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IBET – Instituto Brasileiro de Estudos Tributários

Seminário I – Isenções Tributárias e Regra-Matriz de Incidência Tributária


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1. Que é isenção (vide anexo I)?


Isenção é a dispensa legal e expressa do pagamento do tributo por meio
de lei específica. O Tribunal Superior utiliza-se dos ensinamentos de Paulo de
Barros sobre isenção, como extrai-se do anexo I: “O que o preceito de isenção
faz é subtrair parcela do campo de abrangência do critério do antecedente ou do
consequente, podendo a regra de isenção suprimir a funcionalidade da regra-
matriz tributária de oito maneiras distintas: (i) pela hipótese: i.1) atingindo-lhe o
critério material, pela desqualificação do verbo; i.2) mutilando o critério material,
pela subtração do complemento; i.3) indo contra o critério espacial; i.4) voltando-
se contra o critério temporal; (ii) pelo consequente, atingindo: ii.1) o critério
pessoal, pelo sujeito ativo; ii.2) o critério pessoal, pelo sujeito passivo; ii.3) o
critério quantitativo, pela base de cálculo; e ii.4) o critério quantitativo, pela
alíquota.”

2. Elaborar quadro comparativo a respeito de: (i) isenção; (ii) imunidade; (iii)
não incidência; (iv) anistia; e (v) remissão.
Isenção Imunidade Não-Incidência Anistia Remissão

É a dispensa Forma qualificada É tudo aquilo que Perdão da falta Hipóteses de


legal do ou especial de escapa da cometida pelo extinção do crédito
pagamento do não-incidência, por hipótese de infrator de deveres tributário. Trata-se
tributo, sendo supressão, na incidência, toda tributários e, de perdão do
um dos casos Constituição situação que não também, quer dizer crédito, concedido
de exclusão do Federal de 1988, se subsume o perdão da mediante lei, que
crédito tributário. da competência perfeita e penalidade a ele pode se dar de
impositiva ou do rigorosamente ao imposta por ter forma total ou
poder de tributar. tipo tributário infringido o parcial. O legislador
legalmente mandamento legal. tributário perdoa o
previsto. débito do tributo,
abrindo mão do seu
direito subjetivo de
percebê-lo.

Art. 175, I, CTN. Diversos artigos da Construção Art. 175, II, CTN. Art. 156, IV, CTN.
CF/88: art. 150, VI, doutrinária
art. 184, §5º, 195,
§7º.

3. A expressão “crédito tributário” utilizado no art. 175 do CTN tem o mesmo


conteúdo de significação para a isenção e para a anistia? Justificar.
Não. Apesar do legislador ter reunido dois conceitos na expressão “crédito
tributário”, para isenção refere-se ao crédito tributário decorrente da obrigação
de pagar tributos, será o crédito do tributo em si que será dispensado legalmente
do pagamento. Já para anistia refere-se ao crédito cuja origem é a obrigação de
pagar multas decorrentes de infrações à legislação tributária. Desta feita, resta
a crítica doutrinária que entende por errado a colocação da anistia como hipótese
de exclusão do crédito tributário, tendo-se em vista que o crédito permanece, a
exclusão é tão-somente da multa.

4. Tratando-se de isenção com prazo certo, ou de isenção por prazo


indeterminado, responda: a revogação da isenção, que reinstitui a norma
tributária no sistema, apenas restabelece sua eficácia ou requer a
publicação de nova regra tributária no ordenamento? Neste último caso,
deverá ser respeitado o princípio da anterioridade? Há direito adquirido
(vide anexo II)?
Consoante extrai-se do Código Tributário Nacional em seus artigos 104,
inciso III, e 178, a revogação de isenção que reinstitui a norma tributária no
sistema requer a publicação de nova regra tributária no ordenamento, devendo
ser respeitado o princípio da anterioridade. Para Paulo de Barros é questão
assente que os preceitos de lei que extingam ou reduzam isenções só devam
entrar em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que forem
publicados.
Leciona Paulo de Barros que nos tributos que incidirem uma só vez,
dentro de determinados períodos, o ato administrativo concessório da isenção
deve ser renovado antes que o intervalo de tempo chegue ao fim, para que tenha
valor no período subsequente. Como é inerente aos atos administrativos dessa
índole, o que concede ou reconhece a isenção não gera direito adquirido (CTN,
art. 179, § 2º), podendo ser reformado, de ofício, toda vez que se verificar o
descumprimento das condições ou dos requisitos estipulados na lei.
O anexo II trata da proibição de suprimir isenção onerosa, estabelecida
previamente em contrato (convênio). Visualiza-se neste caso, a existência do
direito adquirido da isenção concedida com prazo certo e determinado. Enquanto
perdurar o tempo de vigência do contrato, a isenção ali tratada não poderá ser
revogada, conforme julgamento.

5. Há distinção entre alíquota 0% e isenção? Os insumos isentos, não


tributados e tributados à alíquota 0%, adquiridos no processo de
industrialização, conferem direito ao crédito tributário? Por quê? Qual
critério deveria ser utilizado para determinar o crédito presumido? (Vide
anexos III, IV, V e VI).
A questões é bastante controversa. Para André Mendes Moreira na
alíquota zero tem-se a incidência da norma do IPI, estando presentes todos os
elementos do antecedente da regra-matriz de incidência. Entretanto, o dever
tributário é inexistente, pois no consequente da norma o valor atribuído à alíquota
é nenhum. Já de acordo com Paulo de Barros Carvalho, não há distinção entre
alíquota 0% e isenção, haja vista ser a alíquota zero caso típico de isenção.
Outrossim, os insumos isentos, não tributados e tributados à alíquota a 0%,
adquiridos no processo de industrialização conferem direito ao crédito tributário,
visto que a norma isentiva não ataca a regra-matriz de direito ao crédito, e sim a
regra-matriz de incidência tributária.
Na visão da Corte Constitucional difere-se isenção de alíquota zero,
sendo que este ultimo em nada modificaria a estrutura da regra matriz tributária,
dando inclusive condições de nascimento da respectiva obrigação tributária, cujo
valor, porém, estaria reduzido a zero.
A Lei nº 9779/99 assegurou a manutenção dos créditos sobre insumos
tributados para as saídas isentas ou sujeitas à alíquota zero, entretanto, não
disse respeito às saídas não tributadas. A discussão sobre o assunto em tela foi
extensa no STF, sendo sua posição negativa sobre a manutenção do crédito no
caso de saídas não tributadas. Para determinar o crédito presumido, deveria ser
utilizado o critério de equiparação da alíquota zero e da não tributação à isenção,
atentando-se para a formação da regra matriz de direito ao crédito.
6. Considerando o art. 155, §2º, II, alíneas “a” e “b” da CF, pergunta-se:
a) Existe isenção parcial? Redução de base de cálculo pode ser considerada
hipótese de isenção parcial?
Segundo Pontes de Miranda “as isenções podem ser totais e parciais.
Dizem-se parciais as isenções que deduzem do percentual do imposto ou do
imposto fixo. As isenções totais são pré-excludentes da imposição. O imposto
não recai no objeto ou no negócio jurídico a que se refere a regra jurídica de
isenção.”
Para Paulo de Barros Carvalho, existe isenção parcial, porém, deixa claro
que tal figura não se confunde com a isenção tributária, afirmando que a
diminuição que se processa no critério quantitativo, mas que não conduz ao
desaparecimento do objeto, não é isenção, traduzindo singela providência
modificativa que reduz o quantum de tributo que deve ser pago.
O Supremo Tribunal Federal, mais recentemente, tem decidido que as
figuras da redução da base de cálculo e da isenção parcial se equiparam. A
doutrina majoritária, incluindo nomes como Sacha Calmon Navarro Coêlho e
Luciano Amaro, considera tal fato absurdo, pois, diferentemente da isenção, na
redução de bases de cálculo verifica-se a ocorrência do fato gerador, o
nascimento da obrigação tributária e a constituição do credito pelo sujeito ativo
quando é reduzida a base de cálculo. Há apenas uma diminuição valorativa do
montante a ser recolhido aos cofres públicos.

b) É possível lei estadual que determine a exigência do estorno do crédito


do ICMS, relativo à entrada de insumos, proporcional à parcela
correspondente à redução da base de cálculo do imposto incidente na
operação de saída da mercadoria, com fundamento no art. 155, § 2º, II,
da CF/88? (Vide anexos VII e VIII e Parecer da Procuradoria-Geral da
República no RE n. 635.688/RS RG, de 09/12/11).
Sim, é possível lei estadual que determine a exigência do estorno do
crédito do ICMS, relativo à entrada de insumos, proporcional à parcela
correspondente à redução da base de cálculo do imposto incidente na operação
de saída da mercadoria, face ao art. 155, § 2º, II da CF/88 restringe o direito ao
crédito, diferentemente do que ocorre no caso do IPI.
7. A concessão de benefício fiscal relativo à isenção do ICMS incidente
sobre a aquisição de veículo automotor por deficiente físico demanda a
aprovação por convênio, nos termos do art. 155, §2º, XII, g, da CF,
regulamentado pela Lei Complementar 24/75? Caso considere a
dispensa de convênio nesse caso, ela poderá ser justificada pela
garantia fundamental, cuja concessão do benefício visa a assegurar?
(Vide anexo IX).
Nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, da CRFB/88, regulamentado pela Lei
Complementar 24/75, a concessão de benefício fiscal relativo à isenção do
ICMS incidente sobre a aquisição de veículo automotor por deficiente físico
demanda a aprovação por convênio.
É evidente a necessidade de celebração de convenio determinada pela
Constituição Federal, pelo que a dispensa do convênio nesse caso, a mesma
não pode ser justificada pela garantia fundamental, cuja concessão do
benefício visa assegurar. Diferente da a pessoa deficiente o próprio Estado
produzir uma lei de isenção sem obedecer a mandamento constitucional e
utilizar como justificativa o direito fundamental de outrem, não parece plausível.

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