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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

25/05/2023

Número: 0801173-82.2022.8.15.0221
Classe: AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Órgão julgador: Vara Única de São José de Piranhas
Última distribuição : 08/11/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Contra a Mulher
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Delegacia de Comarca de São José de Piranhas
(AUTORIDADE)
THIAGO JOSE DE MORAIS ROCHA (FLAGRANTEADO)
CICERA RENATA ALVES DA SILVA (VITIMA)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
65807 08/11/2022 18:13 Decisão Decisão
119
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA

1a Vara Mista de Cajazeiras

Plantão Judiciário CRIMINAL de 1o Grau do Grupo 5


(Comarcas de Cajazeiras, Catolé do Rocha, Conceição, São Bento,

São João do Rio do Peixe, São José de Piranhas, Sousa e Uiraúna)

Processo nº 0801173-82.2022.8.15.0221

DECISÃO

Vistos etc.

Trata-se de AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE de THIAGO JOSE DE


MORAIS ROCHA.

Arbitrada fiança em seu favor, esta foi recolhida, livrando-se a parte


flagranteada.

Os autos vieram conclusos para os fins do art. 310 do Código de Processo


Penal.

É o breve relatório no que essencial. Decido.

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A prisão em flagrante se realizou e foi formalizada observando os ditames
legais e constitucionais, respeitando-se os direitos e garantias fundamentais da
parte e os rigores formais previstos nos arts. 304 a 307 do Código de Processo
Penal.

A parte flagranteada foi posta em liberdade após recolhimento de fiança


de forma regular.

Isso posto, a homologação do flagrante é medida que se impõe.


Entretanto, em razão da gravidade das condutas imputadas, entendo pertinente a
fixaçao, ao menos neste momento, de medidas cautelares e protetivas,
suficientes para garantir a ordem pública e preservar a integridade física,
psicológica e moral da vítima e de seus familiares.

Consigno, desde logo, que não há óbice à concessão da medida protetiva


de urgência de ofício e inaudita alteras pars, como autorizado pelo art. 19, § 1º,
da Lei 11.340/06, desde que presentes os seus requisitos legais e em face da
gravidade da situação, aplicando-se, ao caso, o denominado contraditório
diferido.

A propósito, em sede de juízo preliminar e urgente, como o do plantão


judiciário, pode o magistrado contentar-se com a palavra da vítima, vez que o art.
12, §§ 1º e 2º da referida lei não exigem a colação de testemunhos e mesmo
flexibilizam a comprovação de eventuais lesões, admitindo todas as provas em
Direito admitidas para fundamentar eventual imposição de restrições ao imputado
agressor.

É também importante destacar que a Lei 11.340/06 criou mecanismos para


coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §
8º do art. 226 da Constituição Federal, bem como estabeleceu medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar,
seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial, moral, ou de qualquer outra
natureza.

Nessa diretriz, o art. 22 da Lei 11.340/06 dispõe que, constatada a prática


de violência doméstica e familiar contra a mulher, o juiz poderá aplicar, de
imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, certas medidas protetivas
de urgência, visando assegurar a integridade física, moral e psicológica da
ofendida.

E, no presente caso, como já consignado ao norte, em mero juízo de


cognição sumária e urgente, e após análise dos elementos probatórios acostados

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ao encarte processual, constata-se a presença dos pressupostos e o
preenchimento dos requisitos legais necessários para o deferimento das medidas
protetivas de urgência previstas na Lei Federal 11.340/2006.

Por todo o exposto, HOMOLOGO a prisão em flagrante de THIAGO


JOSE DE MORAIS ROCHA e ratifico a concessão da fiança pela autoridade
policial, submetendo-o, cumulativamente, às seguintes medidas cautelares
e protetivas:

1) comparecimento perante a autoridade policial e ao Juízo natural sempre


que intimado;
2) proibição de mudar de residência e de se ausentar por mais de oito dias
da comarca sem prévia autorização do Juízo natural;
3) comparecimento mensal ao cartório judiciário do Juízo natural, entre o
dia 1° e o dia 10 de cada mês, para informar e justificar atividades, devendo
assinar lista de frequência;
4) proibição de frequentar bares, casas de shows, danceterias, casas
noturnas, prostíbulos e congêneres, bem como espetáculos públicos ou privados
abertos ao público em qualquer horário;
5) proibição de consumir bebida alcoólica ou drogas ilícitas em local
público ou aberto ao público;
6) afastamento imediato do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida, até ulterior deliberação judicial;
7) proibição de se aproximar da ofendida, seus familiares e testemunhas a
menos de 200 metros, até ulterior deliberação judicial; e
8) proibição de entrar em contato com a ofendida, seus familiares e
testemunhas por qualquer meio de comunicação, inclusive eletrônico (redes
sociais, aplicativos de mensagens, etc.).

Em virtude da concessão de liberdade provisória com fiança e da fixação


de medidas cautelares diversas da prisão, resta prejudicada a realização de
audiência de custódia.

Entendo, ainda, por advertir o flagranteado que o descumprimento de


quaisquer das medidas impostas, bem como a prática de novas condutas
contra a vítima, poderá implicar na decretação de sua prisão preventiva,
caso não seja possível a imposição de outras medidas menos gravosas, sem
prejuízo da instauração de inquérito policial para apuração de delito previsto no
art. 24-A da Lei 11.340/2006.

INTIMEM-SE o flagranteado e a vítima para ciência das medidas


cautelares.

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INTIME-SE o Ministério Público.

SIRVA a presente decisão como MANDADO/OFÍCIO/NOTIFICAÇÃO.

Dê-se também ciência à autoridade policial (civil e militar) a respeito da


fixação das medidas cautelares e da concessão das medidas protetivas,
encaminhando cópia desta Decisão, para as providências cabíveis.

Anote a ocorrência no registro próprio do plantão judiciário, nos termos do


Código de Normas Judicial da Corregedoria-Geral da Justiça do TJPB.

Cumpridas todas as determinações anteriores, remetam-se os autos ao


Juízo natural da causa, independentemente do decurso de qualquer prazo, com
as devidas baixas.

Cajazeiras, 8 de novembro de 2022.

Macário Oliveira Júnior

Juiz de Direito Plantonista

Jéssica Neves de Almeida Morais

Assessora de gabinete

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