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Processo no XXXXX
Por: XXXXXX XXXX XXXXXX XXXXXX
Objeto: MEMORIAIS.
XXXXX.
Nesta seara a defesa requer preliminarmente que seja declarada, de ofício, a suspeição
deste Magistrado.
primário e não representando qualquer espécie de perigo à sociedade, exceto para si mesmo
(fls. 51-52).
O Parquet manifestou-se pelo indeferimento da liberdade provisória em 10/04/2010,
tendo em vista que as circunstâncias do fato tornam inequívoca a ocorrência do delito (fls. 56-
57).
O juiz plantonista indeferiu a liberdade do indiciado até a citação pessoal de XXXXXX,
em 10/04/2010 (fls.58).
O flagrante foi homologado em 10/04/2010 (fl. 60).
Em 22/04/2010, o juízo processante manifestou-se pelo indeferimento da liberdade
provisória, bem como determinou a notificação do indiciado nos termos do art. 55 da Lei
11.343/06 (fls. 82 -82v).
O indiciado foi notificado em 26/04/2010, mandado cumprido pessoalmente, vez que
réu preso.
A defesa, por sua vez, postulou em 29/04/2010, a manifestação deste juízo quanto à
decisão de fls. 58, haja vista que esta decisão tratava-se de liberdade concedida pelo juiz
plantonista (fls. 85-87).
O órgão Ministerial em 30/04/2010 à fl. 90 manifestou-se que se tratando de reiteração
de pedido de liberdade provisória realizado pela defesa opinou pelo indeferimento, reiterando
os motivos exarados às fls. 05-07.
Aberto o prazo para a defesa juntar memoriais.
Esta a breve síntese processual.
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embalada de forma individual, tendo ainda achado a importância de R$32,00 (trinte e dois
reais). Ato contínuo, os policiais encaminharam XXXXXX para a Delegacia de Polícia.
xxxxxxxx
A síntese processual demonstra o desenvolvimento do histórico processual, de modo
que é possível perceber os problemas que dele são oriundos. A saber, o fato narrado na
denúncia atribui a XXXXXX a prática do crime de tráfico de drogas, no entanto, a droga
“encontrada” foi enxertada pelos policiais, por isso, não há como o indiciado ser denunciado
por um delito que não cometeu (crime impossível). De outra forma, mesmo que caracterizado
o delito de tráfico de drogas, a conduta descrita na denúncia refere que XXXXXX trazia consigo,
a qual, como se pretende demonstrar, não pertence etimologicamente ao que caracteriza
mercancia, portanto não podendo ser enquadrada como delito de comercialização de
substâncias ilícitas. Ademais, o indiciado é primário, possui residência fixa (fl. 69), trabalha
como lavador de carros, possui dois filhos e necessita de tratamento para sua dependência pelo
crack.
Ínsito a estas circunstâncias, cabe referir que, por tratar-se de um drogodependente de
crack, é responsabilidade do Estado não manter em prisão pessoa que necessita de redução
de danos, as quais se encontram em consonância com o apregoado pelo Sistema Nacional de
Políticas Públicas Sobre Drogas – SISNAD.
Neste momento, houve, por parte da autoridade policial, certo excesso nos limites
consideráveis como permitidos em sua atuação.
Nesta ocasião, as pessoas que moram próximas à Rua Ernestina Amaro Torelly,
gravaram no celular a oportunidade em que os policiais algemaram Fabiano e XXXXXX (fl.
198) que está sendo juntado nesta defesa. Ouvindo-se o áudio e vendo as imagens é possível
perceber o momento em que a autoridade policial recolhe o dinheiro de Fabiano e que a
população que estava presente naquela oportunidade, manifesta-se de maneira indignada sobre
a atitude praticada por parte dos policiais. Nesta gravação, escuta-se também o que retrata ser o
momento em que os policiais machucam o braço da esposa de Fabiano, que foi oportunamente
narrado por ele na declaração de fl. 42.
Com a mídia, torna-se indiscutível que houve uma discussão com os policiais,
indiscutível também que é feita a retirada do dinheiro de Fabiano, bem como a agressão
perpetrada pela polícia contra sua esposa. Segundo o discorrido pelo indiciado e por seu amigo
Fabiano, houve o enxerto realizado pela polícia, o que não se torna impossível diante da
constatação desta captação ambiental, que demonstra o excesso realizado por parte dos
policiais.
Antes que se diga que a palavra do indiciado de nada vale, já tendo em vista que não
se considerará ele culpado, colacionamos:
Por isso é que não há margem para se dizer que apenas a palavra do indiciado
XXXXXX não venha a valer neste processo, primeiro porque, se fosse a única (mesmo assim)
deveria ser levada em consideração, já que o ônus da acusação incumbe a quem alega, sendo
tarefa única e exclusiva do MP provar a culpabilidade de qualquer que seja seu denunciado.
Neste sentido, o MP não comprova a autoria do delito em meras quantidades de drogas, já que,
diante do conjunto fático, existe a alegação, não apenas do incidiado XXXXXX, como a
palavra de Fabiano expressando o acontecimento do enxerto das drogas, não constituindo
versão isolada. Ademais, ao parquet como custos legis, deveria caber o interesse em averiguar
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melhor as provas e se cientificar que não se trata de um traficante de drogas, mas tão somente de
um dependente químico que necessita de acompanhamento e não de punição.
No entanto, neste caso em específico, primeiramente o que se está a debater é o fato da
droga, em que pese XXXXXX se tratar de um drogodependente, que ela foi atribuída (pelos
policiais) como sendo sua, quando realizado o enxerto.
Outro fator que deve ser levado em consideração é que, se houve a discussão referida,
tanto por parte dos policiais, fls. (13/16), quanto pelo indiciado (fls. 17/18), como por Fabiano
(que não faz parte deste processo) (fls. 40/43)(204/207), bem como a gravação do DVD-R
juntado (fls 167 /198), então, há que se destacar que, no mínimo, existiu uma rixa com os
policiais, o que os torna, ao menos, suspeitos para serem tratados como testemunhas de
acusação e, portanto, que se possa dar qualquer credibilidade a tais palavras, e ainda,
sedimenta a narratória do enxerto feita por XXXXXX e xxxx, não restando a tese do
enxerto, como única e exclusiva do indiciado.
Atrelado a este fator, há que se expressar que os depoimentos dos policiais na fase pré-
processual são incompatíveis entre si, uma vez que, segundo o policial Willian (fls. 13/14) não
foi citado o nome de XXXXXX na denúncia anônima, já os policiais Gerson e Bruno, referem
que o nome de XXXXXX foi destacado na denúncia anônima (fls. 15/16). Outro aspecto é o
fato dos Policiais Willian e Gerson (fls. 13/15) sustentarem em seus depoimentos que
XXXXXX, quando avistou os policiais, saiu correndo para dentro de um bar, já na declaração
prestada por Bruno, não há esta referência (fl. 16).
Nesta linha, os policiais em questão, William Oliveira Escobar, Gerson dos Santos
Sundin e Bruno Machado dos Santos não estão isentos de suspeição, ademais, seus argumentos
não são harmônicos com os demais elementos de prova. A desarmonia resta demonstrada
diante de suas próprias declarações, já a suspeição, cabendo contraditá-las, é caso que pode ser
demonstrado com a própria mídia registrada pelos populares quando de sua prisão, havendo
deste modo, credibilidade nas palavras do indiciado XXXXXX, até mesmo porque não é
narratória isolada, havendo também a declaração do próprio Fabiano.
Há ainda que referirmos a questão das testemunhas de acusação, e isto porque, quando
se trata de crime de tráfico de drogas, as testemunhas de acusação, acabam sendo quase que em
sua totalidade, policiais, e isto porque as apreensões acabam decorrendo de denúncia anônima ou
de operações policiais. Já que são os policiais são os primeiros a ter contato direto com os
indiciados, são eles sempre os responsáveis pelo seu enquadramento legal, ou os considerando
como usuário/dependente químico ou como traficantes de drogas. Ocorre que, dependendo da
forma como será realizada a apreensão das substâncias (o de quem se está a prender!!), então
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Trata-se de caso nítido de indiciado inocente da prática a ele imposta, porque no caso
em tela, XXXXXX alega que não havia com ele nenhuma droga, apesar de ter feito uso de
crack antes de sua prisão por se tratar de dependente químico.
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O indiciado, segundo fls. 17/18 – 183/187, menciona que a droga foi enxertada pelos
policiais quando faziam o percurso até a Delegacia de Polícia. O mesmo foi relatado pelo
Fabiano (que não é réu deste processo) nas fls. 42/43 -204/207, momento em que refere não
ter visto em momento algum as referidas drogas.
Neste caso em específico, já que a palavra dos policiais é suspeita e encontra-se em
desarmonia entre as declarações dos próprios policiais, não há como serem levadas em
consideração, já que eivadas de parcialidade.
Já que a droga não pertencia a XXXXXX, não há que a ele se imputar a autoria do
crime de tráfico de drogas. Como restou demonstrado, XXXXXX vive de “bicos” sendo
lavador de carros, possui dois filhos, os quais necessitam da presença paterna, bem como do
auxílio financeiro ofertado pelo pai.
O indiciado trabalhava, consoante fls. 127/131 que segue em anexo, quando não
afetado pela utilização que faz do crack. XXXXXX sempre trabalhou como auxiliar de serviços
gerais, lavador, polidor, manobrista e motorista de entrega e busca (fls. 132/133).
Nos últimos tempos vinha desenvolvendo a atividade de lavador de carros próximo à
sua residência, até mesmo porque, quando estamos diante de um drogodependente é difícil que
o indivíduo consiga permanecer em qualquer espécie de emprego, dada a fragilidade ocasionada
pelas utilização de drogas, restando, nestes casos, empregos informais, ou relegados a categoria
de “bico”. No dia de seu recolhimento à prisão, XXXXXX estava anteriormente trabalhando
(lavando carros nas ruas), ocasião em que conseguiu auferir R$32,00 (trinte e dois reais), que
foram apreendidos pelos policais, dinheiro do qual necessita.
Neste termos, é indispensável que se (re)veja a questão da autoria, uma vez que
XXXXXX está sendo acusado de supostamente ter praticado o crime de tráfico de drogas, sendo
que, até o presente momento o que temos é a grave situação a que se encontram os policiais
que fizeram parte da “apreensão” da droga e prisão do indiciado, devendo então ser
(re)examinada a autoria.
Merece destaque que, em mesmo que XXXXXX estivesse com as drogas referidas no
processo, mesmo assim não estaria configurado o crime de tráfico de drogas, posto que
etimologicamente, para que esteja configurado o delito de tráfico de drogas, é indispensável que
a conduta praticada se enquadre naquilo que efetivamente configura tráfico de drogas.
O delito de comercialização de drogas ilegais, deve, necessariamente, possuir as
condutas de importar, exportar, vender e expor à venda drogas, demais condutas não
configuram tráfico de drogas, posto que para ser caracterizado o tráfico é indispensável que
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tenha ocorrido atos de mercancia. No caso de XXXXXX, este é acusado de, supostamente trazer
consigo, o que logicamente, não se enquadra na etimologia tráfico.
Ademais, há o aspecto do que se configura consumo e do que caracteriza tráfico de
drogas, posto que no delito tipificado no art. 28 da Lei 11.343/06, temos como condutas,
adquirir, guardar, ter em depósito, transportar, trazer consigo, para consumo pessoal, condutas estas que
são classificadas também como tráfico de drogas previstas no art. 33 da referida lei, adquirir,
trazer consigo, guardar e ter em depósito. Conclui-se que, as mesmas condutas tipificados no art. 28
são igualmente repetidas no art. 33, no entanto, a um se aplica as penas restritivas de direito,
opta-se pela redução de danos, criando-se, assim um Sistema Nacional de Políticas Públicas
Sobre Drogas – SISNAD, preocupado com o consumidor de substâncias ilegais e cria-se um
mecanismo de prevenção ao uso indevido, em contrapartida, ao traficante de drogas, comina-se
pena de prisão, cria-se um proibicionismo exacerbado e uma política destinada, única e
exclusivamente à repressão penal.
Neste sentido, adverte Salo de Carvalho1 que uma análise detalhada permite apontar
como principal mecanismo corretivo da desproporcionalidade do tipo penal do art. 33 da Lei
11.343/06, a especificação do dolo naquelas figuras que igualmente aparecem incriminadas no art.
28, quais sejam, adquiri, guardar, ter em depósito, transportar e trazer consigo drogas. Por isso, propõe
critério interpretativo que corrija a desproporcionalidade no tratamento punitivo de condutas
objetivamente idênticas, no entanto díspares no que tange a ofensividade ao bem jurídico
tutelado.
Outra questão que merece, oportunamente destaque, é a ofensividade ao bem jurídico
tutelado, porque aquele que faz uso da droga para consumo próprio, acaba atingindo apenas a
sua saúde e não a dos demais. Quanto aquele que comercializa as drogas, a ofensa ao bem
jurídico tutelado dependerá do que se estará a comercializar, devendo ser analisada a
quantidade de droga apreendida, a circunstâncias de sua comercialização. Quanto mais drogas
estiverem a ser comercializadas, mais haverá chance em ofender a saúde pública, quanto menos
droga estiver sendo vendido, menor a capacidade de atingir a saúde pública.
No caso em destaque, o indiciado não estava com a posse das drogas (crack e
cocaína), tratando-se única e exclusivamente de dependente químico severo, o qual necessita de
tratamento, sendo esta obrigação do Estado. Mesmo que a drogas enxertada fosse sua, a
quantidade “dita” apreendida é ínfima, se encaixando perfeitamente em padrão aceitável de
utilização pessoal. Ademais, estaria ele ferindo apenas a sua saúde, e mesmo que tivesse
1 CARVALHO, Salo de. A Política Criminal de Drogas no Brasil: Estudo Criminológico e Dogmático. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007, p. 200-203.
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insiste em mantê-lo no pior presídio da América Latina. Há ainda violação do caput do art. 5º da
CF, uma vez que, todos são iguais perante a lei, mas que na prática acaba não sendo observado,
como o presente caso.
Outras são as afrontas ao que preceitua a Lei de Drogas, posto que segundo o art. 4º,
IX, não houve interesse algum, pelo menos até este momento pelas autoridades em se
preocupar em lidar com a vida de um dependente químico de crack, já que simbolizam
‘repúdio’ ao tráfico de drogas, deveriam então, repudiar tratamento indigno aquele que faz uso
indevido delas. É necessário que haja um tratamento multidisciplinar capaz de tratar – com
atividades preventivas – um drogodepenetende, e não com atividades recrudescidas de
criminalização exacerbada e rigor punitivo a ensejar a manutenção de uma prisão infundada.
Não bastasse a quantidade de violações que estão caracterizadas no presente processo,
há ainda a inobservância do equilíbrio entre as atividades de prevenção ao uso indevido,
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão ao tráfico ilícito
de drogas (art. 4º X da Lei 11.343/06).
No caso em tela, o indiciado XXXXXX está sendo (des)respeitado, uma vez que a Lei
de Drogas está sendo aplicada em seu desfavor com completo (des)conhecimento, dado que
aquele que consome drogas necessita de outro tratamento que não a prisão, que o isola
(des)umaniza, (des)socializa e marginaliza ainda mais. Ao invés de receber tratamento
adequado, e de ser destinada atividades de prevenção, está a ser considerado como se traficante
fosse, aplicando-se a ele severa desproporcionalidade de tratamento, violando, assim, a Lei
11.343/06 e a Constituição Federal, e as determinações de redução de danos determinadas pelo
SISNAD e CNJ. Ao que nos indica, a leitura de leis infraconstitucionais, devem ser realizada
pelo operador do direito, em consonância aos ditames constitucionais, o que não está
ocorrendo no caso de XXXXXX.
A Lei de Drogas estabelece as diretrizes norteadoras a serem seguidas e destinadas
àqueles que fazem uso de substâncias ilícitas, como é o caso da redução dos fatores de
vulnerabilidade e risco (art. 18), sendo que as atividades de prevenção ao uso indevido devem
seguir o que estabelece os incisos I, a XIII do art. 19. Deve haver atividades de atenção e
reinserção social de usuários ou dependentes de drogas, que desenvolvam a melhoria da
qualidade de vida, e à redução de riscos associados a utilização das drogas (art. 20), devendo
haver observância dos arts. 21, 22 23, 24, 25, 26 e 27 da Lei de drogas que se destinam a
promoção da prevenção ao drogodependente.
Temos um caso de flagrante (des)respeito à Constituição Federal e a própria Lei
11.343/06, o qual ainda é passível de ser sanado (no ínicio) deste processo crime, mas que
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depende de oportuna avaliação que merece ser (re)dimencionada, sob pena de violação a tais
dispositivos legais que devem ser preservados e utilizados.
Ocorre que a Lei de Drogas não estabelece esta diferenciação, de modo que podemos
perceber que os mesmos verbos nucleares do tipo do art. 28 são repetidos no art. 33, por isso,
na prática, fica a cargo do MP e do juiz esta determinação já que não há estabelecimento de
quantidades mínimas e máximas que possam caracterizar tráfico ou configurar consumo
pessoal.
Diante desta dificuldade, é necessários que o aplicador do direito conheça o que
significa para um usuário e um dependente químico as quantidades de drogas utilizadas, bem
como a super dosagem e as adições feitas. Se o aplicador do direito não entender o quanto e o
que significa cada droga e sua quantidade, conduzindo o processo de maneira equivocada,
gerando dificuldades, muitas vezes insanáveis, para aquele indivíduo que sofre o processo.
No caso do indiciado XXXXXX, temos que a quantidade de droga supostamente
apreendida com ele é ínfima, posto que somadas não chegam a 20g. Cientes de que XXXXXX
não estava traficando e nem de posse da droga “apreendida”, e mesmo que assim o
tivesse trazer consigo não se encaixa etimologicamente a uma postura de tráfico de drogas e,
portanto, de mercancia. Se, no caso em tela, houvesse a possibilidade de tratá-lo como um
traficante de drogas, estaria ele na posse de ínfima quantidade, desmerecendo neste caso a prisão,
dado que a expansibilidade de perigo que ele supostamente poder(ria) atacar é muito baixa,
ferindo apenas uma pessoa por exemplo, dado que não se trata de nem 20g de droga.
Existem casos em que há severa dependência química por drogas, havendo em
decorrência desta dependência química a necessidade de comercialização de drogas para ser
possível que se continue com a utilização que se faz da substância ilícita. Por isso, muitos dos
que são considerados hoje como traficantes de drogas, são em realidade drogodependentes que
começaram a cometer outro tipo de delito para conseguir manter a dependência química. O
que seria o caso de traficante-dependente, o que não se amolda ao caso de XXXXXX, posto que
com ele não havia droga, sendo esta enxertada.
Tendo em vista que XXXXXX não estava com a droga e que esta foi atribuída como se
dele fosse, e levando-se em consideração que estamos diante de um indivíduo
drogodependente, que já foi internado em diversas oportunidades, consoantes (Doc. IV) que
está sendo juntado nesta oportunidade, não estamos lidando com um traficante de drogas, não
devendo o indiciado sofrer as mazelas do cárcere que não devem ser utilizadas em caso de
dependência química.
XXXXXX já passou pelo Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, internação na Pacto na
Fazenda do Senhor Jesus, no Centro de Recuperação para tratamento de dependência química
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– Comunidade Terapêutica Bem viver, passando também pela Cruz Vermelha Brasileira e a
Associação Hospitalar Vila Nova (Doc. IV).
Os registros relativos ao Hospital de Pronto Socorro estão anexados (DOC. IV), tendo
em vista que nas oportunidades em que lá estava, XXXXXX machucava-se em decorrência da
utilização do que faz do crack: o paciente encontra-se sob o efeito de crack, sendo sempre este o seu
registro.
Resta fartamente comprovada a dependência química do indiciado XXXXXX, motivo
pelo qual não há margem para ser tratado como se traficante fosse, ainda mais que a droga
“apreendida” com ele pertencia aos policiais. Ao invés de se estar mantendo um
dependente químico de crack (dependência que perdura 7 anos) na prisão, deveria,
segundo muito bem preceitua a Lei 11.343/06, ser encaminhado para tratamento
adequado, já que é uma obrigação do Estado fazer isso.
Conforme o §5º do art. 55 da lei de Drogas, cabe ao juiz determinar a apresentação do
preso para realização de diligências, exames e perícias. Assim, ai invés de manter XXXXXX
(dependente químico severo de crack) preso no Presídio Central de Porto Alegre, a
preocupação deve pautar na saúde deste indivíduo, em encaminhá-lo para um tratamento
adequado, em minimizar as sequelas desta marginalização, propiciando outro percurso na vida
de XXXXXX, que deverá atender a prevenção do uso de drogas, e redução de danos,
minimizando a vulnerabilidade na qual se encontra. Até mesmo porque, como sabemos, há no
presídio vasta quantidade de drogas, não sendo possível obstaculizar que a droga chegue até a
utilização do indiciado, de modo que mantê-lo lá segregado, além de violação a dignidade da
pessoa humana e afronta ao que preceitua a Lei 11.343/06, faz com que XXXXXX seja
favorecido na utilização das drogas, uma vez que se encontra preso e compartilhando de
substâncias ilícitas.
Não há como manter preso indivíduo severamente agredido pela utilização de crack,
nem pode isso acontecer, dado as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Nacional de Políticas
sobre Drogas, devendo imediatamente ser posto em liberdade para que assim possa vir a se
tratar corretamente como já fazia junto com sua família.
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Já de início cabe deixar claro, segundo a própria manifestação dos policiais que
abordaram o acusado XXXXXX afirmam que a droga estava na cueca do acusado, quando este
não utiliza roupas intimas, como provado pela palavra das testemunhas, bem como se a droga
estava nas roupas por qual motivo no momento da filmagem a droga não apareceu?
Sobre este aspecto, é oportuno referir que, diante das circunstâncias da abordagem
policial, da denúncia anônima, etc... o que se verifica foi uma denuncia, provavelmente de
algum inimigo de XXXXXX ou de alguém que não suporta ver o acusado utilizando drogas
perto de seu estabelecimento comercial, tentando prejudicá-lo, mas, como bem alegam as
Testemunhas, XXXXXX não é o traficante, e sim uma pessoa drogodependente.
Assim, resta claro, que ao invés de punir XXXXXX, como requerido pelo MP nos seus
memoriais, a postura correta que incumbe ao Estado, levando-se em consideração o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, é de dar sustentáculo para afastá-lo de onde a
droga circula, inibindo, assim, qualquer espécie de vulnerabilidade que possa atingi-lo, i.e., a
condenação do acusado somente vem a prejudicá-lo, tornando impraticável a sua reinserção
social e laborativa, pois é público e notório, que o meio prisional é um local de destruição do
‘Eu’ e de quebra dos vínculos sociais e de trabalho, jogando o cidadão ao submundo da cultura
prisional, onde as regras são impostas pelos detentos e onde a droga é o elixir para manter os
segregados “na paz” aguardando o tempo de improdução passar até que chegue a sua liberdade,
mas sempre uma liberdade ‘restrita’, pois aquele que passou pelo sistema sabe que toda a saída
deixa vínculos eternos por favores a quem lhe deu guarida dentro do sistema.
Ademais, neste momento é que podemos perceber, e isto está explícito na postura do
MP, que aquilo que a Instituição da Promotoria tanto ‘prega’ que é do famoso discurso (re),
(re)educar, (re)socializar, é em si mesmo mentiroso, posto que, se resta claramente demonstrado
que o réu não se trata de um traficante de drogas, incluindo-se nesta afirmação a própria
palavras dos policiais que o abordaram, e demonstrado durante a instrução tratar-se o réu
XXXXXX de um dependente químico, então, isto demonstra que o MP, ao pronunciar-se pela
sua condenação por tráfico de drogas, indica a falha de sua postura e, incluindo-se nela, uma
postura falaciosa de (re)inserção social. Ora, como (re)inserir alguém condenando-o e
segregando-o como se traficante fosse? O que seria melhor ao réu (deveria pensar o MP), seria
condená-lo e segregá-lo ou então olhar o que o réu tem feito para o melhoramento de sua vida
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e oportunizar aquilo que seria, levando-se em consideração a busca do réu pela sua melhora,
mais apropriado para ele? Neste momento conseguimos visualizar o desrespeito do MP com o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, e a total falta de atenção e zelo em olhar
o outro com dignidade.
Há ainda que referirmos a questão das testemunhas de acusação, e isto porque, quando se
trata de crime de tráfico de drogas, as testemunhas de acusação, acabam sendo quase que em sua
totalidade, policiais, e isto porque as apreensões acabam decorrendo de denúncia anônima ou de
operações policiais, sendo eles os primeiros a ter contato com a seleção. Já que são os policiais
são os primeiros a ter contato direto com os indiciados, são eles sempre os responsáveis pelo
seu enquadramento legal, ou os considerando como usuário/dependente químico ou como
traficantes de drogas. Ocorre que, dependendo da forma como será realizada a apreensão das
substâncias ou o enxerto, o qual não pode ser descartado, então estaremos diante de um
consumidor, ou então de um traficante de drogas, o que muitas vezes acaba desconsiderando a
própria quantidade da droga que é encontrada, e que não deveria acontecer, dados os preceitos
da Lei 11.343/06, bem como do próprio Sistema Nacional de Política Públicas Sobre Drogas –
SISNAD.
Já que a droga não pertencia a XXXXXX, não há que a ele se imputar a autoria do
crime de tráfico de drogas.
Neste termos, é indispensável que se (re)veja a questão da tipicidade, uma vez que
XXXXXX está sendo acusado de supostamente ter praticado o crime de tráfico de drogas,
sendo que, até o presente momento o que temos é a grave situação que se encontrava o
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Neste sentido, adverte Salo de Carvalho2 que uma análise detalhada permite apontar
como principal mecanismo corretivo da desproporcionalidade do tipo penal do art. 33 da Lei
11.343/06, a especificação do dolo naquelas figuras que igualmente aparecem incriminadas no art.
28, quais sejam, adquiri, guardar, ter em depósito, transportar e trazer consigo drogas. Por isso, propõe
critério interpretativo que corrija a desproporcionalidade no tratamento punitivo de condutas
objetivamente idênticas, no entanto díspares no que tange a ofensividade ao bem jurídico
tutelado.
2CARVALHO, Salo de. A Política Criminal de Drogas no Brasil: Estudo Criminológico e Dogmático. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007, p. 200-203.
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Cabe novamente deixar claro que XXXXXX não praticou crime, pois mesmo que
estivesse com a droga, a conduta de trazer consigo, não caracteriza mercancia e que mesmo que
tudo permitisse sua incriminação, não se trata de traficante de drogas, como deixaram claro os
policiais que fizeram a sua prisão, mas de drogovulnerável que necessita de redução de danos,
de tratamento correto fornecidos pelo Estado e gratuito, no entanto, este Parquet,
erroneamente, apresenta memoriais requerendo sua condenação pelo crime de tráfico de
drogas, podendo levá-lo e mantê-lo no pior presídio da América Latina.
Não bastasse a quantidade de violações que uma eventual condenação por pena
privativa de liberdade ensejaria uma inobservância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção ao uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e
de repressão ao que seria ou deveria ser um “verdadeiro” traficante de drogas (art. 4º X da Lei
11.343/06) que, segundo manifestam-se os policiais, não é o caso.
realizada pelo operador do direito, em consonância aos ditames constitucionais, o que não
estaria a ocorrer caso XXXXXX fosse condenado por tráfico a uma pena privativa de
liberdade.
Não há como mandar para a prisão um indivíduo drogovulnerável, nem pode isso
acontecer, dado as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas, devendo ser isento de pena segundo o que preceitua o art. 45, da lei 11.343/06 ou em
caso diverso que a condenação seja reduzida ao máximo (2/3) segundo preceitua o artigo 33§
4°, da lei 11.343/06, e determinada a sua substituição em penas alternativas ou sursi, o que
melhor couber ao caso concreto, garantindo-se assim a manutenção de sua reinserção familiar,
social e laborativa.
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O indiciado XXXXXX é pessoa boa e honesta, a qual apenas tem como negativo em
sua conduta o fato de se utilizar de crack em decorrência de já fazer uso desta droga há 7 anos,
constituindo-se em drogodependente que merece ser tratado devidamente para que tenha
redução de danos oriundos da utilização que faz desta droga, devendo para isso retornar para a
sua família.
Sobre sua conduta, temos que foi realizado um abaixo assinada pela comunidade onde
mora XXXXXX, nesta ocasião, todos os populares que moram próximos a XXXXXX e que o
conhecem, referem ser ele pessoa honesta e trabalhadora, nada tendo a dizer que venha a
prejudicar a conduta do indiciado, sendo XXXXXX um bom pai e um bom filho, além de um
bom vizinho. Todos ali assinam referindo que sabem da situação de vulnerabilidade de
XXXXXX com as drogas, i.e., possuem ciência de que o indiciado é dependente químico de
crack, tendo sido internado por diversas vezes por seus familiares.
Por isso é que resolvemos anexar estas assinaturas, cujo escopo é a demonstração de
que XXXXXX não se trata de um traficante de drogas, mas de boa pessoa que é
drogodependente e que merece tratamento digno à sua condição peculiar de dependente
químico severo de crack, haja vista fazer uso da droga há 7 anos. Neste aspecto, foram
recolhidas, pela mãe de XXXXXX, 24 assinaturas das pessoas que conhecem o indiciado e que
moram próximas a ele, totalizando-se em um número expressivo de populares que não aceitam
a situação de processo criminal considerando-o como se traficante de drogas fosse, muito
menos por estar passando por situação desumana dentro de um presídio, quando na realidade
necessita é de tratamento, havendo para isso extrema necessidade de ser posto em liberdade
para que a família possa tratar de sua internação de maneira adequada e respeitando as
diretrizes da Lei de Drogas.
Já que muitas pessoas participaram deste ‘abaixo assinado’ demonstrando sua
indignação com a (in)justiça que está sendo praticada, esta é efetivamente uma circunstância de
alto valor probatório, e isso porque se esta acusação fosse verdadeira, os populares que moram
próximos do indiciado, não teriam interesse, ou teriam eles medo (se XXXXXX fosse um
traficante), de assinar o que atesta a boa conduta. Já que são eles moradores, ninguém melhor
do que eles para expressar, através deste documento, a realidade da dinâmica que ali ocorre. Se
XXXXXX fosse traficante, não estaria ele sendo atestado como pessoa de boa conduta, nem
estariam estas pessoas referindo a sua dependência química, pelo contrário, poucas, ou até
mesmo nenhuma pessoa – diríamos – se responsabilizariam por este ‘abaixo assinado’, por isso é
que ele se carrega de farta veracidade.
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Modelo para alunos
Somente como ilação mental, uma vez acredita-se na absolvição de XXXXXX, verifica-
se a possibilidade de aplicabilidade do §4º do art. 33 da Lei. 11.343/06, vez que se
encontram preenchidos os quatro requisitos para a sua concessão, a saber: que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas,
nem integre organização criminosa.
Nos delitos de tráfico de drogas (art.33, caput) e nas formas equiparadas (§1º), as penas
podem ser reduzidas de 1/6 a 2/3 se o agente preencher os requisitos legais dispostos no
próprio §4º do art. 33 da Lei de Drogas, razão pela qual sua concessão torna-se obrigatória,
pois se trata de requisitos subjetivos e cumulativos.
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Rodrigo Moretto
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venha a desabonar a sua conduta, e assim merecendo a redução até mesmo em atendimento ao
princípio de inocência ou não culpabilidade, insculpido no art. 5º, LVII da CF, assim também
não se trata de acusado que se dedica à atividade criminosa e tão pouco integra
organização criminosa, motivo pelo qual, é merecedor da redução da pena, neste sentido se
manifesta o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Por outro lado, é totalmente incabível a posição de inaplicabilidade do art. 33, §4º, da Lei
11.343/06, pois tenta fundamentar a inconstitucionalidade de tal dispositivo na hediondez do
delito e na redução trazida pela nova legislação.
Sob este viés, o artigo em tela, visando uma política de redução de danos e reinserção
social, coaduna-se com o princípio fundante da Constituição, ou seja, da preservação da
Dignidade da Pessoa Humana. Neste sentido cabe trazer a baila o pensamento sobre as novas
políticas penais:
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Modelo para alunos
Nestes termos, em caso de eventual condenação ou que não venha a ser declarada extinta
a punibilidade por falta de elemento essência da culpabilidade, que seja aplicada a redução
máxima insculpida no art. 33, §4º, da Lei 11.343/06, como garantia de reconhecimentos dos
princípios constitucionais da dignidade humana, da proporcionalidade, da razoabilidade e o
direito subjetivo do denunciado. Nestes termos:
Mesmo havendo vedação expressa do §4º do art. 33 e sua repetição no art. 44 da Lei de
Drogas, há que se questionar a constitucionalidade desta vedação. Assim, vejamos: antes da Lei.
11.464/07, muito se discutia acerca da possibilidade ou não da concessão de penas restritivas de
direitos para os crimes hediondos ou equiparados. Apesar de não haver proibição expressa,
houve a abolição do regime integralmente fechado, o qual obstaculizava a concessão do
benefício. Com o advento da Lei 11.464/07 tal discussão acaba perdendo importância, pois o
regime integralmente fechado fora abolido, de maneira que desaparece com ele o ventilado óbice.
Desta forma, questiona-se acerca da vedação trazida pela nova lei de drogas, pois não
seria legítimo impedir o benefício somente para o tráfico, delito também equiparado a
hediondo, sob pena do art. 44 da Lei. 11.343/06 estar tratando situações iguais de maneira
desigual, ferindo cruelmente o princípio da isonomia5.
4 TJRS, Habeas Corpus n 70008308967. Desembargador Marco Antônio Bandeira Scapini. 6ª Câmara Criminal do
TJRS
5 CUNHA, Rogério Sanches. Lei de Drogas Comentada, 2007.
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Como já demonstrado a hediondez estipulada pela lei não é óbice para sua concessão. Nos
termos do art. 44 do Código Penal, está estipulada que a pena não superior ao patamar de 04
anos pode ser substituída, conforme a previsão originária da Lei n° 9.714/98, não se
estabelecendo limitação à natureza do delito. Neste sentido, parte da jurisprudência vem
entendendo ser cabível substituição inclusive nos casos de condenação por tráfico de
entorpecentes:
direitos, tem-se que ela também é aplicável aos delitos definidos em legislação especial.
A nova legislação a respeito veio no sentido de ampliar a incidência das penas restritivas
de direitos, de modo que devem ser estendidos à legislação especial, até porque não
existe ressalva a este respeito. Assim, ainda que trate de crime de tráfico de
entorpecente, se o agente preenche os requisitos subjetivos e objetivos do art. 44
do CP, e a substituição é recomendável dentro do critério de suficiência na
reprovação e prevenção do crime (art. 59 do CP), não há porque não fazê-lo.6.
(g.n.)
6 TJRS, Apelação Crime nº 6990118297, Câmara de Férias Criminal, TJRS, Relator: Des. Sylvio Baptista Neto,
julgado em 26/05/1999
7 STJ, 6ª Turma – HC nº 8753/RJ, rel. Min. Luiz Vicente Cernichiaro, j. 15.04.99, v.u., DJU 17.05.99, p. 00244
8 TRF4, - HC 19990401018587-9/PR – Rel. Tânia Escobar – DJU 13.04.99, p. 327
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Inegável, portanto, que uma vez trazida a pena aos patamares da razoabilidade e da
proporcionalidade, com a revisão da pena aplicada, que se tenha como possível a aplicação da
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, sob pena de ofensa à
Lei 9.714/98, o que requer seja observado como préquestionamento, para eventual recurso
especial e extraordinário.
9 STJ, 6ª Turma – HC nº 8753/RJ, rel. Min. Luiz Vicente Cernichiaro, j. 15.04.99, v.u., DJU 17.05.99, p. 00244
10 MELLO, Thaís Zanetti e MORETTO, Rodrigo. “Eliminando as ‘amarras’ vedatórias que criaram
(im)possibilidades à aplicação de pena alternativa ao delito de tráfico de drogas”. Disponível em:
http://www.ibccrim.org.br/site/artigos/capa.php?jur_id=10364
11 Lei 7.210/84: Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
V - determinar:
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
12 Neste sentido, conferir o julgamento realizado pela 1ª Turma do STF do HC 84.928-8, de 27/09/2005 e também
Carvalho, a quem já trabalhou esta distinção entre substituição e conversão, IN: CARVALHO, Salo de. A política
criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
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13CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2007, pp. 244-245.
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Sinalizada a operacionalidade que se deu aos dois institutos, o debate que recebe relevo
concerne à concessão de suspensão condicional da pena – sursis, que não possui óbice legal pela
Lei de Drogas no §4º do art. 33, podendo ser concedido, para os delitos ali enquadrados, já que a
impossibilidade do sursis retratada pela Lei 11.343/06, encontra sua (im)possibilidade no art. 44,
o qual refere que nos delitos previstos no art. 33, caput e §1º, e 34 a 37, são insuscetíveis de
sursis, não havendo referência expressa ao §4º do art. 33. Sendo assim, se o réu receber uma pena
14 Segundo o art. 3º do CPP, A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito. É reconhecida a analogia no Direito Penal, mas desde que venha a beneficiar o réu (in
bonam partem), jamais para prejudicá-lo. Neste sentido, pode-se conferir: QUEIROZ, Paulo. Direito Penal Parte Geral.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, pp. 78-80.
15 Decisão referente ao HC 118776 do STF
16 O juiz criminal atuante em Santa Catarina, Alexandre Morais da Rosa, tem procedido desta maneira em diversas
privativa de liberdade que não exceda 2 anos, fará jus ao sursis, segundo art. 77 do CP, caso não
seja suficiente a substituição por restritivas de direitos.17
VII. DO PEDIDO
P O S T O I S T O, requer,
(b) em caso de entendimento diverso que seja extinta a punibilidade por força do artigo
45 da lei 11.343/06;
(c) outrossim, em caso de condenação, requer seja minimizada a pena aquém do mínimo
legal para o delito de tráfico, uma vez que verificado o caso descrito no art. 33, §4º e art. 41da
Lei 11.343/06.
(d) na hipótese de condenado a pena inferior a quatro anos, requer que lhe seja aplicado
pena restritiva de direitos nos termos da Lei n° 9.714/98, uma vez que não há na lei proibição
expressa de aplicação da substituição, somente a conversão, instituto diverso;
(e) se mesmo não entender cabível a substituição, que seja aplicado a suspensão
condicional da pena – sursi, uma vez que não há proibição na lei 11.343/06.
Rodrigo Moretto
OAB/RS 53.967
17O juiz criminal atuante em Santa Catarina, Alexandre Morais da Rosa, tem procedido desta maneira em diversas
decisões suas que tratam sobre o delito de tráfico de drogas.
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