Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE MINAÇU - GO

Protocolo nº 275568-09.2014.8.09.0103
Denunciado: PAULO ALVES DOS REIS

PAULO ALVES DOS REIS, brasileiro, convivente em união estável, motorista,


portador do RG nº 5.009.146, expedido pela SSP/GO, inscrito no CPF sob o nº
375.549.051-04, nascido aos 20 de janeiro de 1966, em Niquelândia-GO, filho de
SEBASTIÃO IZÍDIO ALVES e de PAULA AUGUSTA ALVES, residente e domiciliado
no Sítio Jerusalém, Lago Serra da Mesa, Zona Rural, Campinaçu-GO, também
encontrável na Rua 02, Qd 30, Lt 11, Centro, Campinaçu-GO, pelo advogado
nomeado que esta subscreve, vem à nobre presença de Vossa Excelência,
apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO,

nos termos dos artigos 396 e 396-A, do Código de Processo Penal, pelos motivos de
fato e de direito a seguir aduzidos.

I - DOS FATOS

O Ministério Público, na condição de dominus litis, exibiu proposta acusatória


em face do denunciado, o qual estaria, em tese, incurso nas sanções do artigo 12,
caput, da Lei 10.826/2003, e artigo 34, parágrafo único, inciso I, da Lei 9.605/1998.
Narra a denúncia:

“No dia 30 de julho de 2014, às margens do Lago Serra da Mesa, no


município de Campinaçu-GO, Paulo Alves dos Reis, foi autuado
porque possuía, no interior de sua residência, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regular, uma arma de fogo, tipo
espingarda cartucheira, calibre 32 e várias munições dos calibres
12,32 e 36, conforme termo de exibição e apreensão de fls. 07. Na
ocasião, o denunciado também pescou espécimes com tamanhos
inferiores aos permitidos em lei, nos termos da Lei Estadual N°
13.025/97 e Instrução Normativa da SEMARH/GO n° 002/2013,
conforme levantamento fotográfico de fls. 17 e termo de exibição e
apreensão de fl. 7.

No dia dos fatos, Policiais Militares realizavam patrulhamento pelo


local, ocasião em que avistaram o denunciado e resolveram o
abordar.

Ato contínuo, realizada busca domiciliar foi encontrada no interior da


residência de Paulo uma espingarda cartucheira, calibre 32, 65 FUL
CHONE, marca CBC, número de identificação 295129, PNOB PSF,
oxidada, cinco cartuchos intactos, calibre 32, de cor vermelha, modelo
Velox, CBC; seis cartuchos intactos, de cor vermelha, modelo Balot
SG1, CBC; quatro cartuchos recarregados, calibre 36, de cor
vermelha, CBC; três cartuchos de metal, calibre 12 para recarga e
insumos (pólvora, chumbo, espoletas de diversos calibres e dois
sacadores), conforme termo de exibição e apreensão de fls.07. Ainda
nesta mesma oportunidade os milicianos lograram encontrar 04
(quatro) tucunarés abaixo do tamanho permitido em lei, pois eram
menores que 30cm (trinta centímetros), conforme levantamento
fotográfico de fls. 17. Nesta ocasião, o denunciado confessou ter
pescado os tucunarés no dia 27 de julho de 2014, fls.06. A arma
apreendida está apta a realizar disparos conforme laudo de exame
pericial de caracterização e funcionamento de fls.1920.”

A denúncia foi recebida aos 10 de fevereiro de 2015 (fl. 56), determinando-se


a citação do acusado para apresentar defesa. Após duas tentativas infrutíferas de
citação do acusado, este enfim foi encontrado e citado (fl. 66) na cidade de
Campinaçu-GO.

O denunciado Paulo Alves do Reis, portanto, através de procurador que esta


subscreve, vem apresentar Resposta à Acusação, nos termos do artigo 396-A do
Código de Processo Penal.

II - DO DIREITO

PRELIMINARMENTE

Em que pese à denúncia oferecida pelo representante do parquet ter


embasamento em depoimentos testemunhais ocasionados por flagrante delito, será
devidamente comprovado no curso da presente, através de testemunhas que
estavam presentes no local no momento da abordagem feito pelos policiais que, a
arma acima relatada, não se encontrava na posse do acusado no momento da
abordagem, pelo contrário, as referidas armas estavam fora do alcance do acusado.
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a
privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam
quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de
outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em
que os valores penalmente tutelados se exponham a dano impregnado de
significativa lesividade.

O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo
desvalor – por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não
represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico
tutelado, seja à integridade da própria ordem social.

É claro o princípio in dúbio pro réu que nada mais significa que “na dúvida
deve-se decidir a favor do réu”. Segundo Fernando Capez, ao lecionar sobre os
princípios informadores do Processo Penal: “A dúvida sempre beneficia o acusado.
Se houver duas interpretações, deve-se optar pela mais benéfica; na dúvida,
absolve-se o réu, por insuficiência de provas.

Douto julgador, importante frisarmos que o acusado é pessoa simples,


humilde e dotada de bons conceitos, frente à sociedade paraibana, a razão para que
aquele tenha sido preso em flagrante delito, fora simplesmente à falta de
informação, assim como a credibilidade e confiança em pessoas desconhecidas,
fruto de uma cultura interiorana.

Além do mais, o inquérito policial é peça meramente informativa, sendo no


presente caso, a denúncia do acusado totalmente descabida, em razão da ausência
de justa causa.

O “ônus probandi”, no tocante a imputação feita ao acusado, cabe a quem


alega, eis que se trata de fato modificativo e extintivo do direito, o que jamais restará
evidenciado nos autos.

Diante do presente feito, percebe-se que o mesmo não pode ter continuidade,
então: conclui-se que com base na Lei n° 10.826/03 no seu art. 12, já adiante no art.
5, § 5° e no art. 395, inciso III do Código de Processo Penal, que a denúncia de
posse ilegal de arma de fogo deverá ser rejeitada.

Verifica-se ainda, que o crime de pesca predatória não aponte que o


denunciado teve intenção de prejudicar o bem jurídico tutelado, qual seja, a fauna
aquática.

Assim, em face do exposto acima, o acusado de ser absolvido sumariamente


em face do princípio da insignificância e com fundamento base no art.397 e inciso II
do Código de Processo Penal, pois os fatos narrados não constituem crime devido a
existência manifesta da causa excludente de culpabilidade do agente.

IV- MÉRITO

Quanto ao crime de posse ilegal de arma de fogo: não deveria ter sido
denunciado, mas ainda que se considere esse crime como fato típico e antijurídico o
acusado agiu acobertado pela excludente de culpabilidade e inexigibilidade de
conduta adversa, pois o acusado reside em uma área de zona rural onde tem pouca
presença do Estado e da segurança pública tem-se a necessidade de uma arma de
fogo para defesa de sua propriedade, integridade física e proteger a suas ‘’criações’’
do ataque de animais predadores.

Quanto ao crime de pesca predatória: é um crime atípico, aplicado dessa


forma o princípio da insignificância, pois a pesca dos 04 (quatro) tucunarés com o
tamanho próximo ao permitido por lei não gerou dano a fauna aquática do lago
devido sua vasta extensão, além do fato de os peixes serem para consumo do
acusado em sua refeição.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer à Vossa Excelência:


a) Seja acolhida a preliminar e rejeitada a denúncia, por ausência de justa
causa, quanto ao crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido, nos
termos do art. 395, III, do Código de Processo Penal;
b) No mérito, se não acolhida a preliminar suscitada, seja o réu absolvido
sumariamente, diante da existência de causa excludente de culpabilidade, a
inexigibilidade de conduta diversa, no crime de posse ilegal de arma de fogo
de uso permitido, nos termos do art. 397, inciso II, do Código de Processo
Penal;
c) Ainda no mérito, seja o acusado absolvido sumariamente quanto ao crime
de pesca predatória, aplicando-se o princípio da insignificância, nos termos do
art. 397, inciso III, do Código de Processo Penal;
d) Em caso de improvável prosseguimento do feito, apresenta as testemunhas
abaixo arroladas, que deverão ser intimadas para comparecer à audiência de
instrução e julgamento a ser designada, por serem imprescindíveis à
elucidação dos fatos.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Minaçu, 08 de setembro de 2020.

FULANO DE TAL VILA NOVA

OAB/GO 77.777

Rol de testemunhas:

1.Thyago Henrique Stival da Silva

2. Madson Bandeira Rodrigues

3. Joao Gabriel Albulquerque de Araujo

Você também pode gostar