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RESUMOS PARA O TESTE

Tipos de conhecimento:
• Saber que: conhecimento teórico e conceitual adquirido através
de estudo e aprendizado formal (entendimento de factos, teorias
ou informação);
• Saber fazer: habilidade prática e experimental de realizar uma
tarefa ou atividade. Envolve a aplicação direta do conhecimento
na prática, muitas vezes adquirida através da experiência e da
repetição;
• Saber por contacto: habilidade prática adquirida através da
experiência direta e execução de tarefas.

Conhecimento: constituído por 3 condições: crença, verdade e


justificação, ou seja, um sujeito tem conhecimento proposicional de P
se acreditar em P, se P for de facto verdadeira e se tiver uma justificação
adequada para acreditar em P.
• Crença: é uma convicção ou aceitação de algo como verdadeiro,
mesmo que não haja evidências concretas ou provas definitivas
para apoiá-la. Geralmente as crenças são baseadas na fé,
experiências pessoais ou influencias culturais. A crença é
necessária para o conhecimento, mas não é suficiente. As crenças
podem ser verdadeiras ou falsas, mas só as verdadeiras podem
constituir conhecimento.
• Verdade: refere-se a algo que corresponde à realidade ou aos
factos objetivos, sendo factualmente preciso e em conformidade
com a verdade.
• Justificação: significa que uma crença ou ação possui razões ou
argumentos sólidos e lógicos que a comprovam, tornando-a
razoável e fundamentada.
Crítica de Guettier: Como sabemos antes de Gettier, a definição
comum de conhecimento era que, para alguém conhecer algo, era
necessário possuir uma crença verdadeira justificada. Gettier
apresentou situações hipotéticas em que alguém pode ter essa crença
verdadeira justificada, mas ainda assim não ter conhecimento
verdadeiro. Nos seus exemplos, a justificação pode ser acidental ou
baseada em informações falsas, o que torna a crença verdadeira
puramente por coincidência. Esses caos de Gettier demonstraram que
a definição clássica de conhecimento não era suficiente para captar a
natureza complexa do conhecimento genuíno.

Será o conhecimento possível?


Ceticismo:
• Radical: o ceticismo radical defende que não existe realmente
conhecimento e que aquilo a que chamamos de conhecimento
não passa de uma ilusão
• Moderado: o ceticismo moderado é regional ou localizado, isto é,
duvida da possibilidade de conhecimento em algumas áreas, mas
não noutras (por exemplo: pode duvidar que haja conhecimento
na estética e na ética, mas não na matemática e na física).

Racionalismo de Descartes: esta foi uma abordagem filosófica que


enfatizou a primazia da razão como fonte principal de conhecimento e
a busca pela certeza e clareza nas ideias. Descartes procurou refutar o
ceticismo e estabelecer os fundamentos das ciências e do
conhecimento em geral. Para isso tentou criar uma crença indubitável
(totalmente certa), recorrendo à dúvida metódica. Este método baseia-
se em duvidar para alcançar a certeza, duvidar até encontrar uma ideia
tão certa que resista a todas as dúvidas. O Cogito ("Penso, logo existo")
é a primeira certeza encontrada por Descartes, sendo indubitável e
básica (autojustifica-se).

1. Dúvida Metódica: este filósofo acreditava que muitas das


crenças e conhecimentos adquiridos através dos sentidos eram
incertos e podiam ser ilusórios. Para superar esse problema, ele
propôs um método de dúvida radical, no qual ele duvidava de
tudo o que não pudesse ser conhecido com certeza. O génio
maligno é uma entidade imaginada e fictícia que representa a
possibilidade de um ser malicio, que esteja constantemente a
enganar-nos e a distorcer a realidade. Descartes usou o
ceticismo do génio maligno como uma ferramenta para duvidar
de todas as suas crenças e perceções, até que ele pudesse
encontrar uma base sólida e indubitável para o conhecimento.
2. Cogito, ergo sum: Ao duvidar de tudo, Descartes percebeu que
havia uma coisa que não podia ser duvidada: o facto de que ele
estava a pensar. Portanto, concluiu que, se está a pensar,
necessariamente existe. Daí a famosa afirmação "Penso, logo
existo". Esta é a certeza básica e indubitável em que Descartes
construiu o seu sistema filosófico.
3. Método analítico e sintético: Descartes defendia um método
de investigação que envolvia a análise e a decomposição de
problemas em partes mais simples (método analítico) e a
posterior síntese das partes para entender o todo (método
sintético). Isso refletia a sua procura pela clareza e certeza na
aquisição de conhecimento.
4. Deus como garantia da veracidade das ideias: Para Descartes,
a existência de Deus era crucial para garantir a veracidade das
ideias. Ele argumentava que, como Deus é um ser perfeito e
benevolente, não permitiria que as nossas mentes fossem
enganadas quanto às verdades fundamentais.

Para Descartes, o problema da origem do conhecimento pode ser


respondido através dos três tipos de ideias que o ser humano tem:
• Ideias inatas: são ideias que já nascem connosco, ou seja, ideias
com as quais a nossa mente, ou razão, já vem equipada. Não
derivam, por isso, da experiência. Por exemplo: a ideia de
perfeição, de infinito, de Deus, etc.
• Ideias adventícias: têm origem nas experiências, ou seja, nas
sensações fornecidas pelos sentidos. Por exemplo: a ideia de uma
flor, de um carro, etc.
• Ideias factícias: são criadas pela imaginação, usando como
materiais as outras ideias. São, portanto, ideias forjadas. Por
exemplo: a ideia de unicórnio, de lobisomem, etc.
Empirismo e ceticismo de Hume: sustenta que o conhecimento
deriva principalmente da experiência sensorial e da observação do
mundo exterior. Segundo os empiristas, as ideias e conceitos foram
formados a partir da experiência direta ou posteriori, em contraposição
à razão pura ou a priori. Os empiristas acreditam que a mente humana
é inicialmente uma "tabla rasa" ou um "papel em branco" (tabula rasa),
e que as ideias e o conhecimento são adquiridos através da perceção
sensorial, da introspeção e da reflexão sobre a experiência. John Locke,
George Berkeley e David Hume são filósofos destacados associados ao
empirismo.
Hume declarou ter sido um cético moderado. Este filósofo afirmou que
tudo o que possamos tentar conhecer divide-se em relações de ideias
e questões de facto. As relações de ideias podem ser percebidas a
priori (por intuição ou dedução), são verdades necessárias e são certas.
As questões de facto só podem ser percebidas a posteriori, são
verdades acidentais e são apenas prováveis.
Dogmatismo: esta teoria filosófica de Immanuel Kant propõe uma
síntese entre o empirismo e o racionalismo, distinguindo entre juízos
analíticos, sintéticos a posteriori e sintéticos a priori. Kant argumenta
que a nossa experiência é moldada por estruturas inatas da mente
humana e que existem limites para o que podemos conhecer. Para
Kant, o conhecimento é adquirido por meio da interação entre o objeto
e o sujeito e tem como ponto de partida o interesse do indivíduo em
aprender sobre o objeto, ou seja, Kant coloca o sujeito como peça
principal numa relação cognitiva.

Kant critica o racionalismo e o empirismo, pois defende que ambas as


doutrinas não consideram o papel ativo da pessoa no processo de
aquisição do conhecimento. Dessa forma, Kant estabelece limites para
o intelecto humano em relação ao conhecimento. Diferente de uma
perspetiva ceticista, Kant acredita na possibilidade do conhecimento,
mas defende que o indivíduo tem um conteúdo sensível a partir do
qual ele capta e interpreta informações. Isso significa que um
pensamento não pode ser explicado com elementos externos ao
indivíduo, mas deve ser relacionado com o próprio funcionamento da
sua mente.
Ao contrário do empirismo e do racionalismo, que defendem que o
conhecimento é fruto exclusivamente da experiência e da razão,
respetivamente, Kant propõe que os indivíduos possuem
conhecimentos "a priori" e a "posteriori".

• A priori: é o conhecimento anterior à experiência, são as noções


puras de entendimento, aquelas capacidades que o indivíduo tem
desde que nasce.

• A posteriori: por sua vez, é o conhecimento que vem após a


experiência. Exemplo: a capacidade de aprender um outro idioma
é um conhecimento "a priori", já o aprendizado da língua em si é
um conhecimento "a posteriori".

Ciência: sistema de conhecimento baseado em observações,


experimentações, teorias e métodos sistemáticos usados para
compreender o mundo natural. Ela procura explicar fenômenos,
descobrir padrões, fazer previsões e ampliar o nosso entendimento
sobre o universo, sejam eles relacionados à natureza, ao cosmos, aos
seres vivos ou a fenômenos físicos e químicos. A ciência é caracterizada
por alguns princípios fundamentais:
A ciência abrange diversas áreas, como a física, química, biologia,
astronomia, geologia, entre outras. Esta tem contribuído
significativamente para o avanço da humanidade, fornecendo
conhecimentos e tecnologias que impactam a sociedade, a medicina, a
tecnologia e muitos outros campos. É importante ressaltar que a ciência
está em constante evolução, com novas descobertas, teorias revisadas
e métodos aprimorados à medida que expandimos nosso
conhecimento e compreensão do mundo ao nosso redor.
O que difere a ciência da filosofia é a experiência. A filosofia não é
experimentável enquanto a ciência necessita dela. Embora tenhamos a
ideia de que a ciência é produtora da verdade, esta não é uma
afirmação válida. A ciência é uma fonte de conhecimento rigoroso, não
necessariamente verdadeiro, devido a uma análise crítica contínua e
repetida dos resultados obtidos regularmente, tendo os dados que ser
validade por toda uma comunidade de cientistas, distinguindo-se da
filosofia, na medida em que, nesta, cada um apoia o que acredita.
Problema da demarcação: significa perguntar se é possível encontrar
um critério de cientificidade. Este permitirá dizer quais são as
características que as teorias devem ter para serem consideradas
científicas. Este problema é um conceito filosófico proposto pelo
filósofo da ciência Karl Popper, que questiona a distinção entre ciência
e não-ciência, ou entre o que é considerado científico e o que não é. O
cerne desse problema reside na busca por um critério preciso e
universalmente aplicável para distinguir teorias científicas válidas
daquelas que não são científicas.
O dilema surge na dificuldade de estabelecer uma fronteira clara entre
o que é passível de falsificação e o que não é. Nem todas as áreas do
conhecimento ou todas as teorias se encaixam facilmente nesse
critério. Por exemplo, algumas ideias na física teórica ou na cosmologia
podem ser desafiadoras de testar empiricamente no momento de sua
formulação devido às limitações tecnológicas ou à falta de métodos
experimentais adequados. Assim, o problema da demarcação destaca
a complexidade em definir critérios absolutos para distinguir o que é
científico do que não é, levando os filósofos da ciência a debater e
refletir sobre as fronteiras e os limites do conhecimento científico.

Temos como ponto de partida para esta barreira o senso comum. O


senso comum ou muitas vezes chamado de conhecimento vulgar
baseia-se na experiência de vida e nas tradições e é um saber
essencialmente prático que permite enfrentar os problemas
quotidianos. Pode variar de pessoa para pessoa e habitualmente é
utilizado sem uma preocupação sistemática de rigor e de justificação. O
conhecimento vulgar é um tipo de conhecimento muitas vezes errado
por ser vago, não rigoroso e assistemático. Frequentemente são teorias
e crenças em que a população acredita, mas que não tem uma base
sólida e fidedigna, com uma testagem e aprovação antecipada.
Colocar o problema da demarcação é importante por várias razões
fundamentais:
1. Clareza na definição da ciência: Estabelecer critérios claros para
distinguir o que é considerado ciência do que não é, é crucial
para delimitar os limites do conhecimento científico. Isso ajuda a
evitar a confusão entre áreas de estudo científico legítimo e
aquelas que podem carecer de fundamentos empíricos ou
lógicos.
2. Discernimento epistemológico: Ao questionar e debater sobre
os critérios de demarcação, os filósofos da ciência e os cientistas
podem aprimorar a sua compreensão sobre os princípios
fundamentais que diferenciam uma teoria científica válida de
outras formas de conhecimento, como crenças pessoais,
pseudociência ou especulação não fundamentada.
3. Desenvolvimento e avaliação de teorias: Ter critérios claros
para distinguir entre teorias científicas e não científicas é crucial
para o progresso da ciência. Ajuda os cientistas a avaliarem
teorias propostas, incentivando a formulação de hipóteses e
teorias que sejam testáveis, passíveis de refutação e, assim, mais
robustas e confiáveis.

Positivismo lógico: esta teoria defendida por Ayer e Carnap é


constituída pela verificação e pela confirmação.
• Verificação: diz-nos que uma teoria só é científica se for
constituída por afirmações empiricamente verificáveis, ou seja,
quando se pode conceber experiências que estabeleçam
conclusivamente a sua verdade ou falsidade e que uma frase só
tem significado se nós conseguirmos fazer a sua verificação.
• Confirmação: esta é um princípio complementar e adjacente à
verificação, esta diz-nos que não é preciso verificar e abranger a
totalidade dos casos, apenas os suficientes para obter um
conhecimento científico verdadeiro.
Falsificabilidade: A refutar e rejeitar a verificação e a confirmação
temos Popper como falsificacionista, que diz que estas duas
ferramentas não permitem distinguir a ciência da não ciência. Popper
argumentou que a principal distinção entre teorias científicas de não-
científicas é que uma teoria científica deve ser falsificável, ou seja, deve
ser possível testar empiricamente para mostrar que está errada. De
acordo com a sua visão, uma teoria que não pode ser refutada por
evidências observacionais não é científica, mas sim metafísica ou
pseudocientífica.

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