Você está na página 1de 15

www.hazimeadvocacia.com.

br
hazimeadvocaciao@gmail.com
(16)99770-0230

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 2ª VARA FEDERAL DA 5ª


SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA DE PONTA PORÃ - ESTADO DO MATO
GROSSO DO SUL.

Autos nº

FULANO, já qualificado no processo em epígrafe, por sua


advogada e bastante procuradora signatária, nos autos da Ação Penal que lhe
move a Justiça Pública, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência,
com fulcro no artigo 403 § 3° do CPP, apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS

a fazendo com respaldo nas razões de fatos e fundamentos


jurídicos a seguir articulados:

I. DOS FATOS

Trata-se de denúncia ofertada pelo Douto representante do


Ministério Público Federal, que imputa ao réu a prática, em tese, dos crimes
capitulados nos artigos 33, caput c/c artigo 40, inciso I, ambos da Lei 11.343/06.

Narra a peça acusatória, que no dia 23 de agosto de 2017, o


denunciado Fulano, fora flagranteado por policiais rodoviários federais
quando ao abordarem o veículo Renaut/Sandero, placas XXX, conduzido pelo
denunciado, teriam encontrado no assoalho externo, alguns tabletes envoltos
em fita adesiva, contendo 4,2 kg de substância entorpecente vulgarmente
conhecida por cocaína, droga esta, segundo eles, supostamente oriunda do
Paraguai.

Encaminhado até a autoridade policial, acusado e veículo, o


réu teria confessado a prática delituosa.

Em síntese é o que consta da denúncia.

A defesa preliminar foi devidamente apresentada no prazo


legal, a denúncia foi devidamente recebida por este digno juízo, o denunciado
foi devidamente interrogado, e o parquet desistiu das testemunhas de acusação
ato contínuo, a acusação apresentou suas alegações finais orais e doravante são
apresentadas pela defesa em forma de memoriais.

II. DO DIREITO

a. DAS PROVAS COLHIDAS EM AUDIÊNCIA.

Inicialmente urge asseverar que as provas apresentadas em


sede extra judicial, não foram confirmadas em juízo, podendo-se depreender
de logo que:

O Acusado participou do delito capitulado no art. 33 da Lei de


Drogas, confessando tal prática, porém em atividade pontual, apenas
atendendo a um pedido de pessoa não identificada, a qual solicitou que fizesse
o transporte das substâncias entorpecentes, entregando os tabletes no hotel em
que o acusado estava hospedado, em território Brasileiro, sendo que
anteriormente jamais se dedicou à atividades ilícitas.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
Importante frizar que, não houve comprovação de o acusado
tenha adentrado território extrangeiro, e muito menos de que havia um
sabonete de hotel localizado no Paraguai em seu veículo, de modo que, deve
ser afastada a causa de aumento de pena prevista no Inciso I do artigo 40 da lei
de drogas por ausência de provas.

b. DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.

A pena-base não deve se afastar do mínimo legal, e isso porque


as circunstâncias judiciais (art. 59, CP) são majoritariamente favoráveis ou
inerentes ao tipo penal em questão.

Atento às diretrizes legais (art. 59, CP e art. 42, da lei n.


11.343/06), deverá o magistrado buscar na reprimenda não só a retribuição do
mal causado, assim como proporcionar condições para ressocialização do
condenado. Na fixação da pena impera o princípio da proporcionalidade.

Sobre o assunto leciona a doutrina:

“a pena deverá ser, acima de tudo, justa e adequada, proporcional à magnitude


do injusto e à culpabilidade do autor, e as considerações relacionadas à prevenção
geral e à prevenção especial desempenham função restritiva ou limitadora de
imposição da pena justa”.

Nesse diapasão, há que se relevar que a droga, nessa região


fronteiriça, possui muita oferta e baixo preço.

Imprescindível ressaltar que esta urbe - Ponta Porã,


infelizmente, é conhecida nacionalmente como ponto de partida de
distribuição, porquanto de fácil acesso e baixo custo.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
E, o fato de a droga afetar inúmeras pessoas e possuir efeitos
nefastos são variáveis implícitas no tipo penal, já reprovado em abstrato pelo
Legislador. A reutilização desses critérios pelo Julgador implica em
desnecessário bis in idem.

Por essas razões a pena base a ser fixada não pode se afastar do
mínimo legal.

c. DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.

Milita em favor do réu a circunstância genérica de atenuante


de pena - confissão espontânea - (art. 65, III, “d”, CP), e, embora as
circunstâncias judiciais lhes sejam favoráveis, tal atenuante deve ser
reconhecida para o fim de reduzir a pena aquém do mínimo legal, sob pena de
negar vigência ao princípio constitucional da individualização da pena.

Ademais, a confissão se deu em Juízo, a qual foi corroborada


pelo depoimento dos policiais, e demais elementos de provas produzidos no
feito.

Assim, preenchidos os requisitos legais, deve ser reconhecida


em favor do acusado a atenuante genérica da confissão espontânea (art. 65,
inciso III, alínea “d”, Código Penal).

d. DO TRÁFICO DE DROGAS - DA INCIDÊNCIA DA CAUSA


ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA (ART. 33, § 4º, DA LEI N°
11.343/06).

O caso em comento contempla aplicação da causa especial de


diminuição de pena prevista no § 4º do tipo penal em tela, a que se denominou
tráfico privilegiado.
4

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
Do contido nos autos, o acusado é primário e possuidor de
bons antecedentes, e raciocínio contrário ofenderia o princípio constitucional
da presunção de inocência.

Noutro lado, não restou demonstrado nos autos, que o réu se


dedica a atividades criminosas, tampouco integra organização criminosa.

No que se refere ao requisito de não se dedicar às atividades


criminosas, embora sem definição jurídica, ainda que não tivesse vinculação
com antecedentes ou reincidência, deve-se comprovar habitualidade com a
prática de crimes ou seu envolvimento real e contumaz (dedicar às atividades
criminosas).

Quanto à inexistência de definição jurídica, Guilherme de


Souza Nucci não deixa de discorrer que:

“Estranha é a previsão a respeito de não se dedicar às atividades


criminosas, pois não diz nada. Na norma do § 4.º, para que se possa
aplicar a diminuição da pena, afastou-se a possibilidade de ser reincidente
ou ter maus antecedentes. Portanto, não se compreende o que significa a
previsão de não se dedicar às atividades criminosas. Se o sujeito é
reincidente ou tem maus antecedentes pode-se supor que se dedique à
atividade criminosa. No mais, sendo primário, com bons
antecedentes, não há cabimento em se imaginar a dedicação a tal
tipo de atividade ilícita.” ( grifou-se).

Neste sentido, já decidiu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais


de que a não-dedicação às atividades criminosas é decorrência lógica da
condição do acusado primário e possuidor de bons antecedentes. Considerar o
contrário é negar o princípio constitucional da presunção de inocência.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
Verdade é que a expressão é aberta, mas diante o princípio de
reserva legal não há previsão legal do que seria não se dedicar às atividades
criminosas ou participar de organização criminosa no ordenamento jurídico
brasileiro.

Noutro sentido, para a caracterização do crime organizado,


indispensável que a acusação tenha produzido prova cabal da existência de
organização criminosa, e que o processado a integre.

Desse modo, não há qualquer prova de que efetivamente o


acusado integre organização criminosa, sendo que o simples fato de ter atuado
no transporte eventual pelo dinheiro não pode levar a suposição de
participação ou contribuição efetiva em organização criminosa.

Entretanto, a definição de organização criminosa ocorreu


com a Lei nº 12.694/2012, dispondo que para impor participação e óbice a causa
de diminuição deve haver prova dos requisitos inerentes ao novo tipo penal e o
simples fato do agente ser contumaz em se envolver com entorpecentes, mas
ser primário, não é óbice à aplicação da diminuição.

Diante desse cenário, forçoso concluir que o acusado reúne


todos os requisitos legais para a aplicação da causa especial de diminuição de
pena prevista no § 4°, art. 33, Lei n. 11.343/06.

No que diz respeito ao quantum de diminuição, tem-se


por certo que este deverá incidir em seu patamar máximo, e isso
porque, assim como na aplicação da pena-base, o magistrado deverá
considerar os critérios estabelecidos no artigo 59, do CP c/c artigo 42
da lei especial.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
A despeito de o legislador ter estabelecido uma causa especial
de diminuição de pena, não estabeleceu critérios para fixar o quantum no caso
concreto.

Assim, a doutrina e a jurisprudência pátria têm adotado como


critérios a análise das circunstâncias judiciais, além da quantidade e natureza
de substância entorpecente.

e. DO REGIME PRISIONAL MENOS GRAVOSO QUE O FECHADO

Cediço que somente se consideradas as circunstâncias judiciais


de forma desfavoráveis, com fundamentos idôneos, pode, então, fixar regime
prisional mais gravoso.

Nessa linha , necessário transcrever os seguintes verbetes


sumulares do Supremo Tribunal Federal e Superior de Justiça:

Súmula n. 718: “a opinião sobre a gravidade em abstrato do crime


não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada.

Súmula n.719: “a imposição do regime de cumprimento mais


severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.”

E ainda, a súmula 440 do STJ: “fixada a pena base no mínimo


legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o
cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.”

Portanto, em caso de eventual sanção a ser imposta, deve ser


fixada inicialmente regime menos gravoso que o fechado.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
f. SUBSTITUIÇÃO POR PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.

Considerando que a resolução senatorial n. 05/2012 concedeu


efeito erga omnes à declaração de inconstitucionalidade incidental proferida
pelo STF no HC n. 97.256/RS, de parte do art. 33, §4º, da Lei de Drogas (vedação
de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos),
pacificando, enfim, a questão afeta a substituição da pena privativa de
liberdade por pena restritiva de direitos no tráfico dito “privilegiado”, de rigor
no caso telado seja dada efetividade à recente alteração legislativa,
substituindo-se a pena de segregação.

Por conseguinte, como sedimentado, tem-se por certo que a


possibilidade de substituição da pena como consignado, a incidência da
minorante prevista no art. 33, § 4º, da Lei Antidrogas, altera, tão somente, o
quantum da pena, não interferindo na natureza do crime, ou seja, não afasta o
seu caráter hediondo.

Cumpre destacar que o E. Supremo Tribunal Federal, em


recente julgado, no Habeas Corpus nº 111.840/ES, proclamou, incidentalmente,
a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n.º 8.072/90, com a redação dada
pela Lei n.º 11.464/2007, o qual determinava que a reprimenda por delito
hediondo seria "cumprida inicialmente em regime fechado".

Desconsiderada, então, esta determinação legal, é forçoso


reconhecer que a fixação do regime deve seguir as regras previstas no art. 33,
§§ 2º e 3º, do Código Penal, além de ter em conta o disposto no art. 42 da citada
Lei n.º 11.343/2006.

Vale citar o seguinte precedente:

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. 1. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 2º DA LEI 8.072/1990
PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
IDENTIFICAÇÃO DO REGIME INICIAL MAIS ADEQUADO.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. CRITÉRIOS DOS §§ 2º E 3º
DO ART. 33 DO CÓDIGO PENAL E DO ART. 42 DA LEI DE TÓXICOS. 2.
MODIFICAÇÃO DO REGIME PRISIONAL INICIAL. NÃO CABIMENTO.
DIVERSIDADE E CONSIDERÁVEL QUANTIDADE DE DROGA
APREENDIDA. ELEVADO PODER LESIVO DAS SUBSTÂNCIAS.
ADEQUAÇÃO E RAZOABILIDADE NA

FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL SEMIABERTO NO CASO CONCRETO.


3. RECURSO IMPROVIDO.

1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao analisar o Habeas


Corpus n. 111.840/ES, declarou incidentalmente e por maioria de
votos, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990,
com redação dada pela Lei n. 11.464/2007. Desta forma, a
identificação do regime inicial mais adequado à repressão e
prevenção de delitos deve ser pautada pelas circunstâncias do caso
concreto, tomando-se por base os critérios legais dispostos nos §§ 2º e
3º do art. 33 do Código Penal e ainda do art. 42 da Lei de Tóxicos.

2. In casu, apesar de ter sido aplicada pena de 3 (três) anos e 4 (quatro)


meses de reclusão, haja vista a diversidade, quantidade e natureza das
substâncias entorpecentes apreendidas em poder da paciente - "foram
apreendidos dois torrões de maconha, pesando 23, 5g; uma pedra de
crack, pesando 49g; 33 pedras de crack envoltas em pacotinhos de plástico,
pesando 10,7g" -, verifica-se que esses fatores não recomendam a aplicação
do regime inicial mais brando, mostrando-se, assim, razoável e adequada
a incidência do regime intermediário.

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no HC 257971/SC,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado
em 05/03/2013, DJe 11/03/2013). (grifei).

Assim também decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO-


CABIMENTO.RESSALVA DO ENTENDIMENTO PESSOAL DA
RELATORA. DIREITO PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. REGIME PRISIONAL:
OBRIGATORIEDADE DO REGIME INICIAL FECHADO AFASTADA.
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ART. 33, §§ 2.º E
§ 3.º DO CÓDIGO PENAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR SANÇÃO RESTRITIVA DE DIREITOS.
POSSIBILIDADE, EM TESE. RESOLUÇÃO N.º 05/2012, DO SENADO
FEDERAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO. [...]

3. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do HC

97.256/RS, Relator Ministro AYRES BRITTO, declarou, incidentalmente,


a inconstitucionalidade da proibição da conversão da pena privativa, de
liberdade em sanções restritivas de direitos, prevista no § 4.º do art. 33 e
também no art. 44 da Lei n.º 11.343/2006, por afronta ao princípio da
individualização da pena, o que resultou na edição da Resolução n.º
05/2012, do Senado Federal, pela qual foi suspensa a execução da referida
regra. Precedentes.

4. O Paciente faz jus à substituição da pena, tendo em vista que é


primário, possui bons antecedentes, a sua pena-base foi fixada no mínimo
legal, não havendo qualquer circunstância judicial desfavorável, e a
quantidade da pena aplicada é inferior a 04 (quatro) anos.

10

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
5. Diante da declaração de inconstitucionalidade do art. 2.º, § 1.º, da Lei
n.º 8.072/90, com redação dada pela Lei n.º 11.464/07, pelo Supremo
Tribunal Federal, não é mais possível fixar o regime prisional fechado com
base no mencionado dispositivo. Considerando

O quantum de pena estabelecido, a primariedade do Acusado e a ausência


de circunstâncias judiciais desfavoráveis, mostra-se cabível a fixação do
regime aberto, a teor do disposto no artigo 33, § 2.º, alínea c, e § 3.º do
Código Penal. Precedentes.

6. Habeas corpus não conhecido. Concedida a ordem, de ofício, para

fixar o regime prisional aberto e substituir a pena privativa de liberdade


pela restritiva de direitos, a ser especificada pelo Juízo das Execuções.
(HC 281077/SP – Quinta Turma, rel. Ministra LAURITA VAZ. J.
11/03/2014, DJe. 26/03/2014).

Desse modo, aplicada a causa especial de diminuição de pena


prevista no § 4º, do artigo 33, da Lei de Drogas, de rigor seja fixado regime
inicial de cumprimento de pena menos gravoso que o fechado, assim como
convertida a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.

g. DA POSSIBILIDADE DE APELAR EM LIBERDADE

Não se pode deixar de mencionar que a busca do caráter


ressocializador da pena, a justiça deve trabalhar para aplicar aquilo que se
coaduna com a realidade social.

Todavia, infelizmente, nosso sistema prisional é cercado de


incertezas sobre a verdadeira função de ressocialização dos indivíduos que lá
são mantidos, onde em muitos casos trata-se de verdadeira “escola do crime”.

11

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
Com base no princípio da presunção de inocência, previsto na
nossa Constituição Federal em seu art. 5º, inciso LVII, requer o denunciado
que responda ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado, pois as
circunstâncias do fato e condições pessoais do acusado (art. 282, inciso II, CPP)
lhe são favoráveis pelo fato possuir residência e emprego fixo.

h. DA RESTITUIÇÃO DO VEÍCULO APREENDIDO.

Conforme se depreende dos autos, o acusado foi preso em


flagrante quando conduzia o veículo Reunault Sandero, cor Branca, Placas
xxxx, Terra Rica/PR, chassi 93YBSR7RHEJ259507, de sua propriedade, de
Fulana, conforme se constata do CRLV acostado aos autos.

Entrementes, a proprietária do veículo é cidadã de boa fé e não


teve qualquer relação com os fatos narrados na exordial, nada sabia acerca dos
fatos apurados, nem mesmo poderia, já que emprestou seu veículo ao seu
vizinho sem mesmo saber que o mesmo tencionava dirigir-se a esta região de
fronteira, e muito menos para praticar o crime de tráfico de drogas.

Pois bem, ao requerer a restituição o bem na fase de instrução,


por meio do incidente de restituição, autos xxx, o Douto magistrado decidiu
nos seguintes termos:

“Portanto, faz-se necessária uma maior incursão nos fatos para o


devido esclarecimento sobre a atuação da requerente no
contexto delitivo, fato que somente ocorrerá no decorrer da
instrução a ser realizada nos autos principais. À vista disso, é
recomendável que se mantenha a vinculação do veículo ao processo,
com o objetivo de salvaguarda do efeito secundário de eventual
decreto condenatório na ação penal.”
[...]

12

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
Assim, como forma de preservar o direito da requerente e, em
conjunto, garantir a eficácia satisfativa de eventual sentença
condenatória, entendo plausível à liberação imediata do automóvel
à interessada, mediante depósito e com bloqueio de a]jenação para
evitar prejuízos a terceiros de boa-fé, até a prolação da sentença nos
autos principais.

Destarte, restou comprovado durante a fase de instrução, que a


proprietária do veículo não teve qualquer participação na conduta delitiva
praticada pelo acusado, de modo que a restituição definitiva de seu veículo,
expedindo-se a competente carta de liberação.

i. DA PENA DE MULTA

No que tange a fixação da pena de multa, considerando que o


denunciado é pessoa humilde, não possuindo condições de arcar com o
pagamento sem o detrimento de sua subsistência, requer que sejam fixados os
benefícios da assistência judiciária gratuita.

III. DO PEDIDO

O Requerente, sereno quanto à aplicação do decisum, ao que


expressa pela habitual pertinência jurídica dos julgados deste i. Magistrado e
ante o exposto, requer seja recebida a presente:

a) quanto ao crime de tráfico de drogas, requer a aplicação da


causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, em seu patamar
máximo de redução, conforme argumentação já exposta;

b) Atenuante pela confissão, conjugando-se, desta feita, com o


art. 65, inciso III, alínea “d do CP, em seu patamar MÁXIMO de redução,

13

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
conforme argumentação já exposta, e em sendo reduzida a reprimenda, requer
a aplicação do REGIME ABERTO para o cumprimento da pena, bem como a
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITOS, conforme entendimento sedimentado do Supremo Tribunal
Federal

c) o afastamento da causa de aumento de pena prevista no


inciso I do artigo 40 da Lei 11.343/06;

d) que seja RESTITUÍDO o veículo Renaut Sandero, cor


branca, placa xxxx de propriedade de Fulana por NÃO CONSISTIR O VEICULO
APREENDIDO EM COISA CUJO FABRICO, ALIENAÇÃO, USO, PORTE OU
DETENÇÃO TRADUZA FATO ILICITO ou de atividade criminosa, expedindo-se
para esse fim o competente Termo de Restituição de Coisas Apreendidas.

e) que sejam fixados os benefícios da assistência judiciária


gratuita.

f) em derradeiro, que lhe seja concedido o direito de apelar em


liberdade.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Ponta Porã/MS 08 de mraço de 2024.

Kamila Hazime B. de Araújo


OAB/MS 18.366

14

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com
15

Rua Tiradentes, 1624 - Centro - Cep 79.904-456. Ponta Porã-MS


www.hazimeadvocacia.com.br | 67 99675-7611 | hazimeadvocacia@gmail.com

Você também pode gostar