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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

05/02/2021

Número: 0800572-35.2021.8.10.0000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 1ª Câmara Criminal
Órgão julgador: Gabinete Des. Antonio Fernando Bayma Araujo
Última distribuição : 21/01/2021
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Prisão Preventiva
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
WILLAME RAFAEL MAIA LOPES (PACIENTE) JULIANA COSTA SERENO SILVA (ADVOGADO)
LUCAS COSTA DA SILVA (ADVOGADO)
ANTONIO CESAR DIAS DA SILVA FILHO (ADVOGADO)
2ª Vara Criminal da Comarca de Bacabal/MA (IMPETRADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
90422 19/01/2021 16:52 00. Habeas Corpus Documento diverso
29
MERITÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO

RÉU PRESO
Inquérito Policial nº 19/2021
Auto de Prisão em Flagrante – 16ª Regional de polícia Civil – 1º Distrito Policial
Autos de origem nº 000044-59.2021.8.10.0024
Autoridade coator: 2º Vara Criminal da Comarca de Bacabal/MA

O advogado ANTONIO CESAR DIAS DA SILVA FILHO, brasileiro, união


estável, inscrito na OAB/MA sob nº. 16.713 e LUCAS COSTA DA SILVA, brasileiro, casado,
inscrito na OAB/MA sob o nº 22.097, (Doc. 1 – Procuração), com escritório profissional
situado na Rua Av. José Olavo Sampaio, nº 22, Centro, Presidente Dutra, MA, Cep: 65760-
000, E-mail: cesarfilhodias.adv@gmail.com, respeitosamente, vem à presença de Vossa
Excelência impetrar:

ORDEM DE HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO


COM PEDIDO DE LIMINAR

em favor do nacional WILLAME RAFAEL MAIA LOPES, brasileiro, convivente,


portador da cédula de identidade nº 035172892008-0 SSP/MA e CPF nº 016.775.883-73,
residente e domiciliado na Travessa Teixeira Freitas, 254, Centro, Bacabal, Cep: 65700-000
Doc. 3, objetivando demonstrar a ilegalidade da atual prisão do Paciente no processo n°
000044-59.2021.8.10.0024, tramitando na 2ª Vara Criminal da Comarca de Bacabal/MA.

O impetrante arrima-se nos dispositivos previstos no art. 5º, LXVIII, da


Constituição Federal, nos artigos 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal e, ainda,
nos relevantes motivos de fato e de direito adiante aduzidos.

Nestes termos, pede o processamento do feito.

De Presidente Dutra/MA para São Luís/MA, 19 de janeiro de 2021.

ANTONIO CESAR DIAS DA SILVA FILHO LUCAS COSTA DA SILVA


OAB/MA 16.713 OAB/MA 22.097

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Avenida José Olavo Sampaio, nº 22-A, Centro, Presidente Dutra/MA, Cep: 65760-000, E-mail:
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Número do documento: 21011916501701500000008663143
Sumário

1. RESUMO DA PRISÃO......................................................................................................................................... 2

2. ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA......................................................................................................................... 3

3. DA LIMINAR ...................................................................................................................................................... 11

4. DA POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR MEDIDA CAUTELAR


ALTERNATIVA................................................................................................................................................... 12

5. DAS CONCLUSÕES - Coação Ilegal .......................................................................................................... 14

6. DAS POSTULAÇÕES ....................................................................................................................................... 14

1. RESUMO DA PRISÃO

O Paciente foi preso em sua residência, supostamente, em flagrante delito sob a


alegação de que teria cometido os crimes tipificados no art. 121, §2º, II, c/c art. 14, II, ambos
do Código Penal, sob a conduta de Tentativa de Homicídio Qualificado.

Consta na peça de Ocorrência nº 19/2021 conforme Doc. 4, emitida 16ª Regional de


polícia Civil – 1º Distrito Policial, que fora solicitado apoio da Polícia Militar para acompanhar
ocorrência de tentativa de homicídio mediante disparo de arma de fogo, no local Conhecido
como Bar Caipirinha no centro cultural de Bacabal.

Ao chegar no local os policiais se depararam com a informação de que haviam 2


(duas) supostas vítimas, Sr. ANTONIO KASSIO OLIVEIRA SILVA e EVANDRO RODRIGUES
MONTEIRO, que foram encaminhadas ao Hospital Municipal de Bacabal.

O Paciente encontrava-se nas proximidades do local do fato, e quando do momento


de sua prisão enfatizou que agiu em legítima defesa de sua vida, não esboçando nenhuma
reação quando da sua prisão.

Dada voz de prisão, o Paciente foi encaminhado à delegacia onde prestou seu
depoimento, conforme Doc. 05 – Depoimento do Paciente na Delegacia.

Pelo que podemos denotar do depoimento da Suposta Vítima ANTONIO KASSIO, o


mesmo foi em direção do Paciente, pois segundo seu depoimento, este foi tomar satisfação
do motivo de o Paciente estar olhando para ANTONIO KASSIO, momento em que travaram
luta corporal, e houve o alvejamento por único disparo da suposta vítima, Doc. 06 –
Depoimento de ANTONIO KASSIO.

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Pelo que se extrai na peça do Inquérito, NOS DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS
que presenciaram o fato Docs. 07, verificamos os seguintes contextos:

• A suposta vítima foi quem procurou o Paciente para tomar satisfações;


• A suposta vítima foi quem iniciou a agressão contra o Paciente;
• Fora efetuado um único disparo contra a suposta vítima Antonio Kassio;
• Houve a agressão de vários indivíduos contra o hora Paciente;
• A Suposta vítima Antonio Kassio, possui histórico de brigas na cidade de Bacabal.

Respeitável julgador, apesar deste remédio constitucional não discutir o mérito


do delito em comento, as ponderações hora destacadas, torna-se imprescindíveis para
melhor contextualização dos fatos que trata este Habeas Corpus.

Em ato contínuo, fora Lavrado Auto de Prisão em Flagrante e, em decorrência do


estado atual de Pandemia enfrentado, não foi realizada audiência de Custódia.

Nesta oportunidade, o parquet requereu a conversão da prisão em flagrante em


preventiva, utilizando-se como embasamento da gravidade do delito.

Por fim, a autoridade coatora entendeu por converter a prisão em flagrante em


preventiva Doc. 08 – Ato Coator, alegando que existe materialidade e indícios suficientes de
autoria, apontando a gravidade do delito, sendo importante ressaltar que em momento
algum fora apresentado um fundamento concreto que justificasse a necessidade da
segregação cautelar, bem como não restou analisada a possibilidade de aplicação das
demais medidas cautelares diversas da prisão em patente afronta ao artigo 282, §6º do
Código de Processo Penal.

Posto os fatos, em que pese a respeitável decisão da autoridade coatora, não


satisfeito com a referida decisão, vem propor o presente remédio constitucional com o fim
de cassar este ato de constrangimento ilegal que se impõe ao Paciente.

2. ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

2.1 - DA ILEGALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. DA INEXISTÊNCIA DOS


PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA PRISÃO CAUTELAR. DA AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. DA NÃO ANÁLISE DAS DEMAIS MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO

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Nota-se que o motivo que determinou a prisão preventiva do Paciente foi a
necessidade de garantir a ordem pública, tendo a autoridade coatora se amparado,
sobretudo, na 'gravidade concreta' da infração por ter o fato sido praticado em local público.

Posto isto, verifica-se que o decreto de prisão preventiva expedido pela


autoridade coatora mostra-se totalmente desprovido de qualquer fundamentação válida.
Assim se posicionou o ilustríssimo magistrado do, em Decisão Interlocutória, Doc. 08 - Ato
Coator, Processo n° 000044-59.2021.8.10.0024:

DECISÃO

A autoridade policial encaminha a este Juízo o presente Auto de Prisão em flagrante, lavrado em
desfavor de Willame Rafael Maia Lopes, preso ante a suposta prática do delito capitulado no art.
121, § 2º, II c/c art. 14, ambos do Código Penal.

A comunicação veio instruída com depoimentos dos condutores, outra testemunha, interrogatório
do conduzido, registro fotográfico do flagranteado, exame de corpo de delito na pessoa do
flagranteado, nota de ciência das garantias constitucionais, comunicação à pessoa indicada pelo
preso e certidão de antecedentes.
O auto de prisão em flagrante foi recebido em 11.01.2021, às 17h59. Parecer ministerial subscrito em
11.01.2021, às 21h23, opinando pela homologação da prisão em flagrante com a sua posterior
conversão em prisão preventiva como medida de garantia da ordem pública.

Registro, por oportuno, que a figura do Juiz das Garantias, instituída pelo art.3º-B do CPP
(introduzido pela Lei n. 13.964/2019), a quem competiria receber a comunicação da prisão, examinar
a legalidade do ato e deliberar quanto a prisão cautelar, encontrase com sua eficácia suspensa por
liminar proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade ns. 6298, 6299, 6300 e 6305, de modo
que, procede-se com o exame do caso nos termos do Provimento n. 01/2020 da Corregedoria Geral
da Justiça do Estado do Maranhão.

Pois bem. Verifico, a princípio, a inexistência de vícios formais ou materiais que possam macular a
prisão ora comunicada, na medida em que a mesma veio instruída com as peças necessárias e
encaminhada dentro do prazo do art. 306 do CPP.

Quanto ao estado de flagrância, constata-se que a guarnição da polícia foi até o local dos fatos, onde
constaram a ocorrência dos delitos.

Resta, pois, caracterizado o estado de flagrância descrito no artigo 302, III, do Código de Processo
Penal (flagrante impróprio).

Diante do exposto, homologo o auto de prisão em flagrante de Willame Rafael Maia Lopes.

O Ministério Público representou pela decretação da prisão preventiva. O art. 310 do CPP, com
redação dada pela Lei n. 13.964/2019 e o art. 2º, §§4º e 5º, do Provimento 65/2020-CGJ estabelecem

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a possibilidade de realização de audiência de custódia por meio de sistema de videoconferência na
impossibilidade de sua realização de forma presencial em 24 horas.

Não obstante, o ofício n. 681/2020-UPRB, subscrito pela mesma autoridade, informa a ausência dos
requisitos técnicos exigidos no Provimento n. 65/2020-CGJ.

Ante o exposto, justifico a impossibilidade de realização de audiência de custódia na presente data,


diante da impossibilidade técnica e operacional para a apresentação do preso neste plantão
judiciário e a sua realização por sistema de videoconferência.

Após essas digressões, passo a deliberar sobre o pedido de prisão preventiva. O Ministério Público
assentou a satisfação de todos os requisitos legais para decretação da medida extrema.

O exame dos autos, revela que assiste razão ao Parquet.

O caso versa sobre crime de homicídio na forma tentada, o qual conta com pena máxima superior a
quatro anos (CPP, art. 313, I); há prova da materialidade e indícios de autoria pelos depoimentos
coligidos (CPP, art. 312).

Quanto ao periculum libertatis, na esteira do parecer ministerial, reputo-o caracterizado pela


gravidade dos delitos praticados pelo conduzido e sua repercussão, na medida em que muito
provavelmente voltará a delinquir, na medida em que se caracteriza franco prejuízo ao meio social.
Note-se que na certidão de antecedentes do flagranteado constam outras anotações. Estas
circunstâncias demonstram o receio de que, caso seja posto em liberdade, o conduzido poderá voltar
a delinquir; havendo, pois, necessidade de resguardo da ordem pública, sendo as demais medidas
cautelares insuficientes a tal mister.

Pelo exposto, calcado no art. 310, II, e art. 312 do CPP, na necessidade de garantia da ordem
pública, converto a presente prisão em flagrante em prisão preventiva1, ficando o flagranteado
Willame Rafael Maia Lopes, preso doravante sob esta modalidade custódia.

Dê-se ciência, por meios eletrônicos, à autoridade policial, ao detido e ao Ministério Público do teor
desta decisão.

Serve uma via da presente como ofício, mandado de prisão preventiva e de intimação.
Após, aguardar o Inquérito Policial.

1
... Em vista da natureza excepcional da prisão preventiva, somente se verifica a possibilidade da sua
imposição quando evidenciado, de forma fundamentada e com base em dados concretos, o
preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal –
CPP. Devendo, ainda, ser mantida a prisão antecipada apenas quando não for possível a aplicação de medida
cautelar diversa, nos termos do previsto no art. 319 do CPP. ... HC 0162050-52.2019.3.00.0000 PE
2019/0162050-0 – (https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1101087885/habeas-corpus-hc-514171-pe-
2019-0162050-0)

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Cumpra-se. JOAO PAULO MELLO Juiz - Intermediaria 2ª Vara Cível da Comarca de Bacabal Matrícula
144162 Resp: 1504596

Sabemos que, as condições pessoais do indivíduo por si só, não tem o condão
de desconstituir a custódia antecipada. Por outro lado, a simples argumentação e amparo
na gravidade do delito também não possui o condão de amparar uma medida de
segregação preventiva, ainda mais quando essa se configura como a ultima ratio do Direito
Penal.

Cumpre destacar que o decreto de prisão preventiva deve ser fundamentado


em alguma das hipóteses do Art. 312 do CPP, dentre as quais não se encontram “a
gravidade do delito”, expressões vazias de conteúdo utilizadas pela autoridade coatora.

A prisão preventiva tem a natureza de prisão cautelar e, por isso, apenas se


justifica ante a demonstração clara por parte do Magistrado de razões de cautela fundadas
em elementos concretos de convicção.

Com efeito, justificar a necessidade e legalidade dessa medida gravosa


utilizando como fundamento: “gravidade dos delitos praticados pelo conduzido e sua
repercussão, na medida em que muito provavelmente voltará a delinquir, na medida em que
se caracteriza franco prejuízo ao meio social”2 é totalmente desarrazoado para um decreto
prisional.

Nesse ínterim, apontar que tais fatos “Estas circunstâncias demonstram o


receio de que, caso seja posto em liberdade, o conduzido poderá voltar a delinquir; havendo,
pois, necessidade de resguardo da ordem pública, sendo as demais medidas cautelares
insuficientes a tal mister3”, também não é razoável para a imposição da medida extrema.

Ora, é inequívoco que a garantia da ordem pública permaneceu intacta, haja


vista o Paciente em momento algum se evadiu do local do fato, agiu em legítima defesa de
sua vida, não excedeu quando dos meios empregados, estava na eminência de ser linchado,
não provocou o início da briga com a suposta vítima4, vindo a se entregar sem maiores
obstáculos e, inclusive, contribuiu no esclarecimento dos fatos prestando informações
relevantes às autoridades, o que pode ser demonstrado pelo depoimento das
testemunhas no inquérito.

Além disso, de acordo com o princípio da não culpabilidade a reiteração


delitiva, bem como a proteção do meio social não devem ser presumidas, mas extraída
de fatos concretos o que não ocorreu no caso em tela.

2
Trecho da Decisão Coatora
3
Trecho da Decisão Coatora
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Depoimento das testemunhas
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Outro ponto importante a ser observado é que o clamor público, sobretudo
o prejuízo ao meio social, não constitui fundamentação idônea para o decreto da prisão
provisória.

Desse modo, com a máxima vênia, os argumentos lançados pela autoridade


coatora não são apoiados em dados concretos, não passando de meras ilações abstratas
que, sem dúvida, não se prestam a fundamentar um decreto de prisão preventiva,
independentemente da gravidade do delito imputado ao Paciente.

Outrossim, cabe registrar que certamente haverá discussão acerca de eventual


excludente de ilicitude (legítima defesa) a qual será esclarecida no momento oportuno.
Consigna-se, ainda, que o Paciente em seu interrogatório, extrajudicial, informou efetuou
um único disparo e que o outro disparo não se sabe ao certo se foi feito pelo Paciente
ou pela suposta Vítima quando do travamento da luta corporal entre ambos.

Sobre o caso aqui analisado, em situação semelhante a EXMA. SRA.


MINISTRA LAURITA VAZ no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 116.046 – PB5, em seu
voto sedimentou que:

A prisão preventiva, para ser legítima à luz da sistemática constitucional, exige que o
magistrado, sempre mediante fundamentos concretos extraídos de elementos constantes dos
autos (arts. 5.º, incisos LXI, LXV e LXVI, e 93, inciso IX, da Constituição da República), demonstre a
existência de prova da materialidade do crime e de indícios suficientes de autoria delitiva (fumus
comissi delicti), bem como o preenchimento de ao menos um dos requisitos autorizativos previstos
no art. 312 do Código de Processo Penal, no sentido de que o réu, solto, irá perturbar ou colocar em
perigo (periculum libertatis) a ordem pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a aplicação
da lei penal.

Além disso, de acordo com a microrreforma processual procedida pela Lei n.º 12.403/2011 e com os
princípios da excepcionalidade (art. 282, § 4.º, parte final, e § 6.º, do CPP), provisionalidade (art. 316
do CPP) e proporcionalidade (arts. 282, incisos I e II, e 310, inciso II, parte final, do CPP), a prisão
preventiva há de ser medida necessária e adequada aos propósitos cautelares a que serve, não
devendo ser decretada ou mantida caso intervenções estatais menos invasivas à liberdade
individual, enumeradas no art. 319 do CPP, mostrem-se, por si sós, suficientes ao acautelamento do
processo e/ou da sociedade.

No mesmo sentido, elencamos o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça em casos de Homicídio na Forma Tentada análogo ao do Paciente:

"PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO


PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS PARA MANTER A CONSTRIÇÃO CAUTELAR.

5
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/859832310/recurso-ordinario-em-habeas-corpus-rhc-116046-pb-2019-
0221519-7/inteiro-teor-859832320?ref=juris-tabs
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ALEGAÇÕES GENÉRICAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. OCORRÊNCIA. SUBSTITUIÇÃO POR
MEDIDAS CAUTELARES. PROPORCIONALIDADE.

1. In casu, o Magistrado singular não apontou indícios concretos de como o paciente teria
colocado em risco a ordem pública, tentado atrapalhar a instrução criminal ou se furtado à
aplicação da lei penal, embasando-se apenas na gravidade abstrata do delito.

2. Ordem concedida para revogar a prisão de Ricardo Emidio dos Santos Escocio sem o prejuízo da
aplicação de outras cautelas, que não a prisão, pelo Juízo processante ou de decretação da prisão
preventiva em hipótese de descumprimento de quaisquer das obrigações que vierem a ser impostas
ou de superveniência de motivos concretos para tanto."6

"HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO TENTADO. PRISÃO PREVENTIVA. ART. 312 DO CPP. PERICULUM
LIBERTATIS. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. ORDEM CONCEDIDA.

1. Para ser compatível com o Estado Democrático de Direito – o qual se ocupa de proteger tanto a
liberdade quanto a segurança e a paz públicas - e com a presunção de não culpabilidade, é
necessário que a decretação e a manutenção da prisão cautelar se revistam de caráter excepcional e
provisório. A par disso, a decisão judicial deve ser suficientemente motivada, mediante análise
da concreta necessidade da cautela, nos termos do art. 282, I e II, c/c o art. 312, ambos do
Código de Processo Penal.

2. Além de indicar, de modo genérico, a presença dos vetores contidos na lei de regência, a
gravidade abstrata do delito e os elementos intrínsecos ao próprio tipo penal - tentativa de
matar a vítima a facadas -, o Juízo de primeiro grau não mencionou nenhuma circunstância
dos autos a fim de justificar a exigência de colocar a ré cautelarmente privada de sua liberdade.

3. Ordem concedida para que a paciente possa responder a ação penal em liberdade se por outro
motivo não estiver presa, sem prejuízo da possibilidade de nova decretação da prisão preventiva,
desde que demonstrada a cautelaridade da constrição, ou de imposição de medida alternativa, nos
termos do art. 319 do CPP."7

Ressaltamos que este é o entendimento pacífico da 5ª e 6ª Turma do Superior


Tribunal de Justiça:

"[...] Para ser compatível com o Estado Democrático de Direito – o qual se ocupa de proteger tanto
a liberdade quanto a segurança e a paz públicas – e com a presunção de não culpabilidade, é
necessário que a decretação e a manutenção da prisão cautelar se revistam de caráter
excepcional e provisório. A par disso, a decisão judicial deve ser suficientemente motivada,

6
HC 504.558/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 06/08/2019, DJe
15/08/2019
7
HC 379.836/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe
11/05/2018
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mediante análise da concreta necessidade da cautela, nos termos do art. 282, I e II, c/c o art. 312 do
CPP [...]."8

"[...] A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se de caráter


excepcional em nosso ordenamento jurídico (art. 5º, LXI, LXV e LXVI, da CF). Assim, a medida,
embora possível, deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que
demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da
autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312 do Código de Processo
Penal. Exige-se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência dominante deste Superior
Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada em motivação
concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime. [...]."9

Também conjuminando com o entendimento pacífico do STF citamos o


entendimento do Tribunal de Justiça do Maranhão:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA.


GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. MEDIDAS
CAUTELARES. POSSIBILIDADE. IMPOSIÇÃO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Não obstante o magistrado tenha decretado a prisão preventiva do paciente com fulcro
na garantia da ordem pública, o mesmo utilizou-se de fundamentação inidônea para
fundamentar a necessidade do ergástulo.
2. A alegação de que a prisão do paciente mostra-se imprescindível para proteger a comunidade
do perigo que o mesmo representa, caso seja colocado em liberdade, mostra-se contraditória com
o próprio trecho da decisão onde consta que o acusado não possui antecedentes criminais.
3. O entendimento doutrinário e jurisprudencial é uníssono no sentido de que meras
conjecturas e ilações não constituem motivos ensejadores para decretação do ergástulo
cautelar.
4. O magistrado enfatizou a gravidade abstrata do delito, bem como a forma especialmente
violenta que marcou a sua execução, contudo, deixou de ponderar que o paciente cometera o
crime de homicídio após seu filho ter falecido em virtude de uma colisão de sua motocicleta com
o caminhão conduzido pela vítima.
5. O paciente não trata-se de criminoso contumaz, merecendo ser destacado que o crime lhe
imputado refletiu-se em um fato isolado na sua vida.
6. Plenamente possível a imposição das medidas cautelares previstas no art. 319, incs. III e IV, do
CPP, uma vez que tais medidas mostram-se suficientemente satisfatórias, diante das circunstâncias
que motivaram a prisão do paciente e das suas condições pessoais.
7. Ordem concedida. Unanimemente.10

8
RHC 100.760/GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe de
28/08/2018

9
(RHC 98.582/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/2018,
DJe de 29/08/2018.)
10
TJ-MA - HC: 0265592015 MA 0004625-05.2015.8.10.0000, Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO,
Data de Julgamento: 20/07/2015, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 22/07/2015

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Número do documento: 21011916501701500000008663143
PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO SIMPLES NA FORMA
TENTADA (ART. 121, CAPUT, C/C ART. 14, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL). AMEAÇA (ART. 147 DO
CÓDIGO PENAL). DECISÃO QUE DEFERIU CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA AO
RECORRIDO. PLEITO DE REFORMA PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA DO RECORRIDO.
IMPROCEDÊNCIA. REQUISITOS DO ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL NÃO
CARACTERIZADOS NA ESPÉCIE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA QUE SE IMPÕE.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. UNANIMIDADE.

1. Para a decretação da prisão preventiva necessário se mostra a presença dos requisitos


autorizadores constantes do art. 312 do Código Processo Penal, quais sejam, a demonstração
da materialidade, a presença de indícios suficientes de autoria, bem como o risco de ofensa à
ordem pública, à ordem econômica, ao regular andamento da instrução criminal ou para garantir
a aplicação da lei penal.

2. Não restando claramente evidenciado nos autos o risco concreto que a liberdade do recorrido
enseja à garantia da ordem pública, à ordem econômica, ao regular andamento da instrução
criminal ou à garantia da aplicação da lei penal, notadamente porque os delitos que lhe são
imputados se constituem em fatos isolados na vida do acusado, bem como por inexistir
demonstração de reiteração das atividades criminosas semelhantes às reportadas pelo Ministério
Público Estadual, desnecessária de mostra a decretação da prisão preventiva do recorrido, diante
da ausência dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, pelo que deve ser mantida a
decisão que deferiu seu pedido de concessão de liberdade provisória.

3. Recurso em Sentido Estrito conhecido e não provido. 11

Sendo assim, FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO destaca ponto


fundamental na matéria: o periculum libertatis, isto é, o risco à ordem pública e econômica,
à instrução criminal e à aplicação da lei penal deve estar demonstrado nos autos em
elementos concretos.

É preciso que dos autos ressuma prova pertinente a qualquer uma das circunstâncias referidas. E o
Juiz, então, no despacho que decretar a medida extrema, fará alusão aos atos apurados no processo
que o levaram à imposição da providência cautelar. Fatos concretos, e não suposições”. Acrescenta
o mestre que “nada vale” o “convencimento pessoal extra – autos. De nada vale a mera suposição, a
simples suspeita” (Código de Processo Penal Comentado, vol. 1. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
845 – 846).

Citando também os dizeres do professor AURY LOPES JÚNIOR:

A “conversão” da prisão em flagrante em preventiva não é automática e tampouco despida de


fundamentação. E mais, a fundamentação deverá apontar – além do fumus commissi delicti e o

11
TJ-MA - RSE: 00007036420168100082 MA 0530622016, Relator: TYRONE JOSÉ SILVA, Data de Julgamento:
08/05/2017, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 19/05/2017 00:00:00
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periculum libertatis – os motivos pelos quais o juiz entendeu inadequadas e insuficientes as medidas
cautelares diversas do art. 319, cuja aplicação poderá ser isolada ou cumulativa.12

O que resta claro no caso sub examine não fora preenchido, visto que para o
atendimento dos requisitos deveria ser comprovado o periculum in libertatis, o que em
momento algum fora justificado e devidamente comprovado nos autos, havendo sim, uma
fundamentação genérica e equivocada, alegando tão somente a gravidade do delito.

Ademais, cabe observar que em momento algum foram analisados pela


autoridade coatora de forma individualizada a possibilidade da aplicação de outras medidas
cautelares diversas da prisão. O douto Magistrado se limitou a constar que “Ante todas
as circunstâncias fáticas acima delineadas, as medidas cautelares alternativas à prisão
(art. 319, do CPP) não se mostram, por ora, suficientes e adequadas para acautelar os
bens jurídicos” partindo posteriormente para a conversão da prisão em flagrante em
preventiva.

Ora, as diversas medidas cautelares elencadas no artigo 319 do CPP são


plenamente adequadas e capazes de atingir o fim buscado pelo legislador que é a inclusão
desnecessária de pessoas ao cárcere. Nota-se que considerando todo o contexto dos fatos,
as medidas cautelares são suficientes para restringir os direitos do Paciente acompanhando
suas condutas, mas sem restringir a sua liberdade.

Assim, diante da clara ausência dos elementos que substanciam a necessidade


do recolhimento cautelar, notadamente da total ausência de fundamentos no decisum
mencionado, o Paciente não deve permanecer custodiado.

3. DA LIMINAR

Apesar da tramitação mais acelerada do remédio constitucional, não há


dúvidas de que o direito de liberdade do Paciente está sofrendo flagrante coação ilegal e
abusiva que precisa urgentemente ser cessada.

Porém, esperar todo o trâmite deste HC, que, da impetração até o julgamento,
flui um espaço de tempo, maior ou menor, na dependência da rapidez com que a
autoridade, apontada como coatora, preste as informações solicitadas e o Ministério Público
exare seu parecer, os atos cartoriais, representa um sofrimento ainda maior e injustificável
para o Paciente.

12
https://www.conjur.com.br/2019-out-11/limite-penal-juiz-nao-converter-flagrante-preventiva-oficio-
custodia

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Pelas razões de fundamento aqui expostas e considerando que a liberdade
é um direito inalienável, que não pode estar à mercê da morosidade judicial, bem como
ser um corolário constitucional à presunção de inocência, além de ser um direito do acusado
não ser privado da sua liberdade antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, e, sobretudo, por estarem demonstrados os requisitos necessários para a
concessão final da ordem do HC, requer seja concedida liminar para o fim de obstar a
prisão preventiva do ora Paciente.

4. DA POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR


MEDIDA CAUTELAR ALTERNATIVA

Sendo entendimento corredio a pregação doutrinária de que a prisão só deve


se dar quando for de “incontestável necessidade”, evitando-se ao máximo o
comprometimento do direito de liberdade que o ordenamento jurídico tutela e ampara, o
Paciente enquanto não condenado, não é culpado, não podendo ser tratado como se o
fosse, gozando ele de um status de inocência, porquanto as restrições à sua liberdade,
quaisquer que sejam elas, só se admitem se ditadas pela mais estrita necessidade, o
que in casu não ocorre.

A manutenção do decreto prisional preventivo, viola de forma flagrante o


principal interesse da Lei 12.403/2011, que alterou o Código de Processo Penal, qual seja, o
de evitar prisões provisórias desnecessárias e desacompanhadas de motivos autorizadores
da medida extrema de segregação cautelar.

A Lei 12.403/2011 trouxe profundas alterações ao CPP, estabelecendo, ainda


com mais clareza, a necessidade de avaliação concreta e clara de que a medida cautelar de
prisão deve ser a última opção, sendo que somente poderá ser mantida a medida drástica
de prisão cautelar na impossibilidade de substituição da referida segregação por outras
medidas cautelares substitutivas.

Para tanto elencamos a este juízo, as medidas que perfeitamente se


enquadrariam ao caso em concreto, visto que em tese reconhecemos a gravidade do delito
em comento.

MEDIDA CAUTELAR ALTERNATIVA MOTIVO


I) Tornozeleira Eletrônica (art. 319, IX, do Elidirá qualquer risco de fuga.
CPP)
II) Comparecimento periódico em Juízo para Possibilitará o controle específico das atividades
justificar atividades (art. 319, I, do CPP) do Paciente
III) Proibição de ausentar-se da Comarca de Possibilitará que este juízo monitore a
Tuntum - MA (art. 319, IV, do CPP) regionalização territorial do Paciente
IV) Recolhimento Domiciliar Noturno e em Auxiliará na fiscalização territorial dos
Feriados (art. 319, V, do CPP) Paciente
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V) Proibição de acesso ou frequência a Permitirá que este juízo, tenha plena segurança
determinados lugares quando, por de que a suposta vítima e familiares tenha a sua
circunstâncias relacionadas ao fato (art. 319, II, integridade resguardada.
do CPP)

Importa ainda ponderar que a aplicação da monitoração eletrônica


possibilitará a melhor fiscalização de todas as outras cautelares, pois será possível saber
onde o Paciente está 24 horas por dia e localizá-lo a qualquer tempo.

O que a defesa quer que este juízo entenda de nossa parte, é que aplicação
das referidas medidas cautelares específicas demonstra, que o caso originário é sim grave,
mas que o respeito à motivação das decisões judiciais e à individualização concreta das
cautelares, quando factíveis, deve prevalecer, nos termos da dosimetria das cautelares
determinadas pelo art. 282, I, II e §6º, in litteris:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra
medida cautelar (art. 319). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

É certo que a aplicação de medidas restritivas diversas da prisão


preventiva, são absolutamente suficientes para alcançar os objetivos exarados pela
Autoridade Coatora, de forma que a medida de prisão cautelar se apresenta com rigor
excessivo e desnecessário, razão pela qual deve ser revogada.

Desse modo, a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão


preventiva, são suficientes para garantir a ordem pública, não se justificando o
prolongamento da prisão cautelar, que se mostra desnecessária e temerária.

Perceba que a literalidade da lei 12.403/11 é clara no sentido de que


somente será possível a decretação da prisão cautelar quando não mais se mostra
razoável a imposição de medidas cautelares diversas.

Não resta dúvida, portanto, diante do que foi exposto acima, que possui
o Paciente o direito de se defender de eventuais acusações que contra ele possam ser
formuladas, em liberdade, pois não se apresentam nos autos elementos da prisão, e, de

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outra banda, se apresentam todos os requisitos autorizadores de sua liberdade, estando
caracterizado ser direito subjetivo do Paciente, de não ser segregado cautelarmente, haja
vista que a fixação de medida cautelar é suficiente para se garantir a aplicação da lei penal,
bem como para se evitar eventual reiteração delitiva, de forma a se garantir a ordem pública,
de forma que é absolutamente desnecessária e arbitrária a prisão em questão.

5. DAS CONCLUSÕES - Coação Ilegal

Em conclusão, o cenário apresentado nos autos é capaz de demonstrar que


aqueles argumentos utilizados pela autoridade coatora para decretação da segregação
cautelar do custodiado nunca existiram, pois não apontam dado concreto quanto à
gravidade do fato, à luz do que dispõe o art. 312 do Código de Processo Penal, a respaldar
a restrição da liberdade do custodiado.

Como discutido anteriormente, afirmações genéricas e abstratas de


possibilidade de fuga e de reiteração delitiva não são bastantes para justificar a custódia
preventiva. Ainda mais quando se trata de acusado que guarda condições pessoais
favoráveis, como a primariedade, emprego lícito, família constituída e residência fixa,
representando sua prisão verdadeira ofensa ao princípio da presunção de inocência.

Em conclusão, avaliando as circunstâncias do fato concreto, para garantir a


ordem Pública, observa-se que o que está havendo é uma verdadeira COAÇÃO ILEGAL da
liberdade do Paciente, materializada pela decisão da autoridade coatora, que
decretou/manteve a prisão preventiva e sequer a substituiu pelas medidas cautelares
insculpidas no art. 319, incisos I e IV, do CPP.

Assim, vitimado por uma lamentável situação que lhe tem trazido prejuízos
imensuráveis, privado daquilo que tem de mais precioso, sua liberdade, e socialmente
condenado pelos meios de comunicação desde que foi preso, associado ao fato de ter sido
afastado do convívio familiar, social e laboral, é que o Paciente recorre aos umbrais deste
Tribunal de Justiça, almejando a revogação de sua prisão preventiva, por ser medida de
mais lídima JUSTIÇA!

6. DAS POSTULAÇÕES

Ao exposto, resta induvidoso que o Paciente sofreu constrangimento ilegal por


ato da autoridade coatora, o Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Bacabal,
circunstância contra legem que deve ser remediada por este Colendo Tribunal, razão pela
qual requer a Vossas Excelências o seguinte:

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1. A concessão da medida LIMINAR, substituindo a prisão preventiva por medidas
cautelares insculpidas no art. 319, incisos I e IV, do CPP e determinando a imediata
liberdade do Paciente, com expedição de alvará de soltura em favor deste;

2. Oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe;

3. Remeter os autos à Procuradoria Geral de Justiça para emissão de parecer sobre o


caso;

4. Que seja CONHECIDO e PROVIDO o pedido de habeas corpus, confirmando o mérito


da liminar pleiteada para que consolide, em favor do Paciente WILLAME RAFAEL
MAIA LOPES, a competente ordem de Habeas Corpus, para fazer impedir o
constrangimento ilegal que o mesmo vem sofrendo em razão de sua prisão
preventiva mantida pela autoridade coatora, expedindo-se o competente alvará de
soltura, a fim que o Paciente seja posto em liberdade imediatamente.

Estipula-se o valor da causa em 1.000,00 (mil reais) de cunho fiscal.

Nestes termos, confiando em Vossa justa apreciação, pede deferimento.

De Presidente Dutra/MA para São Luís/MA, 19 de janeiro de 2021.

ANTONIO CESAR DIAS DA SILVA FILHO LUCAS COSTA DA SILVA


OAB/MA 16.713 OAB/MA 22.097

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