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ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

RECURSO DE APELAÇÃO

Previsão Legal: Artigos 593 à 603 do Código de Processo Penal.

Apelação é um recurso cabível contra uma sentença definitiva (sentença de


mérito) de 1º grau (instância) condenatória ou absolutória, com o fim de que se
proceda ao reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou
total da decisão.

Não será cabível o Recurso de Apelação nos processos de competência


originária dos Tribunais.

A apelação é um recurso de instância reiterada, cujo julgamento compete a


órgão diverso daquele que prolatou a sentença.

O recurso de Apelação é composto por 2 (duas) peças: interposição e razões,


(a parte contrária cabe a apresentação de contrarrazões).

A apelação deverá ser interposta perante o órgão que proferiu a sentença, para
que ele em um primeiro momento analise se estão presentes os pressupostos
recursais (juízo de admissibilidade ou prelibação).

A apelação poderá ser interposta através de petição ou por termo nos autos no
prazo de 5 (cinco) dias, que começa a correr da data da intimação da sentença
ou leitura desta. Uma vez interposta a Apelação, o Juiz determina que se abra
vista dos autos ao apelante e depois ao apelado, pelo prazo de 8 (oito) dias
para cada um, para apresentação das razões de apelação (apelante) e
contrarrazões (apelado).

Apelação Subsidiária do Apelo Oficial: Na ação penal pública, se o


Ministério Público não interpõe apelação no qüinqüídio legal, o ofendido ou seu
sucessor (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão) podem interpor a
apelação subsidiária no prazo de 15 (quinze) dias, ainda que não tenham se
habilitado como assistentes, e correrá do dia em que terminar o do Ministério
Público, conforme determina o artigo 598, parágrafo único do Código de
Processo Penal.

A Apelação possui os seguintes efeitos:

a) DEVOLUTIVO: Transfere a outro órgão, diverso da relação litigiosa para


reexame da matéria.

b) SUSPENSIVO: Interposto o recurso, fica em suspenso a executoriedade


da decisão impugnada.
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c) EXTENSIVO: O co-réu que não apelou beneficia-se do recurso na parte


que lhe for comum (Art. 580 do CPP).
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Na apelação não há o efeito regressivo, pois, não existe juízo de retratação.

Quando somente o réu houver apelado de uma decisão, fica vedado o gravame
da pena, ou seja, a “reformatio in pejus”, conforme o disposto no artigo 617 do
Código de Processo Penal.

O apelante pode, quando apresentar a interposição, protestar pela


apresentação das suas razões diretamente na Instância Superior (artigo 600,
parágrafo 4º do Código de Processo Penal).

Nada impede que se apresente as razões juntamente à interposição da


Apelação. Mas, é de praxe interpor primeiro e, só depois de aceita, apresentar
as razões recursais.

PROCEDIMENTO

- A Apelação é interposta perante o órgão que proferiu a sentença para que


ele, no primeiro momento, verifique se estão presentes os pressupostos (Artigo
593 do Código de Processo Penal), ou seja, para que seja feito o Juízo de
prelibação ou admissibilidade.

- O prazo para a interposição é de 5 (cinco) dias, a contar da intimação e, se o


apelante desejar, poderá oferecer suas razões recursais em segunda instância,
perante ao juízo “ad quem” (art. 600, parágrafo 4º do CPP). O assistente da
acusação não tem essa faculdade.

- Interposta a Apelação o Juiz poderá tomar 3 (três) decisões:

RECEBÊ-LA: Neste caso os autos voltam ao apelante para que este arrazoe o
recurso, em 8 (oito) dias. Depois vão à parte contrária para contrarrazões,
também em 8 (oito) dias.

DENEGÁ-LA: Neste caso cabe Recurso em Sentido Estrito – RESE (artigo 581,
XV do Código de Processo Penal), que também poderá ser denegado; nesta
caso, o apelante pode dispor de Carta Testemunhável (48 horas), que não
pode ser denegado.

RECEBÊ-LA E JULGÁ-LA DESERTA: Ocorre a deserção quando há falta de


preparo do recurso (ação penal privada), ou seja, falta de pagamento das
custas devidas no prazo regulamentar. Dessa decisão cabe Recurso em
Sentido Estrito – RESE (artigo 581, XV do Código de Processo Penal).

- Com as razões e contrarrazões, podem ser juntados documentos novos, e, os


autos são remetidos ao Tribunal competente (TJ ou TRF) para reexame da
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matéria.

- A Apelação é julgada por 3 (três) pessoas: Relator, Revisor e Terceiro


Desembargador.

- No Juizado Especial Criminal a Apelação será julgada por uma Turma


composta de 3 (três) Juízes de primeira instância.

- Encontra-se previsto sustentação oral, pelo prazo de 15 (quinze) minutos.

APELAÇÃO DE SENTENÇAS PROFERIDAS PELO TRIBUNAL DO JÚRI

A apelação das decisões do Júri tem caráter restrito, pois não devolve à
superior instância o conhecimento pleno da questão, por força da garantia
constitucional da soberania dos veredictos, prevista no artigo 5º, XXXVIII, “c”
da CF.

As decisões do Tribunal do Júri são soberanas, isto é, nenhum órgão


jurisdicional pode alterar as decisões proferidas por ele. Portanto, ao se Apelar
de uma sentença proferida pelo Tribunal do Júri, não se pede a reforma da
sentença, mas sim, que o Apelante seja submetido a um novo Júri.

O artigo 593, inciso III do CPP prevê as hipóteses de apelação das decisões do
Júris em quatro hipóteses: a) Ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) For a
sentença do Juiz Presidente contrária à Lei expressa ou à decisão dos
Jurados; c) Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança; d) For a decisão dos Jurados manifestamente contrária
à prova dos autos. O Tribunal deverá adequar a sentença ao que foi decidido
pelo Júri, não se tratando, portanto, de reforma da sentença.

Observação: No Juizado Especial Criminal o prazo para interpor o recurso de


apelação é de 10 (dez) dias, conforme artigo 82, parágrafo 1º da Lei 9.099/95,
onde deverá ser apresentada a interposição e as razões recursais
conjuntamente. O artigo 416 do CPP diz que contra a sentença de impronúncia
ou de absolvição sumária caberá apelação e não mais Recurso em Sentido
Estrito.
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MODELO DE INTEPOSIÇÃO DE APELAÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA___VARA
CRIMINAL DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes não
dolosos contra a vida e matéria estadual)
(ou)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___VARA
CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE____________ (crimes não dolosos
contra a vida e matéria federal)
(ou)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO___TRIBUNAL
DO JÚRI DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes dolosos
contra a vida e matéria estadual)
(ou)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO___JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL DE SÃO PAULO – SP. (crimes de menor potencial ofensivo)

(10 linhas)

Processo nº______/____
(NOME), já devidamente qualificado, por
seu defensor(a), ao final subscrito(a), não se conformando, “data maxima venia” com a
Respeitável Sentença de fls. que (especificar o conteúdo da decisão), com
fundamento no artigo 593, inciso ___, do Código de Processo Penal, dela vem
interpor, tempestivamente, RECURSO DE APELAÇÃO ao Egrégio Tribunal.......(TJ
ou TRF).
Termos em que, requerendo seja
ordenado o processamento do recurso, com as inclusas razões,

Pede deferimento.
Local e data.
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OAB – nº ...

MODELO DE RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: TÍCIO ALBUQUERQUE
APELADO: JUSTIÇA PÚBLICA
PROCESSO CRIME Nº _____/___

(5 linhas)

Egrégio Tribunal de Justiça;


Colenda Câmara;
Ínclitos Desembargadores;
Douta Procuradoria de Justiça:

(5 linhas)

Em que pese o ilibado saber


jurídico do Meritíssimo Juiz de 1º grau, impõe-se a reforma da
Respeitável Sentença condenatória proferida contra o apelante, pelas
razões a seguir aduzidas:

(2 linhas)
I – DOS FATOS:

O apelante, (Copiar o problema


apresentado – Narrar o fato criminoso, com todas as circunstâncias, sem
inventar dados).

(2 linhas)
II – DO DIREITO:
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Ocorre que......................
(apresentar argumentação da tese de defesa que, poderá ser: falta de
justa causa, extinção de punibilidade, nulidade do processo ou da
sentença ou ainda direito ao abrandamento da sentença condenatória –
exclusão de uma agravante, inclusão de atenuante, desclassificação
para infração mais leve, concessão do “sursis”, substituição por pena
restritiva de direitos, etc. ).

(2 linhas)
III – JURISPRUDÊNCIA:

Segundo entendimento
Jurisprudencial: (Copiar uma ou duas Jurisprudências a respeito da
matéria).

(2 linhas)
IV – DO PEDIDO:

Diante do exposto, postula-se seja


dado provimento ao presente recurso interposto, decretando-se (o pedido
irá variar conforme a tese deduzida)

...a absolvição do apelante com fulcro no artigo 386, (escolher um inciso)


do Código de Processo Penal, como medida da mais legítima Justiça (se
a tese for falta de justa causa);

... a extinção da punibilidade dos fatos imputados ao apelante, com fulcro


no artigo 107 (escolher um inciso) do Código Penal, como medida da
mais legítima Justiça;

...a anulação do processo (ou da sentença) como medida da mais


legítima Justiça (se a tese for nulidade do processo ou da sentença);

...a diminuição da pena ou substituição da pena ou a concessão da


suspensão condicional da pena, como medida da mais legítima Justiça.

Sentença do Júri: (depende da alínea do artigo 593, inciso III do CPP)

Art. 593, III, “a”... para que seja decretada a nulidade do julgamento...
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Art. 593, III, “b”...para que seja retificada a sentença...


Art. 593, III, “c”...para que seja retificada a aplicação da pena...
Art. 593, III, “d”...para que seja o apelante submetido a novo julgamento...

Local e data.

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OAB nº ...

PROBLEMA PRÁTICO

BRAD NORONHA foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da


Comarca do Município X, pela prática de roubo qualificado em decorrência do
emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase do inquérito policial, BRAD
NORONHA foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a
referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se
encontrava apenas o réu. Já em sede de instrução criminal, nem vítima, nem
testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas
foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não
houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram
êxito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após
escutarem gritos de pega ladrão !, viram o réu correndo e foram ao seu
encalço.

Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu,


bem como este jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local dos
fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, em seu
interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal,
BRAD NORONHA foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão, por
roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado
para cumprimento da pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação
da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o
reconhecimento da vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser
reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias provadas no
curso do processo.

Você, na condição de advogado de BRAD NORONHA, é intimado da decisão


no dia 20 de maço de 2017. Com base somente nas informações de que
dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça
cabível, apresentando as razões, e sustentando as teses jurídicas pertinentes,
indicando o último dia para o oferecimento da peça cabível.
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