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PROCESSO PENAL
ÍNDICE
1. DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................3
4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.................................................................................14
5. REVISÃO CRIMINAL......................................................................................................16
6. RECURSO EXTRAORDINÁRIO...................................................................................19
7. CARTA TESTEMUNHÁVEL......................................................................................... 22
8. HABEAS CORPUS..........................................................................................................24
9. APELAÇÃO..................................................................................................................... 26
1. Disposições Gerais
O recurso é o meio de impugnação da decisão judicial prolatada, é instrumento hábil a
reformar uma decisão, buscando seu reexame, desde que tenha havido sucumbência,
necessária ao surgimento do interesse recursal. No processo penal, o tema é abordado
nos arts. 574 ao 580 do Código de Processo Penal:
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos,
de ofício, pelo juiz:
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime
ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.
Assim, podemos concluir que os recursos, em regra, são voluntários, ou seja, ninguém será
obrigado a recorrer sem desejar. Todavia, podemos verificar que os incisos apresentam
duas situações em que serão obrigatórios:
1. Sentença que conceder habeas corpus; e
2. Sentença que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (ex: legítima defesa).
Importante ressaltar que esses recursos obrigatórios serão interpostos sempre de ofício,
pelo juiz. É o reexame obrigatório. Em seguida, temos os arts. 575 ao 577, que assim
dispõem:
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos funcionários, não tiverem
seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu
procurador ou seu defensor.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou
modificação da decisão.
Destarte, podemos extrair do art. 575 que, mediante falha do Estado ou agente que o
represente, não podem as partes sofrer as consequências, sendo certo que não restarão
prejudicados os recursos que tiverem seguimento negado ou apresentação intempestiva
nesta hipótese.
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O disposto no art. 576 é autoexplicativo, sendo certo que o Ministério Público não tem
a faculdade de desistir de recurso que tenha interposto, ainda que chegue à conclusão
posterior de que o réu é inocente.
Por fim, o art. 577 dispõe acerca do sujeito ativo do recurso. Trata-se daquele que deu
início ao recurso (MP, quem prestou a queixa, réu, advogado ou defensor público).
Ademais, não se admite recurso da parte que não tiver interesse na reforma da decisão,
ou seja, réu inocentado não recorre.
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por
seu representante.
§1º Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado por alguém, a seu rogo, na
presença de duas testemunhas.
§2º A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o dia seguinte ao último do
prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da juntada a data da entrega.
§3º Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por dez a trinta dias, fará conclusos
os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo.
Assim, a interposição do recurso pode dar-se por petição ou por termo. O recurso em
sentido estrito pode processar-se de duas formas:
Nesta segunda opção, a parte assina um termo nos autos logo após a sentença, e esse
ato de assinatura já significa a interposição do recurso, momento em que será aberto
prazo para que o recorrente apresente suas razões. Se o réu, por qualquer razão, não
tiver condições de assinar seu nome, o termo será assinado por terceiro, mediante sua
vontade, na presença de duas testemunhas.
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Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por
outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte,
mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por
um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos
outros.
Inicialmente, temos que o art. 579 prevê uma vertente do princípio da instrumentalidade
das formas, segundo o qual, ainda que o ato processual seja praticado de modo diverso
daquele predeterminado pela lei, será convalidado pelo juiz caso atinja sua finalidade
essencial, isto é, não cause prejuízo às partes.
Conforme dispõe o art., mediante erro material e ausência de má-fé, a parte não deverá
ser prejudicada pela interposição de um recurso por outro, sendo que o tribunal ou o
próprio juiz, assim que reconhecerem a improbidade do recurso, devem processá-lo de
acordo com o rito cabível.
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2. Recursos em Sentido Estrito (RESE)
Cabimento do RESE
O recurso em sentido estrito é a impugnação voluntária do interessado contra decisões
do juízo de primeiro grau, de forma geral, contra despachos interlocutórios e em situações
especiais, inclusive contra sentenças, conforme previsto no art.581 do CPP:
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão
preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;
VI - (Revogado)
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
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XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A
destaLei.
Vale lembrar que, muito embora o rol das decisões passíveis de recurso em sentido estrito
seja taxativo, nada impede a utilização da chamada interpretação extensiva, desde que
não se desvirtue em demasia a natureza da decisão impugnada.
O recurso em sentido estrito tem prazo de cinco dias para interposição, nos termos do art.
586 do Código de Processo Penal, Uma vez interposto, o juiz o recebendo determinará a
intimação do recorrente para apresentação de suas razões no prazo de dois dias, a teor
do artigo 588 do Código de Processo Penal.
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Já em segundo momento, devem ser apresentadas as razões do recurso em sentido
estrito.
Art. 582. Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação.
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer
deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
Os recursos que sobem nos próprios autos são aqueles que suspendem o processo
enquanto não são resolvidos (efeito suspensivo). Por esse motivo, não há necessidade
fazer cópia do processo, mas sim de enviar o próprio processo junto ao recurso. Como
disposto no art., isso só acontece em hipóteses específicas.
No parágrafo único temos uma situação em que o recurso sobe em traslado (apartado
dos autos do processo). Ocorre quando o juiz pronuncia os corréus e qualquer um deles
se conforma com a decisão (opta por não recorrer) ou quando todos os corréus ainda
não receberam a intimação da pronúncia.
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Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em
requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão
sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a
oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos
em que a lei a admitir.
EFEITO SUSPENSIVO
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento
condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
§1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o
disposto nos arts. 596 e 598.
§3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da
metade do seu valor.
PRAZOS
O recurso em sentido estrito tem prazo de cinco dias para interposição. Uma vez
interposto, o juiz o recebendo determinará a intimação do recorrente para apresentação
de suas razões no prazo de dois dias (vide arts. 585 e 588).
OUTRAS CARACTERÍSTICAS
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Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias,
reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem
necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá
recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso,
independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo
até o dobro.
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publicação
da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro de
cinco dias, ao juiz a quo.
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3. Julgamento dos Recursos
Esse é um tema que não costuma ser muito acolhido em provas, então analisaremos
rapidamente os arts. 609 a 618 do CPP que tratam do assunto:
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas
criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária.
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-
se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da
publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto de divergência.
O art. 610 do CPP realmente não costuma ser objeto de questionamento em provas,
mas basicamente informa o papel do Procurador-Geral, que é o chefe do Ministério
Público. Assim, é válida sua leitura, mas não existem maiores observações quanto ao
assunto:
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e nas apelações interpostas
das sentenças em processo de contravenção ou de crime a que a lei comine pena de detenção, os autos
irão imediatamente com vista ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e, em seguida, passarão, por
igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para o julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as partes, com a presença destas
ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo prazo de
10 (dez) minutos, a palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando
o requerer, por igual prazo.
Já o art. 612 é importante para o nosso estudo, vez que trata do habeas corpus e do
direito à liberdade de locomoção. Segundo esse dispositivo, o HC, após designação do
relator, deverá ser julgado logo na primeira sessão:
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator, serão julgados na primeira sessão
Seguindo a ordem no nosso estudo desta parte do Código de Processo Penal, vejamos
o disposto no art. 613 do CPP:
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Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processos por crime a que a lei comine
pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas pela forma estabelecida no Art. 610, com as seguintes
modificações:
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo para o exame do processo
e pedirá designação de dia para o julgamento;
Todavia, diante da maior gravidade dos crimes, surgem algumas modificações, que
podem ser verificadas nos incisos acima. Contudo, ressaltamos que essas observações
não costumam ser objeto de questionamento em prova mas, sendo parte da matéria, é
essencial que as apresentemos.
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qualquer dos prazos marcados nos arts. 610 e 613,
os motivos da demora serão declarados nos autos.
§1º Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se o presidente do tribunal, câmara ou turma,
não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a
decisão mais favorável ao réu.
§2º O acórdão será apresentado à conferência na primeira sessão seguinte à do julgamento, ou no prazo
de duas sessões, pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
Os ars. 614 e 615 são bem simples e autoexplicativos. O art. 614 diz respeito ao princípio
da razoável duração do processo, implicando aos julgadores e ao MP a necessidade de
explicação diante de atraso de suas funções.
O art. 615 diz respeito ao procedimento decisório, sendo certo que será determinada
a procedência ou improcedência de acordo com a maioria simples de votos, sendo
o empate decidido pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, se este não tiver
participado da votação. Caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
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Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a novo interrogatório
do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no
que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
sentença.
Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o
processo e julgamento dos recursos e apelações.
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4. Embargos de Declaração
Agora analisaremos os embargos declaratórios, que estão previstos nos arts. 619 e 620
do CPP:
Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos
embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver na sentença
ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.
A parte final do art. é a mais importante, vez que esse recurso só é cabível mediante
a presença de um desses quatro vícios (ambiguidade, obscuridade, contradição ou
omissão). Ademais, atenção ao prazo de apenas dois dias!
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que constem os pontos em
que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
§1º O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, independentemente de revisão, na primeira
sessão.
§2º Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o relator indeferirá desde logo o
requerimento.
Podemos extrair do art. 620 que os embargos devem atacar especificamente um dos
quatro vícios supramencionados, devendo apontar exatamente na decisão tal defeito,
sendo certo que, se não forem preenchidas essas condições, o relator indeferirá desde
logo o requerimento. Por fim, possível concluir que, assim como no HC, os embargos
terão prioridade, sendo julgados logo na primeira sessão.
Apesar de trazer prazo para a oposição dos embargos de declaração, o CPP não traz
uma regra sobre os efeitos e julgamento. Portanto, utiliza-se analogicamente o art. 1.026
do CPC, em decorrência do que é disposto no art. 3º do CPP:
CPP
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.
CPC
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a
interposição de recurso.
Vamos entender o que são esses vícios que podem aparecer na sentença.
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• Ambiguidade: a ambiguidade surge de questão ou ponto apresentado na sentença que,
por estar disposto de forma muito ampla, confusa ou pouco objetiva, gera duas ou mais
interpretações. Nesses casos, não se sabe qual foi realmente a decisão do juiz sobre deter-
minado tópico controvertido pelas partes e, por esse motivo, interpõe-se o embargo.
• Obscuridade: quando uma questão analisada pelo juiz apresenta tamanha confusão, que
se torna inviável interpretar o direcionamento tomado pelo julgador. Neste caso o problema
é a falta de clareza na decisão a ser interpretada; enquanto na ambiguidade, o problema é a
existência de várias interpretações.
• Contradição: é a situação na qual o juiz profere uma decisão com pontos divergentes e
incompatíveis entre si, tornando inviável, por exemplo, a execução da sentença. Nesses ca-
sos, a execução de uma medida impossibilitaria a outra, por isso há necessidade de revisão
da sentença.
• Omissão: ocorre quando o juiz deixa de analisar determinados pontos controvertidos
pelas partes. Um exemplo é a sentença que deixa de analisar o mérito de um pedido trazido
na petição inicial pelo autor ou deixa de apontar qual o valor da causa a ser liquidado.
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5. Revisão Criminal
A revisão criminal é uma ação penal constitutiva, que equivale à ação rescisória cível, e
tem por finalidade a reparação de eventuais erros judiciários, estando prevista nos arts.
621 ao 631 do CPP. Poderá almejar a alteração da classificação do delito, a absolvição do
acusado, a modificação da pena, a anulação do processo, entre outros. Tem por objeto
a revisão do processo findo, ou seja, aquele que já terminou.
A revisão criminal pro societate tem cabimento quando ocorrem erros in iudican-
do ou in procedendo em decisão de mérito absolutória transitada formalmen-
te em julgado. Objetiva a desconstituição da sentença favorável ao acusado,
proferida em desacordo com a lei e/ou com a verdade material dos fatos, em
prejuízo da sociedade e da própria Justiça.
Ela será admitida (I) quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos; (II) quando a sentença condenatória se fundar
em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; (III) quando,
após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena, conforme o
art.621, do Código de Processo Penal. Frisa-se que a revisão pro societate é vedada no
Direito Brasileiro.
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no
caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
A previsão do art. 622 no tocante à expressão “em qualquer tempo” deve ser
compreendida de forma abrangente. Ainda que o réu condenado venha a falecer ou
cumprir integralmente a pena, é cabível a revisão criminal, sendo seu direito o de ver
reconhecido o erro do Poder Judiciário e o de pleitear indenização perante o Estado.
Ademais, possível verificar, no parágrafo único do referido artigo, que a revisão criminal
não é instrumento para reiteração de pedido, devendo apresentar novas provas se assim
o fizer.
No art. 623, temos a legitimidade ativa da revisão criminal. O pedido poderá ser realizado
pelo próprio réu ou seu advogado e, no caso de morte do condenado, por algum familiar
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(Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão - CADI). Com efeito, vejamos o que dispõe
o art. 624 do Código de Processo Penal:
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos.
§1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e julgamento obedecerão
ao que for estabelecido no respectivo regimento interno.
§2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais,
reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno.
§3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois
ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no
respectivo regimento interno.
Frise-se que os Tribunais de Alçada não existem mais, vez que o texto do CPP é antigo,
mas esse dispositivo se refere aos TJs e TRFs, que compõem a 2ª instância do judiciário.
Em todo caso, a revisão criminal não poderá ter como relator a mesma pessoa que
anteriormente tenha atuado no julgamento da apelação ou outro recurso. Essa é a
exegese do art. 625 do Código de Processo Penal:
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator um
desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.
§1º O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória
e com as peças necessárias à comprovação dos fatos arguidos.
§2º O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se daí não advier dificuldade à
execução normal da sentença.
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Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação,
devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível.
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares
para o processo e julgamento das revisões criminais.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la
imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da decisão.
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização
pelos prejuízos sofridos.
§1º Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido
proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como
a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o presidente
do tribunal nomeará curador para a defesa.
Como mencionado anteriormente, o art. 630 prevê a possibilidade de indenização por erro
do Estado. Assim, o tribunal poderá reconhecer, mediante requerimento do interessado,
o direito à reparação de danos diante dos prejuízos sofridos. Diante do reconhecimento
do direito à indenização, que será liquidada no juízo cível, responderão a União (Justiça
Federal) ou o Estado, Distrito Federal ou Território (Tribunal de Justiça Comum).
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6. Recurso Extraordinário
O Capítulo VIII do Código de Processo Penal trata do recurso extraordinário em âmbito
penal.
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos
do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença.
Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial serão processados e julgados no Supremo Tribunal
Federal e no Superior Tribunal de Justiça na forma estabelecida por leis especiais, pela lei processual civil
e pelos respectivos regimentos internos.
Tanto o recurso extraordinário (STF) quanto o recurso especial (STJ) passam a respeitar
a forma estabelecida em leis especiais, o CPC e também nos regimentos internos.
Basicamente, a alteração dá ao CPC e às leis específicas a premissa de versar sobre os
procedimentos de julgamento desses recursos nos tribunais superiores.
Art. 321
§1º Se na causa tiverem sido vencidos autor e réu, qualquer deles poderá aderir ao recurso da outra parte
nos termos da lei processual civil.
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Além disso, o RISTF (art. 322) traz a necessidade de matéria de repercussão geral para
a análise do recurso. A repercussão geral é a existência de questão que ultrapassa os
interesses subjetivos das partes, possuindo relevância do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico.
RISTF
Art. 324. Recebida a manifestação do(a) Relator(a), os demais Ministros encaminhar-lhe-ão, também por
meio eletrônico, no prazo comum de vinte dias, manifestação sobre a questão da repercussão geral.
§1º Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do recurso, reputar-se-á existente a
repercussão geral.
A presunção de repercussão geral trazida pelo art. 324 do regimento não se aplica
quando o relator declarar que a matéria trazida é infraconstitucional, sendo aplicável o
disposto no art. 1.033 do CPC.
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no
recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á
ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
Ademais, entende-se que a recusa do recurso pode ser embargada, mas não recorrida.
Além disso, a decisão que nega o recurso por falta dos requisitos mínimos deve cumprir
com o princípio da publicidade:
RISTF
Art. 326. Toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e, valendo para todos os recursos
sobre questão idêntica, deve ser comunicada, pelo(a) Relator(a), à Presidência do Tribunal, para os fins do
artigo subsequente e do art. 329.
Art. 327. A Presidência do Tribunal recusará recursos que não apresentem preliminar formal e fundamentada
de repercussão geral, bem como aqueles cuja matéria carecer de repercussão geral, segundo precedente
do Tribunal, salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em procedimento de revisão. [...]
§2º Da decisão que recusar recurso, nos termos deste artigo, caberá agravo.
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Art. 329. A Presidência do Tribunal promoverá ampla e específica divulgação do teor das decisões sobre
repercussão geral, bem como formação e atualização de banco eletrônico de dados a respeito..
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7. Carta Testemunhável
De acordo com Guilherme de Souza (2014), a carta testemunhável
Nesse sentido, podemos dizer que é uma espécie de recurso, e que tem por finalidade
o reexame da decisão que denega ou não dá seguimento a outro recurso interposto,
ou seja, será instrumento para garantir o prosseguimento de outro recurso, conforme
expressa o art. 639 do Código de Processo Penal:
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem.
Se o juiz obstar o prosseguimento do recurso em sentido estrito ao tribunal, sem amparo legal a tanto,
cabe à parte interessada interpor carta testemunhável. Esta é utilizada quando não houver outro recurso
cabível. Ex.: se o magistrado indeferir o processamento de apelação, cabe recurso em sentido estrito (art.
581, XV, CPP), logo, inexiste razão para interpor carta testemunhável. Porém, se indeferir o processamento
de recurso em sentido estrito, o caminho é a carta.
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Justifica-se a interposição ao servidor da justiça, pois é um recurso anômalo, visando ao combate da
decisão que não permite o recebimento ou o seguimento de outro recurso de uma das partes. Seria,
pois, inócuo apresentar a carta diretamente à autoridade que negou a interposição do primeiro recurso.
Poderia fazê-lo de novo, denegando-lhe seguimento, o que iria provocar uma interposição após outra, sem
solução. Encaminha-se, então, ao escrivão ou secretário do tribunal, conforme o caso, para que este envie
a carta ao tribunal competente a analisa-la, sob pena de responsabilidade funcional. (NUCCI, Guilherme de
Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.)
Impende gizar que o escrivão ou secretário que se negar a dar o recibo, ou deixar de
entregar a carta, sofrerá punição de suspensão de 30 (trinta) dias. Em caso extremo do
testemunhante não ser atendido, este poderá fazer reclamação ao presidente do Tribunal
ad quem, que evocará os autos para julgá-los, e restará aos responsáveis penalidades.
Faz-se mister atentar-se ao fato de que a carta testemunhável, uma vez conhecida,
seguirá o trâmite destinado ao recurso a que a dita carta visa provimento. Caso seja
recurso em sentido estrito, observará o disposto nos arts. 588 a 592, caso seja recurso
extraordinário, seguirá o procedimento dos arts. 637 e 638 do CPP etc.
Uma vez julgada a carta testemunhável pelo tribunal, câmara ou turma, mandar-se-á que
o recurso seja processado, ou, caso a carta esteja suficientemente instruída, decidir-se-á
de logo, de meritis (quanto ao mérito), conforme o entendimento do art. 643 do CPP.
Por fim, cabe ainda ressaltar que, conforme o art. 646 do CPP, a carta testemunhável
não terá efeito suspensivo.
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8. Habeas Corpus
A expressão habeas corpus significa “apresente o corpo”. Ele é uma garantia constitucional
que tutela a liberdade de locomoção. Assim, o habeas corpus é um remédio constitucional
cabível sempre que alguém estiver sofrendo constrangimento ilegal no seu direito de ir
e vir, ou quando estiver na iminência de sofrer tal constrangimento.
LXVIII - Conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência
ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
Assim, o HC não será possível em casos de punição disciplinar, o que pode ocorrer, por
exemplo, no âmbito de um quartel militar.
Além disso, ele pode ser impetrado tanto contra decisão judicial, quanto contra ato
administrativo, bastando que haja a ameaça ou a violência ao direito de ir e vir de
determinada pessoa.
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Art. 650. [...]
§1º A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de
igual ou superior jurisdição.
§2º Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por
dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento
nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance
verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
Diante do art. 650, podemos concluir que a competência do HC será sempre para a o
agente hierarquicamente superior, ou seja, se o delegado decretar a prisão, o HC será
direcionado ao juiz. Se este decretou a prisão, o HC será direcionado ao Tribunal de
Justiça, etc.
Ademais, importante atentar-se ao §2º, que representa a segunda exceção de HC, vez
que, além da prisão militar, ele não será cabível diante de prisão administrativa cuja causa
envolver valores pertencentes à Fazenda Pública.
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9. Apelação
A Apelação, em regra, é o recurso cabível nos casos em que forem proferidas Sentenças
Judiciais que julguem o mérito ou que possuam caráter definitivo, no prazo de 5 (cinco)
dias. Desta forma, não é cabível o Recurso de Apelação para atacar os despachos
de mero expediente, inclusive pelo fato de serem sempre irrecorríveis, e, via de regra,
também não é cabível a Apelação para atacar Decisões Interlocutórias.
O rol de hipóteses de Apelação consta no art. 593 do CPP, sendo considerado pela
doutrina e jurisprudência como meramente exemplificativo. Vejamos:
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d) For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III,
d, CPP): esta hipótese somente ocorrerá no caso de existir uma contradição gritante
entre a decisão dos jurados e as provas trazidas aos autos. Ou seja, existe um completo
descompasso entre a decisão dos jurados e as provas produzidas dentro do processo.
Esta hipótese tem como razão de existir o fato de que a soberania dos veredictos no júri
NÃO é tida de forma absoluta!
Na Apelação, com base neste inciso, deve-se pedir a nulidade do feito, devendo haver
a realização de um novo julgamento com novos jurados, nos termos da Súmula 206 do
STF e do art. 593, §3º, do CPP:
Súmula 206 do STF. É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior do mesmo processo.
III. [...]
d) [...]
§3º. Se a apelação se fundar no nº III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão
dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
Art. 600.Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias
cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.
§1º Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério Público.
§2º Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do
parágrafo anterior.
§3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns.
§4º Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior
instância serão os autos remetidos ao tribunal ‘ad quem’ onde será aberta vista às partes, observados os
prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial.
Assim, conforme ensinando anteriormente, o apelante terá prazo de 5 (cinco) dias para
interpor a apelação, informando ao juízo que deseja recorrer da decisão, após esse prazo
inicial ele terá mais 3 dias para apresentar as razões de reforma da sentença, totalizando
8 dias de prazo.
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termo de apelação dentro do prazo de 5 dias, na própria comarca de Sertãozinho pode
ser requerido que o juiz remeta os autos ao Tribunal de Justiça, e somente quando o TJ-
SP intimar, iniciar-se-á o prazo de 8 (oito) dias para apresentação das razões de apelação.
Prazos Importantes
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