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O conhecimento é uma relação que se verifica entre um sujeito (o que conhece, cognoscente) e um objeto
(que é conhecido). No ato de conhecer, um sujeito apreende um objeto. Mas pode acontecer que o sujeito
e o objeto coincidam, por exemplo, quando uma pessoa (sujeito) se conhece a si mesma (objeto), ou
conhece alguma característica de si mesma.
A crença, a verdade e a justificação são as condições necessárias para o conhecimento. (É possível ter
crenças verdadeiras ou falsas, justificadas ou injustificadas.)
★ Compreender os contra exemplos de Gettier.
A crença, a verdade e a justificação não são condições necessárias para haver conhecimento, pois a
crença é verdadeira apenas em resultado da sorte, do acaso ou de mera coincidência ou as crenças
verdadeiras podem ser justificadas acidentalmente.
Questões: Que outra ou outras condições são necessárias para haver conhecimento?
Será que as três condições são todas elas necessárias para haver conhecimento?
O ceticismo radical nega a possibilidade do conhecimento. Isto significa que, mesmo que algumas das
nossas crenças sejam verdadeiras, não temos justificações suficientes para mostrar essa verdade, pois
as justificações são sempre falíveis e insuficientes, ou seja, não temos maneira de saber se elas são
verdadeiras ou falsas e que não sabemos aquilo que pensamos saber. O ceticismo moderado diz que o
conhecimento é possível, porém há limites no conhecimento e/ou que o saber é apenas provável.
Conhecimento a priori: conhecimento que pode ser obtido independentemente da experiência sensível, ou
seja, apenas através da razão ou do pensamento. A justificação das crenças tem por base unicamente a
razão ou o pensamento. Exemplos: 2+2=4.
O conhecimento a priori tem um papel fundamental e é obtido por intuição e pelo raciocínio. O inatismo
é a perspectiva segundo a qual algum do nosso conhecimento é inato.
Conhecimento a posteriori: conhecimento que não pode ser obtido independentemente da experiência
sensível, ou seja, é necessário recorrer aos sentidos para o obter (conhecimento empírico). A
justificação das crenças tem por base a experiência sensível. Exemplos: A neve é branca.
Descartes foi um filósofo racionalista e que considerava que a razão é a fonte principal de
conhecimento: há crenças que a razão, e apenas a razão, é capaz de justificar. É na razão que se
encontra o fundamento do conhecimento. Descartes pretendeu justamente mostrar que o conhecimento
é possível e que, por conseguinte, os céticos radicais não têm razão e os seus argumentos devem ser
abandonados.
Método: as regras certas e fáceis que permitem a quem as observar de modo exato nunca tomar por
verdadeiro algo de falso e deve guiar o espírito no exercício das duas operações fundamentais do
entendimento:
Fundacionalismo: perspectiva segundo a qual o conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que
se ergue a partir de fundamentos certos, seguros e indubitáveis, ou seja, encontramo-nos perante um
processo em que umas crenças justificam outras.
● Crenças básicas: elas são o fundamento do conhecimento, logo que suportam o sistema de
saber, justificam-se a si mesmas e autoevidentes, que permitem evitar a regressão infinita da
justificação.
● Crenças não básicas: não são autoevidentes e são justificadas por outras.
★ Compreender a importância da dúvida em todo o sistema cartesiano.
Dúvida metódica: recusar (ou tomar como falsas) todas as crenças em relação às quais se levante a
mínima suspeita de dúvida ou de incerteza. A dúvida é posta ao serviço da verdade e da procura de uma
justificação para as nossas crenças e é necessário colocar tudo em causa, no processo de busca dos
princípios ou crenças fundamentais e indubitáveis, na busca de um conhecimento absolutamente seguro
e Descartes entende que só há conhecimento se houver certezas e que será necessário encontrar
verdades indubitáveis. Só desse modo é possível estabelecer um fundamento sólido para as ciências.
Descartes toma assim uma perspectiva infalibilista, o conhecimento é incompatível com a possibilidade
do erro: as justificações para as nossas crenças terão de garantir a verdade de tais crenças. Se
alguma crença resistir à dúvida, poderá ser a base ou o fundamento para outras crenças. Uma crença
fundacional permitirá evitar a regressão infinita da justificação.
★ Analisar os vários níveis da dúvida (argumento das ilusões dos sentidos, argumento do
sonho e argumento do gênio maligno).
● Ilusões e enganos dos sentidos: os sentidos por vezes enganam-nos iludem-nos, e é prudente
nunca confiar totalmente naqueles que nos enganaram, mesmo que só uma vez.
● Falta de critério para distinguir o sonho da vigília: dado que não sabemos se estamos a sonhar,
não temos justificação para acreditar que estamos despertos. Assim, também não sabemos se
as nossas percepções sensíveis são ou não ilusórias.
● Enganos e erros de raciocínio: alguns seres humanos enganaram-se e cometeram erros ao
raciocinar, inclusive nas questões mais simples da geometria e da matemática em geral.
● Hipótese da existência de um deus enganador ou génio maligno: pode existir um ser poderoso que
faz com que estejamos sempre enganados: no tocante às verdades e às demonstrações das
matemáticas, às crenças sobre os objetos físicos, e à própria existência do mundo exterior.
★ Enunciar e compreender as características da dúvida.
Características da dúvida:
Dúvida possui uma função catártica e liberta o espírito dos erros que o podem perturbar ao longo do
processo de indagação da verdade. Permite que nos libertemos dos juízos precipitados que formulamos na
infância, dos preconceitos adquiridos, das opiniões erróneas, da confiança cega nas informações dos
sentidos, assim como da tradição e da autoridade.
Descartes adotou, como regra geral, a ideia de que é verdadeiro tudo o que concebemos muito
claramente e muito distintamente. Cogite fornece assim um critério de verdade, que consiste:
-Na clareza: diz respeito à presença da idéia à mente que a considera com atenção.
-Na distinção das ideias: equivale à separação de uma ideia relativamente a outras, de modo que ela não
contenha elementos que não lhe pertençam.
Deste modo, a natureza do sujeito consiste no pensamento. O pensamento refere-se a toda a atividade
consciente. O eu é uma coisa que pensa, quer dizer, duvida, que afirma, que nega, que conhece poucas
coisas, que ignora muitas, que quer, que não quer, que também imagina, e que sente. Não sabemos se o
corpo existe ou não.
COGITO:
Do cogito a Deus
● Adventícias: têm origem na experiência sensível, nas impressões que os objetos físicos causam
nos sentidos. Exemplos: ideias de cavalo e de rio
● Factícias: são fabricadas pela imaginação, a partir de outras ideias. Exemplos: ideias de
centauro e de sereia.
● Inatas: São ideias constitutivas da própria razão e já as possuímos à nascença. Exemplos:
ideias de triângulo e de Deus.
Ideia de ser perfeito: Um ser omnisciente, sumamente inteligente, infinito, eterno, independente,
omnipotente, sumamente bom e criador de toda a realidade. Esta ideia serve de ponto de partida para a
investigação relativa à existência de Deus.
-Provada a existência de Deus, Descartes irá deduzir muitas verdades, provando igualmente a existência
do corpo e de um mundo exterior. Será agora possível construir o edifício do conhecimento e superar
todos os argumentos dos céticos radicais