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Racionalismo

cartesiano
Uma teoria acerca da origem, possibilidade
e limites do conhecimento.
Racionalismo
Um dos mais ilustres representantes do
racionalismo é René Descartes (1596-1650).
René Descartes foi filósofo, físico e
matemático francês. Designado como
fundador da filosofia moderna e «pai» da
matemática moderna, foi um dos pensadores
mais influentes da história da cultura
ocidental.

OBRAS: Discurso do Método para bem


conduzir a própria razão e procurar a
verdade nas ciências; Regras para a
Direção do Espírito; Meditações sobre a
Filosofia Primeira; Princípios da Filosofia.
Racionalismo
Primado da razão: Descartes opta por se apoiar na
razão, e só nela, já que os sentidos e a imaginação são
enganadores (já nos enganaram no passado).
A razão torna-se na verdadeira e única fonte de
conhecimento seguro, a única fonte capaz de garantir
um conhecimento que mereça na realidade este nome,
um conhecimento capaz de resistir a qualquer dúvida.
Porque já descobrimos inúmeras vezes que o
conhecimento que temos está errado, não podemos
guiar-nos por ele.
Racionalismo

O PROJETO CARTESIANO
Racionalismo
Descartes combateu o ceticismo reinante e reabilitou a razão
como meio para alcançar a verdade.

Atribuindo grande valor à razão, Descartes procurou os


fundamentos metafísicos do conhecimento (os primeiros princípios
ou bases seguras para a construção do conhecimento indubitável).
O seu objetivo era encontrar um fundamento seguro e indubitável
para o conhecimento.

Descartes criou um método universal para conduzir a razão na


procura da verdade que inclui a dúvida (dúvida metódica).
Racionalismo

O MÉTODO CARTESIANO
Racionalismo

Partindo da DÚVIDA devemos seguir um


MÉTODO que assegure o conhecimento
verdadeiro.
Racionalismo
MÉTODO INSPIRADO NA MATEMÁTICA, PARA GUIAR A
RAZÃO NA CONQUISTA DA VERDADE.

1ª regra - EVIDÊNCIA: Nunca aceitar coisa alguma


por verdadeira sem que a conhecesse evidentemente
como tal, ou seja, evitar cuidadosamente a
precipitação e a prevenção, e não incluir nada mais
nos meus juízos senão o que se apresentasse tão
claramente e tão distintamente ao meu espírito, que
não tivesse nenhuma ocasião de o pôr em dúvida.
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CLARO: conhecimento presente ao espírito.

DISTINTO: conhecimento separado de outros


em que a ele não estão associados elementos
que não lhe pertencem.
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2ª regra - ANÁLISE: dividir cada uma das


dificuldades que examinava em tantas parcelas
quantas fosse possível e fosse necessário, para
melhor as resolver.
Racionalismo

3ª regra - SÍNTESE: Conduzir por ordem os meus


pensamentos, começando pelos objetos mais simples
e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco,
gradualmente, até ao conhecimento dos mais
complexos, não deixando de supor certa ordem entre
aqueles que não se sucedem naturalmente uns aos
outros.
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4ª regra - ENUMERAÇÃO: Fazer sempre


enumerações tão completas e revisões tão gerais,
que tivesse a certeza de nada omitir.
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As quatro regras do método cartesiano:

Só devemos aceitar como verdadeiro o que se apresenta à razão


EVIDÊNCIA
como absolutamente evidente.

Na análise dos problemas devemos dividi-los em elementos


ANÁLISE
simples para os compreendermos melhor.

Depois de divididos os problemas, devemos ordená-los do mais


SÍNTESE
simples para o mais complexo.

Por fim, devemos proceder a uma enumeração completa do


ENUMERAÇÃO problema para nos certificarmos de que não houve qualquer
omissão.
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A DÚVIDA CARTESIANA
OU DÚVIDA METÓDICA
Racionalismo

A dúvida é instrumento da razão, método ou meio


para encontrar a verdade que é evidente (claro e
distinto). Duvidar de tudo em que encontremos a
mínima suspeita de incerteza, pelo menos uma vez na
vida, para alcançar princípios evidentes e bases
seguras para o conhecimento credível e assim provar
a insustentabilidade do próprio ceticismo. A dúvida
pode não nos levar à verdade, mas permite evitar o
erro.
Racionalismo
Características da dúvida cartesiana:

A Dúvida é metódica: instrumento de trabalho, meio


para descobrir o absolutamente certo, exercida
sistematicamente a fim de nunca aceitar como verdadeiro
aquilo que não for claro e distinto e, portanto, evidente.
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A Dúvida é provisória: persiste até Descartes encontrar a
primeira certeza ou conhecimento indubitável e evidente, e, depois,
outros. Não é um fim em si mesma. Descartes não é um cético,
pelo contrário, combate o ceticismo no seu terreno. Com a dúvida
visa ultrapassar o ceticismo e chegar à primeira certeza.

A Dúvida é universal: incide sobre tudo; nada lhe escapa.


Incide não só sobre o conhecimento em geral, como também sobre
os seus fundamentos. Excetuam-se as Verdades da Revelação.
Racionalismo
A Dúvida é hiperbólica: exagerada. Não só põe tudo
em dúvida como rejeita como falso tudo aquilo em que se
manifeste a menor dúvida.

A Dúvida é voluntária: decisão consciente que permite


que nos libertemos de preconceitos e opiniões erróneas, a fim
de ser possível reconstruir, com fundamentos sólidos, o
edifício do saber.

A Dúvida é metafísica: porque supõe ou coloca a


hipótese de um deus enganador ou génio maligno que
constante e deliberadamente nos engana, tomando nós por
verdadeiro o que é falso, acreditando no que não existe ou
que é apenas uma ilusão.
Características da dúvida

Metódica e Universal e
Hiperbólica Voluntária
provisória radical

É um meio para Incide sobre todas


É uma dúvida
atingir, de modo as nossas crenças
exagerada ou
organizado, um (a priori e a
levada ao extremo. Não é uma dúvida
conhecimento posteriori) e põe em
Considera como sofrida em termos
seguro, a certeza e questão a
falso tudo aquilo psicológicos, mas
a verdade, não possibilidade de
que for meramente sim artificial e
constituindo um fim construir o
duvidoso ou em que estabelecida
em si mesma. conhecimento (as
se note a mínima livremente.
Mantém-se apenas faculdades do
suspeita de
até se descobrir conhecimento são
incerteza.
algo indubitável. postas em causa).
Racionalismo

RAZÕES PARA DUVIDAR


Racionalismo

Para concretizar os seus propósitos, Descartes não


precisou de examinar cada crença isoladamente (tarefa
que seria interminável). Se decidirmos rejeitar todas as
crenças minimamente duvidosas, basta debruçarmo-nos
sobre as principais fontes das nossas crenças: os sentidos
e a razão. Se detetarmos o menor grau de dúvida numa
dessas fontes, temos uma justificação para rejeitar todas as
crenças que dela provenham.
RAZÕES PARA DUVIDAR:

As ilusões dos sentidos


As ilusões dos sentidos
- Porque os sentidos nos enganam e «seria imprudência
confiar demasiado naqueles que nos enganaram, mesmo
quando tivesse sido só uma vez»;

Sem dúvida, tudo aquilo que até ao presente admiti como


maximamente verdadeiro foi dos sentidos ou por meio dos
sentidos que o recebi. Porém, descobri que eles por vezes nos
enganam, e é de prudência nunca confiar totalmente naqueles
que, mesmo uma só vez, nos enganaram.
René Descartes (1641). Meditações sobre a Filosofia Primeira.

Os sentidos não são uma fonte segura de conhecimento.


As ilusões dos sentidos

O ARGUMENTO:

1) Os nossos sentidos enganam-nos algumas vezes.


2) Se os nossos sentidos nos enganam, então não podemos
saber se nos estão a enganar neste momento ou não.
3) Se não podemos saber se os nossos sentidos nos estão a
enganar, então não podemos confiar neles.
4) Logo, não podemos confiar nos sentidos.
RAZÕES PARA DUVIDAR:

A indistinção vigília-sono
A indistinção vigília-sono
Com efeito, quantas vezes me acontece que, durante o repouso noturno, me
deixo persuadir de coisas tão habituais como que estou aqui, com o roupão
vestido, sentado à lareira, quando, todavia, estou estendido na cama e
despido! Mas agora, observo este papel seguramente com os olhos
abertos, esta cabeça que movo não está a dormir, voluntária e
conscientemente estendo esta mão e sinto-a: o que acontece quando se
dorme não parece tão distinto. Como se não me lembrasse de já ter sido
enganado em sonhos por pensamentos semelhantes! Por isso, se reflito
mais atentamente, vejo com clareza que vigília e sono nunca se podem
distinguir por sinais seguros.
René Descartes (1641). Meditações sobre a Filosofia Primeira.

Não podemos distinguir de forma segura as experiências que


temos quando estamos acordados daquelas que temos nos
nossos sonhos.
A indistinção vigília-sono

Devemos duvidar da experiência sensível pois, por vezes,


acreditamos que estamos a ter uma determinada
experiência, quando na realidade estamos a sonhar.

Não temos um critério ou processo seguro que nos permita


distinguir as experiências que temos durante o sonho
daquelas que temos quando estamos de vigília. Quando
sonhamos, misturamos diversas experiências do mundo
físico, que, mesmo que sejam enganadoras, se baseiam na
existência de um mundo exterior. Desta forma, as realidades
físicas parecem-nos muito reais, como se estivéssemos
acordados.
A indistinção vigília-sono
ARGUMENTO DA INDISTINÇÃO VIGÍLIA-SONO

1) Não podemos distinguir por nenhum sinal seguro as experiências que


temos durante os sonhos daquelas que temos durante o estado de
vigília.
2) Se não podemos distinguir por nenhum sinal seguro as experiências
que temos durante os sonhos daquelas que temos durante o estado
de vigília, então as crenças que formamos a partir da experiência
sensível não estão devidamente justificadas.
3) Se as crenças que formamos a partir da experiência sensível não estão
devidamente justificadas, então não podem constituir conhecimento.
4) Logo, as crenças que formamos a partir da experiência sensível não
podem constituir conhecimento.

O argumento é válido, com premissas plausíveis.


RAZÕES PARA DUVIDAR:

ERROS DE RACIOCÍNIO
ERROS DE RACIOCÍNIO

E porque há homens que se enganam ao raciocinar, mesmo a propósito dos


mais simples temas de geometria […], ao considerar que eu estava sujeito a
enganar-me como qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões de que
anteriormente me servira nas demonstrações.
René Descartes (1637). Discurso do Método.

Não podemos confiar nos nossos raciocínios.


ERROS DE RACIOCÍNIO

1) Podemos cometer erros mesmo nos raciocínios mais simples.

2) Se podemos cometer erros mesmo nos raciocínios mais simples,


então não podemos justificadamente acreditar em crenças que
tenham origem no nosso raciocínio.

3) Logo, não podemos justificadamente acreditar em crenças que


tenham origem no nosso raciocínio.

As premissas são plausíveis porque é um facto que, por vezes nos


enganamos, por exemplo, a fazer contas ou cálculos de raciocínio. Então,
não podemos confiar no que alcançamos pelo raciocínio. Conclui-se que
rejeitemos como falso o que foi alcançado pelo raciocínio.
RAZÕES PARA DUVIDAR:

A HIPÓTESE DO GÉNIO MALIGNO


A HIPÓTESE DO GÉNIO MALIGNO

A hipótese do génio maligno é uma experiência mental que consiste na


suposição de que existe um ser tão poderoso quanto perverso, ser mal
intencionado, uma espécie de génio maligno, que se diverte a usar os seus
poderes para nos induzir em erro relativamente a tudo.
A HIPÓTESE DO GÉNIO MALIGNO

Vou supor, por consequência, não o Deus sumamente bom, fonte da


verdade, mas um certo génio maligno, ao mesmo tempo extremamente
poderoso e astuto, que pusesse toda a sua indústria em me enganar. Vou
acreditar que o céu, a terra, as cores, as figuras, os sons, e todas as
coisas exteriores não são mais do que ilusões de sonhos com que ele
arma ciladas à minha credulidade. Vou considerar-me a mim próprio
como não tendo mãos, não tendo olhos, nem carne, nem sangue, nem
sentidos, mas crendo falsamente possuir tudo isto. […]
Por conseguinte, suponho que é falso tudo o que vejo. Creio que nunca
existiu nada daquilo que a memória enganadora representa. Não tenho,
absolutamente, sentidos; o corpo, a figura, a extensão, o movimento e o
lugar são quimeras. Então, o que será verdadeiro? Provavelmente uma só
coisa: que nada é certo.
René Descartes (1641). Meditações sobre a Filosofia Primeira.
A HIPÓTESE DO GÉNIO MALIGNO

Enquanto a hipótese do Génio Maligno não for afastada, não podemos estar
certos de nada, de que quer as crenças que têm origem na experiência
sensível, quer as que têm origem no raciocínio, não sejam mais do que
maquinações do Génio Maligno. Eis o argumento:

1) Não podemos saber se existe um Génio Maligno.


2) Se não podemos saber se existe um tal Génio Maligno, então não
temos justificação para acreditar que as nossas crenças não têm
origem nas suas maquinações.
3) Se não temos justificação para acreditar que as nossas crenças não
têm origem nas maquinações de um tal Génio Maligno, então não
temos conhecimento.
4) Logo, não temos conhecimento.
RAZÕES PARA DUVIDAR:

As ilusões dos sentidos

A indistinção vigília-sono

Erros de raciocínio

A hipótese do génio maligno


Razões para duvidar

Hipótese
Falta de critério da existência de
Ilusões e Enganos e
para distinguir um
enganos dos erros de
o sonho da deus enganador
sentidos raciocínio
vigília ou
génio maligno

Dado que não Pode existir um ser


sabemos se Alguns seres poderoso que faz
Os sentidos por estamos a sonhar, humanos com que estejamos
vezes enganam-nos não temos enganaram-se e sempre enganados:
iludem-nos, e é justificação para cometerem erros ao no tocante às
prudente nunca acreditar que raciocinar, inclusive verdades e às
confiar totalmente estamos despertos. nas questões mais demonstrações das
naqueles que nos Assim, também não simples da matemáticas, às
enganaram, mesmo sabemos se as geometria e da crenças sobre os
que só uma vez. nossas perceções matemática em objetos físicos, e à
sensíveis são ou geral. própria existência
não ilusórias. do mundo exterior.
A dúvida de Descartes vai até às últimas
consequências. Considerar errado e/ou falso tudo
aquilo sobre o qual recaia a menor dúvida.
Procura eliminar toda a possibilidade de erro. Este
é o ponto de partida para se obter o primeiro
conhecimento seguro.
Dúvida

Possui uma função catártica.

Liberta o espírito dos erros que o podem perturbar ao longo


do processo de indagação da verdade.

Permite que nos libertemos dos juízos precipitados que


formulámos na infância, dos preconceitos adquiridos, das
opiniões erróneas, da confiança cega nas informações dos
sentidos, assim como da tradição e da autoridade.
O COGITO
O COGITO

Mas, logo a seguir, notei que, enquanto assim queria pensar que
tudo era falso, era de todo necessário que eu, que o pensava,
fosse alguma coisa. E notando que esta verdade: penso, logo
existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes
suposições dos céticos não eram capazes de a abalar, julguei que a
podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia
que procurava.
René Descartes (1637). Discurso do Método.

“Penso; logo, existo!”, cogito, ergo sum, é uma crença


absolutamente certa e indubitável.
O COGITO
O COGITO

O ARGUMENTO:

1) Se fosse verdade que nada se pode saber, então nem


sequer poderíamos saber que existimos.
2) Mas sabemos que existimos (essa ideia não pode ser
seriamente posta em causa).
3) Logo, é falso que nada se pode saber.
O COGITO

O exercício da dúvida faz surgir a primeira verdade


incontestável, indubitável ou primeiro princípio da filosofia
cartesiana: a existência daquele que duvida e enquanto
duvida (pensa), expresso na frase COGITO, ERGO SUM,
PENSO, LOGO EXISTO.

O COGITO é obtido por intuição, isto é, a existência não se


conclui do pensamento (o que é sugerido pelo princípio),
antes é apreendida em simultâneo com ele.
Causa repugnância imaginar que aquele que duvida possa
não existir, pois para duvidar é preciso pensar e para
pensar é preciso existir: penso, logo existo. O cogito (o eu
pensante) é, pois, a primeira verdade que emerge do
método cartesiano e constitui-se como pilar central do
conhecimento. É a primeira crença básica e autoevidente.

DUVIDO PENSO EXISTO

PENSO, LOGO EXISTO.


O COGITO é uma intuição racional, isto é, uma evidência
que se impõe ao espírito humano de forma absolutamente
clara e distinta (a evidência é o critério de verdade).

O COGITO é:
 Uma verdade absolutamente primeira, a primeira certeza
de Descartes;
 Uma verdade estritamente racional;
 Uma verdade exclusivamente a priori;
 Uma verdade indubitável;
 Uma verdade evidente, uma ideia clara e distinta;
O COGITO

Funções do cogito:
 Permite ultrapassar o ceticismo radical e demonstrar
que é possível conhecer;
 Funda na razão a origem do conhecimento seguro;

O cogito resiste à hipótese do génio maligno e sai reforçado


perante essa hipótese: se eu pensar que não existo, logo
penso, logo existo.
A IMPORTÂNCIA DO COGITO

O cogito é uma crença básica, autoevidente, primeira evidência


que não precisa de ser justificada com base noutras crenças.
O cogito pode estabelecer-se como o fundamento seguro para o
conhecimento que Descartes procurava.
Assim, o cogito representa um triunfo sobre o ceticismo: trava a
regressão infinita na cadeia de justificações.
O cogito pode ser conhecido a priori, pois basta-me pensar para
saber que esta proposição é verdadeira e fornece-nos informação
acerca do mundo, a saber, diz-nos que existe pelo menos um ser
pensante.
O cogito é também um modelo daquilo que deve ser considerado
verdadeiro, ou seja, oferece um critério de verdade: a evidência
(clareza e distinção).
Apesar de evidente, o COGITO não é suficiente para fundamentar o
edifício do saber. A certeza e 1ª verdade, Penso, logo existo, é uma
certeza subjetiva. Existe aquele que duvida e enquanto duvida –
sou substância pensante ou res cogitans, mente, substância
imaterial que existe independentemente do corpo e distinta dele.
Aquele que duvida existe enquanto pensamento. Ver texto “Ser
pensante”
“Depois, examinando atentamente o que eu era e vendo que podia supor
que não tinha corpo algum e que não havia nenhum mundo, nem
qualquer lugar onde eu existisse; mas que não podia fingir, para isso, que
eu não existia; e que, pelo contrário, justamente porque
pensava, ao duvidar da verdade das outras coisas, seguia-se muito
evidentemente e muito certamente que eu existia [...], compreendi que era
uma substância, cuja essência ou natureza é unicamente pensar e que,
para existir, não precisa de nenhum lugar nem depende
de coisa alguma material. De maneira que esse eu, isto é, a alma pela
qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo, e até mais fácil de
conhecer do que este, e ainda que este não
existisse, ela não deixaria de ser tudo o que é.”
René Descartes (1637). Discurso do Método.

Ideia-chave do texto:
Somos essencialmente uma alma, ou coisa pensante.
O dualismo cartesiano está na afirmação de que mente/alma – natureza
imaterial - e corpo – natureza material ou física - são coisas distintas.
Também se designa por dualismo mente-corpo.

P1 - Posso conceber que existo sem ter um corpo.

P2 - Não posso conceber que existo sem ter uma mente/alma.

P3 - Se posso conceber que existo sem ter um corpo, mas não posso
conceber que existo sem ter uma mente/alma, então a mente/alma não é
igual ao corpo.

C - Logo, a mente/alma não é igual ao corpo.


DUALISMO
CARTESIANO

Alma (mente) Corpo

Substância extensa
Substância pensante
(desprovida de
(desprovida de extensão)
pensamento)

DUALISMO
SUBSTANCIAL
Apesar de o cogito se assumir como modelo de verdade,
saber que existimos como mente não é ainda suficiente para
fundarmos o conhecimento de outras verdades claras e
distintas. Como se fundamenta, por exemplo, a existência do
mundo exterior e do meu corpo? E a hipótese do Génio
Maligno não está afastada!!
TIPOS DE IDEIAS
As ideias que estão presentes no pensamento de
qualquer sujeito possuem um conteúdo que representa
alguma coisa.

Três tipos de ideias: ideias adventícias, ideias


factícias ou fictícias e ideias inatas.
TIPOS DE IDEIAS
ADVENTÍCIAS FACTÍCIAS INATAS

Não dependem da Inventadas pela Parecem ter nascido connosco,


vontade e parecem vontade e pois não parecem ter sido
ser causadas por imaginação, a causadas por objetos físicos
objetos físicos partir de outras exteriores à mente nem
exteriores à mente ideias dependem da vontade (isto é, não
(exemplos: ideias (exemplos: são criadas pela nossa
de mesa, de ideias de imaginação); dependem apenas da
cadeira, de calor). sereias, de nossa capacidade de pensar, ou
Têm origem na unicórnios, de seja, correspondem a conceitos
experiência centauros). matemáticos – como os
sensível. conceitos de número, triângulo,
círculo, etc. – e a conceitos
metafísicos – como os conceitos
de substância, verdade e Deus.
São ideias a priori.
A IDEIA DE DEUS
• Entre as várias ideias que Descartes encontra na sua mente,
existe uma que se distingue de todas as outras e prende a
atenção: a ideia inata de Deus, ou a ideia de um ser perfeito,
verdadeiro, bom, infinito, criador de todas as coisas,
omnisciente e omnipotente e que servirá de ponto de partida para
a investigação relativa à existência do ser divino.
• Esta ideia é especial porque provar que Deus existe e não é
enganador talvez seja a única forma de podermos estar certos
de muitas outras coisas para além da nossa existência enquanto
pensamento, pois um criador supremo e sumamente bom não nos
teria criado de forma que estivéssemos permanentemente a ser
enganados e nunca pudéssemos conhecer a verdade.
• Descartes apresenta três provas da existência de Deus.
A ideia de Deus não pode ser adventícia, pois
tratando-se da ideia de um ser imaterial, esta não
parece ser provocada por objetos materiais exteriores
à mente. Também não pode ser uma ideia factícia
porque é uma ideia demasiado perfeita para ser criada
por um ser imperfeito que duvida e que não sabe
muitas coisas.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1ª PROVA: O ARGUMENTO DA MARCA.


Baseia-se no princípio de causalidade. Da causa da ideia de ser
perfeito em nós. O nada não pode ser causa nem o sujeito
pensante que é finito e imperfeito (porque se engana
frequentemente, tem dúvidas!) nem qualquer outro ser
imperfeito. A causa da ideia inata de Deus, ideia de ser perfeito,
não é outro senão Deus que nos colocou essa ideia no momento
da criação, como uma espécie de assinatura ou marca do
criador e que corresponde à ideia que tenho dele. O simples
facto de termos a ideia de Deus é suficiente para podermos
concluir que Deus existe.
O ARGUMENTO DA MARCA
Depois disto, tendo refletido que duvidava e que, por consequência, o meu ser
não era inteiramente perfeito, pois via claramente que conhecer é uma maior
perfeição do que duvidar, lembrei-me de procurar de onde me teria vindo o
pensamento de alguma coisa mais perfeita do que eu; e conheci, com
evidência, que se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais
perfeita. […] De maneira que restava apenas que ela tivesse sido posta em
mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que eu, e
que até tivesse em si todas as perfeições de que eu podia ter alguma ideia, isto
é, para me explicar com uma só palavra, que fosse Deus.
René Descartes (1637). Discurso do Método.

Além de mim, tem de existir um Deus ou ser


perfeito que é a origem da minha ideia de
perfeição (a ideia de Deus).
FORMULAÇÃO EXPLICITA
DO ARGUMENTO DA MARCA

1) Tenho a ideia de “ser perfeito”.

2) Se eu tenho a ideia de “ser perfeito”, é porque existe um ser perfeito


que é a origem desta ideia.

3) Ou eu mesmo sou o ser perfeito ou há outra coisa (além de mim) que


é o ser perfeito e que deu origem à minha ideia de perfeição.

4) Eu não sou perfeito.

5) Logo, existe outra coisa (além de mim) que é o ser perfeito e que
deu origem à minha ideia de perfeição.

QUE PENSAR DAS PREMISSAS??


PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

2ª PROVA: Da essência de Deus para a existência


de Deus. Argumento ontológico.
Na ideia de Deus estão todas as perfeições. A existência é
uma dessas perfeições. Portanto, Deus existe. Se não
existisse já não seria perfeito. É o chamado argumento
ontológico: da essência de Deus para a existência de Deus.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

3ª PROVA: Baseia-se no princípio de causalidade.


Argumento da causa da existência do cogito.
A causa da existência do ser pensante (finito, contingente e
imperfeito), não pode ser o próprio ser pensante. Se o fosse,
com certeza que ele daria a si mesmo as perfeições das quais
possui a ideia. Logo, a causa é Deus e, então, Deus existe.
Por outro lado, o sujeito pensante, sendo contingente porque
existe agora, mas pode não existir no momento seguinte e
nada garante que continue a existir até porque não é causa de
si mesmo, necessita de algo que o conserve na existência e
esse algo é Deus. Logo, Deus existe.
Deus é, portanto, criador e conservador do ser finito e
pensante. Deus, sendo perfeito, é causa de si mesmo.
Que não somos nós a causa de nós mesmos, mas sim Deus, e
que, por consequência, há um Deus. […] E conhecemos
facilmente que não há força alguma em nós pela qual
possamos subsistir ou conservar-nos um só momento, e que
aquele que tem tanto poder que nos faz subsistir fora dele e
nos conserva, deve conservar-se a si próprio, ou melhor, não
tem necessidade de ser conservado por quem quer que seja,
pois é Deus.
Descartes

Deus é a
Imperfeito, Não pode
causa Deus existe
finito e ser a causa
Cogito criadora e e é causa
contingente de si
conservador sui.
. próprio.
a do cogito.
Provas da existência de Deus

1-A causa da ideia 2-A existência faz 3-O sujeito pensante


de ser perfeito terá parte da essência e imperfeito não
de ser Deus. de Deus. pode existir se Deus
não existir.

Logo, Deus existe.


Racionalismo
A EXISTÊNCIA DE DEUS – A SEGUNDA IDEIA CLARA E DISTINTA

1-Se duvido sou imperfeito, logo não posso ser a causa da ideia de
perfeição.

2-A um ser perfeito não pode faltar o atributo da existência.

3-Um ser imperfeito torna necessária a existência de um ser


perfeito.

LOGO, DEUS EXISTE


1ª verdade: Penso, logo existo

2ª verdade: DEUS EXISTE


O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS
E por mais que os melhores espíritos estudem isto, tanto quanto lhes
agradar, não creio que possam apresentar alguma razão que seja
suficiente para eliminar essa dúvida, se não pressupuserem a existência
de Deus. Pois, primeiramente, aquilo mesmo que há pouco tomei como
regra, isto é, que são inteiramente verdadeiras as coisas que concebemos
muito clara e distintamente, só é certo porque Deus é ou existe, e porque
é um ser perfeito e tudo o que existe dele nos vem. Donde se segue que as
nossas ideias ou noções, sendo coisas reais e que provêm de Deus em
tudo aquilo em que são claras e distintas, unicamente podem ser
verdadeiras. René Descartes (1637). Discurso do Método.

Aquilo que concebo de forma clara e


distinta só é certo porque Deus existe.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

«Mas, desde que reconheci que existe um Deus, ao mesmo tempo


compreendi também que tudo o resto depende dele e que ele não é
enganador, e daí concluí que tudo aquilo que concebo clara e
distintamente é necessariamente verdadeiro.(…) Mas já sei que não me
posso enganar naquilo que concebo com evidência. (…) E assim vejo
perfeitamente que a certeza e a verdade de toda a ciência dependem
unicamente do conhecimento do Deus verdadeiro, a tal ponto que,
antes de o conhecer, eu não poderia saber nada, de modo perfeito, de
qualquer outra coisa.» Descartes
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Deus, que existe, é perfeito, não é enganador, não é génio


maligno, e é a garantia de que o que apreendermos com
clareza e distinção (evidência), seja através dos sentidos,
seja pelo pensamento, é verdadeiro.
Deus, que é a origem do ser (de todas as coisas), é
também o fundamento do conhecimento, conferindo valor
à ciência e validade ao conhecimento.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

DEUS

Princípio fundante da verdade objetiva de toda a realidade.

Afasta-se a hipótese do génio maligno.

Podemos confiar Reconstrução do - Corpo.


na razão quando edifício do
- Outras pessoas.
concebe ideias conhecimento certo,
claras e distintas. seguro e inabalável. - Mundo físico.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

ARGUMENTO DA GARANTIA DIVINA

1) Posso confiar naquilo que concebo de forma clara e distinta se, e


só se, Deus existe e não é enganador.

2) Deus existe e não é enganador.

3) Logo, posso confiar naquilo que concebo de forma clara e


distinta.
A existência de Deus é condição necessária e suficiente
para podermos confiar no que apreendemos com clareza
e distinção. Então, se Deus não existisse não podíamos
confiar no conhecimento.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

A ideia de Deus como garante da


ciência: se o cogito é o início do
pensamento, só Deus é o seu garante e
fundamento. Só assim a razão pode
ambicionar um conhecimento seguro,
objetivo e universalmente válido.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS

oA existência de Deus garante que:


• podemos confiar nas nossas ideias claras e distintas
atuais e passadas;
• podemos confiar nos nossos raciocínios apoiados em
premissas claras e distintas;
• o mundo material existe;
• podemos, geralmente, saber quando estamos apenas a
sonhar, ou seja, podemos distinguir a vigília do sono.
CONSEQUÊNCIAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

• A existência de Deus permite ultrapassar a hipótese do


génio maligno, pois um ser perfeito não pode ser enganador.

• Se Deus não engana, então o mundo físico existe.

• As provas da existência de Deus constituem-se como um


passo importante para a sustentação do conhecimento de
outras realidades.

• A existência de Deus permite a Descartes vencer


definitivamente o ceticismo inicial.

• Descartes ultrapassa o ceticismo provisório fixando-se no


dogmatismo metafísico (a existência de Deus).
É a garantia da É um ser perfeito, É infinito e a fonte do
verdade das ideias bom e não é bem.
claras e distintas. enganador.

É o criador das Embora criador do


verdades eternas, a Deus: Universo, não é autor do
origem do ser e o importância mal nem responsável
fundamento da no sistema pelos nossos erros
certeza. cartesiano (devido a precipitação e
livre-arbítrio).
Confere valor à
ciência e É o princípio do ser
objetividade ao e da verdade.
conhecimento.

Provada a existência de Deus, Descartes irá deduzir muitas verdades,


provando igualmente a existência do corpo e de um mundo exterior.

Será agora possível construir o edifício do conhecimento e superar todos os


argumentos dos céticos radicais.
CONHECIMENTO
FUNDAMENTOS

Princípio fundante
COGITO DEUS da verdade objetiva
e de toda a
realidade
solipsismo da
res cogitans

Existência do
.Afasta-se a hipótese corpo, dos outros
do génio maligno. e do mundo
físico.
.Podemos confiar na
razão quando esta
concebe ideias claras
e distintas.
Racionalismo

Dúvida metódica
Primeira evidência, a
partir da qual Descartes
Eu (cogito) deduz a existência de
Deus.

É autor de tudo o que


Deus existe no mundo e fonte
de verdade.

Do cogito e de Deus
deduz os princípios das
Mundo
coisas físicas: extensão,
forma e movimento.
Racionalismo

Que realidades é possível conhecer pelo método?

SUBSTÂNCIA O conhecimento do sujeito enquanto ser que


PENSANTE pensa (COGITO).

SUBSTÂNCIA
DIVINA
O conhecimento da existência de DEUS.

O conhecimento da existência do MUNDO FÍSICO


SUBSTÂNCIA
EXTENSA
(nas suas características objetivas –
comprimento, largura e altura).
CONCLUSÕES:

Descartes destacou-se pelo rigor com que se propôs analisar


o conhecimento humano, salientando a importância do
método e alertando-nos para o risco das primeiras
impressões.
Descartes usou um método que lhe permitiu fundamentar o
conhecimento humano.
As ideias fundamentais são inatas, opondo-se à diversidade
empírica.
A razão, desde que devidamente orientada, é capaz de
alcançar verdades universais, traduzidas no conhecimento
claro e distinto.
Os princípios ou fundamentos do conhecimento
resumem-se a algumas verdades essenciais (das
quais se deduzirão as restantes verdades):

- A existência do pensamento – o COGITO;

- A existência de DEUS e a consideração dos seus


atributos;

- A existência de corpos extensos em


comprimento, largura e altura.
Todavia, o fundamento último do conhecimento coincide
com o fundamento de toda a realidade. Esse fundamento é
Deus.

Ao depositar grande confiança na razão e ao considerar ser


possível alcançar a certeza e a verdade, a sua filosofia acaba
por se enquadrar no âmbito do dogmatismo.

Exercícios p.43
Críticas ao racionalismo cartesiano:
EXCLUSIVISTA (a razão como a única fonte de conhecimento. Mas uma
mente vazia de conteúdos da experiência pode ser ponto de partida para
conhecimento significativo? Descartes acha que sim.).

DOGMÁTICO (confiança absoluta na razão para obter o conhecimento


claro e distinto).

CIRCULAR ou CÍRCULO CARTESIANO (a petição de princípio está em


afirmar que o conhecimento verdadeiro é aquele que é claro e distinto
(cogito e Deus) e depois afirmar Deus como a garantia do conhecimento
verdadeiro).

AFIRMAR A EXISTÊNCIA COMO PREDICADO (Descartes infere que


sendo Deus perfeito, existe. Mas a existência não é uma propriedade,
antes uma condição para que Deus tenha propriedades. Passagem
ilegítima da ordem do pensar para a ordem do ser).
Crítica ao argumento da marca.
Segundo a premissa 1 «Tenho a ideia de “ser perfeito”». Mas objeta-se
que com as nossas capacidades limitadas não conseguimos ter essa ideia
de um ser perfeito. Podemos ter conceção vaga e difusa de perfeição.

Por outro lado, considerar que o menos perfeito não pode originar o
mais perfeito e, portanto, a ideia de Deus foi colocada pelo próprio
Deus, isso contraria, por exemplo, a evolução por seleção natural em
que organismos muito simples deram origem, ao longo de milhões de
anos, a variados organismos cada vez mais complexos.
Consequentemente, se o menos complexo origina o mais complexo na
natureza, então a ideia de Deus pode ser factícia (fruto da imaginação do
ser humano) com todas as perfeições de que nos consigamos lembrar
como o é a ideia de Super-Homem com capacidades extraordinárias.
Crítica ao dualismo cartesiano.
Descartes existe segundo pensamento e não segundo corpo. Do corpo
continuo a duvidar e afirmar que nada existe. Mas, o pensamento
assenta em quê?

Dizem que esse dualismo, existir como pensamento e não como corpo,
pode representar uma falácia: a falácia do mascarado.

Forma padrão:

P1 – Eu sei quem é X. Lois Lane sabe que o Super-Homem pode voar.


P2 – Não sei quem é Y. Lois Lane sabe que Clark Kent não pode voar.
C – X não é Y. Super-Homem e Clark Kent não são a mesma pessoa.
Crítica ao dualismo cartesiano.
Acerca do cogito, alguns filósofos questionam sobre o que é mais fácil de
captar: os pensamentos, ou o Eu que pensa (substância pensante) e no
qual assentam os pensamentos?

A hipótese do génio maligno foi abandonada? Descartes julga que sim ao


provar a existência de Deus verdadeiro. Mas, será que provar a existência
de Deus verdadeiro significa que se esfuma a hipótese do génio maligno?
Serão incompatíveis? E se, por hipótese, o génio maligno me continua a
influenciar e a manipular os meus pensamentos pondo em mim ideias
inatas como a ideia de Deus?

A hipótese do génio maligno parece muito exagerada e até absurda.


Radicaliza a dúvida, mas é contraintuitiva: como posso afirmar que não
tenho duas mãos??
BIBLIOGRAFIA

• AAVV, Enciclopedia Oxford de Filosofía, Madrid, Tecnos, 2001.


• A. Kenny, História Concisa da Filosofia Ocidental, Temas &
Debates, 2003.
• J. Russ, A Aventura do Pensamento Europeu. Uma História das
Ideias Ocidentais, Terramar, 1997.

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