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IBET- INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA


SEMINÁRIO SEMINÁRIO I - DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE “TRIBUTO”
ALUNO: ABRAÃO SILVA DE OLIVEIRA

Questões

1. Que é Direito? Há diferença entre direito positivo e Ciência do Direito? Com


base em sua resposta, critique a expressão: “Direito tributário é o ramo do
Direito público positivo que estuda as relações jurídicas entre o Fisco e os
contribuintes, concernentes à instituição, arrecadação e fiscalização de
tributos”, e propor definição para “direito tributário”.
R: Palavra que possui conotação e denotação, sendo insolúvel a resposta
para tal questão, pois é formada em nosso intelecto, em razão das formas de uso da
palavra no discurso, levando em consideração as referências culturais do intérprete.
Deste modo, não há um conceito absoluto de “direito”. Há diferença entre o conceito
de direito e a sua definição. Seu conceito é amplo, e as diversas formas de usá-lo
nos trazem definições variadas possíveis, com diferentes realidades jurídicas.
Diante das possibilidades de uso (substantivo, adjetivo, advérbio), do problemas
para chegarmos em seu conceito (ambiguidade, vaguidade e carga emotiva) e de
suas variadas teorias no decorrer do tempo, para defini-la é necessário recortamos
e adotarmos algum deles para entendê-lo como objeto de estudo. Então veremos
uma posição normativista do direito, considerando-o como complexo de normas
jurídicas válidas num dado país”, ou seja, haverá direito onde houver normas
jurídicas, inspirados na teoria kelseniana.

Há sim muita diferença entre direito positivo e Ciência do Direito. Direito


positivo é o complexo de normas jurídicas válidas num dado país, já a Ciência do
Direito é a responsável por descrever esse enredo normativo, ordenando-o,
declarando sua hierarquia, exibindo as formas lógicas que governam o
entrelaçamento das várias unidades do sistema e oferecendo seus conteúdos de
significação. Sendo assim, concluímos que o direito positivo é o objeto de estudo
contendo uma linguagem prescritiva (prescreve comportamentos) e a Ciência do
Direito é quem a estuda contendo um discurso descritivo(descreve normas
jurídicas). Possuem linguagens diferentes, pois a Ciência do Direito em relação ao
direito positivo possui uma sobre linguagem, e lógicas específicas, sendo para o
direito positivo a lógica deôntica e à Ciência do Direito a lógica apofântica. Possuem
métodos próprios e distintos esquemas de pesquisa e compreensão.

2. Diferenciar “termo”, “conceito” e “definição”, trazendo exemplos para cada


um deles. O que é “conceito” e “definição”? Há definições no âmbito da
Ciência do Direito? E no âmbito do direito positivo? E o que é tributo (vide
anexo I)? Explique apontando se há uma “definição” ou “conceito” de tributo
no direito positivo? Com base na sua definição de tributo, quais dessas
hipóteses são consideradas tributos? Fundamente sua resposta: (i) valor
cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas com selos de
controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda (anexo II); (ii) contribuição
sindical (considerar as alterações da lei 13.467/17) (anexo III); (iii) tributo
instituído por meio de decreto (inconstitucional – vide anexo IV); (iv) o tributo
inserido na base de cálculo de outro tributo.

R: De acordo com a definição do Art. 3º do Código Tributário Nacional,


Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

● O item (i) não se encaixa como tributo, pois não há o disposto completo para
que se dê como tal.
● O item (ii) não se encaixa como tributo, pois não é obrigatório.
● O item (iii) não é tributo, pois não foi instituído por lei conforme o Art. 3º do
CTN.
● O único considerado tributo é o item (iv), pois apesar de ainda estar em
discussão são tributos regidos por lei que possuem todas características e
itens informados pelo CTN para que seja um tributo.

3. Diferencie “enunciado” de “proposição” e “proposição descritiva” de defina


o que uma “proposição prescritiva”. Com base na resposta aos dois
questionamentos anteriores, qual a relação entre proposição e norma
jurídica? Diferencie norma jurídica em “sentido amplo” e norma jurídica em
“sentido estrito”. O que é norma jurídica primária e norma jurídica
secundária?

R:Sim, há diferença.

Documento normativo é onde estabelece regras, enunciado prescritivo é a


parte de plano físico do sistema do direito positivo, ou seja, parte em texto;
proposição jurídica é o plano das significações isoladamente consideradas, ou seja,
o entendimento e compreensão da norma, e norma jurídica é o plano das
significações estruturadas.

De acordo com Paulo de Barros, estas podem ser normas jurídicas em


sentido amplo, para designar tanto as frases, enquanto suporte físico do direito
posto, ou os textos de lei, quanto os conteúdos significativos isolados destas, e
normas em sentido estrito para aludir à composição articulada das significações,
construidas a partir dos enunciados do direito positivo, na forma hipotético-
condicional, de tal sorte que produza mensagens com sentido deôntico-jurídico
completo.
Com base em sua resposta dada na questão 2, responda:
a) O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em
infrações de trânsito é uma utilização do tributo como “sanção de ato ilícito”?

R: Com relação ao desconto do IPVA, parte do grupo entende que não


caracteriza sanção de ato ilícito, visto que a concessão do referido desconto não
implica em majoração do tributo. A sanção é um ônus a ser suportado pelo infrator
da Lei. Já a outra parte, acredita que caracteriza sanção de ato ilícito, pois, de certo
modo, majora o tributo para o infrator de trânsito.

b) E a progressividade do IPTU e do ITR em razão da função social da


propriedade? Responda fundamentadamente e considere para sua resposta
as seguintes afirmações do autor Fernando Favacho: “a definição conotativa
do art. 3º do CTN conflita com a definição denotativa do art. 182 da CF. Em
suma, a Constituição traz um tributo (IPTU sancionatório progressivo) que,
para o CTN, não é tributo”1 e “o IPTU sancionatório progressivo é tributo, a
par do mandamento do CTN”2.

R:Já sobre a progressividade do IPTU e do ITR, a parte entende que não


constitui sanção, pois não utilizar uma propriedade não compõe ato ilícito. Outra
parte entende que pode ser vista como sanção administrativa de ato ilícito, como
uma espécie de punição, ligada a imposição de função social da propriedade.

Por fim, a variação de alíquota de um tributo relacionada ao grau de


periculosidade parte entende que pode haver alteração, e cita o exemplo da
contribuição social prevista no art. 22, inciso II, da Lei n. 8.212/91 – RAT, e outra
parte entende como ilícito.

Dada a seguinte lei (exemplo fictício):


Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono a
seguinte lei:
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de
Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem
como fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas
atividades.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a
comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos hídricos.
Art. 3o. A alíquota é de 3%.
Art. 4º Contribuinte é Pessoa física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com
a finalidade de exploração ou aproveitamento econômico.
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante preenchimento
da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte ao da exploração
ou do aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de multa de 10% sobre o

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valor do tributo devido.
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte,a
autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de
Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida.
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na captação
e consumo destinados à atividade agropecuária
(...)
Pergunta-se:
a) Aponte a concepção de “norma jurídica” adotada por você e indique
quantas e quais Quantas normas há nessa lei.? Identifique-as.

R: De modo geral, entende-se como: Norma Jurídica Geral, Norma Jurídica


Sancionatória, e, quanto ao Art. 7°*¹ como uma terceira norma (entendimento
parcial) ou uma mesma norma (das acimas citadas), mas que mutila o efeito da
anterior. E assim descrevemos:

Art. 1 – Norma que institui o tributo (Exploração) – Antecedente; (Fiscalização)


– Consequente

Art. 2 – Regra Matriz de Incidência Tributária

b) Qual dessas normas institui tributo?

R: A CF/88 também estabelece as denominadas “limitações ao poder de


tributar”, expressadas pelos Princípios Constitucionais Tributários, (art. 150, incisos I
a V, e artigos 151, I e III, e 152) e as Imunidades Tributárias (art. 5º, incisos XXXIV,
alíneas “a” e “b”, LXIII, art. 150, inciso VI, alíneas “a” até “e”, art. 195, § 7º).
Por fim, a Constituição Federal encerra o seu Capítulo de “Sistema
Tributário Nacional” com a Repartição das Receitas Tributárias, insculpidas nos
artigos 157 a 162. Já as Leis Complementares encontram sua incumbência no art.
146 da Constituição Federal que as encarrega, em síntese:

● Dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
● Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
● Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária.

c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário?


Justificar.
R: É um conjunto de proposições científicas que se voltam para a descrição das
proposições jurídico normativas, direta ou indiretamente, relacionadas à instituição,
arrecadação e fiscalização de tributos.

d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar.

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