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AÇÃO DE DIVÓRCIO (CONSENSUAL)

CPC, ARTS. 731/734


 TÍTULO III, CAPÍTULO XV – DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.

DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

“A atuação do magistrado se faz apenas com a finalidade de fiscalizar a regularidade do ajuste de


vontade operado entre os interessados.”

Em se tratando de divórcio “a intervenção do juiz na espécie é apenas administrativa e tende tão


somente a cooperar para a constituição de um estado jurídico novo. O efeito é integrativo, pois é
por meio dele que o negócio dos interessados adquire eficácia”.

Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos


legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:

I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;

II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;

III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e

IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.

Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois
de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658.

 Dispensa audiência de conciliação/mediação (ver REsp 1.483.841/RS).

DIVÓRCIO LITIGIOSO X DIVÓRCIO CONSENSUAL

No divórcio litigiosohá a lide, que repousa nas consequências advindas da dissolução da


sociedade conjugal;

Assim, as pretensões acerca da partilha dos bens, guarda dos filhos, visita e alimentos são
construídas sob a perspectiva do(a) autor(a);

O procedimento a que se submete é o das Ações de Família;

No divórcio consensualnão há lide quanto às consequências advindas da dissolução do


casamento;

Assim, as pretensões acerca da partilha de bens, guarda dos filhos, visita e alimentos são
construídas em conjunto para serem homologadas (negócio jurídico);

O procedimento a que se submete é o de Jurisdição Voluntária;


1. Endereçamento

CPC, art. 53: É competente o foro:

I - Para as ações de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou


dissolução de união estável:

a) De domicílio de guardião do filho incapaz;

b) Do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

c) De domicílio do réu se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

2. PREÂMBULO

Marido e esposa

Ambos como interessados;

Não há autor/autora x réu/ré

3. FATOS

Casamento;

Desejo de pôr fim à sociedade conjugal (mencionar anterior separação judicial, se houver)

Existência de filho/filha;

Existência de bens;

4. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

CF, art. 226, § 6°;

CC, art. 1571;

Lei 6515/77

DAS CLÁUSULAS DO DIVÓRCIO

Dentro da petição é preciso criar um tópico em que constará a regulamentação sobre a partilha
dos bens (plano de partilha), a guarda dos filhos(se unilateral ou compartilhada, inclusive com a
residência/guarda física), o exercício do direito de visita, a pensão alimentícia para os filhos e
também entre os cônjuges (se for o caso);

 Caso haja intercorrências acerca da partilha, ela poderá ser realizada posteriormente, em
autos próprios (CPC, art. 647 ss.).
 Se a maioria do patrimônio fica com um cônjuge, a lei entende que seria uma doação e
teria que recolher o ITCMD. Por isso o ideal é dividir o patrimônio pela metade.
5. DO PEDIDO

a) A homologação do divórcio, conforme as cláusulas apresentadas, decretando-se o fim do


casamento;

 Pode também pedir expedição de ofício para averbação no cartório de registro civil.

b) A intervenção do MP;

c) Demais particularidades, conforme o caso.

6. PROTESTO POR PROVAS


7. VALOR DA CAUSA: Valor dos bens do casal + valor da pensão alimentícia.

Os dois cônjuges assinam a peça.

Não há previsão de audiência de conciliação, mas alguns juízes marcam mesmo em


divórcios consensuais que peçam para dispensar.

DIVÓRCIO EXTRAJUDICIAL

- EMENDA CONSTITUCIONAL 66

- LEI 11.441/2007

- RESOLUÇÃO 35 DO CNJ

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública,
fazendo prova plena.

§ 1º O salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:

I - data e local de sua realização;

II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao


ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;

III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais
comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do
outro cônjuge e filiação;

IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;

V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;

VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos
a leram;

VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu
substituto legal, encerrando o ato.
§ 2º O se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará
por ele, a seu rogo.

§ 3º O a escritura será redigida na língua nacional.

§ 4º O se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o
idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não
o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e
conhecimento bastantes.

§ 5º O se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem
sua identidade.

• ONDE REALIZAR?

O divórcio extrajudicial pode ser realizado em qualquer tabelionato de notas do Brasil:

Art. 1º. Para a lavratura dos atos notariais relacionados a inventário, partilha, separação
consensual, divórcio consensual e extinção consensual de união estável por via administrativa, é
livre a escolha do tabelião de notas, não se aplicando as regras de competência do código de
processo civil. (Redação dada pela resolução nº 326, de 26.6.2020).

Atenção: apesar de ser de livre escolha, o tabelião não pode praticar atos fora de sua
circunscrição. Por isso, os interessados deverão se locomover até a serventia.

• QUAIS DOCUMENTOS DEVEM SER APRESENTADOS? ART. 33, RES. 35 CNJ.

A) Certidão de casamento;

B) Documento de identidade oficial e CPF;

C) Pacto antenupcial, se houver;

D) Certidão de nascimento ou outro documento de identidade dos filhos capazes, se houver;

E) Certidão de propriedade de bens imóveis e direitos a eles relativos;

F) Documentos necessários á comprovação da titularidade dos bens móveis e direitos, se


houver;

 QUAIS SÃO OS REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DO DIVÓRCIO


EXTRAJUDICIAL?

A. Partes maiores e capazes;

B. Consenso entre as partes;

C. Assistência de advogado;
D. Ausência de filhos menores /nascituro;
 O casamento emancipa os menores. Então se dois adolescentes com 16 anos se casaram
e aos 17 querem realizar o divórcio extrajudicial, é possível? SIM!!

ATENÇÃO:

Caso se trate de filho de apenas um dos divorciandos, não haverá óbice.

As partes devem declarar que não têm filhos comuns ou, havendo, que são absolutamente
capazes, indicando nomes e datas de nascimento. (Art. 34 da res. 35 do CNJ)

 Se houver reconhecimento de filho socioafetivo, é filho.

As partes devem declarar que o cônjuge não se encontra em estado gravídico ou que não tem
conhecimento sobre tal condição.

Atualmente, por expressa disposição das normas da corregedoria geral de justiça do estado de
São Paulo, é possível realizar divórcio extrajudicial com menores, desde que seja comprovada a
prévia resolução judicial de todas as questões referentes aos filhos menores (guarda, visitas e
alimentos).

Se houve a propositura de ação judicial, é possível, ainda assim se valer da via


extrajudicial?Sim! É o que dispõe a resolução 35 do CNJ:

Art. 2° da res. 35 do CNJ: é facultada aos interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial;
podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, ou a
desistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial.

É possível divórcio por procuração?

Sim! Desde que se trate de procurador constituído por instrumento público (realizada em
tabelionato de notas), com prazo de validade de 30 dias, com descrição das cláusulas essenciais.

As partes precisam comparecer ao mesmo tempo para “assinar o divórcio”?

Não! É possível que o divórcio seja assinado separadamente. As partes têm até 30 dias para
comparecerem ao cartório para assinatura da escritura pública.

É possível obter gratuidade?

Sim! No estado de São Paulo, as normas da corregedoria determinam que basta simples
declaração das partes para a obtenção da gratuidade. Contudo, se o tabelião suspeitar da
verossimilhança da declaração, comunicará o fato ao juiz corregedor permanente para as
providências cabíveis.

OUTRAS QUESTÕES:

As partes devem definir como será a disposição dos nomes;


A escritura será bastante para averbação do divórcio no registro civil das pessoas naturais e para
a transmissão de bens no registro de imóveis e demais providências necessárias.

Não há sigilo da escritura pública.

É possível estabelecer alimentos ao cônjuge.

O cartório deve disponibilizar um ambiente reservado e discreto para as tratativas do divórcio.

É possível que a partilha dos bens seja feita posteriormente. E ainda é possível regulamentar
guarda, visita, alimentos judicialmente e partilha extrajudicialmente.

AÇÃO DE ALIMENTOS - LEI 5478/68

Legislação conexa:

 CC, arts. 1694 ss.


 CF, art. 229
 Lei n.º 6515/77
 Lei n.º 10741/03
 Lei n.º 11804/08

Finalidade: Obter o pagamento de pensão alimentícia (conteúdo patrimonial).

Cabimento: Dever de sustento (filiação/poder familiar) ou relação de parentesco.

CF, Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos
de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.

 Endereçamento: CPC, art. 53, II

De domicílio ou residência do alimentando.

Vara da família e sucessões (competência funcional).

 Preâmbulo:

Leg. ativa (alimentando): filho(a); pai; mãe; avós; marido; esposa; irmão; gestante;

Leg. passiva (alimentante): filho(a); pai; mãe; avós; marido; esposa; irmão; suposto pai;

Obrigação alimentar avoenga: Enunciado 596 STJ – A obrigação alimentar dos avós tem
natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total
ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
CC, Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

CC, Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem
de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

 Dos Fatos

- Narrativa sobre a situação jurídica que gera o direito aos alimentos (dever de
sustento/parentesco/gravidez);

- Demonstração da situação que enseja o pagamento (despesas);

- Situação econômica do alimentante;

 Dos Fundamentos Jurídicos

- Afirmação de que a de relação jurídica existente entre as partes gera o direito aos alimentos,
segundo as normas pertinentes;

- Necessidade de quem pede;

- Possibilidade de quem paga;

Binômio necessidade x possibilidade

CC, Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes,
nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

CC, Art. 1694. (...)

§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos


recursos da pessoa obrigada.

 Do pedido
A. Alimentos provisórios (art. 4º, Lei 5478/68)
B. Citação (art. 5º, ver § 2º, Lei 5478/68 e art. 695, CPC) para audiência – o juiz fixará prazo
p/ apresentar resposta.
C. A Procedência do pedido (condenação/especificar valor, data e forma de pagamento)
D. Intervenção do MP
E. Assistência gratuita (art. 1º. §§ 2º e 3º, Lei 5478/68)
F. Demais particularidades (p.ex. prioridade na tramitação do feito)

Lei de Alimentos:
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo
devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.

Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime
da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor,
mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.

Art. 5º O escrivão, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá ao devedor a segunda via da
petição ou do termo, juntamente com a cópia do despacho do juiz, e a comunicação do dia e hora
da realização da audiência de conciliação e julgamento.

§ 1º. Na designação da audiência, o juiz fixará o prazo razoável que possibilite ao réu a
contestação da ação proposta e a eventualidade de citação por edital.

§ 2º. A comunicação, que será feita mediante registro postal isento de taxas e com aviso de
recebimento, importa em citação, para todos os efeitos legais.

 Protesto por provas

Não esquecer dos documentos indispensáveis.

 Valor da causa

Soma de 12 prestações mensais (CPC, art. 292, III).

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