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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO DE INCIDÊNCIA E CRÉDITO TRIBUTÁRIO

DISCENTE: 10 de agosto de 2019

Seminário I – “ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA”

1. Que é isenção?

De início, cabe destacar que de acordo com o art. 175, I, do CTN, a isenção é uma espécie de
exclusão do crédito tributário. Feito tal apontamento, esclarece-se que ao longo do tempo surgiram
diversas teorias que tentaram conceituar a figura da isenção tributária, de forma que não existe
consenso doutrinário acerca de sua acepção semântica.

Por exemplo, para a teoria clássica, a isenção é uma espécie de “favor legal” que dispensa o
pagamento de tributo devido, ocorrendo, portanto, após a incidência de determinada tributação, após
situação já consumada. Tal teoria leva a entender que “se dá a incidência da regra-matriz, surge a
obrigação tributária, e logo a seguir, acontece a desoneração do obrigado, por força da percussão da
norma isentiva” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, p. 486).

No entanto, indo de encontro ao que prega a doutrina clássica, para o professor Paulo de
Barros Carvalho (Direito Tributário. Linguagem e Método, p. 593), as normas de isenção atuam sobre
a norma-padrão da incidência tributária, de modo que o encontro dessas duas normas jurídicas
ocasiona a inibição parcial da regra-matriz de incidência. Ou seja, a isenção não ocorre após a
incidência, e se o fato é isento, não há fato jurídico tributário ou obrigação tributária que torne a
isenção uma “dispensa de pagamento de tributo devido”.

A isenção age contra a norma de incidência, destruindo-a parcialmente.

2. Elaborar um quadro comparativo a respeito de: (i) isenção; (ii) imunidade; (iii) não incidência; (iv)
anistia; e (v) remissão.

ISENÇÃO IMUNIDADE NÃO INCIDÊNCIA ANISTIA REMISSÃO


Hipótese de Limite Hipótese em que Perdão por falta Perdão do débito
exclusão do constitucional ao mesmo tempo cometida pelo do tributo. Ou
crédito tributário poder de tributar. competência, o devedor seja, de
em que uma Limita a própria ente deixa de tributário ou característica
norma isentiva competência proporcionar perdão de uma eminentemente
destrói tributária relação tributária penalidade tributária. O
parcialmente a prevista na em relação a imposta ao arrecadador abre
regra-matriz da constituição. determinada contribuinte em mão do direito de
incidência. circunstância do decorrência de receber.
plano fático. transgressão à lei.
Modalidade de Limitação Vácuo legal. Perdão de Crédito “Perdão” de
Exclusão do constitucional. Tributário de Crédito tributário
crédito tributário.
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natureza de natureza não
sancionatória. sancionatória.

Coluna 1: breve resumo de cada instituto.

Coluna 2: principal característica.

3. A expressão “crédito tributário” utilizada no art. 175 do CTN tem o mesmo conteúdo de significação
para a isenção e para a anistia? Justificar.

Não. Como mostrado no quadro da questão acima, a anistia diz respeito a um perdão por uma
falta cometida pelo devedor tributário ou o perdão de uma penalidade imposta ao contribuinte em
decorrência de uma transgressão à lei. Ou seja, nesse caso, o “crédito tributário” na verdade
representa o montante devido em decorrência de uma sanção. O crédito foi constituído em favor do
órgão arrecadador, e foi posteriormente anistiado.

Enquanto isso, em relação à isenção, a expressão “crédito tributário” diz respeito a montante
não existente, que não foi constituído. Poderia existir o crédito, mas sua constituição esbarra numa
norma isentiva que impede a incidência.

4.

I – As isenções com prazo certo são aquelas que em regra não podem ser revogadas pelo Poder
Público (apesar de Paulo de Barros Carvalho admitir a possibilidade de revogação mediante
indenização), por ferirem o direito adquirido do contribuinte.

Dessa forma, em geral, as isenções condicionadas (que demandam contraprestações do


sujeito passivo e não podem ser revogadas, Súmula 544 STF) são sempre por prazo certo.

Além disso, existem as isenções incondicionadas, que geralmente não possuem prazo certo e
podem ser aproveitadas por qualquer contribuinte que preencher os requisitos legais. Por não
possuírem prazo certo, podem ser revogadas a qualquer tempo.

II – Apenas reestabelece sua eficácia. Com o término da isenção, a hipótese fática isenta passa
a se encaixar na regra geral de incidência, incidindo a norma tributária que estava impedida de produzir
efeitos, não sendo necessária a publicação de nova norma tributária.

Contudo, pode ocasionar a instituição de “novo” tributo, deve ser respeitado o princípio da
anterioridade, geral e nonagesimal.

As isenções onerosas, em forma de exceção, geram direito adquirido.

5.

Sim. Apesar de na prática terem resultados semelhantes, a alíquota 0 e a isenção não se


confundem. Na primeira hipótese, há a normal incidência e a ocorrência da relação tributária, que,
contudo, não gerará prestação pecuniária em razão da alíquota zerada prevista em lei. Além disso, a

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alíquota zero é uma prerrogativa do Poder Executivo, enquanto a isenção pressupõe ato do poder
legislativo.

Em razão do princípio da não cumulatividade, nos termos da jurisprudência do STF, se não é


devido tributo em determinada operação (como no caso de isenção e alíquota zero), não há com o que
se compensar o montante exigido na anterior. Assim, o contribuinte só pode constituir crédito para
operação posterior se houver pagamento de tributo na operação anterior, ou, só pode compensar
crédito na operação precedente se for devido crédito na operação seguinte (Anexo IX).

Utilizando essa lógica, em princípio, operações isentas ou com alíquota zero não podem gerar
créditos tributários.

6.

a) Não. Como a isenção atua indo de encontro à regra-matriz de incidência, impedindo a


constituição da obrigação tributária, não há como se falar em isenção parcial, uma vez que neste caso
o crédito tributário não chega a nascer.

De igual forma, não há como se considerar a redução da base de cálculo como uma isenção
parcial, visto que na redução há a ocorrência do fato gerador, o nascimento da obrigação tributária e
a devida constituição do crédito pelo órgão arrecadador, apenas implicando na diminuição do
montante devido.

b) Sim. De acordo com entendimento do STF, quando o contribuinte opta por benefício que
gere base de cálculo reduzida na saída de mercadorias, a legislação estadual pode vedar o
aproveitamento de créditos de ICMS gerados através da entrada de insumos tributados, por não ser
possível mesclar ou dois benefícios.

7.

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