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Filosofia social

Questão fundamental

 Quais os princípios da justiça distributiva ou justiça social?

 Quais os princípios para determinar (descobrir e selecionar) como distribuir


apropriadamente os bens e encargos sociais?

Justiça Comutativa Justiça Distributiva

• regula o que a comunidade deve aos


 Regula as trocas entre as pessoas cidadãos (distribuição dos cargos, impostos,
(negócios, contratos, trocas) bens, modos de participação na política e
administração, etc. )
 O critério é o da igualdade absoluta
(justa quando se troca coisas de igual • O critério é o da proporcionalidade (é justa
valor ou por um preço igual) quando as pessoas que mais necessitam, que
mais mérito têm, ou que mais contribuem
para a sociedade também mais recebem.)

Influências em John Rawls

Aspeto positivo Aspeto negativo


Liberalismo  Defesa da prioridade da liberdade Distribuição injusta dos bens
sobre tudo o mais, sociais, o que condena muitos a
viver abaixo do mínimo aceitável
Kant
•O homem é um fim em si mesmo A
dignidade humana é algo de intrínseco e
essencial a todo o ser humano

Utilitarismo  Preocupação com o bem-estar  Tolerar, por exemplo, o


geral sacrifício de um inocente
trouxer felicidade geral

 Distribuição desigual dos bens


e sacrifícios
Contratualismo A justiça resulta de um acordo social
no qual todos os seus membros
conhecem e acordam nos mesmos
princípios de justiça social

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Utilitarismo

O utilitarismo está apenas preocupado com a quantidade total de prazer e


bem-estar e não como estão distribuídos. Se se comparar a opção C com a
opção D, o utilitarismo escolheria a C porque a quantidade total de prazer é
superior. Contudo a opção C é muito mais injusta ( a Ana só obtém 1 e a
Eva 2) na distribuição do bem-estar entre os elementos do grupo que a
opção D
Igualitarismo

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A teoria igualitarista também não é mais justa, pois para além de, por
vezes, nem proporcionar uma quantidade total de prazer e bem-estar
superior a outras opções como é visível no quadro anterior, não tem em
conta as situações específicas dos indivíduos. Por exemplo se a Ana tiver 5
filhos e o Bruno não tiver nenhum, não é justo que seja feita uma
distribuição igual dos rendimentos

Para Rawls uma sociedade está bem


organizada/ordenada:

1ª condição

Quando se apoia
na justiça como
equidade e não
como igualdade

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Justiça nem sempre significa
igualdade de tratamento

Igualdade refere-se a situações


idênticas e equivalentes para todas as
pessoas e situações.
A igualdade pode gerar situações
injustas

Rawls defende uma

Justiça como
Equidade

A equidade analisa
justa e
imparcialmente cada
caso, para que não
haja desigualdades e
injustiças.

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2ª condição
Quando todos os
seus membros
conhecem e acordam
nos mesmos
princípios de justiça
social como
imparcialidade

3ª condição
Quando as
instituições sociais
cumprem esses
princípios de justiça

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Os princípios de justiça social

Devem respeitar a Imparcialidade

Pelo que devem de ser selecionados pelos


seus membros através de um procedimento
que seja também imparcial

A estratégia de Rawls sintetiza-se na questão seguinte: que


princípios quererias que governassem a sociedade em que
vives se não soubesses nada acerca da tua posição na mesma?

Podemos fazer uma analogia com uma festa na qual cada um é responsável
por cortar uma fatia de bolo, mas cada fatia vai ser tirada à sorte entre todos,
pelo que ninguém sabe qual lhe vai calhar.

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Como cortarias as fatias?

Em fatias desiguais? Em fatias o mais iguais possível?

A estratégia mais segura e racional seria tentar cortar as fatias o mais iguais possível

Rawls propõe um procedimento que permita essa igualdade


assente em três conceitos básicos:

A posição original

Situação hipotética inicial de igualdade


(todos estão no mesmo ponto de patida)

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Esta situação garante a Igualdade

O véu da ignorância

Construção conceptual para designar a situação de desconhecimento do


futuro em relação à nossa situação na sociedade

Este véu designa as condições iniciais de equidade na posição original.


Para a seleção dos princípios de justiça ser imparcial, os participantes não
podem ter nenhuns conhecimentos acerca da sua situação particular a
nível:
 Psicológico
 Físico
 Saúde
 Género
 Naturalidade/nacionalidade
 Profissional
 Académico
 Racial
 Social

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Não sabem também nada acerca da dos outros, que pudessem funcionar
como vantagem na escolha dos princípios de justiça social.

Esta situação garante a Imparcialidade

Acordo original

Os princípios de justiça social são objeto de um acordo/contrato aceite por


pessoas racionais e livres numa posição original de igualdade.

Esta situação garante a Universalidade

Devido às garantias de Igualdade + Imparcialidade + Universalidade


Rawls designa os princípios de justiça assim descobertos de justiça
como Equidade

Princípios de justiça

Quais seriam os princípios de justiça que escolheríamos


Se nos víssemos na seguinte situação?

 Na posição original

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 Sob o véu da ignorância

 Sendo todos egoístas racionais (escolhemos racionalmente o que


melhor satisfaz os nossos interesses).

 Sabendo que existem uma série de bens sociais para serem


distribuídos e que é melhor ter mais do que ter menos desses bens:

 Liberdades e direitos básicos (política, de religião, de reunião, de


pensamento, de expressão, direito à integridade pessoal, à
propriedade, à proteção face á detenção e prisão arbitrárias)

 Bens financeiros, económicos e materiais.

Segundo Rawls, o mais racional era que escolhêssemos os dois seguintes


princípios:

1º Princípio da igualdade nas liberdades básicas:


(Consagra a igualdade na atribuição das liberdades básicas)

Cada pessoa tem direito a um conjunto de liberdades básicas,


compatível com um regime de liberdades idêntico para todos “

John Rawls

Segundo Rawls:
• Todos concordaríamos com este princípio porque, se limitássemos o
direito igual a algumas destas liberdades a qualquer grupo social, por
ex: aos negros ou às mulheres, poderíamos vir a ser nós os alvos dessa
limitação.

 O limite a essas liberdades é quando constituem uma ameaça ao direito


a essas liberdades por parte dos outros, por ex: não posso usar a
liberdade de expressão para incentivar atentados contra integridade
física dos outros

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2º Princípio da igualdade na distribuição da riqueza
e de oportunidades
(Afirma os limites da desigualdade justa)
As desigualdades económicas e sociais só serão aceitáveis se forem distribuídas de forma a que:

a) Tragam os maiores benefícios para os menos favorecidos (princípio da diferença ou


distribuição equitativa da riqueza)

b) Sejam consequência do exercício de cargos e funções abertos a todos em circunstâncias de


igualdade equitativa de oportunidade (princípio da oportunidade justa)
John Rawls

Estes princípios não são iguais. Rawls estabelece a seguinte prioridade


entre os princípios: o princípio da liberdade é o mais valioso sobrepõe-se
aos outros.

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Princípio
Da
Liberdade

Princípio da
oportunidade Justa

Princípio da diferença

O 1º princípio tem de estar satisfeito antes de se considerar o 2º

Isto significa que o direito à liberdade igual é o princípio essencial da sua


teoria (liberalismo), e que não pode ser posto em causa de modo algum,
(exceto quando atenta contra as liberdades dos outros).

A perda de liberdades básicas em nome de vantagens económicas ou


sociais não é aceitável. Numa sociedade justa não se promove a igualdade
de oportunidades ou a distribuição da riqueza à custa de um sacrifício das
liberdades básicas para todos.

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Mas porque é que Rawls acha que escolheríamos estes princípios e não
outros?

A respota de Rawls é a de que as nossas escolhas seguiriam a estratégia


“MAXMIN”, isto é, quando não sabemos qual vai ser resultado de cada
uma das opções, o mais racional é jogar pelo seguro, isto é,:

a) Pensar como se a pior das opções nos fosse acontecer.


b) Identificar o pior resultado de cada alternativa
c) Escolher a menos má, a melhor das piores. (MAX=melhor, MIN=das
piores)

Por exemplo, das três sociedades seguintes, como não sabemos o que
nos vai calhar em sorte, o mais seguro seria optar pela sociedade C,
porque se bem que não seríamos muito ricos também nunca seríamos
muito pobres

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