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PODER JUDICIÁRIO

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


3ª Câmara Criminal

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 5408072-69.2022.8.09.0051

COMARCA: GOIÂNIA

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

RECORRIDO: JOELSON DA SILVA CRUZ E MURILLO MEDEIROS SILVA

RELATOR: DES. ELISEU JOSÉ TAVEIRA VIEIRA

EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS.


REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. ILICITUDE DA
BUSCA PESSOAL E ADENTRAMENTO DOMICILIAR. INOCORRÊNCIA.
EXISTÊNCIA INDÍCIOS PRÉVIOS DE SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA.
FUNDADAS SUSPEITAS E FUNDADAS RAZÕES EXISTENTES. JUSTA
CAUSA PRESENTE. 1. Constatado pelo acervo colhido na fase investigativa que
as buscas pessoal e domiciliar se deram diante de fundada suspeita e fundada
razão de flagrante delito de narcotráfico, não sendo possível atestar, neste
momento processual, o desrespeito à inviolabilidade domiciliar, insculpida no art.
5º, inc. XI, da CF. 2. A avaliação da licitude da ação policial e dos elementos
informativos produzidos deverão ser aprofundados e melhor debatidos no bojo da
ação penal, seara adequada à apreciação do arcabouço fático-probatório. 3. Se a
peça acusatória preenche todos os requisitos exigidos pelo art. 41 do CPP e
encontra-se respaldada por substratos probatórios a respeito da materialidade e
dos indícios de autoria dos crimes imputados aos recorridos, ausentes as
hipóteses de rejeição da inicial acusatória, descritas no art. 395 do CPP.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DENÚNCIA RECEBIDA.

A2

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PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
3ª Câmara Criminal

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 5408072-69.2022.8.09.0051

COMARCA: GOIÂNIA

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

RECORRIDO: JOELSON DA SILVA CRUZ E MURILLO MEDEIROS SILVA

RELATOR: DES. ELISEU JOSÉ TAVEIRA VIEIRA

VOTO

Trata-se de Recurso em Sentido Estrito, interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO


ESTADO DE GOIÁS, contra decisão proferida pelo Juízo da 7ª Vara Criminal da Comarca de
Goiânia, que rejeitou a denúncia oferecida em desfavor de JOELSON DA SILVA CRUZ e
MURILLO MEDEIROS SILVA, imputando-lhes a prática das condutas delitivas do art. 33, caput;
art. 33, §1º, inc. II; art. 34 e art. 35, todos da Lei nº 11.343/06 (mov. 86).

Em suas razões recursais (mov. 96), pleiteia a reforma da decisão e consequente


recebimento da denúncia.

Da Admissibilidade

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Do Mérito Recursal

Os recorridos JOELSON DA SILVA CRUZ e MURILLO MEDEIROS SILVA foram


denunciados pela prática das condutas descritas no art. 33, caput; art. 33, §1º, inc. II; art. 34 e art.
35, todos da Lei nº 11.343/2006 (mov. 55).

Narra a peça acusatória as seguintes condutas:

“(…) Depreende-se da peça informativa anexa que, no dia 11 de julho do ano


de 2022, por volta das 18h44min, no Setor Jardim Fonte Nova, Rua FN 35,
Qd.27, Lt. 03, Casa 02, Goiânia-GO, foram presos em flagrante delito
Joelson da Silva Cruz e Murillo Medeiros Silva, por agirem em concurso de
pessoas transportando, trazendo consigo, guardando, semeando,

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cultivando e colhendo drogas. Possuindo sob suas guardas, maquinários
para a preparação e produção de entorpecentes, sem as autorizações para
tal fim e, em desacordo com as determinações legais, sendo localizados
diversos entorpecentes na posse dos denunciados, bem como os
maquinários para a semeação, produção e colheita da droga. Conforme o
Auto de exibição e apreensão de drogas anexado em mov. 01, arquivo 02,
Pág. 24 a 27 – (PDF). [1]

Depreende-se do conjunto probatório acostado nos autos, que uma equipe


da polícia militar realizava o patrulhamento diário em local, data e horário
supramencionados, quando avistaram um indivíduo que saia de sua
residência com uma embalagem na mão, quando ao visualizar a viatura
policial demonstrou extremo nervosismo, mudando sua direção principal,
retornando rapidamente para dentro de seu domicílio. Dessa feita, emergiu
desconfiança dos agentes estatais, de que o homem poderia estar
necessitando de algum auxílio, praticando um delito, portando objetos em
desacordo com a determinação legal, entre outros.

Ato contínuo, a equipe policial praticou o dever constitucional do


policiamento ostensivo, realizando a abordagem ao nervoso cidadão que
saia de sua residência. Por consequência, o mesmo foi identificado como
Murillo Medeiros Silva. Assim, os agentes através de busca pessoal
descobriram o real motivo do apavoro do abordado, ao encontrarem uma
porção de substância esverdeada semelhante a “maconha”, que estava
dentro de uma embalagem.

Nesse ínterim, os agentes de segurança sentiram um odor profuso de


entorpecente, possivelmente “Maconha”, saindo do domicílio do
denunciado. Em entrevista aos policiais, Murillo Medeiros Silva afirmou que
realizava o cultivo de maconha nas dependências de sua moradia, e nesse
ínterim, os policiais visualizaram um segundo indivíduo no corredor no
interior da residência, o qual também demonstrou extremo nervosismo com
a abordagem ao qual acontecia na calçada, retornando assustado para o
interior do domicílio.

Ato contínuo, os agentes de segurança se dirigiram para dentro da


residência e realizaram a abordagem de Joelson da Silva Cruz. Na ocasião,
os policiais tiveram êxito em visualizar os maquinários e utensílios
utilizados na semeação, preparo, embalagem e outros, no momento em que
Joelson da Silva, tentava se esconder do flagrante no quarto que utilizavam
para as práticas dos crimes. [2]

Assim, diante de tais fatos, a equipe da polícia militar ministrou voz de


prisão aos denunciados, narrando seus direitos constitucionais e os
encaminhando até a central de flagrantes, para a as providências legais,
onde a Autoridade Policial homologou suas prisões.

À mov. 03, arquivo 04, pág. 122 – (PDF), na R.A.I nº 25563692, foram
apresentadas as imagens de como estaria a “estufa” para realização da
semeação e cultivo da droga. Em mov. 01, arquivo 05, Pág. 51 – (PDF), foi
anexado o Laudo Pericial Criminal (Constatação) em todos os
entorpecentes apreendidos.(…).”

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Em decisão constante da mov. 86, o Magistrado a quo rejeitou a exordial acusatória,
nos termos do art. 395, inc. III, do CPP (falta de justa causa para o exercício da ação penal), por
entender que os elementos de informação constituintes da materialidade dos delitos foram
obtidos por meio de buscas pessoal e domiciliar ilegais (ausência de fundadas suspeitas e
razões para abordagem e adentramento). Ressai da decisão recorrida, verbis:

“(…) A abordagem policial a partir da busca pessoal infringiu cânone


insculpido no artigo 244 do Código de Processo Penal, uma vez que tal
medida cautelar só pode ser realizada sem um mandado em casos de prisão
ou quando houver fundada suspeita.

A permissão, portanto, para a revista pessoal em caso de fundada


suspeita decorre de desconfiança devidamente justificada pelas
circunstâncias do caso concreto de que o indivíduo esteja na posse de
armas ou de outros objetos ou papéis que constituam corpo de delito,
evidenciando-se a urgência de se executar a diligência. É necessário que
ela (a suspeita) seja fundada em algum dado concreto que justifique,
objetivamente, a invasão na privacidade ou na intimidade do indivíduo.

O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que a simples


mudança de sentido do sujeito ao ver a autoridade policial não constitui
justo motivo para abordagem e eventual busca pessoal, bem como o fato de
ter sido encontrado objeto ilícito com o acusado não convalida a ilegalidade
prévia da conduta do agente (RHC 158580 (2021/0403609-0 de 25/04/2022),
Rl. Min. Rogerio Schietti Cruz).

Logo, não há como se admitir que a mera constatação de situação de


flagrância, posterior à revista do indivíduo, justifique a medida.

O policial Militar Condutor Luiz Otavio confirmou que: (…)

As declarações dos demais policiais foram no mesmo sentido.

Acrescenta-se que além da ilegalidade da abordagem se tem ainda a


contradição evidenciada na declarações dos agentes dificultando a ciência
do local em que foi realizada a abordagem do denunciado Murillo, uma vez
que, primeiramente é alegado que ele retornou para dentro da residência ao
ver os policiais, já em outro momento, a abordagem estava sendo realizada
na calçada.

Por ocasião do julgamento do HC n. 81.305/GO, de relatoria do Ministro


Ilmar Galvão (DJe 22/2/2002), o Supremo Tribunal Federal negou a presença
de fundada suspeita exclusivamente pelo fato de o revistado trajar um
blusão suscetível de esconder uma arma, havendo afirmado que: "a
'fundada suspeita' prevista no art. 244 do CPP não pode fundar-se em
parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que
indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que
causa".

Repise-se que não foram descritos outros elementos indicativos da


presença de fundadas razões, tais como notícias por outras pessoas de
prática de crime naquele local, prévia investigação policial, monitoramento
ou campanas.

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Daí a importância, como se tem insistido desde o julgamento do HC n.
598.051/SP (Rel. Ministro Rogerio Schietti, 6ª T., DJe 15/3/2021), do uso de
câmeras pelos agentes de segurança, a fim de que se possa aprimorar o
controle sobre a atividade policial, tanto para coibir práticas ilegais, quanto
para preservar os policiais de injustas e levianas acusações de abuso.

Diante de tais considerações, tem-se que as descobertas a posteriori de


situações de flagrantes decorreram de busca pessoal ilegal dos
denunciados, o que torna imprestável, no caso concreto, a prova
ilicitamente obtida.

Isto posto, REJEITO a denúncia, com fundamento no artigo 395, inciso III,
do Código de Processo Penal. (…).”

Analisando os autos, compreendo que a pretensão recursal ministerial merece


acolhimento, pois presente a justa causa para o exercício da ação penal.

Nas lições do processualista penalista Renato Brasileiro de Lima1, a expressão “justa


causa” deve ser entendida como “um lastro probatório mínimo indispensável para a
instauração de um processo penal (prova da materialidade e indícios de autoria),
funcionando como uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar.
Em regra, esse lastro probatório é conferido pelo inquérito policial, o qual, no entanto, não
é o único instrumento investigatório. Pelo menos nesse momento procedimental de
admissibilidade da peça acusatória, não há necessidade de um juízo de certeza em torno
da materialidade e autoria do fato delituoso imputado ao acusado. Diante da regra
probatória que deriva do princípio da presunção de inocência, esta certeza só se faz
necessária por ocasião de eventual sentença condenatória. Portanto, não se pode
confundir o standard probatório (ou grau de convencimento) necessário para fins de um
mero juízo de admissibilidade da peça acusatória daquele necessário para a condenação
de alguém. Para fins de recebimento da peça acusatória, não se exige prova cabal de todos
as afirmações de fato e de direito constantes da denúncia, pois é suficiente a sua
verossimilhança, desde que bem assentada no acervo de elementos cognitivos que
subsidiam a acusação.”

Na hipótese, observa-se que a inicial ofertada pelo representante ministerial possui o


lastro mínimo necessário à instauração da fase processual da persecução penal, evidenciando
assim indícios suficientes de autoria e de materialidade do delito, pois a situação observada pelos
policiais autorizava a realização da diligência que culminou na apreensão da droga e demais
petrechos em poder dos recorridos.

Nesse sentido, da leitura dos depoimentos prestados em sede inquisitorial extrai-se que
os policiais que participaram da diligência estavam em patrulhamento ostensivo pela região
quando visualizaram um indivíduo saindo de sua residência com um pacote em mãos. Os
Policiais Militares relataram que, assim que o homem visualizou a viatura, ficou bastante nervoso,
mudou de direção e se dirigiu ao portão de sua residência novamente. Diante da atitude suspeita,
a equipe resolveu realizar a abordagem, ocasião em que o indivíduo abordado foi identificado
como MURILLO MEDEIROS SILVA. Durante a busca pessoal, foi encontrada, em seu poder,
uma porção de substância esverdeada semelhante à maconha, a qual estava dentro da
embalagem. Após, os policiais relataram terem notando um forte odor da mesma substância,
vindo do interior da residência. Assim, questionaram ao requerido MURILLO MEDEIROS SILVA
sobre a droga que estava em sua posse, tendo ele afirmado que fazia o cultivo em sua
residência.

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Diante de tais fundadas razões, resolveram adentrar na residência e, em busca
domiciliar, foram encontradas as plantas, bem como o outro recorrido, JOELSON DA SILVA
CRUZ, de posse dos demais petrechos utilizados para a produção da droga (auto de exibição e
apreensão de drogas anexado na mov. 01, arq. 02, pág. 24/27 – PDF).

Portanto, entendo que os policiais somente realizaram a abordagem pessoal e


adentraram ao domicílio, ante a existência de fundadas suspeitas (art. 240, § 2º, CPP) e fundadas
razões (artigo 240, § 1º, CPP), respectivamente.

Assim, impende ressaltar que, nesse momento processual, considero temerário afirmar,
de maneira peremptória, que não existe justa causa para a ação penal, diante do acervo colhido
na fase investigativa, pois a dinâmica dos fatos acima descritos demonstra a existência de
fundada suspeita de flagrante delito acerca da ocorrência de tráfico de substâncias
entorpecentes, em via pública, por parte dos recorridos, o que é suficiente para justificar o
ingresso dos policiais na residência, sem ordem judicial, não sendo possível atestar, por ora, o
desrespeito à inviolabilidade domiciliar, insculpida no art. 5º, inc. XI, da CF, sendo certo que a
avaliação acerca da (i)licitude da ação policial e dos elementos indiciários poderão ser
aprofundados e melhor debatidos no bojo da ação penal, seara adequada ao revolvimento do
arcabouço fático probatório, garantindo-se às partes processuais o devido processo legal, com
exercício efetivo das garantias do contraditório e da ampla defesa, na esteira do que já foi
deliberado pelo colendo Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos:

“(…) A busca e apreensão realizada pela autoridade policial diante da


presença de elementos mínimos a caracterizar fundadas razões (justa
causa) para a medida, ainda que ausente autorização judicial prévia, é
admitida pela jurisprudência do STF (Tema 280, RG), sendo certa a
possibilidade de controle jurisdicional posterior, no bojo da ação penal,
seara adequada ao revolvimento do arcabouço fático-probatório. (…)” (STF,
HC nº 225223 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 3.4.2023).

Não outro é o paradigma jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça:

“(…) Esta Corte Superior possui o entendimento de que as hipóteses de


validação da violação domiciliar devem ser restritivamente interpretadas,
mostrando-se necessário para legitimar o ingresso de agentes estatais em
domicílios, a demonstração, de modo inequívoco, do consentimento livre do
morador ou de que havia fundadas suspeitas da ocorrência do delito no
interior do imóvel. In casu, diante do consignado pelas instâncias
ordinárias, vê-se a justa causa para ingresso dos policiais no domicílio do
agravante, tendo em vista que adentraram no imóvel por consequência do
flagrante de entorpecentes que um indivíduo denominado Bruno portava e,
ao ver a viatura, dispensou no chão, correndo em seguida para dentro do
imóvel do paciente, o que afasta a ilicitude aventada. Como resultado da
abordagem, foram apreendidas 620g de maconha, uma balança de precisão,
uma faca e objetos usados para embalagem da droga. Constatada a
existência de indícios prévios da prática da traficância, a autorizar a atuação
policial, não há falar em nulidade da prisão em flagrante no interior do
domicílio do agente por ausência de mandado judicial.” (STJ, 5ª Turma,
AgRg. no HC. nº 796396/SP, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, DJe de 26.4.2023).

Na mesma linha, tem-se precedente deste Tribunal de Justiça:

“(…) Se a dinâmica dos fatos demonstra a existência de fundada suspeita

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de flagrante delito da prática dos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal
de arma de fogo no interior da residência, não há que se falar em violação
da garantia constitucional esculpida no art. 5º, inciso XI, da Constituição
Federal. Entretanto, a avaliação da licitude da ação policial e dos elementos
probatórios produzidos deverá ser aprofundada e melhor debatida durante a
ação penal a ser instaurada perante o juízo de origem, após a necessária
instrução criminal. 2- Se a peça acusatória preenche todos os requisitos
exigidos pelo artigo 41 do Código de Processo Penal e encontra-se
respaldada por substratos probatórios a respeito da materialidade e dos
indícios de autoria dos crimes imputados aos recorridos, ausentes as
hipóteses de rejeição da inicial acusatória, descritas no artigo 395 do
Código de Processo Penal. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.” (TJGO, 3ª
Câm. Criminal, RSE nº 5447962-49.2021.8.09.0051, Redatora Des. Camila Nina
Erbetta Nascimento, DJe de 20/01/2023).

Por derradeiro, verifica-se que a peça acusatória preenche todos os requisitos exigidos
pelo art. 41 do CPP e encontra-se respaldada por substratos probatórios consistentes a respeito
da materialidade e dos indícios de autoria do crime imputado aos recorridos, ausentes, pois, as
hipóteses de rejeição da inicial acusatória, descritas no art. 395 do CPP.

Na confluência do exposto, acolho o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça,


conheço do recurso e dou-lhe provimento, para receber a denúncia oferecida, em razão da
presença de justa causa e dos requisitos constantes do art. 41 do CPP, determinando a imediata
devolução dos autos ao Juízo de origem para prosseguimento do feito.

É como VOTO.

Goiânia, datado e assinado digitalmente.

Des. ELISEU JOSÉ TAVEIRA VIEIRA


Relator

A2

1Manual de Processo Penal, volume único, 12ª ed. rev., atual. e ampl., São Paulo: Editora JusPodivm, 2023, p.
1.251.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado de


Goiás, pela Quinta Turma Julgadora de sua Terceira Câmara Criminal, à unanimidade, acolher o
parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, conhecer do recurso em sentido estrito e o prover, nos
termos do voto do Relator.

Votaram, com o Relator, as Desembargadoras Lília Mônica de Castro Borges Escher e


Camila Nina Erbetta Nascimento.

Esteve presente e fez sustentação oral o advogado do 2º recorrido, Dr. Victor José da
Silva, OAB/GO 65296A.

Presidiu a sessão de julgamento o Desembargador Roberto Horácio de Rezende.

Procuradoria-Geral de Justiça representada pelo Dr. Alencar José Vital.

Goiânia, datado e assinado digitalmente.

Des. ELISEU JOSÉ TAVEIRA VIEIRA

Relator

S2

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