D A N I E L E F A B Í O L A

ADVOCACIA E ASSESSORIA JURÍDICA

MERITÍSSIMA JUÍZA DA 1ª VARA CRIMINAL DE BRASÍLIA,

Trata-se de ação penal pública incondicionada onde o Ministério

Público ofereceu denúncia em face do Sr. SEBASTIAO MORAES DA
CUNHA, alegando, em tese, que o mesmo teria praticado a conduta
insculpida no artigo 168, parágrafo 1º, inciso III do Código Penal – pelo
fato de ter, supostamente, entre o dia 23 de maio de 2017 e o dia 22 de abril de 2019,

APROPRIADO-SE DA importância DE R$ 12.535,92 (doze mil quinhentos e trinta e

cinco reais e noventa e dois centavos), valor esse pertencente ao Sr. FRANCISCO CARLOS

BENINCASA.

Ouvido, o Sr. Francisco Carlos disse que tomou conhecimento que o

alvará havia sido levantado e passou a procurar o escritório e sempre era
atendido pela esposa do réu e por outras pessoas, isso porque a época dos
fatos, o réu já estava preso por outro processo e impedido, dessa forma, de
resolver a questão da vítima.

A testemunha

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QNC 01, Área Especial 19, Bloco C, n. 1308 – Paradiso Club - Bairro: Taguatinga
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Fone (61) 99181-5959
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No mérito, a pretensão do Ministério Público deve ser julgada
improcedente e consequentemente absolvido o réu, isso porque no crime de
apropriação indébita não basta a demonstração da anterior posse lícita da
coisa alheia, sendo necessária a inversão da natureza da posse para a
consumação do delito. O crime de AI SE CONSUMA NO MOMENTO
EM QUE O AGENTE, LIVRE E CONSCIENTEMENTE, INVERTE O
DOMÍNIO DA COISA QUE SE ENCONTRA EM SUA POSSE,
PASSANDO A DISPOR DELA COMO SE FOSSE DONO.
CONQUANTO, NÃO BASTA APENAS APROPRIAR-SE DA COISA,
MAS TAMBÉM, AGIR COM O ANINUS REM SIBI HABENDI, com
vontade de não devolver ao verdadeiro proprietário, transpondo assim, a
mera posse para um agir como se dono fosse consubstanciado essa atitude,
ao elemento subjetivo. A Consumação ocorre com a exteriorização de
vontade do agente de não restituir a coisa ao verdadeiro dono da coisa.

No caso em tela, a prova produzida em juízo não foi capaz de trazer a

certeza que o réu imbuía-se do desejo de apoderar-se dos valores
levantados em alvará e não devolvê-lo ao cliente. O caso dos autos é um
típico caso de má gestão empresarial, descontrole financeiro do escritório
de advocacia do réu, porém, por se tratar de uma empresa com gestão
familiar, com a ingerência de outros sócios, não tinha o controle de tudo,
mas responde como único responsável pela desordem administrativa,
mesmo não sendo. A má gestão culminou numa onda de ações pela qual o
réu respondeu (na esfera cível e criminal) e a consequência disso é que está
preso há 04 anos, 03 meses e 13 dias.
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Dito isto, necessário pontuar que a prova documental e testemunhal

demonstrou tão somente a posse lícita da coisa alheia, o que impede que
este juízo prolate uma sentença condenatória, pois não há prova da
existência de um fato típico com todas as elementares do tipo penal. Não
ficou demonstrado o elemento subjetivo do tipo, ou seja, o desejo do réu de
apoderar-se da coisa como se sua fosse.
Fortes nessas razões, a defesa pugna pela absolvição do réu, por entender
que não há provas suficientes para um decreto condenatório. Havendo
dúvidas relevantes quanto a existência do crime, o réu deve ser absolvido,
de acordo com o artigo 386, VII do CPP e em homenagem ao princípio in
dubio pro reo.

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