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MÓDULO: CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

SEMINÁRIO V - TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL

QUESTÕES DE PLENÁRIO

1. A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formalizando a aquisição de bem do exterior,


datado de 10/05/2017. Os produtos transpuseram a fronteira brasileira, por via marítima em
15/06/2017, chegaram ao porto de Santos em 18/06/2017, em 25/06/2017 a empresa registrou a
operação junto ao SISCOMEX e os produtos foram desembaraçados em 02/07/2017. No
momento da realização do contrato a alíquota do referido imposto era de 10%. No entanto, em
01/06/2017 o Governo Federal publicou decreto que aumentou a alíquota aplicável à importação
do referido bem para 20%, em 16/06/2017 houve outro aumento de alíquota para 30%, em
22/06/2017 para 35% e em 01/07/2017 para 38%. Pergunta-se: qual é a alíquota aplicável à
operação de importação em análise? Fundamente.

2. Sobre os tratados, pergunta-se:


a) Pode a União, visando a regular a política tarifária, versar sobre a isenção de tributo de
competência estadual?

b) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no


ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios? Haveria violação ao princípio
federativo e ao princípio da autonomia dos Municípios consagrados na CF/88?

c) No que consiste o “uso impróprio” dos tratados? É necessária previsão expressa de cláusulas
antielisivas específicas? Um planejamento tributário internacional que está formal e
substancialmente em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas
que implique uma situação de (dupla) não tributação, pode ser juridicamente proibido?

3. Determinada empresa sediada no Japão presta serviços de pesquisa e seleção de fornecedores


de insumos para sua subsidiária residente no Brasil. Considerando o texto atual do tratado Brasil
– Japão, é possível a pretensão do Brasil de tributar, à alíquota de 15% pelo Imposto de Renda
Retido na Fonte (IRRF), os pagamentos ao exterior realizados pela tomadora de serviço brasileira
à prestadora japonesa, por se tratar de serviço técnico, de acordo com o art. 17 da Instrução
Normativa 1.455/14? Trata-se de rendimento que se qualifica no art. 5º, 11º ou 21º do referido
tratado (art. 7º, 14º ou 21º, respectivamente, da convenção-modelo da OCDE)? Caso a
prestadora de serviço fosse residente em Portugal, no que isso mudaria a sua resposta?
Justifique.

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SEMINÁRIO DE CASA

SEMINÁRIO V – TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL


ALUNO: PEDRO PAULO LULA XAVIER GARCIA

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Capítulo III,
item 4 (Instrumentos introdutórios de normas tributárias no direito brasileiro).
• CARVALHO, Paulo de Barros. Tratados internacionais destinados a evitar dupla tributação e
incidência de imposto sobre a renda no Brasil: análise do regime jurídico tributário das atividades de
navegação marítima envolvendo Brasil e Itália. Revista Tributária das Américas, n. 1. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010.

Leitura complementar
• SEHN, Solon. Imposto de importação. São Paulo: Noeses. Itens 3.1 a 3.1.2.3.
• HILU NETO, Miguel. Imposto sobre importações e imposto sobre exportações. São Paulo: Quartier
Latin. Capítulos 2, 4 e 5.
• SILVA, Felipe Ferreira. Tratados internacionais – procedimento de produção, recepção por direito
interno e questões correlatas”, In: SANTI, Eurico Marcos Diniz. Curso de especialização em direito
tributário: Estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Forense,
2005.
• PINCELLI, Eduardo Pugliese. Sobre a relação entre os tratados internacionais em matéria tributária e
o sistema jurídico brasileiro: novas proposições a respeito de um velho problema. In: CONGRESSO
NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 2, 2005, São Paulo. Segurança jurídica na tributação e
estado de direito. São Paulo: Noeses.
• BIFANO, Elidie Palma. O uso impróprio de tratados. In: X CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS
TRIBUTÁRIOS DO IBET. São Paulo: Noeses.
• BIANCO, João Francisco; SANTOS, Ramon Tomazela. A mudança de paradigma: o artigo 7º dos
acordos de bitributação e a superação da dicotomia fonte versus residência. In: ROCHA, Sergio
André; TORRES, Heleno. Direito tributário internacional: homenagem ao Professor Alberto Xavier. São
Paulo: Quartier Latin, 2015.
• BARRETO, Paulo Ayres; TAKANO, Caio Augusto. Os desafios do planejamento tributário
internacional na Era Pós-BEPS. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 12, 2017,
São Paulo. 50 Anos do Código Tributário Nacional. São Paulo: Noeses.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. II. São Paulo: Noeses.
Tema XIV (Preços de transferência no direito tributário brasileiro).
• BARRETO, Paulo Ayres. O imposto sobre a renda e os preços de transferência. São Paulo: Dialética.

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Capítulo IV.

Questões
1. Construa a RMIT dos Impostos de Importação e de Exportação. Qual o conceito de
produto para fins de incidência destes tributos?
R. Com relação ao II, tem-se que: o critério material é importar produtos estrangeiros; o critério
espacial se dá em todo o território nacional; o critério temporal tem incidência na entrada
dos produtos oriundos do estrangeiro no território pátrio; o sujeito ativo é a União; o sujeito
passivo será o importador; e por fim o critério quantitativo, que se dividirá em base de
cálculo e alíquota, sendo aquele o preço do produto, e este o que estiver previsto em lei.
Em se tratando de IE, tem-se que: o critério material é exportar produtos nacionais ou
nacionalizados para o exterior; o critério espacial também será dentro do território nacional;
o critério temporal será na saída de produtos nacionais ou nacionalizados para o exterior; o
sujeito ativo será a União; o sujeito passivo será o exportador; e o critério quantitativo será
com base de cálculo (preço do produto) e alíquota (prevista em lei).
O produto é simplesmente algo que foi extraído de outro objeto ou utilidade.
2. A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formalizando a aquisição de bem do
exterior, datado de 10/05/2017. Os produtos transpuseram a fronteira brasileira, por
via marítima em 15/06/2017, chegaram ao porto de Santos em 18/06/2017, em
25/06/2017 a empresa registrou a operação junto ao SISCOMEX e os produtos foram
desembaraçados em 02/07/2017. No momento da realização do contrato a alíquota do
referido imposto era de 10%. No entanto, em 01/06/2017 o Governo Federal publicou
decreto que aumentou a alíquota aplicável à importação do referido bem para 20%, em
16/06/2017 houve outro aumento de alíquota para 30%, em 22/06/2017 para 35% e
em 01/07/2017 para 38%. Pergunta-se: qual é a alíquota aplicável à operação de
importação em análise? Fundamente. (Vide anexo I e II)
R. Tendo em vista que o fato gerador se deu na data de 25/06 (data essa em que houve a
declaração do II, sendo a operação junto ao SISCOMEX), a alíquota que deverá ser aplicada é a
de 35%. Com fundamento no art.23 do DC/Lei 37/1966 sua disposição apenas fixa um
parâmetro jurídico para que a entrada do produto no território brasileiro seja vertida em
linguagem competente.
3. A reimportação de mercadoria exportada em caráter definitivo se equipara à importação, ou
seja, a mercadoria exportada perde a condição de nacional, devendo se submeter ao Imposto de
Importação ao ser reimportada? (Vide anexo III)
R. Pelo fato da importação e da reimportação serem duas atividades apartadas, não caberia a
equiparação neste caso. Há ainda o fato já previamente tratado, que o critério material do II
será a entrada de produto estrangeiro no país, logo, a reimportação não estaria abarcada nesse
caso.
4. O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema monista ou dualista? Em face da resposta
ao item anterior, defina os critérios para solução de conflitos entre tratados e lei interna, no
Direito Tributário Brasileiro. Há hierarquia entre tratados e lei interna?
O ordenamento pátrio adota o sistema monista nacionalista, defendendo a supremacia do direito
interno. O direito internacional, neste caso, teria sua aplicação condicionada ao bel prazer de

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cada Estado Nacional. Tal condição fará com que um possível conflito entre essas normas tenha
sua resolução condicionada à recepção ou não do tratado na forma de Emenda Constitucional
(equiparando-se à preceitos constitucionais), dependendo assim de critérios como a
especialidade e a cronologia para sua resolução. Enquanto em um embate com normas
inferiores, prevaleceriam os tratados por hierarquia.
Com relação aos tratados não recepcionados, a norma constitucional irá, naturalmente, prevalecer.
5. Sobre os tratados, responda:
a) Defina o conceito de “tratado internacional”, descrevendo como se dá seu ingresso no
ordenamento jurídico, seu momento de vigência no direito interno e sua posição hierárquica
no sistema jurídico (vide §2º do art. 5º da Constituição e o art. 98 do Código Tributário
Nacional e o entendimento exposto pelo STF anexo IV).
O tratado internacional seria uma espécie de acordo entre dois ou mais entes de direito
internacional público, pactuando direitos e deveres entre os signatários, que refletiram em
seus ordenamentos internos, podendo, inclusive, produzir efeitos a nível internacional.
No Brasil, o único ente capaz de celebrar um tratado é a União, representada pelo Presidente da
República, devendo os tratados serem apreciados pelo Congresso Nacional numa análise de
viabilidade minuciosa, e produzirá seus efeitos após o referendo da Casa.
b) Pode a União, visando a regular a política tarifária, versar sobre a isenção de tributo de
competência estadual?
A União não possui competência para praticar tal ato.
d) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no
ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios? Haveria violação ao princípio
federativo e ao princípio da autonomia dos Municípios consagrados na CF/88? (Vide
anexos V e VI)
Sim, os tratados têm tal poder, levando-se em conta de que são recepcionados com status de
norma constitucional, bloqueando a violação do princípio federativo e o da autonomia dos
Municípios, por pertencerem à uma hierarquia superior.
e) No que consiste o “uso impróprio” dos tratados? É necessária previsão expressa de cláusulas
antielisivas específicas? Um planejamento tributário internacional que está formal e
substancialmente em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos,
mas que implique uma situação de (dupla) não tributação, pode ser juridicamente proibido?
Fundamente, estabelecendo uma análise crítica entre os conceitos de “responsabilidade
social corporativa”, “parcela justa de tributos” e “livre concorrência entre empresas
multinacionais e nacionais” (vide artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados e anexo VII)
O “uso impróprio” seria o desvio de finalidade do tratado, caraterizado por sua utilização em entes
ou setores não abarcados pelo que foi assinado entre os Estados. A previsão de tais cláusulas se
faz sim necessária, tendo em vista que estas envolvem e protegem a utilização com boa-fé dos
tratados, garantindo seu perfeito uso. Tal planejamento não será juridicamente proibido, pois
seria uma situação que implicaria em negociações bilaterais, sem ferir nenhum dos lados da
situação.
6. A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um parágrafo segundo ao artigo 43 do CTN,
dispondo “que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as

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condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto...”.
Indaga-se: o regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas e coligadas
no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de acordo com o
ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a manifestação do STF a respeito do tema.
(Vide anexos VIII e IX)
R. Tal regime de tributação se coaduna perfeitamente com o ordenamento pátrio, já que estipula
que os lucros auferidos tanto por controlada, quanto por coligadas, serão disponibilizadas
paras as controladoras e coligadas no Brasil, na data do balanço que for apurado, assim como os
lucros da controlada ou coligada no exterior até a data de 31/12/2001, sendo considerados
como disponibilizados em 31/12/2002, a não ser que ocorra alguma hipótese de
disponibilização prevista em Lei.
7. Que significa a expressão “preços de transferência” e qual sua função? O que é o princípio
“arm’s lenght” aplicado pelo fisco no Brasil? Foi positivado no Brasil pela Lei n. 9.430/96 e
alterações posteriores? Comente sobre a possibilidade de aplicação coercitiva deste conceito.
(Vide anexo X).
Tal expressão serve para detectar os controles a que as operações comerciais ou financeiras
concluídas por pessoas vinculadas estão sujeitas. Pessoas essas que estejam sediadas em
jurisdições diferentes, ou que um dos entes se encontre em um país com regime fiscal
privilegiado. Sua função é impedir que haja evasão de tributos (IR e CSLL), por meio de
operações fraudulentas, organizadas por empresas brasileiras e empresas do exterior com
algum contato com estas.
Tal princípio tem o fito de controlar preços, para que não sejam cobrados valores exorbitantes nas
operações comerciais, fornecendo assim uma “paridade de armas”, visando a contratação de
maneira justa e feita com base no melhor interesse. Tal princípio, apesar de não ser positivado
no ordenamento brasileiro, encontra-se de maneira implícita neste, inviabilizando assim a sua
aplicação coercitiva.
8. Sobre troca de informações fiscais, baseada em tratados internacionais, pergunta-se:
a) Que meios estão legalmente disponíveis para a obtenção de informações fiscais? Quais
proteções aos contribuintes estabelecidas pelo art. 26 da convenção-modelo da OCDE1? É
possível haver a transferência de informações recebidas por um determinado país para um
terceiro país, com quem o Estado receptor da informação tenha celebrado acordo de troca
automática de informações para fins fiscais?
Para que haja a obtenção de informações fiscais, faz-se necessário um pacto internacional. Depois
dessa etapa, a utilização de dados entre os signatários será possível, sendo inviável a entrega de
informações para um terceiro que não esteja relacionado com os envolvidos, visando a
proteção dos envolvidos, devendo haver interação apenas entre os encarregados da liquidação
e cobrança de impostos.
b) Caso o Brasil receba um pedido de troca de informações de um Estado com quem tenha
celebrado tratado para evitar a dupla tributação, cuja redação do art. 26 seja idêntica àquela da
convenção-modelo da OCDE, ele pode se recusar a fornecer a informação, em virtude de aquela
informação ser sigilosa? (vide art. 5º, inc. X e XII da CF/88, e anexo XI)

1. Considerar que o Brasil assinou a convenção multilateral para assistência administrativa mútua para fins fiscais
Conferir: http://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/convention-on-mutual-administrative-assistance-in-tax-
matters.htm

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Neste caso o Brasil poderá recusar-se a fornecer tais informações, caso não sejam relevantes e
imprevisíveis, devendo haver uma verificação da possibilidade do recebimento de tais
informações pela outra parte, pois, desde que não ultrapasse o limite do ordenamento interno
do Estado, é necessária a utilização de todos os meios necessários para sua consecução.

Sugestão para pesquisa suplementar


• Artigo: “Tributação do Resultado de Coligadas e Controladas no Exterior, em face da Lei n.
12.973/2014”, de Paulo Ayres Barreto e Caio Augusto Takano, in Grandes questões atuais do direito
tributário, 18º vol., Valdir de Oliveira Rocha (Coord.). São Paulo: Dialética.
• Artigo: “Da antítese do sigilo à simplicidade do sistema tributário: os desafios da transparência fiscal
internacional” de Luís Eduardo Schoueri e Mateus Calicchio Barbosa. In: Transparência fiscal e
desenvolvimento: homenagem ao Professor Isaias Coelho. São Paulo: Fiscosoft, 2013.
• Capítulo II, do Título I e capítulos I, II e III, do Título III, do livro Direito tributário internacional do
Brasil, de Alberto Xavier. São Paulo: Forense .
• Artigo: “Tratados e Convenções Internacionais sobre Tributação” de Luís Eduardo Schoueri, Direito
Tributário Atual, v. 17. São Paulo: Dialética, 2003.
• Capítulo IV, itens 4.1 a 4.5 do livro Preço de transferência como norma de ajuste do Imposto sobre a
Renda, de Vivian de Freitas e Rodrigues de Oliveira. São Paulo: Noeses.
• Estrutura do Imposto de Importação no Código Tributário Nacional, de Hamilton Dias de Sousa. São
Paulo: Resenha Tributária.
• Livro IV, Capítulo VI, “Elementos de direito tributário internacional e de direito internacional tributário. O
imposto de importação e seus tratados”, de Heleno Taveira Tôrres, in Curso de especialização em direito
tributário – homenagem a Paulo de Barros Carvalho, coord. Eurico Marcos Diniz de Santi. São Paulo:
Forense.
• Artigo: “Mercosul e tributos estaduais, municipais e distritais”, de Roque Antonio Carrazza. . Revista
de direito tributário, São Paulo, n. 64, p. 182-191, 1994
• Artigo: “Segurança na ordem tributária nacional e internacional: tributação no comércio exterior” de
Luís Eduardo Schoueri. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 2, 2005, São
Paulo. Segurança jurídica na tributação e estado de direito. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Segurança na ordem tributária nacional e internacional – validade, vigência e eficácia dos tratados
internacionais”, de Felipe Ferreira Silva, in Segurança jurídica na tributação e estado de direito, Eurico
Marcos Diniz de Santi (Coord.). São Paulo: Noeses.
• Primeira Parte, Capítulo 4 do livro Pluritributação internacional sobre as rendas de empresas de
Heleno Tôrres. 2ª Edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
• Bitributação internacional e elementos de conexão de Gilberto de Castro Moreira Júnior. São Paulo:
Aduaneiras, 2003.
• Artigo: “Dupla/múltipla tributação jurídica e econômica internacional: uma análise a partir do
conceito da regra-matriz de incidência tributária”, de Jonathan Barros Vita, Revista de Direito
Tributário n. 99.
• Capítulo 10 (Tratados internacionais e os preços de transferência) do livro Imposto de renda e preços
de transferência de Paulo Ayres Barreto. São Paulo: Dialética, 2001.
• Artigo: “Sobre a relação entre os tratados internacionais em matéria tributária e o sistema jurídico

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
brasileiro: novas proposições a respeito de um velho problema”, de Eduardo Pugliese Pincelli. In:
CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 2, 2005, São Paulo. Segurança jurídica na
tributação e estado de direito. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Problema de qualificação na aplicação das convenções contra a bitributação internacional”
de Gerd Willi Rothmann. Revista Dialética de Direito Tributário, n.76, São Paulo: Dialética, 2002.
• Artigo: “Tratado internacional, em matéria tributária, pode exonerar tributos estaduais?” de Estevão
Horvath e Nelson F. de Carvalho. Revista de direito tributário, São Paulo, n. 64, p. 262-268, 1996.
• Tratados internacionais em matéria tributária e ordem interna, de Betina Treiger Grupenmacher. São
Paulo: Dialética.
• A relação entre a ordem jurídica interna e os tratados internacionais, de Felipe Ferreira Silva.
Curitiba: Juruá.
• Artigo: “A prevenção de abusos dos tratados internacionais que visam evitar a dupla tributação no plano
de ação do projeto BEPS: perspectiva brasileira” de Paulo Ayres Barreto e Caio Augusto Takano. In:
Direito tributário internacional: homenagem ao Professor Alberto Xavier. São Paulo: Quartier Latin,
2015.
• Estabelecimentos permanentes em direito tributário internacional de Paulo Caliendo. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005.
• Artigo: “O conceito de planejamento tributário agressivo e os novos standards tributários
internacionais do Projeto BEPS” de Caio Augusto Takano, Revista Direito Tributário Internacional
Atual, v.2, São Paulo: IBDT, 2017.
• Capítulos IV e VI do livro Troca internacional de informações para fins fiscais de Sérgio André Rocha.
São Paulo: Quartier Latin, 2015.
• Artigo: “Sobre a tributação dos lucros disponibilizados do exterior”, de Luís Eduardo Schoueri e
Miguel Hilu Neto, in ROCHA, Valdir de Oliveira (Coord.). Imposto de Renda – Alterações
fundamentais.
• Artigo: “Imposto sobre a renda – Resultados auferidos no exterior por filiais, sucursais, controladas e
coligadas, de José Artur Lima Gonçalves”, Revista Dialética de Direito Tributário n. 74.
• Artigo: “Distribuição de lucros de coligadas no exterior”, de Elidie Palma Bifano. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “A lei n. 12.973, de 13 de maio de 2014, em matéria de lucros no exterior: objetivos e
características essenciais”, de Alberto Xavier, in Grandes questões atuais do direito tributário, 18º vol.,
Valdir de Oliveira Rocha (Coord.). São Paulo: Dialética.

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Anexo I
RE n. 225.602/CE

DJ 06/04/2001

IMPORTAÇÃO. ALÍQUOTAS. MAJORAÇÃO POR ATO DO EXECUTIVO. MOTIVAÇÃO. ATO. IMPOSTO


DE IMPORTAÇÃO. FATO GERADOR. C.F., art. 150, III, a e art. 153, § 1º. I- Imposto de importação:
alteração das alíquotas, por ato do Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei: C.F., art. 153, § 1º. A lei de condições e de limites é lei ordinária, dado que a lei
complementar somente será exigida se a Constituição, expressamente, assim determinar. No
ponto, a Constituição excepcionou a regra inscrita no art. 146, II. II- A motivação do decreto que
alterou as alíquotas encontra-se no procedimento administrativo de sua formação, mesmo
porque os motivos do decreto não vêm nele próprio. III- Fato gerador do imposto de importação:
a entrada do produto estrangeiro no território nacional (CTN, art. 19). Compatibilidade do art.
23 do D.L. 37/66 com o art. 19 do CTN. Súmula 4 do antigo T.F.R.. IV- O que a Constituição exige,
no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou que majore tributos seja anterior ao fato gerador. No
caso, o decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato gerador do imposto de importação. V-
R.E. conhecido e provido.

Anexo II
REsp n. 1.220.979/RJ

DJ 15/04/2011
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. COMPATIBILIDADE DO ART. 23 DO DECRETO-LEI N. 37/66 COM O
ART. 19 DO CTN. FATO GERADOR. DATA DO REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.
PRECEDENTES.
1. Não há incompatibilidade entre o art. 19 do Código Tributário Nacional e o art. 23 do
Decreto-Lei n. 37/66, porquanto o desembaraço aduaneiro completa a importação e,
consequentemente, representa, para efeitos fiscais, a entrada de mercadoria no território
nacional.
2. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, no caso de importação de mercadoria
despachada para consumo, o fato gerador do imposto de importação ocorre na data do registro
da declaração de importação. Desse modo, deve ser aplicada para o cálculo do imposto a alíquota
vigente nessa data.
3. Precedentes: EDcl no RESP 1.000.829/ES, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
17.6.2010; AgRg no Ag 1.155.843/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 30.9.2009;
RESP 1.046.361/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 5.3.2009; RESP 139.658/PR,
Rel. Min. Milton Luiz Pereira, Primeira Turma, DJ 28.5.2001.
Recurso especial provido.

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Anexo III
REsp n. 662.882/RJ

DJ 13/02/2006

PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA.


IMPORTAÇÃO. REIMPORTAÇÃO. ATIVIDADES DISTINTAS. TIPICIDADE. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA.
1. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem, embora
sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos.
Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos
pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a
decisão.
2. A importação e a reimportação de mercadorias são atividades distintas,
cabendo, portanto, à legislação tributária prever quais as hipóteses de incidência de IPI
para cada uma das mesmas respeitando-se suas especificidades.
3. O princípio mor da legalidade exige tipicidade estrita em sede tributária.
Inocorrendo a hipótese de incidência, tal como prevista na lei, inexigível é a exação, e
por isso mesmo, qualquer punição administrativa decorrente da obrigação tributária.
4. O E. STJ assentou no Resp n.º 614.849, da Relatoria do e.Ministro Castro Meira,
publicado no DJ de 04.10.2004, verbis: "Por outro tanto, a cobrança de multa advém da
aplicação da legislação aplicável da importação de mercadorias, hipótese distinta da
reimportação, onde não se exige a emissão de guias de importação, por se revestir de
operação singular de reimportação de bens nacionais (no caso fitas de videotape de
gravação de novelas produzidas pela Rede Globo, no território nacional).
Merece ressalvar o fato da exigência mencionada pela Fazenda somente ser capaz
de fazer sentido ao tempo em que outra era a sistemática do imposto de importação,
onde era previsto, como fato gerador da exação, a importação de quaisquer mercadorias,
inclusive as produzidas no Brasil, desde que de procedência estrangeira.
No caso em exame não há qualquer previsão legal para a apresentação de guia de
importação, nas hipóteses de reimportação e, assim sendo, é incabível a sua exigência
com base na legislação atinente à importação, porquanto configura ofensa ao princípio
da legalidade"
5. O Supremo Tribunal Federal, por seu turno, manifestou-se no RE 104.306-7/SP
acerca do tema em análise, em voto de relatoria do eminente Ministro Octavio Gallotti,
cuja conclusão se destaca: "Não se poderia, pois, sem ferir o artigo 21, I da Constituição
Federal, entender a expressão "produto estrangeiro", como igualmente abrangendo as
mercadorias nacionais retiradas temporariamente do Brasil, para a exposição em feiras
no Exterior, numa prática habitual de incentivo à exportação."

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
6. É insindicável pelo E. STJ (Súmula 07) a premissa fática da configuração da
violação da lei, firmada pelo tribunal local. In casu, restou inequívoca do aresto
recorrido, a conclusão de que: "Importa ressaltar que, conforme reconhece a própria
Fazenda Nacional, a situação fática não configura hipótese de incidência de tributo a
reimportação de fitas de vídeo exportadas para fins de dublagem pelo regime de
exportação temporária, nos termos dos artigos 369, do Regulamento Aduaneiro, e 92, do
Decreto-lei 37/66, respectivamente.
Ademais, a multa é imposta em razão da equivocada infração administrativa ao
controle das importações, que consiste na ausência ou não da apresentação de guia de
importação, para o desembaraço aduaneiro.
(...) Por outro tanto, a cobrança da multa advém da aplicação da legislação
aplicável à importação de mercadorias, hipótese distinta da reimportação, onde não se
exige a emissão de guias de importação, por se revestir de operação singular de
reimportação de bens nacionais (no caso fitas de videotape de gravação de novelas
produzidas pela Rede Globo, no território nacional).
Merece ressalvar o fato de exigência mencionada pela Fazenda somente ser capaz
de fazer sentido ao tempo em que outra era a sistemática do imposto de importação,
onde era previsto como fato gerador da exação a importação de quaisquer mercadorias,
inclusive as produzidas no Brasil, desde que de procedência estrangeira.
No caso em exame não há qualquer previsão legal para a apresentação de guia de
importação, nas hipóteses de reimportação e, assim sendo, é incabível a sua exigência
com base na legislação atinente à importação, porquanto configura ofensa ao princípio
da legalidade." 7. Forçoso concluir , à semelhança do julgado atacado que in casu, o que
houve foi a reimportação de mercadorias, sob o regime de exportação temporária, não
incidindo a obrigação de apresentação de guia de importação na hipótese, prevista nos
artigos 432 c/c 526, II do Regulamento Aduaneiro, por se tratar de fato distinto do
previsto na lei, restando vedada qualquer interpretação extensiva por força do artigo
111 do CTN.
8. Recurso especial improvido. (REsp 662.882/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/12/2005, DJ 13/02/2006, p. 672).
Anexo IV
ADIN n. 1.480-3/DF (Medida Liminar)

DJ 18/05/2001
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – CONVENÇÃO N. 158/OIT – PROTEÇÃO DO
TRABALHADOR CONTRA A DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU SEM JUSTA CAUSA – ARGUIÇÃO DE
ILEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DOS ATOS QUE INCORPORARAM ESSA CONVENÇÃO
INTERNACIONAL AO DIREITO POSITIVO INTERNO DO BRASIL (DECRETO LEGISLATIVO N.
68/92 E DECRETO N. 1.855/96) – POSSIBILIDADE DE CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE DE TRATADOS OU CONVENÇÕES INTERNACIONAIS EM FACE DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – ALEGADA TRANSGRESSÃO AO ART. 7º, I, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA E AO ART. 10, I DO ADCT/88 – REGULAMENTAÇÃO NORMATIVA DA PROTEÇÃO
CONTRA A DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU SEM JUSTA CAUSA, POSTA SOB RESERVA

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
CONSTITUCIONAL DE LEI COMPLEMENTAR – CONSEQUENTE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE
TRATADO OU CONVENÇÃO INTERNACIONAL ATUAR COMO SUCEDÂNEO DA LEI
COMPLEMENTAR EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO (CF, ART. 7º, I) – CONSAGRAÇÃO
CONSTITUCIONAL DA GARANTIA DE INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA COMO EXPRESSÃO DA
REAÇÃO ESTATAL À DEMISSÃO ARBITRÁRIA DO TRABALHADOR (CF, ART. 7º, I, C/C O ART. 10,
I DO ADCT/88) – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA CONVENÇÃO N. 158/OIT, CUJA
APLICABILIDADE DEPENDE DA AÇÃO NORMATIVA DO LEGISLADOR INTERNO DE CADA PAÍS –
POSSIBILIDADE DE ADEQUAÇÃO DAS DIRETRIZES CONSTANTES DA CONVENÇÃO N. 158/OIT
ÀS EXIGÊNCIAS FORMAIS E MATERIAIS DO ESTATUTO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO –
PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR DEFERIDO, EM PARTE, MEDIANTE INTERPRETAÇÃO
CONFORME À CONSTITUIÇÃO. PROCEDIMENTO CONSTITUCIONAL DE INCORPORAÇÃO DOS
TRATADOS OU CONVENÇÕES INTERNACIONAIS.
É na Constituição da República – e não na controvérsia doutrinária que antagoniza
monistas e dualistas – que se deve buscar a solução normativa para a questão da incorporação
dos atos internacionais ao sistema de direito positivo interno brasileiro.
O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que a execução dos tratados
internacionais e a sua incorporação à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo
Brasil, de um ato subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades
homogêneas: a do Congresso Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto
legislativo, sobre tratados, acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da
República, que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII),
também dispõe – enquanto Chefe de Estado que é – da competência para promulgá-los mediante
decreto.
O iter procedimental de incorporação dos tratados internacionais – superadas as fases
prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprovação congressional e da
ratificação pelo Chefe de Estado – conclui-se com a expedição, pelo Presidente da República, de
decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são inerentes: (a) a promulgação do
tratado internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato
internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito
positivo interno. Precedentes.

SUBORDINAÇÃO NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS À CONSTITUIÇÃO


DA REPÚBLICA
– No sistema jurídico brasileiro, os tratados ou convenções internacionais estão
hierarquicamente subordinados à autoridade normativa da Constituição da República. Em
consequência, nenhum valor jurídico terão os tratados internacionais, que, incorporados ao
sistema de direito positivo interno, transgredirem, formal ou materialmente, o texto da Carta
Política.
O exercício do treaty-making power, pelo Estado brasileiro – não obstante o polêmico art.
46 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (ainda em curso de tramitação perante o
Congresso Nacional) -, está sujeito à necessária observância das limitações jurídicas impostas
pelo texto constitucional.

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE TRATADOS INTERNACIONAIS NO
SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO
– O Poder Judiciário – fundado na supremacia da Constituição da República – dispõe de
competência, para, quer em sede de fiscalização abstrata, quer no âmbito do controle difuso,
efetuar o exame de constitucionalidade dos tratados ou convenções internacionais já
incorporados ao sistema de direito positivo interno. Doutrina e Jurisprudência.

PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS


INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO
– Os tratados ou convenções internacionais, uma vez regularmente incorporados ao
direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmos planos de validade, de
eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinárias, havendo, em consequência,
entre estas e os atos de direito internacional público, mera relação de paridade normativa.
Precedentes.
No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquica
sobre as normas de direito interno. A eventual precedência dos tratados ou convenções
internacionais sobre as regras infraconstitucionais de direito interno somente se justificará
quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do
conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico (“lex posterior derogat priori”) ou, quando
cabível, do critério da especialidade. Precedentes.

TRATADO INTERNACIONAL E RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI COMPLEMENTAR


– O primado da Constituição, no sistema jurídico brasileiro, é oponível ao princípio pacta
sunt servanda, inexistindo, por isso mesmo, no direito positivo nacional, o problema da
concorrência entre tratados internacionais e a Lei Fundamental da República, cuja suprema
autoridade normativa deverá sempre prevalecer sobre os atos de direito internacional público.
Os tratados internacionais celebrados pelo Brasil – ou aos quais o Brasil venha a aderir –
não podem, em consequência, versar matéria posta sob reserva constitucional de lei
complementar. É que, em tal situação, a própria Carta Política subordina o tratamento legislativo
em determinado tema ao exclusivo domínio normativo da lei complementar, que não pode ser
substituída por qualquer outra espécie normativa infraconstitucional, inclusive pelos atos
internacionais já incorporados ao direito positivo interno.

LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA CONVENÇÃO N. 158/OIT, DESDE QUE


OBSERVADA A INTERPRETAÇÃO CONFORME FIXADA PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL
– A Convenção n. 158/OIT, além de depender de necessária e ulterior intermediação
legislativa para efeito de sua integral aplicabilidade no plano doméstico, configurando, sob tal
aspecto, mera proposta de legislação dirigida ao legislador interno, não consagrou, como única
consequência derivada da ruptura abusiva ou arbitrária do contrato de trabalho, o dever de os
Estados-Partes, como o Brasil, instituírem, em sua legislação nacional, apenas a garantia da

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reintegração no emprego. Pelo contrário, a Convenção n. 158/OIT expressamente permite a cada
Estado-Parte (Artigo 10), que, em função de seu próprio ordenamento positivo interno, opte
pela solução normativa que se revelar mais consentânea e compatível com a legislação e a
prática nacionais, adotando, em consequência, sempre com estrita observância do estatuto
fundamental de cada País (a Constituição brasileira, no caso), a fórmula da reintegração no
emprego e/ou da indenização compensatória. Análise de cada um dos artigos impugnados da
Convenção n. 158/OIT (Artigos 4º a 10).

Anexo V
RE n. 627.280/RJ - RG

DJ 23/02/2012
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. BACALHAU (PEIXE SECO E SALGADO).
TRATAMENTO. ALCANCE DE ACORDO INTERNACIONAL. GENERAL AGREEMENT ON TRADE
AND TARIFFS. DECRETO LEGISLATIVO 30/1994 E DECRETO 301.355/1994. PROPOSTA PELO
RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. Tem repercussão geral a discussão
sobre a incidência do IPI sobre operações com bacalhau (peixe seco e salgado), à luz do GATT,
dos princípios da isonomia, da seletividade e da extrafiscalidade e do conceito de
industrialização.

Anexo VI
AI n. 764.951 AgRg/BA

DJ 13/03/2013

ICMS. IMPORTAÇÃO DE BACALHAU DA NORUEGA. PAÍS SIGNATÁRIO DO GATT. ISENÇÃO


HETERÔNOMA. TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL. CONSTITUCIONALIDADE. ALCANCE E LEGITIMIDADE DE ISENÇÕES À LUZ DA
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. SIMILARIDADE ENTRE PRODUTOS NACIONAIS E
ESTRANGEIROS. APRECIAÇÃO EM SEDE EXTRAORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA STF
279. A jurisprudência desta Suprema Corte assentou-se no sentido da constitucionalidade das
desonerações tributárias estabelecidas, por meio de tratado, pela República Federativa do Brasil,
máxime no que diz com a extensão, às mercadorias importadas de países signatários do GATT,
das isenções de ICMS concedidas às similares nacionais (Súmula STF 575). Descabe analisar, em
sede de recurso extraordinário, alegações pertinentes à abrangência e à legitimidade de isenções
frente à legislação infraconstitucional, bem como a similaridade entre produtos nacionais e
estrangeiros para efeito da outorga do tratamento isonômico exigido pelo Acordo Geral sobre
Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT. Aplicação da Súmula STF 279. Agravo regimental
conhecido e não provido.

Anexo VII
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados

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SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados

Artigo 31
Regra Geral de Interpretação

1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos
do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.

2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu


preâmbulo e anexos:
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão
do tratado;
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do
tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.

3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:


a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de
suas disposições;
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o
acordo das partes relativo à sua interpretação;
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.

4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção
das partes.

Anexo VIII
RE n. 611.586/PR - RG

Julgamento: 05/04/2011

IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL


SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS DEVIDOS POR EMPRESAS
ESTRANGEIRAS ÀS PESSOAS JURÍDICAS SEDIADAS NO BRASIL. CONTROLADAS E COLIGADAS.
MOMENTO EM QUE SE APERFEIÇOA O FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. CONCEITO
CONSTITUCIONAL DE RENDA. CONCEITOS DE DISPONIBILIDADE JURÍDICA E DE
DISPONIBILIDADE ECONÔMICA DA RENDA. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (MEP).
ART. 43 DO CTN. MP 2.158-34/2001 (MP 2.135-35/2001). ART. 248, II DA LEI 6.404/1976.
ARTS. 145, §1º, 150, III, A e 153, III DA CONSTITUIÇÃO. Proposta pelo reconhecimento da
repercussão geral da discussão sobre a constitucionalidade do art. 74 e par. ún. da MP 2.158-
35/2001, que estabelece que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão
considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no
qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento, bem como que os lucros apurados por
controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados

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disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das
hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor.

Anexo IX
ADI n. 2588/DF

DJ 10/02/2014

TRIBUTÁRIO. INTERNACIONAL. IMPOSTO DE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER


NATUREZA. PARTICIPAÇÃO DE EMPRESA CONTROLADORA OU COLIGADA NACIONAL NOS
LUCROS AUFERIDOS POR PESSOA JURÍDICA CONTROLADA OU COLIGADA SEDIADA NO
EXTERIOR. LEGISLAÇÃO QUE CONSIDERA DISPONIBILIZADOS OS LUCROS NA DATA DO
BALANÇO EM QUE TIVEREM SIDO APURADOS (“31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO”). ALEGADA
VIOLAÇÃO DO CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RENDA (ART. 143, III DA CONSTITUIÇÃO).
APLICAÇÃO DA NOVA METODOLOGIA DE APURAÇÃO DO TRIBUTO PARA A PARTICIPAÇÃO NOS
LUCROS APURADA EM 2001. VIOLAÇÃO DAS REGRAS DA IRRETROATIVIDADE E DA
ANTERIORIDADE. MP 2.158-35/2001, ART. 74. LEI 5.720/1966, ART. 43, § 2º (LC 104/2000).
1. Ao examinar a constitucionalidade do art. 43, § 2º do CTN e do art. 74 da MP
2.158/2001, o Plenário desta Suprema Corte se dividiu em quatro resultados: 1.1.
Inconstitucionalidade incondicional, já que o dia 31 de dezembro de cada ano está dissociado de
qualquer ato jurídico ou econômico necessário ao pagamento de participação nos lucros; 1.2.
Constitucionalidade incondicional, seja em razão do caráter antielisivo (impedir “planejamento
tributário”) ou antievasivo (impedir sonegação) da normatização, ou devido à submissão
obrigatória das empresas nacionais investidoras ao Método de Equivalência Patrimonial – MEP,
previsto na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976, art. 248); 1.3. Inconstitucionalidade
condicional, afastada a aplicabilidade dos textos impugnados apenas em relação às empresas
coligadas, porquanto as empresas nacionais controladoras teriam plena disponibilidade jurídica
e econômica dos lucros auferidos pela empresa estrangeira controlada; 1.4.
Inconstitucionalidade condicional, afastada a aplicabilidade do texto impugnado para as
empresas controladas ou coligadas sediadas em países de tributação normal, com o objetivo de
preservar a função antievasiva da normatização.
2. Orientada pelos pontos comuns às opiniões majoritárias, a composição do resultado
reconhece: 2.1. A inaplicabilidade do art. 74 da MP 2.158-35 às empresas nacionais coligadas a
pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam “paraísos
fiscais”; 2.2. A aplicabilidade do art. 74 da MP 2.158-35 às empresas nacionais controladoras de
pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles
societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei); 2.3. A
inconstitucionalidade do art. 74 par. ún., da MP 2.158-35/2001, de modo que o texto impugnado
não pode ser aplicado em relação aos lucros apurados até 31 de dezembro de 2001. Ação Direta
de Inconstitucionalidade conhecida e julgada parcialmente procedente, para dar interpretação
conforme ao art. 74 da MP 2.158-35/2001, bem como para declarar a inconstitucionalidade da
cláusula de retroatividade prevista no art. 74, par. ún., da MP 2.158/2001.

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
Anexo X
TRF 3ª Região - Apelação n. 0028594-62.2005.4.03.6100

DJ 11/11/2014

LEIS 9.430/1996 E 9.959/2000. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/2002. PREÇO DE


TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO – PRL 60. PREÇO
PARÂMETRO. VALOR AGREGADO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO E IMPOSTO DE
RENDA DA PESSOA JURÍDICA. LEGALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÕES.
INEXISTÊNCIA.
1. São manifestamente improcedentes os embargos de declaração, pois não se verifica
qualquer omissão no julgamento impugnado, mas mera contrariedade da embargante com a
solução dada pela Turma, que, à luz da legislação aplicável, consignou expressamente que “a IN
243/2002 foi editada na vigência da Lei 9.959/2000, que alterou a redação da Lei 9.430/1996,
para distinguir a hipótese de revenda do próprio direito ou bem, tratada no item 2, da hipótese
de revenda de direito ou bem com valor agregado em razão de processo produtivo realizado no
país, tratada no item 1, ambos da alínea d do inciso II do artigo 18 da lei” (f. 278-v).
2. Consignou, ainda, o acórdão, que “o que se verificou foi a necessária e adequada
explicitação, pela instrução normativa impugnada, do conteúdo legal para permitir a sua
aplicação, considerando que o conceito legal de valor agregado, conducente ao conceito
normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição
dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do
valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do produto” (f. 279).
3. Concluiu-se, com respaldo em farta jurisprudência, que “para dar eficácia ao método de
cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei 9.430/1996 alterada pela Lei
9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se
tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para
a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de
violação ao princípio da legalidade” (f. 279 v).
4. Evidente, pois, que foi expressamente reconhecida a inexistência de violação do
princípio da legalidade pela IN 243/2002, aferida, evidentemente, a partir da lei existente com
base na qual editado o ato normativo, e não em razão de exposição de motivos veiculada para a
criação de nova legislação, que apenas expõe a intenção do legislador, que não se confunde com
o conteúdo normativo da legislação antecedente, posto a exame judicial.
5. Também restou claro do acórdão que o método de preço de revenda menos lucro tratou
de suas duas situações objetivamente distintas: a primeira a de importação de bens, serviços e
direitos para revenda direta, sujeita à margem de lucro de 20%; e a segunda a de importação de
bens, serviços e direitos a serem agregados no processo produtivo para transformação em
outros bens, serviços ou direitos, sujeita à margem de lucro de 60% (artigo 12, IV, a e b, IN
243/2002). A distinção entre as situações jurídicas impede a alegação de quebra da isonomia e
tal questão restou explicitada no julgamento, sem possibilidade de invocação de omissão.
6. Tampouco houve omissão na questão da proibição de bitributação conforme tratados

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internacionais, pois o acórdão embargado enfatizou que “A adoção, na técnica legal, do critério
do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de
transferência, em cumprimento às obrigações internacionais assumidas pelo Brasil na
Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal
diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei 9.430/1996 e refletidas na
IN/SRF 32/2001” (f. 279). A Turma aderiu ao entendimento de que a nova disciplina aprimorou
os mecanismos de inibição da transferência de lucro com redução indevida da base de cálculo da
tributação interna, através da prática de preços manipulados entre empresas associadas, sem
violar, pois, os tratados e convenções internacionais.
7. Como se observa, não houve qualquer omissão no julgamento impugnado, revelando, na
realidade, a articulação de verdadeira imputação de erro no julgamento, e contrariedade da
embargante com a solução dada pela Turma, o que, por certo e evidente, não é compatível com a
via dos embargos de declaração. Assim, se o acórdão violou os artigos 97, II e 98 do CTN; 5º, II,
LXIX e §2º, 37, 150, I e II da CF como mencionado, caso seria de discutir a matéria em via própria
e não em embargos declaratórios.
8. Em suma, para corrigir suposto error in judicando, o remédio cabível não é, por evidente,
o dos embargos de declaração, cuja impropriedade é manifesta, de forma que a sua utilização
para mero reexame do feito, motivado por inconformismo com a interpretação e solução
adotadas, revela-se imprópria à configuração de vício sanável na via eleita.
9. Embargos de declaração rejeitados.

Anexo XI
RE 601.314/SP (Repercussão Geral)

DJ 16/09/2016

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO


BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS.
APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA
IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz
em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um
mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade
precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o
autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões
do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de
ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado
ou da própria instituição financeira. 3. Entende-se que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno
coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua
vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu
Povo. 4. Verifica-se que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua
relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como
manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observando-se um
translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida
pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que
aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que
evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º, do Código
Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão
geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a
igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece
requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em
relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a
aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da
norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento.

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