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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

22/03/2023

Número: 5013120-24.2020.8.13.0313
Classe: [CÍVEL] DIVÓRCIO LITIGIOSO
Órgão julgador: 1ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Ipatinga
Última distribuição : 18/11/2020
Valor da causa: R$ 1.045,00
Assuntos: Dissolução
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
NATANAEL PEREIRA DE FREITAS (REQUERENTE)
JOSE AILTON DE FATIMA ALVES (ADVOGADO)
leni Maria Conceição Freitas (REQUERIDO(A))
CLAUDIO LOBATO FONSECA (ADVOGADO)

Outros participantes
Ministério Público - MPMG (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
8757727997 17/03/2022 17:02 Sentença Sentença
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de IPATINGA / 1ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Ipatinga

PROCESSO Nº: 5013120-24.2020.8.13.0313

CLASSE: [CÍVEL] DIVÓRCIO LITIGIOSO (12541)

ASSUNTO: [Dissolução]

REQUERENTE: NATANAEL PEREIRA DE FREITAS

REQUERIDO(A): leni Maria Conceição Freitas

SENTENÇA

I – Relatório.

Natanael Pereira de Freitas, devidamente qualificado, ajuizou a presente Ação de


Divórcio c/c Partilha de Bens, Guarda e Alimentos contra Leni Maria Conceição Freitas, também
devidamente qualificada, sustentando, em síntese, é casado com a requerida e o casal encontra-se
separado de fato sem possibilidade reconciliação. Informou que do matrimônio não adveio prole e não há
bens a partilhar.

A inicial veio acompanhada de documentos (Peça de ID: Num. 1451659803).

A requerida foi citada e apresentou contestação sem preliminares e com reconvenção de


fixação de alimentos em seu favor e partilha de bens (Peça de ID: Num. 2961241432).

Impugnação à contestação e contestação à reconvenção (ID: Num. 3344846543).

Intimadas a especificar as provas que pretendiam produzir as partes se manifestarem em ID:


Num. 3540691474 e ID: Num. 3563726400.

Saneado o feito, conforme decisão de ID: Num. 4313223071, ocasião em que fora designada
audiência de instrução e julgamento, fixada a data da separação de fato indeferido o pedido liminar de
fixação de alimentos em favor da requerida.

Número do documento: 22031717024136100008753985366


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22031717024136100008753985366
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Realizada audiência de instrução e julgamento, foram ouvidas duas testemunhas arroladas
pela parte requerida e uma testemunha arrolada pela parte autora (ID: Num. 7301643041).

Alegações finais pela parte requerida em ID: Num. 7368043001.

Alegações finais pela parte em ID: Num. 7395352996.

Vieram os autos conclusos.

É o relatório. Passo a decidir.

II – Fundamentação.

As partes são legítimas e estão devidamente representadas. Presentes os pressupostos


processuais e as condições da ação. O procedimento teve tramitação regular, não há nulidades a sanar.

O feito comporta o julgamento da causa no estado em que se encontra, não existindo fato
jurídico relevante a demandar a produção de outras provas.

Restou incontroverso nos autos o casamento, a data de separação de fato do casal, a


existência de bens passíveis de partilha, e controvertido a comunicabilidade dos bens arrolados para
partilha e a necessidade de fixação de alimentos para a varoa.

Inicialmente, em relação ao divórcio, a Constituição da República, promulgada em 5 de


outubro de 1988, a partir da EC 66/2010, em seu artigo 226, §6º, assegura que o casamento civil pode ser
dissolvido pelo divórcio.

Com efeito, requerendo-se o divórcio, basta compulsar os autos e verificar que está presente
o único requisito legal para sua concessão, qual seja, o casamento. Não persiste, portanto, a divisão em
divórcio direto e indireto, sendo desnecessária a comprovação do lapso temporal da separação.

No que tange a deliberação da partilha de bens que compõem o patrimônio do casal, antes
de adentrá-la, é necessário estabelecer alguns critérios que interferem diretamente nessa, tais como a data
de separação de fato do casal, o regime de bens adotado no casamento e natureza da sentença de partilha.

Quanto a fixação da data de separação de fato do casal, restou fixado nos autos que esta
ocorreu em outubro de 2020, a esse respeito, é sabido que a delimitação do marco temporal em que
ocorreu a separação de fato do casal é medida imprescindível nas ações que versam sobre divórcio e
dissolução de união estável, pois, além de ser competência do Juízo de Família declará-la, é a partir desta,
que cessam os efeitos do matrimônio, não havendo portanto comunicação dos bens adquiridos
posteriormente à mencionada separação.

Já quanto à natureza da sentença de partilha, é sabido que não têm a sentença de partilha
natureza condenatória ou constitutiva, ela não cria ou modifica direitos, ela não impõe obrigações, trata-se
de prestação jurisdicional meramente declaratória que tem por escopo trazer a segurança dos envolvidos
quanto à existência de uma relação dominial sobre bens, de titularidade sobre direitos e responsabilidade
quanto às dívidas e obrigações.

Assim, a rigor, exaure-se a prestação jurisdicional da partilha, com a declaração da


existência do domínio do bem, titularidade do direito, responsabilidade pelas dívidas e obrigações, se
particular ou se comum e neste caso em qual proporção, por tal razão, discussões sobre quais dos
condôminos arcou com tais dívidas e obrigações, bem como eventuais indenizações, devem ser discutida
em ação própria de dissolução de condomínio.

Passo então, a deliberar sobre a partilha, verifico que a parte autora não arrolou nenhum bem
partilhável e a parte requerida por sua vez, arrolou os seguintes bens para partilha: uma gleba de terra de
uma porção maior, localizada na Fazenda Córrego Entremonte, na área rural de Belo Oriente/MG, bem

Número do documento: 22031717024136100008753985366


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como benfeitorias e animais semoventes localizados no terreno.

Inicialmente, é necessário pontuar que o regime de bens adotado pelo casal fora o da
separação convencional de bens.

A esse respeito, é importante destacar que o regime da separação de bens pode ser
legal/obrigatório ou convencional (origem em pacto antenupcial), nos termos do artigo 1.641 do Código
Civil. A regra deste regime é de que não haverá a comunicação de qualquer bem, seja posterior, seja
anterior à união, cuja administração caberá de forma exclusiva a cada um dos cônjuges. No aspecto,
veja-se o que dispõe o art. 1.687 do Código Civil:

Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a


administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente
alienar ou gravar de ônus real.

À luz do respectivo dispositivo legal, tem-se que cada um dos cônjuges poderá alienar ou
gravar com ônus real os seus bens mesmo sendo imóveis, nas hipóteses em que foi convencionada a
separação de bens. Isso significa que não existe a possibilidade do casal construir um patrimônio comum,
pois cada um entra e sai do relacionamento com seus próprios bens.

Em relação à separação legal ou obrigatória, a situação é um pouco diferente. Conforme se


extrai da Súmula n° 377 do STF, invocada pela apelante para fundamentar sua pretensão, poderá haver a
comunicação de determinados bens adquiridos na constância do casamento. Confira-se: "No regime de
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento."

O enunciado sumular, contudo, não se estende à separação convencional. Isso porque,


conforme entendimento prevalente na doutrina e na jurisprudência, o referido precedente versa sobre o
regime da separação legal de bens, ao passo que, na hipótese de separação convencional, o casal adota por
livre e espontânea vontade o regime de separação de bens.

A propósito, sobre o tema, já decidiu o col. Superior Tribunal de Justiça que o aludido
verbete não tem aplicação quando as partes livremente convencionam a separação absoluta dos bens, por
meio de contrato antenupcial. (STJ, REsp, 1.481.888/SP, 4.ª Turma, Rel. Min. Marco Buzzi, j.
10.04.2018, DJe 17.04.2018).

Tecidas tais digressões e volvendo à realidade fática, após a análise detida das nuances aqui
trazidas, tem-se que, a despeito do esforço argumentativo empreendido pela requerida, não é possível
identificar bem a ser partilhado pelo ex-casal.

Apesar de a requerida ter pontuado que os bens por ela arrolados devem ser partilhados por
decorrerem do esforço comum, o seu pleito não encontra arrimo na legislação de regência.

Em primeiro lugar, sobreleva destacar que a o caso dos autos não se subsome à ratio
decidendi da Súmula 377 do col. STF. Como já discorrido, o precedente versa sobre o regime da
separação legal de bens, o que não é a hipótese dos autos que trata sobre o regime de separação
convencional, adotada mediante escritura, conforme certidão de casamento acostada em ID: Num.
1451659814.

Nesse espeque, diante de todos os fundamentos alinhavados, não há falar-se em comunhão


de bens pelo esforço comum e, por conseguinte, em partilha. Nesse sentido é o entendimento
jurisprudencial:

[...] O regime da separação de bens pode ser convencional (origem em pacto


antenupcial) ou legal/obrigatório (art. 1.641 do CC). A regra do regime de
separação de bens é de que não haverá a comunicação de qualquer bem,
seja posterior, seja anterior à união, cabendo à administração desses bens de
forma exclusiva a cada um dos cônjuges. Como exceção, a Súmula n° 377 do

Número do documento: 22031717024136100008753985366


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22031717024136100008753985366
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STF dispõe que "no regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento". Contudo, o entendimento sumular
não se aplica à separação convencional de bens, pelo que não há falar-se
em partilha de bens pelo esforço comum. [...] (TJMG - Apelação Cível
1.0000.21.171660-0/001, Relator(a): Des.(a) Wilson Benevides , 7ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 10/02/0022, publicação da súmula em
18/02/2022)

Ademais, embora sustente a requerida/reconvinte que contribuiu financeiramente para a


aquisição dos bens, não fez prova de que ela despendeu valores com a reforma da casa, ônus que lhe cabia
a teor do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil e do qual não se desincumbiu.

Dessa forma, seja pela aplicação da literalidade do texto normativo seja pela análise das
provas acostadas aos autos é o caso de improcedência do pedido de partilha feito em reconvenção ante a
ausência de pressupostos legais e provas de possível esforço comum.

Lado outro, quanto aos alimentos em favor da requerida, verifica-se dos autos que a prova
do processo é suficiente para caracterizar a princípio a obrigação alimentar, visto que restou demonstrado,
com eficiência, a existência do vínculo de família (ID: Num. 1737194839).

A obrigação alimentar em comento está fundamentada no artigo 1694 do Código Civil que
reza que são legítimos os cônjuges para pleitear alimentos uns aos outros, necessários à sua manutenção,
educação e outras necessidades, obrigando à sua prestação o cônjuge que possui capacidade contributiva
condizente com a necessidade de quem os pleiteia.

Nesta feita, é cediço que o encargo só será devido quando exista prova de que o cônjuge que
os pleiteia não exerce atividade laborativa capaz de garantir sua subsistência ou que não possui condições
de ingressar no mercado de trabalho em função de doença incapacitante, idade avançada ou falta de
qualificação.

A Ministra Nancy Andrighi, em voto proferido no REsp 933.355/SP, delineou de forma


didática os requisitos caracterizadores da necessidade quando se fala em obrigação alimentar entre
cônjuges, quais sejam: (i) a ausência de bens suficientes para a manutenção daquele que pretende
alimentos, (ii) a incapacidade do pretenso alimentando de prover, pelo seu trabalho, à própria mantença.

Continuou sua explanação com detida análise do segundo requisito, por ser o que
comumente deixa dúvidas ao julgador, enumerando as seguintes situações possíveis: a) o ex-cônjuge, em
decorrência da combinação idade avançada e deficiência / desatualização na formação educacional, não
consegue ou apresenta enorme dificuldade para se estabelecer profissionalmente com remuneração digna;
b) o ex-cônjuge, em idade compatível com a inserção no mercado de trabalho, possui formação
profissional que lhe garanta, ao menos em tese, colocação profissional que assegure a manutenção de seu
status quo ante; c) o ex-cônjuge, apesar de ter idade compatível com a inserção no mercado formal de
trabalho, carece de instrução para uma inserção profissional condigna.

A autora possui aproximadamente 61 anos, não possui qualificação técnica profissional, e


encontra-se fora do mercado de trabalho, circunstâncias que inviabilizam por ora que ela se mantenha
com próprio labor e que não podem ser ignoradas. Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. PENSÃO ALIMENTÍCIA.


EX-ESPOSA. CASAMENTO DE 24 ANOS. APLICAÇÃO DO BINÔMIO
NECESSIDADE/POSSIBILIDADE.- Na fixação de alimentos é
indispensável a análise do binômio possibilidade/necessidade, sendo do
alimentante o ônus da prova de que não pode arcar com a pensão mensal.- Se
a mulher fica afastada do mercado de trabalho por longo tempo,
cuidando da casa, este fato não pode ser ignorado, o que impõe a fixação
de alimentos em seu favor, de molde a compensá-la pelo trabalho
doméstico realizado em prol da entidade familiar. (TJMG- Agravo de

Número do documento: 22031717024136100008753985366


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Instrumento-Cv 1.0074.17.005247-1/001, Relator: Des. Wander Marotta, 5ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/03/2018, publicação da súmula em
14/03/2018

Muito embora o autor tenha afirmado que a requerida seja beneficiária da previdência social,
não há no caderno processual nenhuma prova ou indícios de tais alegações, ônus que competia ao
requerido nos moldes do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil e do qual não se desincumbiu.

Contudo, a requerida não comprovou de forma inequívoca sua total inaptidão para o
trabalho mormente por haver provas nos autos que ela já possuiu vínculo formal de emprego recente.

Por isso, e tendo em vista que não restou comprovado que o estado físico e psicológico da
autora a impossibilita trabalhar, não verifico a existência de óbice para sua reinserção no mercado de
trabalho, a justificar o estabelecimento da obrigação por tempo indeterminado.

Destarte, na espécie, conquanto os alimentos ainda se mostrem indispensáveis para a


mantença da requerida - que, repita-se, possui idade de 61 anos, é razoável que se estipule um termo final
para o pagamento do encargo, uma vez que não restou demonstrada efetiva incapacidade laboral.

Desse modo, o auxílio devido à ex-esposa deve ser limitado ao período suficiente para que
ela encontre meios de se manter autonomamente. Do contrário, os alimentos se converteriam em estímulo
à ociosidade e ao parasitismo. A respeito, cito novamente a Ministra Nancy Andrighi:

Alimentos transitórios - de cunho resolúvel - são obrigações prestadas,


notadamente entre ex-cônjuges ou ex-companheiros, em que o credor, em
regra pessoa jovem, ostenta aptidão para o trabalho, necessitando dos
alimentos apenas até que se projete determinada condição ou ao final de certo
tempo, circunstância em que a obrigação extinguir-se-á automaticamente.
Esses alimentos destinam-se a perdurar dentro de um predeterminado lapso
temporal, tendo, por conseguinte, tempo certo para sua cessação, ou, ainda,
condição estabelecida para seu término, isto é, a eficácia da obrigação
temporal está atrelada a termo ou condição. Dessa forma, os alimentos
transitórios ou resolúveis cessam em determinada data ou acaso
implementada certa condição, não sendo necessária a propositura de ação de
exoneração de alimentos para sua extinção. (…) Normalmente, os
alimentos transitórios são devidos até o momento em que o alimentando seja
capaz de prover sua autonomia financeira, por meio de exercício tendente a
superar os usuais percalços decorrentes da transição invariavelmente penosa
da dissolução da união conjugal ou convivencial, emancipando-se da tutela do
ex-cônjuge ou ex-companheiro outrora provedor, o qual será então liberado
da obrigação. Esse caráter de transitoriedade conferido à obrigação alimentar
evidentemente só pode ser empregado em circunstâncias nas quais seja
possível divisar, ainda que ao longe, o advento da capacidade de
autossustento do credor de alimentos, a permitir, dessa forma, a exoneração
do alimentante (REsp 1112391/SP, DJe 23/05/2011).

Considerando a idade da ex-esposa e a ausência de comprovação de sua inaptidão para o


trabalho, entendo cabível, o estabelecimento de alimentos resolúveis em 02 (dois) anos contados da
prolação dessa sentença.

Lado outro, no que pertine ao exame da capacidade financeira do autor em prestar


alimentos, a documentação trazida para os autos deixa antever que ele possui capacidade contributiva
condizente com o ônus alimentar.

Caracterizada a obrigação legal da parte autora em prestar alimentos à requerida, resta


perquirir acerca do valor justo e necessário para o atendimento das suas necessidades básicas.

Número do documento: 22031717024136100008753985366


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22031717024136100008753985366
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Por isso, atendendo ao princípio da proporcionalidade da pretensão alimentar, a pensão
alimentícia devida pelo autor à ex-esposa será fixada no patamar de 20% (vinte por cento) dos
rendimentos líquidos do requerido, assim entendidos, os rendimentos brutos, deduzindo-se apenas a
contribuição previdenciária obrigatória, o imposto de renda retido na fonte, se incidente e eventuais
verbas indenizatórias de despesas de viagem, hospedagem, alimentação (diárias) e de uniforme, não
incidindo sobre a participação nos lucros conforme recente entendimento do Superior Tribunal de Justiça
(REsp 1.719.372), não tendo restado evidenciado nos autos que a não incidência sobre a participação nos
lucros é prejudicial ao alimentando, ônus que lhe competia e do qual não se desincumbiu, o percentual de
alimentos terá incidência ainda sobre o 13º salário, 1/3 constitucional de férias e horas extras, quando
empregado e quando desempregado 30% (trinta por cento) do salário mínimo em 12 (doze) parcelas
anuais.

III – Dispositivo.

Ante todo o exposto e tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido
inicial e PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido reconvencional, decidindo o processo, com
resolução do mérito, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil, para DECRETAR o
divórcio das partes, declarando dissolvido o matrimônio de Natanael Pereira de Freitas e Leni Maria
Conceição Freitas e CONDENAR o autor a pagar à Leni Maria Conceição Freitas alimentos no
importe de 20% (vinte por cento) de seus rendimentos líquidos, assim entendidos, os rendimentos
brutos, deduzindo-se apenas a contribuição previdenciária obrigatória, o imposto de renda retido na fonte,
se incidente e eventuais verbas indenizatórias de despesas de viagem, hospedagem, alimentação (diárias)
e de uniforme, não incidindo sobre a participação nos lucros conforme recente entendimento do Superior
Tribunal de Justiça (REsp 1.719.372), não tendo restado evidenciado nos autos que a não incidência sobre
a participação nos lucros é prejudicial ao alimentando, ônus que lhe competia e do qual não se
desincumbiu, o percentual de alimentos terá incidência ainda sobre o 13º salário, 1/3 constitucional de
férias e horas extras, quando empregado e quando desempregado 30% (trinta por cento) do salário
mínimo em 12 (doze) parcelas anuais, ficando o autor desonerado da obrigação alimentar após o
período de 02 (dois) anos.

JULGO IMPROCEDENTE o pedido reconvencional de partilha de bens nos termos do


artigo 487, I, do Código de Processo Civil.

A varoa não requereu o retorno ao nome de solteira, presumindo-se assim que deseja
permanecer utilizando o nome de casada.

Condeno a parte requerida no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios


que fixo em 10% sobre o valor atribuído à causa, suspensa a exigibilidade pois defiro-lhe os benefícios da
assistência judiciária.

Condeno a parte reconvinte no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios


que fixo em 10% sobre o valor da causa atribuído à reconvenção, suspensa a exigibilidade pois defiro-lhe
os benefícios da assistência judiciária.

Após o trânsito em julgado, valerá essa sentença como mandado de averbação do divórcio
junto ao Cartório competente, mediante a apresentação de cópia impressa desta sentença, contendo a
assinatura eletrônica desta Juíza, e cópia impressa da certidão de trânsito em julgado passada pela
Secretaria deste Juízo, também assinada eletronicamente, o que dispensa a expedição de ofício e/ou
mandados para fins de averbação.

A parte autora encontra-se amparada pelos benefícios da gratuidade judiciária, devendo,


para efeito da presente averbação, ser desconsiderado o art. 20 da Lei 15.424 de 31/12/2004, por
tratar-se de dispositivo inconstitucional.

Após o trânsito em julgado, essa sentença assinada digitalmente, acompanhada de cópia


impressa da certidão de trânsito em julgado passada pela Secretaria deste Juízo, também assinada

Número do documento: 22031717024136100008753985366


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eletronicamente, valerá como OFÍCIO ao empregador do alimentante Natanael Pereira de Freitas,
inscrito no CPF sob o nº 607.628.886-87, como determinação de desconto mensal da verba alimentar na
forma acima transcrita, cujo pagamento deverá ser feito mediante depósito, até o dia 10 (dez) do mês, na
conta especial a ser informada em favor da alimentada.

Compete à parte interessada apresentar cópias desta sentença ao empregador do alimentante,


ao Banco do Brasil, ao Cartório Competente e outros para fins de cumprimento da presente sentença,
acompanhadas de cópias dos documentos necessários.

A autenticidade da presente decisão poderá ser consultada na página da internet do


Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no endereço eletrônico específico para a referida providência.
(https://pje.tjmg.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam)

Caberá à própria parte interessada ou a seus advogados promover a impressão das cópias
desta decisão que valerá como ofício na forma acima, desonerada a Secretaria do Juízo de tal obrigação.

Caso se faça necessário e sendo requerido pelas partes, expeça-se os expedientes


cabíveis ao cumprimento desta sentença, independentemente de nova conclusão.

Em atendimento à orientação contida no Ofício Circular nº 140/GESIS/COAPE/2017, ficam


as partes intimadas de que deverão comparecer na sede desta Unidade Judiciária para retirarem os
documentos físicos que foram digitalizados e inseridos no PJE, porquanto é de sua responsabilidade a
guarda para possível exercício do direito de rescisão do julgado.

Caso não atendam ao chamado, no prazo de 45 dias, ocorrerá a inutilização/descarte do


documento, conforme disposto no parágrafo único do artigo 15 da Resolução do CNJ nº 185 de 18 de
dezembro de 2013, que institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico – Pje como sistema de
processamento das informações e prática de atos processuais e estabelece os parâmetros para sua
implementação e funcionamento, bem como previsto no parágrafo único do artigo 47 da Portaria
Conjunta da Presidência nº 411 de 20 de maio de 2015, que regulamenta o Sistema “Processo Judicial
Eletrônico – Pje”, no âmbito da justiça comum de primeira instância do Estado de Minas Gerais.

Sendo o prazo recursal renunciado por todas as partes desde já resta homologado. Havendo
renúncia apenas por uma das partes, aguarde-se o trânsito normalmente em secretaria.

Após o trânsito em julgado, arquive-se com a devida baixa. Publique-se. Registre-se.


Intimem-se. Cumpra-se.

Ipatinga.

Josselma Lopes da Silva Lages

Juíza de Direito

* Documento assinado digitalmente.

Rua Maria Jorge Selim de Sales, 170, Centro, IPATINGA - MG - CEP: 35160-011

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