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Objeções à Teoria da Justiça de John Rawls

1. A crítica libertista de Nozick (Estado a mais)


O princípio da diferença de Rawls consiste num padrão de distribuição da riqueza que implica distribuir a riqueza
de modo a favorecer os mais desfavorecidos. Ora nenhum padrão permite alcançar resultados estáveis, pelo que o
Estado tem de intervir constantemente, tirando a uns para dar a outros, de forma a repor o padrão. Nozick defende
que tirar a uns para dar a outros sem o consentimento dos primeiros é tratar as pessoas como meros meios e não
como fins. É uma forma de instrumentalização das pessoas, violando a sua autonomia e os seus direitos mais
básicos (liberdade e propriedade).

2. A crítica comunitarista de Sandel (comunidade a menos)


O problema é que não basta que as nossas escolhas sejam imparciais para serem boas. Uma escolha pode ser
imparcial e não ser boa. Porque avaliar uma escolha como boa ou má é uma questão moral, mas o véu da ignorância
coloca as pessoas numa situação anterior a qualquer moral (pressupõe a existência de laços), pois exige que as
escolhas sejam feitas por seres racionais que tem em conta apenas os seus interesses pessoais.

3. A crítica Kantiana
Violar o direito à propriedade adquirida de forma legítima para beneficiar os mais desfavorecidos implica tratar os
mais favorecidos como meros meios para fins alheios. Logo, o princípio da diferença de Rawls viola o imperativo
categórico (nunca devemos tratar os outros como meros meios) de Kant. Neste caso, os ricos estarão a ser tratados
apenas como um meio para atingir um fim (financiar os pobres).

4. A crítica das Probabilidades


Rawls não tem em consideração o cálculo das probabilidades, pois defende que, se não soubermos qual vai ser a
nossa posição na sociedade, é racional escolher os princípios da justiça como se o pior nos fosse acontecer (regra
maximin). Ora se tivéssemos 30% de hipóteses de ficar numa situação de pobreza extrema e 70% de hipóteses de
ficar numa situação de riqueza extrema, alguns podem preferir jogar com probabilidades do que jogar pelo seguro.

5.A crítica da Irrelevância do mérito


O princípio da diferença não tem em conta a forma de acesso à riqueza. Quem adquire riqueza de forma legítima
(trabalho e mérito) merece-o. Logo, tirar alguma dessa riqueza para benefício dos mais desfavorecidos só porque
não têm (não sabemos se o merecem ou não) é injusto.

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