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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO TITULAR DE POLÍCIA DO ____º

DISTRITO DE POLICIA DE SÃO PAULO.

ORLANDO DE OLIVEIRA BORCA JUNIOR, pessoa física,


regularmente inscrito no CPF/MF sob n° 248.937.618-70, portador do RG n°
25.571.049-5, domiciliado na Rua Professor Castro Pereira, n° 262, Casa Verde, São
Paulo, SP, CEP. 02523-010, neste ato por seus procuradores, vem respeitosamente perante
Vossa Senhoria, com fulcro no art. 4º e seguintes, e 5º § 3o do Código de Processo Penal,
requerer

INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL

À fim de que seja apurada infração penal praticada, em tese, por

1. LENI RIBEIRO, brasileira, Construtora, portadora do RG sob n°


7.879.950 e inscrita no CPF/MF sob n° 686.048.828-04.

Sócios da sociedade despersonificada “JOVARAHÚ IMÓVEIS”,


instalada na Av. Itaberaba, n° 704, São Paulo, CRECI. 76.272.

2. RAFAEL CARDOSO JOÃO, brasileiro, portador do


Documento de Identidade RG n.º 20.597.334-6, inscrito no
CPF/MF sob o n.º 264.510.478-99 e no CRECI/SP n.º 76,272,
localizado na Rua Monjolo, 46, Jardim Monjolo, São Paulo – SP,
CEP 02961-070;

3. JOSÉ JOÃO, brasileiro, portador do Documento de


Identidade RG n.º 5.970.443, inscrito no CPF/MF sob o n.º
471.273.688-72 e no CRECI/SP n.º 30.893, localizado na
Rua Monjolo, 46, Jardim Monjolo, São Paulo – SP, CEP
02961-070;

4. ANDRÉ CARDOSO JOÃO, brasileiro, portador do


Documento de Identidade RG n.º 20.596.638, inscrito no
CPF/MF sob o n.º 176.914.888-40, localizado na Rua
Comendador Cezar Alfieri, 146, apto. 191, Bloco B, Ed.
Coimbra, Parque São Luís, São Paulo – SP, CEP 02840-130;
5. VIVIANE GUIDA, brasileira, portadora do Documento de
Identidade RG n.º 28.235.164-4, inscrita no CPF/MF sob o
n.º 273.851.398-09, localizada na Rua Comendador Cezar
Alfieri, 146, apto. 191, Bloco B, Ed. Coimbra, Parque São
Luís, São Paulo – SP, CEP 02840-130;

Pelos fatos abaixo transcritos:

DOS FATOS

Em julho de 2013 os requerente firmou contrato de compra e


venda dos seus respectivos imóveis unidade n 31 do empreendimento a ser construído,
denominado “ED RESIDENCIAL GABRIEL”, localizado à Rua Antônio Pires, 579, A,
no 4º Subdistrito de Freguesia do Ó, constituído de 02 (dois) dormitórios, sala, cozinha,
lavabo, quintal tendo área privativa de 55,00m2, inscrita no cadastro municipal da
Prefeitura de São Paulo sob n° 076.117.0003-0, em área maior ora designado
simplesmente UNIDADE 31.

Para a aquisição do referido imóvel o preço acertado foi de R$


85.000,00 (oitenta e cinco mil), onde foram pagos da seguinte forma:

1. R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil), representado pela quitação


do valor compactuado no recibo de atualização de entrada e
pagamento, do instrumento anterior, aqui descrito como R$
20.000,00 (vinte mil reais) pagos como entrada, R$ 3.000,00
(três mil reais) referente ao pagamento de 6 (seis) parcelas no
valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) e R$ 12.000,00 (doze mil
reais) referente a juros, correção monetária e multa
indenizatória.

2. R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) na data de assinatura do


contrato, representados pelos cheques administrativos de n°
001802, n° 001801 e n° 001800, do Banco Citybank.

Depois de acertado o contrato (com seus requisitos legais) e


financiarem os imóveis diretamente com a imobiliária e construtora, o requerente
aguardou a entrega da propriedade, visto que os imóveis foram adquiridos na planta
(documentos comprobatórios em anexo), com previsão de entrega de 14 meses
(setembro de 2014).
Findo o prazo de entrega, o requerente obteve a notícia que
devido a problemas com um suposto embargo da obra, a data de entrega do imóvel seria
prorrogada, tendo como novo prazo de entrega o mês de julho de 2015.

Assim não tendo outra alternativa, o requerente aceitou o atraso,


e permaneceu aguardando a conclusão da obra.

Todavia, os meses foram se passando e as obras no local não


avançaram.

Inicialmente o autor pensou que se tratava apenas de um


desacerto comercial, porém ao passar dos dias, descobriu que diversas pessoas estavam
sendo lesada, no referido empreendimento, bem como em outros empreendimento pelos
acusados, como conseguimos constatar através dos processos n° 1001659-
45.2015.8.26.0020, n° 1001120-16.2014.8.26.0020, n° 0051122-14.2014.8.26.0050, n°
0042640-64.2013.8.26.0001 e n° 0089708-57.2013.8.26.0050.

Portanto, Douto Delegado, os ora acusados, valendo-se de meio


ardiloso induziram o requerente ao erro e a permanecer nele, obtendo vantagem ilícita,
consistente em vender imóvel que sabiam que não ia existir, restando patente o dolo dos
acusados.

Destaca-se que facilmente constatamos o desígnios comum entre


os requeridos, em associar-se para cometer diversos delitos.

Portanto, Douto Delegado, os ora acusados, valendo-se


associação criminosa em número maior de 3 pessoas, para o fim específico de cometer
crimes" (CP, art. 288, caput), bem como utilizaram meios ardilosos para induzir e
manter o requerente ao erro, de modo a obter vantagem ilícita, ocasionando um prejuízo
para o requerente estimado em R$ 85,000,00 (oitenta e cinco mil reais).

DO DIREITO

O acusado encontra-se incurso no crime de estelionato - art.


171/CP, uma vez que tiraram vantagem em detrimento alheio, na modalidade fraude na
entrega da coisa, VERBIS.

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em


prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil
réis a dez contos de réis.

Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que


deve entregar a alguém;

O crime de estelionato exige quatro requisitos, obrigatórios para


sua caracterização: 1) obtenção de vantagem ilícita; 2) causar prejuízo a outra pessoa;;
3) uso de meio de ardil, ou artimanha, 4) enganar alguém ou a levá-lo a erro – todos
esses requisitos encontram-se presentes no caso em questão.

Cezar Roberto Bitencourt ao tratar sobre o tema afirma que:

A ação tipificada é obter vantagem ilícita (para si ou para


outrem), em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio
fraudulento. A característica fundamental do estelionato é a
fraude, utilizada pelo agente para induzir ou manter a vítima em
erro, com a finalidade de obter vantagem patrimonial ilícita. No
estelionato, há dupla relação causal: primeiro, a vítima é
enganada mediante fraude, sendo esta a causa e o engano o
efeito; segundo, nova relação causal entre o erro, como causa, e
a obtenção de vantagem ilícita e o respectivo prejuízo, como
efeito. Na verdade, é indispensável que a vantagem obtida, além
de ilícita, decorra de erro produzido pelo agente, isto é, que
aquela seja consequência deste. Não basta a existência do erro
decorrente da fraude, sendo necessário que da ação resulte
vantagem ilícita e prejuízo patrimonial. Ademais, à vantagem
ilícita deve corresponder um prejuízo alheio (grifos nossos).
(BITENCOURT, Cezar Roberto. Código penal comentado, 9ª
edição. Saraiva, 8/2015. [Minha Biblioteca]).

Restam evidentes que os comportamentos perpetrados pelos


acusados são de estelionatários, pois suas atitudes refletem de modo fidedigno aqueles
comportamentos previstos no caput do art. 171 do Código Penal e também no seu inciso
IV.

De acordo ainda Cezar Bittencourt quando trata da modalidade


fraude na entrega da coisa: “A ação tipificada é defraudar
(trocar, adulterar, alterar). A fraude deve ter por objeto a
substancia (essencial), qualidade (espécie) ou quantidade
(número, peso ou dimensão). O sujeito ativo deve ter a
obrigação de entregar a coisa (obrigação legal, judicial ou
contratual). Substancia é a matéria ou essencial que compõe
alguma coisa; qualidade é o atributo ou propriedade de algo;
quantidade é a medida de qualquer coisa”.

De mais a mais, ressaltamos que dentro do “modus operandi”,


os acusados se associaram em mais de três pessoas com o fim especifico de cometer
crimes, violando com esta conduta o art. 288, caput do Código Penal:

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim


específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº
12.850, de 2013) (Vigência)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

O crime de associação criminosa consiste no fato de


"associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes"
(CP, art. 288, caput). São dois os elementos que integram o delito: (1) a conduta de
associarem três ou mais pessoas; (2) para o fim específico de cometer crimes.

Como bem observa Rogério Greco, "para que se configure o


delito de associação criminosa será preciso conjugar seu caráter de estabilidade,
permanência, com a finalidade de praticar um número indeterminado de crimes. A
reunião desse mesmo número de pessoas para a prática de um único crime, ou mesmo
dois deles, não importa no reconhecimento do delito em estudo"

No presente caso, facilmente visualizamos a união estável dos


acusados, visto que respondem diversos processos cíveis e criminais, sempre agindo
com o mesmo “modus operandi”, lesando diversas pessoas como relatado nos
processos n° 1001659-45.2015.8.26.0020, n° 1001120-16.2014.8.26.0020, n° 0051122-
14.2014.8.26.0050, n° 0042640-64.2013.8.26.0001 e n° 0089708-57.2013.8.26.0050.

Os acusados com seus comportamentos praticaram de modo


inescusável o crime de Estelionato e a associação criminosa, devendo eles ser indiciados
por tal crime. Como a ação o penal é pública incondicionada requer-se que depois de
investigado o crime e ouvido os acusados, seja a investigação remetida ao Ministério
Público para que parquet ofereça a devida denúncia junto ao Poder Judiciário.

DOS PEDIDOS

Ante a todo o exposto, requer-se a instauração de Inquérito


Policial em face de:
1 LENI RIBEIRO, brasileira, Construtora, portadora do RG sob
n° 7.879.950 e inscrita no CPF/MF sob n° 686.048.828-04 e
RAFAEL CARDOSO JOÃO, brasileiro

Sócios da sociedade despersonificada “JOVARAHÚ IMÓVEIS”,


instalada na Av. Itaberaba, n° 704, São Paulo, CRECI. 76.272.

2 RAFAEL CARDOSO JOÃO, brasileiro, portador do


Documento de Identidade RG n.º 20.597.334-6, inscrito no
CPF/MF sob o n.º 264.510.478-99 e no CRECI/SP n.º 76,272,
localizado na Rua Monjolo, 46, Jardim Monjolo, São Paulo – SP,
CEP 02961-070;

3 JOSÉ JOÃO, brasileiro, portador do Documento de


Identidade RG n.º 5.970.443, inscrito no CPF/MF sob o n.º
471.273.688-72 e no CRECI/SP n.º 30.893, localizado na
Rua Monjolo, 46, Jardim Monjolo, São Paulo – SP, CEP
02961-070;

4 ANDRÉ CARDOSO JOÃO, brasileiro, portador do


Documento de Identidade RG n.º 20.596.638, inscrito no
CPF/MF sob o n.º 176.914.888-40, localizado na Rua
Comendador Cezar Alfieri, 146, apto. 191, Bloco B, Ed.
Coimbra, Parque São Luís, São Paulo – SP, CEP 02840-130;

5 VIVIANE GUIDA, brasileira, portadora do Documento de


Identidade RG n.º 28.235.164-4, inscrita no CPF/MF sob o
n.º 273.851.398-09, localizada na Rua Comendador Cezar
Alfieri, 146, apto. 191, Bloco B, Ed. Coimbra, Parque São
Luís, São Paulo – SP, CEP 02840-130;

Para averiguação do crime de estelionato e de associação


criminosa.

Requer-se, ainda, a realização todos os meios de prova que o


Ínclito Delegado achar necessário para a formação da "opinio delicti".
Requer-se, por derradeiro, o posterior encaminhamento do
Inquérito Policial à autoridade judiciária a fim de que possa ser oferecida a denúncia
pelo Digno e Ilustre Membro do "Parquet", a fim de movimentar-se o "jus persequendi
in juditio".

Nestes Termos;

Pede Deferimento.
São Paulo, 07 de Agosto de 2018.

Daniel Tadeu Costa da Rocha


OAB/SP 363.167
RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE DE FATO E RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA E ILIMITADA DOS SÓCIOS

A ausência de instrumento de Contrato Social, devidamente


registrado, não impede o reconhecimento da existência da sociedade de fato.

As sociedades, cuja existência não se prova por escrito, são


sociedades de fato, que se provam pelos fatos, e não pelo instrumento de contrato,
conceito este, extraído da lição do memorável jurista Clóvis Bevilaqua (Código Civil
dos Estados Unidos do Brasil, Obrigações, tomo 2, 3ª edição, Vol. V, SP, pág. 119).

Muito se discute sobre os meios de prova da existência da


sociedade de fato, existindo previsão legal no Código Civil de 2002, especificamente no
artigo 987, que dita:

“Artigo 987: Os sócios, nas relações entre si ou com


terceiros, somente por escrito podem provar a existência da
sociedade, mas os terceiros podem prova-la de qualquer modo.”
Grifo Nosso

Os artigos 986 a 990 do Código Civil, regulam a relação entre os


sócios da sociedade em comum e entre estes e terceiros, estabelecendo que a
solidariedade dos sócios é solidária e ilimitada.

Ainda, por meio de suas pesquisas, os Requerentes verificaram


que já houve a Pessoa Jurídica Imobiliária Javorahú, esta em nome do Sr. José João,
mas teve suas atividades encerradas no ano de 2004 (Doc. Anexo).

Ademais, como já informado, os Requeridos continuam


atendendo no mesmo número de telefone, ainda como Imobiliária Javorahú, somente
com endereço diverso, qual seja, na Rua Monjolo, 46, e os Requeridos José, Rafael e
Renata continuam apresentando imóveis, além de a Sra. Emília continuar dando
informações acerca de imóveis e desculpas quanto a não devolução de valores.

In fine, os Requeridos ainda obtiveram a informação que no


Contrato de Locação de onde se encontrava a Imobiliária Javorahú contavam como
Locadores os Requeridos André, Raquel e como fiadora a Sra. Viviane.
Referente ao informado contrato de Locação, os Requeridos
sofreram uma Ação de Despejo (Proc. N.º 0704597-91.2012.8.26.0020, 1ª vara Cível do
Fórum Regional da Freguesia do Ó), provando mais uma vez a Sociedade de Fato.

Dessa forma, está mais que provada a formação da Sociedade,


sendo ela de fato, além de todos os Requeridos terem responsabilidade ilimitada e
solidária diante dos fatos da presente ação.

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