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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
l DERZI, Misabel Comentários ao Código Tributário Nacional. Rio de Janeiro, Ed Forense, 1997, p 405.
(Estevão Horvath é referido pela autora citada )
(tributos sujeitos à homologação do pagamento), a inação da Fazenda em homo
logar ou fiscalizar, passado o prazo preclusivo, faz igualmente caducar o direito de
crédito remanescente ou integral. Nesses casos, os elementos que informaram o
agir do contribuinte ficam inalcançáveis ã fiscalização tributária. “O Direito não
socorre aos que dormem.”
c) A preclusão dos prazos para la nça r tributo a ser pago ou hom ologar paga
m ento de tributo acarreta a caducidade do direito de crédito da Fazenda, que já
nascera com a obrigação. Extinto o crédito, ipso facto, extingue-se a obrigação.
Não há obrigação sem objeto.
“Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a
referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.
§ 1-. O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extin
gue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lança
mento.
§ 2°. Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à
homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à
extinção total ou parcial do crédito.
§ 3°. Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considera
dos na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na Imposição
de penalidade, ou sua graduação.
§ 4®. Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fa
zenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lança
mento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência
de dolo, fraude ou simulação.”
Na verdade, o lançam ento por hom ologação existe quando a Adm inistração
expressam ente concorda com a atividade do contribuinte de calcular por conta da
lei o im posto devido, fazendo o seu pagamento. Nesse caso, o lançam ento dito
por hom ologação é irreversível. Em toda a nossa vida, jam ais vim os um a hom olo
gação form al integral de pagam ento feito pelo contribuinte. A hom ologação não
interessa à Adm inistração. A sua existência deve-se a cópia de Direito estrangeiro
feita sem cuidados críticos. Por isso mesmo, a Adm inistração nunca homologa.
Prefere deixar correr em aberto o prazo de cinco anos a contar do fato gerador da
obrigação tributária, com o fito de fiscalizar o contribuinte quantas vezes queira e,
eventualm ente, expedir lançam entos ditos “suplem entares” , de ofício. É m ais efi
caz e mais cômodo. A fórm ula do CTN, em bora sofística, é, sem dúvida, engenho
sa. Im porta com preendê-la em toda sua extensão, principalm ente na dim ensão
do pragmático.
Q u id se não houver pagam ento algum? Nesse caso, com o não há o que hom o
logar, o decurso do prazo de cinco anos a contar do fato gerador da obrigação não
faz sentido. N ovam ente som os rem etidos ao art. 1 7 3 ,1, ou ao seu parágrafo único,
dependendo da situação.
A solução alvitrada é razoável, porque no CTN — lei de norm as gerais — os
prazos decadenciais estão regrados tão-som ente nos arts. 150, § 4e, e 173. Logo,
não há saída. Direitos patrim oniais e potestades adm inistrativas vinculadas não
podem subsistir eternam ente. É contra a índole do Direito, que não socorre aos
que dormem .
O CTN, ao dizer que a “antecipação do pagam ento” , que é ato ju ríd ico simples,
extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior hom ologação do
lançam ento (art. 150, § 1e), revela, m ais uma vez, a am bigüidade que o m arca a
ferro; a am bigüidade entre autoritarism o e relação jurídica de um lado, e entre o
procedim entalism o e a teoria das obrigações do outro lado.
O CTN é um texto com prom issório. Suas am bigüidades devem ser explicadas
a partir desse fato. Talvez por fugir do óbvio, ilustres ju ristas pátrios lançam -se às
alturas para harm onizar as suas incongruências ao invés de descalvá-las. Não é
que sejam os iconoclastas, apenas realçam os o am biente originário que fecundou
a lei. Isto facilita a com preensão do tem a, senão vejamos.
A) A “a antecipação do pagam ento” significa que o pagam ento é anterior ao
lançam ento. Nesse caso, desde logo, o lançam ento não confere exigibilidade ao
crédito, já que o pagam ento dele prescinde.
B) Tam pouco se pode afirm ar que a ulterior hom ologação do pagam ento seja
um a condição que pode se realizar ou não, vez que futura e incerta. O lançamento
é ato obrigatório, não pode ser incerto. A im propriedade mais se acendra quando
se confere à inação da Fazenda quanto a hom ologar o condão de — pelo silêncio
— efetivá-lo. (Um a insolúvel contradição).
Foi tudo arm ado para satisfazer a tese de que, nesse caso, o silêncio é ato
confirm atório do afazer do contribuinte (lançamento por omissão, com efeito
confirmatório).
Tem-se, então, que nos lançamentos diretos por declaração e também nos de
ofício, o autocontrole é absolutamente necessário (contencioso administrativo
insuprimível). O devido processo legal deve ter amplo curso com a participação do
contribuinte, pois a form ação do título extrajudicial é, em princípio, unilateral. Nos
títulos executivos extrajudiciais (nulla executio sine titulo), de algum modo o deve
dor se obrigou, assinou o cheque (ordem de pagamento à vista), a nota promissó
ria, a letra de câmbio, o contrato. No caso da certidão de dívida ativa, é ela confor
mada pela Adm inistração de maneira unilateral, daí a necessidade de se garantir
ao contribuinte participação no processo de formação do título abstrato da dívida
tributária. Ele pode até renunciar a esta participação. Não importa. A possibilidade
é que conta. Sobre o assunto, teoriza Pinheiro Xavier:
§ 49. Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fa
zenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lança
mento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência
de dolo, fraude ou simulação."
Temos, então, quatro pontos de partida, dies a quo, para contar os cinco anos
que fazem decair o direito de crédito da Fazenda Pública em decorrência de
preclusão do ato jurídico do lançamento.
B) Todavia, o dies a quo acima referido pode ser antecipado caso a Fazenda
Pública se apresse ao dia primeiro do exercício seguinte, praticando, sem lhes dar
seguimento, atos necessários ao lançamento. É precisamente o que dispõe o pa
rágrafo único do artigo sob comentário.
É que a Fazenda tem cinco anos para verificar se o pagam ento é suficiente
para exaurir o objeto da obrigação tributária, isto é, o crédito tributário. Mantendo-
se inerte, o Código considera esta inércia como hom ologação tácita, perdendo a
Fazenda a oportunidade de operar lançamentos suplementares em caso de insu
ficiência de pagamento (preclusão). Daí que no term o do qüinqüênio ocorre a
decadência do direito de crédito da Fazenda Pública, extinguindo-se a obrigação.
Ora, se por erro de direito se não permite à Fazenda Pública alterar lançamento
efetivado, como admitir que possa fazê-lo, sem lim ite de tem po, por erro mera
mente formal?
O erro nunca pode beneficiar o seu fautor. É princípio geral de Direito, aplicável
ao Direito Tributário por expressa determ inação do art. 108 do CTN, que cuida da
interpretação da legislação tributária.
Ademais disso, com visão sistemática, não se pode descurar do art. 149 do
mesmo CTN, parágrafo único: “A revisão do lançamento só pode ser iniciada en
quanto não extinto o direito da Fazenda Pública."
Um lançamento é definitivo quando efetivado, quando não mais possa ser obje
to de recurso por parte do sujeito passivo ou de revisão por parte da Adm inistra
ção. Isto pode ocorrer em pontos vários de tempo, dependendo das leis de cada
ordem de governo e das vicissitudes do próprio processo de efetivação e revisão
do ato jurídico do lançamento.
Da seguinte forma:
• Depois do lançamento e/ou durante todo o tempo de sua revisão (se hou
ver) já não correm os prazos de decadência, nem podem correr os prazos
de prescrição, que só há prescrição se inexistirem obstáculos ab extra. Pelo
princípio da actio nata, ou seja, para que prescreva o direito de ação, é
necessário que o autor possa exercê-lo livremente. A sua inércia e mais o
fugir do tem po redundam na prescrição. O direito não socorre aos que dor
mem.
Por isso, afiguram -se-nos inconstitucionais, por afrontar a isonom ia, todas as
leis extravagantes que criam e am pliam os princípios e garantias m ateriais e pro
cessuais da Fazenda Pública, já suficientem ente protegida.
É cediço afirm ar que a prescrição do direito de ação som ente a extingue, dei
xando intacto o direito m aterial que lhe conferia substrato.
O corre que no Direito Tributário pátrio, a teor do CTN, tanto a decadência quan
to a prescrição extinguem o créd ito tributário.
Q uem paga dívida fiscal em relação ã qual já estava a ação prescrita tem direito
à restituição, sem mais nem menos.
Seria deveras injusto, por exemplo, impedir a Fazenda de executar o seu crédi
to, já que o depósito suspende a exigibilidade, para, no finalzinho de uma ação,
vamos supor, declaratória de inexistência de relação jurídica e de débito fiscal,
permitir ao contribuinte retirar o depósito. Nesse caso, perdida a ação pelo contri
buinte, teria a Fazenda de com eçar desde o início, ajuizando ação de execução,
por sua vez embargável, desde que garantido o juízo. Ora, o instituto da conver
são do depósito em renda, já se vê, impede este tipo de aventura judicial.
O Poder Judiciário, entre nós, detém o monopólio da jurisdição, pelo que ne
nhuma relação jurídica pode escapar à sua apreciação. Mas a Administração pode
exercer o autocontrole da legalidade dos seus próprios atos, inclusive em relação
à Constituição, que é a lei das leis.
Im porta aqui repisar que inexiste lançamento inicial ou final. Tampouco existe
lançam ento provisório e definitivo.
C abe an o ta r não ter cab im e nto a A dm inistra ção negar-se a d e scon stitu ir ato
ad m in istra tivo baseado em lei de cla rada incon stitu cion al pe lo STF ou em ato
norm ativo de cla rado ilegal pelos tribunais.
É ce rto que o controle de con stitu cio n a lid a d e ou de le ga lid ad e não lhe pe rte n
ce. M as isto não sig nifica que deva a fro n ta r a pronú ncia de nulidade da lei, ao
arg um e nto de que o ram o E xecutivo é in dependente e a u tôno m o em relação ao
Judiciário. M uito pelo contrário, p o r dever de lealdade e em razão do p rincípio da
eco no m ia processual, com p ete-lhe ca ta r su b m issã o ao P oder a que se conferiu
com p etên cia para d e cla rar in con stitu cion ais as leis e ilegais os atos ad m in istra ti
vos. O au tocon tro le se faz sob que parâm etros, senão que o da s leis válidas e o da
C onstituição?
O que se não com p ree nde é o contrário, m as infelizm ente é o que ocorre, de
m aneira acintosa m ente irracional e incivilizada, por esse s brasis afora.
R esta sa b e r quando se con sid era de finitivam en te c o n stitu íd o o créd ito trib u tá
rio, ou seja, qu an do não m ais pode o la nçam ento ser ob je to de d iscussã o na
esfera adm inistrativa. Com notável perícia, M aria Leonor Leite V ieira, no-lo diz:
b.3) se a decisão for contrária à Fazenda Pública, mas menor que o valor
assinalado em lei para exigir a apresentação do recurso de ofício (apontado
no item anterior), a definitividade é alcançada com a notificação regular ao
sujeito passivo;
E nas h ipó te ses em que o sujeito passivo paga a m enos por conta da lei ou
m e sm o na d a paga, q u a n d o oco rre a prescrição do direito da ação?
c) som ente d ire ito s e xiste n te s, ou seja, que não tenham decaído,
ensejam ações. Conseqüentem ente, a prescrição é da ação, e não do
direito.
A m e d id a p r o v is ó ria n 9 1 .6 2 1 -3 4 /9 8 (a tu a l MP n 9 2 .1 7 6 - 7 9 /0 1 )
inconstitucionalm ente vincula os recursos aos Conselhos Federais de C ontribuin
tes a um depósito de, no mínimo, 30% da quantia litiganda.
Ao vincular reciprocam ente causas de suspensão que o CTN, lei com plem en
tar em sentido material, define com o autônom as, a Medida Provisória nB 1.621-34/
98 (MP ng 2.176-79/01) subverte a hierarquia dos diplom as legislativos e ofende o
devido processo de acertam ento tributário por aquele instituído, em atendim ento
ao art. 59, LIV, da C onstituição Federal. Assim :
“A garantia do due process of law, que existe em nosso direito, tem aplica
ção não só ao processo judicial, mas também ao administrativo, em sentido
amplo, tanto no procedimento administrativo punitivo, quanto ao não puniti
vo. Isto quer dizer que a administração, quando tiver que impor uma sanção,
uma multa, fazer um lançamento tributário ou decidir a respeito de determi
nado interesse particular, deverá fazê-lo num processo regular, legal, em
que ao administrado se enseje o direito de defesa.” (TFR, AMS ng 79.843-
PE, Rei. Min. Carlos Velloso, in DJU de 18.10.78, pág. 8.130)
Da m esm a forma, viola o princípio insculpido no art. 5®, LV, do Texto Magno, que
dispõe:
“Art. 5° (...)
(...)
3. ABSTRACT
The present work analyses, firstly, the classification of the types of entry in the
Brazilian National Tax Code (entry ex o ffic io , entry by statem ent and entry by
hom ologation,), in o rd e r to show th a t such c la s s ific a tio n lacks of s c ie n tific
fundam entals, and actually corresponds to a narrative of the preparatory events
prior to the act of entry. The so called entry by hom ologation, due to its specificities,
is object of a deepened study, such as the term s of decadence related to this latter
type of entry, by analyzing the articles 150, paragraph 4th, and 173 of the National
Tax Code.
After that, the m oments in which the tax credit is considered definitively constituted
(when the tax credit can’t be furtherm ore discussed in the adm inistrative sphere)
are established in order to determ ine the dies a quo of the prescriptional term.