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Alunas: Amanda Pires Gomes e Penélope Luisa Venâncio - 307W

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL TITULAR


DO ___ DISTRITO POLICIAL DA COMARCA DE ROLÂNDIA/PR

FABIANA, brasileira, estado civil, comerciante, portadora da cédula de identidade


RG nº xx.xxx.xxx-x, inscrita no CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada na Rua, nº
xxx, bairro, na comarca de Rolândia/PR, neste ato, representada por intermédio de suas
advogadas infra-assinadas (procuração com poderes especiais anexa), vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Senhoria, com fundamento no artigo 5º, §4º e art. 39, ambos do Código
de Processo Penal, oferecer

REPRESENTAÇÃO CRIMINAL e requerer a INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO


POLICIAL

em face de VILMA, brasileira, estado civil, profissão, portadora da cédula de


identidade RG nº xx.xxx.xxx-x, inscrita no CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada
na Rua, nº xxx, bairro, na comarca de Rolândia/PR, pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos:

I. DOS FATOS

Ocorre que, Fabiana, ora Representante, em sua atividade laboral, confecciona e


vende produtos de beleza em sua cidade, assim devido o momento pandêmico, precisava
adquirir álcool gel e máscaras sanitárias para se prevenir do vírus.
Portanto, no dia 04 de Fevereiro de 2022, por volta das 15h30min, Vilma, ora
Representada, possuidora de uma lábia característica do estelionatário, procurou a
Representante em sua loja para oferecer os itens. Necessitada dos produtos ofertados pela
Representada e preocupada quanto à pandemia do Coronavírus, adquiriu os itens, pois estes
já se encontravam escassos no mercado.
A compra foi de 10 litros de álcool em gel e 50 máscaras, não sendo feito um contrato
no momento da negociação, visto que a Representada alegou não possuir nenhum contrato
para ser assinado, mas que, segundo relato da mesma, se o pagamento fosse à vista, no dia
seguinte seria entregue os produtos. Ora, no mesmo momento, a Representante, imaginando
que não conseguiria os itens de outra forma, confiou na palavra da Representada e entregou a
importância de R$1.500,00 (um mil e quinhentos reais) para a aquisição dos produtos.
Ressalta-se que, em seu estabelecimento, havia câmeras de segurança, sendo filmada e
gravada toda a negociação e o pagamento, além de sua funcionária estar junto no momento,
na qual presenciou toda conversa, tendo prova do que aconteceu.
Passado dias, a Representante necessitando dos produtos, comenta com uma cliente
que comprou os produtos da Representada e que, até o momento, não havia recebido os itens.
A cliente logo disse que várias pessoas já passaram pela mesma situação, e que a
Representante havia “caído” em um golpe, pois não é a primeira vez que a Representada faz
esse tipo de conduta fraudulenta, uma vez que, a Representada não possuía qualquer produto
para ser vendido.
Sendo assim, Vossa Senhoria, é claro que houve o dolo no momento em que a
representante fora induzida em erro pela representada, pois obteve vantagem econômica
ilícita, praticando uma conduta negativa, enquadrada no Código Penal, em seu art. 171, como
sendo Estelionato, na qual gerou dano ao patrimônio da representante.

II. DO DIREITO

Pelos fatos narrados, é inquestionável que a Representada ao se passar como falsa


empresária, receber a quantia de R$1.500,00 (um mil e quinhentos reais) e deixar de entregar
os produtos supostamente vendidos para a Representante, agiu para obter, para si, vantagem
econômica ilícita, em prejuízo alheio, valendo-se da situação excepcional de pandemia para
induzir e manter a Representante em erro, mediante artifício, ardil fraudulentamente,
caracterizando o crime de estelionato tipificado no art. 171 do Código Penal, que dispõe:
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil reais a dez


contos de reais.
O crime em tela tem por objetivo resguardar o bem jurídico do patrimônio, sendo
assim, é possível perceber que a Representante teve o seu patrimônio lesado ao pagar
R$1.500,00 (um mil e quinhentos reais) em produtos que nem sequer chegou a receber.
A doutrina especifica que o crime de estelionato possui quatro elementos constitutivos
para explicar seu tipo objetivo: a) fraude, b) erro, c) vantagem ilícita e d) prejuízo alheio.
A fraude configura-se como o meio empregado para obter vantagem ilícita ao
ludibriar a vítima. Pode ser através de um artifício (falsidade, disfarce, aparelhos eletrônicos,
etc.), um meio ardil (mentira, malícia, astúcia, etc.), ou seja, puramente intelectual, ou por
qualquer outro meio fraudulento.
O erro representa a falsa realidade, ou seja, agir de modo a induzir a pessoa a erro
através de um meio fraudulento.
A vantagem ilícita é qualquer vantagem ilegal, sendo essa patrimonial, visto que o
crime de estelionato é contra o patrimônio.
Por fim, o prejuízo alheio é o desfalque patrimonial, sem a correspondente
contrapartida.
Diante do exposto, é nítido que a Representada utilizou-se da falsidade e da mentira
para induzir a Representante ao erro, com o intuito de obter vantagem ilegal por meio do
patrimônio da vítima, que teve seu capital reduzido, configurando o nexo causal do crime de
Estelionato, ou seja, relaciona-se o fato criminoso com a conduta praticada pela
Representada.
O tipo subjetivo do crime em questão é o dolo, com a consciência de que está
ludibriando a vítima, juntamente com a obtenção da vantagem ilícita para causar prejuízo
alheio, sendo inegável que houve dolo por parte da Representada, consumando-se o crime no
momento em que a mesma conseguiu a vantagem ilícita ao receber o dinheiro da
Representante e deixando de entregar os produtos negociados.
A jurisprudência predominante assim subscreve:
PENAL E PROCESSO PENAL. ESTELIONATO. ART. XXXXX DO CÓDIGO PENAL.
SENTENÇA CONDENATÓRIA. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS CONFIGURADAS.
PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA. JUÍZO DA EXECUÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. O crime de estelionato é crime material e instantâneo,
consumando-se no momento e local em que o agente obtém vantagem ilícita, em
prejuízo alheio. 2. Resta comprovado que o acusado ludibriou a vítima, a fim de que ela
pagasse valores ao réu e acreditasse que teria ajuda em processo licitatório, de modo que tal
conversa enganosa, a simples mentira verbal e a obtenção de vantagem ilícita são
suficientes à configuração do delito do artigo 171, do Código Penal. 3. Recurso conhecido
e improvido.
(TJ-AM - APR: XX AM XX-XX.XX.XX.XX.XX, Relator: Sabino da Silva Marques, Data
de Julgamento: 13/03/2020, Primeira Câmara Criminal, Data de Publicação: 13/03/2020)

Posto isso, se faz necessário a representação criminal para a instauração de inquérito


policial contra a Representada que praticou o crime de estelionato contra a Representante,
conforme narrado nos fatos e no direito acima demonstrados.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, considerando que a atitude da representada constitui o crime de


ESTELIONATO, previsto no art. 171, caput, do Código Penal Brasileiro, razão pela qual é
oferecida a presente representação criminal, vem, respeitosamente, requerer a Vossa
Senhoria, a instauração do inquérito policial e, posteriormente, o oferecimento da denúncia
pelo Ministério Público, promovendo-se, assim, a persecução penal contra a representada.
Ainda, requer a oitiva das testemunhas arroladas, bem como, a produção de todas as
provas em direito admitidas.
Por fim, requer a fixação de condenação por indenização pelos prejuízos causados
pela representada, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal,
conforme provas em anexo.

Termos em que pede deferimento.

Londrina, 08 de maio de 2022

AMANDA GOMES PIRES PENÉLOPE LUISA VENÂNCIO


OAB/PR nº 123.456 OAB/PR nº 789.100

TESTEMUNHAS:
TAIS, brasileira, solteira, portadora da cédula de identidade RG nº 99.999.999-9,
inscrita no CPF nº 999.999.999-99, residente e domiciliada na Rua Cerejeiras, nº 99, centro,
na comarca de Rolândia/PR, telefone (43) 9 9999-9999.

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