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LIT ER AT UR A

BR AS IL EI RA
Escolas literárias portuguesas

As escolas literárias portuguesas são bem


antigas. Os primeiros registros são do
século XII. Assim como as demais, a
literatura portuguesa acompanha as
transformações históricas do país. São elas
que influenciaram as divisões das escolas
literárias em Era Medieval, Era Clássica,
Era Romântica ou Moderna.
Trovadorismo é um estilo de época
surgido na Idade Média. Nesse período
histórico, predominava o teocentrismo (a
ideia de que Deus é o centro de tudo), pois
a Igreja Católica, com poderio econômico e
político, exercia total domínio no Ocidente.
1. Cantigas de amor - são escritas em primeira pessoa do singular
(eu). Nelas, o eu poético, ou seja, o sujeito fictício que dá voz à
poesia, declara seu amor a uma dama, tendo como pano de fundo o
formalismo do ambiente palaciano. É por este motivo que ele se dirige
a ela, chamando-a de senhora.

2. Cantigas de amigo - são escritas em primeira pessoa (eu) e,


geralmente, são apresentadas em forma de diálogo. Isso resulta em um
trabalho formal mais apurado em relação às cantigas de amor.

3. Cantigas de escárnio - são cantigas que apresentavam, em geral,


uma crítica indireta e irônica.

4. Cantigas de maldizer - são canções cuja estrutura comporta


críticas mais diretas e grosseiras. Nelas, são usadas termos de baixo
calão, como palavrões, pois o intuito é mesmo agredir alguém
verbalmente.
Cantiga “A meu amigo, que eu
sempr'amei” de João Garcia

A meu amigo, que eu sempr'amei,


des que o vi, mui máis ca min nen al
foi outra dona veer por meu mal,
mais eu, sandía, quando m'acordei,
non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar
[...]
O Humanismo foi um movimento de
transição entre a Idade Média e a Idade
Moderna, ou entre o Trovadorismo e o
Renascimento. Como o próprio nome já
indica, esse período literário
correspondeu a ideais filosóficos,
morais e estéticos que valorizavam o ser
humano. Seus principais representantes
foram Gil Vicente e Fernão Lopes.
Características do Humanismo:

Período de transição entre Idade Média e


Renascimento;
Valorização do ser humano;
Surgimento da burguesia;
Ênfase no antropocentrismo, ou seja, o homem no
centro do universo;
As emoções humanas começaram a ser mais valorizadas
pelos artistas;
Valorização de debates e opiniões divergentes;
Valorização do racionalismo e do método científico.
O Classicismo corresponde
a um movimento artístico
cultural que ocorreu durante
o período do Renascimento (a
partir do século XV) na
Europa.
Características do Classicismo:

Antiguidade clássica
Antropocentrismo
Humanismo
Racionalismo
Cientificismo
Paganismo
Objetividade
Equilíbrio
Harmonia
Rigor formal
Mitologia greco-romana
Na literatura portuguesa
o autor que recebe destaque
é Luís Vaz de Camões, com
sua obra “Os Lusíadas”
(1542).
Escolas literárias brasileiras
Quinhentismo - é o nome que se
dá ao período da literatura
brasileira iniciado no ano 1500,
com o Descobrimento do Brasil, e
finalizado em 1601, quando o estilo
barroco chegou às terras
brasileiras.
Características do Quinhentismo

As manifestações da literatura
quinhentista podem ser divididas em
dois grupos, os quais, apesar de traços
comuns, têm características que os
distinguem: a literatura de informação
e a literatura de formação ou de
catequese.
Do Santíssimo Sacramento

Ó que pão, ó que comida,


ó que divino manjar
se nos dá no santo altar
cada dia! [...]

Este dá vida imortal,


este mata toda fome,
porque nele Deus e homem
se contêm.

[...] qu’ este manjar tudo gaste,


porque é fogo gastador
que com seu divino amor
tudo abrasa.
Trecho da carta de Pero Vaz de Caminha

“Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas


vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas.
Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau
Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os
depuseram [...] A feição deles é serem pardos, um tanto
avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais
caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do
que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande
inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e
metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de
uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão,
agudo na ponta como um furador.”
Barroco - movimento artístico e
cultural que teve origem no final
do século XVI na Europa e atingiu
seu auge durante o século XVII.
Esse período foi caracterizado por
uma estética complexa, ornamentada
e exuberante, que contrastava com
as tendências artísticas
anteriores.
Contexto histórico

Reforma Protestante e Contrarreforma Católica.


Absolutismo Monárquico.
Descobertas e Expansão Colonial.
Literatura Barroca

Uso de figuras de linguagem e figuras de sintaxe: antítese,


paradoxo, hipérbole, sinestesia, comparação, metáfora;
Linguagem Rebuscada;
Cultismo: jogo de palavras;
Conceptismo: jogo de ideias;
Feísmo: imagens exageradas, grotescas, trágicas;
Fusionismo: a fusão de idéias contrárias, de modo igualmente
relevante;
Pessimismo.
No dia de quarta-feira de cinzas

Gregório de Matos

Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,


Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.

Lembra-te Deus que és pó para humilhar-te,


E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te [...]

Todo o lenho mortal, baixel humana,


Se busca a salvação, tome hoje terra,
Que a terra de hoje é porto soberano.
Arcadismo - foi uma escola literária
que surgiu no século XVIII através da
publicação de “Obras Poéticas” de
Cláudio Manuel da Costa e marcado também
pela fundação da Arcádia Ultramarina,
uma sociedade literária em Vila Rica
(MG) influenciada pela Arcádia Italiana,
cujos membros faziam uso dos
pseudônimos.
O Arcadismo brasileiro tinha como características a simplicidade, o
apego à natureza, o retorno às características clássicas, o bucolismo, o
pastoralismo e os termos em latim.

1. Busca pelo simples: uma vida sem exagero, calma e tranquila.


2. Apego à natureza: momento em que a natureza era enaltecida.
3. Retorno às características clássicas (greco-romanas): os autores
usavam elementos da mitologia grega.
4. Bucolismo: a valorização da vida pastoril, da tranquilidade do
campo.
5. Termo em Latim: expressões árcades do Latim - Locus amoenus,
fugere urbem e carpe diem.
Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia natureza.

GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: PROENÇA


FILHO, Domício (Org.). A poesia dos inconfidentes. Rio
de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 605. (fragmento).
Romantismo - é um
movimento artístico e
cultural que privilegia as
emoções, a subjetividade e
o individualismo.
O Romantismo possui três fases: indianismo,
ultrarromantismo e geração social.

1.ª fase: nacionalismo e indianismo


Gonçalves Dias - Canção do Exílio

2.ª fase: egocentrismo e pessimismo


Álvares de Azevedo - Lira dos Vinte Anos

3.ª fase: liberdade


Castro Alves - O Navio Negreiro
Realismo - é a manifestação
cultural significou um olhar
mais realista e objetivo sobre a
existência e as relações
humanas, surgindo como oposição
ao romantismo e sua visão
idealizada da vida.
Características do Realismo:

oposição ao romantismo;
objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;
caráter descritivo;
análise de traços de personalidade e da psique das personagens;
tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;
exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos
duvidosos;
interesse em incitar questionamentos no público;
valorização da coletividade;
valorização de conhecimentos científicos propostos em teorias como o
Darwinismo, Socialismo Utópico e Científico, Positivismo, Evolucionismo;
enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;
na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;
caráter de denúncia social.
O Realismo brasileiro
teve como marco
inicial a publicação do
romance Memórias
póstumas de Brás
Cubas, de Machado de
Assis.
Naturalismo - foi um movimento
artístico e cultural que se
manifestou na literatura, no teatro e
nas artes plásticas, e teve como
principais características a
objetividade, a impessoalidade e o
retrato fiel da realidade.
Características do Naturalismo

Radicalização do realismo
Oposição aos ideais românticos
Cientificismo e Determinismo
Positivismo e Darwinismo
Linguagem coloquial, clara e objetiva
Descrições minuciosas
Visão mecanicista do homem
Romance experimental
Temas sociais, obscuros e polêmicos
Personagens patológicas (mórbidas, desequilibradas e doentias)
Foco na análise de comportamentos humanos
Sensualismo e erotismo
Impessoalidade e engajamento
Explicação pelas forças da natureza
Aluísio Azevedo é o principal nome
do naturalismo brasileiro. Seu
romance “O cortiço” apresenta visão
determinista e zoomorfização. Nessa
obra, os personagens são
comandados pelo instinto em
detrimento da razão. Assim, sobressai
o instinto sexual, mostrado de forma
explícita pelo narrador.
Parnasianismo - é um
movimento literário que surgiu
na mesma época do Realismo e
do Naturalismo, no final do
século XIX. De influência e
tradição clássica, tem origem
na França.
Características do Parnasianismo

Os parnasianos são esteticamente detalhistas. Ao se preocupar com a


forma, valorizam o vocabulário culto, os sonetos, bem como as rimas raras.

Antirromantismo: poesia antissentimental.


Objetividade e rigor formal (metrificação e rima).
Arte como sinônimo de beleza formal.
Alienação social, pois o objetivo da arte seria produzir o belo.
Poesia descritiva, com distanciamento do eu lírico da coisa focalizada.
Resgate de temas da Antiguidade clássica.
Uso do polissíndeto (repetição da conjunção “e”).
Arte pela arte, pois, segundo Théophile Gautier (1811-1872), a arte não
existe para a humanidade, para a sociedade ou para a moral, mas para si
mesma.
Portanto, na poesia parnasiana, a finalidade da arte é a própria arte.
Segundo alguns estudiosos, o livro Fanfarras, de
Teófilo Dias (1854-1889), inaugurou o parnasianismo no
Brasil em 1882, estilo que, oficialmente, perdurou até
1893. No entanto, os principais autores da poesia
parnasiana brasileira são:

Olavo Bilac (1865-1918): Poesias (1888).


Raimundo Correia (1859-1911): Versos e versões (1887).
Alberto de Oliveira (1857-1937): Sonetos e poemas
(1885).
Vicente de Carvalho (1866-1924): Ardentias (1885).
Francisca Júlia (1871-1920): Mármores (1895).
Simbolismo - é um movimento
artístico que surgiu no século
XIX e teve como principais
características o subjetivismo, o
espiritualismo, a religiosidade e
o misticismo.
Características do simbolismo

A literatura simbolista pode ser caracterizada como uma arte


profundamente marcada pelo pessimismo em relação à existência,
espaço marcado, agora, pela desilusão. Utilizando uma linguagem
fluida, imprecisa, os autores desse movimento não buscavam
retratar o mundo, mas apenas sugeri-lo a partir de suas visões
subjetivas.
Nesse sentido, o uso de figuras de linguagem, como a sinestesia
– mistura de sensações –, aliterações e assonâncias – repetições
de sons consonantais e vocálicos, respectivamente – é muito comum
no Simbolismo. Metáforas e comparações também costumam aparecer.
Em alguns casos; por fim, o misticismo mostra-se presente em obras
com certo teor religioso transcendental.
Poema “Violões que Choram” de Cruz e Sousa

Quando os sons dos violões vão soluçando,


Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Modernismo - o movimento se
consolidou com a Semana de Arte
Moderna, ocorrida em 1922 no Theatro
Municipal, em São Paulo. O evento
contou com artistas de diversas áreas,
com representantes da literatura,
pintura, música e dança.
Primeira geração modernista

A primeira fase do modernismo brasileiro teve


início em 1922, com a Semana de Arte Moderna, e
perdurou até 1930. Essa fase modernista é a mais
radical, já que realiza uma quebra com a tradição
artística. Assim, empreende uma crítica aos símbolos
da nacionalidade brasileira. Portanto, é
caracterizada por um nacionalismo crítico e
antirromântico. E conta com autores como Manuel
Bandeira (1886-1968), Mário de Andrade e Oswald de
Andrade (1890-1954).
Segunda geração modernista

Iniciada em 1930, perdurou durante toda a Era Vargas, ou


seja, até 1945. A poesia é caracterizada por assuntos
contemporâneos, temática sociopolítica e conflito
existencial. No campo estrutural, os versos livres convivem
com os regulares e brancos. São poetas dessa geração:

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Cecília Meireles (1901-1964)
Jorge de Lima (1893-1953)
Murilo Mendes (1901-1975)
Vinicius de Moraes (1913-1980)
Terceira geração modernista

Também chamada de pós-modernista, essa geração


teve início em 1945 e término em 1978. A poesia
da geração de 1945 valoriza o rigor formal e se
preocupa com a materialidade estrutural do poema,
de forma a valorizar o ritmo e o espaço. Mas
também apresenta temática social e política. Seus
principais representantes são Ferreira Gullar
(1930-2016) e João Cabral de Melo Neto (1920-
1999).
Literatura Brasileira Contemporânea
- engloba as produções do final do
século XX e da primeira metade do
século XXI, sendo marcada por uma
multiplicidade de tendências.
Características da literatura brasileira contemporânea

• Mistura de tendências estéticas (ecletismo);


• Junção da arte erudita e da arte popular;
• Prosa histórica, social e urbana;
• Poesia intimista, visual e marginal;
• Temas cotidianos e regionalistas;
• Engajamento social e literatura marginal;
• Experimentalismo formal;
• Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens,
colagens, etc.);
• Formas reduzidas (minicontos, mini crônicas, etc.);
• Intertextualidade e metalinguagem.
Principais autores da literatura brasileira
contemporânea

Ariano Suassuna
Caio Fernando Abreu
Cora Coralina
Paulo Leminski
Minha cidade

Cora Coralina

Goiás, minha cidade…


Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.

Eu sou aquela mulher


que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo adivinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.

Eu vivo nas tuas igrejas


e sobrados
e telhados
e paredes [...]

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