Colégio Justiniano de Serpa
Mini-curso: Literatura no ENEM
Professores:. Danilo Rodrigues e Ivanize Faustino
PARNASIANISMO
A palavra parnasianismo (do grego Parnassós) vem
de Parnaso, nome de um monte grego, que segundo a
mitologia era a morada de Apolo, deus das artes.
Segundo O Aurélio Eletrônico, é a escola poética que, em
oposição ao lirismo romântico, cultivou uma poesia de
feição mais objetiva e de notável apuro de forma.
Introdução
A Era Realista compreende as expressões do
Realismo e Naturalismo – em prosa – e do Parnasianismo
– especificamente em poesia. Ideologicamente, o
Parnasianismo identifica-se com os valores burgueses,
em especial com a ilusão de que o progresso e a
tecnologia levariam o homem a uma vida de conforto e de
prazeres.
Embora sejam estilos coetâneos, o Parnasianismo
distancia-se das manifestações artísticas em prosa, por
entender que a arte comporta apenas um fim em si
mesmo, colocando-se, dessa maneira, acima das
questões sociais, políticas e econômicos... identificação
com sua contemporaneidade dá-se através da atitude
anti-romântica, bem como a partir de uma postura
racional e objetiva diante da realidade.
O marco inicial da escola é o ano de 1882, quando
ocorre a publicação do livro Fanfarras, de Teófilo Dias.
Arte pela Arte
“Apesar de contemporâneo do Realismo e do
Naturalismo, o Parnasianismo difere profundamente de
ambos; enquanto esse dois movimentos se propunham a
analisar e compreender a realidade social
e humana, o Parnasianismo se
distanciava da realidade e se voltava para
si mesmo. Defendendo o princípio da “arte
pela arte”, os parnasianos achavam que o
objetivo maior da arte não é tratar dos
problemas humanos e sociais, mas
alcançar a perfeição em sua construção:
rimas, métrica, imagens, vocabulário
seleto, equilíbrio, controle das emoções,
etc”.
1
In CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Teresa Cochar.
Português: linguagens: literatura, produção de texto e
gramática, volume 2. 3ª ed. São Paulo: Atual, 1999. [p. 335].
O VINHO DE HEBE – Raimundo Correia
Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
E ela, passando, os copos lhes enchia...
A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia...
E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa...
Passa, e não torna atrás o seu caminho.
Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho.
A Linguagem da Poesia Parnasiana
A poesia parnasiana pretende ser universal, daí a
utilização de uma linguagem objetiva, conservadora,
racional. Nota-se também a preferência por temas
universais como o tempo, o amor, os objetos de arte, o
fazer poético, entre outros.
A UM POETA – Olavo Bilac
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica, mas sóbria, como um templo grego
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
OLAVO BILAC (1865 – 1918)
Homem de letras e bastante preocupado com a
educação brasileira, Olavo Bilac escreveu e traduziu
versos infantis e organizou antologias e foi autor de livros
didáticos. Também foi um dos cronistas mais polêmicos e
expressivos de sua época e um amplo defensor das
ideias nacionalistas, sendo, inclusive, autor da letra do
Hino à Bandeira. Sua estreia na literatura se deu através
da obra Poesias, em 1888. Apesar de ser um talentoso
usuário de características parnasianas, como a perfeição
formal, o eruditismo e o descritivismo, sua obra
apresenta-se envolvida por caracteres românticos como
lirismo amoroso e sensual. Recebeu o título de “Príncipe
dos Poetas Brasileiros”.
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CARACTERÍSTICAS PARNASIANAS
 Objetivismo e universalismo;
 Impessoalidade do eu - lírico;
 Preferências pelo soneto;
 Versos metrificados e geralmente com rima rica;
 Purismo e preciosismo vocabular;
 Predomínio de temas desvinculados de fatos político-
sociais devido à defesa da “Arte pela Arte”;
 Referências à mitologia Greco-romana.
EXERCÍCIOS
Questão 01
(F. Carlos Chagas-SP) Os poetas representativos da
escola parnasiana defendiam:
a) O engajamento político nas causas históricas da
época, fazendo delas matéria para uma poesia inflamada
e eloqüente.
b) A idéia de que a livre inspiração é a garantia maior de
que o poema corresponde à expressão direta das
emoções mais profundas.
c) A simplicidade da arte primitiva, razão pela qual
buscavam os temas bucólicos e uma linguagem próxima
da fala rústica dos camponeses.
d) O abandono das formas fixas, criando, portanto, as
condições para o posterior surgimento dos poemas em
verso livre do Modernismo.
e) A disciplina do artista e o trabalho artesanal com a
linguagem, de modo a resultar uma obra adequada aos
padrões de uma estética clássica.
Questão 02
(UFRS)
"É na convergência de ideais anti-românticos, como
a objetividade no trato dos temas e o culto da forma, que
se situa a poética do Parnasianismo. O nome da escola
vinha de Paris e remontava a antologias publicadas [...]
sob o título de Parnasse Contemporain, que incluíam
poemas de Gautier, Banville e Lecomte de Lisle. Seus
traços de relevo: o gosto da descrição nítida, concepções
tradicionalistas sobre o metro, ritmo e rima e, no fundo, o
ideal de impessoalidade que partilhavam com os realistas
do tempo."
Alfredo Bosi
Com base no texto acima, referente ao Parnasianismo
brasileiro, são feitas as seguintes inferências:
I. O Parnasianismo opôs-se a princípios românticos como
a subjetividade e a relativa liberdade do verso.
II. Tendo seu nome calcado num termo criado na França,
o Parnasianismo brasileiro seguiu um caminho estético
próprio, independente e original.
III. Parnasianismo e Realismo são correntes literárias com
ideais e princípios estéticos totalmente diferenciados.
Quais são corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
4
Questão 03
(FOC-SP)
[O poeta, tal como o ourives]
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Olavo Bilac
Assinale a afirmativa correta quanto aos versos e o
movimento literário que representam.
a) Quanto a temática os parnasianos são abrangentes.
Tudo é motivo de poesia.
b) A poesia parnasiana não pretendia total
impessoalidade.
c) Os versos revelam um verdadeiro artesanato levado a
efeito pelos poetas parnasianos.
d) Os parnasianos valorizam o conteúdo, relegando a
forma a um segundo plano.
e) Os parnasianos são subjetivos e voltados para a
espiritualidade.
Questão 04
(IBMEC/SP)
Vaso Chinês – Alberto de Oliveira
“Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura—
Quem sabe? — de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não-sei-quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.”
TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. 5 ed.
São Paulo: Moderna, 1997. p. 177.
Considerando o texto, não é correto afirmar que:
a) É um soneto descritivo, característico da produção
literária parnasiana.
b) O poeta assume uma postura impessoal diante do
objeto descrito.
c) A perfeição da linguagem é superada pelo
enriquecimento no plano do conteúdo.
d) A linguagem e as rimas são ricas e bem trabalhadas.
e) A métrica é perfeita.
Questão 05
(MACKENZIE) Não caracteriza a estética parnasiana:
a) a oposição aos românticos e distanciamento das
preocupações sociais dos realistas.
b) a objetividade, advinda do espírito cientificista, e o culto
da forma.
c) a obsessão pelo adorno e contenção lírica.
d) a perfeição formal na rima, no ritmo, no metro e volta
aos motivos clássicos.
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e) a exaltação do “eu” e fuga da realidade presente. pela crítica. Sua poesia é uma grande transfiguração da
sua dor.
Principal obra: Missal e Broquéis.
CARACTERÍSTICAS SIMBOLISTAS
SIMBOLISMO
 Busca pelo misterioso, o oculto, o vago, o caótico, o
indefinível e o inexprimível;
 Busca uma poesia pura e redimensiona o valor da
palavra;
 Usa símbolos ao invés de nome;
 Valoriza o hermetismo;
 Expressa intensa musicalidade;
 Utiliza aliterações, assonâncias e sinestesias;

A MORTE – Cruz e Sousa

Oh! Que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem...
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!
Da vida aos frios véus da sepultura
Introdução
Vagos momentos trêmulos decorrem...
E dos olhos as lágrimas escorrem
O Simbolismo impõe-se, antes de tudo, como uma
Como faróis da humana Desventura.
negação das atitudes científico-filosóficas orientadoras do
Realismo, Naturalismo e Parnasianismo, como resultado Descem então aos golfos congelados
da forte reação contra o pensamento científico Os que na terra vagam suspirando,
predominante nas duas últimas décadas do século XIX. Com os velhos corações tantalizados.
Os autores adotam a subjetividade, o predomino do
eu, da imaginação, de uma maneira mais radical e Tudo negro e sinistro vai rolando
profunda que a dos românticos. Desse modo, os Báratro a baixo, aos ecos soluçados
simbolistas definem-se como anti-intelectuais, Do vendaval da Morte ondeando, uivando...
defendendo a poesia pura, sedimentada nas imagens e
não nos conceitos. Suas origens estão vinculadas à
poesia do francês Charles Baudelaire.
O marco inicial da escola é o ano de 1893, quando
ocorre a publicação do livros Missal e Broquéis, de Cruz
e Sousa.
Subjetivismo e Espiritualismo no Simbolismo
Numa atitude mais profunda que a dos românticos
preocupados em expressar a emoção à flor da pele os
simbolistas mergulham no inconsciente, nas sensações
anímicas, com isso vão em busca da essência do ser, do
que ele possui de mais profundo e universal – a alma,
resultando dessa atitude a sublimação:à matéria opõe-se
o espírito, a purificação, através da qual a alma atinge o
etéreo, numa visão da morte como libertação.

Atmosfera Vaga
Afastando-se da realidade, da vida em sociedade, o A VIAGEM – Roupa Nova
Simbolismo valoriza o conhecimento intuitivo e não lógico. Há tanto tempo que eu deixei você
Daí resulta uma ênfase na imaginação e na fantasia, uma Fui chorando de saudade
concentração no que é vago, incorpóreo, aéreo... Mesmo longe não me conformei
Valorizam-se as cores claras e tudo o que traduzir a ideia Pode crer
de pureza. Eu viajei contra a vontade
CRUZ E SOUSA (1861 – 1898) O teu amor chamou e eu regressei
“Cisne Negro”, alcunha do poeta Cruz e Sousa. Em Todo amor é infinito
vida, as discriminações social e racial foram as maiores Noite e dia no meu coração
barreiras enfrentadas pelo autor e ao mesmo tempo lhe Trouxe a luz
serviram como tema para o seu fazer poético e o Do nosso instante mais bonito
transformaram num artista esquecido e incompreendido
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Na escuridão o teu olhar me iluminava combinações estranhas de fonemas, criando, assim, uma
E minha estrela-guia era o teu riso poesia hermética e misteriosa.
Coisas do passado são alegres
Quando lembram novamente
Está(ão) correta(s) apenas:
As pessoas que se amam...
a) I.
Em cada solidão vencida eu desejava
b) II.
O reencontro com teu corpo abrigo
c) I e II.
Ah! Minha adorada
d) II e III.
Viajei tantos espaços
e) I e III.
Pra você caber assim no meu abraço
Te amo! ISMÁLIA – Alphonsus de Guimaraens
EXERCÍCIOS Quando Ismália enlouqueceu
Questão 01 Pôs-se na torre a sonhar.
(Unesp) Assinale a alternativa em que se caracteriza a Viu uma lua no céu,
estética simbolista. Viu outra lua no mar.
a) Culto do contraste, que opõe elementos como amor e
sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa tentativa de No sonho em que se perdeu,
conciliar pólos antagônicos. Banhou-se toda e luar...
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos Queria subir ao céu,
greco-romanos, através, sobretudo, de uma linguagem Queria descer ao mar.
simples, porém nobre.
c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem E, no desvario seu,
primitivo e sua civilização um símbolo de independência Na torre pôs-se a cantar.
espiritual, política, social e literária. Estava perto do céu,
d) Exploração de ecos, assonâncias, aliterações, numa Estava longe do mar...
tentativa de valorizar a sonoridade da linguagem,
aproximando-a da música. E como um anjo pendeu
e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o As asas para voar.
vocabulário carregado de termos científicos, o que revela Queria lua do céu,
a objetividade do poeta. Queria a lua do mar...
Questão 02 As asas que Deus lhe deu
(CEAP - AP) Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu
"Vozes veladas, veludosas vozes, Seu corpo desceu ao mar...
Volúpias dos violões, vozes veladas, Questão 04
Vagam nos velhos vórtices velozes (PUC - RS)
Dos ventos, vivas, vâs, vulcanizadas."  A vinculação do poema em questão ao Simbolismo
Cruz e Sousa. revela-se pelas imagens e expressões plenas de
________, ________ e ________ .
Nesta famosa estrofe do simbolista Cruz e Sousa, a a) musicalidade, mistério e desvario
musicalidade se expressa pelas b) descritivismo, musicalidade e erotismo
a) metáforas. c) imprecisão, sentimentalismo e religiosidade
b) sinestesias. d) objetividade, erotismo e subjetivismo
c) aliterações e) sentimentalismo, descritivismo e plasticidade.
d) metonímias.
e) repetição das palavras vozes e violões. Questão 05
(Insper - SP)
Relacione o poema Ismália a estes versos de Carlos
Questão 03
Drummond de Andrade:
(UESPI)
Tendo como referência elementos que caracterizam o Não serei o poeta de um mundo caduco.
Parnasianismo e o Simbolismo, analise as considerações Também não cantarei o mundo futuro.
feitas a seguir. Estou preso à vida e olho meus companheiros.
1) Reação contra o excesso de sentimentalismo Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
romântico, o Parnasianismo restringiu-se à poesia. Entre eles, considere a enorme realidade.
Teve como características principais: o culto à forma, a O presente é tão grande, não nos afastemos.
utilização de fórmulas poéticas fixas, a Arte pela Arte, a Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
objetividade. Seu tema principal é a mitologia greco-latina.
É correto afirmar que:
2) Os dois movimentos não foram contemporâneos: o
a) ambos colocam em destaque o tema da loucura.
Simbolismo, que aconteceu no século XVIII, e o
b) apenas os versos de Drummond apresentam a ideia do
Parnasianismo, que aconteceu no século XX.
esvaziamento do “eu”.
3) O Simbolismo voltou-se contra o rigor parnasiano,
c) os poemas se opõem, já que Drummond propõe uma
propondo poesia pura e não conceitos, usando imagens,
poesia ligada à realidade.
aproximando a poesia da música através dos ritmos, das
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d) ambos retratam a angústia dos seres incompreendidos

pelos seus companheiros.
e) apenas em Ismália é possível identificar o desejo de
um futuro melhor.