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GRUPO I
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Porto Editora
PARTE A
VII, 81
E ainda, Ninfas minhas, não bastava
Que tamanhas misérias me cercassem,
Senão que aqueles que eu cantando andava
Tal prémio de meus versos me tornassem:
5 A troco dos descansos que esperava,
Das capelas1 de louro que me honrassem,
Trabalhos nunca usados me inventaram,
Com que em tão duro estado me deitaram!
VII, 82
Vede, Ninfas, que engenhos2 de senhores
10 O vosso Tejo cria valerosos,
Que assi sabem prezar, com tais favores3,
A quem os faz, cantando, gloriosos!
Que exemplos a futuros escritores,
Pera espertar engenhos curiosos,
15 Pera porem as cousas em memória,
Que merecerem ter eterna glória!
VII, 83
Pois logo, em tantos males, é forçado4
Que só vosso favor me não faleça,
Principalmente aqui, que sou chegado
20 Onde feitos diversos engrandeça:
Dai-mo vós sós, que eu tenho já jurado
Que não no empregue em quem o não mereça,
Nem por lisonja louve algum subido,
Sob pena de não ser agradecido.
Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de Emanuel Paulo Ramos,
Porto, Porto Editora, 2014, p. 259
NOTAS
1
capelas – grinaldas.
2
engenhos – talentos, saberes.
3
tais favores – os “Trabalhos nunca usados” (est. 81, v. 7).
4
forçado – impreterível, obrigatório.
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1. Identifique os elementos linguísticos que mostram que o Poeta faz uma invocação.
4. Releia as estâncias d’Os Lusíadas e leia o soneto apresentado. Se necessário, consulte as notas.
NOTAS
1
nemorosas – dos bosques.
2
Teodósio – imperador romano.
3
Apolo – deus da luz e das artes.
4
Minerva – deusa da sabedoria.
5
Palas – designação grega de Minerva.
6
Fama – divindade alegórica, mensageira de Júpiter.
4.1. Identifique dois aspetos que permitam associar as estâncias ao soneto de Camões.
PARTE B
5. Escreva uma exposição sobre a importância das reflexões do Poeta na estrutura d’Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A sua exposição deve respeitar as orientações seguintes:
– uma introdução ao tema;
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– um desenvolvimento no qual identifique dois aspetos que mostram a importância da integração das
reflexões do Poeta na estrutura da epopeia;
– uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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GRUPO II
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Leia o texto.
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Uma esperança mais forte do que o mar
Da autoria de Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR) e conselheira sénior do Secretário-Geral das
Nações Unidas, Uma esperança mais forte do que o mar é uma chamada de atenção
para a situação dramática por que passam milhares de refugiados sírios que procuram
5 abrigo na Europa. É também uma história extraordinária de uma jovem corajosa, Doaa
Al Zamel, e da sua luta pela sobrevivência.
Esta narrativa começa nos primeiros dias da sublevação síria contra o governo de
Al Assad, no “berço da revolução”, a cidade de Daara. Com o agigantar da repressão
e da violência, a família Al Zamel perde todos os seus meios de subsistência e decide
10 viajar para o Egito. Ali, após uma temporada de relativa tranquilidade, a comunidade
em que se integram começa a ser perseguida, o que motiva uma drástica decisão:
Doaa quer enfrentar o Mediterrâneo para tentar viver uma nova vida na Europa, longe
da guerra.
Esta fuga faz-se em barcos sem quaisquer condições, iludindo as autoridades.
15 Após quatro dias a navegar, o seu barco é criminosamente abalroado e praticamente
todos os ocupantes – 500 pessoas comprimidas num espaço exíguo – morrem.
Durante quatro dias e quatro noites, Doaa ficou à deriva numa pequena boia,
protegendo duas crianças, depois de ter visto morrer quase todos os seus
companheiros de travessia. No entanto, a sua esperança e a sua fé eram maiores e
20 mais fortes do que todo o mar.
Este é um livro fundamental sobre esta crise humanitária e o testemunho de Doaa
Al Zamel dá rosto à tragédia pela qual passam milhares de pessoas em busca de paz
e de uma vida melhor.
in www.e-cultura.pt (consultado a 27/9/2020)
3. Ao utilizar a expressão “No entanto, a sua esperança e a sua fé eram maiores e mais fortes do que todo
o mar.” (linhas 19 e 20), a autora revela
(A) a coragem e a perseverança da personagem principal.
(B) a ousadia e o medo sentido durante a travessia.
(C) o receio e o perigo enfrentado por Doaa.
(D) o fervor religioso de Doaa Al Zamel.
7. O processo fonológico que ocorreu na evolução da palavra TOTU > “todo” (linha 20) designa-se de
(A) crase.
(B) apócope.
(C) metátese.
(D) sonorização.
GRUPO III
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Num texto bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350 palavras, faça a apreciação
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crítica do cartoon abaixo apresentado, de Silvano Mello.
FIM
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Grupo I
Parte A
1. .................................................................................................................................................. 20 pontos
Refere-se, de forma vaga, aos elementos linguísticos que mostram que o Poeta
1 3
faz uma invocação.
2. .................................................................................................................................................. 20 pontos
Exemplo de resposta: O tom irónico presente nos versos 9 a 12 (“Vede, Ninfas, que engenhos de
senhores / O vosso Tejo cria valerosos, / Que assi sabem prezar, com tais favores, / A quem os faz,
cantando, gloriosos!”) realça a injustiça cometida pelos “senhores” que são tão “engenhosos” que não
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Níveis Descritores de desempenho Pontuação
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estância 82.
Refere-se, de forma vaga, aos motivos que determinam o tom irónico presente na
1 3
estância 82.
3. .................................................................................................................................................. 20 pontos
Exemplo de resposta: Nestas estâncias, o Poeta critica a ingratidão dos seus contemporâneos
(“Senão que aqueles que eu cantando andava / Tal prémio de meus versos me tornassem”, versos 3
e 4) e o menosprezo pelo seu trabalho, que o atirou para a miséria e sofrimento (“ A troco dos
descansos que esperava, / Das capelas de louro que me honrassem, / Trabalhos nunca usados me
inventaram, / Com que em tão duro estado me deitaram!”, versos 5 a 8). Também critica o desprezo
pelos escritores, que levará a um mau exemplo (“Que exemplos a futuros escritores, / Pera espertar
engenhos curiosos,”, versos 13 e 14), bem como a desproteção por parte de quem não o entende e
que não merece ser cantado (“Que não no empregue em quem o não mereça, / Nem por lisonja louve
algum subido, / Sob pena de não ser agradecido.”, versos 22 a 24).
Exemplo de resposta: Dois aspetos que permitem associar as estâncias ao soneto são, por um lado,
a referência às suas próprias musas inspiradoras (“Ninfas minhas”, est. 81, v. 1; “minhas Tágides”,
v. 1) e, por outro, o papel das águas do Tejo como fonte de inspiração poética (“Vede, Ninfas, que
engenhos de senhores / O vosso Tejo cria valerosos”, est. 82, vv. 9-10; “Cesse vosso lavor, ninfas
fermosas, / Cesse da fonte vossa, a grã corrente”, vv. 7-8).
Parte B
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5. .................................................................................................................................................. 30 pontos
Sugestão de tópicos: ©
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As reflexões do Poeta na estrutura d’Os Lusíadas:
– o objetivo do poema é louvar os feitos dos portugueses;
– no entanto, no final de alguns cantos, o Poeta integra momentos de reflexão e intervenção que
mostram o desencanto e a crítica feita aos seus contemporâneos: no canto V, no fim da narrativa de
Vasco da Gama ao rei de Melinde, o Poeta lamenta a falta de interesse pela cultura; no canto VIII,
após ultrapassado o sequestro de Vasco da Gama a troco de bens materiais, o Poeta reflete sobre
o poder corruptor do ouro [...].
Grupo II
1. a 7.............................................................................................................................................. 42 pontos
8. .................................................................................................................................................. 8 pontos
Grupo III
Sugestão de tópicos:
Descrição sucinta do objeto:
– a imagem mostra duas crianças de cor diferente separadas pelo mar;
– cada criança lança um barco ao mar;
– a criança da esquerda lança um barquinho de papel;
– a criança da direita empurra um barco cheio de pessoas;
Comentário crítico:
– a propósito de uma simples brincadeira de crianças, o lançar de um barco de brincar ao mar, o
cartoon denuncia um contexto polémico: a situação dos migrantes;
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– o cartoon alerta para os danos emocionais nas crianças migrantes, que se veem privadas do direito
a ter uma infância feliz e despreocupada.
Pontuação
8 6 4 2
Parâmetro
Pontuação
8 6 4 2
Parâmetro
B Trata, sem desvios, a Trata, sem desvios, a Trata, com desvios Trata, com desvios
temática sugerida temática sugerida pouco significativos, a significativos, a
Tema e
pelo cartoon e pelo cartoon, mas temática sugerida temática sugerida
pertinência da
escreve um texto com escreve um texto com pelo cartoon e pelo cartoon e
informação
eficácia falhas pontuais nos escreve um texto com escreve um texto com
argumentativa, aspetos relativos à falhas pontuais nos pouca eficácia
assegurando: eficácia aspetos relativos à argumentativa,
– a mobilização de argumentativa. eficácia mobilizando muito
aspetos OU argumentativa. pouca informação
diversificados e Trata, com desvios OU pertinente.
pertinentes, tanto no pouco significativos, a Trata, sem desvios, a
que diz respeito à temática sugerida temática sugerida
descrição da pelo cartoon, mas pelo cartoon, mas
imagem como ao escreve um texto com escreve um texto com
comentário crítico; eficácia falhas significativas
argumentativa (tendo nos aspetos relativos
– a progressão da
em conta a forma à eficácia
informação de
como o tema foi argumentativa.
forma coerente;
desenvolvido).
– o recurso a um
repertório lexical e a
um registo de língua
globalmente
adequados ao
desenvolvimento do
tema, ainda que
possam existir
esporádicos
afastamentos,
justificados pela
intencionalidade
comunicativa.
Pontuação
8 6 4 2
Parâmetro
pronominais
adequadas;
– estabelece
conexões
adequadas entre
coordenadas de
enunciação
(pessoa, tempo,
espaço) ao longo do
texto.