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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 1º

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TORRES/RS.

Proc. nº 5003996-39.2020.8.21.0072

FRANKLIN NUNES ALVES, já devidamente


qualificada, nos autos da “AÇÃO PENAL” que lhe move, o
MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu agente dessa Comarca, vem
respeitosamente à presença de V. Exa., por seus defensores, infra-
firmados, apresentar a sua DEFESA PRELIMINAR nos termos d o
artigo 55 da Lei n.º 11.343/06, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas:

I – DOS FATOS

O acusado encontra-se com mandado de prisão


preventiva decretado pela MM juíza da 1º Vara Criminal de Torres
desde 29 de junho de 2020 fls. 56, devido a denúncia formulado
pelo agente ministerial na qual acusa o mesmo de tráfico de
drogas e associação ao tráfico.

Segunda a denúncia o acusado juntamente com


Lisiane Cristina Lopes da Rosa e Felipe Santos Rambo praticaram a
conduta de tráfico e associação, sendo imputado a prática ao
paciente simplesmente devido ser gerente do estabelecimento
onde o acusado Felipe trabalhava. Na peça inicial o MP narra a
apreensão com Lisiane e Felipe de quantidade volumosa de droga
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em sua residência e devido o acusado ser o gerente do comercio


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onde trabalhava Felipe e Lisiane foi incluído por suposição do
ministério público como responsável.

Devido a não localização do acusado para


citação, a nobre magistrada cindiu o feito, julgando Felipe (na qual
assumiu a responsabilidade pela droga) a pena não privativa de
liberdade e Lisiane foi absolvida, (autos 072/2.20.0004519-7 em
anexo).

Ora Exma., a acusação contra FRANKLIN NUNES


ALVES não prospera, não tendo o mesmo qualquer envolvimento
com os fatos denunciados, pelo contrário, desconhecia qualquer
conduta de Felipe e Lisiane a respeito da traficância.

Motivo porque requer a improcedência da


denúncia, com a absolvição do acusado FRANKLIN NUNES ALVES.

PEDIDO DE LIBERDADE

A defesa, requer a reconsideração da decisão


que decretou a prisão preventiva do acusado, visto que até a
presente data no que se refere há apreensão das substancias
tóxicas, levando em consideração a ausência de prova que o
acusado era proprietário da citada droga, aliada declaração
firmada pelo co-réu Felipe que declara ser proprietário da referida
droga fls. 70v, interrogatório e sentença condenatória pelo crime
de tráfico, ou seja, em nenhum momento na instrução processual
nos autos 072/2.20.0004519-7 foi mencionado o ora acusado.

É de ser considerado também que o acusado


possui residência fixa, trabalho, não oferecendo nenhum risco de
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fuga permanente assim como não existe qualquer risco de


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dessegurar a ordem pública, ou seja nenhuma demonstração do
PERICULUM LIBERTATIS merecendo, portanto assumir em
liberdade com toda responsabilidade a ação penal que lhe é
imposta atendendo, portanto os requisitos legais previsto na lei
processual penal assim como o acusado não tem nenhuma
condenação criminal, estranho ao ambiente carcerário. Além de
ser jovem, podendo a qualquer momento no presidio ser
capturado pelo crime organizado, causando lesão ao próprio e à
sociedade que está inserido.

Que o réu é acusado da suposta prática de fatos


cometidos sem violência contra a pessoa, pelo que não há,
rigorosamente, demonstração da efetiva necessidade da medida
extrema e sempre excepcional da prisão preventiva .

Ainda, que a prisão preventiva para garantia da


ordem pública se justifica apenas e exclusivamente diante das
circunstâncias do caso concreto, sob pena de configurar a vedada
hipótese de cumprimento antecipado da pena.

Ainda, se justifica o pedido de revogação da


prisão preventiva visto que em caso de eventual condenação (já
que preenche os requisitos do § 4º do art. 33 da lei de drogas), o
acusado não terá um sistema de cumprimento de pena tão
gravoso como o que se encontra, exemplo a condenação do co-réu
Felipe a TRÊS ANOS, SEIS MESES E VINTE DIAS DE RECLUSÃO
SUBSTITUO a pena privativa de liberdade por DUAS RESTRITIVAS
DE DIREITOS: uma de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
OU À ENTIDADES PÚBLICAS, cujo local fica a critério do Juízo da
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execução, e outra de PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. (sentença em


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anexo).
Pelos mesmos motivos delitivos o Tribunal de
Justiça Gaúcho já decidiu concedendo a ordem para colocar em
liberdade pacientes que pleitearam iguais direitos aqui expostos,
como:

Ementa: HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS.


LIBERDADE CONCEDIDA. Paciente preso em 30 de janeiro de 2020.
Apreensão, em tese, de 15 buchas de cocaína pesando 9,1g; 109
pedras de crack pesando 27g. Quantidade de droga supostamente
apreendida que não indica, por si só, a presença de perigo de
liberdade. Inexistência de apreensão de qualquer armamento.
Paciente reincidente, nascido em 1957, contando com 62 anos de
idade, pois registra duas condenações por tentativa de homicídio,
além de responder a processo por associação para o tráfico e
ameaça. Circunstâncias que não são capazes de, por si só, justificar
a manutenção da prisão preventiva nos autos deste processo, em
especial porque os fatos são antigos, no mínimo tendo ocorrido há 8
anos. O fato de o investigado/denunciado responder a outro
processo por fato de mesma natureza não justifica a decretação da
prisão preventiva se não houver demonstração da insuficiência de
outras medidas menos gravosas. Entendimento do Superior Tribunal
de Justiça. Pedido de concessão de liberdade com fundamento na
Recomendação nº 62 do CNJ que não foi analisado pelo juízo de
origem. Fato cometido sem violência contra a pessoa. Ausência de
demonstração de perigo de liberdade. Prisão preventiva substituída
por medidas cautelares diversas. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA, POR MAIORIA.(Habeas Corpus Criminal, Nº
70084248251, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em: 26-06-2020)

Ementa: HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS.


LIBERDADE CONCEDIDA. Paciente preso em 18 de maio de 2020.
Apreensão, em tese, de 4 porções de maconha pesando 21,30g;
dinheiro e celular. Pequena quantidade de droga para fins de
aferição de perigo de liberdade. Inexistência de apreensão de
qualquer armamento. Paciente primário, nascido em 2000, embora
responda a processo por fato de mesma natureza, circunstância que
não justifica a manutenção da prisão nos autos deste processo,
sobretudo porque não se verifica demonstração concreta do perigo
gerado pelo estado de liberdade do paciente, considerando a
pequena quantidade de entorpecente apreendido e a inexistência de
apreensão de qualquer armamento. Fato cometido sem violência
contra a pessoa. Ausência de demonstração de perigo de liberdade.
Prisão preventiva substituída por medidas cautelares diversas.
Parecer do Ministério Público pela parcial concessão da ordem.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. LIMINAR
RATIFICADA.(Habeas Corpus Criminal, Nº 70084239706, Terceira
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes
Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em: 26-06-2020)

DOS PEDIDOS
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Desta forma, requer-se que Vossa Excelência se
digne:

a) A revogação da prisão preventiva, conforme


já fundamentado acima.

b) A IMPROCEDENCIA DA DENÚNCIA de
associação e tráfico de entorpecentes;

c) Que seja reconhecida por ato deste juízo, A


PRIMARIEDADE, SEUS BONS ANTECEDENTES ASSIM COMO O
RECONHECIMENTO DE QUE O RÉU NÃO SE DEDICA ÀS
ATIVIDADES CRIMINOSAS NEM INTEGRE ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. De modo que em eventual condenação, seja aplicada
os benefícios prescritos no artigo 33, § 4º, da lei 11346/2006, com
a redução de um sexto a dois terços, da pena que por ventura
venha lhe ser imputada;

d) Protesta-se desde já, por todos os meios de


provas admitidas em direito, especialmente a prova testemunhal,
cujo rol apresenta.

e) Seja concedido os benefícios da gratuidade da


justiça, nos termos previstos no inciso LXXIV, do art. 5º da
Constituição Federal, c/c Art. 98, da Lei 13.105/15.

Nestes termos

Pede deferimento

Torres, 16 de maio de 2022


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EDUARDO G. S. ALVES MOACIR ALVES
OAB/RS 92.146 OAB/RS 9.413

Rol de Testemunhas:

JOICE NUNES BERNARDO, brasileira, residente e


domiciliada na Rua Óscar Pereira n 15 Igra norte, Torres RS

JOSÉ VILMAR MACEDO RIBEIRO, residente e


domiciliado na Rua Porto Alegre n 937, praia da cal, Torres RS

KEILA DA COSTA KLUCZNIK, brasileira, residente


e domiciliada na Rua dos pescadores n 33, Salinas, Torres RS
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GUINTER PINHEIRO, brasileiro, residente e


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domiciliado na Rua celeste Macedo, 1487, Predial, Torres RS


LISIANE CRISTINA LOPES DA ROSA, brasileira,
Rua dos Pescadores, n° 14, Bairro Salinas, em Torres/RS (telefone
contato 51 985964042)

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