Você está na página 1de 25

// LITERATURA

Parnasianismo e simbolismo
Luana Vianna
PARNASIANISMO (1882)
A. Contexto histórico:
Segunda metade do século XIX
• Cientificismo
• Darwinismo Social
• Determinismo
• Desenvolvimento técnico-científico
PARNASIANISMO
B. Considerações importantes:
• Chega ao Brasil, por meio das heranças francesas, mas o nome do
presente contexto artístico se liga a um monte mitológico,
retomando, assim, a Antiguidade Clássica.
• “Parnaso”, portanto, deriva do grego, que era símbolo da poesia e
da beleza.
• Dessa forma, é viável identificar a primeira característica da
escola: a referência à cultura greco-romana.
PARNASIANISMO
C. Características:
• Impassibilidade: presença pouco marcada do eu-lírico, sem
envolvimento emocional, vinculando-se aos ideais de racionalidade,
desenvolvidos no século XIX. Além do mais, isso se opõe aos
excessos românticos;
• Temas descritivos: para manter o eu-lírico na postura de
impassibilidade, a preferência pela descrição é uma característica
genuinamente parnasiana. Assim, os poemas desse movimento
abordam a descrição de objetos, como vasos e estátuas;
PARNASIANISMO
Culto à forma: os poetas parnasianos buscavam a perfeição, por meio de
um cuidado formal expressivo. Desse modo, as características formais de
maestria seguem estes parâmetros:
✔ Rimas ricas - versos que harmonizam sons, por meio de palavras de
classes gramaticais distintas;
✔ Rimas raras e preciosas - versos que harmonizam sons, por meio da
combinação de palavras dificilmente vistas;
✔ Versos decassílabos ou dodecassílabos- apresentam respectivamente
10 e 12 sílabas
✔ Preferência por formas fixas- como o soneto;
✔ Vocabulário rebuscado;
✔ “Arte pela Arte”: segundo os princípios parnasianos, a arte só deve
se preocupar com aquilo que diga respeito a ela própria. Assim, deve
apenas valorizar o Belo, ligando-se à estética, sem levar em
consideração outros assuntos, como, por exemplo, os sociais;
PARNASIANISMO
D. Autores e obras importantes:
Alberto de Oliveira é o primeiro
destaque do Parnasianismo. Muito
ligado ao rigor formal da escola
literária, seu principal assunto era a
descrição de objetos e paisagens.
Sem dúvida, suas produções mais
valiosas são Vaso Grego e Vaso
Chinês.
PARNASIANISMO
Vaso Grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora, esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
(Disponível em https://www.soliteratura.com.br/parnasianismo/parnasianismo3.php. Acesso em
maio/2020)
PARNASIANISMO
Raimundo Correia, entre muitos
teóricos, é considerado o poeta
com mais refinamento estético e
plasticidade. Desse modo, há muita
beleza visual em seus versos.
PARNASIANISMO
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
CORREIA, Raimundo.
PARNASIANISMO
Olavo Bilac é o principal nome do
Parnasianismo. Sua vida literária
apresenta uma peculiaridade, pois,
além das produções poéticas, ele
compôs o Hino à Bandeira, graças
à influência militar do pai.
1. PARNASIANISMO
A Um Poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica, mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Publicado no livro Tarde (1919). In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães
Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 197
2. SIMBOLISMO (1893)
A) Contexto Histórico:

Última década do século XIX;


Influência do Decadentismo, grupo de poetas franceses, cujos
pensamentos eram pessimistas.

Obs:. Poucos anos depois da Abolição e da Proclamação da


República.
2. SIMBOLISMO (1893)
B) Considerações importantes:
Embora o contexto tivesse sido marcado por avanços, tal como a Segunda
Revolução Industrial; não foi possível amenizar as desigualdades sociais.
Desse modo, as profundas disparidades se acentuaram tanto que
instigaram um intenso sentimento de pessimismo.
Na época, estávamos em meio à recém abolição dos escravizados e à
novata República, entretanto, esses feitos históricos não deram conta de
diminuir as tamanhas vulnerabilidades.
2. SIMBOLISMO (1893)
B) Características:
Em reação à cosmovisão materialista, surgem características amplamente
ligadas à subjetividade. Entre elas, estão:
Recuperação da introspecção dos românticos;
Abordagem sobre: os níveis mais profundos e universais do sujeito, a
imaterialidade humana, mistério da vida, a transcendência do ser humano,
a integração cósmica, o misticismo
Questões existenciais;
Descrença na razão;
Espiritualidade humana;
Cuidado formal (herança dos parnasianos)
2. SIMBOLISMO (1893)
Exploração da sinestesia, figura de linguagem responsável pela mistura
de sentidos. Derivada do grego –sin, que significa simultaneidade, e
–estesis-, sensação; caracteriza-se uma relação subjetiva voltada à
percepção de sensações combinadas.
Maiúsculas alegorizantes;
2. SIMBOLISMO (1893)
C) Autores e obras importantes
Alphosuns Guimaraes é um dos poetas
importantes para o Simbolismo. Segundo
Alfredo Bosi, crítico literário, a morte da noiva
do poeta foi a principal temática dos textos.
Apesar disso, essa característica não confere
pobreza poética. Somado a isso, nota-se a
religiosidade, mesclada aos contornos sombrios
e pessimistas em sua lírica.
2. SIMBOLISMO (1893)
Manhã de primavera. Quem não pensa
Em doce amor, e quem não amará?
Começa a vida. A luz do céu é imensa...
A adolescência é toda sonhos. A.

O luar erra nas almas. Continua


O mesmo sonho de oiro, a mesma fé,
Olhos que vemos sob a luz da lua...
A mocidade é toda lírios. E.
2. SIMBOLISMO (1893)
Descamba o sol nas púrpuras de ocaso.
As rosas morrem. Como é triste aqui!
O fado incerto, os vendavais do acaso...
Marulha o pranto pelas faces. I.

A noite tomba. O outono chega. As flores


Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.
Não mais beijos de amor, não mais amores...
Ó sons de sinos a finados! O.

Abre-se a cova. Lutulenta e lenta,


A morte vem. Consoladora és tu!
Sudários rotos da mansão poeirenta...
Crânios e tíbias de defunto. U.
(Disponível em http://preciosidadesliterarias.blogspot.com/2015/12/a-e-i-o-u-alphonsus-de-
guimaraens.html. Acesso em maio/2020)
2. SIMBOLISMO (1893)
Cruz e Sousa é o maior representante da
escola simbolista no Brasil. Sem dúvida, sua
qualidade poética se norteia na evasão às
adversidades do mundo material, abordando
temas, como a libertação da alma, a
sublimação do amor e a superação da dor.
Além disso, sua lírica conta com a fixação
pela cor branca em muitos poemas, por meio
de símbolos, como as espumas do mar ou as
nuvens do céu.
Reconhecido como o Cisne Negro, o autor apresenta um “lugar de fala”
muito diferente da maioria dos pensadores à época, já que era um afro-
brasileiro letrado, produtor de cultura e arte, no final do século XIX.
2. SIMBOLISMO (1893)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
(Publicado no livro Últimos Sonetos (1905).In: SOUSA, Cruz e. Últimos sonetos. Texto estabelecido pelo
manuscrito autógrafo e notas Adriano da Gama Kury. Est. liter. Julio Castañon Guimarães. 2.ed. Florianópolis:
Ed. da UFSC: Fundação Catarinense de Cultura; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1988. P.21)
QUESTÃO 1 – ENEM 2014
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.
QUESTÃO 1 – ENEM 2020
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e
Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a
realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em

a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.


b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
QUESTÃO 2 – ENEM 2015
Em seus poemas mais representativos, os poetas parnasianos
cultivavam:

a) a simplicidade da Natureza, a musicalidade das palavras doces e a


confissão dos sentimentos.
b) o vocabulário raro, a metrificação impecável e as rimas preciosas.
c) o jogo de antíteses, a angústia da divisão psicológica e o tema da
vida efêmera.
d) o verso livre, a rima apenas ocasional e os temas diretamente ligados
ao cotidiano.
e) a retórica da indignação e do protesto, a participação política e os
temas sociais.
GABARITO
1. A
2. B

Você também pode gostar