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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE
PRUDENTÓPOLIS – PARANÁ
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I. DOS FATOS:
Diante de tal questionamento, Jane ficou perplexa e confusa, pois ela era a
filha mais velha da dona Maria Lucia...
Ao levar à sua mãe o pitoresco fato, no mesmo momento, dona Maria Lucia
entrou em verdadeiro pânico e crise de choro com o questionamento levado pela filha.
Nesse momento, Jane percebeu que o que aquele senhor havia falado para ela tinha, de
fato, algum fundamento.
PROJUDI - Processo: 0002358-87.2020.8.16.0139 - Ref. mov. 1.6 - Assinado digitalmente por Antonio Marcos Penteado de Carvalho
08/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial
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Após algum tempo, dona Maria Lucia se acalmou e pode narrar a sua filha a
história ocorrida no ano 1972, quando do nascimento de Jane.
Dona Maria Lucia deu à luz a uma menina, no dia 08 de junho do ano de
1972, no Hospital São Vicente de Paulo, na cidade de Guarapuava – PR, assim como
corrobora a certidão de nascimento anexa. Foi um parto difícil. O bebê precisou ser retirado
com o auxílio de fórceps.
Logo após seu nascimento, a equipe médica mostrou a bebê a dona Maria,
que visualizou uma manchinha – não se sabe se de nascimento ou decorrente do uso de
fórceps – na região da testa na criança. Logo, aquela menininha fora levada ao berçário do
hospital, e lá permaneceu até que a equipe médica pudesse reestabelecer dona Maria, para
amamentar sua filha.
Após tal espera, fora trazida Jane à dona Maria, que no mesmo momento
estranhou-a, pois aquela menininha não possuía a manchinha e não guardava semelhança
com a criança mostrada a ela primeiramente.
Nesse momento, dona Maria disse “Esse neném não é o meu!”, o que
causou muita estranheza aos presentes, inclusive ao marido de dona Maria, o finado João
Pacheco que, desacreditado no que a recém-parturiente afirmou, disse “não fale bobagens
mulher, você está louca?”, acreditando ser impossível a troca de bebês no berçário de um
hospital.
Ainda, dona Maria questionou a então equipe médica que estava presente,
a qual falou que é impossível, que aquele neném era o mesmo que dona Maria pariu.
Assim, a jovem mãe, acreditando que estava enganada e que aquele neném
era realmente a mesma que trouxera ao mundo, foi para casa e seguiu com sua vida,
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08/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial
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notando que no pulso da recém-nascida Jane Marilda, estava com uma fitinha, feita de
esparadrapos, onde estava escrito o nome “Abegail”, o que dona Maria pensou – por ser
muito jovem na época, “mãe de primeira viagem”, e não ter conhecimento de
determinados procedimentos – que esse era o nome da cuidadora do berçário.
Dona Maria entrou em total desespero... Após isso, durante muito tempo
ela foi ao Hospital São Vicente apresentando tais informações – de que a primeira filha veio
com uma fitinha com o nome “Abegail” e o segundo filho com a mesma fitinha, mas com o
nome “Maria Lucia” – mas nunca fora levara em consideração seus argumentos e dona
Maria fora considerada insana, até mesmo por seus familiares, que jamais acreditaram em
história tão fantasiosa.
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Assim, sem poder confirmar se Jane era de fato filha biológica de dona
Maria e seu João Pacheco – posto que o exame de DNA fora inventado no ano de 1985 nos
EUA, e importado de lá para cá somente na metade dos anos 90, tendo um custo de
aproximadamente R$ 10.000,00 (dez mil reais) na época, o que representava uma pequena
fortuna, tendo em vista que naquele tempo o salário mínimo era de apenes R$ 64,79
mensais –, bem como, o fato de a família estar na eminencia de considera-la louca, a
primeira requerente suprimiu aquela história e jamais mencionou tais fatos para sua filha,
Jane Marilda, até que esse senhor a questionou sobre o fato, em abril desse ano.
Desta feita, após Jane tomar conhecimento de tais fatos, sugeriu a sua mãe
a realização de um teste de DNA. Dona Maria, que não entende ao certo de que se trata
esse exame, pediu maiores explicações a Jane e concordou em fazê-lo.
Excelência, Jane tinha vontade de fazer esse exame somente para dizer a
sua mãe que é, de fato, filha biológica de dona Maria, mas infelizmente o resultado não foi
o esperado... Assim como comprova-se pelo anexo, dona Maria e Jane não possuem
vínculos genéticos.
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Assim, no dia 13 de junho de 2019, a Autora Jane Marilda acompanhada
desse procurador, dirigiram-se ao Hospital São Vicente de Paulo para uma reunião com a
diretoria da Instituição, olvidando a realização de uma triagem de quais foram os
nascimentos naquele dia, e se naquela ocasião, o Hospital recebeu uma parturiente de
nome “Abegail”.
https://www.facebook.com/watch/?v=232302107785767
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em contato via facebook com a Autora Jane Marilda e relataram as “coincidências”,
posto que Edenir nasceu no hospital São Vicente no mesmo dia que Jane Marilda, e o
nome de sua mãe é Abegail, assim como constava na pulseirinha de esparadrapos em
que a Autora Jane Marilda veio para sua casa ao nascer.
https://www.facebook.com/watch/?v=195441961693579
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Segue o link da reportagem:
https://www.youtube.com/watch?v=7NKKBymgIK4&fbclid=IwAR3FTgPI-
5if6FrIYI_I5HornDLiItLbq2fz5O64E0QP2E28KCFeiCksYFE
Edenir JAMAIS conhecerá seu pai biológico, pois o Senhor João Pacheco é
falecido há alguns anos. Esse é um dano irreparável, e somente quem não tem pai ou mãe
tem condições de mensurar.
Os genitores Abegail, Maria Lucia e Afonso não tiveram o prazer de ver suas
filhas biológicas crescerem, casarem, terem filhos. De fato, dona Abegail e seu Afonso
criaram Edenir como se filha fosse, e dona Maria Lucia e seu João criaram Jane Marilda
também com muito amor e carinho, apesar da latente desconfiança nutrida por dona Maria
Lucia, mas depois desses acontecimentos, como fica o sentimento dessas pessoas?
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da vida de uma pessoa, não voltarão a ser crianças para conviver desde tenra idade com
seus avós biológicos e construírem as histórias mais doces e ternas de nossas vidas. A
vida/convívio de duas famílias não será mais a mesma.
Desta feita, esses são os fatos que levam os Autores a socorrerem-se diante
das portas do Poder Judiciário, clamando pela reparação dos danos causados pela
Requerida, mesmo que dinheiro algum no mundo repare todas as feridas causadas por esse
infeliz acontecimento.
Neste mesmo sentido, Maria Helena Diniz estabelece o dano moral como
“a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo ato
lesivo”. (DINIZ, 2003, p. 84).
PROJUDI - Processo: 0002358-87.2020.8.16.0139 - Ref. mov. 1.6 - Assinado digitalmente por Antonio Marcos Penteado de Carvalho
08/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial
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O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, ao conceituar o dano moral
assevera que:
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“É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a
dignidade, intimidade, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da
Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame
e humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359).
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Art. 5º (...)
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
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Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
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CIVIL. PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL INDENIZAÇÃO.
TROCA DE RECÉM-NASCIDOS EM MATERNIDADE ADMINISTRADA PELA UNIÃO.
NEXO DE CAUSALIDADE. REALIZAÇÃO DO EXAME DE DNA. VALOR DA
INDENIZAÇÃO, QUE SE REDUZ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO.
PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO QUE SE REJEITA. GRATUITADE DA JUSTIÇA,
MANTIDA. APELAÇÕES DOS AUTORES E DA UNIÃO PROVIDAS PARCIALMENTE.
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FIXAÇÃO DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO MONETÁRIA. PARCIAL
PROVIMENTO À REMESSA OFICIAL. 1. Rejeita-se a prejudicial de prescrição para a
propositura da ação, tendo em vista que os autores tiveram conhecimento de que
efetivamente não desfrutaram da convivência de seus pais e mães biológicos, ao
longo de toda uma vida, somente a partir de 30.08.2006, com a elaboração do
laudo de exame de DNA, razão por que não está atingida pelo lapso prescricional
a pretensão deduzida em 27.07.2008, aplicando-se, na espécie, o art. 1º do
Decreto n. 20.910/1932. 2. É descabida a pretensão de se aplicar, na espécie,
legislação já revogada. Apesar dos lamentáveis acontecimentos terem ocorrido
no distante ano de 1965, a certeza quanto à efetiva troca das recém-nascidas
somente ficou esclarecida no ano de 2006, com a realização do já aludido exame
de DNA que, aliás, em anos pretéritos, sequer existia. O evento danoso, assim,
somente se concretizou sob a vigência da Constituição Federal de 1988 e do
Código Civil de 2002. 3. Ademais, a correta filiação de Deolinda Tomaz de Brito e
de Maria Luiza Almeida Coelho foi declarada judicialmente nos Processos ns.
022657/2006 e 022656/2006, conforme se extrai das sentenças que instruem a
lide, datadas de 05.11.2007. 4. O fato de que as autoras nasceram na
Maternidade Mãe Luzia que, na ocasião era administrada pela União, está
demonstrado à saciedade pelos depoimentos das testemunhas, que não foram
contraditadas pela ré. 5. Incide, na espécie, pois, o disposto no art. 37, § 6º, da
Constituição Federal, diante da responsabilidade objetiva do ente público pela
nítida falha na prestação do serviço, que resultou no lamentável episódio, sem
dúvida nenhuma, de consequências marcantes na vida das partes envolvidas. 6.
Hipótese, todavia, em que os montantes arbitrados, R$ 350.000,00 (trezentos e
cinquenta mil reais) em favor da autora Maria Luiza Almeida Coelho e R$
250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) em favor dos demais autores,
afiguram-se excessivos, razão pela qual são reduzidos para R$ 200.000,00
(duzentos mil reais), para cada um dos autores, e que, diante das circunstâncias
do caso, mostra-se razoável para reparar o gravame sofrido. 7. Os juros de mora
devem incidir sobre o valor da condenação, nos termos preconizados pelo art. 1º-
F da Lei n. 9.494/1997, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, segundo o
índice de remuneração da caderneta de poupança, e a correção monetária,
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08/10/2020: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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mediante a aplicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E),
em sintonia com o julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no RE n.
870.947/SE (Relator Ministro Luiz Fux, DJe de 20.11.2017). 8. A incidência dos
juros de mora, na espécie, deve ser feita em consonância com os ditames da
Súmula n. 54 do Superior Tribunal de Justiça, a partir do evento danoso. 9. A
correção monetária deverá incidir a partir do arbitramento (AC n. 0021403-
94.2004.4.01.3500/GO, Relator Desembargador Federal João Batista Moreira, e-
DJF1 de 06.09.2013, p. 318). 10. Este Tribunal, em diversas oportunidades, firmou
o entendimento de que a parte que aufere renda inferior a 10 (dez) salários
mínimos tem o direito de litigar sob o pálio da justiça gratuita. 11. Apelações dos
autores e da União, parcialmente providas. Remessa oficial, provida em parte,
apenas para fixar os critérios de incidência dos juros de mora e da correção
monetária.
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III. DA CONCESSÃO DE JUSTIÇA GRATUITA:
Neste caminho, por não poder arcar com as custas do processo, a Lei
1.060/50 garante a assistência judiciária aos Requerentes:
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Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples
afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar à
custa do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua
família.
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IV. DOS PEDIDOS:
Nesses termos,
Pede deferimento.