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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JUDAS TADEU

RECURSO DE APELAÇÃO CRIMINAL

Alunos: Joice Souza Ferreira Paiva

RA 81724424

SÃO PAULO

2022.
AO JUÍZO DE DIREITO DA VIGÉSIMA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA
CAPITAL/SP

Processo nº 1510135-94.2020.8.26.0228

O Ministério Público do Estado de São Paulo, vêm, mui


respeitosamente, por intermédio do seu procurador infra-assinado que esta
subscreve, nos autos da ação penal movida em face de B. A. O, por não se
conformar com a sentença de fls. XX, que o absolveu, vêm, mui
respeitosamente, interpor o recurso de APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593, I,
do Código de Processo Penal.

Requer que seja o presente recebido e regularmente


processado, apresentando, desde já, às razões a seguir expostas.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Local, data do protocolo.

Promotor de Justiça.
DAS RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo: 1510135-94.2020.8.26.0228

Vara de Origem: Vigésima Segunda Vara da Justiça de São Paulo

Apelante: Ministério Público do Estado de São Paulo

Apelado: B. A. O

Egrégio Tribunal de Justiça,

Colenda Câmara,

Nobres Julgadores.

I.BREVE SÍNTESE DA DEMANDA:

Constam nos autos que, no dia 08 de maio de 2020,


por volta das 15h30 da tarde, o apelado vendia drogas, em desacordo com a
legislação penal. Conforme o relato dos policiais, informam que, em
patrulhamento rotineiro, ao passarem pelo local da ocorrência dos fatos,
observaram que o apelado trocava pequenos “volumes” com outras três pessoas
que estavam próximos a ele.
Ao suspeitarem se tratar de tráfico de drogas, os
policiais decidiram abordar os mesmos, no entanto, dois deles aproveitaram a
oportunidade para fugir do local. Na oportunidade, conseguiram apenas prender
o denunciado e uma testemunha.
Ao revistarem o apelado, os policiais localizaram, na
sacola que o apelado possuía em seu poder, o montante de R$ 551,00
(quinhentos e cinquenta e um reais), e as drogas. Segundo a relatado pelo
Ministério Público em sua denúncia, as circunstâncias do fato, bem como aliadas
a quantidade de drogas e suas embalagens, indicam que estavam destinadas
ao trafico de drogas.
A testemunha do caso afirma não conhecer o
indivíduo B.e que comprou drogas em várias outras oportunidades naquele
mesmo local onde o apelado fora encontrado e afirmou que o traficante que lhe
vendia drogas.
Regularmente processado, findou-se com a
absolvição do apelado com fundamento no inciso VII do Artigo 386 do Código
Penal.
No entanto, por não se conformar com a referida
sentença, o Ministério Público recorre.
É a síntese do necessário.
II. DAS RAZÕES DE APELAÇÃO:

Em que pese o notório saber jurídico e elevado senso


de juízo da Magistrada sentenciante, a r. sentença merece ser reformada, a fim
de que o apelado seja condenado pela prática do crime de tráfico.
Na fundamentação da r. sentença, a Nobre Magistrada
destacou divergências nos relatos dos policiais militares que efetuaram a
abordagem, uma vez que, sob o crivo do contraditório, o policial Wagner
mencionou que durante a abordagem, a sacola com drogas se encontrava nas
mãos do apelado, ao passo que o policial Anderson, alegou ter este dispensado
a sacola. Observou ainda, divergências entre os relatos dos policiais e da
testemunha Douglas.
Ambos os policiais noticiaram que realizavam
patrulhamento em local, sabidamente de tráfico de drogas, quando viram o
apelado num grupo de mais três pessoas, entregando algo para uma destas. Ao
visualizarem a viatura policial, os agentes correram, obtendo sucesso em
abordar apenas o apelado e a testemunha Douglas, vez que os demais se
evadiram.
Ambos os policiais narraram que o apelado se
encontrava em poder da sacola com drogas, sendo certo que o policial Anderson,
mais minucioso, salientou que com a aproximação policial, BRUNO dispensou a
sacola no chão. Alegaram ainda, os policiais, que a testemunha Douglas,
abordada no local dos fatos, informou que pretendia adquirir drogas. Douglas,
ao ser ouvido em juízo, alegou ter chegado ao local dos fatos quando o apelado
já estava deitado no chão e abordado pelos policiais, o que o fez suspeitar que
os traficantes haviam se evadido, mesmo porque BRUNO tinha cara de quem
tinha se dirigido ao local para comprar drogas.
Apesar das declarações coesas de dois agentes
estatais, o juízo de origem, de forma equivocada, deu total credibilidade e peso
absoluto ao depoimento da testemunha Douglas, usuário de drogas que estava
no local na hora da abordagem. Não há contradição no depoimento dos policiais,
como se apontou na sentença.
Em primeiro lugar, o fato de um policial militar ter
narrado que o réu portava a sacola que continha os entorpecentes e o outro
policial militar ter afirmado que o réu largou a sacola, no momento da abordagem,
não demonstra contradição, mas sim relação de complementariedade entre as
narrativas.
Veja-se que ambos narraram que o réu e o outro
indivíduo (testemunha Douglas), ao avistarem a viatura, tentaram empreender
fuga. Neste sentido, perfeitamente lógico e verossímil que o réu, que estava
portando a sacola, tenha largado-a na tentativa de se evadir, até porque a
testemunha Anderson afirmou que “quando ele viu os policiais, ele [o réu] largou
a sacola”.
Em segundo lugar, considerada a ausência de
contradição no depoimento dos policiais militares, é de se reconhecer que o juízo
deu total credibilidade ao depoimento da testemunha Douglas – usuário de
drogas confesso – em detrimento das declarações dos agentes estatais.
A testemunha Douglas, alegou em juízo, que “foi neste
local, uma boca, para pegar maconha para seu consumo. Assim que virou na
viela, Bruno já estava no chão, já havia sido detido” e que “não tinha ‘nenhuma
cara’ de que era o réu, pelas vestes dele, ele estava com cara de que foi até lá
comprar alguma pedra”.
Além de considerar como verídica mera opinião da
testemunha sobre os fatos, (“não tinha nenhuma cara de que era o réu” que
traficava drogas), já que ela própria alega não os ter presenciado, o juízo a
considerou em detrimento dos relatos de dois agentes estatais, prestados de
forma minuciosa e sem interesse outro, que não o de esclarecer os fatos.
Veja-se que não é adequado, no sopesamento das
provas produzidas sob o crivo do contraditório, que se afaste por completo o
relato uníssono de dois agentes públicos – cujas declarações, ademais, gozam
de presunção relativa de veracidade – apenas por não se coadunarem com a
história contada por outra testemunha que, frise-se, estava cometendo crimes
na mesma ocasião. Sendo assim, é de se reconhecer que restou plenamente
comprovada nos autos a dinâmica dos acontecimentos desdobrados no dia dos
fatos, qual seja, o réu, no momento em que os policiais militares chegaram ao
local, portava a sacola com os entorpecentes e uma quantia em dinheiro e estava
entregando algo à testemunha de defesa – usuário de drogas.
Quando estes visualizaram a viatura policial, tentaram
evadir-se, momento em que o réu largou a sacola e correu. Porém, ambos foram
capturados pelos agentes policiais. Assim, de rigor a reforma da r. sentença ora
recorrida, de modo a que o apelado seja condenado. Na eventualidade de ser
dado provimento ao presente apelo, requeiro a fixação da pena-base no mínimo
legal, ante a primariedade e bons antecedentes do agente; reconhecimento da
agravante do estado de calamidade pública na segunda fase de dosimetria; e
diante das circunstâncias judiciais favoráveis, não demonstração de que que o
agente agia vinculado a organização criminosa ou se dedicasse a atividades
criminosas, reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no §4º do
artigo 33 da Lei 11.343/06, em metade, em vista da quantidade e variedade de
drogas apreendidas, aptas para induzir ao vício, no mínimo 102 pessoas
distintas.
Por fim, não vislumbro elementos autorizando a
imposição de regime inicial mais rigoroso que o compatível com o “quantum” de
pena aplicado. Ante o exposto, requeiro o provimento do presente recurso, a fim
de que a r. sentença ora recorrida seja reformada, condenando-se o apelado
como incurso no artigo 33, “caput” da Lei 11.343/06 c.c. artigo 61, II, “j” do Código
Penal.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Local, data do protocolo.

Promotor de Justiça.

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