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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

CURSO DIREITO TRIBUTÁRIO

Valquíria Rodrigues da Silva

IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOA FÍSICA E REGIME DE


FONTE
Seminário V - Módulo Incidência e Crédito Tributário

São José dos Campos – SP

2019
Questões

1. Compor a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência do imposto sobre a renda pessoa física.

Conforme Art. 1º do Decreto 9.580 de 2018 serão contribuintes de imposto sobre a


renda, as pessoas físicas que auferirem renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive
rendimentos e ganhos de capital, sem distinção de nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou
profissão. Dentro deste contexto e de acordo com a legislação, podemos compor a seguinte
RMIT para este tributo:

Critérios da hipótese:

Critério material: Disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de


qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganho de capital;

Critério temporal: Último dia do exercício;

Critério espacial: Território nacional, residentes ou domiciliados no exterior;

Critérios da consequência:

Critério pessoal: Sujeito ativo – União (RFB) / Sujeito passivo - Pessoas domiciliadas
ou residentes no Brasil;

Critério quantitativo: Base de cálculo – receita bruta auferida / Alíquota – de acordo


com a tabela progressiva mensal exposta em lei.

2. Defina “renda”, “rendimento” e “ganho”. Qual a relação/diferença entre eles? Que


são “proventos de qualquer natureza”? Com fulcro nessas definições, identifique a base
de cálculo do IRPF e posicione-se, de forma fundamentada: tal como definida na
legislação infraconstitucional, a base de cálculo do imposto representa, efetivamente, a
“renda”? Confronte a afirmação doutrinária de que o “fato gerador” do imposto sobre
a renda é “complexivo” com a(s) Regra(s)-Matriz(es) do IRPF e responda: (a) como
compatibilizar a ideia do “fato gerador complexivo” do imposto sobre a renda com o
critério temporal da(s) sua(s) RMIT? e com a(s) base(s) de cálculo? (b) em que instante
deve ser apurado o imposto sobre a renda das pessoas físicas? Como definir o termo
inicial para a contagem do prazo decadencial para o IRPF, considerando (i) o imposto
anual; (ii) a antecipação na fonte; (iii) o imposto exclusivo na fonte; (iv) o imposto sobre
ganho de capital na alienação de bens e direitos.

Renda trata-se de remuneração recebida periodicamente por pessoa física ou jurídica


decorrente de trabalho ou prestação de serviço. Rendimentos é o fruto do capital investido
como juros. Ganho trata-se da diferença positiva entre o valor de revenda de um bem e seu
valor de compra.

Proventos são benefícios financeiros obtidos como por exemplo uma aposentadoria,
dividendos, bonificações.

A base de cálculo para o imposto será tudo que o contribuinte tenha como receita,
sejam eles, renda, rendimentos, ganhos de capital ou proventos, ou seja, tudo aquilo que
representar bens materiais com representatividade financeira.

a) Entendendo que somente aquilo que estiver sobre a posse do contribuinte no


último dia do ano será tributável e fará parte da base;

b) Será retido quando houver a declaração anual ou quando tiver vínculo


empregatício será pago pela fonte pagadora. O prazo decadencial para o imposto anual,
contará a partir da data da declaração prestada. Da antecipação na fonte, contará a partir da
data que houve o recolhimento assim como o exclusivo na fonte. E o imposto sobre o ganho
será no momento da transferência da propriedade documentada em declaração do exercício
em que ocorreu.

3. Diferençar os conceitos de aquisição da disponibilidade jurídica e aquisição de


disponibilidade econômica. Verbas indenizatórias podem ser consideradas “renda”. Por
quê? Analise criticamente os anexos I, II e III.

Disponibilidade econômica entende-se por possibilidade de dispor material direta de


riqueza, ou seja, é o efetivo recebimento de renda ou proventos, em outras palavras, dinheiro
em caixa. Já a disponibilidade jurídica trata-se do rendimento adquirido, porém não realizado,
ou seja, o contribuinte tem o título jurídico que lhe permite obter realização em dinheiro.
Verbas indenizatórias não podem ser consideradas como renda, pois tratam-se e são
consideradas como reposição de prejuízos, sendo assim não constituem “fato gerador” para a
cobrança do imposto sobre a renda.

4. O art. 42 da Lei 9.430/96 criou uma nova hipótese de incidência para o imposto de
renda? Essa hipótese de incidência baseia-se em uma presunção ou em uma ficção? O
direito tributário admite o uso de presunções e de ficções para tanto? (Vide anexo IV).

Entendo que a hipótese continua sendo a mesma, o ganho de renda, já que as


movimentações bancárias ocorrem de acordo com o poder de barganha de seu titular. A
hipótese se dá por meio de presunção de rendimentos omitidos pelo contribuinte em que
comprovado a origem de tais recursos não há o que se falar em tributáveis. Admite-se o uso
de presunções desde que observadas determinadas condições, e sem o afastamento dos
princípios e garantias constitucionais assegurados pelo ordenamento jurídico.

5. A atual tabela progressiva do imposto sobre a renda da pessoa física prevê alíquotas
de 7,5%, 15%, 22,50% e 27,5%. Tal previsão observa o princípio da progressividade?
Qual é o efeito da chamada “parcela a deduzir”? Pode a lei restringir as deduções, da
base de cálculo do IRPF (vide art. 4º da Lei 9.250/95)? Há parâmetros constitucionais ou
legais para a fixação dos abatimentos e deduções possíveis e seus respectivos limites?
Quais?

Entendo que a tabela de alíquotas para o cálculo do imposto sobre a renda não é
progressiva e sim proporcional. A progressividade é válida somente para quem ganha até R$
4.664,36, ou seja, a alíquota continua sendo a mesma para valores a partir deste,
desfavorecendo completamente quem tem menores rendas e favorecendo aqueles que
realmente tiveram aumento patrimonial através de seus proventos. O efeito da parcela a
deduzir é fazer com cada parte do valor seja tributada de acordo com cada item da tabela,
fazendo assim com que sua renda não seja tributada completamente. Mesmo sem atende-lo de
maneira adequada são observados os parâmetros utilizados do princípio da capacidade
contributiva e o princípio da igualdade.
6. Existe identidade entre o IR fonte e o IR anual ou trata-se de impostos autônomos
(isto é, há apenas uma ou mais de uma regra-matriz de incidência tributária)? Seria a
retenção na fonte mero objeto de dever instrumental? Justifique a resposta. (Vide
anexos V, VI, VII).
A incidência continua sendo a mesma, a diferença é que a responsabilidade por tal
recolhimento muda de acordo com o tipo. No IRRF a pessoa jurídica está obrigada a reter do
beneficiário da renda, o imposto correspondente de acordo com o regulamento e ao encerrar o
exercício disponibilizar a relação/declaração de tais rendimentos e recolhimento ao
contribuinte para que este informe em sua base de cálculo de IR anual. A hipótese para o
IRRF é a retenção pela fonte pagadora mensamente onde o contribuinte constitui o direito de
compensar o montante da declaração anual, e para o IRF a hipótese é auferir renda no ultimo
dia do ano onde o contribuinte é obrigado a pagar o IR não recolhido. A obrigação da
pagadora na fonte não é apenas instrumental, pois a mesma tem a responsabilidade de
antecipar tal tributo.

7. Analise os efeitos jurídicos inerentes ao contribuinte e à fonte pagadora em cada um


dos casos abaixo arrolados.

Retenção –
Recolhimento –
Fonte Declaração do rendimento na Declaração de Ajuste Anual – DAA,
Fonte pagadora
pagadora entregue pela pessoa física (empregado ou prestador de serviços) em 30 de
(Pessoa
(Pessoa abril
Jurídica)
Jurídica)
Caso 1 Retém Recolhe Declara rendimento e retenção
Caso 2 Retém Recolhe Não declara rendimento nem retenção
Caso 3 Retém Não recolhe Declara rendimento e retenção
Caso 4 Retém Não recolhe Não declara rendimento nem retenção
Caso 5 Não retém Recolhe Declara rendimento e retenção
Caso 6 Não retém Recolhe Não declara rendimento nem retenção
Caso 7 Não retém Não recolhe Declara rendimento e retenção

Caso 8 Não retém Não recolhe Não declara rendimento nem retenção

Caso 1: Obrigações cumpridas sem nenhuma implicação futura.

Caso 2: Falta de entrega de dever instrumental. Fica exposta a punições pela lei.

Caso 3: Fica em débito com a receita, tendo que pagar multas e juros.
Caso 4:Fica em débito com a receita, exposto a punições por falta de entrega da declaração e
multas e juros.

Caso 5: O beneficiário não sofreu tal retenção, e a fonte fica lesada e deverá fazer tal
correção.

Caso 6: Fica com pendência por falta de entrega do dever instrumental.

Caso 7: Faz confissão de dívida ao declarar algo que não recolheu.

Caso 8: Totalmente irregular podendo sofrer todas as penalidades cabíveis.

8. Há a incidência de IR fonte ou do IR anual sobre Stock Options? Pressupondo a


possibilidade de que venham a ser tributados, como definir a sua base de cálculo? Em
outros termos, a base de cálculo do IR recairia sobre o preço da aquisição das ações, o
preço do mercado ou sobre o preço em que elas são vendidas? Analise os anexos VIII e
IX, expressando sua concordância ou não, de forma justificada.

Não há incidência, pois não possui condão necessário para caracterizar a incidência, já
que não há disponibilidade econômica (aumento de caixa) para quem adquire ações. Entendo
que a base de cálculo deveria ser o seu valor de venda, já que aí sim teria um ganho de
valorização sobre as ações.

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