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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3° VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE ITANHAÉM-SP

Autos sob nº: 1500750-37.2022.8.26.0266

GEOVANA BARCELOS MACIEL, devidamente qualificado nos autos em


epígrafe, por intemedio de sua defensora legalmente constituida, conforme instrumento
particular de procuração anexo, vêm, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar

DEFESA PRELIMINAR

Pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

A acusado foi autuada e presa em flagrante em 10/05/2022 e vê-se processar


em razão da suposta prática de ato ilícito, tipificado no artigo 33, caput, da Lei nº
11.343/06.

Da analise do flagrante constata-se que no caso em tela não há indícios


suficiente que justifiquem o recebimento da denúncia.

Vejamos:

Inicialmente, imperioso destacar que quando da abordagem policial, NÃO FOI


IDENTIFICADO NENHUM ATO DE MERCANCIA, bem como NÃO FOI
IDENTIFICADO SUPOSTO COMPRADOR, apenas ocorrendo a apreensão da droga.

Importa dizer, ainda que a acusada possui residência fixa, conforme declarado
em sede inquisitorial, bem como primária,

Ademais, vale ressaltar que a acusada se encontrava em posse de quantidade


ínfima de entorpecentes, qual seja três pinos de cocaína, dos quais a mesma alega não
serem suas, pois não faz uso de entorpecente, acredita ainda que o ex companheiro
Luiz quem colocou os ependorfs em sua bolsa.

Por todo o exposto, como não houve provas contundentes recolhidas no


momento da averiguação que demonstrem qualquer situação que denotasse tráfico de
drogas, a mera quantidade de drogas, não é suficiente para tipificar as condutas nos
artigos 33, caput, da Lei de Drogas.

As drogas encontradas na residencia possuiam dono, o qual seu RG estava


dentro da sacola com as drogas. Pois conforme em tese inquisitorial, a acusada alega
que desconfiava da traficancia por parte do companheiro, o que motivou o rompimento
do relacionamento no dia anterior.

Alega ainda que apenas não foi embora da residência, que é de propriedade de
sua sogra, pois havia feito um acordo com a mesma de cuidar das crianças dela.
Sendo que quando da chegada dos policiais, a mesma estava dormindo e acordou
sobressaltada por não entender o que estava ocorrendo. Que em busca pela
residencia, não se logou exito em encontrar seu ex companheiro, que evadiu com a
chegada da policia.

Quanto a quantidade de drogas apreendidas detro da residencia, a acusada


alega total desconhecimento desse fato, ate mesmo porque por suas suspeitas, decidiu
se separar, não sendo conivente com a pratica que ela supostamente acreditava que o
ex companheiro estava fazendo.

Disse que conhece o acusado Rafael de vista, pois o mesmo vai a residencia
fumar maconha com seu ex companheiro.

Disse que quando foi dormir, o ex companheiro estava na sala, acredita que ele
fugiu quando viu a chegada dos policiais.

Assim, nota-se que o excesso acusatório que articulou fato típico que não
encontra amparo em justa causa, restando sua incidência afastada por uma verificação
liminar, sem necessidade de qualquer dilação probatória.

Como é obvio, o R.juízo não pode referendar excessos acusatórios ilegais, de


modo que, caso a denuncia exceda o legal e o razoável na imputação, a partir dos
elementos de informação colhidos em sede inquisitiva, deve o R.juízo rejeitá-la.

Dessa forma, aguarda-se a rejeição da denúncia, facultando-se á acusação o


recurso ou o oferecimento de nova denúncia, na qual se reveja o excesso acusatório.

Convém, por fim, destacar as gravíssimas consequências da submissão a um


processo criminal, sendo necessária, assim, a rejeição da denuncia para cessar de
ponto seus efeitos, nos termos acima expostos.

Ante todo o exposto, diante da total ausência de indícios seguros da pratica de


tráfico, requer a Defesa a REJEIÇÃO DA DENUNCIA.

Em caso de entendimento contrário, a Defesa postula pela revogação da prisão


preventiva, pois se constatam a ausência dos pressupostos do art. 312 e art. 313,
ambos do Código de Processo Penal, sem os quais a custodia cautelar não pode ser
admitida.

Assim, é ilógico manter preso alguém ainda que não condenado, não será
constrangido ao cumprimento de pena em meio fechado.

edida cautelar que se afigure como mais gravosa que o pior provimento final
provável consiste em odiosa antecipação de pena, figura que viola, a um só tempo, o
devido processo legal, a proporcionalidade, a presunção de inocência, a razoabilidade,
a duração razoável do processo, a dignidade de pessoa humana e o Estado
Democrático de Direito.

No mais, não estão presentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva,


por ser essa medida extrema e, por tal, ser aplicável apenas em caráter excepcional,
somente sendo justificável nas hipóteses comtempladas no artigo 312 do Código de
Processo Penal, ou seja, nos casos de conveniência da instrução criminal, para o fim
de assegurar a aplicação da lei penal e, por fim, para garantir a ordem pública. Não há
necessidade da prisão cautelar para conveniência da instrução criminal, nem tampouco
para assegurar a aplicação da lei penal.

Diante do exposto, requer-se a revogação da prisão preventiva, ou


subsidiariamente, a substituição por outras das medidas cautelares previstas no artigo
319 do Código de Processo Penal.

Caso seja recebida a denúncia, visando assegurar os princípios do contraditório


e da ampla defesa, protesta pela inocência da acusada e arrola-se o rol acusatório.

Requer todas as publicações e intimações, sejam feitas em nome da advogada.

Para tanto, protesta provar os argumentos de sua defesa por todos os meios de
prova em direito admitidos, especialmente, pela oitiva de testemunha, cujo nome e
documentos serão arrolados oportunamente, requerendo, sem o prejuízo de nenhum
outro meio de prova que se faça necessário durante a instrução do presente feito,
garantindo-se assim o pleno e efetivo exercício de seu direito constitucional à AMPLA
DEFESA e ao CONTRADITÓRIO, por ser medida de JUSTIÇA que ora se impõe!!!!!!

Nestes termos, Pede e aguarda DEFERIMENTO.

Itanhaém, 16 de Maio de 2022.

LÚCIA DA SILVA

OAB/SP 365.772

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