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COMARCA DE GOIÂNIA/GO
Processo n°
Autor:
Réu:
ALEGAÇÕES FINAIS
I. DOS FATOS
Tal imperatividade foi materializada pela ameaça de ser expulso de sua casa caso
não fizesse o que lhe era requisitado. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação,
mas quando estava em seu automóvel, na direção do Posto de Gasolina, foi abordado por
policiais militares, sendo a droga encontrada e apreendida.
Após o início da persecução penal, o réu foi denunciado pela prática do crime
previsto no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. Foi-lhe concedida liberdade provisória.
Durante a audiência de instrução e julgamento, as testemunhas de acusação confirmaram os
fatos narrados na denúncia, além de destacarem que, de fato, o acusado apresentou a versão
de que transportava as drogas por exigência de Russo. Asseguram que não conheciam o
acusado antes da data dos fatos.
A defesa foi intimada em 06 de março de 2015. Eis o que havia para relatar
II. MÉRITO
O réu deve ser absolvido por não caracterizar o fato infração penal. Senão vejamos:
Para que determinada conduta seja considerada crime, deve ser ela típica, ilícita e
culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa, sendo, portanto,
a inexigibilidade de conduta diversa uma causa de exclusão de culpabilidade.
Assim, na forma do art. 386, VI, do Código de Processo Penal, o réu deve ser
absolvido.
Subsidiariamente, caso não seja acolhida a tese absolutória da coação moral irresistível,
vem requerer:
a) a aplicação da pena-base no mínimo legal, uma vez que, nos termos da Súmula
444 do STJ, inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser consideradas como
circunstâncias judiciais desfavoráveis. Assim, o inquérito policial pela suposta prática de um crime
de falsificação de documento particular não tem a força legal para elevar a pena-base acima do
mínimo legal;
b) a atenuante da coação moral ao que podia resistir, prevista no art. 65, III, c, do
Código Penal, uma vez que Astolfo somente transportou a droga por exigência de Russo;
c) a atenuante do art. 65, I, do Código Penal, já que o réu era maior de 70 anos na data
da sentença;
d) a atenuante da confissão, prevista no art. 65, III, d, do Código Penal, mesmo tendo
alegado causa excludente de culpabilidade, uma vez que o Superior Tribunal de Justiça tem
reconhecido a confissão qualificada suficiente para atenuar a pena do réu;
f) com relação ao regime carcerário, em que pese o art. 2º, §1º, da Lei n. 8.072/90
prever a fixação do regime inicial fechado aos condenados por crimes hediondos ou equiparados, o
Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade desse dispositivo por violação do
princípio da individualização da pena, previsto no art. 5º, XLVI, da CF/88, sendo cabível, portanto,
a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda legal;
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, 13 de março de 2015.
Advogada
OAB/RJ N°