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SEMANA DE ARTE

MODERNA - 1922
PARNASIANISMO


O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na
França no final do século XIX, tendo como principal bandeira a
oposição ao Realismo e ao Naturalismo, movimentos que
ocorriam nesse contexto.

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Naturalismo

O naturalismo foi um movimento artístico e
cultural que se manifestou na literatura, no
teatro e nas artes plásticas, e teve como
principais características a objetividade, a
impessoalidade e o retrato fiel da realidade.

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Realismo

O realismo foi um movimento literário e artístico que
teve início em meados do século XIX, na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação
cultural significou um olhar mais realista e objetivo
sobre a existência e as relações humanas, surgindo
como oposição ao romantismo e sua visão idealizada
da vida.

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É preciso ressaltar que diferentemente do Realismo e
Naturalismo que abordam temas com crítica à
realidade, o parnasianismo representou, na poesia, um
retorno ao clássico, o princípio do belo na arte, a busca
do equilíbrio e a perfeição do formal.

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O Movimento Parnasiano distancia-se da realidade e não tem
como objetivo artístico tratar de problemas sociais e humanos
e sim, alcançar a perfeição na sua construção: rimas, métrica,
equilíbrio, imagens e vocabulário culto. Com referências a
personagens da mitologia e o equilíbrio formal, o conteúdo
dessa arte não passava de uma pintura artificial com o
objetivo de ganhar prestígio entre as classes letradas da
sociedade brasileira. A letra do Hino Nacional Brasileiro, escrita
por Joaquim Osório Duque Estrada, segue o estilo parnasiano,
o que justifica a presença de uma linguagem culta e
inversões sintáticas, que dificulta a compreensão.

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Hino Nacional do Brasil
Letra de Joaquim Osório Duque Estrada
Música de Francisco Manuel da Silva
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Parte I Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante Gigante pela própria natureza
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos És belo, és forte, impávido colosso
Brilhou no céu da pátria nesse instante E o teu futuro espelha essa grandeza

Se o penhor dessa igualdade


Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade Terra adorada
Desafia o nosso peito a própria morte! Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada Ó Pátria amada!
Idolatrada Dos filhos deste solo és mãe gentil
Salve! Salve! Pátria amada
Brasil!

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Fábula antiga

No princípio do mundo o Amor não era cego;


Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.

Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,


Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenadas,

Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.


A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,

Como um pobre que leva um cego pela estrada.


Unidos desde então por invisíveis laços
Quando a Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.

(António Feijó) 8
Em “Fábula antiga”, poema de António Feijó, um dos poetas parnasianos
portugueses mais importantes, observa-se que a voz lírica não se manifesta em
torno de um “eu”, pois não se nota a presença da primeira pessoa do singular em
nenhum momento do poema. Essa tentativa de evitar ao máximo a manifestação
da subjetividade, característica muito comum no romantismo, foi uma das
bandeiras estéticas dos parnasianos.

Em relação à temática, o poema, como o próprio título sugere, expressa o que


seria, miticamente, a origem do amor. Faz-se, assim, menção a elementos da
tradição greco-latina, como a referência ao deus Júpiter, característica
amplamente defendida e difundida pelos poetas parnasianos.

A utilização do mito grego de origem do amor como plano temático do poema vai
ao encontro da crítica que os parnasianos teciam em relação aos poetas
românticos quanto ao exagero sentimental. Isso porque, como se observa no
último verso do poema, a personagem mítica Demência passa a guiar os passos
dos homens quando eles são laçados pelo cego Amor. A crítica ao amor
romântico, portanto, é evidente, pois o parnasianismo não nega esse sentimento,
mas se mostra crítico ao exagero do romantismo quanto à manifestação
amorosa.

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Contexto histórico e origem do parnasianismo

A segunda metade do século XIX foi um período em que a literatura europeia buscou
novas formas de expressão, as quais estavam em sintonia com as mudanças que
ocorriam em diferentes esferas da sociedade e em diferentes áreas do conhecimento.
Nesse contexto, por exemplo, teses científicas e sociológicas eram desenvolvidas e
difundidas, como o determinismo social.

O parnasianismo, então, surgiu como um movimento concomitante ao realismo e ao


naturalismo, porém tendo o gênero lírico como sua principal manifestação.
Parnasianismo advém da palavra “Parnaso”, que, segundo a mitologia grega, refere-se
a um lugar, um monte, consagrado a Apolo e às musas, em que os poetas, inspirados
pela aura do lugar, compunham.

Além dessa origem mítica, o parnasianismo foi o nome designado para intitular o
movimento literário surgido na França na segunda metade do século XIX, também em
razão de uma antologia, publicada em três volumes, sendo o primeiro em 1866,
intitulada Parnasse contemporain (Parnaso contemporâneo). 10
Determinismo social: Nessa vertente, acredita-se que o meio
social em que um indivíduo nasce determina sua vida e suas
ações. Indivíduos que nascem em meios violentos, por exemplo,
seriam violentos. No entanto, apesar da grande influência do
meio na vida das pessoas, podemos usar as exceções para
afirmar que a determinação social não apresenta relações
seguras de causalidade.

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As Principais Características do Parnasianismo: Umas das principais
características do parnasianismo se refere ao objetivismo, como já vimos. A
definição do parnasianismo está ligada a ideia da “arte pela arte”. Esta frase
foi popularizada por Théophile Gautier (1811-1872) e significa a produção da
arte pela sua essência e a metalinguagem.

O parnasianismo é marcado pela influência direta de universalismo e do


racionalismo. O movimento surgiu com o objetivo de combater o subjetivismo
proposto pelas correntes literárias que o antecederam, a exemplo do
romantismo.

A influência e tradição clássica, o culto a forma, baseada na impessoalidade e


na impassibilidade, o uso de uma linguagem mais clássica, rebuscada, culta e
refinada e o uso de temas históricos e temas ligados a mitologia grega,
também são algumas das principais características do parnasianismo.

Entre outras características do parnasianismo de destaque estão: a rejeição ao


lirismo, a preferência por sonetos, a valorização da metrificação, a construção
de poesias mais complexas e lógicas.
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