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ICMS - MERCADORIAS
São Paulo
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2020
1
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 5ª ed. São Paulo: Noeses,
2013, pag. 610
2
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir:
I - impostos sobre:
[...]
b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;
.
Complementar nº 87/96. Com a leitura de tais previsões legais, é possível construir a
regra matriz do ICMS mercadorias e importação, da seguinte forma:
ICMS – Mercadoria
Hipótese
- Critério material: “realizar operações relativas à circulação de mercadorias”
Verbo: realizar;
Complemento: operações relativas à circulação de mercadorias.
Importante ressaltar que, conforme explica Paulo de Barros Carvalho 3, a
circulação será onerosa, com mudança de titularidade do bem, caracterizando o ato
de mercancia.
- Critério temporal: momento da circulação das mercadorias
- Critério Espacial: âmbito territorial do Estado-membro que se iniciou a circulação,
ou seja, local de onde a mercadoria sai, por força de uma operação mercantil
Consequente:
- Critério pessoal: o sujeito ativo é o Estado-membro cujo qual ocorreu à circulação e
o sujeito passivo, qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade
ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de
mercadorias. Nas palavras de Roque Antonio Carraza 4, eles precisam ter as
condições de serem caracterizados como comerciante, industrial ou produtor.
- Critério quantitativo: a base de cálculo é o valor da operação relativa à circulação
de mercadorias e a alíquota varia de acordo com a base de cálculo ou com a
operação, cabendo ao Senado fixa-las, com respeito aos percentuais mínimo-
máximos.
ICMS - Importação
Hipótese:
- Critério material: “importar mercadorias ou bens do exterior”
Verbo: importar
3
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo:
Noeses, 2018, pag. 734
4
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. São Paulo: Malheiros. Pag. 39
.
Complemento: mercadorias ou bens do exterior
Aqui também é necessário observar a transferência de titularidade do bem,
para fins de comercialização, pois estamos diante de operação de circulação de
mercadorias, que será melhor explicado nas linhas abaixo.
- Critério temporal: momento do desembaraço aduaneiro (entrada da mercadoria no
território)
nacional)
- Critério Espacial: âmbito territorial do Estado-membro em que se encontra o
destinatário da mercadoria
Consequente:
- Critério pessoal: sujeito ativo é o Estado-membro cujo qual está situado o domicílio
ou o estabelecimento do importador (destinatário jurídico do bem) e sujeito passivo,
pessoa jurídica que importou a mercadoria.
- Critério quantitativo: a base de cálculo é o valor do produto importado e a alíquota
varia de acordo com a base de cálculo ou com a operação.
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“mercadorias”.
O termo ‘operação’, conforme explica Marcelo Viana Salomão 6, está
diretamente ligado ao “negócio jurídico, ou seja, uma manifestação de vontade que
cria, modifica ou extingue direitos”. Assim, tendo em vista que um negócio jurídico
sempre envolve uma relação bilateral, temos que não basta apenas a circulação de
mercadorias para que o fato tributável nasça.
A circulação, por sua vez, é decorrente da operação e se traduz na
transferência de uma propriedade para outra pessoa.
Por fim, mercadoria é um bem econômico, destinado à venda ou revenda
com a finalidade de se obter lucro.
Assim, a operação de circulação de mercadorias pode ser traduzida como
um negócio jurídico bilateral, na qual ocorre a transferência de bens, com o intuito de
se obter lucro.
Tecidas tais considerações, passaremos a análise do artigo 13, da Lei
Complementar 87/96, o qual prevê diversas hipóteses de base de cálculo do ICMS,
que, se interpretadas, chegamos à conclusão que todas tratam do valor da operação
de circulação de mercadoria, ou seja, o montante cobrado na saída.
Neste sentido, entendemos que compõe a base de cálculo do ICMS o frete,
o seguro e o financiamento realizado pelo próprio alienante nas vendas a prazo, pois
integram o valor da operação, atingindo a capacidade contributiva atrelada ao
critério material do ICMS.
Ressalte-se que, caso o financiamento nas vendas a prazo seja realizado
por uma instituição financeira, o valor adicionado terá caráter de juros e será pago
diretamente ao banco, motivo pelo qual sobre tal atividade não poderia incidir o
ICMS, afinal o aumento no valor não integra a relação jurídico tributário, mas uma
relação de direito privado.
Os descontos incondicionados não compõem o preço final do produto e,
assim não serão suportados pelo contribuinte, motivo pelo qual não podem integrar
a base de cálculo do tributo. O mesmo entendimento é aplicado nas bonificações,
que não dependam de evento futuro e incerto para sua obtenção.
No caso da prestação de serviço de montagem e/ou instalação de máquinas
e aparelhos, necessário analisar qual a atividade fim da operação. Se foi a obrigação
6
SALOMÃO, Marcelo Viana. ICMS na importação. São Paulo: Atlas.
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de dar, ou seja, a transferência do bem, entendemos que estamos diante do ICMS.
Caso contrário, se prevalecesse a obrigação de fazer, estaríamos diante da
incidência do ISS.
7
CARVALHO, Osvaldo Santos de. “Guerra fiscal” no âmbito do ICMS, In: CAMPILONGO, Paulo A.
Fernandes (Coord.). ICMS: aspectos jurídicos relevantes. São Paulo: Quartier Latin.
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também há prejuízo de arrecadação à unidade federada de destino
da mercadoria em uma operação interestadual.
[...]
O outro efeito é sentido na unidade federada de destino, a qual nada
teve a ver com a concessão do benefício irregular, mas que acaba
por arcar com o crédito destacado e não cobrado na unidade
federada de origem, fazendo com que ela acabe por financiar o
empreendimento na unidade federada concedente.
Portanto, no caso apresentado, resta claro que, com base no artigo da Carta
Magna mencionado, a pratica é inconstitucional, cabendo ao Estado de São Paulo
propor Ação Direta de Inconstitucionalidade para rever o benefício. Ademais, a sua
concessão em desacordo com o Convênio CONFAZ, pelo Estado de Tocantins,
implicará na aplicação de sanção prevista no parágrafo 6º, do artigo 3º, da Lei
Complementar 160/178.
No entanto, importante esclarecer que entendemos que a concessão
irregular do benefício não autoriza o Estado de São Paulo a não aceitar tais créditos
dos contribuintes nas relações interestaduais, pois tal “guerra fiscal” é entre os
estados, sendo o contribuinte mero beneficiário de tal mister, motivo pelo qual não
pode ser prejudicado pelo erro do ente federativo.
Portanto, o Estado de São Paulo não está autorizado a vedar o
aproveitamento dos créditos pelos contribuintes nas relações interestaduais como
acima exposto, mas é possível levar a discussão para o judiciário a fim de revogar a
concessão do benefício.
8
§ 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa total com pessoal do quadrimestre
vigente não ultrapasse o limite percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considerada,
para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre correspondente do ano anterior
atualizada monetariamente.
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Em decorrência, foi publicado Convênio ICMS nº 190/2017, que dispõe
sobre “a remissão de créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das
isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais instituídos em
desacordo com o disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2º do art. 155 da
Constituição Federal, bem como sobre as correspondentes reinstituições”.
Veja-se que, a Cláusula oitava de tal Convênio, prevê que os créditos
tributários de ICMS decorrentes dos benefícios fiscais instituídos até 8 de agosto de
2017, em desacordo com a Constituição Federal, ficam remitidos e anistiados.
Portanto, entendemos que o cenário somente ficaria alterado na questão do
direito ao crédito pelo adquirente da mercadoria, se o benefício concedido pelo
Estado Tocantins fosse anterior à Lei Complementar 106/2007. Tal entendimento,
pode ser fundamentado na jurisprudência do STF, na qual, ao julgar o AgRg no RE
n. 637.959/DF (anexo I), decidiu que ainda que os efeitos da lei que concedeu o
benefício sejam posteriores à sua edição, necessária a aprovação do Convênio para
que a lei tenha validade constitucional.
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Estado de destino que aplicava a diferença entre a alíquota interna e a interestadual.
No entanto, com o aumento das vendas por e-commerce, na qual as lojas
vendem para todo brasil, porém, ficam sediadas em alguns Estados, normalmente
os mais ricos e desenvolvidos, o ICMS ficava concentrado nesses poucos entes
federativos.
Com o advento da Emenda, quando a destinação do produto for para
consumidor final, ainda que este seja o próprio contribuinte, o ICMS será recolhido
no Estado onde está localizado o estabelecimento da empresa que circulará a
mercadoria, e aplicará a alíquota interestadual e o Estado onde está localizado o
destinatário da mercadoria, que aplicará o diferencial de alíquota, evitando assim
uma má distribuição do tributo.
Necessário relembrar, no entanto, que os artigos 146, inciso III, alínea “a” e
155, § 2º, XII, alíneas “a”, “d” e “i” da Constituição Federal preveem que caberá à lei
complementar estabelecer normas gerias de direito tributário. Portanto, é
inconstitucional a Emenda estabelecer tais critérios sem a edição da aludida norma.
Veja-se, que o critério pessoal do ICMS foi alterado, tendo em vista que,
como delineado em questões anteriores, o sujeito ativo é o Estado-membro cujo
qual ocorreu a operação de circulação e, nos ditames da Emenda, o sujeito ativo
passou a ser o Estado em que está localizado o destinatário da mercadoria.
Não bastasse, entendemos que o critério espacial do ICMS é o âmbito
territorial do Estado-membro que se iniciou a circulação, ou seja, local de onde a
mercadoria sai, por força de uma operação mercantil. Portanto, tal critério também
foi alterado para fazer constar o Estado de destino da mercadoria aquele onde
ocorre o fato jurídico tributário.
Observa-se ainda que, neste cenário, os Estados deverão fiscalizar o
cumprimento das obrigações tributárias do contribuinte do ICMS, mesmo que fora
dos seus limites federativos.
Ademais, ainda que a motivação para a edição de tal norma tenha sido as
vendas por meios eletrônicos, não existe regra específica para os casos em que a
mercadoria for vendida presencialmente. Portanto, se o consumidor final comprar
uma mercadoria cuja entrega em seu domicílio seja em um Estado diferente de onde
foi comprado, entendemos que a nova regra ainda será aplicada, sem distinção de
alíquotas.
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Em relação a base de cálculo, a regra prevista na Constituição é de que o
imposto integre sua própria base, ou seja, ocorre o chamado calculo por dentro.
Ocorre que, ao aplicar o mesmo entendimento para nova regulamentação, não fica
claro se o imposto que integrará a base de calculo será o valor devido ao Estado de
origem ou somente a diferença devida ao Estado de destino.
Portanto, a fim de se evitar insegurança jurídica ao contribuinte, cabe à Lei
Complementar definir tal critério material. Os Estados não podem editar norma
acerca do tema, pois a Constituição Federal, em seu artigo 155, § 2º, II, prevê que
aos Estados e Distrito Federal, cabe a deliberação somente de isenções, benefícios
e incentivos fiscais concedidos ou revogados, sem previsão sobre a base de cálculo
do imposto.
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9
Art. 23. O direito de crédito, para efeito de compensação com debito do imposto, reconhecido ao
estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para o qual tenham sido prestados os
serviços, está condicionado à idoneidade da documentação e, se for o caso, à escrituração nos
prazos e condições estabelecidos na legislação.
10
MELO, José Eduardo Soares de. Processo, ICMS – Teoria e Prática. 8. Ed. São Paulo: Dialética,
2005. Pag. 236
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sobrepor aos negócios jurídicos efetivamente realizados pelos contribuintes, que
arcam com o encargo financeiro de ICMS incidente sobre a operação.
Ressalte-se ainda que, a Constituição Federal além de prever a não
cumulatividade do tributo, em momento algum, condicionou a responsabilidade do
contribuinte de fiscalizar os atos daqueles que circulam mercadorias ou serviços.
Portanto, entendemos que uma vez realizado o fato jurídico baseado na boa-
fé e, este vertido em linguagem competente, não há que se falar em perca do direito
ao crédito do ICMS, afinal o contribuinte arcou com o encargo financeiro do imposto
e não pode ser onerado pelas obrigações de terceiros.
Por fim, entendemos que quando a Constituição Federal, em seu artigo 155,
XII, § 2º, previu que caberia a lei complementar disciplinar o regime de
compensação do tributo, ela estava se referindo as questões sobre a maneira como
se processaria a compensação, os períodos, os instrumentos necessários para tanto
e não sobre a outorga ou não de crédito. Neste sentido, explica Clelio Chiesa 11:
11
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A norma contida no art. 155, §2o, da Constituição Federal, e de
eficácia plena. Não há possibilidade de o legislador federal, ainda
que por intermédio de lei complementar, a título de normas gerais,
nem os legislativos estaduais, pretenderem estipular as situações em
que o contribuinte adquirente de produtos ou o tomador de serviço
tem direito ao credito. Tal matéria já foi exaurida pelo poder
constituinte originário. Criou um imposto não-cumulativo. Não importa
a nomenclatura nem a técnica utilizada, qualquer normatização
infraconstitucional que atente contra essa diretriz será
inconstitucional.
Assim, tendo em vista que a Constituição Federal disciplina a matéria das
hipóteses que geram crédito, a outorga de competência concedida aos Estados não
alcança apenas regras gerais do regime.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação
relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante
cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da
legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas
operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
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Com base no dispositivo legal apresentado, nos deparamos com o Princípio
da não-cumulatividade, na qual a Constituição Federal limitou objetivamente a
tributação, ao permitir a compensação do que foi devido em cada operação com o
valor cobrado nas anteriores, conforme explica Paulo de Barros Carvalho 12:
O princípio da não-cumulatividade dista de ser um valor. É um
“limite objetivo”, mas que se verte, mediatamente, à realização
de certos valores, como o da justiça da tributação, o do
respeito à capacidade contributiva do administrado, o da
uniformidade na distribuição da carga tributária, etc.
12
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 5ª ed. São Paulo: Noeses,
2013, pag. 326
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Voltando-se às lições da Regra Matriz de Incidência Tributária do ICMS-
Importação, temos que no antecedente, o critério material do tributo é circular
mercadorias e/ou serviços importados, com a transferência de titularidade dos bens
adquiridos.
Necessário, ainda, trazer a discussão que, apesar do legislador prever que o
ICMS-importação incide sobre a entrada de mercadoria importada do exterior,
qualquer que seja sua finalidade, o critério material do ICMS, previsto no art. 155, II,
da CF, é a circulação de mercadorias e, conforme delineados linhas anteriores, tal
operação se caracteriza com a transferência de bens, com o intuito de se obter
lucro.
Pois bem. Analisando a operação de arrendamento mercantil, também
conhecido como leasing, podemos dividi-la em:
a) leasing operacional, na qual o fabricante transfere o direito de uso do bem
produzido por si à um terceiro, sendo que, ao final do contrato, este poderá
exercer a opção de compra pelo valor do mercado. Aqui, o objetivo final do
negócio é a locação do bem;
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financiamento, motivo pelo qual o arrendamento mercantil não pode ser tributado
pelo ICMS. Nas palavras de Roque Antônio Carrazza 13:
Deveras, no arrendamento mercantil inexiste venda de mercadorias,
mas apenas, um contrato, pelo qual uma parte (empresa de leasing,
financiadora ou arrendadora) dispõe-se a adquirir, de terceiro, a
pedido de outra parte (empresa financiada ou arrendatária), bens,
para serem por esta última utilizados, por prazo determinado. Em tal
contrato, a arrendatária assume o compromisso de, mediante certa
remuneração, utilizar o bem, tendo o direito de, ao final (isto é,
esgotado o prazo pactuado), devolvê-lo, adquirir-lhe a propriedade
(por um preço residual, de antemão fixado) ou renovar a avença, por
remuneração menor. Portanto, fluído o prazo contratual, abrem-se,
para o arrendatário, três possbilidade: I- comprar o bem; II – restituí-
lo; ou III – renovar o leasing
Insistimos em que não há incidência de ICMS ainda quando o
arrendatário exercita sua “opção de compra”, porquanto ela
corresponde à ultima etapa do processo de financiamento, tributável,
em tese, pela União (por meio de IOF). Ademais, já não há, aí,
mercadoria, mas apenas um bem de uso extra commercium.
Portanto, com base em tais premissas e, em total concordância com o
Doutrinador citado, entendemos que a simples importação de equipamento ou a
importação de um avião feita por pessoa física, por meio de negócio jurídico leasing,
não consubstancia hipótese de incidência de ICMS, ainda que ao final do contrato
seja efetivada a compra do bem, pois não ocorre o fato jurídico tributável ‘operação
mercantil’.
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Conforme afirmamos linhas acima, a operação de circulação de mercadorias
se traduz em um negócio jurídico bilateral, na qual ocorre a transferência de bens,
com o intuito de se obter lucro. Não basta, portanto, a saída da mercadoria, mas
necessária sua tradição.
No caso apresentado, apesar da saída da mercadoria, os computadores
nunca chegaram à empresa B, logo não ocorreu o fato jurídico tributável. Assim,
tributar uma operação que sequer foi concluída, geraria onerosidade excessiva ao
contribuinte, desrespeitando assim o Princípio da capacidade contributiva, além de
gerar um enriquecimento do Estado associado à um ato ilícito.
Neste sentido, decidiu o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no julgamento
do EREsp 734.403/RS que, apesar de se tratar de IPI, possui discussão semelhante
ao que analisamos:
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO
ESPECIAL. IPI. FATO GERADOR. ROUBO DA MERCADORIA
APÓS A SAÍDA DO ESTABELECIMENTO DO FABRICANTE.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DA CONTRIBUINTE PROVIDOS.
1. Discute-se nos presentes autos se a saída física do produto do
estabelecimento industrial ou equiparado é suficiente para a
configuração do fato gerador do IPI, sendo irrelevante a ausência de
concretização do negócio jurídico subjacente em razão do furto e/ou
roubo das mercadorias.
2. A controvérsia já se encontra superada em ambas as Turmas de
Direito Público do Superior Tribunal de Justiça, restando consolidado
o entendimento de que a operação passível de incidência da exação
é aquela decorrente da saída do produto industrializado do
estabelecimento do fabricante e que se aperfeiçoa com a
transferência da propriedade do bem, porquanto somente quando há
a efetiva entrega do produto ao adquirente a operação é dotada de
relevância econômica capaz de ser oferecida à tributação.
3. Na hipótese em que ocorre o roubo/furto da mercadoria após
a sua saída do estabelecimento do fabricante, a operação
mercantil não se concretiza, inexistindo proveito econômico
para o fabricante sobre o qual deve incidir o tributo. Ou seja,
não se configura o evento ensejador de incidência do IPI, não
gerando, por conseguinte, a obrigação tributária respectiva.
Precedentes: AgInt no REsp.
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1.552.257/RS, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, DJe 22.11.2016;
AgInt no REsp. 1.190.231/RJ, Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe
17.8.2016; REsp.
1.203.236/RJ, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 30.8.2012.
4. Embargos de Divergência da Contribuinte providos, para julgar
procedentes os Embargos à Execução, e, por conseguinte,
desconstituir o crédito tributário.
(EREsp 734.403/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2018, DJe 21/11/2018) (grifo
nosso)
Ademais, caso a empresa ‘A’ tenha pago antecipadamente, arcando,
portanto, com o encargo econômico indevido, entendemos que caberia a restituição,
com base nos artigos 150, §7º, da Constituição Federal e 166, do Código Tributário
Nacional.
Nos moldes do artigo 155, IX, alínea ‘a’, da Constituição Federal, o sujeito
ativo do ICMS importação é o Estado em que estiver localizado o domicílio ou
estabelecimento do destinatário da mercadoria e não o local onde ocorreu a entrada
do bem, conforme bem aponta Paulo de Barros Carvalho 14:
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complementar, deixando-se levar pela aparente indicação “entrada
do bem ou mercadoria importados” como conteúdo material desse
imposto, determinou, equivocadamente, considerar-se local da
operação importadora o do estabelecimento onde ocorrer a entrada
física. Prescrição desse teor, entretanto, além de afrontar o Texto
Magno, abriga contradição interna: no caput do dispositivo reconhece
que o fato jurídico tributario consiste na pratica de “operação”, mas
na alínea b do inciso I exige, para sua concretude, “entrada física”.
Logo, é inconsistente a estipulação ali contida, não encontrando
fundamento na ordem jurídica constitucional vigente
Observamos, ainda, que a Carta Magna não fez qualquer distinção acerca
do local onde ocorre o desembaraço aduaneiro ou das operações em que envolvam
terceiros, motivo pelo qual entendemos que o ente federativo competente para
realizar a cobrança do ICMS é aquele onde está situado o destinatário jurídico da
importação, ou seja, aquele que terá disponibilidade sobre o bem.
De igual modo, entendemos que destinatário da mercadoria é aquele que
efetivou o negócio jurídico de importação e, a quem cujos bens importados serão
remetidos. Trata-se, portanto, do destinatário jurídico da operação, em conformidade
com o entendimento do STF:
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b) Na sua opinião, quem deve ser considerado os sujeitos ativo e
passivo? Fundamente sua resposta elucidando as características e
consequentes normativos decorrentes da importação: (i) direta, com posterior
venda no mercado interno; (ii) por encomenda e; (iii) por conta e ordem.
Conforme afirmado, entendemos que o sujeito ativo da importação do
produto, é aquele que efetivou o negócio jurídico e terá a disponibilidade sobre o
bem. No exemplo apresentado, entendemos que caberá ao Estado do Espírito Santo
realizar a cobrança de ICMS, posto que a empresa que importou o produto tem sede
em tal jurisdição.
Veja-se que, com a venda da mercadoria ao estabelecimento paulista, inicia-
se a RMIT de ICMS-mercadorias e não mais de importação.
Caso a operação tivesse ocorrido “por conta e ordem de terceiro”, o
importador seria um prestador de serviços, auxiliando o adquirente da mercadoria
com o desembaraço aduaneiro. Portanto, entendemos que este não tem a
disponibilidade do bem e, logo, não pode se considerado como contribuinte do
ICMS-importação, mas mero prestador de serviços.
Esta situação se difere quando a importação é feita por encomenda, nos
moldes do artigo 11, da Lei 11.281/2006 15, pois, apesar da mercadoria ser importada
por uma empresa e repassada ao encomendante, a relação contratual entre as duas
é de revenda e não mais de importação.
Neste primeiro cenário, incide ICMS-importação, na qual o critério espacial é
local do estabelecimento do importador, que assume a titularidade da mercadoria
para, posteriormente, repassá-la a um terceiro. Posteriormente, com a venda dos
bens, ocorre o fato jurídico tributário do ICMS-mercadoria.
15
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Neste tipo de operação, conforme delineado, é possível encontrar duas
atividades: a importação de mercadorias e a prestação de serviço.
O importador por conta e ordem, intermedia a operação de importação,
auxiliando nos procedimentos do desembaraço aduaneiro, mas não detém
legitimidade para configurar no polo passivo da ação, posto que não realiza o
negócio jurídico e nem possui a titularidade a mercadoria
Sendo assim, o critério espacial para o exemplo apresentado é o Estado de
São Paulo, onde se encontra a empresa adquirente do produto, que realizou o
negócio jurídico de importação; o sujeito ativo o Estado de São Paulo e o sujeito
passivo, a empresa paulista.
Consequentemente, uma vez que a empresa paulista arca com o ônus do
pagamento de ICMS-importação, será ela a detentora do direito ao crédito.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. São Paulo: Malheiros
MELO, José Eduardo Soares de. Processo, ICMS – Teoria e Prática. 8. Ed. São
Paulo: Dialética, 2005.