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Simbolismo

Por Laura de Lima


Origem
• Literatura simbolista foi uma reação às correntes cientificistas e positivistas do
último quartel do século XIX. A Europa vivenciava a ebulição da Segunda
Revolução Industrial, que trazia consigo, além do capitalismo financeiro, as
ideologias do empirismo e do determinismo.
• Apesar de haver um otimismo predominante causada pelo desenvolvimento
econômico, os simbolistas percebiam, que mesmo com o desenvolvimento das
metrópoles se aumentava-se a miséria, a sujeira industrial e a exploração da
força de trabalho, uma decadência desesperada, uma morbidez que nada tem de
progressista.
Características
• Reação subjetivista ao descritivismo parnasiano
• Abandono das formulas poéticas rígidas
• A poesia é um processo de sugestões
• Sugestões através de metáforas e símbolos
• Sugestão através da musicalidade da linguagem
• Misticismo e espiritualismo
Representantes do Simbolismo
• Charles Baudelaire (1821-1867)
• Sua publicação intitulada As flores do mal, lançada em
1857, é considerada precursora do movimento
simbolista. Sua teoria das correspondências concebe o
mundo visível como uma correspondência de um mundo
invisível e superior, que deve ser alcançado pelo poeta
por meio de seu trabalho com a linguagem, e acabou por
inspirar ou preconizar o simbolismo francês, que
surgiria como movimento algum tempo depois.
Harmonia da tarde

Chegado é o tempo em que, vibrando o caule


virgem,
Ao lado temos um trecho do poema Harmonia
Cada flor se evapora igual a um incensório;
da Tarde, presente no livro As flores do mal.
Sons e perfumes pulsam no ar quase incorpóreo;
Melancólica valsa e lânguida vertigem!
Baudelaire escreveu também ensaios em que
usou a palavra modernidade para descrever as
Cada flor se evapora igual a um incensório;
mudanças trazidas pelo impacto do
Fremem violinos como fibras que se afligem;
desenvolvimento da indústria em uma Europa
Melancólica valsa e lânguida vertigem!
que rapidamente transformava-se. Foi um dos
É triste e belo o céu como um grande oratório.
primeiros autores a dar essa sugestão,
chamando atenção de seus contemporâneos
Fremem violinos como fibras que se afligem,
para a conscientização de si mesmos enquanto
Almas ternas que odeiam o nada vasto e inglório!
modernos.
É triste e belo o céu como um grande oratório;
O sol se afoga em ondas que de sangue o tingem.
• Arthur Rimbaud

• Ícone da poesia francesa, Rimbaud recebeu influências de Paul


Verlaine e influenciou-o — os dois conheceram-se em meados
dos anos 1870 e envolveram-se amorosamente, relacionamento
que escandalizou a cidade à época. O caráter sensorial dos
versos de Rimbaud eternizou-o canonicamente como um dos
maiores poetas de seu tempo, embora tenha escrito apenas até
os 20 anos de idade.

• Principais Obras: Iluminações, 1872 (poesia); e Uma


temporada no inferno, 1873 (poemas em prosa).
A eternidade
A musicalidade dos versos, o
De outra nenhuma, trabalho com o domínio do
De novo me invade. Brasas de cetim, simbólico (noite, fogo, mar, sol) e
Quem? — A Eternidade. O Dever se esfuma a temática da existência mortal
É o mar que se vai Sem dizer: enfim. com a dimensão transcendental da
Como o sol que cai.
Eternidade e da alma são
Lá não há esperança características do simbolismo
Alma sentinela, E não há futuro. nesse poema de Rimbaud.
Ensina-me o jogo Ciência e paciência,
Da noite que gela Suplício seguro.
E do dia em fogo.
De novo me invade.
Das lides humanas, Quem? – A Eternidade.
Das palmas e vaias, É o mar que se vai
Já te desenganas Com o sol que cai.
E no ar te espraias.
Simbolismo no Brasil

• O movimento simbolista brasileiro incorporou, grosso modo, os


procedimentos composicionais do simbolismo francês. No entanto, as
cenas noturnas de boemia e o epíteto de malditos são substituídos por uma
literatura de tons mais religiosos e litúrgicos.
• Principais autores brasileiros: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens,
Augusto dos Anjos (este último tido como “pós-simbolista” ou “pré-
moderno”).
• João da Cruz e Sousa (1863-1898)

• Figura central do Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa


nasceu em Florianópolis. Filho de escravos
alforriados, mas, tendo participado de uma educação
formal elitizada, sua obra revela uma erudição
inconciliável com a situação racial de um Brasil que
acabara de abolir oficialmente a prática escravista.

• . Seu trabalho traz grande novidade ao procedimento


literário brasileiro: aliterações, prolongamentos
sonoros, rompimento com o rigor parnasiano da
métrica, ressonâncias internas, entre outros.
Carnal e místico

Pelas regiões tenuíssimas da bruma


vagam as Virgens e as Estrelas raras...
Como que o leve aroma das searas
todo o horizonte em derredor perfuma.

Numa evaporação de branca espuma


vão diluindo as perspectivas claras...
Com brilhos crus e fúlgidos de tiaras
as Estrelas apagam-se uma a uma.

E então, na treva, em místicas dormências,


desfila, com sidéreas latescências,
das Virgens o sonâmbulo cortejo...

Ó Formas vagas, nebulosidades!


Essência das eternas virgindades!
Ó intensas quimeras do Desejo...
(Cruz e Sousa, Broquéis, 1893)
• Afonso Henriques da Costa Guimarães (1870-
1921)

• Mais conhecido como Alphonsus de


Guimaraens, o autor latinizou seu nome em
1894, intenção mística e que o aproximava
dos hinos católicos dos quais tanto gostava.
Quando tinha apenas 17 anos, faleceu uma
prima que ele muito amava e considerava
como noiva. O episódio deixou-o obcecado
com a temática da morte, que tanto atravessa
seus versos. Há um perene desencanto com o
mundo que se traduz em lamento mórbido, e
que coexiste com uma temática religiosa,
litúrgica.
Ismália
Trecho do poema Ismália, talvez seu poema
Quando Ismália enlouqueceu,
mais famoso, Alphonsus delineia a dualidade
Pôs-se na torre a sonhar...
matéria-espírito, fazendo uso de símbolos como
Viu uma lua no céu
a Lua, o céu, o mar, o sonho, o anjo, em
Viu outra lua no mar.
sugestão nitidamente simbolista. Vida e morte,
No sonho em que se perdeu,
real e imaginário, claridade e escuridão: os
Banhou-se toda em luar...
versos são feitos de antagonismos, do lado claro
Queria subir ao céu
e obscuro da humanidade, do carnal e do
Queria descer ao mar...
transcendente:
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar.
Simbolismo na Arte
• Tal qual na literatura, nas artes plásticas o simbolismo apresentava como
forte característica o misticismo e a ligação entre o mundo material e o
espiritual. Através de pinturas e imagens estes temas e esta visão de
mundo eram expressados. Elementos como cores e linhas eram utilizados,
e entendidos como tendo grande expressividade, representando ideias
através da sugestão. A inspiração vinha de ideias como movimento, vida,
morte, arte, perversidade, etc. Muitos artistas plástivos apresentam traços
do movimento simbolista em suas obras.
• No âmbito das Artes Plasticas, os nomes mais
conhecidos das artes plásticas simbolistas são Paul
Gauguin, Gustave Moreau e Odilon Redon. Outros
artistas como Van Gogh e Frida Kahlo também
foram influenciados por essas estética.

• Também dá para perceber uma certa semelhança do


Simbolismo com a estética Surrealista .

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