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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I

TURMAS: SEMESTRE 2021.2

PROFESSORA: DANIELA DE ANDRADE BORGES

PRAZO DE ENTREGA: 16/11/2021.

DISCENTE: MARIA CLARA OLIVEIRA FIGUEIREDO SILVA

ESTUDO DIRIGIDO 09

Este Estudo Dirigido foi respondido com base nas seguintes obras:

• Costa, Regina Helena Curso de direito tributário - Constituição e Código


Tributário Nacional. – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

• Caliendo, Paulo Curso de direito tributário / Paulo Caliendo. – 2. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2019

• Sabbag, Eduardo Direito tributário essencial. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense;


São Paulo: MÉTODO, 2020.

1. Quais são as hipóteses de extinção do crédito tributário?


As hipóteses de extinção do crédito tributário estão previstas no art. 156 do CTN,
in verbis:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento
nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no §
2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto
de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e
condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de
2001) (Vide Lei nº 13.259, de 2016)

2. O rol das hipóteses é taxativo?

O rol das hipóteses de extinção do crédito tributário previsto pelo art. 156 do
CTN é taxativo, pois assim estabelece o art. 141 do mesmo código, o qual traz a seguinte
redação:

Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente


se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou
excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem
ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma
da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.

Entretanto, para a autora Regina Helena Costa, o art. 156 não é exaustivo, já que
não cita algumas espécies gerais de extinção das obrigações. Em suas palavras:

“O rol de modalidades extintivas é longo, mas não exaustivo.


Pode-se, ainda, cogitar de outras modalidades de extinção das
obrigações em geral, segundo a disciplina do Código Civil, como
a hipótese de confusão.” (COSTA, Regina Helena; 2019)

3. Em quais hipóteses a extinção do crédito se dá em razão do recebimento do


crédito pelo sujeito ativo?

As hipóteses de extinção do crédito tributário que se dão em razão do


recebimento do crédito pelo sujeito ativo são: pagamento; homologação do pagamento
antecipado; conversão de depósito em renda; consignação em pagamento e dação em
pagamento em bens imóveis.

Nessas hipóteses de extinção, o sujeito passivo cumpre com a obrigação


tributária entregando ao sujeito ativo a quantia referente ao tributo. Essa quantia pode ser
pecúnia, imóveis ou ser convertida em renda.

4. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito


tributário?

A afirmativa é verdadeira. A imposição de penalidade não ilide o pagamento


integral do crédito tributário, assim determina o art. 157 do CTN, nos seguintes termos:

Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento


integral do crédito tributário.

Sendo assim, é possível afirmar que o sujeito passivo ainda deve pagar pelo
tributo, mesmo que seja imposta uma penalidade a ele, isto é, nesse caso, o contribuinte
infrator deve pagar tanto pela penalidade, quanto pelo tributo. Logo, o sujeito passivo que
cometer uma infração tributária pagará não só pela pena, mas também pelo tributo, já que
a existência da primeira não causa a extinção do crédito tributário.

Sobre o assunto, Eduardo Sabbag leciona, in verbis:

“Nesse tema, dispõe o art. 157 do CTN que a imposição de


penalidade não elimina o pagamento integral do crédito tributário,
ou seja, a aplicação da multa não suprime a obrigação de pagar
integralmente o crédito tributário.

Assim, o tributo e a multa são prestações pecuniárias, porém


independentes, podendo o sujeito passivo, dependendo do caso,
suportar as duas consequências patrimoniais.” (SABBAG,
Eduardo; 2020).
5. O pagamento de um crédito importa em presunção de pagamento quando
parcial, das prestações em que se decomponha?

Não, o pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento


quando parcial, das prestações em que se decomponha, dessa maneira dispõe o art. 158,
I, CTN:

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção


de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;

Assim, o sujeito passivo tem direito de parcelar o pagamento do crédito


tributário, mas o pagamento parcelado não significa que as parcelas vincendas são
consideradas já pagas. A respeito do assunto, Paulo Caliendo esclarecer, in verbis:

“O art. 158, I, do CTN autoriza o pagamento parcial de um


crédito, mesmo que decomposto em prestações. O pagamento
parcial é aceito como válido pelo CTN, gerando um direito
subjetivo do contribuinte a realizá-lo, bem como uma obrigação
do fisco em aceitá-lo sem restrições. Havendo pagamento parcial,
este deve ser abatido do montante da dívida, devendo o saldo
remanescente ser cobrado pelo fisco, juntamente com as
penalidades e juros correspondentes.” (CALIENDO, Paulo;
2019)

6. O pagamento de um crédito importa em presunção de pagamento quando


total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos?
O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento quando
total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos, desse modo estatui o
inciso II do art. 158 do CTN:

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção


de pagamento:
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a
outros tributos.

Assim, o pagamento integral do valor do crédito de um determinado tributo não


significa que outros créditos do mesmo tributo ou de outros tributos estejam já pagos.
Como exemplo, Regina Helena Costa escreve:

“Já consoante a norma estampada no inciso II, o pagamento


integral do IPVA referente a determinado exercício não supõe o
pagamento do mesmo imposto relativo a exercícios anteriores.
Também, por óbvio, não acarretará a presunção de pagamento de
outros tributos.” (COSTA, Regina Helena; 2019)

7. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, quando se


dará o vencimento do crédito?

Caso a lei que institui o tributo não determine o tempo do pagamento, o seu
vencimento de tal crédito dá-se 30 (trinta) dias após a data em que o contribuinte receber
a notificação do lançamento. Isso está previsto no art. 160 do Código Tributário Nacional:

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do


pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da
data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento.

Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto


pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça.
Como bem alude Regina Helena Costa, não se aplica tal situação aos tributos
sujeitos a lançamento por homologação, uma vez que, nesse caso, não ocorre a notificação
de lançamento.

8. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do


pagamento, nas condições que estabeleça?
Sim, de acordo com o Parágrafo único do art. 160 do CTN, é possível ocorrer a
outorga de desconto perante a antecipação do pagamento, mas apenas a legislação
tributária poderá conceder tal desconto e as suas condições.

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do


pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da
data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento.

Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto


pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça.

9. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de quais verbas?

No caso de vencimento do crédito tributário sem que haja o seu pagamento


integral, serão acrescidos a esse crédito juros de mora. Nessa circunstância, os juros de
mora serão acrescidos independentemente do motivo que levou à falta de pagamento total,
sendo assim, não se considera a existência de culpa do sujeito passivo. Além disso, podem
ocorrer a imposição de penalidades das medidas de garantia estabelecidas pelo CTN ou
pela lei tributária.

Isto está previsto no art. 161 do CTN:

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é


acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante
da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da
aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou
em lei tributária.

§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são


calculados à taxa de um por cento ao mês.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta


formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do
crédito.

Assim, de acordo com § 1º do dispositivo, percebe-se que os juros de mora são


calculados a uma taxa de 1% ao mês.

10. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito


passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao
mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou
juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o
pagamento pode determinar imputação? Caso afirmativo, seguindo quais
regras?

Sim, trata-se da imputação do pagamento. Contudo, no Direito Tributário,


diferente do Direito Civil, é o sujeito ativo quem escolhe qual débito deve ser pago. A
respeito do assunto, o art. 163, caput, do CTN estabelece que:

Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do


mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito
público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de
penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa
competente para receber o pagamento determinará a respectiva
imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que
enumeradas:

Contudo, para isso ocorrer, deve-se seguir, em ordem, as regras previstas nos
incisos do artigo, os quais são:
Art. 163.
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em
segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas
e por fim aos impostos;
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes.

11. Quais as hipóteses de cabimento da consignação em pagamento no direito


tributário?

As hipóteses de cabimento da consignação em pagamento no direito tributário


são aquelas arroladas no art. 164 do CTN, as quais são:

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada


judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento
de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de
obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de
exigências administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito
público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

É imperioso aclarar que, como previsto no § 1º do dispositivo aludido, “a


consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.”

12. O simples ajuizamento da ação em consignação em pagamento é suficiente


para configurar a extinção do crédito? Por que?

Não, o ajuizamento da ação em consignação em pagamento não é suficiente para


configurar a extinção do crédito, uma vez que, para isso, é necessário que a consignação
seja julgada procedente, assim, considera-se realizado o pagamento, levando a extinção
do crédito tributário e, consequente, a quantia consignada será transformada em renda
pertinente ao sujeito ativo credor.

Porém, se a consignação for julgada improcedente, o crédito não será extinto,


logo será exigido.

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada


judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa
efetuado e a importância consignada é convertida em renda;
julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-
se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das
penalidades cabíveis.

Dessa maneira, o simples ajuizamento de ação em consignação em pagamento


não basta para concretizar a extinção do crédito tributário, pois isso só ocorrerá quando
houver sentença que julgue procedente a consignação.

13. Diferencie prescrição de decadência.

Nas palavras de Regina Helena Costa:

“A decadência e a prescrição são expressões de segurança


jurídica, fundadas na ideia de que a inércia no exercício de um
direito, pelo prazo legalmente assinalado, conduz ao seu
perecimento. Figuram entre as categorias jurídicas mais
polêmicas quanto à sua conceituação, não sendo diferente no
direito tributário, que lhes empresta uma disciplina peculiar,
distinta da observada no âmbito do direito privado.” (COSTA,
Regina Helena; 2019)

O art. 173 do CTN regulamenta a decadência na esfera tributária, in verbis:


Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito
tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver


anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da
data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao lançamento.

De maneira geral, a decadência configura a extinção de um direito material


devido a ausência do seu exercício no decurso de um tempo determinado, que é previsto
em lei. Na esfera tributária, a decadência condiz com a extinção do direito do sujeito ativo
de realizar o lançamento do crédito tributário devido ao não exercício dentro de um
período de 05 (cinco) anos.

Assim, se a Fazenda Pública não realizar o lançamento do crédito tributário num


período de 05 (cinco) anos, dar-se-á a extinção do respectivo crédito tributário pela
decadência.

Já o art. 174, caput, CTN, regulamenta a prescrição.:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

De maneira geral, a prescrição diz respeito à perda do direito de ação devido à


ausência de exercício num decurso de tempo determinado. Na esfera do Direito
Tributário, a prescrição configura a perda do direito do sujeito ativo de reclamar
judicialmente a execução fiscal.
Sendo assim, a prescrição é a perda do direito - o qual tem o sujeito ativo da
obrigação tributária como titular - de ajuizar ação de cumprimento do crédito tributário.

Desse modo, o que diferencia a prescrição da decadência é o fato de a primeira


não atingir direito material, mas somente o direito de ação, isto é, o direito de ajuizar
ação, sendo que a decadência diz respeito à extinção do direito material.

14. Quais os prazos de decadência do direito dos Entes Federativos realizarem o


lançamento considerando os termos a quo? Explique em que situação se
aplica cada um.

O art. 173, caput, CTN, determina que o prazo decadencial para o lançamento
do crédito é de 05 (cinco) anos e o inciso I do dispositivo determina a regra geral de
contagem desse prazo.

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Sendo assim, conclui-se que o prazo decadencial de 05 (cinco) anos será contado
a partir do primeiro dia do exercício fiscal subsequente ao exercício fiscal em que o
lançamento poderia ter sido realizado.

Já o inciso II do dispositivo supramencionado estatui, in verbis:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver


anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.
Então, pelo inciso II do art. 173 do CTN, dar-se-á a anulação devido ao vício
formal, no qual o prazo decadencial é contado a partir da data em que a decisão que anulou
o lançamento por conta do vício se torna definitiva.

O Parágrafo único do art. 173 do mesmo código prevê o seguinte:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da
data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao lançamento.

Assim, tem-se a regra da antecipação da contagem, na qual o prazo decadencial


é contado a partir da data em que se dá início à constituição do crédito tributário por meio
da notificação de qualquer medida preparatória essencial para o lançamento.

Por fim, o art. 150, § 4º do CTN regula:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos


tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco


anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo
sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
O dispositivo em questão diz respeito ao lançamento por homologação.

15. Qual o prazo de prescrição do crédito tributário e qual seu termo a quo.

O prazo de prescrição do crédito tributário é de 05 (cinco) anos, assim como o


prazo decadencial. Contudo, seu o termo a quo se dá a contar da etapa para o pagamento
ou contestação do crédito, quando há o estabelecimento definitivo do crédito, isto é, a
partir do lançamento eficaz.

A respeito do assunto, a doutrinadora Regina Helena Costa leciona, nos


seguintes termos:

“O prazo prescricional flui a partir da data da “constituição


definitiva do crédito tributário”, ou seja, do lançamento eficaz,
assim entendido aquele regularmente comunicado, pela
notificação, ao devedor. A partir daí flui o prazo para o sujeito
passivo pagar ou apresentar impugnação. No silêncio deste ou
decidida definitivamente a impugnação no sentido da
legitimidade da exigência, começa a correr o tempo dentro do
qual a Fazenda Pública poderá ingressar com a execução fiscal.”
(COSTA, Regina Helena; 2019)

16. Quais as hipóteses de interrupção do prazo prescricional?

O Parágrafo único do art. 174 estabelece as causas de interrupção do prazo


prescricional, in verbis:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução
fiscal;
II – pelo protesto judicial;
III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Caso ocorra qualquer uma dessas hipóteses, há a possibilidade de se recomeçar


a contagem do prazo prescricional, ou seja, “o prazo para a Fazenda Pública proceder ao
lançamento eficaz recomeça a correr, em sua integralidade.” (COSTA, Regina Helena;
2019)

17. Quais hipóteses de extinção do crédito tributário dependem de lei do ente


federativo competente para regulamentar os termos da realização da
hipótese?

As hipóteses de extinção do crédito tributário que dependem de lei do ente


federativo competente para regulamentar os seus termos de realização são: compensação,
a transação, a remissão e a dação em pagamento em bens imóveis.

Essas são as chamadas formas indiretas de extinção de crédito tributário,


chamadas assim uma vez que é imprescindível a autorização legal para a ocorrência de
tais hipóteses.

18. Explique a hipótese da compensação e em que termos ela acontece.

Os art. 368 e art. 369 do Código Civil determinam que:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e


devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde
se compensarem.

Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,


vencidas e de coisas fungíveis.

Da leitura dos dispositivos supracitados, depreende-se que, de acordo com


Regina Helena Costa, para haver a compensação é necessário que haja a mutualidade de
obrigações; liquidez do débito; exigibilidade das obrigações e fungibilidade das coisas
devidas.

A compensação tributária está prevista no art. 170 do CTN, in verbis:

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que


estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade
administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários
com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito
passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de
2010)

Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a


lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu
montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a
correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo
a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.

A compensação tributária é extremamente parecida com a compensação civil,


todavia, ao contrário da compensação regulada pelo Direito Civil, ela também abarca os
débitos vincendos. Isto posto, para haver compensação é necessário que haja a
mutualidade de obrigações; liquidez do débito ou débito vincendos; exigibilidade das
obrigações e fungibilidade das coisas devidas.

É imperioso trazer à baila o art. 170-A do CTN, o qual determina que:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento


de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo,
antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

Sobre esse tributo, a doutrinadora Regina Helena Costa opina, nos seguintes
termos:
“Pensamos que a inteligência do dispositivo é prestigiar o atributo
da certeza do crédito do contribuinte, objeto de impugnação
judicial, de modo a qualificá-lo para efeito de compensação.
Assim, se o direito de crédito do contribuinte não se revestir da
certeza outorgada mediante a imutabilidade dos efeitos da decisão
judicial (coisa julgada material), a compensação não poderá ser
efetuada.” (COSTA, Regina Helena; 2019)

19. Explique a hipótese da transação e em que termos ela acontece.

O art. 840 do CC regula a transação, mas como uma espécie de contrato.

Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o


litígio mediante concessões mútuas.

A transação na esfera do Direito Tributário, por sua vez, não se assemelha muito
com aquela regulamentada pelo Direito Civil, sendo que a principal diferença se
concentra no fato de que a transação tributária não é um contrato.

O art. 171 do CTN determina, in verbis:

Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos
sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação
que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de
litígio e consequente extinção de crédito tributário.

Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para


autorizar a transação em cada caso.

Assim, entende-se que a transação tributária diz respeito ao acordo entre os


sujeitos da obrigação tributária que leva ao fim do litígio e, como resultado, à extinção do
crédito tributário. Contudo, para que isso ocorra, é imprescindível a que a lei a autorize.

Ademais, é interessante esclarecer que a transição é diferente de parcelamento.


A primeira ocasiona a extinção da obrigação tributária, sendo ela uma hipótese de
extinção do crédito tributário, já a segunda ocasiona a suspensão da exigência da
obrigação.

20. Explique a hipótese da remissão e em que termos ela acontece.

Remissão significa perdão e também se faz presente no Direito Civil, sendo


regulado pelos artigos 385 e 388 do CC.

No Direito Tributário, a remissão está prevista no art. 172:


Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a
conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial
do crédito tributário, atendendo:

I – à situação econômica do sujeito passivo;


II – ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a
matéria de fato;
III – à diminuta importância do crédito tributário;
IV – a considerações de equidade, em relação com as
características pessoais ou materiais do caso;
V – a condições peculiares a determinada região do território da
entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no art. 155.

A remissão tributária somente será atribuída por lei devido ao princípio da


indisponibilidade do interesse público. Corroborando esse entendimento, o art. 150, § 6º
da Constituição Federal determina, nos seguintes termos:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,


concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto
no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

Ademais, o art. 172 do mesmo código prevê as hipóteses que ensejam a


remissão, que pode ser total ou parcial.

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a


conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial
do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a
matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as
características pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da
entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

21. Explique a hipótese da dação em pagamento de bem imóvel e em que termos


ela acontece.

A dação em pagamento para bens imóveis é a hipóteses de extinção do crédito


tributário em que a obrigação é cumprida mediante o pagamento de tributo com imóveis,
e não mediante o pagamento em pecúnia. Assim, a obrigação é cumprida quando o sujeito
passivo paga o tributo com imóveis, não com dinheiro. Contudo, é uma forma indireta de
extinção de crédito, já que ocorre apenas se for autorizada por lei.

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