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ABSTRACT: The main objective of this article is to verify the possibility of offsetting tax credits
using precatory. To achieve the proposed objective, it presented the definition of precatory, as
well as the distinction of the types of precatory existing. In addition, also indicate how they
* Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito, com
auxílio da orientadora prof. Esp. Dânia Vanessa de Mello.
** Bacharelando em Direito pelo Centro Universitário Integrado de Campo Mourão/PR, rlpaitach@gmail.com.
should be paid and in what situation is the payment of these. It also intended to show the concept
of ways of extinguishing tax credits, more specifically compensation, making a counterpoint as
a concept of compensation and payment in kind, according to the National Tax Code and the
Civil Code. Also noteworthy are all the changes that have occurred in relation to precatory
since the enactment of the Federal Constitution of 1988, as well as the recent changes that
occurred with the advent of Constitutional Amendment No. 99 of 2017 which added to Article
105, § 3 of the Acts of Constitutional Provisions Transitory. In view of the foregoing, what is
concluded is that although the caput of the aforementioned article requires the regulation to
compensate, Paragraph 3 allows, in view of the omission of federal entities, the offsetting of
tax credits.
1 INTRODUÇÃO
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contribuinte efetuar a compensação do crédito formalizado em precatório judicial com
eventuais débitos tributários perante o mesmo ente devedor do precatório.
2 DO CONCEITO DE PRECATÓRIO
[...] da sentença não couber mais recurso, o juiz da execução emite ofício ao
presidente do tribunal ao qual está vinculado, para que este dê início à
requisição do pagamento junto ao ente federado cuja Fazenda Pública
sucumbiu. (MOLLE, 2012:13)
Para que se enquadre nos efeitos de precatórios, tem-se somente aqueles cujo
montante seja igual ao mínimo do maior benefício do regime geral de previdência social,
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conforme dispõe o artigo 100, parágrafos 3º e 4º da CF. As condenações de pequeno valor não
são cobradas por precatório, mas sim por meio da Requisição de Pequeno Valor (RPV), com
prazo de quitação de 60 dias a partir da intimação do devedor. O limite de RPV deve ser
estabelecido por cada entidade pública devedora, mas a regra geral é até 30 salários mínimos
nos municípios e até 40 salários mínimos nos Estados e no Distrito Federal, conforme art. 87
da ADCT, editado pela EC 37/2002.
Após vencida a demanda, o Juiz, a pedido do credor, emite um ofício ao
Presidente do Tribunal o qual se vincula para inscrever o precatório e determinar que a
Administração providencie a abertura de crédito para liquidar a dívida. O precatório inscrito,
até 1º de julho, deve ser pago até o dia 31 de dezembro do ano seguinte, conforme norma do
art. 100, § 5º da CF.
Assim, o processamento dos precatórios fica a cargo do Poder Judiciário,
devendo organizar a fila dos pagamentos dos precatórios e determinar os respectivos
pagamentos de acordo com a ordem cronológica destes, conforme dispõe o caput do artigo 100.
Além disso, os atos do Presidente do Tribunal têm natureza administrativa,
conforme Súmula 311 do STJ, conforme explica o advogado André Luiz dos Santos Nakamura
(2016, p. 49):
Assim, ele [Presidente do Tribunal] não pode alterar o valor da execução, bem
como decidir qualquer incidente da execução. A atividade dele se limita a
cumprir o julgado. Qualquer ato do Presidente do Tribunal, em matéria de
precatórios, que adentre nos limites do título executivo é abusiva e passível de
mandado de segurança. E, conforme, a Súmula 733 do STF, não cabe recurso
extraordinário (e nem especial) dos seus atos, por não terem natureza
jurisdicional.
[...] os juros de mora em precatório somente incidem após o prazo do art. 100,
visto que antes disso não há mora. Nesse sentido a Súmula Vinculante nº17
do STF: “Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da
Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam
pagos.” E, no período entre a liquidação da conta e a expedição do precatório,
também, não correm juros, conforme já decidiu o STF [RE 298.616, Rel.
Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 31.10.2002, DJ
03.10.2003; AI 492.779 AgR, Rel. Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma,
julgado em 13.12.2005, DJ 03.03.2006; e RE 496.703 ED, Rel. Ministro
Ricardo Lewandowski].
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Contudo, a principal questão não é tão somente a atualização monetária
quanto aos atrasos, mas sim o quão desmoralizado está esse instituto em face da falta de
pagamentos, com propriedade explica Kiyoshi Harada (2016, pg. 97):
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precatórios, que não só o pagamento direto de verbas pelo Poder Judiciário, muito embora não
atende ao interesse público e aos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal o aumento do
estoque de precatórios, visto que, os precatórios expedidos geram altos custos para a
Administração, em razão da incidência de juros moratórios e compensatórios, conforme as
súmulas 70 do STJ e 618 do STF, respectivamente.
Combinado a isso temos os artigos 170 e 170-A, ambos do CTN, que trazem
o instituto do que seria a compensação:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos,
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vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide
Decreto nº 7.212, de 2010)
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei
determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não
podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1%
(um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a
do vencimento.
Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de
tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do
trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela LCP nº
104, de 2001) (grifos nosso)
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A dação em pagamento é um acordo de vontades entre credor e devedor,
por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-
lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida.
Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa
(CC, art. 313). Já no direito romano se dizia: aliud pro alio, invito creditore,
solvi non potest (uma coisa por outra, contra a vontade do credor, não pode
ser solvida). No entanto, se aceitar a oferta de uma coisa por outra,
caracterizada estará a dação em pagamento. Tal não ocorrerá se as
prestações forem da mesma espécie. (2013. e-Book, par. 21.491-492, grifos
nosso)
Muito embora o termo empregado esteja incorreto, o mesmo não afeta os fins
para os quais propõem-se, que é a análise da possibilidade de liquidação de obrigações de débito
e crédito para com o mesmo ente devedor.
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Os precatórios (alimentares, preferenciais e demais) estão disciplinados
basicamente no artigo 100 e parágrafos da Constituição Federal, contudo o mesmo instituto já
sofreu inúmeras mudanças desde a promulgação da Constituição de 1988, o mesmo foi
substancialmente alterado por (até o momento) quatro emendas constitucionais, quais sejam: nº
30/2000, nº 37/2002, nº 62/2009 e nº 94/2016.
A primeira relevante alteração do texto constitucional em respeito ao tema foi
instituída pelo § 2º do art. 78 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT),
introduzido pela EC nº 30/2000, ipsis verbis:
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A EC nº 37/2002, por sua vez, basicamente incluiu ao art. 100 o § 4º, o qual
proibiu a expedição de precatório suplementar ou complementar para o fim de enquadramento
do crédito na regra do § 3º, que disciplina os pagamentos de pequeno valor, para que fosse
possível fracionar o montante total da ordem de pagamento afim de receber em parcelas
enquadradas como pequeno valor.
Além disso, acrescentou as regras do ADCT os artigos 86 e 87, conforme
explica:
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Trata-se, arrisca-se dizer, de verdadeiro confisco levado a efeito pelo Poder
Público. Para que o particular credor tenha direito ao recebimento dos créditos
que pleiteia na via judicial contra a Fazenda Pública, é estritamente necessário
o trânsito em julgado de sentença reconhecendo a sucumbência do ente
público. Enquanto isso, por seu turno, a Fazenda, a rigor do mencionado
dispositivo constitucional, não precisaria sequer de lei ou qualquer
pronunciamento judicial para ver-se no direito de tomar do particular o que
entende lhe ser devido.
Contudo, por fim, mais uma vez, o STF entendeu pela inconstitucionalidade
nesta norma com julgamento da ADI 4357 e 4425.
A fim de contornar tal situação, houve uma modulação de efeitos, a qual o
Ministro Luís Barroso propôs a compensação dos precatórios com os tributos devidos ao ente
político devedor. Sua proposição foi acolhida com alterações para o fim de possibilitar a
compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos
inseridos em dívida ativa até 25-03-2015, por opção do credor do precatório, atribuindo ao
Conselho Nacional de Justiça competência para apresentar a proposta normativa que possibilite
esta compensação.
Entretanto, o CNJ omitiu-se nesta regulamentação, razão pela qual a Emenda
Constitucional nº 94, de 15-12-2016, que decretou a 4ª moratória dos precatórios acrescentou o
art. 105 ao ADCT para consignar que enquanto viger o regime especial de pagamento de
precatórios previsto no art. 101 do ADCT é facultada aos credores de precatórios próprios ou
de terceiros, a compensação com débitos de natureza tributária ou de outra natureza que até 25-
03-2015 tenham sido inscritos na dívida dos Estados, do Distrito Federal ou do Município,
observados os requisitos definidos em lei própria do ente federado.
Conforme explica HARADA (2017):
Trata-se de uma versão piorada da proposta feita pelo Ministro Luís Barroso
que simplesmente facultava a compensação por iniciativa do precatorista, sem
maiores formalidades. No regime da emenda sob comento, além de
circunscrever a compensação ao período de vigência da moratória (até 31-12-
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compensação por lei própria do ente federado devedor. Vale dizer, a
compensação poderá jamais ocorrer por omissão do ente político
inadimplente. (grifos nosso)
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Constitucional nº 99, de 14 de dezembro de 2017, a qual acrescentou os parágrafos 2º e 3º,
conforme abaixo:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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realmente tivesse efetividade para desafogar o sistema e privilegiar os contribuintes, como no
caso das empresas que se beneficiariam com o instituto da compensação de créditos tributários.
Para tanto o que a norma atual, editada com a emenda constitucional nº 99,
de 14 de dezembro de 2017, que acrescentou no artigo 105, o § 3º da ADCT, apresenta é a
faculdade de tal direito de compensação, ou seja, caso o contribuinte queira, é possível
compensar os créditos tributários com precatórios, mas para tanto, a que se observar a seguinte
condição, pode usufruir aquele que tiver dívidas inscritas em dívida ativa, ou seja, somente
quando daquele tributo que deveria ter sido pago por ele, mas esgotou o prazo fixado para
pagamento pela lei e foi inscrito em dívida ativa ou por decisão final proferida em processo
regular, que é possível fazer a compensação tributária através de precatórios.
Além disso é importante salientar que tal regramento é uma ótima
oportunidade ao próprio ente federativo, visto que essa compensação não trará desequilíbrio
nas contas públicas, ao contrário, pois a diminuição da receita tributária corresponde à
diminuição da dívida pública em igual quantidade. Assim sendo, a receita tributária prevista na
Lei Orçamentária Anual (LOA) compensa-se com a despesa alusiva a precatórios fixada na
mesma LOA.
Entende-se também que a recusa administrativa do instituto da compensação
de créditos tributários com precatórios, ensejará o ajuizamento de mandado de segurança para
garantir o direito líquido e certo à compensação, direito esse com assento constitucional.
Por fim, até o momento não existem precedentes jurisprudenciais acerca do
novo regramento instituído com a Emenda Constitucional 99/2017, a qual gera efeitos, da
leniência dos entes públicos, a partir de 2018, ou seja, estamos de frente ao novo.
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. v. 1. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2013. e-Book.
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HARADA, Kiyoshi. Compensação de Precatórios com Tributos à Luz da EC nº 94/16.
Harada Advogados. Disponível em < http://www.haradaadvogados.com.br/compensacao-de-
precatorios-com-tributos-luz-da-ec-no-9416/>. Publicado em 21/03/2017. Acesso em
25/05/2018.
NAKAMURA, André Luiz dos Santos. Atualidade Acerca do Regime dos Precatórios. In:
Revista da AGU / Escola da Advocacia-Geral da União Ministro Victor Nunes Leal, vol. 15, n.
02, abr-jun/2016. Brasília: EAGU, 2002.
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