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RECURSO DE APELAÇÃO,
Nestes termos,
Pede deferimento.
1 – SÍNTESE DO PROCESSADO
Segundo aquela peça processual, no dia 06.04.2019, por volta das 20h30min,
integrantes da Polícia Militar lotados em Garrafão do Norte, realizavam blitz de rotina
nas proximidades da localidade capoeiro, distante mais de 20km da residência do
Apelante. Em dado momento avistaram duas pessoas: JAIRO DE SOUZA ARAUJO e
ANTONIO MANOEL SANTOS DA SILVA e ao abordá-los encontraram material
condizente com o tipo entorpecente maconha.
2 – EM SEDE DE PRELIMINAR
Conforme se depreende das informações dos autos, a polícia militar informa que
abordou dois elementos e encontrou um suposto material entorpecente ilícito, os quais por
sua vez declararam que obtiveram com o Apelante. De posse das informações, os
policiais invadiram a residência do Apelante, com a intenção de buscar material que
comprovasse o crime ora imputado a ele.
In. https://direitodiario.jusbrasil.com.br/artigos/532044220/o-que-e-a-prisao-em-flagrante
Vejam, não encontraram apenas, o ora Apelante, mas sim invadiram sua
residência e o agrediram, bem como a sua família, e após não encontrarem nada,
‘plantaram’ uma única e solitaria pequena pedra de óxi.
A única acusação que poderiam fazer, seria acerca da suposta maconha, mas nem
mesmo isso, haja vista que não foi feito laudo toxicológico no material, deixando a cargo
de um simples técnico de saúde, que não tem a menor competência para tal, a
comprovação de que se tratava de matéria entorpecente.
Ademais, não houve exames que confirmasse se tratar de entorpecentes. Sem esta
prova definitiva, como o Estado Juiz pode aplicar uma pena se não há comprovação de
que houve crime? O próprio juiz sentenciante afirma que não há provas de que o material
apreendido é entorpecente. E a dúvida razoável? Sem provas, deve-se favorecer o réu,
conforme determina a lei e a jurisprudência.
Desta forma, solicitamos que seja anulada a peça processual, por nulidade do
flagrante que compõe a pedra basilar da condenação do Apelante.
A sentença, neste ponto, vai de encontro ao que diz o art. 158 do CPP:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
E temos que não existe confissão do apelante neste sentido, de que foi apreendido
qualquer material entorpecente de sua propriedade, em sua residência ou fora dela.
HC 457.466
https://www.conjur.com.br/2018-jul-23/laurita-suspende-execucao-provisoria-falta-laudo-toxicologico
Ementa
4. Com a anulação do procedimento, o réu deve ser colocado em liberdade por excesso
de prazo na formação da culpa.
Súmula 523
Como o rito no crime de tráfico de drogas e diferente, a falta de defesa prévia (atual
resposta à acusação), que vem depois da denúncia, o prejuízo ao acusado é absoluto, e
sua rejeição deverá causar a nulidade do procedimento judicial de apuração e a posterior
aplicação de pena restritiva de direitos.
“Mesmo tratando da defesa prévia de forma sucinta e sem exaurir todos os seus
pontos, o juiz deve analisá-la, sob pena de nulidade de todos os atos posteriores à
sua apresentação. A 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, de forma
unânime, chegou a esse entendimento ao julgar pedido de Habeas Corpus a favor
de acusado de roubo circunstanciado com emprego de violência e concurso de
pessoas.
O relator, porém, aceitou a alegação de nulidade pela ausência de manifestação do
magistrado sobre a defesa prévia. Ele apontou que a Lei 11.719/08 deu nova
redação a vários artigos do CPP e alterou de forma profunda essa defesa. “A partir
da nova sistemática, o que se observa é a previsão de uma defesa robusta, ainda
que realizada em sede preliminar, na qual a defesa do acusado poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que lhe interesse, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas”, destacou.
A nova legislação deu grande relevância à defesa prévia, permitindo até mesmo a
absolvição sumária do réu após sua apresentação. Pela lógica, sustentou o
ministro Og, não haveria sentido na mudança dos dispositivos legais sem esperar
do magistrado a apreciação, mesmo que sucinta e superficial, dos argumentos da
defesa.”
https://www.conjur.com.br/2012-nov-07/juiz-nao-continuar-acao-penal-analisar-defesa-previa
Destarte, esta matéria não foi apreciada pelo magistrado a quo, pleito esse que fora
inclusive formulado na fase da defesa preliminar.
3 - NO MÉRITO
Mas suplantando a tese do ato ilegal dos policiais, em criar uma estória
acerca da venda de entorpecente ÓXI, temos ainda, a refutar as alegações de
tráfico e a condenação errônea, A QUANTIDADE DA DROGA APREENDIDA!
3. Recurso desprovido.
(Acórdão 985683, 20150111200272APR, Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, , Revisor: JOÃO
TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 2ª TURMA CRIMINAL, data de julgamento: 1/12/2016, publicado no DJE:
7/12/2016. Pág.: 111/130)
3 Apelação desprovida.
Nota-se, em uma análise mais apurada dos autos, que não existem provas
suficientes para permitir uma eventual condenação pelo crime de tráfico. Assim, não
havendo outros indícios que propiciem juízo de certeza quanto à intenção de
difundir ilicitamente a droga, requer a reforma da sentença e a desclassificação da
conduta de tráfico para a tipificada no art. 28 da Lei 11.343/06, com esteio no
princípio do in dubio pro reo.
Dessa forma, considerando-se os elementos de prova trazidos aos autos, não há,
nem de longe, qualquer importe fático que conduza à figura do tráfico de drogas ilícitas, e
tanto é verdade que até o Parquet sucumbiu à realidade, ao apresentar um pedido de
absolvição por falta de provas.
Não obstante a peça acusatória destacar que o Acusado possuía drogas para tráfico,
o que, em verdade, nada se provou, tal circunstância, isoladamente, não tem o condão de
justificar a condenação pelo crime de tráfico de drogas, mormente pelo que dispõe o art.
28, §2º, da Lei n. 11.343/2006.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
(...)
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
Do Suposto Tráfico.
EMENTA: 1.- A traficância exige prova concreta, não sendo suficientes, para a
comprovação da mercancia, denúncias anônimas de que o acusado seria um
traficante.
Ledo engano! Engano de boa fé! Esta circunstância (de já ter sido condenado)
não deveria gerar preconceitos acerca das pessoas, haja vista que a própria lei
delimita o alcance das penas (pelo fato de ter transgredido a lei uma vez, não pode
pagar pelo crime eternamente).
Desta forma nos parece que o MM. Juiz quer condenar até o fim da vida (dele,
apelante) por um crime cometido no passado. Não é assim que agem as leis e o
instituto da ressocialização.
“Há dois sistemas legais para decidir se o agente (que está envolvido com a posse
ou porte de droga) é usuário ou traficante: (a) sistema da quantificação legal (fixa-
se, nesse caso, um quantum diário para o consumo pessoal; até esse limite legal
não há que se falar em tráfico); (b) sistema do reconhecimento policial ou judicial
(cabe ao juiz ou à autoridade policial analisar cada caso concreto e decidir sobre o
correto enquadramento típico). A última palavra é a judicial, de qualquer modo, é
certo que a autoridade policial (quando o fato chega ao seu conhecimento) deve
fazer a distinção entre o usuário e o traficante.
É da tradição brasileira da lei brasileira a adoção do segundo critério (sistema do
reconhecimento judicial ou policial). Cabe ao juiz (ou à autoridade policial)
reconhecer se a droga encontrada era para destinação pessoal ou para o tráfico.
Para isso a lei estabeleceu uma série enorme de critérios. Logo, não se trata de
uma opinião do juiz ou de uma apreciação subjetiva. Os dados são objetivos. (...)
A lei nova estabeleceu uma série (enorme) de critérios para se descobrir se a droga
destina-se (ou não) a consumo pessoal. São eles: natureza e a quantidade da
substância apreendida, local e condições em que se desenvolveu a ação,
circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do
agente.
Em outras palavras, são relevantes: o objeto material do delito (natureza e
quantidade da droga), o desvalor da ação (locais e condições em que ela se
desenvolveu) assim como o próprio agente do fato (suas circunstâncias sociais e
pessoas (sic), condutas e antecedentes).
É importante saber: se se trata de droga "pesada" (cocaína, heroína etc.) ou "leve"
(maconha, v.g.); a quantidade dessa droga (assim como qual é o consumo diário
possível); o local da apreensão (zona típica de tráfico ou não); as condições da
prisão (local da prisão, local de trabalho do agente etc.); profissão do sujeito,
antecedentes etc.
A quantidade da droga, por si só, não constitui, em regra, critério determinante.
Claro que há situações inequívocas: uma tonelada de cocaína ou maconha revela
traficância (destinação a terceiros). Há, entretanto, quantidades que não permitem
uma conclusão definitiva. Daí a necessidade de não se valorar somente um critério
(o quantitativo), senão todos os fixados na Lei. O modus vivendi do agente (ele vive
do quê?) é um dado bastante expressivo. Qual a sua fonte de receita? Qual é sua
profissão? Trabalha onde? Quais sinais exteriores de riqueza apresenta? Tudo isso
conta para a correta definição jurídica do fato. Não faz muito tempo um ator de
televisão famoso foi surpreendido comprando uma quantidade razoável de drogas.
Aparentemente, pela quantidade, seria para tráfico. Depois se comprovou ex
abundantia sua qualidade de usuário. Como se vê, tudo depende do caso concreto,
da pessoa concreta, da droga que foi apreendida, quantidade etc. (Lei de drogas
comentada. 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 161/162)
Esse princípio reflete nada mais do que o da presunção da inocência, também com
previsão constitucional. Afinal, é um dos pilares do Direito Penal, e está intimamente ligado
ao princípio da legalidade.
Nesse sentido:
PENAL. ROUBO MAJORADO. ACUSAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE
NA PALAVRA DA VÍTIMA. FRAGILIDADE PROBATÓRIA. APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA
DE PROVAS. CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA.
1) Quando o depoimento da vítima encontra suporte nas demais provas dos
autos mostra-se apto a ensejar a condenação; 2) a aplicação do princípio do in
dubio pro reo pressupõe a inexistência nos autos de provas que não
possibilitam a correta identificação do autor do ilícito; 3) fixada a pena muito
próxima ao mínimo em consequência do reconhecimento de circunstâncias
favoráveis ao réu, reparo algum merece a sentença, quando mais por se tratar
de crime em que foi empregada ameaça; 4) recurso de apelação improvido.
(TJAP; APL 0006584-05.2012.8.03.0002; Câmara Única; Rel. Des. Raimundo Vales; Julg.
01/04/2014; DJEAP 04/04/2014; Pág. 12)
CÓDIGO PENAL
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Em que pese à orientação fixada pela norma penal supra-aludida, entendemos que
a sentença pecou ao apurar as circunstâncias judicias para assim exasperar a pena
base.
Por fim, indicamos decisão com a mesma sorte de entendimento, desta feita
advinda do Colendo Supremo Tribunal Federal:
[...] O réu possui uma condenação criminal pela prática do crime de trafico de
drogas, a qual será considerada como agravante, não sendo mensurada como
circunstancia judicial, a teor do disposto na sumula 241 do STJ (favorável) [...].
(HC 132600, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 19/04/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-109 DIVULG 27-05-2016 PUBLIC 30-05-2016)
(HC 126315, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 15/09/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-246 DIVULG 04-12-2015 PUBLIC 07-12-2015)
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. CONDENAÇÃO TRANSITADA
EM JULGADO HÁ MAIS DE CINCO ANOS. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PARA
CARACTERIZAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA. 1. Condenação
transitada em julgado há mais de cinco anos utilizada nas instâncias
antecedentes para consideração da circunstância judicial dos antecedentes
como desfavorável e majoração da pena-base. Impossibilidade.
Precedentes. 2. Ordem concedida.
(HC 133077, Relator (a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 29/03/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-077 DIVULG 20-04-2016 PUBLIC 22-04-2016)
CÓDIGO PENAL
Art. 33 - A pena ( . . . )
[...]
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á
com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
Em que pese a orientação fixada pela norma penal supra-aludida, entendemos que
o d. Magistrado pecou ao apegar-se à gravidade abstrata do delito, para assim
exasperar o regime inicial do cumprimento da pena.
A defesa apela apenas para que estes Nobres Julgadores apliquem as Leis,
baseada na falta das provas necessárias para a condenação e também para a
jurisprudência de casos similares. Certamente que se assim for, absolvido deverá
ser o apelante.
LIMINARMENTE:
NO MERITO
3 – Diminuição da pena base para o mínimo legal, haja vista que a pena decretada
está baseada em supedâneo errôneo;
Pede deferimento.