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CARTA TESTEMUNHÁVEL

Artigos 639/646 do CPP

 Considerações Gerais - Origem – Antecedentes

Origem Lusitana (há similar no Direito Inglês).

Vigência das Ordenações Filipinas (Tempo do Império no Brasil).

Enfrentamento de ordem dos juízes para escrivães não receberem a petição ou eles próprios se
ocultavam para não a receberem, até a fluência do prazo recursal.

Juízes proibiam os escrivães de receberem as petições, ocultando-se até esgotar-se o prazo da


Lei, não respondendo os termos peticionados.

As partes ficavam indefesas em face do não recebimento de tais petições de recurso.

Surge o mecanismo para enfrentar o arbítrio dos magistrados.

Comparecimento do litigante prejudicado com a decisão perante o escrivão e, NA PRESENÇA


DE TESTEMUNHAS IDÔNEAS, manifestava que havia a recusa o seu agravo e que, então,
desejava fazer chegar a conhecimento superior as razões do reclamo.

Manifestação inequívoca do desejo de recorrer.

Acolhimento pelo Escrivão: emissão de atestado – recebimento do recurso.

Não acolhimento do Escrivão: a parte recorrente comparecia ao Tribunal com as testemunhas


(cujos depoimentos testificavam a recusa ao recebimento de recurso).

Aplicação inicial nas ações cíveis. Depois passou a ser aplicada também na esfera penal.

 Considerações Gerais – Nomenclatura e Natureza Jurídica

No nome dado a instituto “CARTA TESTEMUNHÁVEL”, portanto, vem da origem do instituto,


onde o recorrente se manifestava junto a escrivão, com testemunhas.

NATUREZA JURÍDICA: Discussão sobre ser recurso ou não.

- Recurso Especial ou Especialíssimo, em razão de suas características e finalidade.

Recurso destinado a levar ao conhecimento do juízo ad quem a decisão do juízo a quo, que não
admitiu o recurso ou não deu seguimento ao reclamo.

Defesa do Direito/garantia ao Recurso, ao Duplo Grau.

NATUREZA JURÍDICA: RECURSO

Recorrente: Testemunhante

Recorrido: Testemunhado – que oferecerá contrarrazões.


Sustenta-se, em parte da doutrina, que na realidade o recorrido seria o Juiz que denegou o
recurso ou negou seguimento ao recurso.

Hoje, a doutrina aponta se tratar de recurso ultrapassado que é utilizado somente na esfera
penal, em face de sua permanência do CPP, sem previsão na esfera processual não penal.

 Condições – Pressupostos – Requisitos de Admissibilidade

Cabimento

Art. 639 do CPP: Dar-se-á a carta testemunhável:

 Uma característica da carta testemunhável é que ela é recurso, mas não pode ser
recusada.

I – da decisão que denegar o recurso;

II – da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo
ad quem.

Não receber o recurso (inciso I – inadmissibilidade - não conhecer) ou, após receber, negar
seguimento para seu julgamento no juízo superior (inciso II).

Não se tratam de decisões sobre o mérito do recurso interposto, mas sobre os pressupostos de
admissibilidade e continuidade do recurso (juízo processual).

De quais recursos? Hoje o cabimento é residual, limitado.

Somente incide a carta, em face de ausência de previsão legal para outro recurso específico
contra a decisão que denega ou que negar seguimento ao recurso interposto. Cabimento para os
casos não disciplinados em regras especiais.

Cabimento - RESIDUAL

Regras especiais:

- negada a apelação: caberá RESE (art. 581, inciso XV, CPP).

- Denegados os embargos infringentes: caberá agravo regimental.

- Denegado os embargos de declaração pelo relator: caberá agravo regimental.

- Denegado os embargos de declaração em juízo de primeiro grau: há sustentação doutrinária de


que caberá habeas corpus ou mandado de segurança (conforme o caso) ou ainda a interposição
do recurso de mérito eventualmente cabível, no qual a matéria será objeto de preliminar recursal.

- Denegado Recurso Especial ou Extraordinário: caberá agravo, art.1042 CPC (já havia previsão
legal de agravo desde a Lei 8.038/90).
Aplica-se a regra do artigo 639 do CPP residualmente, (ante a falta de regra especial para sua
denegação ou denegação de seguimento) aos casos de:

1. Recurso em Sentido Estrito.


2. Agravo na Execução Penal (artigo 197 da Lei 7.210/84 – construção doutrinária).
 O agravo em execução é o recurso único e exclusivo em matéria de execução penal. Para
alguns, como não há disciplina própria dentro da lei de execução e em nenhuma outra lei,
caberia carta testemunhável. Mas há quem pense que são duas decisões do juiz das
execuções, logo, cabe novo agravo em execução. Por isso que se diz que esta última tese
não se aplica, pois seria subtrair a essência da carta testemunhável, que é uma só, fazer o
recurso chegar ao tribunal. Se adotar essa sucessividade de agravos, essa discussão
ficaria na mão de um único juiz.

“Justamente por seu caráter residual, hoje reduzido à denegação de um único recurso, não há
qualquer necessidade de manutenção da carta testemunhável no sistema recursal atual. Trata-se
de Reminiscência com puro sabor histórico, que poderia ter justificativa há séculos, numa
estrutura judiciária rudimentar que há muito deixou de existir. Bastaria, portanto, que se
estabelecesse que o juiz não poderia negar seguimento ao recurso em sentido estrito, e que, em
qualquer hipótese, depois de processado em primeiro grau, deveria ser remetido ao tribunal ad
quem, (BARADÓ, Gustavo Henrique, Manual dos Recursos Penais, p.313 – RT).

Em nota, o autor diz “Com razão, afirma Aury Lopes Jr (...) tratar-se de ‘instrumento processual
bastante curioso, não apenas no nome, mas que atualmente tem pouca utilidade prática e revela-
se bastante anacrônico, desconectado da realidade do processo penal e da administração da
justiça contemporânea’”.

 LEGITIMIDADE

Legitimidade do artigo 577, do CPP, com regra geral.

Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu,
seu procurador ou seu defensor.

Evidente que, dependendo do caso, o legitimado será o autor do recurso denegado. Portanto, o
testemunhante será o precedente recorrente, dentre aqueles do artigo 577 do CPP.

Há entendimentos de que o Assistente de Acusação (habilitado) e o ofendido também estariam


legitimados à carta testemunhável, quando forem eles os autores do recurso denegado, por
exemplo, do RESE.

Situações a serem discutidas... (Carta Supletiva?).

Imagine uma situação grave em que o Ministério Público está diante de si com uma sentença
absolutória de um crime imputado ao réu. Promotor apela e o juiz não recebe a apelação. Parquet
interpõe recurso em sentido estrito, juiz não recebe e o promotor não interpõe novo recurso. O
assistente de acusação poderia ter supletividade. O problema ocorre quando o recurso do
Ministério Público é inválido. Tecnicamente como assistente de acusação deve ficar ligado a este
tipo de procedimento, surgiu um caso duvidoso que pode não ser recebido, deveria o assistente
ingressar com recurso de apelação, conjuntamente ou separadamente com o MP. O máximo que
pode acontecer é o juiz não receber o recurso do assistente, pois já recebeu o do MP, mas caso
não receba do MP, teria o do assistente supletivo.

 INTERESSE

Necessidade e utilidade. Segue a regra geral, do artigo 577, parágrafo único, do CPP.

Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na
reforma ou modificação da decisão.

A necessidade e utilidade é evidente, já que, ao recorrente, foi-lhe negado acesso recursal ao


juízo ad quem. Caso não utilizada a carta testemunhável, haverá preclusão ao direito de recorrer
e, por consequência, possível preclusão para discussão da matéria objeto do recurso denegado.
Logo, a carta garante o direito de sustentar a validade do recurso denegado, para que seja ele
admitido e julgado.

Interesse vinculado ao gravame suportado pelo não recebimento ou prosseguimento do recurso,


qualquer que seja o motivo da recusa ao recebimento ou seguimento do reclamo.

 PRAZO

Artigo 640 do CPP: 48 horas (quarenta e oito horas).

Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal,


conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso,
indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas.

Na prática, há quem sustente que o prazo é de 02 dias (art. 798 CPP). Omissão na data e horário
da decisão. Demarcada a hora e minuto da decisão, conta-se em horas.

O prazo em horas será contado na forma do artigo 132 §4º do CC (...”os prazos fixados por hora
contar-se-ão de minuto a minuto”).

Início do prazo e da contagem.

Art. 640, CPP “nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes ao despacho que denegar o recurso...”
(Só para o inciso I, 639. E o inciso II?)*** O art. 640, CPP em confronto com o artigo 798 §5º,
CPP (intimação, ciência ou da audiência).

Discussão. Alguns autores entendem que deveria ser aplicada a regra geral do artigo 798, §5º do
Código de Processo Penal, ou seja, a partir da intimação e não da decisão que denegar o
recurso. É a regra geral passando por cima da regra especial. No entanto, o artigo diz “salvo
disposição em contrário”, não poderia a regra geral passar por cima da lei especial. Discute-se se
seria constitucional no princípio do contraditório, do devido processo legal, da publicidade dos
atos processuais, começar a correr o prazo sem a parte ter conhecimento de que o juiz prolatou
tal decisão. Deve trabalhar então, com a constitucionalidade ou não da regra do artigo 640 do
CPP que determina a regra em horas. A rigor essa regra não é constitucional, pois todo processo
penal tem publicidade, que se dá por intimação e um dos seus efeitos clássicos é dar início ao
prazo de fluência do recurso.

Ademais, o artigo 640 diz do prazo da decisão que denegar o recurso (inciso I), mas não fala da
decisão que negar seguinte ao recurso (inciso II). Qual seria esse prazo? Parte da doutrina
entende que aplica o prazo da denegação, ou seja, 48 horas seguintes da decisão que negou
seguimento e extinguiu o recurso em primeiro grau. Outra parte da doutrina entende que ante a
ausência do prazo, seria o prazo do recurso denegado (05 dias do recurso em sentido estrito e do
agravo em execução). Essa teoria não tem apoio nenhum da jurisprudência, que segue no
sentido de 48 horas da decisão ou alguns tribunais entendem 02 dias. Se for contar em horas,
pode excluir o minuto seguinte, mas não o dia inteiro. Ainda, por incrível que pareça, há decisões
de que o prazo seria da intimação e não da decisão, que seria não receber o efeito do artigo 640
pela Constituição Federal, que é o devido processo democrático, só posso recorrer daquilo que
tenho conhecimento. Não tem uniformidade doutrinária ou jurisprudencial.

 FORMA DE INTERPOSIÇÃO

Artigo 640 do CPP: “A carta testemunhável será requerida ao escrivão ou ao secretário do


tribunal (não mais aplicável), conforme o caso...”.

 Não se admite a carta testemunhável por termo nos autos, somente por requerimento
(documento solene e escrito).
 Não vai passar pelo juízo de admissibilidade do juiz, escrivão que encaminhará a carta ao
tribunal.

Em relação ao endereçamento do secretário do tribunal, o dispositivo está superado, derrogado,


porque tinha aplicação em caso de denegação de Recurso Extraordinário, que não mais
comporta carta testemunhável, mas sim agravo, em face da modificação legislativa.

Portanto a carta deve ser requerida, interposta por petição dirigida ao escrivão. Se for
dirigida ao próprio juiz considera-se mera irregularidade e deve ser admitida.

No requerimento, petição, deverá o testemunhante indicar as peças do processo que deverão ser
trasladadas. Forma-se um instrumento (já se admitiu nos próprios autos, nos casos em que não
há qualquer prejuízo ao processo).
Importância na indicação das peças processuais para formar o instrumento e instruir o pedido
recursal, inclusive para fins de possível aplicação da parte final do artigo 644 CPP.

 PROCEDIMENTO (normal)

Após a interposição, por primeiro, seguem as regras dos artigos 641/645 do CPP.

Artigo 641 CPP: O Escrivão, ou o secretário do tribunal (sem aplicação), dará recibo da petição à
parte (testemunhante) e, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, no caso de recurso em sentido
estrito (ou agravo na execução), ou no prazo de 60 (sessenta) dias, no caso de recurso
extraordinário (sem aplicação), fará entrega da carta, devidamente conferida e concertada.

Após a entrega seguirá o trâmite do recurso em sentido estrito que vamos ver a seguir (artigo
643/645).

NÃO HÁ JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA CARTA JUNTO AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU.


Extraído o instrumento, há a entrega ao testemunhante pelo escrivão, seguindo-se o rito do
recurso denegado (RESE ou Agravo). Portanto, o juiz que denegou ou não deu seguimento ao
recuso, não se manifesta sobre a admissibilidade da carta.

E, se porventura, o escrivão não extrair a carta? Não há permissão legal para agir de tal maneira,
o artigo 641 é impositivo. O escrivão terá de expedir o recibo (protocolo de interposição)
imediatamente e, em cinco dias, e extrair (formar a carta). É dever legal.

 PROCEDIMENTO (Anormal)

Mesmo diante do dever legal, se o escrivão não extrair a carta? Caberá ao testemunhante adotar
as medidas do artigo 642 do CPP.

Art. 642, CPP O escrivão, ou o secretário do tribunal (não aplicável), que se negar a dar o recibo,
ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento, será suspenso por 30 (trinta) dias.
O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação (sem aplicação), em face de representação do
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção,
pelo substituto do escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido,
poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do
julgamento do recurso e imposição a pena.

Formação do Instrumento por representação ao juiz (normal);

Julgamento direto do recurso mediante reclamação do testemunhante.

 PROCEDIMENTO - Normal

Extraída a carta pelo escrivão em cumprimento à lei ou extraída pelo substituto do escrivão por
ordem judicial, o recurso de carta testemunhável seguirá, na regra do artigo 643 do CPP.
Art. 643, CPP: Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts 588 a 592
(RESE), no caso de recurso em sentido estrito (e agravo na execução), ou o processo
estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar (sem aplicação).

- Apresentação de razões do testemunhante em 02 dias (art. 588, CPP).

- Apresentação de contrarrazões do testemunhado em 02 dias (art. 588, CPP).

Após a motivação da Carta (razões e contrarrazões – art. 588, CPP), conclusão ao juiz (artigo
589 do CPP) para, em dois dias reformar ou sustentar a decisão desafiada pela carta. Efeito
Regressivo - Iterativo - Juízo de Retratação.

Manutenção da decisão: remessa ao juízo ad quem.

Retratação – Admite o recurso denegado ou determina o que o dê seguimento do recurso.


Aplica-se o parágrafo único do artigo 589 do CPP? – Não tem aplicação: as decisões que
admitem o recurso ou determinam seguimento são irrecorríveis. Não cabe novo recurso, será
discutido no próprio recurso.

Mantida a decisão do Juiz (que denegou ou recurso ou obstou seguimento ao recurso ao


juízo ad quem).

Art. 644 CPP: O Tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar
conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá
logo, de meritis.

 Aqui que o tribunal pode não conhecer da carta por ser intempestiva ou por falta de
legitimidade, por exemplo. Precisa fazer um juízo de admissibilidade, tomar conhecimento
ou não. Tomar conhecimento é julgar o seu mérito, dar provimento a carta e receber o
recurso, voltar o recurso à origem para ser instruído (Primeira parte do artigo).
 Segunda parte do artigo: se estiver suficientemente instruída, decidirá logo o mérito do
recurso denegado. O requerente pode colocar um tópico “Das razões do recurso em
sentido estrito denegado por economia processual”. Não se trata de supressão de
instância, mas celeridade processual.

LEMBRAR QUE RESE, AGRAVO EM EXECUÇÃO E A CARTA TESTEMUNHÁVEL TEM


JUÍZO DE RETRATAÇÃO.

Artigo 645 CPP: O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do
recurso denegado (609/618 CPP).

- admitindo a carta, o Tribunal poderá ou não dar provimento.


- dando provimento, o fará para receber o recurso denegado ou dar seguimento ao recurso não
remetido ao juízo ad quem, podendo o Tribunal, se o caso (suficientemente instruído), julgar o
próprio recurso denegado. Julgar a carta e o RESE.

No procedimento anormal, o tribunal avoca o processo e julga o recurso denegado de pronto, não
há análise da carta testemunhável.

Primeira Instância: a) interposição ao escrivão; b) protocolo da interposição; c) formação e


entrega do traslado; d) intimação do testemunhante para razões; e) apresentação das razões; f)
intimação do testemunhado para apresentar contrarrazões; g) apresentação das contratações; h)
juízo de retratação.

Segunda Instância: a) distribuição; b) sorteio ao relator; c) vista ao Ministério Público; d)


apresentação de parecer do Ministério Público (cinco dias); e) conclusão ao relator (cinco dias); e)
designação de data para julgamento; f) julgamento (com sustentação oral possível por 10
minutos).

 EFEITOS DA CARTA

Art. 646 – A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.

- Efeito devolutivo misto (regressivo no primeiro momento, iterativo (juízo de retratação), e


devolutivo propriamente dito no segundo momento (remessa ao juízo ad quem)).

No juízo ad quem o efeito devolutivo poderá ser ampliado (art. 644), ou seja: devolve-se o
mérito da decisão que denegou o recurso com a possibilidade de se devolver o mérito do
próprio recurso denegado.

“Remédio de duplo efeito, pois repara o mal vindo da denegação do recurso em sentido estrito e
provoca, com a subida deste, também a reparação do mal causado pela decisão que originou o
recurso denegado” (Gustavo Henrique Badaró, Manual dos Recursos Penais, São Paulo, RT, p
317).

Caso seja uma carta testemunhável diante de um recurso em sentido estrito, pois houve
denegação da apelação, é possível que seja julgada pelo tribunal a razão da apelação. Deveria,
neste caso, ter três razões, a razão da carta testemunhável, a razão do recurso em sentido estrito
e a razão da apelação. Não há óbice para julgar as razões da apelação se estiver devidamente
instruída, salvo quando tiver alguma disposição em contrário no regimento interno do tribunal.

REVISÃO CRIMINAL

Considerações Gerais - Fundamentos - Natureza Jurídica

Processo judicial – Decisão – Recursos - Acórdãos - Trânsito em Julgado


TRÂNSITO EM JULGADO = SEGURANÇA JURÍDICA (art. 5º, XXXVI + art. 60 §4º IV – CF) =
“CERTEZA” (necessidade)

Finalidade da função jurisdicional: JUSTIÇA (Dignidade da Pessoa – fundamento do Estado, art.


2º, III, CF; Fundamento da República art. 3º, I, CF; Erro Judiciário: indenização art. 5º LXXV).

CERTEZA (COISA JULGADA) = JUSTIÇA (decisão sem erros, sem vícios; decisão fundada na
correta aplicação da lei). Os fundamentos do Estado e da República estão cumpridos, assim
como preservados e garantidos estão os direitos individuais da pessoa.

E o contrário? Decisão definitiva injusta? CONFLITO: COISA JULGADA X INJUSTIÇA

CERTEZA (COISA JULGADA) com falha, erro, igual à INJUSTIÇA.

INJUSTIÇA gravíssima, qualificada pela imutabilidade, pela possível perpetuação do erro.

Permitir ou não mecanismos de correção. Prevalência entre valores Justiça e Certeza.

Entre a CERTEZA (COISA JULGADA) e a INJUSTIÇA (decisão errônea, viciada) foi necessária a
criação de meios de impugnação da coisa julgada, para desconstituir a coisa julgada, lavrando-se
nova decisão com a correção do erro e/ou a injustiça da decisão anterior.

DECISÃO POLÍTICA: prevalece o valor Justiça sobre a o valor Segurança Jurídica.

Entre a CERTEZA (COISA JULGADA) e a INJUSTIÇA (decisão errônea, viciada) foi necessária a
criação de meios de impugnação e desconstituição da coisa julgada errônea, viciada. Assim é a
revisão criminal, na esfera penal, como é ação rescisória na esfera não penal.

“A atividade jurisdicional, por melhor que seja, está sujeita a equívocos, pois o juízo humano, por
mais precauções que se tomem, é inseparável do erro.Dois valores, que podem ser antagônicos,
são levados em consideração para resolver situações críticas: de um lado, o valor segurança,
representado pela coisa julgada; do outro o valor justiça, defendido pelo sistema recursal. Porém,
às vezes, o sistema recursal pode não ser suficiente para estabelecer a justiça material, e é por
isso que surgem remédios como a revisão criminal...” (ADA/SCARANCE/MAGALHÃES).

Histórico da Revisão no Brasil

- Decreto 848 de 11.10.1890 – institui a Revisão Criminal no Brasil, perante o Supremo Tribunal
Federal.

- Previsão Constitucional – art. 81 da Constituição de 1891.

- Previsão Constitucional - art. 76, e, da Constituição de 1934.

Em tais hipóteses a revisão foi prevista sempre em favor do réu, como uma garantia individual.

- A Constituição de 1937 não previu a Revisão (veio o CPP).


- A constituição de 1946 previu a competência do Supremo Tribunal Federal para rever em
benefício dos condenados, a suas decisões criminais, em processo findos (artigo 101, IV).

- A Constituição de 1967 (art. 114, I0 e EC I1969 (art. 119,I) – sem prever expressamente como
benefício dos acusados.

Previsão Constitucional vigente.

Supremo Tribunal Federal - art. 102, I, j.

Superior Tribunal de Justiça - art. 105, l e.

Tribunais Regionais Federais - art. 108, I b.

Constituições Estaduais (art. 74 VII – Constituição de São Paulo).

Previsão Normativa Infraconstitucional;

Código de Processo Penal arts. 621/631

NOVO CONFRONTO - DECISÃO POLÍTICA - PENAL

Do confronto dos valores Justiça e Segurança há a necessidade e se tomar decisão política:


permitir, em caráter especial, excepcional, a desconstituição da coisa julgada (privilegiando a
Justiça em detrimento da segurança). Decisão permissiva.

EM MATÉRIA PENAL

Permitir a para “as partes” (em favor do réu e em favor da sociedade) ou somente em favor do
réu, condenados?

Em algumas legislações estrangeiras (Alemanha e Portugal, por exemplo), há possibilidade de


revisão criminal contra o réu: revisão pro societate.

No Brasil a decisão foi diversa, a revisão somente é possível pro reo. Instrumento em favor
de condenados.

RAZÕES DO FUNDAMENTO POLÍTICO

No Brasil a decisão política sempre foi a de permitir a revisão criminal somente a favor do
condenado.No histórico das precedentes Constituições previa-se expressamente como garantia
do condenado.No Código de Processo Penal (disciplinando seu cabimento a favor do
condenado), mesmo no silêncio das constituições sobre ser exclusivo do acusados.

Instituto em benefício do condenado.

Novos valores em jogo – Dignidade da Pessoa, Princípio da Inocência de Liberdade Individual.

“Melhor atende aos interesses do bem comum, a manutenção da sentença erradaproferida em


prol do réu, do que a instabilidade e insegurança que iria ficar sujeito o réu absolvido se o
pronunciamento absolutório pudesse ser objeto de revisão” (José Frederico Marques – citado por
Gustavo Henrique Badaró).

SERIA DIGNO A PESSOA ABSOLVIDA EM DEFINITIVO SE VER PROCESSADA E


CONDENADA PELO MESMO FATO?

Instituto em benefício do condenado – Tradição do Direito Brasileiro consagrada.

A Constituição Federal atual não traz expressa que se dê a revisão em benefício somente de
condenados.

Código de Processo Penal disciplina o instituto, deixando patente a possibilidade de revisão em


face de condenações – Art. 621 CPP, apontando o que poderá fazer o Tribunal ao julgar
procedente (artigo 626, Par. Único, CPP).

Art. 621 do CPP: A revisão dos processos findos se dará:I – quando a sentença condenatória
for...; II – quando a sentença condenatória...; III – quando, após a sentença, se descobrirem
novas provas da inocência do condenado.

Art. 626 do CPP: Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da
infração, absolver, o réu, modificar a pena ou anular o processo.

Parágrafo único: De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão
revista.

Instituto em benefício do condenado – Tradição do Direito Brasileiro mantida. Pode ser alterada?
Há possibilidade de Alteração Constitucional ou infraconstitucional para se permitir a revisão pro
societate?

CADH Art. 8.4. “o acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser
submetido a novo processo pelos mesmos fatos”

Garantia Fundamental dos acusados.

Necessidade de se harmonizar o Pacto com a CR

Integra a constituição ou é norma supralegal?

 Natureza Jurídica

No Código de Processo Penal está inserida como um recurso (Capítulo IX - arts 621/631).

Entendimento majoritário é de que se trata de um meio autônomo de impugnação de decisões


judiciais transitadas em julgado.Tem natureza de Ação. Não é recurso.

Colocação topográfica equivocada no CPP, como o habeas corpus.

Ação Autônoma – Dá início a outro processo. Instaura-se nova relação processual.

Finalidade de rescindir, desconstituir a sentença definitiva (com trânsito em julgado).


Ação constitutiva negativa ou desconstitutiva.

- Não tem prazo, como os recursos.

- Competência originária de Tribunais (cuidado com o Juizado Especial Criminal).

Segundo AURY LOPES Jr. “Trata-se de um meio de impugnação, não submetida a prazos, que
se destina a rescindir uma sentença transitada em julgado, exercendo por vez o papel similar ao
de uma ação de anulação, ou constitutiva negativa, no léxico ponteano, sem se ver obstaculizada
pela coisa julgada” (Direito processual Penal, p 1096).

Ação Constitutiva Negativa com a finalidade de desfazer, rescindir a coisa julgada penal
condenatória ou a sentença penal condenatória transitada em julgado, e substitui-la por outra.
(dentro da teoria classifica da classificação das ações).

Dois pedidos – dois juízos - Art. 626, caput, CPP.

1 - Rescindente ou revidente: desconstitui a sentença condenatória transitada em julgado.

2 – Rescisório ou revisório: juízo declaratório: absolve o réu, altera a classificação do delito ou


altera a pena.

Obs. Quando anula, somente há o juízo rescindente.

Sentença subjetivamente simples e objetivamente complexa.

Natureza Jurídica Ação – Contém dois pedidos – Poderá até conter um terceiro pedido.

Condenatório (condenação ao pagamento de indenização ao sentenciado (art. 630 CPP)).

Obs. Pedido de indenização é facultativo.Classificação em razão da sentença.

Condições da Ação Revisional

 Legitimidade ATIVA

Artigo 623 do CPP: A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente
habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

1 – O próprio condenado;

2 – Procurador legalmente habilitado;

Há quem entenda que a habilitação aqui se refere à capacidade postulatória e não a poderes
especiais da procuração para propor a revisão (diverso do artigo 44 CPP). Assim, um advogado
constituído pelo condenado.Há entendimento diverso.

3 – Morte do Condenado:
3.1 – antes da propositura da ação, a lei legitima seus sucessores: cônjuge; ascendente,
descendente ou irmão. Legitimação concorrente não preferencial (não se aplica o art. 36 do
CPP).

Cônjuge entendimento ampliado: Companheiro/a, inclusive em união homoafetiva (art. 226 § 3º


CR).

3.2 – depois da propositura da ação

Art. 631 CPP: Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser
revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.

4 – Condenado doente mental sem representante legal, ou com colisão e interesses.

Aponta-se na doutrina a possibilidade de nomeação de Curador Especial, por analogia ao artigo


631 CPP.

5 – Ministério Público

Divergência. Doutrina majoritária é no sentido de se negar legitimidade ativa ao MP.Há


entendimentos em sentido oposto, sustentando que o MP poderá propor a revisão em favor do
condenado (art. 577 CPP).

 Legitimidade PASSIVA

O Estado – Titular do Título Judicial Condenatório.

Representação no processo: Ministério Público (artigo 625 §5º CPP).

Admitido o pedido, vista ao MP para parecer.

Sustenta-se que esse parecer tem natureza de contestação, formando-se o contraditório.

Inclusive se diz que, havendo pedido de condenação: MP substituto da Fazenda Pública?

Parecer poderá ser favorável ao pedido.

Intervenção de Terceiros - Não há previsão para participação do ofendido ou participação


do querelante. Críticas!

 Interesse de agir

Existência da coisa julgada a ser rescindida. Meio próprio de rescisão da coisa julgada judicial –
Necessidade da ação.

Artigo 625 §1º CPP (certidão do trânsito em julgado). Art. 621 “Processos Findos”.

Existência da coisa julgada. Há casos em que há interesse na rescisão, mas não haverá
possibilidade jurídica do pedido. Ex. Sentença absolutória (modificação do fundamento). Extinção
da Punibilidade durante a ação penal (comprovação da inocência).
Coisa julgada condenatória e pena cumprida ou extinta. Cabe revisão para pedir redução
de pena? (prova nova).

Há quem diga que a revisão é desnecessária (inoperante) porque não haverá a reabilitação total
do condenado.

Em sentido oposto: admite-se a revisão, em face dos efeitos amplos da ação, que não se limita
em livrar o sentenciado de sua prisão ou da pena.

- Retirar o caráter hediondo do delito.

- Afastar o efeito de perda do cargo público (pela quantidade de pena – art. 92 do CP)

- Direito à indenização (artigo 5º LXXV CR).

- Após a morte, reduzir a pena (mais discutível ainda), quando a redução da pena não tiver
nenhum efeito penal, mas somente cível.

Coisa julgada condenatória com fixação de valor mínimo de indenização (artigo 387, caput,
IV, CPP). Cabe revisão para pedir redução ou extinção do efeito da condenação de
indenizar o dano?

Discute-se não ser adequada a revisão para rescindir somente o capítulo indenizatório da
sentença de meros efeitos civis. (pode ser consequência da revisão com efeitos penais). Questão
ligada mais a possibilidade do pedido.

Coisa julgada condenatória. Fato Criminoso objeto de Anistia.

Discussão – A reabilitação em face da anistia ser ampla, plena e integral. Desnecessária a


revisão. Sem interesse.

Em sentido oposto: afasta o fato criminoso e não a conduta. Assim cabe revisão para reparação
da honra, em casos de nova prova que revele que o condenado anistiado não praticou a conduta.

25/10

Condições da Ação Revisional

Possibilidade Jurídica do Pedido Revisional.

Possibilidade do Pedido – cláusula geral

Somente nos casos de sentenças condenatórias (com o trânsito em julgado), por crime ou
contravenção (não há mais distinção e restrição à contravenção).

Possibilidade Jurídica. Sentenças condenatórias (com o trânsito em julgado)

– artigo 621, processos findos (trânsito em julgado);

- artigo 625 §1º - certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória.


Não cabe na pendência de qualquer recurso.

Não é necessário o esgotamento de todos os recursos. Ou seja, há a possibilidade jurídica em


face de condenação com transito em julgado em primeira instância (sem qualquer recurso).

O pedido recai sobre a condenação, tem como objeto o dispositivo penal (“completo dispositivo
penal”). Recai sobre o crime ou contravenção ou a pena.

Relembrar: revisão com o objetivo somente para afastar ou alterar efeitos civis não seria possível.
(vimos no interesse).

Sentença condenatória. E a Sentença Absolutória Imprópria (artigo 386, inciso IV, e parágrafo
único, III CPP)?

Em face da imposição da medida de segurança, seu conteúdo é condenatório, punitivo,


sancionatório.

Sentença que concede o Perdão Judicial (ex. artigo 121 §5º, do CP).

Sustenta-se em doutrina ser cabível a revisão (tem substrato condenatório).

Súmula 18 do STJ “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da


punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.

Possibilidade Jurídica do pedido e Extinção da Punibilidade.

- Extinção antecedente à condenação: não há possibilidade jurídica.

- Extinção com condenação sem trânsito em julgado: não há interesse (já vimos), falta o trânsito
em julgado e, em eventual recurso a matéria é debatida.

- Extinção da punibilidade depois do trânsito em julgado.

Em tese é cabível: prescrição da pretensão executória; indulto; graça; morte do condenado.


Persiste a condenação.

Anistia (já falamos): dado à plenitude, dos efeitos, faltaria interesse, mesmo subsistindo a
possibilidade.

Condenações com trânsito em julgado do JÚRI

Corrente minoritária não admite, sob o manto de que a decisão do Júri é soberana e, assim, pode
ser revista.

É cabível a Revisão pela maioria da doutrina e com plena aceitação jurisprudencial.

Não há violação da soberania dos veredictos, em razão de a revisão e a soberania serem


garantias de liberdades.

Soberania não poderia ser utilizada contra o acusado, para impedir sua revisão.
Há uma divisão doutrinária: Maioria do que sustentam possível a revisão proclamam que o
Tribunal tem plenos poderes no julgamento revisional, podendo exercer o juízo rescindente
(cassa, desfaz a coisa julgada) e o juízo rescisório (substitui a condenação por absolvição).
Resguarda a tese de que a revisão é uma garantia implícita do condenado e se sobrepõe à
soberania.

Corrente não dominante na doutrina leciona que o Tribunal fica limitado ao juízo rescindente,
podendo somente desfazer a coisa julgada, com a determinação para realização de novo
julgamento pelo júri.

Entende-se que a soberania não é uma garantia do acusado, mas garantia do Júri como
instituição. Soberana será a decisão que condena e que absolve o acusado.

O julgamento do Júri é soberano. Como observa Luiz Henrique Badaró (Manual dos Recursos
Penais, RT, p. 439), “não se assegurou a soberania dos veredictos absolutórios”.

Hipóteses de cabimento.

Art. 621 CPP: A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso de lei penal ou à evidência dos
autos.

II – quando a sentença condenatória se tundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos.

III – quando, após a sentença condenatória, se descobrirem novas provas de inocência do


condenado ou de circunstância que determina ou autorize a diminuição especial da pena.

Art. 621, Inciso I, CPP – Primeira Parte;

Sentença condenatória for contrária ao texto expresso de lei penal.

- Lei penal: Interpretação ampla, todo e qualquer ato normativo que fundamente a condenação
(Constituição, Leis não penais, normas processuais, norma complementar à lei).

Contrariedade à Lei penal. Contrariedade frontal e inequívoca ao Direito


(Ada/Scarance/Magalhaes Gomes Filho – Recursos no Processo Penal – RT, 6ª ed. P. 249).
Contrariedade à lei deve ser manifesta.

- Contrariedade ao texto expresso tem o sentido acima indicado, de violar de forma clara o texto
normativo, violar abertamente.

- Não é expressamente contrário o julgamento que tem apoio em interpretação jurisprudencial


minoritária.

(Ação Rescisória - art. 966, V CPC – violar manifestamente norma jurídica). Lembrar o STF (já
admitiu - contrária à sua jurisprudência)
Contrariedade ao texto expresso de lei penal e modificação jurisprudencial.

- A interpretação da Lei com conclusões diversas para mesma situação fática. Divisão
Jurisprudencial. A mesma lei poderá ter interpretação e aplicação diversas.

(IM)Possibilidade de revisão?

Na modificação jurisprudencial consolidada, superando as divergência, se favorável ao acusado


caberia a revisão, com base no inciso I, primeira parte do art. 621.

Fundamentos: art. 9º CADH; CF art. 5º, caput, incisos XXXIX e XL (aplicação da lei penal,
irretroatividade da lei mais gravosa e retroatividade da lei mais benigna).

(Abolitio criminis ou novatio legis in melius jurisprudencial).

Na modificação jurisprudencial consolidada.

Cuidado com a Súmula 343 do STF “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo
expresso de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação
controvertida nos tribunais”.

Em julgados posteriores o próprio STF decidiu não aplicar a súmula em divergência de


intepretação sob matéria constitui constitucional.

Art. 621, inciso I, CPP – Segunda Parte

Quando a sentença condenatória for contrária à evidência dos autos.

Implica em uma nova análise da prova. Conjunto de provas do qual decorreu a condenação do
acusado.

Pode implicar em uma terceira análise da prova (primeiro grau, apelação e revisão).

A Contrariedade deve ser manifesta, frontal, radical.

A Contrariedade manifesta, frontal, radical exigida tem semelhança à interpretação que se dá


para o sucesso da apelação do júri (art. 593, III, d, CPP).

Caso a condenação tenha suporte em qualquer prova, ainda que mais frágil que as demais, deve
ser mantida a decisão, julgando-se improcedente a revisão. A condenação não tem qualquer
suporte probante.

Sustenta-se que, sob tal fundamento, também não se pode suscitar a dúvida ou o estado de
dúvida evidência probante.

Há, porém, entendimento diverso, de que poderá ser intentada a revisão, e com sucesso,
absolvendo-se o condenado, caso a corte entenda que há dúvida que leva à conclusão de que a
condenação não foi devidamente comprovada.
Nesse linha a dúvida fundada permitiria a revisão criminal pela primeira parte inclusive, já que a
condenação contrariou frontalmente a constituição (art. 5º LVII: presunção de inocência, e/ou o
CPP: in dubio pro reo art. 386 VII).

Art. 621, Inciso II, CPP: Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos.

Aqui há caso clássico de condenação viciada.

Sentença baseada em prova falsa (depoimentos, documentos ou perícias e demais exames


falsos) que contamina a sentença.

Alega-se que o vício e até de natureza penal, em face de a falsidade ser crime (falso testemunho,
falsa perícia, falsidade documental).

Sentença fundada em prova falsa. Alega-se que a falsidade tenha influência na decisão
condenatória. Nexo de causalidade entre a prova falsa e a condenação. Sem a prova falsa não
haveria a condenação.

Há orientações de que a prova tenha que ser decisiva para o édito condenatório. Sem a prova
falsa não haveria condenação.

Exclusão da prova falsa X persistência de outras provas para condenação.

O provimento da revisão (procedência da ação) exigiria que a prova falsa fosse a base exclusiva
da condenação.

Prova falsa somada a outras provas. Subtrai-se a prova falsa, pode surgir a dúvida fundada e
levar ao sucesso da revisão e à absolvição.

Prova falsa relevante e não única e decisiva para condenação.

Comprovação da falsidade (provas comprovadamente falsas).

Há quem sustente que poderia ser comprovada a falsidade na ação revisional. Porém, dependerá
do Tribunal permitir a cognição e dilação probatória na revisão.

Comprovação prévia, para fundamentar a ação revisão.

- em processo penal de falsidade (não é obrigatório)

- ação declaratória de falsidade no âmbito cível (art. 19, II c.c. arts. 381-383 CPC – produção
antecipada de prova).

Falsidade na Representação do ofendido, na ação pública condicionada.

Não é prova, mas em uma interpretação mais ampla, sustentou a condenação (sem ela não
haveria processo). Admite-se a Revisão, mas para anular o processo e/ou declarar-se extinta a
punibilidade pela decadência.
Prova ilícita. A revisão é cabível com base no inciso I, do Art. 621 (condenação contrária à Lei –
afronta ao artigo 5º LVI CF e art. 157 CPP).

Art. 621, Inciso III, CPP - “Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas da
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição
especial da pena”.

Não há vício na decisão, quer por erro de aplicação da lei ou da prova, quer por falsidade. A
condenação é válida e amparada pela prova até então contida no processo.

O que se entende por prova nova ou novas provas?

Abrangência ampla. Não há necessidade de que a prova seja posterior ao processo.

- prova anterior ao processo desconhecida do acusado (ex. descoberta de prova já existente


contendo confissão de terceiro que foi o ator do crime pelo qual o agente foi condenado).

- prova anterior que o acusado conhecia, mas havia proibição legal de uso.

- prova conhecida do acusado e sua defesa, mas que não foi produzida, ainda que por
negligência. Ex. Testemunha de seu álibi. Testemunha de sua alegada legítima defesa (reflexos
na possível indenização, mas não para impedir a revisão). Interesse público na verdade e justiça.

- Documento já conhecido durante o processo e até juntado aos autos, porém, em sede de
recursos Especial e Extraordinário, que não apreciam prova.

- provas já existentes no processo, mas que não foram valoradas pelo juízo condenatório (se
valorado não é considerado novo).

- Não é necessário que a prova recaia sobre fato alegado pela defesa, podendo se referir a fato
novo. (Exemplo do professor Gustavo Henrique Badaró: acusado alega negativa de autoria e
surge prova de que o fato ocorreu em legítima defesa).

- Descoberta científica que retire o fundamento probante da condenação. Desenvolvimento


científico idôneo e seguro que modifica o critério de valoração da prova que foi valorada.

Ex: Exame de DNA superando exame anterior indiciário de autoria.

Ex: Substância até então tida como letal para envenenamento e morte, por novos e modernos
exames se verifica ser ela impossível de provocar qualquer ofensa à saúde.

Conforme entendimento da Súmula 119 das Mesas de Processo Penal: “qualquer prova nova,
referente a fato alegado, ou não, e mesmo já apreciado no processo revidendo, autoriza a
revisão, desde que relevante, sendo apreciado em conjunto com o material probatório”.

Art. 621, Inciso III, CPP - Novas Provas.

Como produzir ou obter a prova nova pessoal (testemunhal).


Necessidade de contraditório. Indispensável para produção de prova oral.

Já se recusou declaração por escritura pública.

Em caso de novos exames, deve-se aplicar a mesma regra, para garantir-se o contraditório.

Há quem sustente que a prova poderá ser produzida na própria ação revisional. Porém, cita-se a
contrariedade dos tribunais em permitir a dilação probante no processo.

Produção antecipada de prova nos moldes dos artigos 381/383 CPC, perante o juízo criminal de
Primeiro Grau (não há prevenção para a condenação segundo melhor doutrina).

A nova prova deve ser apreciada em conjunto as provas já produzidas e apreciadas na ação
condenatória.

A prova nova, segundo a maioria doutrinária e jurisprudencial, deve ser decisiva. Deve ter valor
decisivo, apto a conduzir à absolvição ou redução da pena.

“Para procedência da demanda, como já dito, a prova nova deve ter valor decisivo, não bastando
aquela que só debilite a prova do processo revidendo ou que cause dúvida no espírito dos
julgadores.

...”a prova nova deve ser apta a conduzir à absolvição (prova de inocência) ou à diminuição
especial da pena” (Grinover, Magalhaes, Scarance, Recursos no Processo Penal, São Paulo, Ed.
Atlas 6ª ed. p.252).

Premissa fundada no in dubio pro societate.

Há discordância doutrinária sobre o entendimento de que a prova nova deve ser decisiva e
absoluta.

(Aury Lopes Jr. e Gustavo Henrique Badaró sustentam que não há compatibilidade do in dubio
pro societate com as garantias processuais constitucionais e democráticas, notadamente o in
dubio pro reo.

Há uma injustiça em tal premissa, já que a dúvida é resolvida contra o réu. A jurisprudência, no
entanto, tem adotado o primeiro entendimento.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

PRAZO: Por se tratar de ação que tutela interesse fundamental e indisponível, não há prazo
preclusivo para a propositura da ação penal.

Art. 622 CPP: “A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo antes da extinção da pena ou
após”.

Capacidade Postulatória. Sustenta-se que o artigo 623 ao dar legitimidade ao condenado,


também lhe atribui capacidade postulatória. Poderá ele propor o pedido revisional em juízo.
Há discussões, em face do art. 133 da CF e do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei 8906/94)
que determinam a indispensabilidade de advogado para postulação judicial salvo em casos de
Habeas Corpus.

Soluções intermediárias entre os dois valores. O condenado pode propor, para durante o
processo deverá ser-lhe nomeado defensor para defesa técnica.

Desnecessidade de recolhimento à prisão, ainda que com mandado expedido para cumprimento
da pena. Não há previsão legal (como havia para apelação, já superado).

Súmula 393 STF: “Para requer a revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à
prisão”.

Competência – Investidura do Juízo

Art. 624. As revisões serão processadas e julgadas:

I – pelo Supremo Tribunal Federal, quanto as condenações por ele proferidas;

II – pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos.

§ 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e julgamento


obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento interno.

§ 2º Nos Tribunais de Justiça ou Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas
criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houve mais de uma, e, no caso contrário, pelo
tribunal pleno.

§ 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser
constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento da revisão, obedecido
o que for estabelecido no respectivo regimento.

Compete ao Supremo Tribunal Federal: julgar a Revisão Criminal de seus julgados (Art.102,
inciso I, alínea j).

Art. 263, caput, RISTF: Será admitida a revisão, pelo Tribunal dos processos criminais findos,
em que a condenação tiver sido por ele proferida ou mantida no julgamento de ação penal
originária ou recuso ordinário. (reproduz os incisos I, II e III do art. 621 CPP).

I – quando a decisão condenatória for contraria ao texto expresso de lei penal ou à evidência dos
autos.

II – quando a decisão condenatória se fundar em depoimentos exames ou documentos


comprovadamente falsos.

III – quando, após a decisão condenatória, se descobrirem novas provas de inocência do


condenado ou de circunstância que determine ou autorize a diminuição especial de pena.
Parágrafo único. No caso do inciso I, primeira parte, caberá a revisão, pelo Tribunal, de processo
em que a condenação tiver sido por ele proferida ou mantida no julgamento de recurso
extraordinário, se seu fundamento coincidir com a questão federal apreciada.

Não é cabível revisão de condenação mantida pelo STF em recurso extraordinário, nas hipóteses
dos incisos II e III do art. 621 – envolve análise de prova, que não é objeto do Recurso
Extraordinário.

Em relação ao inciso I, a revisão do recurso da condenação mantida em Recurso Extraordinário


caberá somente pela primeira parte do dispositivo (contrária ao texto da lei), pelos mesmos
motivos. Mas adverte-se que a matéria legal deve ter sido apreciada pelo recurso. Conhecimento
do recurso e a matéria.

Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

Art. 105, I, e, CF “Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar originariamente a


revisão criminal e as ações rescisórias de seus julgados:

Art. 239 RISTJ; “À Corte Especial caberá a revisão de decisões criminais que tiver proferida, e à
Seção, das decisões suas e das Turmas.”

Art. 240 RISTJ: “No caso do inciso I, primeira parte, do artigo 621 do Código de Processo Penal,
caberá a revisão, pelo Tribunal, do processo em que a condenação tiver sido por ele proferida ou
mantida no julgamento de recurso especial, se seu fundamento coincidir com a questão federal
apreciada”.

Mesma lógica e aplicabilidade do STF – Conhecer o Recurso e a matéria.

Compete aos Tribunais Regionais Federais:

Art. 108, I, b, CF “Compete aos Tribunais Regionais Federais, - processar e julgar


originariamente “as revisões criminais e às ações rescisórias de julgados seus e dos juízes
federais da região.

Revisões de condenações em ações originárias ou mantidas ou decretadas em apelações e,


ainda mantidas, em embargos infringentes. Condenações dos juízes federais ainda que não
tenham recursos ao tribunal.

Competência dos Tribunais de Justiça dos Estados. Segue a mesma linha dos TRF.

Processar e julgar originariamente as revisões criminais de julgados seus e dos juízes estaduais
de sua unidade da federação (art. 125 CF, CE e CPP, além dos Regimentos Internos.

Revisões de condenações em ações originárias ou mantidas ou decretadas em apelações e,


ainda mantidas em embargos infringentes. Condenações dos juízes ainda que não tenham
recursos ao tribunal.
Competência dos Tribunais Regionais Eleitorais

Condenações por crimes eleitorais. Não há previsão no Código Eleitoral, porém, há previsão de
aplicação subsidiária do CPP (Art. 364 CE).

Assim caberia aos Tribunais Regionais Eleitorais processar e julgar originariamente as revisões
criminais de julgados seus e dos juízes eleitoras da respectiva região.

Competência para Revisão das Condenações no Juizado Especial Criminal – Sentenças e


Acórdãos da Turma Recursal. Divergência.

Juizado Especial

1 – A competência para processo e julgamento originário da revisão criminal seria dos Tribunais
de Justiça dos Estados ou dos Tribunais Regionais Federais. A constituição só permite que as
turmas julguem recursos.

2 – Em face das Súmulas 203 do STJ (não cabe Recurso Especial das decisões do Juizado) e
640 do STF (autoriza o cabimento de Recurso Extraordinário das decisões do Juizado), a Revisão
das condenações do Juizado Especial Criminal deverá ser julgada pelo Supremo Tribunal
Federal, órgão Hierarquicamente Superior.

3 – A Revisão das condenações do Juizado Especial Criminal deverá ser julgada pelas Turmas
Recursais. Precedentes STJ.

Não há previsão, porém também não há proibição e as Turmas Recursais são os órgãos de
hierarquia imediatamente superior aos juízes do juizado especial.

Forma de interposição:

Artigo 625 CPP: Requerimento (caput - na realidade petiço inicial) com o requisito essencial de
juntada da certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória ou absolutória
imprópria (parágrafo único).

Se for interposta por Advogado será necessária a procuração (deferente do Habeas Corpus).

Demais requisitos de uma petição inicial.

Procedimento (Aplicar as regras complementares inseridas nos regimentos internos dos Tribunais
– Artigo 628 CPP)

Art. 625 caput: Requerimento (petição) será distribuído a um relator (desembargador), que não
tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo (Impedimento legal).

Pedido Liminar – (im) Possibilidade

Sem previsão de qualquer efeito suspensivo para a condenação.


Como regra, se diz que há necessidade de se resguardar a coisa julgada, que somente será
superada pela via especial da revisão, após a procedência do pedido.

Em caráter excepcional, quando o pedido revisional está instruído com argumentos e provas
indicativas da procedência, não se impede a concessão de liminar, pelos fundamentos e poderes
de cautela previstos para tanto.

Procedimento

Interposição da Petição

Juízo de Admissibilidade da Ação.

Art. 625 §2º: O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se não advir
dificuldade à execução normal da sentença.

Art. 625 §3º, Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse
da justiça que se apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as
câmaras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso. Sentença de carência da ação.

Juízo de Admissibilidade Negativo - Recurso

Art. 625 § 4º: Interposto o recurso por petição e independente de termo, o relator apresentará o
processo em mesa para o julgamento e o relatará sem tomar parte na discussão.

Petição – indeferimento – recurso

Não provido o Recuso – Revisão não admitida – carência de ação (sustenta-se que o acórdão
estará sujeito a Recurso Extraordinário e/ou Especial na ausência de novo reclamo regimental).

Provido o Recurso: Admissibilidade positiva da Revisão (art. 625 CPP – segue para julgamento).

Procedimento - Admissibilidade (Rito do artigo Art. 625 § 5º CPP observada as normas


regimentais).

Petição

Decisão de Admissibilidade (e o requerimento (petição) não for indeferido in limine ou indeferido e


com recurso provido)

Vista ao Ministério Público (Procurador Geral) para parecer, no prazo de 10 (dez) dias.

Exame dos autos pelo Relator (10 dias)

Julgamento do mérito do pedido pelo colegiado. Poderá haver sustentação oral – EMPATE
(ANALOGIA: art. 615 §1º CPP).

Acórdão – Publicação do Acórdão.

Resultados da Revisão Criminal


Admitida a revisão, na prática é comum utilizar o vocábulo “conhecida” (face ao tratamento como
recurso). Assim, julgada no mérito se sustenta que ela será provida ou improvida. Correto é
julgar-se procedente ou improcedente (pela natureza de ação).

Improcedência (não provimento). Entende-se Decisão meramente declaratória. A condenação e,


principalmente a coisa julgada, permanecem íntegras. Efeito: somente impedir a propositura de
nova revisão pelo mesmo fundamento (art. 622 CPP).

Procedência (provimento) – Art. 626 CPP (lembrar do julgamento extra e ultra petita). Julgando
procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu,
modificar a pena ou anular o processo.

 Em outras palavras, poderá ter o julgamento extra e ultra petita, mas sempre a favor do
réu.

Nesses casos poderá haver o Juízo Rescindente ou revidente e o juízo revisório ou rescisório,
salvo em casos de nulidade, em que há só o primeiro, aplicando-se o artigo 571 do CPP.

 Absolver o acusado

Juízo Rescindente: desconstitui, cassa a coisa julgada.

Juízo Rescisório: substitui a condenação por uma sentença absolutória na forma do artigo 386
do CPP. Juízo declaratório absolutório.

 Desclassificar o delito.

Juízo Rescindente: desconstitui, cassa a sentença e coisa julgada, ao menos em relação à


tipificação do delito.

Juízo Rescisório: substitui a condenação por outro delito e, se caso reduz a pena. (cuidado com
delito de pena maior).

 Reduzir a Pena.

Juízo Rescindente: desconstitui, cassa a sentença e coisa julgada, ao menos em relação ao


capítulo da pena.

Juízo Rescisório: substitui a pena por outra (não há possibilidade de aumento).

 Anular o Processo (no todo ou em parte)

Juízo Rescindente: desconstitui, cassa a sentença e coisa julgada, anulando o ato viciado e os
que dele forma consequentes, aplicando-se a regra do art. 571 do CPP.

No juízo de origem, renova-se a ação ou os atos processuais declarados nulos.

Nulidade reconhecida e prescrição – Tribunal Declara, inclusive por dever de ofício. Sustenta-se,
na hipótese, haver também o juízo rescisório: declaração de extinção da punibilidade.
Juízo Rescindente: desconstitui, cassa a sentença e coisa julgada. Juízo Constitutivo Negativo.

Juízo Rescisório: substitui a condenação por uma sentença absolutória na forma do artigo 386
do CPP. Juízo declaratório absolutório.

Juízo Condenatório: condenação do Estado pelos danos causado pela condenação (pedido
facultativo – artigo 630 CPP).

Proibição de Agravar-se a situação do réu.

Art. 626, parágrafo único: De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela
decisão revista.

Em nenhuma hipótese de procedência. Entendimento de que impede até a reformatio in pejus


indireta (caso de nulidade).

Efeitos da Sentença de procedência com a Absolvição do acusado – Artigo 627 CPP

 Restituição ao condenado de todos os direitos perdidos em virtude da condenação.


 Resgate do estado de inocência.
 Reparação à dignidade do condenado.
 Reabilitação integral do condenado ou de sua memória.
 Extinção de todos os efeitos penais e extrapenais decorrentes da condenação desfeito.
 Devolução da fiança perdida;
 Devolução de bens apreendido e perdidos;
 Reaquisição dos direitos familiares (guarda; poder familiar);
 Recondução ao cargo ou função pública; retorno;
 Retorno à condição de herdeiro se foi deserdado.
 Direitos eleitorais.

Parte final do art. 627: “...se o caso, impor medida de segurança”. Havia aplicação antes da
reforma penal de 1.984. Evidente a gravidade e o caráter punitivo da medida de segurança.
Absolvido o réu não será possível tal imposição. Caso único e raro: Condenado e na revisão é
absolvido por inimputabilidade (artigo 26 caput CP.)

Possível efeito do artigo 580 do CPP – Extensão dos efeitos da decisão do corréu ao
condenado coautor que não recorreu. Há possibilidade inclusive com jurisprudência do STF. A
Sentença aqui ultrapassa os limites subjetivos da coisa julgada, tem eficácia “ultra partes”.
Fundamento da procedência revisional (absolvição ou redução de pena ou desclassificação e até
nulidade), no caso, é comum alcança a todos os coautores do ilícito penal. Permitiria a todos a
revisão e sua procedência. Porém, enquanto não julgada a nova revisão padeceriam dos efeitos
condenatórios.
Cumprimento da Sentença de procedência – Artigo 629 CPP.

 Comunicação ao juízo condenatório com certidão do acórdão para juntada aos autos
condenatórios cumprindo-se a decisão.
 Condenado: absolvido e foragido, não haverá execução nem cumprimento de mandado de
prisão.
 Condenado cumprindo pena e absolvido – comunicação ao juízo da execução para julgar
extinta a pena e restituir-lhe a liberdade.
 Caso de desclassificação e/ou redução de pena comunicação ao juízo da execução para
readequação da situação processual.
 Nulidade, retomada do processo, se possível. Réu preso, o Tribunal tem determinado a
soltura.

Decisão – Recursos Cabíveis

Indeferimento inicial

 Embargos de Declaração
 Recurso inominado ou embargos regimentais (artigo 625 §§ 3º e 4º, CPP).

Acórdão nos Tribunais (TJ e TRF)

 Embargos de Declaração
 Recurso Especial e/ou Recurso Extraordinário (não cabe Embargos Infringentes)

 Eventuais Recursos Regimentais se houver previsão.

No Superior Tribunal de Justiça

 Embargos de Declaração
 Agravos Regimentais se houver.
 Recurso Extraordinário

No Supremo Tribunal Federal

 Embargos de Declaração
 Embargos regimentais
 Embargos Infringentes (RISTF – art. 333, II) – julgada improcedente por decisão não
unânime.

DECISÃO – COISA JULGADA


Como toda sentença, aquela proclamada em sede de revisão criminal também fará coisa julgada,
esgotados os eventuais recursos ou não interpostos quando cabíveis. A coisa julgada, em tese,
impede a propositura de nova revisão.

DECISÃO – REITERAÇÃO

Artigo 622 CPP. A revisão poderá... Parágrafo único: “Não será admissível a reiteração do
pedido, salvo se fundado em novas provas”.

Só há reiteração (identidade de ações) quando houver as mesmas partes, o mesmo pedido e a


mesma causa de pedir.

A mesma condenação poderá ser objeto de mais de uma revisão, sem que haja identidade de
ação. – Modificação do fundamento, da causa de pedir (incisos do art. 621).

Nova revisão com o mesmo fundamento: novas provas – é possível (parte final do parágrafo
único do artigo 622).

Há citações de casos com o mesmo fundamento, mas em hipóteses concretas diversas


(conforme orientação doutrinária de Gustavo Henrique Badaró (obra já citada p 468).

Primeira revisão fundada em prova falsa, a prova era uma perícia.

Segunda Revisão fundada em prova falsa, mas em um documento ou testemunho.

INDENIZAÇÃO AO CONDENADO

Art. 630, CPP: O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direto a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.

 Faculdade dada ao sentenciado.


 Não é objeto principal da revisão
 Em regra não se reconhece de ofício.
 Sendo facultativo, se não houver pedido, poderá o sentenciado promover a ação no juízo
civil, após o resultado da revisão.
 Entende-se que é cabível a indenização não só em caso de condenação, mas em casos
de redução de pena e desclassificação em que o condenado tenha ficado preso por mais
tempo que a nova sentença demarcou.
 Abrange danos materiais e morais
 A revisão garante ao condenado o direito à indenização, cujos valores serão exigidos no
juízo cível (artigo 630 § 1º, CPP).

Conseqüência do Erro Judiciário: Art. 5º LXXV, Constituição Federal: o Estado indenizará o


condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.

Responsabilidade objetiva do Estado (Art. 37 §6º do CPP).


Já se discutiu que a indenização somente seria devida se houvesse dolo, má-fé ou culpa grave
do agente (caráter subjetivo). Segundo melhor doutrina as regras constitucionais afastam essa
interpretação.

Responsabilidade objetiva (art. 5º LXXV e art. 37 §6º CF) X Exceções ao direito de indenização.

Art. 630 § 2º, a indenização não será devida:

a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio


impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder. (discussão sobre recepção).

b) se a acusação houver sido meramente privada. (unanimidade: dispositivo não recepcionado ou


derrogado).

Discussões

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