram buscar
ajuda para financiar seu primeiro livro, no grupo Rockfeller, cujo título é “ALCOÓLI-
COS ANÔNIMOS”, o qual é a base de toda a programação da Irmandade até os dias
de hoje.
O assessor de assuntos financeiros para obras filantrópicas do grupo em ques-
tão, Albert Scott, quando reunido aos pioneiros, estes lhe explicaram como a Irman-
dade funcionaria, e o Mr. Scott exclamou: “Mas isto é como a Igreja do primeiro sécu-
lo!”.
Esta reunião não lhes resolveu o problema, mas esta exclamação do Mr. Scott é
importante para termos uma ideia de como é possível a restauração da Verdadeira
Igreja de Jesus Cristo ao redor da face da terra.
Este fato é narrado no livro “A.A. ATINGE A MAIORIDADE”.
Vamos apresentar o preâmbulo desta Irmandade:
“ALCOÓLICOS ANÔNIMOS é uma irmandade de homens e mulheres que
compartilham, entre si, suas experiências, forças e esperanças, a fim de
resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoo-
lismo.

261
O único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber. Para ser
membro de A.A. não há taxas ou mensalidades, somos autossuficientes,
graças às nossas próprias contribuições.

A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento po-
lítico, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qual-
quer controvérsia; não apoia nem combate quaisquer causas.

Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudarmos outros


alcoólicos a alcançarem a sobriedade.”

(esta citação pode ser encontrada em todas as edições da Revista Vivência,


órgão informativo vinculado ao A.A., em sua primeira página)

O mais interessante é que as pessoas que frequentam esses grupos são modes-
tas, trajam-se com simplicidade e portam-se com humildade, não causando constran-
gimento às pessoas pobres que querem fazer parte da Irmandade.
Em certos ambientes religiosos, o luxo dos trajes, promove tacitamente a acep-
ção de pessoas, prática que é recriminada pelo Espírito de Jesus Cristo:
“Meus irmãos, não tenhas a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Se-
nhor da Glória, em acepção de pessoas.
Se, portanto, entrar em vossa sinagoga algum homem com anéis de
ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajo-
so, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes:
Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali
em pé ou te assenta aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes dis-
tinção entre vós mesmos e não tornastes juízes tomados de perversos pen-
samentos?
Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mun-
do são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prome-
teu aos que o amam?”
(Epístola de Tiago, Capítulo 2, versículos do 1 ao 5).

Suas contribuições são recolhidas em uma sacola que ao final da reunião, é


contado todo o dinheiro, tornando-se público o valor arrecadado no dia, e todos os
meses é apresentada uma planilha como prestação de contas.
Os líderes religiosos de hoje, baseiam-se na seguinte passagem:

262
“Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorifica-
dos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recom-
pensa.”
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 6, versículo 2)

Esta passagem se referia aos fariseus, ricos que eram, e queriam estar bem so-
cialmente, mas isto não impede que os gazofilácios sejam abertos ao final dos cultos,
para que sejam apresentadas a algumas testemunhas, qual o valor arrecadado no dia.
Desta forma fica fácil para um homem de coração enganoso se apropriar das
doações. Alguém sabe o valor e qual o destino das doações?
“Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz
da carne mortal o seu braço e aparta o coração do Senhor!
Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando
vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e
inabitável.
Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Se-
nhor.
Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende
suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha
fica verde; e, no ano da sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperada-
mente corrupto; quem o conhecerá?”
(Profeta Jeremias, Capítulo 17, Versículos do 5 ao 9)

Por que não existe uma prestação de contas?


A passagem da esmola não isenta os líderes de prestarem contas das arrecada-
ções.
Nos grupos de A.A., a média de arrecadação é de R$2,00 (dois reais) por pes-
soa, em alguns grupos em que as reuniões são todos os dias, inclusive aos domingos;
a pessoa que comparecer em todas as reuniões, e que esteja na faixa média de contri-
buições, acaba por contribuir com R$60,00 (sessenta reais) por mês.
Como já diz o preâmbulo, as contribuições são voluntárias, na medida das pos-
ses de cada um, inclusive eles desaconselham a que se façam doações muito altas,
para justamente, não servir de oportunidade para corrupção.
Como foi visto no preâmbulo, esta Irmandade não aceita nenhuma contribui-

263
ção externa.
Com esta arrecadação bem simplória, eles conseguem pagar aluguel, luz, água,
cafezinho e biscoito em todas as reuniões, mantêm seus Escritórios de Serviço Local,
de Serviços Gerais, a Junta de Alcoólicos Anônimos do Brasil e existem grupos que
tem até telefone.
Lembrando que esta Irmandade funciona em todo o mundo em várias nações,
povos e idiomas. E no Brasil, todos os anos tem uma convenção, que em cada ano é
em uma capital de estado diferente.
Eu sempre tive consciência da falta de fundamentação bíblica para o dízimo,
mas eu sentia a necessidade de ajudar na divulgação do Evangelho, e nos onze anos
que fui membro de denominações evangélicas neopentecostais, participei das contri-
buições, da forma em que eles alegavam ser legalmente certa.
Tendo eu, uma renda, que nesse período variou entre quatro a sete salários
mínimos, e mesmo não achando que estivesse cumprindo um mandamento, eu pa-
guei o dízimo, que como já vimos, é de dez por cento.
Além disso, sempre acrescentei ofertas generosas, sempre achando que era
uma forma de contribuir com a divulgação do evangelho, e que um dia ocorreria uma
reforma, e as interpretações incorretas fossem enxergadas e corrigidas, para o qual eu
sempre procurei contribuir.
Procurei sempre conscientizar as pessoas que me davam ouvidos, procurando
mostrar a todos, as verdades que eu descortinava na Bíblia.
Mas vejo hoje, pessoas enriquecidas por nossas contribuições, além de apre-
sentarem ensinamentos, cada vez mais incorretos, em alguns casos, não ensinam
nada.
Ficam apenas nos rituais de busca do sobrenatural (milagres), com orações es-
tridentes que até incomodam os vizinhos, não se diferenciando em nada das religiões
primais (religião de aborígenes que vivem em selvas, como os nossos índios, cuja a
origem histórica das religiões é desconhecida).
A cada dia, estão mais afastados da realidade bíblica.
No momento em que eu vi que minha estratégia de divulgar a verdade era ine-
ficaz, e conhecendo os princípios da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, vi que é pos-
sível sugerir ao mundo que faça uma reforma nas convicções espirituais, e a verdadei-
ra Igreja de Jesus Cristo seja restaurada, por isto resolvi escrever este compêndio.

264
Embora eu já tivesse muitas discordâncias com relação ao que era pregado, eu
pensava como São Paulo:
“Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me acon-
teceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de manei-
ra que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a
guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimula-
dos no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a
Palavra de Deus.
Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; ou-
tros porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou
incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por
discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadei-
as.
Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está
sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me
regozijo, sim, sempre me regozijarei.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 1, Versículos do 12 ao 18)

As pessoas a quem ele se refere, estão em mais duas de suas passagens:


“Rogo vos, irmão, que noteis bem aqueles que provocam divisões e
escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos de-
les, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu pró-
prio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos in-
cautos.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 16, Versículos 17 e 18)

Na época de São Paulo eram alguns focos de incêndio, mas em nossos dias,
todo o sistema está incendiado.
Vamos à outra passagem:
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o
modelo que tendes em nós.
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos di-
zia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles
está na infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.
Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará nosso corpo de hu-
milhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do po-

265
der que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.”
(Epístola de São Paulo aos Filipenses, Capítulo 3, Versículos do 17 ao 21)

Vamos mostrar mais sobre os princípios desta maravilhosa Irmandade, para


que o amado Teófilo constate onde estão as semelhanças.
Comecemos pelos doze passos de A.A.:
1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – Que
tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2. Viemos a acreditar que um poder Superior a nós mesmos poderia


devolver-nos à sanidade.

3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de


Deus, na forma em que O concebíamos.

4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser


humano, a natureza exata de nossas falhas.

6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos


esses defeitos de caráter.

7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas


imperfeições.

8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos


prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas,


sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-
las ou a outrem.

10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos


errados, nós o admitimos prontamente.

11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso


contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos,
rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e

266
forças para realizar essa vontade.

12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses


Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e
praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

(esta citação pode ser encontrada em todas as edições da Revista Vivência,


órgão informativo vinculado ao A.A., em sua primeira contracapa)

Agora vamos examinar as doze tradições:


1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação
individual depende da unidade de A.A.

2. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso pro-


pósito comum – um Deus amantíssimo, que se manifesta em nossa
consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confi-
ança; não têm poder para governar.

3. Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de be-


ber.

4. Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respei-
to a outros grupos ou ao A.A. em seu conjunto.

5. Cada grupo é animado de um único propósito primordial: o de trans-


mitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre..

6. Nenhum grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou em-


prestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendi-
mento alheio à Irmandade, para que problemas de dinheiro, propri-
edade e prestígio não nos afastem do nosso objetivo primordial.

7. Todos os grupos de A.A. deverão ser absolutamente autossuficientes,


rejeitando quaisquer doações de fora.

8. Alcoólicos anônimos deverá manter-se sempre não profissional, em-


bora nossos centros de serviços possam contratar trabalhadores es-
pecializados.

267
9. O A.A. jamais deverá se organizar como tal; podemos, porém, criar
juntas ou comitês de serviço diretamente responsáveis perante aque-
les a quem prestam serviços.

10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à irmandade,


portanto, o nome de A.A, jamais deverá aparecer em controvérsias
públicas.

11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da pro-


moção, cabe-nos preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rá-
dio e em filmes.

12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lem-


brando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima
das personalidades.

(esta citação pode ser encontrada em todas as edições da Revista Vivên-


cia, órgão informativo vinculado ao A.A., em sua primeira contracapa)

A primeira coisa que me chamou a atenção nos doze passos, foi a ordem dos
passos.
Em todas as ceitas e religiões que estudei, o indivíduo, primeiro tem que estar
limpo, as vezes até cumprindo penitências, que são castigos impostos a si mesmos,
que também chamamos de ascetismo, para poderem começar a falar de Espiritualida-
de.
Os segundo passo: “Viemos a acreditar que um poder Superior a nós
mesmos poderia devolver-nos à sanidade” assim como o terceiro passo: “De-
cidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na
forma em que O concebíamos”; estes, nas outras ceitas ou religiões, certamente
seriam o décimo primeiro e Décimo segundo, respectivamente, ou seja, os últimos.
Pela primeira vez em minha vida, vi uma chamada doutrinária coerente com a
Bíblia:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregado, e eu
vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”

268
(Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 11, versículos do 28 ao 30)

Nesta passagem, Jesus Cristo está disponível, para todo aquele que for escolhi-
do por ele, e que quiser, e não diz que tenham que pagar nenhum preço:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados.”
(Profeta Isaías, Capítulo 53, versículo 5)

Os doze passos são sugeridos, em caráter particular e individual.


Já as tradições, sugerem a melhor forma de se manter a convivência em grupo,
e que esta convivência seja eficaz ao objetivo primordial.
Tanto os doze passos, como as doze tradições, não são regras, pois se fossem fi-
caria intrínseca uma cláusula penal, como não há, a punição ficaria subentendida
como a exclusão, mas em A.A. não há exclusão.
A terceira tradição diz o seguinte: “Para ser membro de A.A., o único re-
quisito é o desejo de parar de beber”, se o membro não seguir os passos sugeri-
dos, a maior punição possível para ele, acontece naturalmente, que é a recaída.
E quanto às tradições, os grupos que não seguirem as tradições sugeridas, sua
punição é a natural desagregação e extinção do grupo.
Nada em A.A. é obrigatório, mas somente sugerido.
As pessoas que tem um primeiro contato tanto com as tradições, assim como
com os passos, imaginam uma coletividade sem organização, ou seja, anárquica, mas
eu diria que não, porque a segunda tradição: “Somente uma autoridade preside,
em última análise, o nosso propósito comum – um Deus amantíssimo,
que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são ape-
nas servidores de confiança; não têm poder para governar”; faz de A.A. uma
teocracia (governada por Deus ou, como eu prefiro dizer, pelo Espírito de Jesus Cris-
to) e não uma anarquia.
A.A. também têm doze conceitos, que sugerem a melhor forma de manter a
convivência dos grupos entre si, assim como, sua comunicação e ajuda mútua na for-
mação de novos grupos, do crescimento e da unidade de A.A., tudo isto a nível mun-
dial.
Vou relacionar, apenas o primeiro, o terceiro, o quarto e o quinto conceitos;

269
pois estes quatro, tem muito a ver com a individualidade de cada grupo, e são tam-
bém aplicáveis como comportamento saudável para os grupos, vamos ao primeiro:
1. A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mun-
diais de A.A. deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda
a nossa irmandade.

Um determinado número de grupos de uma região formam um distrito, que


por sua vez, um determinado número de distritos formam uma área, onde se mantém
um escritório de serviços locais (ESL), que é mantido com parte da doação dos gru-
pos.
As áreas formam um setor, que em nosso país coincidem com uma unidade da
federação (estado), onde existe um Escritório de Serviços Gerais (ESG), que também
funciona com parte das doações dos grupos.
Os setores formam a Conferência de Serviços Gerais (CSG), que tem como sede
burocrática a JUNAAB (Junta de Alcoólicos Anônimos do Brasil), que também funci-
ona com parte das doações dos grupos. A JUNAAB representa o Brasil internacional-
mente, e está localizada em São Paulo capital.
Os grupos elegem um Representante de Serviço de Grupo (RSG), que repre-
senta o grupo nas reuniões dos distritos e das áreas, e nesta última, periodicamente
elegem-se delegados para formarem a Conferência de Serviços Gerais (CSG).
Embora se pareça com uma pirâmide, não há hierarquia, esta estrutura serve
para que haja comunicação, convite de médicos e psicólogos para palestras, a organi-
zação das convenções nacionais, ajuda mútua e etc.
Mas em hipótese alguma, existem prescrições, ordens ou diretivas que venham
de cima para baixo, muito pelo contrário, o poder é emanado da consciência coletiva
da irmandade, ou seja, de baixo para cima, que através de representatividade, coorde-
nam o funcionamento dos Escritórios de Serviço de Área e Serviços Gerais, assim
como a JUNAAB.
Tudo isto funciona com uma média de contribuição individual mensal, reafir-
mando que é voluntária, de R$60,00 (sessenta reais por mês).
Vamos ao terceiro conceito:
3. Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de traba-
lho claramente definida entre os Grupos, a Conferência, a Junta de
Serviços Gerais de A.A., e as suas diversas corporações de serviços,

270
quadro de funcionários, comitês e executivos, assim assegurado as
suas lideranças efetivas, é aqui sugerido que dotemos cada um des-
ses elementos dos serviços mundiais com um tradicional “Direito de
Decisão”.

Este conceito é para que os servidores de confiança, em assuntos em que fique


impraticável a consulta à Consciência Coletiva, possam tomar decisões, mas estas de-
cisões podem ser reformadas pelo quinto conceito, que ainda apresentaremos, é como
se fossem as Medidas Provisórias usadas pelo nosso Presidente da República.
4. Através da estrutura da nossa Conferência deveríamos manter em
todos os níveis de responsabilidade um tradicional “Direito de Parti-
cipação”, tomando cuidado para que a cada setor ou grupo de nossos
servidores mundial seja concedido um voto representativo em pro-
porção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.

Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de


beber, uma vez que uma pessoa ao assistir reuniões e apresentar o desejo de parar
de beber, esta pessoa já pertence à Irmandade e tem garantido a sua presença na
Consciência Coletiva do Grupo e em consequência também na Consciência Coletiva
da Irmandade, podendo votar em decisões internas do grupo, assim como pesar no
voto do delegado que o representa na Conferência.
5. Através da nossa estrutura de serviços mundiais deveria prevalecer
um tradicional “Direito de Apelação”, assim nos assegurando de que
a opinião da minoria seja ouvida e de que as petições para a repara-
ção de queixas pessoais sejam cuidadosamente consideradas.

Toda a vez que um membro ou representante é voto vencido, ele tem o direito
de ter a palavra, para fundamentar suas razões e em havendo uma petição que seja,
deve-se retornar à votação para que, se a exposição do membro ou representante te-
nha conseguido convencer à reforma dos votos dos membros vencedores, a nova deci-
são seja conhecida em uma segunda votação.
Continua a existir a impossibilidade de exclusão de membros, o que nem se-
quer deve ser sujeito à decisão colegiada.

271
Epílogo

A ÚNICA E VERDADEIRA IGREJA DE JESUS CRISTO

Muitos teólogos reconhecem a predestinação na Bíblia, mas eles acham que se


não tivermos por objetivo a nossa salvação, lutando contra esta fábula, que é o infer-
no; nós não teríamos motivação para congregarmos.
Por que não ficar aguardando o dia de irmos para Jesus Cristo em casa ou em
qualquer outro lugar?
Nós não somente temos como motivação para nos congregar o amor a Jesus
Cristo e ao Próximo, até porque, sabemos que não precisamos fazer prosélitos para
salvá-los do inferno, nem tão pouco a nós mesmos.
Muitos pensam, se nós dissermos para os irmãos que já estão salvos desde a
fundação do mundo, não nos congregaríamos mais.
Vamos trazer à luz o que tem na Bíblia a respeito:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo Sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de
Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, ten-
do o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água
pura.
Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem
fez a promessa é fiel.
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e as boas obras.
Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns; antes,
façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
(Epístola de São Paulo aos Hebreus, Capítulo 10, versículos 19 e 25)

“Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns;


antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se
aproxima”, esta é uma recomendação, ela nos faz fortes quanto às aflições do mun-
do.
A congregação fará com que estejamos sempre relembrando dos princípios que
nos levam a Iluminação, e também junto com os irmão, estaremos nos ajudando mu-

272
tuamente no fato em que devemos viver em espírito e não na carne.
Isto irá nos exercitando a anularmos o Ego para que nossa vida seja no espíri-
to, e isto nos fará reinar em vida.
“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito
mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão
em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.”
(Epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 5, Versículo 17)

Temos a vida eterna garantida, mas necessitamos da Iluminação para passar


pelas tribulações desta vida sem sofrimento algum, ou seja, reinando em vida; “rei-
narão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo”.
O Amado Teófilo que leu este compêndio já deve ter pensado em restaurarmos
aquela Igreja do primeiro século.
Poderíamos formar congregações entre nós, os escolhidos, mas teremos que
ter cuidado com os destinados para a ira, pois eles se infiltram com o objetivo de tu-
multuar e/ou tornar a congregação em objeto de seus interesses.
Sem discriminá-los, mas não aceitando suas propostas de adulterarem o real
significado e objetivo da Bíblia.
Na Igreja do primeiro século eles se infiltraram e é por isso que hoje aquela
congregação não existe mais, mas sinto que já é hora de haver outro reagrupamento.
Não pretendo fundar nenhuma “religião”, mas sei que muitas pessoas, que
pensam da mesma forma em que está escrito neste compêndio, não devem estar sa-
tisfeitas de ver algumas pessoas se enriquecendo ilicitamente, se utilizando da boa fé
popular. Mas estão sentindo falta de congregarem-se.
Esta congregação não pode renascer de uma pirâmide hierárquica, com sua
origem no vértice, ou seja de cima para baixo, como nasceram todas as religiões exis-
tentes hoje, por um líder ou fundador homem.
Para isto basta que nós que lemos este compêndio, nos juntemos a outros que
também tenham lido e passado a entender a Bíblia, com o fim de estudarmos juntos e
caminharmos para a nossa Iluminação, tendo uma visão diferente deste mundo, não
permitindo que seus reveses nos causem sofrimentos.
E pôs todas as coisas debaixo de seus pés e, para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu a Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele
que a tudo enche em todas as coisas”

273
(Epístola de São Paulo aos Efésios, Capítulo 1, versículos do 15 ao 23)

Os irmãos inicialmente se reuniriam em suas casas e formariam grupos onde


os primeiros são os que servem ao grupo, sem poder para governar, pois o nosso go-
verno é de Jesus Cristo, através do ensino de sua palavra.
Com o tempo estes grupos passariam a se comunicar para formar uma grande
irmandade, que é o corpo de Jesus Cristo: “E pôs todas as coisas debaixo de
seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu a Igreja, a qual é
o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas”
Nestas congregações não haveria hierarquia e na parte financeira não usaría-
mos ofertas anônimas, pois esta é a grande arma dos aproveitadores, tudo o que ne-
cessitar custeio, deve ser feito com contribuições nominativas, para que haja acerto
de contas.
Se for da vontade de alguns grupos, podemos fazer como no A. A., ao fim de
cada reunião o gazofilácio é aberto, contado o valor e publicado em mural de avisos.
Onde foram colocados os dez por cento da minha renda, que era bem alta, e eu,
além do dízimo, ainda fazia gordas ofertas, e isso durante onze anos?
Acho que aqueles gazofilácios não têm fundos!
Mas certas pessoas andam de carro importado, possuem moradia própria, nos
melhores bairros, e para isto, basta saber abrir uma Bíblia e falar um monte de menti-
ras.
Os problemas que temos hoje vêm desde o início da Igreja:
Temos que ter cuidado com os destinados para a ira, pois eles: causam sofri-
mento àqueles que não estão iluminados.

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