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Estudo para Teste de Filosofia

Objetivos 1,2 e 3:

 Estrutura do ato de conhecer


 A fenomenologia do conhecimento
 Os dois elementos essenciais no processo de conhecimento

O conhecimento pressupõe duas entidades: o sujeito e o objeto. O sujeito,


cognoscente, é a entidade humana que, dotada de capacidades cognitivas e sensoriais,
se dedica à investigação de uma parte da realidade que designa por objeto. Já o
objeto, cognoscível, é a parte de realidade que pode ser investigada e explicada pelo
sujeito.

Segundo a perspetiva fenomenológica, o sujeito sai de si, dirige-se ao objeto de


estudo e regressa a si transformado. Existe então aqui uma correlação entre o sujeito e
o objeto. O sujeito tem primeiramente uma sensação, um 1º contacto com o objeto,
em que apreende informações básicas e sensoriais acerca deste, sendo que essas
informações são recebidas pelo cérebro. A sensação é então a captação de
informações sensoriais.

Seguidamente esses dados serão organizados, classificados, descodificados e


filtrados na mente consoante fatores de significação únicos para cada sujeito como a
linguagem ou a cultura em que se insere. Os dados sensoriais serão também
integrados nas experiências passadas do sujeito. As informações resultantes desta
organização denominam-se perceções.

Estas perceções darão origem de seguida a representações, construções de


imagens mentais do objeto e suas características, que permitam evoca-lo na sua
ausência. Estas representações são o conhecimento.

Sujeito Objeto
Cognoscente Cognoscível
Nunca deixa de ser sujeito Nunca deixa de ser objeto
O sujeito só o é em relação ao objeto O objeto só o é em relação ao sujeito
Apreende o objeto Ser apreendido
Estranho e transcendente ao sujeito
O sujeito é transformado pois adquire novos Imanente (Não se transforma)
conhecimentos
Objetivo 4 – Os diferentes tipos de conhecimento
Saber Fazer

 Conhecimento de atividades
o Ex.: Saber tocar piano

Saber por Contacto

 Conhecimento de pessoas ou locais


o Ex.: Conhecer Barcelona

Saber Que ou Conhecimento Proposicional (conhecimento que nos diz algo


acerca da realidade)

 Conhecimento de proposições
o Saber que Platão foi um grande filósofo

Objetivo 5 – Os diferentes tipos de conhecimento segundo Platão e


Sócrates
Sócrates e Platão começam por definir o conhecimento verdadeiro como a
sensação. Ao refletirem sobre isto apercebem-se que a sensação não poderá constituir
um verdadeiro conhecimento para toda a humanidade, pois a sensação só é
verdadeira para o sujeito que a conhece, isto é, cada sensação/perceção é única,
privada e irrepetível, reduzir o conhecimento à sensação é reduzir este a uma mera
subjetividade. Por exemplo, se eu tiver um amigo cego, ele vai ter uma perceção do
mundo diferente da minha pois ele não vê logo não podemos tomar o seu
conhecimento como verdadeiro para todas as pessoas.

A segunda proposta de conhecimento verdadeiro diz que o conhecimento é


opinião. Porém Platão e Sócrates logo concluem que o conhecimento não é, na
verdade, uma opinião, pois isso seria reduzir novamente o conhecimento à
subjetividade, pois cada sujeito pode ter uma opinião diferente, se assim o entender.
Assim sendo, nós devemos saber distinguir as opiniões verdadeiras das opiniões falsas.

A justificação das nossas opiniões através do uso do logos foi a solução


encontrada por estes filósofos para a problemática da diferenciação entre opiniões
verdadeiras e opiniões falsas. Estes filósofos defendem então que as justificações que
nós damos para as nossas opiniões são o que testa a sua veracidade. Para a criação
destas justificações recorremos ao uso do logos, da nossa razão e é esse uso da razão
que torna as justificações verdadeiras, que nos permite distinguir o verdadeiro do
falso.

Estes filósofos concluem então que o conhecimento é uma crença verdadeira


justificada acompanhada pelo logos. Eles chegam à conclusão que, para o sujeito
conhecer a realidade, ele e a proposição que se propõe a conhecer devem cumprir
alguns critérios: 1- a proposição que se propõe a conhecer deve ser verdadeira; 2- o
sujeito deve acreditar na proposição que se propõe a conhecer (crença); 3. O sujeito
deve apresentar justificações verdadeiras (criadas com o uso do logos) para a sua
crença. Temos portanto uma crença verdadeira justificada acompanhada de logos, o
verdadeiro conhecimento para estes filósofos.

6 – A possibilidade do conhecimento (dogmatismo, ceticismo e criticismo)

Dogmatismo – Segundo os dogmáticos a realidade existe, o homem pode conhecer a


realidade e o conhecimento humano é verdadeiro.

Ao contrário dos céticos, os dogmáticos não duvidam da existência das coisas


nem da verdade do seu conhecimento. Desde que as pessoas façam uso da razão de
acordo com as regras lógicas, tudo podem conhecer e explicar, nomeadamente Deus e
a alma.

Por isso mesmo, o dogmatismo vai encontrar no racionalismo (origem do


conhecimento) uma forma de se afirmar, sendo Descartes um dos representantes
desta posição.

Ceticismo – Os céticos sustentam a tese de que é impossível o sujeito atingir qualquer


certeza, e defendem que não se pode afirmar nenhum conhecimento como sendo
infalivelmente verdadeiro.

O principal representante da corrente cética desenvolveu-se na Grécia Antiga


com Pirro de Eleia, que defendeu que o conhecimento não é possível.

A solução para os céticos é a suspensão do juízo, sendo o ideal de sabedoria a


ataraxia, que resulta da suspensão total de qualquer juízo. Os céticos defendiam a
abstenção de se pronunciarem positivamente ou negativamente acerca das coisas,
uma vez que o sujeito não deve emitir ou formular qualquer juízo de valor.

O principal defensor da corrente cética é David Hume.


Criticismo – Segundo os criticistas, o conhecimento é possível, no entanto, por vezes,
alguns conhecimentos que se apresentam ao sujeito como sendo verdadeiros, não o
são de verdade, devendo o sujeito colocar em causa esse mesmo conhecimento.

No fundo, os criticistas fazem a junção do dogmatismo e do criticismo, sendo


um dos defensores do criticismo Immanuel Kant.

7 – A origem do conhecimento (racionalismo, empirismo e apriorismo)

Racionalismo – Na teoria racionalista, as ideias fundamentais para o conhecimento são


inatos e originários da razão.

Para estes, o conhecimento sensível (proveniente dos sentidos) é enganador.


Por isso, os racionalistas defendem que as representações da razão são as mais certas
e as únicas que podem conduzir ao conhecimento logicamente necessário e
universalmente válido.

Descartes é considerado o fundador do Racionalismo moderno, após ter


suspendido a validade de todo o conhecimento, uma vez que eram suscetíveis de pôr
em causa, descobrindo que a única coisa que resiste à própria dúvida é a razão.

Empirismo – O sujeito quando nasce a sua mente não possui qualquer tipo de
conhecimento, impressões ou ideias, sendo a mente do sujeito enriquecida com as
experiências que vai tendo ao longo da vida.

O conhecimento advém das experiências que o sujeito tem e devemos tomar


como válidos todos os dados provenientes dos órgãos sensoriais.

O principal defensor desta teoria foi David Hume.

Apriorismo – Junção entre racionalismo, baseado na razão, e entre empirismo, que de


baseia nas experiências, defendendo que na origem do conhecimento está a
sensibilidade e o entendimento.

O principal defensor desta teoria foi Immanuel Kant.


8 – A Teoria de Descartes
Descartes foi, inicialmente, apelidado de ceticista metódico ou moderado pois
este usava uma dúvida hiperbólica (exagerada, propositadamente) para verificar a
veracidade dos conhecimentos existentes. Os critérios usados por ele eram: 1-
deveríamos considerar como falso tudo aquilo que suscitasse a menor dúvida; 2- tudo
aquilo que nos enganou uma vez irá enganar-nos sempre. Assim sendo, Descartes
considerou logo que os sentidos não eram fiáveis, nem constituíam uma fonte de
conhecimento pois se eles nos enganam às vezes, enganarão nos sempre, logo não os
devemos usar para alcançar conhecimento.

Como referi anteriormente, Descartes duvidava de tudo, chegando a duvidar da


sua própria existência e da existência de um ser perfeito que o criou (Deus). Descartes
coloca então a hipótese de um génio maligno, considerando-o de duas formas
diferentes: este era um ser perfeito que o criou e que deveria ser perfeito mas não o
era pois provocava a infelicidade no ser criado por si; este era um ser enviado por Deus
com a função de pôr em evidência a falibilidade da sua criação, provar que o ser
humano não é capaz de atingir a clareza de conhecimento e as certezas em termos do
saber.

Descartes conclui então que, ao pensar que não existe, está a criar
conhecimento e chega a uma crença básica indubitável – Penso Logo Existo (“Cogito
Ergo Sum”). Descartes alia então a evidência e a clareza desta afirmação aos critérios
do método usado anteriormente, concluindo que tudo o que for tão claro, evidente e
distinto como o cógito, é verdadeiro, criando aqui o conceito de clareza e distinção.

Descartes conclui ainda que o sujeito vive numa realidade (Res extensa), que foi
criado por um Deus perfeito (Res Divina) e que tudo o que permite ao sujeito distinguir
o conhecimento verdadeiro do conhecimento falso se apelida de Res Cogitans (a
mente ou o pensamento do sujeito). A Res Cogitans está relacionada com o conceito
de ideias inatas, Descartes diz que o sujeito à nascença tem em si ideias básicas que
lhe permitem chegar ao conhecimento. Estas foram-lhe dadas pelo ser criador.

O racionalismo, defendido por Descartes, é uma corrente filosófica que atribui


um valor superior à razão, defendendo que os nossos conhecimentos verdadeiros
procedem dela e não da experiência ou dos sentidos. Os racionalistas acreditavam que
o conhecimento da realidade poderia constituir-se de forma puramente racional a
partir de certos princípios ou ideias. Tais princípios têm de ser claros e distintos
(evidentes) e por isso não têm a sua origem nos sentidos (confusos e incertos).
9 – A teoria de David Hume
A teoria de David Hume está relacionada com o empirismo. Segundo os empiristas,
todo o conhecimento advém das experiências.

Quando o sujeito nasce “A mente é uma tábua rasa” ou uma “folha em branco”
pois este ainda não viveu nenhuma experiência e portanto não possui qualquer tipo de
conhecimento.

“O sujeito quando nasce a sua mente não possui qualquer tipo de


conhecimento, impressões ou ideias, sendo a mente do sujeito enriquecida com as
experiências que vai tendo ao longo de toda a sua vida.”

Enquanto que para Descartes, o conhecimento advém do uso da razão e as


informações dadas pelos sentidos não são válidos, Hume defende que o conhecimento
advém das experiências que o sujeito tem e que devemos tomar como válidas todas os
dados provenientes dos órgãos sensoriais.

O Processo de conhecimento segundo David Hume

Primeiramente o sujeito recolhe apenas impressões do objeto, tem um 1º


contacto com o objeto. Estas impressões são imediatas, vivas e intensas. As
impressões dão-nos informações relacionadas com a aparência geral do objeto, as suas
características: forma, cor ou peso. Estas informações chegam-nos através dos órgãos
sensoriais no momento em que vemos, ouvimos ou cheiramos algo.

Após termos uma impressão acerca do objeto, nós vamos refletir sobre esta e
formar ideias, que são representações ou cópias de uma impressão.

Por fim, o sujeito associa estas novas ideias com ideias anteriores, através de
juízos racionais, dando-se aqui uma atração mútua das ideias devido à sua semelhança
e casualidade.

Desta associação podem advir dois tipos de conhecimento: conhecimento


através da relação entre factos ou conhecimento através da relação entre ideias.

Conhecimento resultante da relação entre factos

Raciocínios demonstrativos, cujas conclusões são independentes da realidade,


como por exemplo na geometria e na aritmética).

Conhecimento resultante da relação entre ideias

Raciocínios Indutivos, ou seja, são prováveis e correspondem a relações de


causa efeito.
10 – A teoria de Immanuel Kant
Kant defende que, para atingir o conhecimento, recorremos a 3 instrumentos
básicos:

o Sensibilidade Estruturas Inatas ao


o Entendimento Sujeito
o Intuição (Razão)

Enquanto que a sensibilidade tem uma função passiva, o entendimento e a


intuição têm um papel ativo no processo de conhecimento. Na sensibilidade, o sujeito
limita-se a receber as informações que lhe chegam do exterior. O sujeito vai depois
entender, organizar e transformar as informações recebidas através do entendimento
e da intuição, sendo demonstrado aqui o papel ativo destes instrumentos.

Sensibilidade – Representações empíricas dos fenómenos (objetos ou situações


que o sujeito acerca dos quais o sujeito recebe informações). Obtemos estas
representações através dos órgãos sensoriais. Esta varia consoante o tempo e o
espaço, temos experiências diferentes.

Entendimento – Organização, ordenação e interpretação das representações


empíricas, ou seja, das diferentes relações entre conceitos que dão origem aos juízos.

Intuição – Tem como função a integração dos dados recebidos nas experiências
passadas, ultrapassa os dados da experiência. É a 1ª impressão que temos do sujeito,
objeto ou da situação que estamos a analisar, relacionada com as experiências que já
tivemos. Está relacionada com a interpretação que o sujeito faz de algo, através do uso
da razão.

Na sensibilidade formamos conceitos e no entendimento formamos juízos


(relações entre conceitos). Na intuição e com o uso da razão, nós vamos ultrapassar as
experiências, tendo assim uma 1ª impressão do objeto, interpretando-o de acordo
com as nossas experiências.

A priori – Algo inato, antes da experiência

A posteriori – Depois da experiência

A teoria de Kant é contrária à de Descartes e à de Hume porque, para este


filósofo, o uso da razão e as diferentes experiências passadas do sujeito estão na base
do conhecimento, há uma combinação entre as duas. Essas experiências são recebidas
através dos órgãos sensoriais, que devemos considerar como fiáveis.
Exemplo da teoria de Kant no quotidiano: Oferta de trabalho

 Enviamos um currículo
 Fala de uma série de experiências nossas – Sensibilidade
 O empregador analisa o nosso currículo e vê as nossas experiências.
 Vai seguidamente ordenar e interpretar as diferentes experiências que o
sujeito possui – entendimento.
 Por fim, o empregador procura ir além das experiências, do que está no papel,
fazendo ao candidato testes psicotécnicos por exemplo.

11- Distinção entre conhecimento vulgar e conhecimento científico

Conhecimento Vulgar

Todos nós fazemos e temos conhecimentos, é o que chamamos de


conhecimento empírico ou de senso comum. Esta forma de conhecer obedece a uma
exigência, que se adequa à realidade e que satisfaz as necessidades do quotidiano. O
conhecimento vulgar constrói-se a partir dos dados fornecidos por via sensorial e
fundamenta-se na pluralidade das experiências vividas.

O Homem dispõe de uma forma de conhecer as coisas que é a experiência, algo


que surge de modo natural e direto, vamos conhecendo os objetos que nos cercam, as
pessoas com que lidamos, a cidade ou a rua em que moramos.

Conhecimento Científico

É uma organização de conhecimentos e de resultados que são aceites


universalmente. Esta aceitação universal deriva do facto de os resultados poderem ser
verificados e de a construção do conhecimento se submeter a métodos.

A ciência depende dos investigadores, enquanto sujeitos que vivem numa


determinada cultura, sociedade, que é marcada por valores específicos, religiosos e
políticos.

É por estar inserido num contexto social, político e cultural de uma


determinada época que o conhecimento científico evolui, modifica-se e expande-se.
Conhecimento Vulgar Conhecimento 1.1 – Varia de sujeito para sujeito;
(1) Científico (2) 1.2 – O sujeito não controla o que
lhe acontece no quotidiano;
1.3 – Chegamos ao conhecimento
Subjetivo – 1.1 Objetivo – 2.1 através dos órgãos sensoriais;
1.4 – Algo do quotidiano, o sujeito
não procura conhecer, o
conhecimento vem até ele;
1.5 – Tem a ver com as
Espontâneo – 1.2 Programado – 2.2 experiências do sujeito;
1.6 – Igual a 1.2;
1.7 – Não conhecemos toda a
realidade;
1.8 – Podemos considerar algo
Sensível – 1.3 Factual – 2.3 certo num dia e na próxima
semana já não ter a mesma
opinião;
1.9 – Acrítico porque o sujeito não
encontra várias explicações
Sem método específico – Método específico – 2.4 para o que lhe acontece
1.4 durante o dia.

2.1 – Algo correto que é válido para


toda a comunidade científica;
Empirismo – 1.5 Experimental – 2.5
2.2 – Algo planeado, pensado;

2.3 – Não tem a ver com os


sentidos;
Sem autonomia – 1.6 Autónomo – 2.6
2.4 – Experimental e verificacional;

2.5 – Ensaios, para verificar algo;

2.6 – O cientista em
Parcial – 1.7 Mais abrangente – 2.7 controlo/autonomia, controla
todas as experiências que faz,
levanta as hipóteses e
experimenta;

Contraditório - 1.8 Não é contraditório - 2.8 2.7 – É mais abrangente


continuando a ser parcial pois
abrange mais partes da realidade, o
que é válido na comunidade
científica é valida para toda a
Acrítico – 1.9 Crítico – 2.9 humanidade;

2.9 –O cientista levanta problemas


que tenta solucionar através do
levantamento de hipóteses.
12 – As diferentes etapas do método indutivo
1- Observação
a. Observar determinado assunto/situação
2- Problema
a. Surge um problema decorrente da observação e análise aprofundada;
3- Hipótese
a. Possível solução/ resposta para o problema;
4- Experimentação/Verificação
a. Experimentar e verificar a hipótese para ver se esta soluciona o
problema e se é verdadeira ou falsa;
5- Solução/Lei Geral
a. Se a hipótese não for verdadeira e a solução não servir para o problema
voltamos ao passo 2 e à criação de uma nova hipótese;
b. Se a solução for adequada, criamos a Lei Geral.

Exemplo – O Daniel vive com a Sara e nota que esta anda muito cansada.

1- Observação
a. Observar a Sara durante o sono e tentar descobrir o problema;
2- Problema
a. A Sara tinha distúrbios no sono, Daniel notou que esta dormia mal e
sonhava demasiado;
3- Hipótese
a. Sara andava a ingerir demasiado café
4- Experimentação/Verificação
a. Retirar todo o café ao alcance de Sara
5- Solução
a. Resultou, Sara passou a dormir melhor e a estar mais bem-disposta
6- Lei Geral
a. Para a Sara não estar cansada, não deve ingerir café.

13 – As diferentes etapas do método hipotético-dedutivo

1- Facto-problema
a. Não se começa pela observação porque nessa o sujeito é influenciado
por crenças e valores;
b. Começa-se por um problema, que surge ao sujeito, e que está
relacionado com a realidade
2- Hipótese
a. Hipótese é um enunciado que se propõe como base para explicar por
que motivo ou como se produz um fenómeno ou um conjunto de
fenómenos interligados.
b. É uma solução antecipada que vai ser submetida a teste.
c. Neste modelo, criamos uma hipótese única para esse facto-problema.
3- Dedução de consequências preditivas
a. O momento experimental é antecipado por um momento dedutivo.
b. Isso quer dizer que, uma vez estabelecida provisoriamente a hipótese, o
passo imediatamente seguinte consiste em deduzir dela determinadas
consequências.
c. Este momento do método tem a sua razão de ser no facto de, na
maioria dos casos, a hipótese, dada a sua generalidade, não poder ser
confrontada diretamente com a experiência. Deduzem-se então
determinadas consequências da hipótese, ou seja, torna-se esta mais
específica.
4- Experimentação/Teste da hipótese
a. Deduzidas da hipótese determinadas consequências, trata-se de as
testar.
b. Quando, no teste experimental ou observacional, não se cumprem as
consequências da hipótese, esta é, em certa medida, rejeitada.
c. Eventualmente, o cientista formulará outra. Caso essas consequências
se vejam confirmadas, a hipótese será aprovada, significando isto que o
cientista irá basear o seu trabalho nela.
d. A finalidade essencial será a formulação de leis (de enunciados que
descrevem relações necessárias entre os fenómenos) e de teorias que
as integram.
e. É criada aqui uma lei particular, que diz respeito só a esse facto-problem

Imaginemos a seguinte situação:

Formulação de uma Hipótese


O planeta Úrano desvia-se da órbita prevista

Enunciado de uma hipótese


Úrano desvia-se porque existe um problema desconhecido cuja força gravitacional o desvia da órbita prevista

Dedução de consequências a partir da hipótese


Se tal planeta existe, deverá encontrar-se no lugar X no momento Y

Teste da hipótese
(Das consequências delas deduzidas).

Confirmação da hipótese
Observa-se a presença de um planeta no lugar X no momento Y.

Obtenção de Resultados
Descoberta do planeta Neptuno e confirmação da teoria
Uma mulher foi assassinada no seu apartamento. Inicialmente, todos os objetos encontrados
no apartamento são potenciais chaves para a solução do mistério: o copo de vinho vazio na
cozinha, o cinzeiro caído na carpete coberta de cinzas e de pontas de cigarro, a chave do automóvel
caída aos pés do sofá, uma madeixa de cabelos pisada junto a uma pequena mesa derrubada, etc.,
etc.

Para se orientar e introduzir um pouco de racionalidade numa situação tão complexa, o


detetive formula uma hipótese:

“A chave encontrada junta ao sofá é a do carro do assassino.”

Desta hipótese, um certo número de consequências podem ser deduzidas, isto é, podemos
dela inferir outras hipóteses:

a) Supondo que a chave só se adapta a Cadillacs de último modelo, sugere-se que o assassino
guia um Cadillac de último modelo.

b) Supondo que a chave perdida é a única que o potencial assassino possui, segue-se que o
carro pode estar estacionado nas imediações.

c) Pode deduzir-se também que o nome do assassino estará nos registos de venda do
concessionário Cadillac da zona.

Testar a hipótese, submetê-la a prova, significará examinar se as implicações ou consequências


que dela deduzimos são verdadeiras.

Suponhamos que o detetive encontra um Cadillac de último modelo estacionado no parque


perto do bloco de apartamentos e que a chave que encontrou é a do carro. Tal descoberta pode
tornar de certo modo credível a hipótese, mas não constitui uma prova da sua verdade.

Suponhamos, por outro lado, que o assassino se entrega à polícia e que o único carro que
possui ou conduz é um Ford. Tal facto invalidaria a hipótese porque negaria uma das implicações
deduzidas da hipótese de que a chave encontrada junta ao sofá é a do carro do assassino. Que
implicação era essa? A de que o assassino conduziria um Cadillac.

Para que se provasse que a hipótese era verdadeira, o carro ao qual a chave encontrada no
apartamento se adapta teria de ser o do assassino e o seu proprietário teria de confessar o crime.

Esta breve história revela de modo simples os quatro momentos fundamentais do método
hipotético-dedutivo.

São eles: 1 – Ocorrência de um problema.

2 – Formulação de uma hipótese.


3 – Dedução de consequências ou implicações a partir da hipótese formulada.
4 – Teste que põe a hipótese à prova.

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