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Seminário VI

ICMS – SERVIÇOS

Aluno: Marcelo Tadeu Oliveira

Natal-RN, 10 junho de 2017


Questões

1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ICMS – Serviços.

Prestação de Serviços de Transporte

Hipótese/Antecedente (critério material, espacial e temporal).

Critério Material: prestação de serviços de transporte intermunicipal e


interestadual;

Critério Espacial: local ocorrência do fato jurídico, todo território nacional.

Critério Temporal: momento do fato jurídico (prestação de serviço).

Consequente (critério pessoal e quantativo).

Critério Pessoal

Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação.

Sujeito Passivo: Prestador do serviço.

Critério Quantitativo

Base de Cálculo: valor da prestação.

Alíquota: variável dentro da competência de cada Estado.

Prestação de Serviços de Comunicação

Hipótese/Antecedente

Critério Material: prestação de serviços de comunicação;

Critério Espacial: todo território nacional;

Critério Temporal: momento da prestação;

Consequente (critério pessoal e quantitativo)

Critério Pessoal:

Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação.

Sujeito Passivo: Prestador do serviço.

Critério Quantitativo:
Base de Cálculo: valor da prestação do serviço.

Alíquota: variável, conforme estabelecido pelo Estado/DF.

2. Que é “prestação de serviços de comunicação”? É possível determinar esse conceito


por meio do texto constitucional? O que pode ser tributado pelo ICMS: (i) a
comunicação (onerosa) efetivamente realizada, ou; (ii) a mera disponibilidade (onerosa)
de meios físicos/canais aptos que possibilitem que a comunicação aconteça? (Vide
anexos I e II).

Para o Professor Paulo de Barros Carvalho, prestar serviço de comunicação


consiste na atividade de colocar à disposição do usuário os meios e modos
necessários à transmissão e recepção de mensagens.

É sabido que comunicação é relação entre o emissor e receptor, que se realiza


pela mensagem. A comunicação se efetiva com uma correta interpretação dos
dados. Caso contrário, será tão somente uma transmissão de dados.

No texto constitucional, não é possível determinar um conceito acerca da


prestação de serviço de comunicação. A LC nº 87/96 tao somente apresenta
elementos da incidência do imposto. Contudo, para se analisar um fenômeno
jurídico, deve-se interpretar a norma sistematicamente, considerando-se o texto
constitucional e o infraconstitucional. Para o Profº Paulo de Barros
(CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011, p.46):

(...) conhecer as regras jurídicas isoladas, como se prescindissem da


totalidade do conjunto, seria ignorá-lo enquanto sistema de
proposições prescritivas. Uma coisa é certa: qualquer definição que se
pretenda há de respeitar o princípio da unidade sistemática.

Infere-se da leitura dos anexos referentes ao tema, que só pode ser tributado pelo
ICMS, a comunicação onerosa efetivamente realizada. O ICMS é um tributo cujo
fato gerador pressupõe a prestação efetiva do serviços de comunicação. A mera
disponibilidade do serviço não caracteriza a incidência do imposto, uma vez que
a prestação do serviço não se concretizou.

3. Responda justificadamente se há incidência do ICMS sobre as seguintes modalidades


de serviço de comunicação:
(i) Serviços relacionados à telefonia (serviços de habilitação, instalação,
disponibilidade, cadastro de usuário e equipamento, entre outros serviços, que
configurem atividade-meio ou serviços suplementares (vide anexo III);

Não há incidência do ICMS, pois os serviços elencados, são atividade-meio, ou


seja, são serviços auxiliares/preparatórios necessários para as prestações do
serviço principal de comunicação (Art. 2º e art. 12 ,da LC nº 87/96). Só incidirá o
imposto na atividade-fim: serviços de comunicação propriamente ditos.

(ii) “Assinatura telefônica”;

Não incide, pois entendo que é um valor que se paga para manter uma linha
telefônica, não ocorre o serviço de comunicação.

(iii) VoIP (VoIP-VoIP e VoIP – linha telefônica);

Se o serviço for gratuito, não há incidência do ICMS. Todavia, se a prestação


deste serviço for onerosa ocorrerá a incidência do ICMS .

(iii) Serviços prestados pelas TVs por assinatura (vide anexo IV);

Incide o ICMS sobre o serviço, conforme interpretação do artigo 2º, III, da Lei
Complementar 87/96: incide o ICMS sobre “prestações onerosas de serviços de
comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a
transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de
qualquer natureza”.

(iv) Provedor de acesso à internet (vide anexo V);

Os serviços de provedores não são passíveis de incidência do ICMS pois são atos
preparatórios/conexos ao serviço de comunicação. O ICMS incide sobre a
prestação do serviço de comunicação transmitida, aquela que chega efetivamente
ao destinatário, não incide em serviço de valor adicionado, conforme prescrito no
art. 611 da Lei n. 9.472/1997. Entendimento pacificado com a edição da Súmula
334, do STJ: “O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à
Internet”.

(v) Pay-per-view e download de filmes.

Sim. Nos termos do artigo 2º, III, da Lei Complementar 87/96, há incidência do
ICMS sobre as prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer
meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão,
a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza.

4. Que é “prestação de serviços de transporte”? Quais suas modalidades? É necessária a


efetividade da prestação de serviços para que o ICMS incida? Analisar a tributação de
transporte aéreo de passageiros e cargas. Há a incidência do aludido imposto no caso de
o transporte ser efetuado por meio de veículo próprio da empresa, dirigido por motorista
que com ela possui vínculo empregatício? E se o motorista for terceirizado? E se o
veículo for locado?

Prestação de serviço de transporte no que tange ao ICMS é a condução, em


qualquer via, seja terrestre, aérea, hidroviária, de mercadorias, cargas ou
passageiros, de um lugar para outro. Eis as formas de transporte elencadas na Lei
nº 6.288/75:

I-Modal- quando a mercadoria é transportada utilizando-se apenas um meio de


transporte;

II-Segmentado- quando se utilizam veículos diferentes e serão contratados


separadamente os vários serviços e os diferentes transportadores que terão a seu
cargo a condução da mercadoria do ponto de expedição até o destino final;

III-Sucessivo- quando a mercadoria, para alcançar o destino final, necessita ser


transportada para prosseguimento em veículo da mesma modalidade de
transporte;

IV-Intermodal- quando a mercadoria é transportada utilizando-se duas ou mais


modalidades de transporte.

É necessária a efetividade da prestação de serviços para que o ICMS incida, uma


vez que o aspecto temporal do imposto é o momento em que se realiza a
prestação do serviço.

Quanto à tributação de transporte aéreo de passageiros e cargas, o STF, em


2001, julgou a ADIN 1600, e determinou a aplicação do princípio da
reciprocidade. Se houver tratado internacional prescrevendo a isenção de
empresa estrangeira de transporte aéreo, seria também aplicada a isenção do
imposto no Brasil.

Há a incidência do imposto no caso de o transporte ser efetuado por meio de


veículo da empresaou terceirizado, dirigido por motorista com ou sem vínculo
empregatício, ou a utilização de veículo de locadora. A utilização de meios
próprios ou de terceiro não afasta a incidência do tributo.

5. Empresa de transporte internacional, contratada para trazer documentos do exterior,


subcontrata empresa brasileira que efetive o transporte da entrada do documento em
território nacional até o destinatário local. Pergunta-se: (a) tal operação pode ser
desmembrada para fins de tributação pelo ICMS? (b) se positiva a resposta, qual seria o
sujeito passivo da relação tributária? (Vide anexo VI).

Entendo que a operação não pode ser desmembrada pois as atividades são
vinculadas. A operação de entrega do bem a destinatário local é atividade-meio e
é indispensável à concretização da atividade-fim, o serviço de transporte
internacional. Portanto, prevalece a atividade-fim. Neste contexto, dispensável
resposta ao item “b” da questão.

6. Prestadora de serviço de transporte é contratada para efetuar transporte de mercadoria


de estabelecimento localizado em Osasco/SP para uma trading estabelecida em São
Bernardo do Campo/SP. O destino final da mercadoria transportada é a exportação.
Com base no art. 155, § 2º, X, “a” da CF/88 e parágrafo único do art. 3º da LC 87/96, o
Fisco paulista entende que nesse trajeto interno há imunidade do ICMS somente com
relação à operação de circulação das mercadorias transportadas e não para o ICMS
relativo à prestação de serviços de transporte. Você concorda com esse entendimento?
(Vide anexos VII e VIII).

Não concordo com o entendimento do Fisco, uma vez que a imunidade/isenção


abrange tanto a circulação das mercadorias transportadas, como a prestação de
serviços de transporte que destinem mercadorias ao exterior, nos termos do art.
155, § 2º, X, “a” da CRFB/88 e o art. 3º, inciso IX, parágrafo único, inciso I, da
LC 87/96). A jurisprudência do STJ é firme, neste sentido:

“TRIBUTÁRIO. ICMS. TRANSPORTE INTERESTADUAL DE MERCADORIA


DESTINADA AO EXTERIOR. ISENÇÃO. ART. 3º, II DA LC 87/96.
“1. O art. 3º, II da LC 87/96 dispôs que não incide ICMS sobre operações e prestações
que destinem ao exterior mercadorias, de modo que está acobertado pela isenção
tributária o transporte interestadual dessas mercadorias.
“2. Sob o aspecto teleológico, a finalidade da exoneração tributária é tornar o produto
brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
“3. Se o transporte pago pelo exportador integra o preço do bem exportado, tributar o
transporte no território nacional equivale a tributar a própria operação de exportação, o
que contraria o espírito da LC 87/96 e da própria Constituição Federal.

4. Interpretação em sentido diverso implicaria em ofensa aos princípios da isonomia e do


pacto federativo, na medida em que se privilegiaria empresas que se situam em cidades
portuárias e trataria de forma desigual os diversos Estados que integram a Federação.“5.
Embargos de divergência providos.” (EREsp n. 710.260/RO (2005/0179881-0), STJ, 1ª
Seção,vu.27/02/2008,DJe14/04/2008).

7. Os conceitos de transbordo e baldeação na prestação, utilizados na prestação de


serviços de transporte de cargas, são sinônimos? A mudança de modal, utilizando-se de
veículos de propriedade de mesmo titular, é caso de transbordo ou prestação de serviço
independente? Empresa X realiza serviço de transporte entre os Munícipios Y e Z,
ambos do Estado de São Paulo, utilizando-se, para tanto, de caminhão e avião, tendo as
mercadorias sido acondicionadas, ou seja, permanecendo por tempo razoável em
estabelecimento da empresa quando da mudança de modal, haveria de se falar em
descontinuidade de transporte e, por consequência, nova cobrança de ICMS? (Analisar a
problemática à luz do Parecer PGFN/CAT nº 57/13).
m literal
As mercadorias em trânsito aduaneiro poderão ser objeto de procedimento
específico de controle nos casos de transbordo, baldeação ou redestinação. (art.
335 do Regulamento Aduaneiro)

Considera-se:
transbordo, a transferência direta de mercadoria de um para outro veículo;
baldeação, a transferência de mercadoria descarregada de um veículo e
posteriormente carregada em outro;
redestinação, a reexpedição de mercadoria para o destino correto.
O transbordo ou a baldeação entre veículos em viagem nacional, na modalidade
de transporte multimodal, não descaracteriza a operação inicial de trânsito
aduaneiro. (art. 14 da IN SRF nº 248, de 2002)
No caso de transbordo ou baldeação, em zona primária, de cargas procedentes do
exterior e a ele destinadas, será aplicado o Trânsito Aduaneiro de Passagem. (art.
15 da IN SRF nº 248, de 2002)
Quando uma dessas operações ocorrer entre aeronaves em viagem internacional,
cujas cargas não venham a sofrer outro transbordo ou baldeação no País, o
controle aduaneiro será processado mediante Declaração de Transbordo ou
Baldeação Internacional (DTI). (art. 15, parágrafo único, da IN SRF nº 248, de
2002) mmmmm

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