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Módulo Tributo e Segurança Jurídica

SEMINÁRIO III - FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

1. Defina sua concepção de “direito” e a de “fontes do direito” pela


perspectiva do Constructivismo Lógico-Semântico e indique qual a
utilidade do estudo das fontes do direito. Por essa ótica, pode-se afirmar
que leis, doutrina, jurisprudência, costumes e fato jurídico são fontes do
direito?

Para construir a concepção precisa de direito e fontes do direito, é necessário a


construção do conceito de fontes, o qual se entende me origem de algo, é o início.
Portanto, o direito surge através da construção das fontes, e pode ser entendido como
um corpo de linguagem, e nesse sentido, pode-se destacar o posicionamento de Paulo
de Barros Carvalho “o estudo das fontes do direito está voltado primordialmente para o
exame dos fatos enquanto enunciação, que fazem nascer regras jurídicas introdutoras,
advertindo que tais eventos só assumem esta condição por estarem previsto em outras
normas jurídicas”. Desta forma, resta clara que a importância do estudo das fontes do
direito está na atividade de enunciação, no caso do acontecimento social, para que se
possa criar as normas jurídicas.
Na concepção de Paulo de Barros Carvalho, as normas ingressam no ordenamento
jurídico por meio de leis, decretos, portaria, etc, que são consideradas essenciais para
nosso sistema, entretanto, são consideradas regras, e assim não poderiam ser fontes.

2. Defina os termos/expressões: (a) Enunciação, (b) enunciação-enunciada,


(c) enunciado-enunciado. Como esses termos se relacionam com o tema
“fonte do direito” e com o próprio “direito positivo”?

A enunciação trazem a informação, como processo a autoridade competente e as


cordenadas de espaço e tempo para chegar-se ao documento normativo, já a
enunciação-enunciada são enunciados, que servem de informação para o processo,
motivo, local, datas e os agentes, são portanto o conjunto possível de identificar o
documento normativo em si, portanto, sem este “conjunto” da enunciação –enunciada
temos apenas o enunciado-enunciado que são o conjunto de prescrições soltas, sem a
possibilidade compreensem da atividade de enunciação.
A enunciação-enunciada não pode ser considerada fonte do direito, e sim é produto da
enunciação que está é fonte de normas jurídicas, a enunciação-enunciada é o conjunto
de enunciado como citado acima, e este é parte do composto do direito positivo.

3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito


adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros
Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito firmado pela doutrina
deste com a atividade da autoridade administrativa que realiza o
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lançamento de ofício. Há diferença quando o crédito é constituído pelo


contribuinte?

Na doutrina tradicional, para Hans Kelsen, a fonte do direito é o próprio direito, é seu
próprio regulador de criação, ou seja, todas as normas tem como fundamento jurídico
outra norma, já Norberto Bobbio, em que afirma que fontes do direito são os fatos ou
atos indispensáveis para criação das normas jurídicas, e assim a Lei seria a fonte
superior do direito. No mesmo sentido, segue o entendimento de Tércio Sampaio Ferraz
Júnior, no qual diz que as fontes servem para apontar os modos de criação das normas
jurídicas.
Paulo de Barros Carvalho entende que por fontes do direito “os focos ejetores de regras
jurídicas, isto é, os órgãos habilitados pelo sistema para produzirem normas numa
organização escalonada, bem como, a própria atividade desenvolvida por essas
entidades, tendo em vista a criação de normas” ou seja, a fonte do direito é quando uma
norma cria outra, sem fazer menção a origem da primeira norma.
Como afirma Paulo de Barros Carvalho “o átimo da ciência marca o instante preciso em
que a norma ingressa no ordenamento do direito positivo”, ou seja, a norma jurídica
necessita da publicidade para ter a conição de validade, portanto, a publicidade é uma
das etapas da enunciação, pois marca a positivação das normas juídicas, o ingresso no
ordenamento jurídico. No caso do crédito constituído pelo contribuinte, terá validade
quando apresentar todos os documentos necessários para sua construção.

4. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei


complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Existe algum
vício quando ocorre de lei complementar dispor sobre matéria de lei
ordinária? E o contrário? Para sua revogação é necessária norma
veiculada por lei complementar? (Vide anexos I, II, III, IV e V).

As funções da Lei Complementar são servir de fundamentos para outros atos


normativos ou realizar missões constitucionais próprias independentemente da edição
de outras normas, e por essas funções que a LC pode parecer hierarquicamente
superior à Lei Ordinária no caso de fundamento jurídico, sem entretanto haver hierarquia
quando o fundamento jurídico for diretamento ligado a Constituição Federal.
Neste último caso, não há hierarquia entre o veículos, desta forma ambas ocupam a
mesma posição, ou seja, não se fala em formalmente complementar ou materialmente
ordinária, a Lei enquanto veículo introdutor é complementar.
Para sua revogação é necessário a produção de idêntico veículo, ou seja, que a norma
veiculada seja por LC, uma vez que a Constituição prescreve que a matéria pode ser
veiculada por Lei ordinária, porém, é própria de LC.

5. Considere o fragmento de direito positivo abaixo e responda, em seguida,


as questões:
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LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000

Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o


Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à
Inovação e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-
Empresa para o Apoio à Inovação, cujo objetivo principal é estimular o
desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa
científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de
pesquisa e o setor produtivo.
Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior,
fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida
pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de
conhecimentos tecnológicos, bem como, aquela signatária de contratos que
impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou
domiciliados no exterior.
§ 1º Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de
tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os
de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica.
§ 1º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a
remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou
distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a
transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de
2007).
§ 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput
deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias
de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência
administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou
domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem,
creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer
título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da
pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
§ 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no
exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no
caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
§ 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da
pela Lei 10332, de 19.12.2001).
(...)
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Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos
fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001.
Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da
República.
(FERNANDO HENRIQUE CARDOSO)

a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-


enunciados, (ii) enunciação-enunciada, (iii) instrumento introdutor de
norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito
competente, (viii) preceitos gerais e abstratos e (ix) norma geral e concreta.

I – Enunciados-enunciados: Na Lei 10.168/00 cada artigo, parágrafo e suas disposição


são enunciados-enunciados.
II - Enunciação-enunciada: São as informações da Lei 10.168/00, portanto, a
enunciação-enunciada constam em todos os artigos, pois trazem informações como,
motivo, local, etc.
III – Instrumento introdutor de norma: É a própria Lei 10.168/00.
IV – Fonte material: Consta no artigo 2º da Lei 10.168/00, na qual institui a contribuição
de intervenção no domínio econômico.
V – Fonte formal: Na referida Lei é o processo legislativo de elaboração e aprovação
das leis.
VI – Procedimento: O procedimento da Lei depende de sua tramitação e aprovação.
VII – Sujeito competente: Autoridade, Congresso Nacional.
VIII – Preceitos gerais e abstratos: Artigos 1º e 2º da Lei 10.168/00.
IX – Norma geral e concreta: Artigo 2º e parágrafo 2º da referida Lei.

b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n.


10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante
dos veículos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa
revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados
pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são
revogados, mesmo sem a revogação expressa dos veículos que os inseriram?

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