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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DE SÃO

PAULO.

FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epigrafe, através de seu Advogado que a esta subscreve,
vem respeitosamente á presença de vossa Excelência, com fundamento
no Art.57 DA LEI 11.343/06, tempestivamente, quinquídio legal,
apresentar suas ALEGAÕES FINAIS ESCRITAS pelas razões de fato e
de Direito a seguir apontadas.

ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS

I – Dos Fatos

Os policiais civis que estavam fazendo a investigação, lastreada


em denúncia anônima, entraram em sua residência sem mandado judicial,
valendo-se do conceito de que o crime é classificado como permanente,
podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização
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judicial. Ademais, ingressaram na residência sem qualquer consentimento
do morador. Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora
encaminhado para a audiência de custódia que fora realizada um mês
depois do fato. O fato se deu na comarca de São Paulo/SP.

Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista


que ela não fora feita de forma legal, uma vez que se descumpriu o art.
310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua realização,
bem como não estavam presentes os requisitos da prisão preventiva,
forte, ainda, que a investigação foi lastreada em denúncia anônima e o
flagrante foi feito sem observar os balizamentos jurisprudenciais de
consentimento do morador.

Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para


a audiência de custódia que fora realizada um mês depois do fato. O fato
se deu na comarca de São Paulo/SP. Você requereu o relaxamento da
prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma legal,
uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de
24 horas para a sua realização, bem como não estavam presentes os
requisitos da prisão preventiva, forte, ainda, que a investigação foi
lastreada em denúncia anônima e o flagrante foi feito sem observar os
balizamentos jurisprudenciais de consentimento do morador. Todavia, o
magistrado entendeu por bem decretar a prisão preventiva, afirmando que
o prazo de 24 horas é considerado impróprio e não merece ser seguido à
risca, além disso corroborou as declarações do Ministério Público de que
o acusado é rico e isso pode ensejar a prisão com base na garantia da
ordem pública, bem como ele poderia fugir do país e ameaçar
testemunhas, em razão da sua excelente condição financeira. Após, o
magistrado entendeu que, por tratar-se de crime permanente, o flagrante
poderia ser dado a qualquer tempo, independentemente de autorização
judicial, bem como que a inexistência de consentimento do morador para
o ingresso em sua residência constitui mera irregularidade. Seção 3
DIREITO PENAL Sua causa! 3 Dessa forma, o réu foi preso
preventivamente na cidade de São Paulo/SP, enviando-se os autos para

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o Delegado de Polícia responsável, tendo sido o feito distribuído para o
juiz da 1ª Vara Criminal da Capital. Cumpre ressaltar que até o presente
momento não houve indiciamento, já se ultimando 90 dias de
investigação, ultrapassando-se o prazo previsto no artigo 51 da Lei nº
11.343/06. Além disso, a autoridade policial não requereu a realização do
laudo definitivo. Sendo assim, foi requerida a revogação da prisão
preventiva, mas houve o indeferimento e o Juiz determinou que o
processo fosse para o Ministério Público. O Promotor de Justiça
responsável pelo caso requereu que a autoridade policial procedesse ao
relatório final, o que foi feito com o respectivo indiciamento. Nesse
diapasão, foi oferecida denúncia pelo crime previsto no artigo 33, caput,
da Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 71, CP, pois foram encontrados
vários comprimidos na mesma ocasião fática.

Após, o Juiz determinou, na data de 28 de abril de 2022, quinta-


feira, que se intimasse a Defesa do acusado para apresentar a peça
processual cabível, sendo que tal intimação ocorrera em 29 de abril de
2022, sexta-feira. Apresentada a defesa preliminar, o Magistrado recebeu
a denúncia e determinou a realização da audiência de instrução e
julgamento.

II - DO DIREITO

A princípio o denunciado não exerce comércio ilícito de entorpecentes


conforme afirmado na denúncia. A quantidade de drogas encontrada, seria para o
consumo pessoal, haja vista que se trata de usuário de drogas.

Verifica-se que nos autos não há nenhuma prova capaz de incriminar o


denunciado de forma concreta e inequívoca ao delito em que é acusado, pelo
contrário, existem apenas presunções de que a droga encontrada seria para a
comercialização.
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Como sabemos, no processo penal vigora o princípio segundo o qual a prova,
para alicerçar um decreto condenatório, deve ser indiscutível e cristalina.

Portanto, se o conjunto probatório não permitir precisar essa conclusão em


decorrência da dúvida, cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base no
princípio do in dúbio pro réu.

Importante destacar também, que segundo os relatos obtidos nesse


procedimento, seja pelas testemunhas ou interrogatório do denunciado, não há
qualquer elemento que evidencie a prática do comércio de drogas, maiormente
quando não houvera flagrante de venda, detenção de usuários, apreensão de
objetos destinados à preparação, embalagem e pesagem da droga.

Conforme se observa do exposto, resta comprovada a situação do


denunciado como usuário, conduta tipificada no artigo 28 da Lei 11.343/06 e não a
de traficante, conforme aduzido na denúncia.

Ademais, cumpre ressaltar que a Lei 11.343 no seu Art.50 exige a realização
de dois laudos periciais para satisfazer o devido processo legal, sendo
indispensáveis os laudos preliminares ou de constatação e o definitivo, uma vez que
a ausência de um dos dois laudos ocorre situação de nulidade absoluta, por
ausência de materialidade.

Pelo que consta da orientação legal, a exigência de dois laudos periciais é


requisito indispensável para o correto processamento de alguém por delito
envolvendo o tráfico de drogas, sob pena de nulidade processual.

Não há prova nos autos, de acordo com a análise dos depoimentos, do local
do fato, das condições em que se desenvolveu a ação, das circunstâncias sociais e
pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do denunciado, cheguem à
certeza de que a prática do fato era realmente tráfico de drogas, razão pela qual, em
caso de não absolvição, mostra-se necessária a desclassificação.

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Diante disso, verifica-se que não há nos autos qualquer prova que o
denunciado tinha a intenção de vender a droga apreendida em sua residência. Em
seu interrogatório, o denunciado é categórico ao afirmar que é apenas usuário
habitual e jamais se envolveu na mercancia de qualquer entorpecente, fato este
corroborado pelo depoimento das testemunhas e demais provas trazidas ao
processo.

Portanto Exa., não há nos autos prova inquestionável quanto a


ocorrência do delito em que está sendo acusado o denunciado.
Mostrando-se prudente a absolvição do mesmo, e em última análise, caso
não entenda dessa forma, a desclassificação do delito para uso de
drogas, para que assim prevaleça a efetiva aplicação do direito e ditames
da justiça.

III– Dos Pedido

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência;

a) A ABSOLVIÇÃO do denunciado, nos termos do artigo


386, inciso V, VI e VII do Código de Processo Penal, haja vista
que não há prova concreta e inquestionável para sustentar uma
condenação, prevalecendo o princípio do in dúbio pro réu.

b) Caso não seja a absolvição o entendimento de V. Exa., pelo


princípio da eventualidade, que seja acolhida a tese de
DESCLASSIFICAÇÃO para o delito de Uso de Drogas (artigo 28 da Lei
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11.343/06), dando definição diversa do teor da denúncia, nos termos do
artigo 383 do Código de Processo Penal, com a consequente remessa
dos autos ao Juizado Especial Criminal, nos termos do § 2º do artigo 383
c/c 394, § 1º, inciso III, do Código de Processo Penal.

c) Por derradeiro, caso entenda pela condenação do denunciado, o


que não se espera, requer a APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL,
com a devida aplicação do § 4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, analisando
as circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso IV,
do Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos.

d) Em caso de condenação, a aplicação do art. 59 da Lei 11.343/06


c/c 283 do Código de Processo Penal, somado aos princípios da
presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal),
entendimento da prisão como última ratio, Lei 12.403/11 (medidas
cautelares diversas da prisão), pelos efeitos negativos do cárcere,
requisitos favoráveis do denunciado (primário, residência fixa, trabalho
lícito), para que possa RECORRER EM LIBERDADE, sendo expedido o
devido e competente alvará de soltura em favor do denunciado, para que
possa ser restabelecida imediatamente sua liberdade.

Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a


todos os cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais
adequada, razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total
procedência dos pedidos formulados pela defesa.

Termos em que,
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pede deferimento.

São Paulo, 02 de maio de 2022.

Advogado (a)

OAB-XXXX n.º XXXXX

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