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Teoria do Conhecimento e Educação


COMPREENDER O MODO COMO O CONHECIMENTO É TRABALHADO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

AUTOR(A): PROF. SUELEN DE PONTES ALEXANDRE

Se há algo que é muitíssimo trabalhado na educação em geral e, de modo especial na educação escolar, é o

conhecimento. Na maioria dos discursos a respeito da educação escolar, fala-se somente em

aprendizagem de conhecimentos. Não se fala tanto, por exemplo, sobre aprendizagem de valores e nem
sobre aprendizagem de como lidar com nossa sensibilidade. Não somos seres apenas conhecedores.

Somos, também, seres que valoramos condutas (campo da moral e da ética) e somos seres sensíveis
(campo da estética). Além de sermos seres sociais/políticos e produtivos de bens e serviços. Tudo isso

deve merecer atenção forte da educação, inclusive da educação escolar. Mas, nesta última, o
conhecimento e a busca pela aprendizagem de conhecimentos tem merecido muita atenção e muito
Legenda: OS CONHECIMENTOS PRODUZIDOS QUE IMPACTAM NA EDUCAçãO HUMANA
debate.

O objetivo deste tópico é trazer algumas ideias a respeito do conhecimento e de sua relação com a
O que entender por conhecimento?
educação, a partir de contribuições da filosofia. Em outros tópicos ideias a respeito da ética, da
 
sensibilidade (estética) e da política/sociedade, são apresentadas.
O conhecimento é produto da consciência humana, que colhe dados pela percepção, pela imaginação, pela
 
memória e pela linguagem. Colhe dados, isto é, informações. Relaciona essas informações/dados através

do pensar e constrói entendimentos, isto é, constrói explicações, descrições e interpretações da realidade

e do próprio ser humano. As explicações e interpretações e descrições são o conhecimento.


O conhecimento, portanto, é produção da consciência. Essa palavra já indica algo importante: “com

ciência”, isto é, ciência com. Com quem? Conosco. Consciência indica o fato de termos ciência (no sentido

amplo da palavra para indicar vários tipos de saberes e não apenas o saber científico) em nós. E para quê?
Apenas para ficar sabendo e não fazer nenhum uso desses saberes?

Segundo um pensador que é neurocientista, Antônio Damásio, a consciência e suas produções, estão
intimamente relacionadas à sobrevivência humana. Tanto à sobrevivência orgânica, quanto à

“sobrevivência” social. Diz ele: 

... a sobrevivência (orgânica) depende de encontrar e incorporar fontes de energia e de

prevenir todos os tipos de situações que ameaçam a integridade dos tecidos vivos. Por

certo é verdade que, sem ações, organismos como o nosso não sobreviveriam, pois, as

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fontes de energia necessárias para renovar a estrutura do organismo e manter a vida não
seriam encontradas e postas a serviço do organismo e muito menos seriam evitados os

perigos do ambiente. Mas, por conta própria, sem a orientação das imagens, as ações

não nos levariam muito longe. Ações eficazes requerem a companhia de imagens
eficazes.

DAMASIO,P. 43. 2000 .NEGRITOS NOSSOS

Ao falar de “imagens”, ele está a dizer de ideias com as quais produzimos conhecimentos em nossa

consciência. A consciência em ação é como se fosse um mecanismo produtor de entendimentos e de

orientações para o agir, ou seja, o conhecimento.

Se as ações estão no cerne da sobrevivência e seu poder vincula-se à disponibilidade de


imagens orientadoras, então um mecanismo capaz de maximizar a manipulação eficaz

de imagens a serviço dos interesses de um organismo específico conferiria uma enorme


vantagem aos organismos que o possuíssem, e esse mecanismo provavelmente teria
prevalecido na evolução. A consciência é precisamente esse mecanismo.

DAMASIO, P. 43-44, 2000.

Legenda: A CONSCIêNCIA DE SI E DO OUTRO


Guardemos estas ideias e acrescentemos ideias de Marilena Chauí que estão no livro Convite à Filosofia.
Ali ela diz que consciência é: Marilena Chauí diz algo parecido com o que diz Damásio e algo mais. Em seguida fala sobre a consciência
do ponto de vista da Teoria do Conhecimento:

 
A capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber que sabe o Do ponto de vista da Teoria do Conhecimento, a consciência é uma atividade sensível e

que conhece. A consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento intelectual dotada do poder de análise, síntese e representação. É o sujeito. Reconhece-

desse conhecimento (reflexão).  se como diferente dos objetos, cria e descobre significações, institui sentidos, elabora

CHAUI,1995, P. 117 conceitos, ideias, juízos e teorias. É dotado da capacidade de conhecer-se a si mesmo no
ato do conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo,
manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É

o entendimento propriamente dito. 


1995, P.118.

Conhecimento é produto da consciência humana. A consciência humana colhe dados pela


percepção, pela imaginação, pela memória e pela linguagem. Colhe dados, isto é, informações.
Relaciona estas informações/dados através do pensar e constrói entendimentos, isto é, constrói

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explicações, descrições e interpretações da realidade e do próprio ser humano. As explicações e


interpretações e descrições são o conhecimento. 

Legenda: NOçãO DE CLAREZA OU AMBIGUIDADE: COPO MEIO CHEIO OU COPO VAZIO?

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Esta é uma maneira de dizer sobre o conhecimento. Outra maneira é a utilizada por Severino: A luta pelo acesso ao conhecimento e pelo acesso à capacidade cada vez melhor desenvolvida para

produzir conhecimentos seguros é, com certeza, uma luta política porque envolve a apropriação de um
instrumento de poder. Tudo que encerra possibilidade de poder dentro da sociedade é, por si mesmo,
Conhecimento é a relação estabelecida entre sujeito e objeto na qual o sujeito apreende
político. 
informações a respeito do objeto. É a atividade do psiquismo humano que torna
 
presente à sensibilidade ou à inteligência um determinado conteúdo seja ele do campo
No primeiro tópico deste material, foi dito que o conhecimento filosófico é uma das formas de
empírico ou do próprio campo ideal. 
conhecimento, além de outras que foram ali citadas: o conhecimento mítico, o conhecimento religioso, o
1992, P.38
conhecimento artístico, o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico. Nenhuma dessas
formas de conhecimento esgota a possiblidade de produção de explicações ou de entendimentos a

PODE-SE DIZER O QUE DIZ SEVERINO respeito da realidade e de nós mesmos. Somadas, talvez elas possam ajudar tanto no entendimento de

AMPLIANDO UM POUCO MAIS, DA SEGUINTE tudo, quanto na orientação de nossas vidas. A seguir, algumas ideias que podem ajudar no entendimento
de cada uma delas. Não serão apresentadas ideias sobre o conhecimento filosófico pelo fato de ele já ter
FORMA: sido apresentado no início deste material do AVA.  

Conhecimento é uma relação que se estabelece entre o sujeito humano que conhece (sujeito

cognoscente) e algum “objeto” passível de ser conhecido (objeto cognoscível) na qual relação o Formas de conhecimento.
sujeito constrói ou produz explicações significativas sobre o objeto possibilitando-lhe
O conhecimento, como já visto, é um processo de busca de explicações, de entendimentos, de
entendimento, esclarecimentos e compreensão sobre ele e indicações de como relacionar-se com
compreensão, a respeito de tudo. É, também, o termo para indicar o resultado obtido com este processo.
o mesmo.  
Quando aprendemos os resultados do processo, dizemos que aprendemos conhecimentos; quando a

prendemos o processo, dizemos que aprendemos a produzir conhecimentos. A produção de

“Objeto”, aqui, deve ser entendido como qualquer coisa, fato, situação, aspecto, atitude, ocorrência, etc., conhecimentos se dá nos processos de investigação. É interessante pensar nisso quando se trabalha na

que possa ser conhecido pelo ser humano. Assim podem ser objetos de conhecimento: uma bola, um educação escolar com conhecimentos: o objetivo é apenas aprender conhecimentos já produzidos, ou há

carro, uma situação qualquer, como um casamento, uma festa de aniversário, uma música, uma reação necessidade da aprendizagem de processos de produção de conhecimentos? Fica, aí, uma provocação

química, um fenômeno da natureza, um fato histórico, uma paisagem, o pôr do sol, a lua, uma emoção, para a reflexão das educadoras e dos educadores que trabalham ou trabalharão nas escolas.

uma operação matemática, a travessia de um rio, um engano de nossa mente, o nosso próprio  Mas, vamos às ideias sobre as seguintes formas de conhecimento.

pensamento, o nosso próprio conhecimento (metaconhecimento), e outros.

Para qualquer “objeto de conhecimento” o ser humano busca explicações, descrições e interpretações. Conhecimento mítico.
Mas, não só: o conhecimento é importante na orientação de nossas ações (veja-se a citação de Damásio,
Mitos são explicações que envolvem dados de realidade e elementos fantasiosos. A elaboração mitológica
acima) em relação a qualquer um dos objetos. Tanto para mantermos nossas maneiras de agir em relação
é sempre coerente e é um esforço da mente humana para explicar fenômenos tanto sociais como naturais
a eles, quanto para as modificarmos, se for o caso.
e o próprio ser humano. 
Este último é um aspecto importante do conhecimento: quanto mais pessoas puderem ter conhecimentos

seguros, melhor elas podem avaliar suas formas de agir e a forma de agir dos outros. Isso lhes dá base

para intervir na maneira de funcionar a sociedade, por exemplo. É um aspecto político do trabalho com o
conhecimento: quanto melhor as pessoas puderem conhecer a realidade, menos poderão ser ludibriadas e

poderão participar com mais segurança das decisões de como as sociedades devem ser organizadas.

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Legenda: A DIVERSIDADE CULTURAL E O DIáLOGO COM AS DIFERENTES RELIGIõES


Legenda: DEUSA GREGA CERES

Conhecimento religioso. Conhecimento artístico.


Ele é expresso nas diversas Artes. Elas são manifestações de como sentimos tudo, isto é, nós mesmos e o
Manifestado pelas diversas religiões. Elas são conjuntos doutrinários que expressam maneiras de
que ocorre em nós e conosco; os outros e o que ocorre com eles; os seres todos e o que ocorre com eles;
entender a vida, o mundo, as ações e o ser humano. Apresentam entendimentos e explicações
as relações que captamos: tanto as que ocorrem conosco, como as que ocorrem com os outros, mas
normalmente atribuídos a alguma divindade que os teria revelado aos seres humanos. Dependendo do
também as que ocorrem na natureza, por exemplo. Tudo o que pode ser sentido por nós é objeto de
meio cultural onde as pessoas nascem e se desenvolvem, elas tomam conhecimento dessas explicações e
nosso conhecimento artístico e pode ser expresso de alguma forma. Tudo o que pode ser sentido. Sentir é
entendimentos apresentados em blocos, como doutrinas. Daí serem denominados de “conjuntos
a palavra-chave para designar o artístico em todo ser humano. Sentir: ser capaz de sensibilizar-se; ser
doutrinários” (ainda que haja conjuntos doutrinários que não sejam religiões). As religiões têm adeptos e
capaz de se deixar afetar por tudo e ser capaz de elaborar uma interpretação dessa sensibilização. E ser
as suas lideranças as apresentam às pessoas convidando-as a darem crédito ao que afirmam. Dar crédito
ainda, capaz de manifestar esta sensibilização. Através dessa sensibilização captamos a realidade de certa
é crer, é ter fé. Quem dá crédito a alguma religião é um crente ou é uma pessoa que professa ou confessa
maneira e a compreendemos de certa maneira que não é a mesma das demais formas de conhecimento e
aquela religião. São em geral conjuntos doutrinários bem elaborados e ordenados. A maioria das pessoas
que, juntada a elas, nos permite maior e melhor compreensão de tudo. Temos uma palavra na Língua
professa uma religião ou se diz ligada a uma dessas crenças. A pessoa pode ter uma crença religiosa sem
Portuguesa que vem da Língua Grega e que indica esta capacidade de sensibilizar-se: é a palavra Estética.
fazer exames e análises muito rigorosas a seu respeito, ou pode ser um crente com muitos e fortes
Conferido nos estudos do tópico Estética e Educação.
argumentos para acreditar assim. 

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É um conhecimento construído “ao sabor das circunstâncias” e, por isso mesmo, sem obedecer a algum
método (é ametódico); não é muito bem ordenado ou sistematizado (é assistemático); não é profundo (é,

em geral, superficial); não é examinado constantemente, isto é, não é costumeiramente submetido à


crítica, ao exame rigoroso de suas “verdades” (é acrítico); através dele sabemos muito, não de maneira
completa e orgânica mas por fragmentos que não se ligam muito bem uns com os outros (é

fragmentado).
Mas é, ao mesmo tempo, um conhecimento que carrega um núcleo de segurança que denominamos de
bom senso. É devido a este núcleo de bom senso que conseguimos ter noções corretas sobre muitas

coisas e orientações seguras a respeito de como agir em muitas ocasiões.


  O conhecimento do senso-comum que, como qualquer forma de conhecimento, se serve das quatro
fontes de dados acima mencionadas (percepção, memória, imaginação e linguagem), modifica-se

historicamente. Os dados variam porque a realidade varia. Variam as informações que chegam às pessoas
através da linguagem, especialmente em sociedades com grande potencial de comunicação de massa,
como a nossa. As pessoas, no trato diário com tais dados, constroem e reconstroem seu conhecimento

do senso-comum.
Onde está o risco dessa forma de conhecimento? Em algumas de suas características, especialmente nas
seguintes: assistematicidade, superficialidade e acriticidade. Sendo assim, é desejável que somemos a ele

outras formas de conhecimento que possam superar, ao menos em parte, esses seus aspectos negativos.
Os conhecimentos científico e filosófico podem ser de grande ajuda.

Legenda: DESENHO ARTíSTICO (óLEO SOBRE TELA): BAILE NO MOULIN DE LA GALETTE (1876) DE PIERRE  

AUGUSTE RENOIR - MUSEU D?ORSAY, PARIS


 Conhecimento Científico.
 Conhecimento do Senso Comum.
Ele é apresentado como uma forma de conhecimento capaz de superar as inseguranças do conhecimento

Conhecimento do senso comum é o tipo de conhecimento que produzimos no “trato-prático-utlitário” do senso comum devido às suas características. No dizer de Chauí ele é uma forma de “conhecimento que

com tudo aquilo com que entramos em contato. Ou seja, é o conhecimento que todos nós produzimos no se baseia em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam

dia-a-dia de nossas vidas. internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um

“Trato-prático-utilitário” significa o lidar diariamente ou tratar praticamente com muitas coisas, objetos, trabalho racional”. (Chauí, 1995, p. 251)

fatos, situações, pessoas, tendo em vista resultados. Ao fazê-lo, produzimos ou adotamos idéias,  

concepções, interpretações, julgamentos, entendimentos e explicações. Em sendo assim e por não ser    Daí se podem deduzir algumas de suas características que são contrárias às do conhecimento do senso

muito bem analisado ou estudado por nós, apesar de ser a forma de conhecimento que mais utilizamos, O comum. São elas:

senso comum se apresenta com certa fragilidade. É, em geral, superficial, produzido sem muito cuidado
sistematicidade, ou utilização de um método rigoroso de investigação; é metódico.
ou método, sem análises críticas e um tanto fragmentado, isto é, sabemos das coisas, dos fatos, das
profundidade, isto é, que não permanece na superfície do que estuda; é profundo.
situações, das pessoas, não de maneira completa e orgânica, mas por fragmentos que não se ligam muito
criticidade, isto é, que examina continuamente as suas descobertas para obter maior garantia de sua
bem uns com os outros. Vejamos algo mais sobre estas características do conhecimento do senso
veracidade; é crítico.
comum.  
generalidade, ou busca das relações que articulam os elementos e os  fenômenos entre si; é não
fragmentado.

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  seres vivos; como entender a influência sobre nós exercida pelos grupos sociais e como,
É possível um conhecimento produzido assim, desta forma e com estas características e que dê aos seres eventualmente, submetê-la a controle; como desenvolver equipamentos e aperfeiçoar
humanos se não segurança total, ao menos uma grande segurança quanto ao que afirma sobre os fatos, seu uso; como identificar e tornar explícitos os mecanismos que regulam
sobre as coisas, os fenômenos, sobre os próprios seres humanos e o que acontece com eles? comportamentos animais (especialmente humanos); etc., etc.
A resposta pode ser sim e não. Sim: há certas afirmações produzidas pelo conhecimento científico que (...) A ciência não tenta capturar a realidade. Apenas procura torná-la inteligível.
têm grande garantia de verdade. Não: há certas afirmações do conhecimento científico que não Reconhecendo que a ciência não “reproduz” nem “captura” o real, algumas outras
apresentam grande garantia. Ao menos ainda não apresentam esta garantia. Quando se diz “ainda” quer- pessoas entenderam que a objetividade se equipararia a uma descrição completa do real.
se dizer que há possibilidade de haver tal garantia se houver continuidade nas pesquisas científicas. Isto é, Ora, não há “descrição completa” – de seja lá o que for. O melhor que podemos obter,
se houver o emprego desta forma de conhecimento metódico, profundo, crítico e não fragmentado. tendo em conta objetivos previamente fixados, é selecionar aspectos julgados relevantes
Afirmar isso significa, também, afirmar que esta é uma forma de conhecimento que apresenta enorme e, em seguida, de acordo com as necessidades, ampliar o número de aspectos
garantia de verdade. Maior do que nas outras formas de conhecimento. considerados, em busca de uma descrição satisfatória. 
Há aí, duas posições a respeito da garantia de verdade das afirmações produzidas pelo conhecimento HEGENBERG, 2001, P. 96-97
científico.
Note-se: garantia de verdade das “afirmações”. É importante salientar que todo o esforço do

conhecimento humano, nas suas diversas formas, é concluído com a produção de afirmações. Afirmar é ATIVIDADE FINAL
dizer algo a respeito de qualquer coisa, fato, situação, etc. Afirmar é produzir juízos. Veremos, mais
adiante, o que é juízo. Por enquanto fiquemos com este entendimento: juízo é toda afirmação que Afinal, o que é conhecimento?
fazemos a respeito de algo. Pois bem: o que mais queremos em relação às nossas afirmações? Parece
A. Conhecimento é produto da inconsciência humana que colhe dados pela percepção, pela
que é o seguinte: que elas sejam verdadeiras. Se forem verdadeiras nos darão segurança sobre o que
imaginação, pela memória e pela linguagem.
entendemos de tudo e nos darão segurança sobre como devemos agir em relação a tudo. Simples? Parece
B. Conhecimento é produto da consciência humana que colhe dados pela percepção, pela imaginação,
que não. Daí toda a discussão a respeito do conhecimento e de suas formas e a respeito das garantias de
pela memória e pela linguagem.
cada forma de conhecimento para a produção da verdade.
C. Conhecimento é produto da sabedoria humana que colhe dados pela percepção, pela imaginação,
   Veja este texto de um cientista brasileiro.
pela memória e pela linguagem.
 
D. Conhecimento é produto da imaginação humana que colhe dados pela percepção, pela imaginação,
pela memória e pela linguagem.
... a ciência não procura reproduzir a realidade, mas falar dela.
Sobre o conhecimento científico frente ao senso comum é correto
Contatos com certos objetos despertam em nós sensações, impressões, reações,

respostas – em suma, experiências de vários tipos. (...). Enunciados científicos afirmar que:
descrevem o que se passa no mundo e, como Einstein afirmou, certa vez, não tem
sentido supor que a descrição de uma sopa tenha o sabor da sopa... A. Ambas representam a mesma fonte de informação.

Fundamentalmente, o papel da ciência é tornar inteligível o mundo que habitamos, B. A ciência não tenta capturar a realidade. Apenas procura torná-la inteligível.

explicando o que acontece, prevendo o que poderá sobrevir. Explicar e prever, esse o C. O senso comum é sinônimo da ciência.

binômio essencial da ciência. Os enunciados científicos capacitam-nos a agir no e sobre D. Ambos são conhecimentos produzidos no dia-dia.

o mundo. Esses enunciados estabelecem o tipo de informações que podemos fixar,


receber e transmitir. São eles que permitirão saber como construir um satélite artificial, REFERÊNCIA
como identificar e combater o vírus da insuficiência imunológica adquirida; como
CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
produzir e aproveitar melhores grãos “avessos” a certas pragas; como obter clones de

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DAMASIO, Antônio. O mistério da consciência . São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

HEGENBERG, Leônidas. Saber de e saber que: alicerces da racionalidade.Petropolis: Vozes,2001.


SEVERINO, Antônio Joaquim. Educação sujeito e história . São Paulo: Olho d'agua,2001.

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