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MÓDULO I – EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEMINÁRIO VII- Imposto Sobre a Renda Pessoa Jurídica

ALUNA: Natália Pereira Lino


1. Quais as formas de apuração e de recolhimento do IRPJ determinados pelo legislador
ordinário? Diferencie-as. Há direito subjetivo do contribuinte ao arbitramento do
lucro, no caso de imprestabilidade de sua contabilidade?

Existe quatro formas de apuração do IRPJ, que são: simples, lucro presumido, lucro
real e lucro arbitrado.
 No Simples Nacional: Empresas com receita bruta até R$ 3,6 milhões e que não
se enquadrem em alguma das mais de vinte exceções, podem optar por tributar
seus lucros pelo Simples Nacional. A principal característica é a simplificação
da apuração e a substituição do IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, INSS sobre a folha
de pagamento (parte da empresa), IPI, ICMS e ISS por uma alíquota única.

 O Lucro Presumido: trata-se de sistema opcional pela pessoa jurídica não


obrigada por lei à apuração do lucro real. Consiste na presunção legal de que o
lucro da empresa é aquele por ela estabelecido com base na aplicação de um
percentual sobre a receita bruta desta, no respectivo período de apuração.
Exemplo: percentual de 16% para prestação de serviços de transportes (exceto
cargas), 8% para prestação de serviços de transportes de cargas ou 32% para
prestação de serviços gerais;

 O Lucro Real: é apurado com base em contabilidade real, o lucro resulta da


diferença da receita bruta menos as despesas operacionais, mediante rígidos
critérios contábeis ou fiscais de escrita, exigindo-se o arquivo de documentos
comprobatórios de tais receitas e despesas. É o lucro líquido do período-base,
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas
pela lei fiscal.
A apuração pelo lucro real é obrigatória para as empresas indicadas em lei (Lei n.
9.718/98) e opcional às demais. A apuração do IRPJ pelo Lucro Real poderá ser feito
das seguintes formas: 
a) Real trimestral - sempre por meio de balanço trimestral; 
b) Real anual – nesse sistema, as pessoas jurídicas podem optar pelo pagamento por
estimativa, consistente no pagamento mensal de um valor do imposto de renda aferido com
base em um lucro presumido, formalizando-se, no final do ano, um ajuste anual, por meio do
qual será abatido o valor que foi pago mensalmente por estimativa durante o ano-base.
 O Lucro Arbitrado: decorre da impossibilidade de se apurar o lucro da pessoa
jurídica pelo critério real ou presumido em razão do não cumprimento de
obrigações tributárias acessórias, tais como: não apresentação regular dos livros
fiscais ou comerciais; não apresentação do sistema de escrituração de arquivos
de documentos na forma da lei; e não apresentação do Livro Contábil Razão.
Resulta, portanto, de imposição da autoridade fiscal, em face de prática irregular
do contribuinte. Todavia, desde o advento da Lei n. 8.981/95, é possível à
pessoa jurídica comunicar ao Fisco a impossibilidade de apuração do imposto de
renda pelo lucro real ou presumido, de forma espontânea, optando por sujeitar-se
à tributação de lucro arbitrado no período.
O imposto sobre a renda (IR) incide sobre pessoas físicas e jurídicas, está localizado no
artigo 153, inciso segundo da CF, onde estabelece generalidade, universalidade e
progressividade. É de competência da União. Já no CTN encontra-se nos artigos 43 ao
45, base de calculo, fato gerador e contribuinte do tributo.
2. Qual o conceito jurídico de permuta? Ela pode ser equiparada ao instituto da compra
e venda? A permuta implica acréscimo patrimonial? Há incidência do imposto sobre
a renda nas operações de permuta? Quais os impactos tributários sobre a operação de
permuta trazidos pela Lei n. 12.973 de 2014? O regime de apuração (lucro real ou
lucro presumido) influencia no tratamento tributário a ser dispensado às permutas
imobiliárias para fins de incidência do IRPJ? (Vide Parecer COSIT/RFB n. 09/14 e
Parecer PGFN n. 454/92).

Segundo o dicionário jurídico permuta trata-se de um negócio jurídico em que as


partes se obrigam a entregar reciprocamente coisas, que não sejam dinheiro.
Já o código civil em seu artigo 533, define permuta ou troca, é um contrato no qual um
dos contratantes se obriga a dar ao outro um bem, mediante o recebimento de outro bem,
que não seja dinheiro. Caso contrário, seria um contrato de compra e venda. Permuta é a
alienação de uma coisa por outra
Entendeu o STJ por maioria absoluta que contrato de permuta não pode ser
equiparado ao de compra e venda para fins de incidência de tributos, como IRPJ, CSLL,
PIS e Cofins.
Entendemos que tais argumentos não prevalecem, haja vista que as permutas não
trazem, de forma imediata, um acréscimo patrimonial para o contribuinte, que é o fato
gerador do imposto de renda. A aquisição de disponibilidade econômica de renda é simples de
ser entendida, pois significa "dinheiro em caixa".
Em julgamento recente, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) decidiu
que não devem ser tributadas as operações de permuta de imóveis, bastante comuns no
mercado brasileiro. Contribuiu para que prevalecesse essa interpretação benéfica aos
contribuintes o fato de não mais existir no órgão o voto de qualidade — no caso específico,
houve empate de votos, situação em que o ganho de causa é do contribuinte, conforme
estabelece a Lei 13.988/20.
Quanto aos os impactos tributários sobre operação de permuta trazidos pela Lei
n.12.973 de 2014, incidirá IRPJ quando houver ganho de capital.

3. Com relação à base de cálculo do IRPJ pergunta-se:

a) “Entradas” e “ingressos” são sinônimos de “receita”? As despesas reembolsadas


por clientes integram a receita bruta dos escritórios e empresas que trabalham
com bens e direitos de terceiros (como escritórios de advocacia, contabilidade,
empresas de cobrança, etc.) que adotam o lucro presumido? Esses reembolsos
podem ser tributados pelo IRPJ? (Vide anexo I).

Somente os créditos plenos, sem constrições ou impedimentos, podem figurar como


receita.Segundo o ANEXO I, “Os reembolsos de despesas ou de custos integram a receita
bruta, ou seja, a receita bruta é representada pelo valor total contratado (honorários e
reembolsos)”. Logo, tratando-se de valores que integram a receita bruta de empresa optante
pelo lucro presumido, integram a base de cálculo do IRPJ segundo o entendimento.
b) O ICMS pode compor a base de cálculo do IRPJ no caso de empresas sujeitas ao
regime de tributação pelo lucro presumido? Justifique. (vide REsp 1.760.429/RS,
TRF 4 - Apelação Cível nº 5018422-58.2016.4.04.7200/SC anexo II)

"A Segunda Turma do STJ possui entendimento de que, no regime do lucro presumido, o
ICMS compõe a base de cálculo do IRPJ e da CSLL" (REsp 1.760.429-RS, r. Ministro Herman
Benjamin, 2ª Turma do STJ em 25.09.2018).
Pois “É legítima a inclusão do ICMS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL calculados sobre o
lucro presumido, porquanto a tributação é feita mediante a aplicação de um percentual sobre
a receita bruta auferida em determinado período de apuração, e o valor do ICMS está
embutido no valor final da mercadoria ou da prestação do serviço.” (AC 200872000134850,
Jorge Antonio Maurique, TRF4 - Primeira Turma, D.E. 17/11/2009)

c) O art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96 prevê a impossibilidade de dedução


do valor correspondente a CSLL para efeito da determinação do lucro real,
compondo, portanto, a base de cálculo do IRPJ. A inclusão desse valor coaduna com
o conceito constitucional de renda? A exigência legal de adição da CSLL, registrada
como custo ou despesa ao lucro líquido, se afigura como hipótese de ficção jurídica
apta a alterar o critério quantitativo da regra-matriz de incidência do IRPJ? Esta
disposição legal viola algum princípio constitucional consentâneo ao imposto
incidente sobre a renda? (Vide art. 71 da IN/RFB n. 1.585 de 2015, Acórdão n.
1401.001.369 do CARF, anexo III).

São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da


empresa e à manutenção da fonte produtora, conforme RIR/18. São elementos dedutíveis à
receita operacional da empresa, posto que concorrem para obtenção do lucro que será objeto
da tributação pelo IR.
A discussão acerca da impossibilidade de dedução do valor correspondente à CSLL para
efeito da determinação do lucro real prevista na Lei nº 9.316/96 foi, em teoria, pacificada no
julgamento pelo STF do RE nº 582.525/SP, tendo sido reconhecida a repercussão geral do
tema.
O Grupo, no entanto, entende de modo diverso. Analisando a previsão do art. 43 do
CTN, não há disponibilidade econômica ou jurídica quando se está diante de um tributo, não se
configura como renda ou acréscimo patrimonial, dado que o contribuinte não pode dispor
daquele valor, deve obrigatoriamente recolher aos cofres públicos. Nesse sentido, a adição da
CSLL à base do IRPJ acaba por permitir a tributação de despesa como se renda fosse.
Assim, a ficção jurídica criada pela legislação para considerar uma despesa como renda
acaba por ter o condão de alterar o critério quantitativo do IRPJ, com base no argumento de
que a CSLL não é anterior ao lucro, mas sim em decorrência do lucro já formado.

4. A legislação do imposto de renda prescreve que a compensação dos prejuízos fiscais


apurados é limitada à denominada trava de 30% (conforme artigo 250 do RIR). Por
outro lado, regula ainda a forma com que o direito à compensação subsiste,
especialmente em face de eventos de cisão, incorporação ou fusão de sociedades
(conforme artigos 513 e 514 do RIR). Indaga-se: é cabível a denominada
“incorporação reversa” ou “incorporação às avessas”, isto é, a operação em que figura
como incorporadora a sociedade detentora de prejuízos fiscais, realizada justamente
para que estes não se percam? Trata-se de planejamento tributário lícito, ou seria, esse
caso, hipótese de fraude ou simulação? Estaria essa operação proibida pelo parágrafo
único do artigo 116 do Código Tributário Nacional? Explique. (Vide anexos IV, V,
VI).

O parágrafo único do art. 116 do Código Tributário Nacional (CTN) não pode
ser utilizado como parâmetro para análise de planejamentos fiscais porque é norma de
eficácia limitada que depende de regulamentação a qual, até o momento, inexiste (isso,
inclusive, foi reconhecido pela Ministra Carmen Lúcia no seu voto proferido na Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 2.446, cujo julgamento ainda não foi concluído).
No que se refere às incorporações reversas, ainda que a jurisprudência do CARF
tenha uma tendência desfavorável aos contribuintes por considerar que esse tipo de
operação societária é ilegítima, entendemos que não há qualquer vedação legal para a
sua realização.
Isto é, abstratamente, não há motivo para que as incorporações reversas sejam
vedadas, ainda que o maior dos objetivos para a sua realização seja o de aproveitar de
uma maior economia fiscal – o que não deixa de ser um motivo legítimo ou até mesmo
justo.
Com efeito, sobre a licitude dos negócios jurídicos que têm como objetivo
proporcionar economia fiscal aos contribuintes, cite-se trecho do voto da Ministra
Carmen Lúcia proferido na já citada ADI nº 2.446:
“(...) A norma não proíbe o contribuinte de buscar, pelas vias legítimas e
comportamentos coerentes com a ordem jurídica, economia fiscal, realizando suas
atividades de forma menos onerosa, e, assim, deixando de pagar tributos quando não
configurado fato gerador cuja ocorrência tenha sido licitamente evitada.”
Em suma, a incorporação inversa, em si considerada, não é uma operação
ilegítima – somente o será se, para a sua prática, o contribuinte utilizar de meios
ilegítimos, tal como a fraude e a simulação.

5. Empresa CTX que atua no ramo de importação e exportação, situada no Estado de


Santa Catarina se utilizou do Programa Pró-Emprego e Regime Especial (do art. 148-
A do Regulamento do ICMS/SC). De acordo com esse regime os valores das
importações ficam com tributação efetiva de 3,45% no caso do programa Pró-
Emprego e de 0,92% no caso do Regime Especial. Em fiscalização realizada a
autoridade autuante afirma que os benefícios configuram subvenção corrente para
custeio ou operação, circunstância em que incide o IRPJ.
(arts. 392, 519 e 521 do RIR/99 e art. 36 da IN SRF nº 93/97.) Contudo o
contribuinte considerou em sua escritura como subvenção de investimento, portanto,
fora do âmbito de incidência do IRPJ. Em razão disso foi lavrado Auto de Infração
com cobrança de IRPJ. Nesse contexto questiona-se (Vide anexo VII):

a) No que consistem as subvenções para investimento e para custeio?

São doações capital,assistência governamental, em geral de natureza pecuniária,


concedidas a determinadas entidades, em regra, com o compromisso passado ou futuro do
cumprimento de determinadas condições sempre relacionadas às suas atividades operacionais
e de interesse público.
b) Os créditos presumidos de ICMS, outorgados pelos Estados a sues contribuintes,
podem ser considerados subvenções?

Não, porque a subvenção para investimento, não afere o conceito de renda e,


portanto, está for a do âmbito de incidência da norma tributária. A finalidade é o
Estado de investir em sua região e não de custear a produção da empresa para garantir
um preço ou produção de um produto ou serviço.

c) É possível identificar o intuito subvencionador do Estado de Santa Catarina se


para custeio ou investimento (Decreto 105 de 14 de março de 2007 e na Lei
13.992 de 15 de fevereiro de 2007 - Regime Especial Pró Emprego - e do Artigo
148 A do Anexo II do RICMS)

Sim, pois visa “promover o incremento da geração de emprego e renda mediante


tratamento tributário diferenciado do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal
e de Comunicação -ICMS, destina-se a incentivar empreendimentos situados em
território catarinense ou que aqui venham instalar-se considerados de relevante interesse
socioeconômico” (Art. 1º,do Decreto 105 de 14 de março de 2007)

d) A prática do Estado de Santa Catarina pode ser compreendida como doação? Em


caso positivo quais o efeito para o IRPJ do contribuinte?

Incentivo fiscal é diferente de doação, pelo Decreto supra, versa sobre incentivo fiscal.
Onde privilegia-se o art. 38 do Decreto-lei nº 1.598/79 (BR ASIL,1977), que desonera da
tributação do IRPJ e da CSLL as importâncias relativas às subvenções para investimento e
doações recebidas, destacando se que o Poder Público transfere recursos à pessoa jurídica
para capitalizá-la, auxiliá-la na aplicação em bens e direitos para implantar ou expandir
empreendimentos econômicos.

6. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu decisão favorável aos


contribuintes (Recurso Extraordinário 574.706/PR, com repercussão geral), no
sentido de reconhecer a não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da
COFINS (estando ainda pendentes Embargos de Declaração apresentados pela União
em relação ao alcance e modulação dos efeitos). Tal decisão gerou ou irá gerar
impactos para fins de IRPJ? Explicar.

A receita bruta consiste em materialidade do Imposto de Renda de Pessoas


Jurídicas e a contribuição social sobre o Lucro Líquido quando recolhidos com base
no lucro presumido. (Art. 15 da Lei 9.429/1995, art. 12 da lei 10.684/2005 e RE
574.706/ PR, com repercussão geral).

7. A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um parágrafo segundo ao artigo 43 do


CTN, dispondo “que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior,
a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade,
para fins de incidência do imposto...”.
Indaga-se: o regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas e
coligadas no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de
acordo com o ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a manifestação do
STF a respeito do tema.

 O regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas e coligadas no


exterior dependerá do momento em que será disponibilizado o lucro no território nacional.
Nesse sentido, quando a coligada no exterior disponibiliza o lucro para a controladora no Brasil
é que se estabelece o elemento temporal do fato gerador, diferentemente da Lei 12.973/2014,
que mitiga o conceito constitucional de renda.
A mera presunção de disponibilidade não tem o condão de aperfeiçoar o critério
espacial da RMIT do IR, porquanto a tributação no Brasil ocorrerá efetivamente quando a
empresa detentora da participação no capital de uma sociedade no exterior efetuar a
equivalência patrimonial reconhecendo, assim, o acréscimo patrimonial nessa empresa do
exterior.
Nesse sentido, PBC ensina que renda é sempre renda disponível, pelo que, tributar renda
indisponível seria ultrapassar os limites postos pelo legislador do CTN.
Contudo, o STF quando do julgamento da ADI 2588, declarou a constitucionalidade da
tributação automática dos lucros auferidos por controladas localizadas em países considerados
paraísos fiscais ou que tenham regime fiscal privilegiado. E, por outro lado, declarou ser
inconstitucional a tributação dos lucros apurados por coligadas em países com tributação
regular.
Isso, porque, a decisão do STF não foi conclusiva em relação à constitucionalidade
dessa forma de tributação nos casos em que as controladas ou coligadas estejam localizadas
em países com os quais o Brasil tenha firmado tratado para evitar a bitributação, bem como
nos casos de controladas em países com tributação regular.

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