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Processo nº 0000682-66.2020.8.17.0660
DO RETROSPECTO PROCESSUAL
O acusado foi preso, por força de mandado de prisão, pela suposta prática do crime
previsto no art. 33 da Lei 11.343/06.
Dado e passado, a instrução processual deu-se de forma satisfatória, vez que NÃO
sobreveio qualquer manifestação, tanto por parte dos agentes de polícia, estas
testemunhas de acusação, quanto do MPE a imputarem ao acusado qualquer outra conduta
criminosa, a ponto de agravar-lhe a situação, além da confissão da própria quanto ao
“manter em depósito” da substância entorpecente.
Alegações finais do Ministério Público pela condenação do acusado nos art. 33 da Lei de
Drogas.
Intimada a Defesa para apresentar as alegações finais por memorias, o que ora é feito.
Pois bem.
QUANTO AO MÉRITO
Da moralidade do acusado
Eminente Magistrado, nesta primeira incursão no terreno de mérito, impende dizer que o
acusado nunca se dedicou a atividades criminosas, é réu primário, vez que não apresenta
qualquer mácula em seus antecedentes criminais, nos termos das certidões em anexo.
O acusado possui residência fixa, é arrimo de família, haja vista ser responsável pelo
sustento dos seus pais.
O Auto de Apreensão da substância entorpecente acostado aos autos, solapa, de certa
forma, qualquer possibilidade de rechaço por parte da Defesa, afigurando-se, em razão
disso, induvidosa a prova da materialidade. Todavia, quanto à autoria, em que pese a
confissão do acusado no que tange ao “ter em depósito” da precitada substância
entorpecente, alguns pontos merecem ser apreciados, a fim de que haja uma valoração
cognitiva mais sutil e apurada acerca de sua participação naquele evento criminoso.
Eminente Magistrada, este Causídico não está pretenso a justificar a conduta contra juris
do acusado, de modo a trazer para o corpo destas conclusões alegacionais qualquer
exculpante/dirimente de culpabilidade. Não. O que se pretende, ao bem da verdade, é
demonstrar que os motivos supramencionados DETERMINARAM o comportamento do
acusado, no sentido de este ter em depósito a substância entorpecente.
Ante a situação de extremada dificuldade por que passava o acusado, Excelência, data
vênia, não é insano dizer que, naquela ocasião, era “inexigível conduta diversa”. Portanto,
é nessa infeliz situação que se revelou a conduta do senhor JOSÉ FAUSTINO do quando
manteve em depósito a referida substância ilícita, o que só vem a ratificar o seguinte
prolóquio: “Algum dia, em algum lugar e em um dado momento, a circunstância
poderá ser senhora de nossas condutas”.
"§ 4.º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa."
Ora, Meritíssima, discorremos anteriormente que o acusado é réu primário, possui bons
antecedentes, tem residência e emprego fixo, e jamais se levantou em seu desfavor, em
qualquer lugar pelo qual tenha estado ou passado, qualquer informação que o tivesse
vinculado ao cometimento de crime de qualquer natureza, razão pela qual se postula, com
supedâneo nas situações favoráveis anteriormente aventadas, e por ser questão de
justiça, admitindo-se eventual condenação no artigo 33, caput, da Lei de Drogas, seja-
lhe aplicável a causa de diminuição prevista no parágrafo 4º do precitado artigo, em seu
grau máximo, qual seja 2/3 (dois terços), ainda que seja reduzida a pena final abaixo do
mínimo cominado.
E mais:
Assim, ao ora acusada deve ser deferida a conversão da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, conforme garantida pela lei penal, e ainda, que sua pena seja fixada
no mínimo legal pelas circunstâncias já elencadas.
Por fim, ainda na hipótese de condenação, requer seja deferido ao acusado direito de
apelar em liberdade, posto que já demonstrado nos autos reunir condições para tal e por
NÃO existir qualquer razão para que subsista o seu segregamento cautelar,
DOS PEDIDOS
1- QUE, em caso de condenação nas penas do art. 33 da Lei 11.343/06, seja aplicada ao
acusado a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da referida Lei de Drogas, por ser
o acusado primário, possuir bons antecedentes, nunca ter se dedicado às atividades
criminosas nem ter sido integrante de qualquer organização criminosa, conjugando-se,
desta feita, com o art. 65, III, d, do Código Penal, em seu patamar MÁXIMO de
redução, conforme argumentação já exposta, e em sendo reduzida a reprimenda, requer a
aplicação do REGIME ABERTO para o cumprimento da pena, bem como a
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA
DE DIREITOS, conforme entendimento sedimentado do Supremo Tribunal Federal,
acima transcrito;
Pede deferimento.